Trilhas Humanas

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SUMÁRIO TRILHAS HUMANAS______________________________________________________ 5 1. DIREITO______________________________________________________________ 7 HISTÓRIA______________________________________________________________ 9 FILOSOFIA____________________________________________________________ 15 GEOGRAFIA___________________________________________________________ 25 SOCIOLOGIA__________________________________________________________ 30 LÍNGUA PORTUGUESA__________________________________________________ 36 2. PEDAGOGIA_________________________________________________________ 49 HISTÓRIA_____________________________________________________________ 51 FILOSOFIA____________________________________________________________ 57 GEOGRAFIA___________________________________________________________ 66 SOCIOLOGIA__________________________________________________________ 72 LÍNGUA PORTUGUESA__________________________________________________ 78 3. COMUNICAÇÃO E JORNALISMO_________________________________________ 87 HISTÓRIA_____________________________________________________________ 88 FILOSOFIA____________________________________________________________ 97 GEOGRAFIA__________________________________________________________ 102 SOCIOLOGIA_________________________________________________________ 108 LÍNGUA PORTUGUESA_________________________________________________ 114 4. FILOSOFIA__________________________________________________________ 121 HISTÓRIA____________________________________________________________ 122 FILOSOFIA___________________________________________________________ 130 GEOGRAFIA__________________________________________________________ 137 SOCIOLOGIA_________________________________________________________ 143 LÍNGUA PORTUGUESA_________________________________________________ 148 5. ARTES VISUAIS______________________________________________________ 157 HISTÓRIA____________________________________________________________ 159 FILOSOFIA___________________________________________________________ 165


GEOGRAFIA__________________________________________________________ 173 SOCIOLOGIA_________________________________________________________ 181 LÍNGUA PORTUGUESA_________________________________________________ 187 6. CIÊNCIAS SOCIAIS___________________________________________________ 201 HISTÓRIA____________________________________________________________ 203 FILOSOFIA___________________________________________________________ 211 GEOGRAFIA__________________________________________________________ 216 SOCIOLOGIA_________________________________________________________ 225 LÍNGUA PORTUGUESA_________________________________________________ 231 7. HISTÓRIA__________________________________________________________ 239 HISTÓRIA____________________________________________________________ 242 FILOSOFIA___________________________________________________________ 249 GEOGRAFIA__________________________________________________________ 255 SOCIOLOGIA_________________________________________________________ 262 LÍNGUA PORTUGUESA_________________________________________________ 270 8. PSICOLOGIA________________________________________________________ 283 HISTÓRIA____________________________________________________________ 286 FILOSOFIA___________________________________________________________ 291 SOCIOLOGIA_________________________________________________________ 300 LÍNGUA PORTUGUESA_________________________________________________ 307 CRÉDITOS____________________________________________________________ 313


TRILHAS HUMANAS Para conhecer nossos cadernos! CADERNO 1

CADERNO 2

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

DIREITO

PEDAGOGIA

JORNALISMO / COMUNICAÇÃO

FILOSOFIA

CONTEÚDO HISTÓRIA

Antiguidade clássica

Republica velha

História do Paraná

Movimentos sociais

CONTEÚDO FILOSOFIA

Filosofia grega

Filosofia medieval

Ética

Filosofia política

CONTEÚDO GEOGRAFIA

Geopolítica contemporânea

Setores da economia

Globalização da economia

Indicadores sociais: Brasil e mundo

CONTEÚDO SOCIOLOGIA

Democracia, cidadania e movimentos sociais

Sociologia do trabalho

Globalização

Gênero e sexualidade

CADERNO 3

CADERNO 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

ARTES VISUAIS

CIÊNCIAS SOCIAIS

HISTÓRIA

PSICOLOGIA

CONTEÚDO HISTÓRIA

Sistema colonial

Redemocratização

Idade moderna

Idade média

CONTEÚDO FILOSOFIA

Ciência, método

Teoria do conhecimento

Estética

Filosofia moderna

CONTEÚDO GEOGRAFIA

Geografia física: clima e hidrografia

Cartografia

Questões ambientais

Urbanização brasileira

CONTEÚDO SOCIOLOGIA

Cultura e indústria cultural

Socialização e instituições sociais

Classes sociais e desigualdade

Sociologia urbana, rural e ambiental

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1. DIREITO É a ciência que cuida da aplicação das normas jurídicas vigentes em um país, organizando as relações entre indivíduos e grupos na sociedade zelando pela harmonia e pela correção das relações entre cidadãos, empresas e poder público. Como advogado, o bacharel em Direito defende os interesses do cliente em diversos campos. Já como juiz, resolve litígios entre indivíduos ou empresas. Para isso, ele analisa as disputas e os conflitos com base no que está estabelecido na Constituição e regulamentado pelas leis. Há dois campos de atuação distintos para o bacharel em Direito: ele pode atuar como advogado ou ainda seguir a carreira jurídica. Para ser advogado é necessário ser aprovado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Já o candidato a juiz, promotor ou delegado de polícia tem de prestar concurso público. Para tornar- se juiz, é ainda necessário ter dois anos de inscrição na OAB como advogado.

Mercado de Trabalho O Direito é uma das carreiras mais tradicionais entre todas as graduações. O curso é um dos mais procurados e tem um mercado de trabalho sempre receptivo aos graduados. No Brasil, o aquecimento deste mercado ocorre também em função de investigações que levaram políticos e executivos de grandes empresas à prisão por envolvimento com a corrupção. O profissional da área tributária segue em alta por causa da complexa estrutura de tributos do país. Ele é responsável pelo cumprimento de normas relacionadas à arrecadação de impostos e obrigações tributárias das empresas. Na carreira pública, um setor em alta é a defensoria pública, voltada ao atendimento da população carente. As parcerias público-privadas (PPP), incentivadas pelo governo federal, também aquecem o mercado para o advogado especialista em contratos públicos. O novo Código de Processo Civil, sancionado em 2015, cria instrumentos para reduzir o tempo de tramitação de processos pela Justiça brasileira. Por isso, a demanda pelo profissional, que já é grande no setor público, deverá aumentar.

O que você pode fazer? Há duas grandes carreiras: Advocacia e Carreira Jurídica. Cada uma oferece várias áreas de especialização e atuação Advocacia: representar empresas, instituições ou indivíduos e defender seus interesses e direitos.

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Carreira Jurídica: atuar em órgãos públicos de um município, de um estado ou da União, conduzindo investigações ou acompanhando e fazendo a intermediação do julgamento de ações ou processos.

Grade curricular: Confira links com exemplos de grades curriculares de cursos de Direito de algumas faculdades. UFPR: <http://www.direito.ufpr.br/portal/setor-2/coordenacao/grade-curricular/> UnB: <https://matriculaweb.unb.br/graduacao/curriculo.aspx?cod=8486> UEL: <http://www.uel.br/graduacao/direito/pages/graduacao.php> UEM: <http://portal.nead.uem.br/cursos/graduacao/dir.pdf> UFSC: <http://cagr.sistemas.ufsc.br/relatorios/curriculoCurso?curso=303& curriculo=20041>

A profissão por ela mesma <https://www.youtube.com/watch?v=0atlND90nAU> <http://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/direito/> <http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/guia-de profissoes/direito/4ecc efa7bb9ec2f271000123.html>

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HISTÓRIA O Direito está incluso na sociedade desde os primórdios. Diversas normas e regras são implantadas nas sociedades, sejam religiosas, familiares ou leis estabelecidas coletivamente. Portanto, para entender a base do nosso direito atual, é necessário compreender o processo histórico que levou o surgimento dessas regras, assim como elas foram construídas e quais mudanças que derivaram a partir de sua aplicação e sua importância na sociedade. Este capitulo apresentará um panorama das principais sociedades da Antiguidade Clássica.

Antiguidade Clássica A Antiguidade Clássica marcou o início da vida em cidades, o surgimento de reinos e impérios, a estruturação do estado, da economia e do poder político. Para o estudo deste período, foi necessário contar com o papel de diversos profissionais que pesquisaram em variadas fontes para a construção e entendimento desta época. De acordo com o historiador Cláudio Vicentino, “no caso dessas civilizações antigas, as pesquisas envolvem técnicas arqueológicas e de análise de evidências históricas, principalmente documentos escritos e vestígios materiais, como esculturas, utensílios, construções.” (2014, p.69) Ao iniciarmos nossos estudos, devemos lembrar do conceito de civilização, que também de acordo com Vicentino (2014), equivale ao produto material e cultural humano e suas transformações da natureza. Dessa forma, é necessário destacar algumas civilizações que foram importantes na história do desenvolvimento humano e social. No Oriente Próximo e Médio, destacamos duas civilizações de extrema importância: Mesopotâmia e Egito. A Mesopotâmia e o Egito tiveram notável desenvolvimento na organização socioeconômica e sucesso nas atividades produtivas que levaram ao aparecimento de diversas cidades. Posteriormente, também apresentaram evolução política e social, marcada pela exploração do trabalho escravo, pela utilização da escrita, por grandes obras arquitetônicas e religiosidade marcante. Nessas civilizações, a configuração social mudou de padrão e as divisões de hierarquia e trabalho destacaram-se, uma vez que passaram de simples tribos, para cidades estruturadas e com necessidades. Temos que observar a diversidade de povos, culturas e realizações por todo o planeta. Portanto, devemos ressaltar outros povos que também foram relevantes na construção da nossa história. Povos como Hebreus, Persas e Fenícios desenvolveram modos de trabalho e comércio que possibilitaram o desenvolvimento da região. A história hebraica ficou conhecida pela bíblia e também teve participação importante no aparecimento e crescimento da religião monoteísta, e para o entendimento dos conflitos atuais na região

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do Oriente Médio. O povo Persa ficou conhecido por suas conquistas e expansões, assim como as guerras contra diversos povos. Esses conflitos também servem como base para o entendimento dos conflitos atuais. A característica mais marcante do povo Fenícios foi o desenvolvimento das rotas mercantis no Mediterrâneo e o comércio marítimo. Outro ponto importante no estudo das civilizações antigas, é o desenvolvimento das civilizações do Extremo Oriente. Povos como Índia e China não são muito abordados no estudo e no ensino de História, portanto é necessário buscar mais informações, pois são civilizações muito importantes culturalmente. A necessidade de pesquisar mais sobre as sociedades asiáticas é premente no momento atual: as maiores populações do mundo ali se concentram (China e Índia); a língua mais falada e escrita do mundo (o chinês) também é asiática. O crescimento econômico tem alcançado níveis surpreendentes nesse continente, o que podemos observar pelos fenômenos dos Tigres Asiáticos, dos Dragões Asiáticos, do Japão e da China comunista. (BUENO, 2012, p. 9) A cultura e o desenvolvimento dos povos do Extremo Oriente se destacam devido as dinastias, conflitos, expansões e diversas formas de religiosidade. Com a globalização e a difusão das informações, os conhecimentos sobre esses povos se expandiram. Devido a frequente migração de pessoas e, consequentemente, de culturas e costumes, é necessário abordar o contexto desses povos com a mesma ênfase que abordamos os povos ocidentais, até porque os povos ocidentais há muito tempo se interessam pelas riquezas da China e da Índia. Dentro desta concepção, não podemos esquecer dos povos da América e da África. Os povos que habitaram a América desenvolveram tribos e impérios, alguns deles com características parecidas com os povos europeus, como os gregos. Os europeus, ao descobrirem esses povos, admiraram seus conhecimentos sobre economia, política e arquitetura, visualizando seu desenvolvimento na utilização da terra, na organização social e política, nas construções religiosas, e nas formas de plantio. Assim como na América, a diversidade dos povos africanos contribuiu para a formação da nossa sociedade. [a] África não pode ser reduzida a uma entidade simples, fácil de entender. O nosso continente é feito de profunda diversidade e de complexas mestiçagens. Longas e irreversíveis misturas de culturas moldaram um mosaico de diferenças que são um dos mais valiosos patrimônios do nosso continente[...] Mas não existe pureza quando se fala da espécie humana. Os senhores dizem que não há economia atual que não se alicerce em trocas. Pois não há cultura humana que não se fundamente em profundas trocas de almas. (COUTO, 2003 apud MONTEIRO, 2004) Para finalizar os conhecimentos desenvolvidos durante a Antiguidade Clássica, devemos destacar dois povos de grande importância: os Gregos e os Romanos. Esses povos desenvolveram ao longo dos anos as bases do nosso pensamento, assim como conceitos econômicos, políticos e sociais que nasceram e se expandiram a partir do dia a dia desses povos. Tanto os Gregos quanto os Romanos são referências na construção de algumas instituições. Podemos dizer que os Gregos formaram as bases e, posteriormente, os Romanos aplicaram e os desenvolveram.

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As artes e obras arquitetônicas, o idioma, o pensamento filosófico, a mitologia, as instituições políticas são algumas expressões culturais gregas de influência nas civilizações contemporâneas ocidentais. Conhecer parte desse legado possibilita o conhecimento de importantes aspectos da nossa cultura. (VICENTINO, 2014. p. 132) Os estudos sobre os Gregos devem abranger desde a parte geográfica – que facilitam ao entendimento de sua divisão no espaço – e as possibilidades geradas a partir desse contexto, como a formação de cidades-Estados, que possuem a mesma cultura e religiosidade, mas são independentes em politicamente. A partir disso, podemos introduzir o conhecimento de diversos tipos de administração e as diferenças entre elas. Outro aspecto importante é a construção do conhecimento filosófico e a mudança do pensamento religioso. A Grécia era formada de diversas cidades-Estados, cada uma com características próprias que possibilitou o crescimento desse povo, mas também gerou alguns conflitos. As heranças deixadas pelos gregos são extensas: a democracia da qual se fala tanto, as Olímpiadas que ocorrem a cada quatro anos, a educação (oportunizada ao cidadão desde pequeno), a estrutura das cidades – que envolvia o povo reunido em volta de um centro político – a criação de leis, a divisão social e do trabalho. No entanto, não foi somente os Gregos que influenciaram as sociedades ocidentais, os Romanos também tiveram participação importante neste processo. Não é difícil entender o motivo da importância de estudarmos a civilização romana. Podemos dizer que é a civilização da antiguidade que exerceu mais influência sobre o mundo ocidental. Para isso ficar claro, é só nos perguntarmos como seria nossa vida hoje sem a língua portuguesa, o sistema jurídico e o cristianismo. (VICENTINO, 2014, p. 160) Ao abordar a civilização romana, muitos aspectos são importantes, da mesma forma que os gregos. Os Romanos derivaram de diversos povos, que ao ocuparem a península itálica começaram a se desenvolver. Já de início temos a formação política bem estruturada, com senado e funcionários públicos para fiscalizar e organizar o território. Os Romanos também marcaram o processo de expansão e conquista com guerras e a política passou por períodos controversos, com a implantação da Monarquia, República, Triunvirato e Império. Ainda podemos identificar o papel dos romanos na expansão do Cristianismo, nas construções de estradas e teatros. Ao analisarmos todo o contexto da Antiguidade Clássica, percebemos a profunda necessidade de entendermos as relações surgidas durante esse período, e a importância de abordar esses conhecimentos em nossos alunos, afinal, é neste período que surgem as bases da nossa sociedade. Para a complementação de conhecimentos acerca da Antiguidade Clássica, confira os links a seguir, •

Artigo:

<http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002242/224262POR.pdf>

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Livro:

<http://teca.cecierj.edu.br/popUpVisualizar.php?id=50608&urlArquivo=../ arquivo/documento/50608.pdf> •

Vídeo:

<https://www.youtube.com/watch?v=FbYJnRdxIpY https://www.youtube.com/watch?v=oAVvrisUZcY>

QUESTÃO COMENTADA 1. (UFRN) Entre os hebreus da Antiguidade, os profetas eram considerados mensageiros de Deus, lembrando ao povo as demandas da justiça e da Lei dadas por Javé. Isaías, um dos profetas dessa época, em nome de Javé proclamou: Ai dos que decretam leis injustas; dos que escrevem leis de opressão, para negarem justiça aos pobres, para arrebatarem o direito aos aflitos do meu povo, a fim de despojarem as viúvas e roubarem os órfãos! (Isaías 10:1-2) Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e ficam como únicos moradores no meio da terra! (Isaías 5:8) Esses pronunciamentos do profeta Isaías estão ligados a uma época da história hebraica em que ocorreu: a) a saída dos hebreus do Egito, sob o comando de Moisés, e o estabelecimento em Canaã, conquistando as terras dos povos que ali habitavam. b) a imigração para o Egito, quando os hebreus receberam terras férteis no delta do rio Nilo, por influência de José, que exercia ali o cargo de governador. c) a formação de uma aristocracia, que enriquecera com o comércio e com a apropriação das terras dos camponeses endividados. d) a conquista de Jerusalém por Nabucodonosor, quando os judeus foram despojados de suas terras e deportados para a Babilônia. e) ao domínio persa, como Ciro, o Grande, que massacrou milhares de camponeses hebreus

RESOLUÇÃO Os textos proféticos do Antigo Testamento, além de guardarem consigo, segundo a tradição judaico-cristã, o anúncio da vinda do Messias, também revelam muitos aspectos do contexto histórico que permeava a vida dos hebreus daquele período. O trecho em questão evidencia a crítica do profeta Isaías àqueles que se enriqueceram às custas da população camponesa, portanto, a alternativa correta é a letra c.

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ATIVIDADES Comente a frase “Roma conquistou militarmente a Grécia, mas a Grécia conquistou Roma culturalmente”, apontando como se deu a relação cultural entre Roma e Grécia no período da Antiguidade. Em seguida, indique três elementos da produção cultural e científica da Grécia Antiga que ainda são utilizados na contemporaneidade. Leia o excerto abaixo, retirado da “Carta do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra] aos Candidatos e Candidatas [à presidência da República]”, publicada em 02 de setembro de 2014: “Lutamos por mudanças na relação com os bens da natureza, na produção de alimentos e nas relações sociais no campo. (...) A terra precisa ser democratizada e cumprir com sua função social. (...) Lutamos e exigimos uma política efetiva, estruturante e massiva de Reforma Agrária Popular, indispensável para a permanência das famílias no campo, com produção e distribuição de riquezas.” (http://www.mst.org.br/node/16467)

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=674

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Considerando seus conhecimentos sobre a questão da reforma agrária em diferentes períodos da História, responda: a) Por que há grupos, como o MST, que reivindicam uma reforma agrária no Brasil atual? b) Por que os irmãos Tibério e Caio Graco tentaram estabelecer a reforma agrária entre 133 e 121 a.C., durante o período republicano romano?

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REFERÊNCIAS BUENO, A. S. O extremo Extremo na Antiguidade. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2012. MONTEIRO, A. A África no imaginário social brasileiro. Disponível em: <http://www. ces.uc.pt/lab2004/pdfs/ArtemisaMonteiro.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2016. SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA DO ESTADO DO PARANÁ. Rota de Desenvolvimento Docente. Curitiba: Núcleo de Educação a Distância (NEaD) SESI-PR. 2016. VICENTINO, C; DORIGO, G. Projeto Multiplo: História. São Paulo: Scipione, 2014.

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FILOSOFIA Passagem do mito ao logos Os historiadores da Filosofia chegam a um consenso ao dizer que seu nascimento se dá entre o fim do século VII a.C. e início do século VI a.C., na cidade de Mileto, uma das colônias gregas da Ásia menor. O primeiro filósofo foi Tales de Mileto, que investigou as bases da Cosmologia. Viagens colocaram os gregos em contato com povos orientais, como egípcios, persas, babilônios, assírios e caldeus. Os gregos imprimiram mudanças profundas a que receberam do Oriente e das culturas precedentes, das quais podemos mencionar a relação aos mitos, aos conhecimentos, à organização social e política e ao pensamento. O surgimento da Filosofia não pode ser entendido como fruto exclusivo da sabedoria grega, mas sim como resultado da aglutinação de fatores que a tornaram possível. Se retornarmos ao século IX a.C., constataremos que, nesse ambiente, mais tarde denominado mundo helênico (grego), predominava a organização tribal (genos). Nos genos, a leitura do mundo era feita por meio de mitos. Alimentava-se o temor aos deuses, compreendia-se a realidade a partir da sua ação e, sobretudo, acreditava-se no destino inexorável: a Moira, entidade mitológica, determinava a existência dos homens. A figura do herói era o modelo: sua virtude não residia na bondade moral ou no sentido de justiça efusiva, mas sim na coragem. O herói encarnava o ideal do guerreiro belo e bom. Os mitos afirmavam-se como verdades inquestionáveis garantidas pela tradição de cada povo, a verdade estava na palavra do sacerdote e era incontestável. Historiadores indagam se a Filosofia nasceu da transformação gradual dos mitos gregos ou da ruptura radical com eles. Sendo assim, não podemos descartar a contribuição do mito para seu surgimento, seu amadurecimento foi lento e gradual. Os mitos narram a origem do mundo. Suas contradições e limitações para explicar a realidade natural e humana levaram a Filosofia a tomá-los, a partir da reformulação e racionalização das narrativas míticas, transformando-as explicações novas e diferentes. Podemos destacar como condições históricas para a passagem do mito ao logos as viagens marítimas, a invenção do calendário, da moeda e da escrita alfabética, o desenvolvimento da vida urbana e a estruturação de uma política com ideia do conceito “lei” e de um espaço público.

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Pré-Socráticos Os filósofos pré-socráticos questionavam a origem de todas as coisas. Seus questionamentos partiam do que já foi criado, de como a natureza podia ser descrita e como poderia ser explicada a pluralidade da natureza. Os pré-socráticos buscavam um princípio fundamental, conhecido como arqué. O termo pré-socrático, entendido como “antes de Sócrates”, foi popularizado por Hermann Diels (1903). Sócrates foi contemporâneo destes filósofos, porém a expressão refere-se às diferenças de ideologia e princípios. Nenhum texto desses filósofos foram preservados integralmente e a maior parte do que sabemos baseia-se em fragmentos e citações posteriores, que em geral, são tendenciosas.

Sócrates Sócrates (469/470–399 a.C.) é um marco na história da Filosofia. Os que vieram antes dele receberam – apesar de diferenças de pensamento – o nome genérico de “présocráticos”. Sócrates nada deixou escrito, apresentava muita fala, mas nada concluía: qual é então o pensamento socrático? Sócrates viveu o apogeu e a crise da democracia ateniense. Após a vitória sobre os persas, Atenas havia se tornado uma grande potência, influenciando quase toda a Grécia. A vida cultural era intensa, com grandes artistas e homens públicos. Destacamos a figura de Péricles, que por meio de suas realizações políticas e culturais, tornou-se um símbolo da época, tanto que esse período ficou conhecido como o “século de Péricles”. Tanto esplendor gera um custo alto. A hegemonia de Atenas fez crescer as rivalidades com Esparta, que culminou na Guerra do Peloponeso. O conflito durou quase 30 anos, quando Atenas capitulou definitivamente: o regime democrático (que já estava enfraquecido) cedeu lugar ao governo dos Trinta Tiranos. Restaurada em 403 a.C., a democracia ateniense jamais foi a mesma: a crise dos valores políticos e morais se tornou intensa. A condenação de Sócrates em 399 foi a metáfora da decadência da democracia e da própria Atenas.

“Só sei que nada sei” Deste célebre pensador, ficaram apenas várias imagens. Aristófanes (445 –386 a.C.) o considerava um sofista, sem razão, pois Sócrates destruía certezas com bons argumentos. Xenofonte (431–355 a.C.) fez dele um pensador convencional. Platão o consolidou em uma imagem definitiva, apresentando sua originalidade de pensamento. De todas as impressões referentes a Sócrates, uma sobressaiu: um infatigável conversador. Tal característica não seria diferente de outros atenienses que, sob a democracia, tornaram a arte da conversação um instrumento de convivência social.

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Porém, uma grande diferença tornou Sócrates emblemático: o modo da conversa. Sócrates mostrava que no plano das opiniões todos tinham razão e, por isso, ninguém a tinha. Ele buscava conhecer a essência das coisas. Sócrates era uma figura muito conhecida na cidade. Aos 40 anos, era reconhecido como “sábio” e o próprio – apresentada na versão de Platão – situa o início de sua atividade intelectual nesta idade, quando teria recebido sua “missão”. Tal missão originou-se de seu amigo Querefonte, que perguntou aos deuses no Santuário de Delfos se havia um homem mais sábio do que Sócrates. A resposta foi negativa. Sócrates, que não se julgava sábio, resolveu investigar: conversou com um político, considerado por todos como sábio, e chegou à conclusão que ele era um conhecedor de todas as coisas. Porém, o filósofo, nas palavras de Platão: Mais sábio do que este homem sou eu; é bem provável que nenhum de nós saiba nada de bom, mas ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um nadinha mais sábio do que ele exatamente por no supor que saiba o que não sei. (OS PENSADORES, 1999. p.43) Não contente, Sócrates continuou a busca por alguém mais sábio, acreditando assim estar a serviço dos deuses. Porém, o resultado é sempre o mesmo. Todos falavam como se fossem sábios e, mesmo quando conheciam algo, extrapolavam seus conhecimentos para assuntos que não tinham nenhuma noção.

A Maiêutica socrática O pensamento socrático parecia desprovido de conteúdo, pois ele simplesmente perguntava. Destruindo as respostas fáceis de seus interlocutores, mostrava que o pensamento deve ser mais prudente. Respostas fáceis são frutos de perguntas mal formuladas. Neste formato de debate, discutia-se meios para atingir determinados fins, em vez de examinar os próprios fins. Sócrates propunha formular perguntas adequadas, por meio de um método de investigação que encaminhasse o pensamento em direção à essência das coisas. Nunca ia diretamente à questão “o que é?”, mas ouvia e apresentava objeções aos argumentos dos outros. O diálogo cumpria a função de “experimentação” de possibilidades antes de entrar em uma rota certa. O pensamento precisava de um interlocutor, com que podia sempre discutir. O verdadeiro conhecimento nascia desse diálogo: não é transmissível, mas sim tirado do interior de uma discussão. Sócrates, dizia seguir a profissão da mãe, parteira, mas seu trabalho consistia em auxiliar os homens a trazer à tona o conhecimento encontrava- se latente em cada um. A este método chamamos de Maiêutica, ou seja, dar à luz ao conhecimento.

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Platão Platão nasceu em Atenas, em 428/427 a.C. Seu verdadeiro nome era Aristócles. Platão é apelido que derivou, como referem alguns, de seu vigor físico ou, como apresentam outros, da amplitude de seu estilo ou ainda da extensão de sua testa (platos, do grego, “amplitude”, “largueza”, “extensão”). Desde sua juventude, Platão via na vida pública o seu próprio ideal: nascimento, inteligência, aptidões pessoais. Aos vinte anos encontrou Sócrates, e tornou-se seu discípulo. É certo que Platão frequentou o círculo de Sócrates com o mesmo objetivo da maior parte dos jovens: não para fazer da filosofia a finalidade de sua própria vida, mas para melhor se preparar para a vida política. Entretanto, os acontecimentos orientaram sua vida em outra direção. Seu primeiro contato direto com a vida política foi em 404/403 a.C., quando a aristocracia assumiu o poder e dois parentes seus, Cármides e Crítias, tiveram importante participação no governo oligárquico. Foi uma experiência frustrante, em consequência dos métodos facciosos e violentos que constatou serem aplicados por aqueles nos quais depositava confiança. Seu desgosto com os métodos da política alcançou chegou ao máximo com a condenação de Sócrates à morte. Após a morte de seu mestre, Platão viajou para Mégara com alguns discípulos de Sócrates e hospedou-se na casa de Euclides (provavelmente para evitar possíveis perseguições, que poderiam advir pelo fato de ter participado do círculo socrático). Viajou também para a Itália, Egito e Cirene. Ao retornar a Atenas, fundou a Academia. Viajou a Sicília por mais três vezes e permaneceu em Atenas – na direção de sua Academia – até sua morte, em 347.

Teoria das Ideias A Teoria das Ideias deu impulso e ofereceu o método da atividade filosófica. Isso porque só pode erguer-se ao conhecimento das ideias àquele que possui um instinto filosófico. Este é chamado por Platão de eros. Com isso, ele confere a esta palavra (do grego, amor) um significado mais elevado e espiritual. A palavra ideia vem do grego (eidos ou idea), originalmente relacionada à imagem. As ideias são formas, gêneros e generalidades do ser. No entanto, esses não são meros conceitos gerais construídos quando nosso pensamento abstrai do particular e reúne as características comuns das coisas. Elas são perfeitamente reais, pois possuem a única realidade verdadeira (metafísica). As coisas individuais passam, mas as ideias, como seus modelos perenes, continuam a existir. Platão relacionava as ideias com os números, aplicando raciocínios pitagóricos. Sendo as ideias aquilo que é realmente acessível ao pensamento, para Platão os seres corporais tinham uma importância secundária.

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A Ética Platônica A alma humana divide-se em três partes: pensamento, vontade e desejo. O pensamento está localizado cabeça, o sentimento no peito e o desejo no abdômen. A parte imortal, porém, é o pensamento, a razão, que ao entrar no corpo se liga ao restante. A alma imortal não possui princípio e nem fim. Substancialmente, ela é da mesma natureza que a alma do mundo. Todo o nosso conhecimento é recordação de estados e anteriores renascimentos (ou reencarnações) da alma. Alguns até acreditam que Platão tenha conhecido a filosofia indiana antiga, devido ao conceito de renascimento da alma. No reino das ideias, a posição mais elevada é ocupada pelo Bem supremo. O Bem é a ideia das ideias e o objeto final do mundo. O ser conhecido provém do Bem, mas tem dele também o ser e a essência, uma vez que o bem não é próprio o ser, mas o ultrapassa em dignidade e força. A ética platônica resulta da ligação do Bem supremo com a concepção de a alma imortal, aquilo no homem com que no mundo ele participa das ideias. A meta do homem é erguer-se para o mundo suprassensível, apossando-se do Bem supremo. O corpo e a sensibilidade são os grilhões que o impedem de chegar a esta meta: soma, sema. O corpo é o túmulo da alma, a fórmula mais abreviada de Platão. A virtude é o estado em que a alma se aproxima dessa meta. Como as coisas visíveis são imagens das coisas invisíveis, elas podem, sobretudo na arte, auxiliar para o apreender as ideias. A virtude – como em Sócrates – só ocorre realmente baseada na compreensão. Por isso, ela pode ser ensinada. Mas Platão foi um pouco além de Sócrates ao dividir a virtude em quatro cardeais. As três primeiras correspondem às partes da alma: sabedoria, coragem, equilíbrio (moderação). A sabedoria é a virtude da inteligência e a coragem é a virtude da vontade. Já o equilíbrio é a capacidade de manter a medida intermediária entre o gozo e a ascese, entre rigor e indulgência e na aparência externa também a boa distância, igualmente afastada da familiaridade grotesca e do frio distanciamento.

Política A pólis é o conceito central no pensamento de Platão sobre o Estado. Pólis é a raiz da palavra “política”. O reto agir, a virtude, a moral e a justiça é tudo com que Platão se ocupa no ser humano individual retorna em escala ampliada do Estado. A mais elevada forma que se pode imaginar para a vida moral é a comunidade em um bom Estado. Platão analisa as diferentes formas de Estado e os tipos de pessoas com elas relacionadas e investiga a oligarquia. Depois desta, da luta de classes que predomina na oligarquia pode surgir a democracia. A palavra-chave da democracia é “liberdade”. As pessoas são acima de tudo livres, e a cidade inteira reverbera de liberdade e irrestrita manifestação de opinião, pois cada um pode fazer o que quiser. À democracia seguese a tirania (domínio pela violência), pois está claro que se trata de uma reação contra a democracia.

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Assim como na pessoa individual, existe desejo, vontade e razão. A justiça consiste em estas três a chegar em uma reta relação. Na vida dos estados existem naturalmente três diferentes tarefas: alimentação e salário como base, defesa e direção racional. A isto correspondem as três classes: a) Os assalariados (artesãos e agricultores) b) Os guardas (guerreiros) c) Os governantes Nestas três classes, a justiça consiste em que os três vivam harmoniosamente orientados pela razão. E para alcançar essa razão, no caso dos governantes, é necessário a seleção que se constrói na educação. O Estado deve oferecer às crianças, qualquer que seja sua origem, as mesmas possibilidades de formação: ginástica e música (música forma a alma) e a união do corpo. A tudo isso acrescentam-se o cálculo, a matemática, o exercício da dialética (o reto pensar), e ainda a imposição de dores, esforços e privações, alternando-se com tentações, com o objetivo de prover e reforçar a firmeza. Aos vinte anos de idade, após tal processo de seleção, os que não satisfizessem tais exigências serão, após rigoroso e imparcial exame, excluídos da lista dos pretendentes ao cargo supremo. Os restantes seriam educados por mais dez anos. Após outra seleção, os que persistirem, seriam treinados por mais cinco anos em Filosofia. Passados os cinco anos, seriam treinados pela própria vida: luta pela existência. Durante quinze anos deveriam dedicar-se aos problemas que apareceriam. Após este tempo, e já com cinquenta anos de idade, firmes e moderados, comprovados na luta da vida, estariam aptos a ocupar cargos de governo e de direção.

Aristóteles Aristóteles nasceu em 384 a.C. em Estagira, no nordeste da antiga Grécia. Filho de médico, mudou-se para Atenas aos dezessete anos e ingressou na Academia de Platão. Após a morte de seu mentor, Aristóteles deixou a academia e viveu um tempo um Asso, na Ásia Menor, possivelmente estabelecendo uma filial local da Academia. Casou-se com Pítias, sobrinha do governo local e mudou-se para Lesbos, ilha ao redor da atual Turquia. O estagirita logo foi convidado para ser tutor do príncipe da Macedônia, àquela época com treze anos, que mais tarde se tornaria Alexandre, o Grande. Em 355 a.C., Aristóteles retornou a Atenas e abriu sua escola, o Liceu. Aparentemente, os membros do Liceu erigiam suas discussões caminhando à sombra dos pórticos. O pensamento de Aristóteles é muitas vezes caracterizado como “peripatético” em função de caminhar pra lá e pra cá enquanto ensinava. Alexandre, o Grande, morreu em 323 a.C., e houve uma forte reação contra o controle macedônico em toda a Grécia. Aristóteles, sofrendo por causa desse ressentimento, sabiamente retirou-se de Atenas. Morreu doente aos 62 anos em 322 a.C.

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Física e Metafísica Nem todos estavam satisfeitos com a Teoria Das Formas de Platão. Ela era uma duplicação das coisas visíveis e um de seus propósitos era explicar por que havia tantas coisas no mundo. Não era útil supor a existência de um abrigo paralelo das formas, se as coisas existem em virtude das formas, isso não explica seu vir a ser e seu perecer. Aristóteles tentou resolver essa fraqueza nos ensinamentos de Platão com sua teoria dos universais. Física: É estudo da Natureza. Vem do grego phisis, que significa natureza. Mas é a Natureza como um processo de desenvolvimento e devir. Metafísica: É o estudo o ser enquanto ser; a reflexão sobre o significado do que ele é; o estudo dos primeiros princípios e das primeiras causas; o conhecimento racional das realidades que nos transcendem; o estudo racional das coisas em si.

Universais Algumas palavras significam coisas que são únicas, outras significam coisas que são comuns a muitas instâncias. Os universais referem-se às palavras comuns a muitas instâncias (ex.: gato, cadeira etc.). Substância é aquilo que é designado por um substantivo. Universal é aquilo que é designado por uma classe de um nome ou adjetivo.

Essência A essência é o que um item ou evento é por natureza, e não pode perder essa natureza ou deixar de ser, a essência prece a essência. Aristóteles diz que a alma é a forma do corpo, é ela que faz cada corpo ser o que é e dá a ele um propósito: a forma de uma coisa é sua essência e substância primária. Formas são substanciais; universais, não. A matéria sem forma é somente uma potencialidade, quanto mais forma uma coisa tiver, mais atualidade ela terá. Existe uma hierarquia da existência. Uma pedra que não foi talhada encontrase em estado de potencialidade em relação a uma pedra talhada. Essa, por sua vez, encontra-se em estado de atualidade em relação à pedra não talhada, mas em estado de potencialidade em relação a uma casa. Para compreender a mudança, é preciso analisar a noção de causa.

Ética Os ensinamentos éticos em Aristóteles estão expostos na obra Ética a Nicômaco e seu estudo é baseado na felicidade. Segundo o estagirita, uma boa vida é uma vida de felicidade. A felicidade é uma atividade, e não um objeto: acompanha as atividades do sujeito. Isso nos leva a uma das mais famosas doutrinas de Aristóteles: a doutrina do meio-termo, a tal ensinamento, a regra é aja moderadamente, o meio-termo, nos extremos são os vícios.

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A ética aristotélica simboliza a perspectiva de senso comum das pessoas prudentes que reconhecem seu valor e esperam que os outros também o reconheçam, que exercem o ócio, possuem cultura e prestam serviços à sociedade em que vivem.

Política O pensamento político de Aristóteles é centrado na cidade-Estado. Seus pensamentos sobre o Estado são encontrados em seu livro Política. Aristóteles sustentava que o Estado deveria ser o organismo ético e político mais elevado e tinha prioridade em relação tanto à família quanto ao indivíduo. Os indivíduos não podem satisfazer seus propósitos a não ser que façam parte do Estado. Os cidadãos deveriam ser educados naquilo que lhes é útil, mas o propósito da educação é a virtude. Pela palavra “virtude”, os gregos designavam “excelência humana”. Aristóteles restringiu a cidadania aos cidadãos proprietários de terra que são livres (pela instituição da escravidão) do trabalho na terra e que são altamente educados. Dessa forma, eles possuíam a cultura, o ócio e a virtude para governar com responsabilidade e virtuosismo.

QUESTÃO COMENTADA 1. (Enem) Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formavase em sua mente. ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado).

O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427–346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa relação? a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas. b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles. c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis. d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não. e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão.

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RESOLUÇÃO A Teoria do Conhecimento para Platão parte do princípio de dois mundos: mundo inteligível e mundo sensível. Para Platão, o conhecimento verdadeiro reside no mundo inteligível (mundo das ideias). No mundo sensível, o conhecimento se dá pelos sentidos, a sensação não é capaz de produzir o conhecimento. Esta explicação é apresentada no célebre Mito da Caverna, da obra A República. Portanto, a alternativa correta é a letra d.

ATIVIDADES 1. (UFPR) Obra base: Aristóteles. Ética a Nicômaco. Livro II. São Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 150 (Col. Os Pensadores) Uma vez que Aristóteles antes define as virtudes como disposições de caráter e, na passagem acima, acrescenta que as virtudes situam-se num “meio-termo”, de que modo devem ser definidos os vícios? Por quê? 02) Agir de modo virtuoso é, segundo Aristóteles, agir sempre do mesmo modo? Por quê?

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=643 2. (UEL-PR) Leia o texto. Texto I – Considera pois – continuei – o que aconteceria se eles fossem soltos das cadeias e curados da sua ignorância, a ver se, regressados à sua natureza, as coisas se passavam deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o forçasse a endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a andar e a olhar para a luz, a fazer tudo isso, sentiria dor [...]. Se alguém lhe afirmasse que até então ele só vira coisas vãs, ao passo que agora estava mais perto da realidade [...] ? E se ainda, mostrando-lhe cada um desses objetos que passavam, o forçassem com perguntas a dizer o que era? (PLATÃO. A República. 7. ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993. p. 318-319.)

O texto é parte do livro VII da República, obra na qual Platão desenvolve o célebre Mito da Caverna. Sobre o Mito da Caverna, é correto afirmar.

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I. A caverna iluminada pelo Sol, cuja luz se projeta dentro dela, corresponde ao mundo inteligível, o do conhecimento do verdadeiro ser. II. Explicita como Platão concebe e estrutura o conhecimento. III. Manifesta a forma como Platão pensa a política, na medida em que, ao voltar à caverna, aquele que contemplou o bem quer libertar da contemplação das sombras os antigos companheiros. IV. Apresenta uma concepção de conhecimento estruturada unicamente em fatores circunstanciais e relativistas. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e IV são corretas. b) Somente as afirmativas II e III são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.

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REFERÊNCIAS ABRÃO, B. S. Os Pensadores: História da Filosofia. São Paulo: Nova Cultural, 1999. BLACKBURN, S. Dicionário Oxford de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1977. CHAUI, M. Iniciação à Filosofia: ensino médio, volume único. São Paulo: Ática, 2013. JOHNSTON, D. História concisa da Filosofia: de Sócrates a Derrida. São Paulo: Edições Rosari, 2008. p. 13-53. KLEINMAN, Paul. Tudo o que você precisa saber sobre Filosofia: de Platão e Sócrates até à ética e metafísica. São Paulo: Gente, 2014. WARBURTON, N. Uma breve história da Filosofia. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2015.

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GEOGRAFIA A Geopolítica e o Direito estão presentes nas sociedades desde os primórdios. Diversas normas e regras foram implantadas, frutos de conflitos por posse e controle de territórios. Para discutirmos a base de nosso direito atual, antes de tudo é necessário discutirmos acerca dos processos de ocupação do espaço. Compreender de que modo foram travadas as relações de apropriação e expropriação territorial, assim como os caminhos que levaram a essas mudanças – que constantemente redesenham o mundo, alterando os territórios e as sociedades – são o ponto de partida deste capítulo, que apresentará um panorama da Geopolítica global e suas implicações.

Origem do termo Geopolítica O termo Geopolítica teve surgimento no início do século XX, proposto pelo Cientista Político sueco Rudolf Kjellén, inspirado pela obra Politische Geographie (Geografia Política), de Friedrich Ratzel (1897). As teorias geopolíticas clássicas entendiam o Estado como um organismo territorial. Essa comparação foi proposta por Ratzel, no entanto, é importante ressaltar que esse termo aqui compreendido não está relacionado a biologia, mas sim ao pensamento romântico, que o compreendia como uma unidade indissociável entre elementos naturais e humanos. Para o autor, o Estado agia como organismo territorial devido a mobilização das sociedades para um objetivo comum: a defesa territorial. Desse modo, eram implementadas uma série de políticas com o objetivo de garantir a coesão da sociedade e do território, unindo o povo ao solo. Nesse sentido, a Geografia Política e a Geopolítica utilizam os conhecimentos da Geografia Física e da Geografia Humana, inter-relacionadas com a Ecologia, para orientar a ação política do Estado. Essa concepção torna-se evidente nos escritos da professora Bertha Becker, renomada geógrafa brasileira, conforme artigo publicado na Revista bibliográfica de geografia e ciências sociais da Universidade de Barcelona: “A geopolítica clássica era uma espécie de Geografia do Estado, a serviço deste. Essa abordagem aproximou fundamentalmente a ciência geográfica da política dos Estados, estruturando e fundamentando as ações estatais -- principalmente militares e ligadas à guerra, à conquista territorial. No plano interno, essa concepção de geopolítica serviu de base para o controle, o planejamento e o ordenamento territorial nacional”.

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Nova perspectiva O sistema de Direito Internacional – com base na recém-criada ONU (pós II Guerra Mundial) e nos objetivos de cooperação e integração tanto regional quanto mundial e também do lançamento de uma nova Política do Meio-ambiente – apontou a necessidade de se expandir a visão de mundo implementada pela Geopolítica, inclusive no que se refere ao interesse histórico e econômico pelos recursos naturais e pela administração colonial dos territórios (Velha colonização das Américas e Nova colonização Afro-asiática). Essa nova visão política estimulou o interesse de especialistas em Direito da Integração Ambiental a desenvolverem projetos que redefiniram o campo de abrangência da Geopolítica para os Econômicos ambientais e Desenvolvimento Sustentável. É também por meio dessa nova visão que é discutida a relação do Estado com os processos ecológicos da natureza, como o problema da expansão urbanística, principalmente quanto ao impacto da civilização sobre o meio natural e a questão do desenvolvimento rural (impacto das atividades agrárias nos ecossistemas naturais e nos processos geológicos). A Geopolítica também tende a compreender e explicar os conflitos internacionais da atualidade e suas principais questões políticas.

Novas abrangências dos conhecimentos geopolíticos Entre os novos capítulos, ou temas, dos conhecimentos geopolíticos, destacam-se: Geopolítica da Antártida (sobre o Tratado Antártico); Geopolítica do Atlântico Sul (sobre questões como defesa costeira e Zona Econômica Exclusiva); Geopolítica do uso das águas fluviais e oceânicas (sobre o Tratado de Montego Bay e do Tratado da Bacia do Prata); Geopolítica das fontes energéticas (sobre energia eólica, biocombustíveis e petróleo, OPEP, Oriente Médio e o mundo, pré-sal em regiões costeiras); Geopolítica dos resíduos sólidos (sobre poluição, principalmente dos rios, do ar e das cidades); Geopolítica do Espaço Sideral (sobre a possível militarização e colonização do Universo) e Geopolítica Nuclear (sobre os programas nucleares e o Tratado internacional de Não Proliferação Nuclear para fins econômicos e militares). Consideramos também a importância do mapeamento dos conflitos no mundo e a geopolítica que o contextualiza. A Geopolítica pode ser considerada uma ciência intimamente relacionada com o saber estratégico, ou seja, quando um Estado-nação se propõe a conhecer um determinado território que considera fundamental para a afirmação dos seus interesses soberanos.

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QUESTÃO COMENTADA 1. (Brasil Escola) Dentre os principais conflitos e impasses étnico-territoriais na região do Oriente Médio, um deles se caracteriza pela luta para a criação de um Estado Nacional que abrigaria aquela que é a maior nação sem pátria do mundo. O texto se refere: a) aos Curdos, que lutam pela criação do Curdistão. b) aos Turcos, que tiveram seu território perdido desde a dissolução do Império Turco-Otomano. c) aos povos da Mesopotâmia, que lutam em uma guerra civil sem trégua para a criação de seu território. d) aos povos bascos, que liderados pelo grupo terrorista ETA buscam a independência de seu território. e) aos palestinos, que até hoje não possuem seu Estado e território reconhecidos pela comunidade internacional.

RESOLUÇÃO Os Curdos formam a maior nação sem pátria do mundo e lutam pela criação de seu país, o Curdistão, que ocuparia parte dos territórios de Turquia, Síria, Azerbaijão, Iraque, Armênia e Irã.

EXERCÍCIOS 1. (UFPR – adaptada) A Geografia é, antes de mais nada, um saber estratégico intimamente ligado a um conjunto de práticas políticas e militares e são essas práticas que exigem a acumulação articulada de informações extremamente variadas. (LACOSTE, Y. A Geografia – isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. São Paulo: Papirus, 1989. p. 21-30.)

Aplicando essas considerações de Lacoste aos recentes conflitos que têm ocorrido em diversos continentes, assina-lhe (v) ou (f ) nas afirmativas abaixo. ( ) As estratégias de guerra implicam uma análise precisa de combinações geográficas entre elementos heterogêneos para planejar a ocupação de determinada área, para torná-la inabitável ou mesmo para levar a cabo um genocídio. ( ) As zonas de tensão do mundo atual são espaços geográficos onde ocorrem, de forma aguda, conflitos étnicos, nacionalistas e separatistas. Esses conflitos são conduzidos por grupos organizados nacional ou internacionalmente.

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( ) Durante a Guerra Fria, os Estados Unidos e seus aliados da OTAN intervinham militarmente em países estrangeiros para manter ou expandir sua hegemonia política. Com a derrocada do comunismo, essas intervenções passaram a ser feitas para evitar que tensões localizadas tenham repercussões econômicas e geopolíticas mais amplas, que podem afetar os interesses desses países e a dinâmica econômica mundial, como no exemplo da Guerra do Golfo. ( ) O emprego das novas tecnologias bélicas utilizadas no Vietnã, na Sérvia, no Iraque e no Afeganistão independe do conhecimento das condições ambientais, pois os fatores geopolíticos é que são decisivos.

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2. (Brasil Escola – adaptada) Com o final da Guerra Fria, o mundo vislumbrou o estabelecimento de uma nova Ordem Mundial, o que provocou muitas discussões e debates. Sobre essa questão, julgue as alternativas assinalando verdadeiro ou falso: ( ) Com o fim da Bipolaridade, o mundo tornou-se multipolar, devido ao crescimento de algumas superpotências e de blocos econômicos que atualmente rivalizam com os Estados Unidos, a exemplo da União Europeia, do Japão e, mais recentemente, da China; ( ) Após a Guerra Fria, o mundo tornou-se unipolar, pois, para muitos analistas, não há mais nenhuma potência capaz de fazer frente aos Estados Unidos. ( ) Com o fim da União Soviética, o mundo passou a ser chamado de unimultipolar, uma vez que apenas os Estados Unidos se consolidaram como potência militar, mas no campo tecnológico e econômico, Japão, China e União Europeia também exercem papel de destaque no cenário mundial.

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REFERÊNCIAS GRANDE ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL. São Paulo: Nova Cultural, 1998. Aula Geopolítica para Enem. Disponível em: watch?v=ib4HK3tw_Ug>. Acesso em 26 nov. 2016. Geografia – Globalização I. Disponível watch?v=m39xY4n9_sw>. Acesso em 26 nov. 2016.

<https://www.youtube.com/ em:<https://www.youtube.com/

JAKOBSEN, K. ALCA: quem ganha e quem perde com o livre comércio nas Américas. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 1996. Ponto de Encontro – Crise Migratória. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=_L9gc2Nw7vQ>. Acesso em 26 nov. 2016 VIEIRA, I. C. G. et. al. Bertha Becker e a Amazônia. In: Revista Bibliográfica De Geografía y Ciencias Sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 2014 p. 742-198.

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SOCIOLOGIA Olá, tudo bem? Neste capítulo abordaremos como a Sociologia faz parte da formação dos profissionais do Direito, vamos lá? O advogado tem em sua formação as disciplinas de Sociologia do Direito, Ciência Política e Sociologia da Violência/Criminologia. A depender da área de atuação escolhida, poderá ser feito usos diferenciados das disciplinas sociológicas. Um profissional que atua na área do direito penal, por exemplo, tem como formação básica e fundamental a Sociologia da Violência ou a Criminologia. É por meio dos estudos das diversas teorias sociológicas sobre o fenômeno da violência que o advogado pode construir e enriquecer suas argumentações e defesas jurídicas. No caso do Direito Constitucional, o peso da Sociologia se dá no campo da Sociologia Política, em que se investigam as teorias do Estado, da democracia e das instituições políticas. Para que você tenha mais conhecimento acerca desses assuntos, discutiremos sobre democracia, cidadania e movimentos sociais.

O que é democracia? Você já parou para pensar que o termo democracia pode ter várias significações? Ela pode ser um valor social, um objetivo de igualdade, entre outras conotações. Mas não é desse modo a abordaremos, trataremos da democracia somente enquanto sistema político. A visão clássica da democracia – iniciada pelos filósofos contratualistas, em especial Rousseau – a compreendia enquanto uma forma de governo direcionada à promoção do bem comum por meio da vontade popular. Essa visão entendia a democracia um sistema político ideal, capaz de controlar vontades individuais e promover o bem estar geral. Essa maneira de ver o mundo se baseava na noção de que os cidadãos são conscientes e possuem vontade definida, e que procuram o bem comum e não interesses próprios. Notem que isso pode não ser verdadeiro, que tal irmos em frente e descobrirmos? As teorias democráticas modernas escaparam da valorização ética da democracia existente nos autores clássicos. A teoria moderna analisa a democracia somente a partir de um olhar prático e funcional. Vamos verificar o que alguns autores nos dizem? Comecemos então por Schumpeter (1975, pg. 274). Segundo esse autor, a democracia é basicamente um método político. Ele diz que ela é apenas um “arranjo institucional para chegar a decisões políticas pelas quais os indivíduos adquirem o poder de decidir mediante uma competição pelo voto popular” e que a competição “pela liderança que define a democracia [implica] a livre competição por votos livres”. Na mesma linha Przeworski (1996, pg.50), entende democracia como “um regime no qual os cargos governamentais são preenchidos em consequência da disputa de eleições. Um regime só é democrático quando a oposição pode concorrer, ganhar e assumir os cargos que disputou”.

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Associado a esses elementos, outro pré-requisito democrático é a periodicidade das eleições. É preciso que elas ocorram de modo contínuo. Para que um sistema político seja considerado democrático é preciso que sejam cumpridos alguns critérios. Segundo Robert Dahl (DAHL, 1997), as democracias, chamadas por ele de poliarquias, necessitam das seguintes instituições: 1. representantes eleitos; 2. eleições livres, justas e frequentes; 3. liberdade de expressão; 4. fontes alternativas e diversificadas de informação; 5. autonomia de associação; 6. cidadania inclusiva. Que tal analisarmos os preceitos acima? Vamos começar pelo primeiro critério: representantes eleitos. As democracias contemporâneas recebem o nome de democracias representativas por se edificarem sob o princípio de que os cidadãos escolhem seus representantes por meio do voto direto e que, depois de escolhidos, devem tomar decisões que atendam as demandas dos seus eleitores. Diferentemente de outros momentos em que o voto era limitadíssimo, hoje ele é universal e tem como princípio democrático “um eleitor, um voto”. Para que a igualdade de voto seja posta em funcionamento, é preciso garantir a liberdade dos eleitores de irem às urnas sem risco de serem coagidos ou de sofrerem pressões. E principalmente, que, depois de terem votado, não sofrerem retaliações, como ocorria, por exemplo, no Coronelismo com o voto de cabresto. A frequência das eleições contribui para a alternância do exercício político, ao mesmo tempo em que é o elemento essencial do accountability, isto é, o poder dos eleitores de controlar os eleitos. O accountability é uma forma de controlar as ações dos representantes. Se estes agirem em interesse próprio ou desempenharem um trabalho aquém do esperado, são substituídos na próxima eleição. A liberdade é o direito fundamental necessário para que democracia funcione em sua completude. Sem ela, os cidadãos não poderiam demonstrar seus interesses, nem expor seus pontos de vista. Nesse sentido, a liberdade de expressão garante o direito de falar publicamente e também assegura a possibilidade de ouvir o que os outros têm a dizer. Desse modo é permitido o acesso aos atos e decisões do governo e também o controle da população sobre o seu funcionamento. Outro elemento extremamente importante da democracia é a diversidade das fontes de informação é essencial para o livre exercício e o funcionamento da democracia, visto que o monopólio da informação teria como efeito a formação de uma opinião pública formada com apenas um ponto de vista. Nas democracias, a associação dos cidadãos em organizações políticas garante a esses grupos a oportunidade de expressar suas preferências e influenciar o processo político. As eleições são momentos institucionais em que diversos grupos políticos – cada um com ideologias próprias – disputam o voto do eleitorado.

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A democracia não é algo acabado e fixo, ela precisa ser melhorada a todo o momento. É necessário que as regras do jogo democrático sejam respeitadas e aprimoradas para serem cada vez mais justas e inclusivas. Desse modo, a liberdade e a participação política serão completas e seu objetivo principal será cumprido: a garantia de uma sociedade mais justa e igualitária.

O que é cidadania? A cidadania é uma daquelas palavras que todo mundo sabe o que significa, mas é difícil de explicar, não é mesmo? E não é pra menos, seu conceito é bastante complexo. Convido você a entende-la de maneira mais aprofundada, vamos lá? A cidadania é a conquista mais valiosa das democracias. Fruto das lutas e das demandas sociais, é ela que garante uma série de direitos sociais e ao mesmo tempo garante o poder dos cidadãos de alterar o processo político com vista a manter ou conquistar novos direitos. A cidadania pode ser pensada do ponto de vista liberal, enquanto um conjunto de direitos garantidos pelo pertencimento do indivíduo a um Estado. Essa noção é confundida com a ideia de nacionalidade – status jurídico de quem nasce em determinado país. O republicanismo, por outro lado, tem como foco as atitudes cívicas que um cidadão deve ter, isto é, os deveres que os cidadãos possuem para com os outros cidadãos e o Estado. Para compreender estas questões podemos utilizar a clássica divisão de T.H Marshall: Em um primeiro momento são conquistados os direitos civis, referentes às liberdades individuais, como ir e vir, igualdade perante a lei, propriedade, contratos, direito à vida e ao seu corpo não ser violado, ou seja, refere-se a limitação do poder do estado sobre o indivíduo. Posteriormente são garantidos os direitos políticos, que garantem a efetiva participação dos indivíduos na esfera pública, por meio do voto direto, da manifestação política e no pleito de cargos públicos. Por último, são conquistados os direitos sociais. São eles que garantem o acesso dos cidadãos ao bem estar social, permitindo uma vida digna e plena. Como exemplo, podemos elencar o direito ao trabalho, a previdência social, a saúde, educação, transporte, moradia. São estes direitos – garantidos em sua totalidade – que dão origem ao conceito de cidadania plena, isto é, a condição em que os cidadãos possuem as três esferas de direitos garantidas.

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O que são movimentos sociais? A primeira orientação teórica a respeito dos movimentos sociais é o de separálo das manifestações sociais. Embora as manifestações sociais sejam ações coletivas utilizadas pelos movimentos sociais, as manifestações sociais podem ocorrer sem necessariamente parte de movimentos sociais organizados. As marchas ocorridas no Brasil em junho de 2013 são exemplos de manifestações sociais de massa iniciadas por movimentos sociais, no entanto, posteriormente, adquiriram “vida própria”. As manifestações sociais possuem caráter transitório, isto é, tem início com velocidade surpreendente, mas possuem duração reduzida, uma “vida breve”. Uma das explicações para este fato é que esse tipo de manifestação não se apoia em estruturas e organizações permanentes. Por outro lado, os movimentos sociais tem como característica principal a continuidade ao longo do tempo. Para compreender esta questão, podemos utilizar a definição da Socióloga brasileira Maria Gohn (1995, p. 44): São ações coletivas de caráter sociopolítico, construídas por atores sociais pertencentes a diferentes classes e camadas sociais. Eles politizam suas demandas e criam um campo político de força social na sociedade civil. Suas ações estruturam-se a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em situações de: conflitos, litígios e disputas. As ações desenvolvem um processo social e político-cultural que cria uma identidade coletiva ao movimento, a partir de interesses em comum. Esta identidade decorre da força do princípio da solidariedade e é construída a partir da base referencial de valores culturais e políticos compartilhados pelo grupo. Para Alan Touraine – Sociólogo francês especialista em movimentos sociais – para que as ações coletivas sejam consideradas de fato movimentos sociais, são necessárias os seguintes atributos: Identidade: possuir laços de sentimento ou pertencimento que unam os indivíduos a partir de suas demandas comuns. Opositor: isto é, possuir um adversário comum, seja ele o Estado – que detém o monopólio do poder social – ou a cultura que reproduz as desigualdades. Projeto de sociedade: que auxilie a conscientiza-la, com o ideal de uma sociedade democrática e inclusiva. Nesse sentido, os movimentos sociais podem ser propositivos, isto é, podem propor mudanças, novos direitos e políticas públicas, ou ainda reativos, que buscam evitar a perda de direitos e de políticas públicas (GOHN, 2010).

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QUESTÃO COMENTADA 1. (Enem) Não nos resta a menor dúvida de que a principal contribuição dos diferentes tipos de movimentos sociais brasileiros nos últimos vinte anos foi no plano da reconstrução do processo de democratização do país. E não se trata apenas da reconstrução do regime político, da retomada da democracia e do fim do Regime Militar. Trata-se da reconstrução ou construção de novos rumos para a cultura do país, do preenchimento de vazios na condução da luta pela redemocratização, constituindo-se como agentes interlocutores que dialogam diretamente com a população e com o Estado. GOHN, M. G. M. Os sem-terras, ONGs e cidadania. São Paulo: Cortez, 2003 (adaptado).

No processo da redemocratização brasileira, os novos movimentos sociais contribuíram para a) diminuir a legitimidade dos novos partidos políticos então criados. b) tornar a democracia um valor social que ultrapassa os momentos eleitorais. c) difundir a democracia representativa como objetivo fundamental da luta política. d) ampliar as disputas pela hegemonia das entidades de trabalhadores com os sindicatos. e) fragmentar as lutas políticas dos diversos atores sociais frente ao Estado.

RESOLUÇÃO Umas das características mais importantes dos movimentos sociais é a capacidade de forçar e promover alterações culturais na sociedade. Os movimentos sociais mais contemporâneos – chamados de novos movimentos sociais – são um exemplo disso. São movimentos identitários e que, para que suas mudanças sejam postas em práticas, lutam para transformar as visões de mundo da sociedade. Desse modo, a resposta correta é a alternativa B.

EXERCÍCIOS 1. (UEL-PR) Nas democracias modernas, a cidadania se concretiza pelo acesso aos direitos constitucionais. Na sociedade brasileira, o texto da Constituição Federal de 1988 estende os direitos ao conjunto da população. Entretanto, na prática, a persistência de desigualdades revela a dificuldade de pleno acesso à cidadania por parte dos brasileiros. Analisando a sociedade inglesa, o sociólogo Theodore H. Marshall, em sua obra Cidadania, classe social e status (1967), parte da constatação de que a “cidadania” e o “sistema de classes capitalista” convivem (ainda que, algumas vezes, em conflito) e relaciona a “cidadania” com “direitos civis” (originários dos séculos XVII e XVIII), “direitos políticos” (do XIX) e “direitos sociais” (do XX). Marshall, assim, concebe a “cidadania” como um “status concedido” e os “direitos” como decorrentes de mudanças históricas da sociedade.

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A partir das informações do enunciado e dos conhecimentos sobre a temática “Direitos/Cidadania”, dê 2 exemplos atuais para cada tipo de “direitos” (“civis”, “políticos” e “sociais”) segundo Theodore H. Marshall.

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=714 2. (UFPR) As recentes manifestações revelaram a importância da internet e das redes sociais na mobilização de milhares de manifestantes em diversas partes do país. Discuta o impacto da internet e das redes sociais nas novas formas de participação social do Brasil.

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=713

REFERÊNCIAS DAHL, R. Poliarquia: Participação e Oposição. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1997. GOHN, M.G. Movimentos Sociais e Redes de Mobilizações Civis no Brasil Contemporâneo. Rio de Janeiro: Vozes, 2010. PRZEWORSKI, A. et al. O que Mantém as democracias? São Paulo: Lua Nova, 1997. SCHUMPETER, J. Capitalism. Socialism, and Democracy. Nova Iorque: Harper, 1975.

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LÍNGUA PORTUGUESA “A escrita permeia hoje quase todas as práticas sociais dos povos que penetrou”, segundo Marcuschi (1997, p. 121). Como propõe este autor, a escrita é usada em contextos básicos da vida, que não raramente serão decisivos para fins específicos em nossas vidas. Pode parecer um tanto exagerado, mas o modo como você se posiciona em relação ao domínio da língua escrita tem um grande poder em situações relativas ao trabalho, aos estudos e, de certo modo, à sua vida pessoal. Outra questão fundamental é o modo como lemos e interpretamos as informações disponibilizadas e suscitadas nos mais variados contextos em que nos inserimos. Sobretudo, nesta etapa de muito estudo e preparação, para a escolha de uma carreira, saber selecionar, hierarquizar (ou seja, organizar) e analisar informações relevantes, de acordo com determinados propósitos, torna-se um diferencial em nossa formação profissional. Por conseguinte, o processo de avaliação de universidades, hoje, se pauta na elaboração de redações (produção escrita), que cada vez mais tem abrangido distintos gêneros textuais, como podemos observar nas universidades públicas do Paraná. Por serem exames classificatórios, essas redações são avaliadas com base em critérios para notas, o que minimiza a subjetividade na avaliação dos corretores, colaborando para imparcialidade e confiabilidade do processo. Sendo assim, é importante que você leia atentamente o edital e, em alguns casos, o manual do candidato da universidade a qual pretende prestar vestibular, que provavelmente estarão disponíveis na página da instituição de ensino e inscrição/acesso à instituição de ensino superior (IES). Outro ponto crucial, e isso vale para o dia da prova, é compreender claramente o enunciado da proposta de redação, a fim de identificar o gênero textual solicitado e atender ao que de fato é solicitado pelo processo. Neste capítulo você será apresentado ao Texto Argumentativo que traz consigo a defesa de um determinado ponto de vista, opinião, ideia ou tese. Boa Leitura! Equipe Trilhas

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Argumentação Esse tipo de texto não é meramente informativo ou expositivo, pois sua finalidade é convencer o leitor por meio de uma argumentação consistente. Para isso, utiliza vários tipos de argumento (de prova concreta, alusão histórica, autoridade etc.). Utilizam-se operadores argumentativos: a) introduzir um argumento apresentado como acréscimo, um argumento a favor de uma determinada conclusão (além disso, ainda mais, além de, e mais, e, também, nem, nem mesmo, ademais, não apenas ... mas, não apenas ... mas também, e não só porque ... mas também, não só ... mas também, sobretudo, e também, além, mais uma vez, mais ainda, aliás, ainda, e ainda); b) assinalar uma oposição ou contrapor argumentos para uma conclusão contrária (mas, mais ainda, mas também, entretanto, porém, contudo, todavia, embora, mesmo que, apesar de, ainda que, etc.) (TRAVAGLIA, 2007).

Características •

Procede a análise de um assunto e, ao mesmo tempo, defende o ponto de vista do autor a respeito desse assunto.

Pode ser escrito de maneira dedutiva (do geral para o particular) ou indutiva (do particular para o geral).

Apresenta três fases, convencionalmente, que são: introdução (apresenta a tese ou ideia principal, se a construção for dedutiva), desenvolvimento e conclusão.

Linguagem clara, objetiva e impessoal, de acordo com o padrão culto formal da língua.

Verbos predominantemente no presente do indicativo.

Encadeamento textual Estruturação dos parágrafos: um parágrafo deve conter uma ideia principal à qual se associam ideias secundárias. Os parágrafos podem ser desenvolvidos por comparação, causa-consequência, exemplificação, detalhamento, entre outras possibilidades. Estruturação dos períodos: períodos geralmente formados por duas ou mais orações, para que se possa construir as relações de causa-consequência, contradição, exemplificação, conclusão etc. Referenciação: utiliza-se pronomes, advérbios, artigos ou outros vocábulos para retomar lugares, coisas e pessoas já referenciados no texto.

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Como se não bastasse, a economia brasileira também tem sofrido com a chegada dos migrantes. Existem, entre eles, tanto trabalhadores desqualificados como profissionais graduados. O problema reside na pouca oferta de emprego a eles destinada. Disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vestibular/noticia/2013/09/ conheca-as-redacoes-das-estudantes-de-santa-maria-publicadas-no-guia-doenem-2013-4262982.html> Acesso em: 21 mar. 2017

Estratégias de coesão: substituição de termos ou expressões por pronomes pessoais, possesivos (nosso(s), dele(s), dela(s), etc.) e demonstrativos (nós, ele(s), ela(s), etc.), advérbios que indicam localização (onde, aqui, lá, perto, longe, etc.). Substituição de termos ou expressões por sinônimos, antônimos, hipônimos, hiperônimos, expressões resumitivas ou metafóricas. Substituição de substantivos, verbos, períodos ou fragmentos do texto por conectivos ou expressões que resumam e retomem o que já foi dito. O que se deve evitar: desvios de escrita formal, frases fragmentadas, marcas de oralidade no texto (né, sabe, tá); emprego equivocado de conector que não estabeleça relação lógica entre dois trechos do texto.

Estrutura do texto Dissertativo-Argumentativo Ao escrever seu primeiro parágrafo, você pode fazê-lo de maneira criativa. Ele deve atrair a atenção do leitor. Por isso, evite os lugares-comuns como: atualmente, hoje em dia, desde épocas remotas, o mundo de hoje, a cada dia que passa, no mundo em que vivemos, na atualidade. Listamos abaixo algumas formas de começar o seu texto, elas vão das mais simples às mais complexas. 1. Uma declaração: é a forma mais comum de começar um texto. Procure fazer uma declaração forte, capaz de surpreender o leitor.

É um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda. Alberto Corazza. Isto é. dez. 1995.

2. Definição: é uma forma simples e muito usada em parágrafos-chave, sobretudo em textos dissertativos. Pode ocupar só a primeira frase ou todo o primeiro parágrafo.

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O mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. É um modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão e não-crítico de estabelecer algumas

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verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão, também, as formas de ação humana. ARANHA, M.L.A.; MARTINS, M. H.P. Temas de filosofia. São Paulo: Moderna, 1992. p. 62.

3. Divisão: o autor separa duas ideias explicando-as no parágrafo que segue.

Predominam ainda no Brasil duas convicções errôneas sobre o problema da exclusão social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder público e a de que sua superação envolve muitos recursos e esforços extraordinários. Experiências relatadas nesta Folha mostram que o combate à marginalidade social em Nova York vem contando com intensos esforços do poder público e ampla participação da iniciativa privada. Folha de S. Paulo. 17 dez. 1996.

4. Oposição: o autor cria uma oposição entre as ideias para seguir para a argumentação.

De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo governo. De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parabólicas, aparelhos de videocassete. É esse o paradoxo que vive hoje a educação no Brasil. Disponível em: < http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula. html?aula=53161> Acesso em: 21 mar. 2017

5. Adjetivação: iniciar uma frase com um adjetivo é a base para desenvolver um tema.

Equivocada e pouco racional. Esta é a verdadeira adjetivação para a política educacional do governo. Anderson Sanches. INfocus, n.5, ano 1. out. 1996. p.2.

6. Citação: a citação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela será retomada. Esse recurso confere maior credibilidade ao ponto de vista abordado no texto, pois se apoia no discurso de outrem, que pode ser uma autoridade no assunto, um documento/órgão oficial ou de imprensa digno de crédito. 7. “As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não chorarem mais, trazerem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e irem embora”. O comentário, do fotógrafo Sebastião Salgado, falando sobre o que viu em Ruanda, é um acicate no estado de letargia ética que domina algumas nações do Primeiro Mundo. DI FRANCO, C.A. Jornalismo, ética e qualidade. Rio de Janeiro: Vozes, 1995. p.73.

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7. Exposição do ponto de vista oposto: ao começar o texto com uma opinião contrária, delineia-se, de imediato, qual a posição dos autores. O objetivo será refutar os argumentos do opositor, numa espécie de contra argumentação.

O ministro da Educação se esforça para convencer de que o provão é fundamental para a melhoria da qualidade do ensino superior. Para isso, vem ocupando generosos espaços na mídia e fazendo milionária campanha publicitária, ensinando como gastar mal o dinheiro que deveria ser investido na educação. Orlando Silva Junior e Eder Roberto Silva, Folha de S. Paulo, 5 nov. 1996

8. Comparação: para introduzir um tema o autor estabelece comparações.

O tema da reforma agrária está presente há bastante tempo nas discussões sobre os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação entre o movimento pela abolição da escravidão no Brasil, no final do século passado e, atualmente, o movimento pela reforma agrária, podemos perceber algumas semelhanças. Como na época da abolição da escravidão existiam elementos favoráveis e contrários a ela, também hoje há os que são a favor e os que são contra a implantação da reforma agrária no Brasil. OLIVEIRA, P. S. Introdução à Sociologia. São Paulo: Ática. 1991. p.101.

Desenvolvimento Para garantir a coesão entre os parágrafos do texto dissertativo-argumentativo, é importante estar atento aos articuladores apropriados, de acordo com seu valor semântico. Exemplificamos: •

Tempo: quando, assim que, desde que, logo que etc.

Causalidade: uma vez que, porque, dado que, posto que, já que etc.

Condição: desde que, se, a menos que, contanto que, etc.

Oposição: embora, ainda que, apesar de, ao contrário, mas, porém, contudo, entretanto etc.

Acréscimo: ainda, além disso, outrossim, vale lembrar, ainda que, é importante ressaltar ainda que, inclusive etc.

Tipos de argumento: justificativas para defender um ponto de vista •

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Comparação: cria-se o confronto entre duas realidades diferentes, seja no tempo, no espaço, seja quanto a características físicas, etc.

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“Se a PM e a Polícia Civil conseguissem prender marginais com a eficiência dos policiais americanos (743 para cada 100 mil habitantes), seria preciso construir uma penitenciária a cada 21 dias.” Dráuzio Varella. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/27585superpopulacao-carceraria.shtml>. Acesso em: 26. nov. 2016.

Alusão histórica: o autor retoma acontecimentos do passado para explicar fatos do presente.

Durante, principalmente, a década de 1980, o Brasil mostrou-se um país de emigração. Na chamada década perdida, inúmeros brasileiros deixaram o país em busca de melhores condições de vida. No século XXI, um fenômeno inverso é evidente: a chegada ao Brasil de grandes contingentes imigratórios, com indivíduos de países subdesenvolvidos latino-americanos. Fonte: Redação Enem

Argumentos de prova concreta: apresentação de números, dados estatísticos, resultados de pesquisas, índices etc.

É importante pontuar, de início, que a abusiva publicidade na infância muda o foco das crianças do que realmente é necessário para sua faixa etária. Tal situação torna essas crianças pequenos consumidores compulsivos de bens materiais, muitas vezes desapropriados para determinada idade, e acabam por desvalorizar a cultura imaterial, passada através das gerações, como as brincadeiras de rua e as cantigas. Prova disso são os dados da UNESCO afirmarem que cerca de 85% das crianças preferirem se divertir com os objetos divulgados nas propagandas, tornando notório que a relação entre ser humano e consumo está “nascendo” desde a infância. Fonte: Redação Enem

Argumentos consensuais: “verdades” aceitas. Afirmações que geralmente não dependem de comprovação.

“Todo ser humano precisa de uma boa alimentação e lazer”, “A poluição diminui a qualidade de vida nas grandes cidades”. (CEREJA; MAGALHÃES, 2013)

Argumentos de autoridade: apresentam o ponto de vista de alguém que tem conhecimento sobre o assunto discutido no texto, um especialista, professor, pesquisador, jornalista etc. Se transcrita em discurso direto, a citação deve vir entre aspas, com a indicação do autor. No discurso indireto, usam-se expressões como: segundo fulano, de acordo com fulano, conforme fulano, do ponto de vista de fulano etc.

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“O ornamento da vida está na forma como um país trata suas crianças”. A frase do sociólogo Gilberto Freyre deixa nítida a relação de cuidado que uma nação deve ter com as questões referentes à infância.

Argumentos de presença: o autor ilustra o ponto de vista com histórias (de infância, de amigos, de vizinhos, de parentes...) lendas, parábolas, mitos etc.

No tempo de nossos avós, era comum abandonar, desde muito cedo, os estudos para começar a trabalhar no campo ou mesmo na cidade.

Argumentos de retorção: (contra-argumentos) – nesse tipo de construção, utilizam-se os próprios argumentos do interlocutor para destruí-los.

Levantamento produzido pelo jornal Folha de São Paulo com base nos censos realizados nas 150 penitenciárias e nas 171 cadeias públicas e delegacias de polícia, mostra que o Estado de São Paulo precisaria construir imediatamente mais 93 penitenciárias [...] Agora, analisemos as despesas. A construção de uma cadeia consome R$ 37 milhões, o que dá perto de R$ 48 mil por vaga. Para criar uma única vaga gastamos mais da metade do valor de uma casa popular com sala, cozinha, banheiro e dois quartos, por meio da qual é possível retirar uma família da favela. Não sejamos ridículos, caro leitor. Se nossa polícia fosse bem paga, treinada e aparelhada de modo a mandar para atrás das grades todos os bandidos que nos infernizam nas ruas, estaríamos em maus lençóis. Os recursos para mantê-los viriam do aumento dos impostos? Dos cortes nos orçamentos da educação e da saúde? Dráuzio Varella. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/27585superpopulacao-carceraria.shtml>. Acesso em: 26. nov. 2016.

Da conclusão Fechar a ideia, finalizar a defesa com os pontos ressaltados na introdução e no desenvolvimento, com o cuidado de deixar evidente o ponto de vista adotado.

PARA IR ALÉM <http://www.pucrs.br/gpt/argumentativo.php> <https://www.youtube.com/watch?v=ERi-XrWtaWA>

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PROPOSTA COMENTADA 1. (Unicentro-PR) A.

(ANGELI. Ética, hora e honestidade. Disponível em: <http://blogdoprofessorrpc.blogspot. com/2007/07/charge-interessante.html>. Acesso em: 29 set. 2011.)

B. O político deve agir de acordo com a ética da responsabilidade, porque essa é a única ética compatível com o espírito republicano. Um grande número de políticos, porém, não age de acordo com ela. Muitos agem imoralmente, como temos visto nas crises políticas. Sugiro que, adotando os critérios anteriores, há três tipos de imoralidade na política: imoralidade quanto aos meios, quanto aos fins e quanto aos meios e aos fins. (BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Ética e política. Folha de S. Paulo. Disponível em: <http:// www.bresserpereira.org.br/Articles/2006/06.04.10Etica_e_politica.pdf>. Acesso em: 29 set. 2011. Adaptado).

Reflita sobre as informações transmitidas pela charge (A) e pelo fragmento em destaque (B) e, a seguir escreva um texto dissertativo-argumentativo sobre a importância de atitudes éticas e honestas entre os governantes de um país, de forma que possam ser respeitados e honrados diante do papel social que representam. Observações: em seus argumentos, lembre-se de citar exemplos, ao longo da história política brasileira, em que as palavras “Ética, honra e honestidade” foram discutidas e ressignificadas diante de interesses pessoais.

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COMENTÁRIOS As redações referentes a esse modelo serão avaliadas levando-se em conta os seguintes critérios: a) Conteúdo: objetiva avaliar a capacidade de o candidato argumentar sobre um determinado tema (nesse caso a questão que se refere às “atitudes éticas e honestas entre os governantes de um país, de forma que possam ser respeitados e honrados diante do papel social que representam”), mensurar o processo de reflexão sobre esse tema (fazer uma seleção de argumentos e exemplos que serão usados para defender seu ponto de vista) e verificar a organização do conhecimento no texto escrito (o modo como você encadeia e relaciona as informações na redação). Fazem parte do conteúdo os itens:

Título

Avalia-se a relação do título atribuído e a sua pertinência com o conteúdo apresentado na redação (caso você opte por escrever um título ou a proposta assim o peça);

Tema

Avalia-se a leitura que o candidato fez do tema, bem como seu comprometimento com ele (esse enunciado solicita que o candidato escreva sobre o tema dado e deixe claro seu ponto de vista sobre o mesmo);

Coerência

Avalia-se a articulação do texto, a sua progressão, não-contradição e a repetição das ideias sobre o tema, com observação na sua argumentação.

b) Forma: objetiva avaliar o emprego das estruturas linguísticas da forma padrão e da estrutura da tipologia textual específica, relativa ao tema escolhido. Fazem parte da avaliação da forma os itens:

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Tipologia Textual

Avalia-se a adequação da redação à tipologia textual indicada no comendo do tema;

Emprego da Norma Padrão

Avalia-se o emprego da norma padrão ensinada no sistema escolar brasileiro;

Coesão

Avalia-se o emprego de elementos coesivos e o seu desempenho na coerência das ideias apresentadas na redação.

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AGORA É SUA VEZ 1. (UEPG) Filme infantil mostra papel importante da tristeza; especialistas concordam A animação “Divertida Mente” é mais uma produção da Pixar voltada para crianças que tem tudo para agradar aos adultos. Na história, as emoções de uma menina de 11 anos ficam confusas quando ela tem de lidar com a mudança com a família para outra cidade. A Tristeza, assim com letra maiúscula por se tratar de uma personagem, tem papel fundamental para o desfecho do enredo. Jim Morris, presidente da Pixar classificou o filme de “corajoso”. Especialistas em comportamento endossam a afirmação do executivo. Explorar a tristeza – falar dela, senti-la e enfrentá-la – não é tarefa das mais fáceis e por isso mesmo é uma ideia que costuma ser rechaçada por muitas pessoas. “Existe um preconceito em relação à tristeza. Busca-se negá-la e supervalorizar a alegria. Na nossa sociedade, a tristeza só é valorizada na música, na literatura e na pintura”, afirma John Fontenele Araújo, doutor em psicologia na área de neurociência e professor do Departamento de Fisiologia da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte). [...] Elabore sua redação, em prosa, com um mínimo de 10 linhas e máximo de 17 linhas, colocando um título.

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=696

PROPOSTA O filme citado no texto acima teve grande repercussão por tratar de emoções, inclusive a tristeza. Para produzir seu texto, oriente-se pela seguinte situação: você escreve uma coluna para uma revista de circulação nacional, cujo perfil é abordar

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assuntos sobre saúde, bem-estar e estilo de vida a um público adulto. Tendo como apoio as informações acima, redija um texto de opinião dissertativo argumentativo sobre um dos posicionamentos abaixo: A tristeza deve ser enfrentada ou A tristeza deve ser minimizada Lembre-se: não faça cópias literais do texto original. 2. (UFPR) Leia a seguinte notícia: Para apagar o incêndio Com o ensino médio estagnado, o governo propõe um redesenho curricular a fim de sair do impasse Após a divulgação dos vexatórios resultados do ensino médio na última edição do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o Ministério da Educação planeja uma ampla modernização do currículo, com a integração das diversas disciplinas em grandes áreas do conhecimento. Na terça-feira (21), o ministro Aloízio Mercadante reuniu-se com os secretários estaduais da área e propôs um grupo de trabalho para estudar a proposta, inspirada no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que organiza as matrizes curriculares em quatro grupos: linguagens, matemática, ciências humanas e da natureza e suas tecnologias. [...] (Carta Capital, 29 ago. 2012, p.28)

Considerando a decisão do Ministério da Educação de reformular o ensino médio e sua experiência como aluno, responda: Segundo seu ponto de vista, quais seriam as duas mudanças mais importantes para uma melhoria desse nível de ensino? Responda essa questão em um texto de 8 a 10 linhas, atendendo às seguintes recomendações:

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Proponha exatamente duas mudanças, que devem ser diferentes das apresentadas na notícia.

Justifique cada uma das mudanças propostas.

Não apresente tópicos desconectados, mas um texto articulado.

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REFERÊNCIAS MARCUSCHI, L. A. Concepção de língua falada nos manuais de português de 1º. e 2º. Graus: uma visão crítica. In: Trabalhos em Linguística Aplicada, 30: 39-79, 1997.SESI. Roteiro de produção textual. Curitiba, 2016. TRAVAGLIA, Luis Carlos. Da distinção entre tipos, gêneros e subtipos de texto. Estudos Linguísticos. Marília, São Paulo, v. xxx, 2001. Disponível em: <http://www.ileel.ufu.br/ travaglia/artigos/artigo_ da_distincao_entre_tipos_generos_subtipos_de_textos_. pdf>. Acesso em 29 jun. 2016.

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2. PEDAGOGIA Ser pedagogo sempre foi um trabalho importante. O curso de Pedagogia oferece diversas possibilidades: desde a atuação na educação das crianças, orientar e dirigir professores, trabalhar para o governo fiscalizando a legislação de ensino, até desenvolver trabalhos pedagógicos em empresas e hospitais. A maioria dos cursos desenvolvem uma formação mais ampla e tendo suas especificidades por meio de cursos de pósgraduação (lato sensu ou stricto sensu). O curso de Pedagogia tem duração de 4 anos e trabalha as principais linhas teóricas educacionais, as políticas relacionadas à educação, a didática de ensino, assim como o ensino de disciplinas como Matemática, Ciências, História e Geografia.

Mercado de Trabalho O mercado que mais absorve o profissional ainda é o do ensino formal, dentro ou fora da sala de aula. A obrigatoriedade da contratação de pedagogos em creches também ampliou o mercado para o licenciado. “Nos últimos anos, a demanda por pedagogos em espaços não escolares tem crescido consideravelmente”, diz Maria Cristina Monteiro de Carvalho, coordenadora do curso de pedagogia da PuC-Rio. O pedagogo pode atuar em bibliotecas, brinquedotecas e museus desenvolvendo atividades educacionais, além de empresas, onde elabora materiais pedagógicos, desenvolve cursos e atividades educacionais e trabalha com treinamento de funcionários. Nas ONGs, o pedagogo pode elaborar projetos educacionais, sociais e culturais. Outra área com boas perspectivas é a pedagogia hospitalar, na elaboração de projetos didáticos e atividades para crianças e jovens hospitalizados.

O que você pode fazer Administração escolar: gerenciar os recursos humanos, materiais e financeiros dos estabelecimentos de ensino. Ensino: lecionar nas cinco primeiras séries do ensino fundamental. Educação especial: desenvolver material didático e ministrar aulas para crianças e adultos com necessidades especiais. Orientação educacional: dar assistência aos estudantes com o uso de métodos pedagógicos e psicológicos. Pedagogia empresarial: desenvolver projetos educacionais culturais para empresas, ONGs e outras instituições.

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Pedagogia hospitalar: atuar com processos educativos de crianças e jovens internados. Supervisão educacional: orientar professores e educadores e avaliar seu trabalho, para melhorar a qualidade do ensino

Grade curricular Confira links com exemplos de grades curriculares de cursos de pedagogia de algumas faculdades. <https://www.fe.ufg.br/n/89-graduacao-pedagogia-grade-curricular> <http://www.falub.edu.br/Downloads/GRADE_PEDAGOGIA.pdf> <http://www4.fe.usp.br/graduacao/institucional/curriculo/pedagogia>

Relação candidato-vaga A base de candidato por vaga no curso de Pedagogia na Universidade Federal do Paraná é em média de 2 candidatos por vaga.

A profissão por ela mesma Os links a seguir mostram entrevistas com diversos profissionais da área de Pedagogia para que você possa esclarecer algumas dúvidas sobre esse campo de trabalho. <https://www.youtube.com/watch?v=UP8UEz788FM> <https://www.youtube.com/watch?v=9aW0Jtto7Kc> <https://www.youtube.com/watch?v=uDSGnGo1mDo>

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HISTÓRIA Ao escolhermos o curso de Pedagogia, devemos ter em mente esse trabalho vai muito além de ensinar as crianças. Para o desenvolvimento completo da formação pedagógica, é necessário entender todo o processo histórico referente a esse campo. Compreender a História da Educação, as teorias desenvolvidas em cada período, políticas públicas referentes à educação e os interesses de cada medida, faz parte do processo do curso de Pedagogia. Vale a pena ressaltar que o ensino de história compõe a grade curricular do curso, com o objetivo de o futuro pedagogo(a) o lecione na Educação Infantil e Ensino Fundamental I. Para abordar sobre essa questão, nesse capitulo apresentaremos um panorama dos principais aspectos da República Velha.

República Velha Em 1889 ocorreu a Proclamação da República, um movimento sem participação popular, que pouco alterou o cenário social do Brasil. As mudanças efetivas ocorreram na política, o campo social e econômico permaneceram da mesma forma. A seguir, apresentamos uma linha cronológica para compreensão desse período.

Disponível em: <https://cursandomedicina.files.wordpress.com/2015/06/republica. png?w=700>. Acesso em: 29 nov.2016.

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Começamos explanando sobre o período conhecido como República Velha, quem tem início em 1889 e término em 1894. Denominada República da Espada, teve como presidente o Marechal Deodoro da Fonseca, posteriormente substituído pelo Marechal Floriano Peixoto. Durante a República da Espada, a organização política foi a principal preocupação, tanto que em 1891 foi promulgada a primeira Constituição Republicana. Na Constituição “estabeleceu-se a separação entre o Estado e a Igreja, o direito de voto para os homens alfabetizados e maiores de 21 anos, a forma de governo republicana etc.” (CAPELLARI; NOGUEIRA, 2014, p.114) Ocorreram alguns conflitos durante esse período, como a Crise do Encilhamento (de cunho econômico), a Revolta da Armada, (contrária a posse do Floriano Peixoto) e a Revolta Federalista, que teve início no Rio Grande do Sul, motivada pelo governo de Júlio de Castilhos. Após 1894, se estabeleceu no Brasil o período conhecido como Política do Café com Leite, nome dado devido a administração política fraudulenta revezada entre paulistas e mineiros. Com o passar dos anos, a população mais simples, descontente com a situação da República para os pobres novamente se revoltou. Na tabela a seguir destacamos as principais revoltas e suas motivações.

Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/SZqO0xhuXJs/T8UfAMHTB4I/AAAAAAAAAFo/ XFCAydylZUo/s1600/TABELA+COMPARATIVA.bmp>. Acesso em: 26 nov. 2016.

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Apesar de serem conhecidos como movimentos de contestação, a maioria dessas revoltas buscava igualdade e direitos sociais, ainda escassos. Todas as revoltas foram sufocadas pelos governos estaduais, alguns com a ajuda do Governo Federal. Em 1930, com o apoio de Rio Grande do Sul, Paraíba e Minas Gerais, Getúlio Vargas assume a presidência do Brasil por meio de um golpe, desconstruindo a política existente. A Era Vargas durou quinze anos e dividiu-se em 3 períodos: Governo Provisório, Governo Constitucional e Estado Novo. O primeiro momento foi marcante pela posse de Vargas em 1932 ficou conhecido como Revolta Constitucionalista. A criação e implantação da constituição marcaram o segundo período. Já o terceiro foi marcado golpe de 1937, Vargas conhecido como um período autoritário. Algumas transformações que ocorreram na Era Vargas foram de extrema importância, como a criação da CLT, o voto feminino, o desenvolvimento industrial e a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Depois da Segunda Guerra Mundial, Vargas renunciou ao governo, e Eurico Gaspar Dutra é eleito com seu total apoio. Dutra deu continuidade a algumas medidas de Vargas, e iniciou uma fase conhecida como populista. A tabela a seguir mostra os presidentes que fizeram parte desse período e mantiveram a característica populista em seus governos.

Disponível em: <http://www.scielo.br/img/revistas/rap/v43n2/a02fig06.gif>. Acesso em: 26 nov. 2016.

Para a complementação de conhecimentos acerca da República Velha, confira os links a seguir, •

Artigos:

<http://alojoptico.us.es/Araucaria/nro26/monogr26_4.pdf> <http://seer.fclar.unesp.br/estudos/article/viewFile/830/691>

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Vídeos:

<https://www.youtube.com/watch?v=mWbZdmQcSzY> <https://www.youtube.com/watch?v=16b62_2v7O4> <https://www.youtube.com/watch?v=LGRkoxRjRPM>

QUESTÃO COMENTADA 1. (Enem) É difícil encontrar um texto sobre a Proclamação da República no Brasil que não cite a afirmação de Aristides Lobo, no Diário Popular de São Paulo, de que “o povo assistiu àquilo bestializado”. Essa versão foi relida pelos enaltecedores da Revolução de 1930, que não descuidaram da forma republicana, mas realçaram a exclusão social, o militarismo e o estrangeirismo da fórmula implantada em 1889. Isto porque o Brasil brasileiro teria nascido em 1930 MELLO, M. T. C. A república consentida: cultura democrática e científica no final do Império. Rio de Janeiro: FGV, 2007 (adaptado).

O texto defende que a consolidação de uma determinada memória sobre a Proclamação da República no Brasil teve, na Revolução de 1930, um de seus momentos mais importantes. Os defensores da Revolução de 1930 procuraram construir uma visão negativa para os eventos de 1889, porque esta era uma maneira de a) valorizar as propostas políticas democráticas e liberais vitoriosas. b) resgatar simbolicamente as figuras políticas ligadas à Monarquia. c) criticar a política educacional adotada durante a República Velha. d) legitimar a ordem política inaugurada com a chegada desse grupo ao poder. e) destacar a ampla participação popular obtida no processo da Proclamação.

RESOLUÇÃO Ao colocar fim a Primeira República, a Revolução de 1930, além de representar a insatisfação de grupos oligárquicos dissidentes – principalmente dos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul – pretendia obter o apoio de classes que estavam gradativamente mais presentes em uma sociedade cada vez mais urbanizada como o proletariado e a classe média (representados principalmente pelo tenentismo). Sendo assim, ao chegar ao poder, tem-se início a Era Vargas que buscou criticar e desqualificar todo o período caracterizado como República Velha com o objetivo de legitimar nova ordem política e buscar adesão desses novos segmentos da sociedade. Portanto, a alternativa correta é a d.

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ATIVIDADES 1. (UFPR) Muitos dos que criticam chamar o movimento de 1930 de revolução consideram que a Abolição da Escravatura, por exemplo, foi uma ruptura mais importante. Chamar (19)30 de revolução nada mais seria do que assumir o ponto de vista dos “vencedores”. (CPDOC – Revolução de 1930)

Comente essa afirmação sobre a conhecida “Revolução de 1930” no Brasil, explicando quem foram os vencedores desse evento histórico. Em seguida, discorra sobre um fator de transformação e um fator de continuidade decorrentes desse evento.

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2. (UFPR) Durante o Estado Novo (1937-1945) “os periódicos acabaram sendo obrigados a reproduzir os discursos oficiais, a dar ampla divulgação às inaugurações, a enfatizar as notícias dos atos do governo, a publicar fotos de Vargas (...) Havia íntima relação entre censura e propaganda.” (CAPELATO, M. H. Multidões em cena. São Paulo: Unesp, 2009, 2ª ed., p. 86).

Por que o governo desse período deu tanta importância ao controle dos meios de comunicação? Quais tipos de informação e conteúdo eram censurados pelo governo do Estado Novo nos meios de comunicação?

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REFERÊNCIAS CAPELLARI, M. A.; GOMES N. F. H. Ser Protagonista: História Ensino Médio. São Paulo: Edições SM. 2014. SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA DO ESTADO DO PARANÁ. Rota de Desenvolvimento Docente. Curitiba: Núcleo de Educação a Distância (NEaD) SESI-PR. 2016.

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FILOSOFIA A Idade Média é caracterizada – segundo o Renascimento – como uma era de obscurantismo. Esse termo traz inserido uma carga de preconceito: indica que o período, que se entendeu por mil anos, não passou de um intervalo entre o mundo greco-romano e seu “renascimento” posterior. Neste período alastrou-se grandes epidemias (como a Peste Negra), guerras incessantes, retração da economia, da técnica e da vida urbana, além de um profundo sentimento de medo. Porém, não podemos ignorar as realizações culturais desta época: a Igreja Católica conservou quase tudo do pensamento clássico greco-romano. Os monastérios eram refúgios rurais onde os religiosos se dedicavam, animados pelo ideal de São Bento ora et labora (“reza e trabalha”), à compilação, tradução para o latim e aos comentários de textos da Antiguidade. Floresceu neste período, nas regiões árabes e islâmicas, um vigoroso pensamento filosófico e científico. Muito do aristotelismo chegou ao pensamento medieval do Ocidente por meio de filósofos árabes (Avicena e Averróis). As realizações científicas e técnicas pronunciavam os estudos sobre os quais o Renascimento reivindicaria exclusividade. No Ocidente Cristão, a acumulação de cópias, traduções e comentários cria bases para a formação de um pensamento original. A Escolástica1 ganhou corpo nas universidades, forneceu temas para o Renascimento e lançou bases institucionais marcadas pelo platonismo. A preocupação da Escolástica com as palavras foi enorme. Era preciso, seguindo o pensamento da corrente, distinguir o que pode ser entendido no sentido literal do que é apenas simbólico. A Escolástica apresentou primeiramente um estudo de linguagem (trivium), para depois examinar a realidade das coisas (quadrivium). A relação entre nome e coisa, linguagem e realidade ficou conhecido como a “questão da querela dos universais” e passou os limites da Gramática e da Lógica, tornando tema da Metafísica e Teologia. A questão originou-se em uma tradução latina de Isagoge, obra de Porfírio, onde este discípulo de Plotino comentou a lógica de Aristóteles: Não tentarei enunciar se os gêneros e as espécies existem por si mesmos ou na pura inteligência, nem, no caso de subsistirem, se são corpóreos ou incorpóreos, nem se existem separados dos objetos sensíveis ou nestes objetos, formando parte dos mesmos. (ABELARDO, p. 161)

O desenvolvimento deste movimento vale-se, além da Igreja e sua unificação da fé cristã e do emprego do latim. As regiões do mundo cristão passam a se comunicar. O monge britânico Alcuíno é responsável por este fato. Alcuíno vai à França a chamado do rei Carlos Magno, sendo designado a organizar o sistema educacional do Império. Ele funda escolas (ligadas à instituições católicas) e unifica o conteúdo de ensino, a partir da maneira romana.

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Diante disso, os medievais tomaram duas posições: nominalismo e o realismo. O nominalismo, defendido por Rocelin de Compiègne (1050–1120) considerava os universais (termos que designam ideias) meras palavras sem existência real. Elas eram resultados da abstração que o intelecto faz a partir da percepção de coisas individuais. Já o realismo sustentava a existência efetiva dos universais. Um dos principais representantes foram Santo Anselmo e Pedro Abelardo (célebre por sua paixão por Heloísa).

As Escolas, a Universidade e a Escolástica Mais do que um conjunto de doutrinas, entendemos por escolástica “a filosofia e a teologia que eram ensinadas nas escolas medievais” (S. Vanni Rovighi) (REALE e ANTISERI, 1990). O fechamento das últimas escolas pagãs, no início do século VI, por Justiniano, assinalou o fim da cultura pagã, além de um ato político. A abertura de novas escolas ou a absorção das antigas em novas instituições educativas, pela Igreja, assinalou o início da formação e organização lenta e laboriosa de nova cultura. Até o século XIII, quando começou a formação das universidades, as escolas eram monacais (anexas a abadia), episcopais (anexas a uma catedral) e palatina (anexa à corte – palatium). Durante as invasões bárbaras, as escolas monacais representaram o refúgio privilegiado da cultura, porém, a escola que mais contribuiu para o redespertar da cultura foi a palatina, idealizada por Carlos Magno. A partir do século XIII, a escola se configurou como universidade, um produto típico da Idade Média. O termo “universidade”, originalmente, não indicava um centro de estudos, mas sim uma associação corporativa que tutelava os interesses de uma categoria de pessoa. O caráter “clerical” da universidade nos permitiu compreender por que as autoridades eclesiásticas redigiram os estatutos, proibiram a leitura de certos textos e interviram para compor dissídios e controvérsias.

Filósofos árabes: Avicena e Averróis Avicena, nome conhecido no ocidente de Ibn Sina (980–1037), tem seu nome associado à Medicina. Ele descreveu a anatomia do olho humano e o funcionamento das válvulas do coração, analisou uma série de doenças e elaborou procedimentos de diagnósticos. Sua obra Cânon foi leitura obrigatória em qualquer ensino de medicina na Europa por muitos séculos. Além de médico, Avicena foi matemático, astrônomo, físico, zoólogo, geólogo e musicólogo, abarcando todas as áreas do conhecimento. Na Filosofia concebeu uma série hierarquizada de Inteligências agentes, das quais a última deu forma à matéria, fazendo com que as coisas sejam o que são, e ao intelecto humano, tornando possível o conhecimento. O filósofo também trabalhou com a distinção entre essência e existência.

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Ibn Ruchd (1126–1198), mais conhecido como Averróis, esforçou-se em restautar o pensamento de Aristóteles. O filósofo retomou alguns aspectos do pensamento de Avicena e estabeleceu uma sucessão de Inteligências, que são atos puros, motores imóveis e causas do movimento em cada esfera do universo. Concluiu que não há sentido em separar a essência da existência: a coisa é, porque existe.

AGOSTINHO DE HIPONA 2 A vida de Agostinho de Hipona, minuciosamente narrada por ele próprio em Confissões, é quase uma demonstração, na prática, de seu pensamento: experimentou o ceticismo quanto ao conhecimento, sofreu o abismo do homem em pecado, reencontrou a esperança na graça divina, conheceu a felicidade e a certeza da verdade na fé. (OS PENSADORES, p. 97) Aureliano Agostinho nasceu em 354 em Tagasta, atual Argélia. Educou-se em Catargo, onde foi professor de retórica. Morou em Roma e Milão, onde mostrou grande inquietação intelectual. Desiludido com os maniqueus, conheceu as concepções da Academia platônica, tomadas por um profundo ceticismo. Sua principal influência foi Santo Ambrósio (340–397), bispo de Milão, que lhe indicou o caminho da fé. Morreu em Hipona aos 75 anos. Os temas abordados por Agostinho passam entre o universo e o princípio que o governa, a questão da possibilidade do conhecimento, a ética e política. Agostinho abandonou a fé cristã inicial sobretudo por não compreender a ideia de um criador imaterial do universo material, e por sua incapacidade de lidar com os problemas do mal e do sofrimento. A princípio, o maniqueísmo pareceu mais satisfatório ao pensador de Hipona, pois caracterizava o universo em termos de luta entre o bem e o mal. Porém, o maniqueísmo não forneceu uma solução duradoura pra Agostinho e seus embates com as obras platônicas e de Plotino ofereceram uma saída. A concepção platônica de um mundo imaterial de ideias e do bem ou uno como o princípio primeiro de todo ser deu lugar para um criador espiritual que é a causa de todas as coisas. Para o autor, apenas Deus é inteiramente real, o mundo criado é menos real por estar distante dele, ao mesmo tempo, Deus ilumina objetos de contemplação intelectual. Assim, enquanto os sentidos são uma fonte inconfiável de conhecimento, a compreensão genuína começa com a contemplação da própria mente e eleva-se gradualmente rumo à contemplação de Deus. Por fim, a verdadeira iluminação espiritual é alcançada através da união com Deus. A teodiceia de Agostinho continua sendo uma das maneiras mais engenhosas de lidar com o problema do mal. Ele começa afirmando que o mal não é algo substantivo por si, mas uma privação ou falta de bem: tudo o que Deus criou é bom, e o mal só ocorre quando a criação e corrompida. Assim, Deus não pode ser considerado responsável pela criação do mal, que decorre das ações livres de anjos e dos homens.

Para uma leitura aprofundada em Agostinho de Hipona, sugere-se a leitura de REALE, Giovanni. História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média. São Paulo: Paulus, 1990 p. 428-459.

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Uma das teorias desenvolvidas por Agostinho, no campo do conhecimento foi a Doutrina da Iluminação Divina, onde o conhecimento adquirido pelo homem só é possível graças ao “acesso”/”iluminação” divina sobre a mente humana.

Tomás De Aquino Tomás de Aquino (1225–1274), pertencente de uma família nobre da cidade italiana de Aquino, ingressou na Ordem dos Dominicanos sob a influência do aristotelismo, introduzido por Alberto Magno (1206 – 0280). Estudou Teologia e Ciência Natural. Doutor em Teologia, passou a lecionar em várias cidades italianas, Paris e Nápoles. Sua vasta obra é resultado de uma vida dedicada ao ensino. Muito de seus textos são comentários de livros bíblicos, dos santos padres, de Aristóteles e outros autores. Suas duas principais obras são a Súmula contra os Gentios (um manual de teologia destinado a converter os muçulmanos) e a Suma Teológica (obra inacabada, porém sintetizadora do pensamento tomista). Em todas essas obras predomina a intenção de polêmica contra aqueles que fazem o mau uso da razão, e consequentemente a fé é prejudicada. O autor medieval não via conflito entre fé e razão, a tal ponto que acreditava que era possível demonstrar a existência de Deus. O ponto de partida foi o mundo sensível, percebido pelos sentidos. Estes indicavam que o mundo é dotado de movimento, que dependia de uma causa, graus de perfeição entre os seres e uma ordem. O autor também seguia os princípios aristotélicos para fundamentar seu pensamento. Com Santo Tomás a Escolástica conheceu o apogeu: viu a obra de Aristóteles, devidamente interpretada, como fundamentalmente consoante com o ensinamento cristão. O autor devotou parte de suas energias intelectuais à construção de uma conciliação entre esses dois sistemas de pensamento.

Essência e existência Tomás de Aquino adotou de Aristóteles o interesse pelo ser e o conceito de “essência”. Primeiro analisemos o conceito de ser: o sistema tomista elaborado em torno do “ser” consistia em uma base de distinção e hierarquização entre o ente que é, na medida em que participa do Ser. Segundo Tomás de Aquino, “o ser em si é mais perfeito de todos por atualizar a todos; pois, nenhum ser atual senão enquanto existente. Por onde, o ser em si é o que atualiza todos os outros e, mesmo, as próprias formas.” (AQUINO, 1980, Vol. I, Quest. IV; Art. II, p. 34).” Aqui a novidade da metafísica tomista consiste na elaboração da perfeição do ser. Este, por sua vez, é Puro Ato de Ser, ou seja, Deus, o qual tudo o que existe é causa do próprio ser de Deus. É por isso que as criaturas existem e recebem uma essência que os fazem ser o seu próprio e distinto de cada um. Por exemplo, o homem como homem primeiramente existe, depois contém a essência de homem e todas as suas propriedades.

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É a partir desses teoremas apontados acima que iremos perceber o raciocínio tomista e sua elaboração no que diz respeito à maneira de conhecer do homem e sua capacidade de se relacionar com Deus.

Cinco Vias Tomistas As Cinco Vias tomistas estão fundadas na ordem da especulação da razão natural de tal maneira que por meio dos efeitos e a partir deles Tomás tenta acender até Deus. As provas da existência de Deus, ou as vias, no sentido de acesso ou caminho ser percorrido, conservam entre si uma estrutura de relação intrínseca e seus efeitos estão ligados extrinsecamente. Contudo, elas se mantêm distintas em seus argumentos. São cinco vias e não uma única via dividida em cinco partes. A primeira via, retirada da doutrina do ato e potência, de Aristóteles se faz fundamental e por vezes a mais genuínas de todas as vias, pois é a que se estrutura de maneira brilhante e infere mais que a necessidade de haver um princípio primeiro que chamam Deus. Ela nos proíbe caminhar ao infinito de tal maneira que sustentada na existência, dado fenomênico e universal, pelo movimento de atuação do Ser, somos obrigados pela necessidade lógica do argumento a inferir a existência e atuação do Ser (Deus). Assim, temos a seguir um esquema que indica os caminhos das cinco vias elaboradas por Tomás. 1° Movimento: esta teoria está fundada na base aristotélica da passagem da potência ao ato, onde os entes podem “vir a ser”. Aqui subjaz a teoria do Motor Imóvel de Aristóteles, a necessidade de não “reduzir ao infinito”, pois nada existe do nada. Também nota-se que há uma finalidade, ou ainda uma intencionalidade no movimento das coisas. 2° Causas Eficientes: é impossível que uma coisa se faça causa de si mesma (pois, então, precederia a própria existência), as causas eficientes acham-se em conexão de complementaridade e interdependência, tendo em vista que na especulação das causas é necessário “parar” e não reduzir ao infinito, pois nada provém do de nada. 3° Pelo contingente e pelo necessário: falar em mudança é falar em contingência, assim, uma coisa ou é em razão a sua razão, ou em razão de outra coisa, tendo fora de si à razão de sua existência. Assim, tudo o que existe não encontra em si a razão de seu existir e deve recorrer a “algo” externo e originário. 4° Graus de perfeição: onde há percepção entre maior e menor, ou entre mais e menos, temos por dedução um grau superior que nos orienta e serve de base para nosso juízo. Assim, se há certo grau de bondade nas coisas, existe um grau máximo de bondade em si que é Deus. 5° Ordem das coisas: todas as coisas estão comprometidas em um sistema de relações regulares e orientadas em um sentido estavelmente definido. Isso demonstra não o acaso, mas sim uma intencionalidade.

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Contudo, o processo de conhecer a Deus se dá pelo processo de abstração do intelecto ativo, onde nos é dado à realidade pelos sentidos e, a partir do conhecimento gerado, realiza uma atualização no intelecto como processo de reconhecimento e assimilação das coisas. Tomás de Aquino separou o intelecto do homem, conhecido como alma intelectiva, ou seja, ao homem foi dada a capacidade de inteligir (conhecer a realidade das coisas), do intelecto Ativo. Este por sua vez é o próprio intelecto divino que age no humano e o ilumina. O intelecto Ativo é Ato Puro de Ser, ou seja, é o ser manifesto e atuante no pensamento humano de modo que o pensar e a realidade tornam-se um único movimento e expressão da existência do ser. Assim, o inteligir humano não é outra coisa senão a atuação em potência daquilo que o intelecto Ativo é em Ato. Desse modo, percebemos que para além de Aristóteles temos o tomismo com sua estrutura de causa no ser onde tudo o que há, deriva e conserva, se manifestando por excelência no sistema gnosiológico humano. O fato é que se o homem é capaz de conhecer a finalidade de tal conhecimento, para Aquino, está na possibilidade real de conhecer a Deus, ou neste sentido, a verdade primeira das coisas e finalidade última do próprio conhecimento.

Guilherme de Ockham No debate medieval sobre universais, Ockham (ou Occam) manifestou-se contra a concepção “realista” de que termos gerais referem-se a entidades que existem independentemente de coisas particulares. Por seu apoio ao “nominalismo”, é conhecido como precursor do empirismo britânico moderno.

QUESTÃO COMENTADA 1. (Enem) Considere os textos abaixo. “(...) de modo particular, quero encorajar os crentes empenhados no campo da filosofia para que iluminem os diversos âmbitos da atividade humana, graças ao exercício de uma razão que se torna mais segura e perspicaz com o apoio que recebe da fé”. (Papa João Paulo II. Carta Encíclica Fides et Ratio aos bispos da igreja católica sobre as relações entre fé e razão, 1998)

“As verdades da razão natural não contradizem as verdades da fé cristã”. (São Tomás de Aquino-pensador medieval)

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Refletindo sobre os textos, pode-se concluir que: a) A encíclica papal está em contradição com o pensamento de São Tomas de Aquino, refletindo a diferença de épocas. b) A encíclica papal procura complementar São Tomas de Aquino, pois este colocava a razão natural acima da fé. c) A Igreja medieval valorizava a razão mais do que a encíclica de João Paulo II. d) O pensamento teológico teve sua importância na Idade Média, mas, em nossos dias, não tem relação com o pensamento filosófico. e) Tanto a encíclica papal como a frase de São Tomás de Aquino procuram conciliar os pensamentos sobre fé e razão.

RESOLUÇÃO A Filosofia Medieval tem como característica o trabalho de conciliação entre fé e razão. O trabalho realizado pelos clássicos da filosofia medieval – Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino – buscavam na filosofia grega, principalmente em Platão e Aristóteles, elementos filosóficos para fundamentar a fé cristã. Portanto, a alternativa correta é a letra e.

EXERCÍCIOS 1. (UFU) Na medida em que o Cristianismo se consolidava, a partir do século II, vários pensadores, convertidos à nova fé e, aproveitando-se de elementos da filosofia grecoromana que eles conheciam bem, começaram a elaborar textos sobre a fé e a revelação cristãs, tentando uma síntese com elementos da filosofia grega ou utilizando-se de técnicas e conceitos da filosofia grega para melhor expor as verdades reveladas do Cristianismo. Esses pensadores ficaram conhecidos como os Padres da Igreja, dos quais o mais importante a escrever na língua latina foi santo Agostinho.

COTRIM, Gilberto. Fundamentos de Filosofia: Ser, Saber e Fazer. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 128. (Adaptado)

Esse primeiro período da filosofia medieval, que durou do século II ao século X, ficou conhecido como: a) Escolástica. b) Neoplatonismo. c) Antiguidade tardia. d) Patrística. e) Modernidade

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//tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=645 2. (UFU) Segundo o texto abaixo, de Agostinho de Hipona (354–430 d. C.), Deus cria todas as coisas a partir de modelos imutáveis e eternos, que são as ideias divinas. Essas ideias ou razões seminais, como também são chamadas, não existem em um mundo à parte, independentes de Deus, mas residem na própria mente do Criador, [...] a mesma sabedoria divina, por quem foram criadas todas as coisas, conhecia aquelas primeiras, divinas, imutáveis e eternas razões de todas as coisas, antes de serem criadas [...]. Sobre o Gênese, V Considerando as informações acima, é correto afirmar que se pode perceber: a) que Agostinho modifica certas ideias do cristianismo a fim de que este seja concordante com a filosofia de Platão, que ele considerava a verdadeira. b) uma crítica radical à filosofia platônica, pois esta é contraditória com a fé cristã. c) a influência da filosofia platônica sobre Agostinho, mas esta é modificada a fim de concordar com a doutrina cristã. d) uma crítica violenta de Agostinho contra a filosofia em geral.

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REFERÊNCIAS ABELARDO. Isagoge. Apud História do Pensamento, v. 1, p. 161. AQUINO, T. Suma teológica. Primeira parte. Questões 1-49. 2° ed. RS. Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes, Universidade de Caxias do Sul. Grafosul – Indústria Gráfica Editora Ltda. Co – Edição, 1980. BLACKBURN, S. Dicionário Oxford de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1977. CHAUI, M. Iniciação à Filosofia: Ensino Médio, volume único. São Paulo: Ática, 2013. GILSON, E. A Existência na filosofia de S. Tomás de Aquino. Livraria Duas Cidades, SP. 1962. GILSON, E. Deus e a Filosofia. Lisboa: Edições 70, 2002. KLEINMAN, P. Tudo o que você precisa saber sobre Filosofia: de Platão e Sócrates até a ética e metafísica. São Paulo: Editora Gente, 2014. REALE, D. A. História da Filosofia. São Paulo: PAULUS, 1990. WARBURTON, N. Uma breve história da Filosofia. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2015.

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GEOGRAFIA A Pedagogia e a Geografia estão intimamente relacionadas devido as ferramentas utilizadas por ambos os ramos do conhecimento que se fundamentam e se complementam. Desse modo, torna-se relevante para a sedimentação consistente dos conteúdos, uma abordagem que contemple ambos os ramos do conhecimento. Convido você a repassar o assunto sobre Setores da Economia, temática atual e frequente nas avaliações, concursos e vestibulares. Vamos trilhar nesse assunto dirimindo as dúvidas e aprofundado informações.

Setores da Economia As atividades econômicas dividem-se em três setores: primário, secundário e terciário. Recentemente, em função da enorme amplitude e expansão do setor terciário, alguns autores consideram a existência de um setor quaternário. A composição clássica dos setores da economia se configura do seguinte modo: 1. Primário: envolve a extração e/ou produção de matérias-primas, como milho, carvão, madeira e ferro. Exemplos: mineiros de carvão, pescadores. 2. Secundário: envolve a transformação de matérias-primas em bens, como a fabricação de aço para carros ou têxteis para roupas. Exemplos: construtores civil e costureiros. 3. Terciário: envolve o fornecimento de serviços a consumidores e/ou empresas, como o baby-sitting, o cinema ou o bancário. Exemplos: lojistas e contabilistas.

Setor Primário O Setor Primário da Economia compreende todas as atividades que se baseiam na extração de bens e recursos do meio natural: a agricultura, a criação de gado, a pesca, a caça, a exploração das florestas e a mineração. Muitos dos produtos que se obtêm dessas atividades não necessitam de nenhuma ou de muito pouca transformação antes de seu consumo, como laranjas ou a carne de vaca. Outros produtos, no entanto, são utilizados como matéria-prima para diversas indústrias, como o algodão para fabricação de tecidos, a bauxita para produção de alumínio, as sementes oleaginosas para elaborar pinturas ou a celulose utilizada na fabricação de papel. As atividades primárias se desenvolvem em zonas rurais, marítimas e florestais, quase sempre distantes das grandes cidades. Nos países desenvolvidos, essas tarefas ocupam uma proporção muito pequena da população ativa (inferior a 10%). Nos países em desenvolvimento, chegam a empregar 50% da população.

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Setor Secundário O Setor Secundário da Economia agrupa as atividades econômicas encarregadas da transformação de bens e recursos extraídos do meio natural (matérias-primas) em produtos elaborados. As atividades essenciais desse setor são a construção e a indústria. As indústrias costumam situar-se nas cidades ou em regiões próximas. Atualmente, o setor industrial se caracteriza por 1. Emprego de maquinário cada vez mais sofisticado. 2. Redução da mão-de-obra como consequência do uso de máquinas e robôs. 3. Maior preparação e especialização dos trabalhadores. 4. Produtos cada vez mais personalizados. O número de trabalhadores empregados nesse setor é muito pequeno em países subdesenvolvidos (cerca de 10%) e moderado em países desenvolvidos (em tomo de 30%) devido a robotização.

Setor Terciário O Setor Terciário da Economia inclui todas as atividades em que não se produzem bens materiais de maneira direta, as quais, portanto, não se encaixam dentro da definição dos outros dois setores econômicos. Essas atividades são conhecidas como serviços. O Setor Terciário inclui atividades muito diversas: desde a entrega de propaganda em domicilio até a pesquisa científica. Por isso, alguns autores falam de um setor terciário decisivo ou avançado, ou até de um setor quaternário, para referir-se aos serviços que requerem maior grau de qualificação. Atualmente, sob a denominação de serviços, agrupam-se comércio, hotelaria, transportes, comunicações, setor financeiro, serviços sociais, atividades relacionadas ao lazer, além de um conjunto de atividades auxiliares às citadas (assessorias, informática etc.). Dentro dessa variedade de serviços, diferenciam-se quatro tipos principais: 1. Serviços de distribuição: atividades de comércio e transporte que colocam ao alcance da população os produtos para serem consumidos. 2. Serviços a empresas e aos bancos: facilitam seu funcionamento mediante concessão de créditos, assessoramento jurídico e fiscal, contratação de seguros etc. 3. Administração pública e os serviços sociais: incluem todas as atividades financiadas pelo Estado, destinadas a regular o funcionamento da sociedade e a melhorar a qualidade de vida da população. 4. Serviços pessoais: são aqueles que buscam atender a demanda da população em aspectos tão variados como hotelaria e turismo, cinema e teatro, além de conserto de carros e cuidado pessoal, entre outros.

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Ainda que os serviços estejam presentes em todo território, eles são mais característicos das áreas urbanas. Nos países desenvolvidos, mais de 60% da população ativa trabalha no setor terciário, ao passo que a cifra é muito variável nos países subdesenvolvidos (de 10 a 40%). Quando a porcentagem é alta nesses países, em geral se refere a atividades menos produtivas e qualificadas.

Hipertrofia do Setor Terciário Nos países desenvolvidos – em função do desenvolvimento econômico – aos poucos a população economicamente ativa foi se transferindo do setor primário para o secundário e, mais recentemente, do secundário para o terciário, que atualmente concentra a maior parte da população economicamente ativa desses países. Isto acontece porque, com a modernização da agricultura e a robotização/automação das indústrias, esses setores liberaram mão de obra. Por outro lado, o setor terciário, com atividades relacionadas com o comércio e a prestação de serviços, é composto de profissionais altamente qualificados. Em países subdesenvolvidos, o processo foi diferente. Com a industrialização tardia e a modernização do campo, os trabalhadores perderam seu trabalho no campo e os pequenos agricultores perderam suas terras, sendo obrigados a migrar para os centros urbanos, onde, sem qualificação, viram-se forçados a aceitar empregos no setor terciário, semiqualificados ou sem qualificação. Isto fez com que o setor terciário desses países crescesse muito, mas sem a qualificação profissional encontrada neste setor nos países desenvolvidos. Por isso, utiliza-se a expressão “hipertrofia” para caracterizá-los. Confira a distribuição do Produto Interno Bruto (PIB) por setores da economia no Brasil.

Para a complementação de conhecimentos sobre a setores da economia, segue confira as indicações a seguir: • Artigo: <http://www.rbgdr.net/revista/index.php/rbgdr/article/viewFile/874/320>.

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• Vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=mBFZaPsK5MM>. • Livro: Terceiro Setor: um Estudo Comparado Entre Brasil e Estados Unidos de Simone de Castro Tavares Coelho.

QUESTÃO COMENTADA 1. (Brasil Escola) À medida que as sociedades desenvolvem-se, suas atividades econômicas tornam-se mais complexas e interligadas. Assim, nos países em desenvolvimento, a dependência em relação às práticas da agropecuária e do extrativismo costuma ser maior. No entanto, enquanto essas zonas vão se industrializando, o número de empregos e a participação dessas atividades no meio econômico costumam diminuir. Atualmente, os principais países passam por um estágio em que as áreas do serviço e do comércio estão a exercer uma maior centralidade. Nos Estados Unidos, esses campos empregam quase 80% da população economicamente ativa. A ocorrência desse fenômeno de transferência da mão de obra e da renda para os setores do comércio e dos serviços é denominada por: a) b) c) d) e)

transferência da informação terciarização terceirização expansão da informalidade trabalhista democratização econômica

RESOLUÇÃO O processo em que as atividades econômicas passam a exercer de maneira mais predominante nos setores do comércio e dos serviços – o terciário – é chamado de terciarização da economia. Portanto, a alternativa correta é a b.

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2. (UEM-PR – adaptada) Considerando as afirmações a seguir, analise cada uma delas julgando-as como verdadeiras ou falsas. ( ) O setor terciário, especialmente nos países desenvolvidos, é o que mais cresce e o que mais absorve mão de obra. Ele é considerado o grande empregador do século XXI. ( ) Muito amplo, o setor terciário engloba serviços moderníssimos, como institutos de pesquisas científicas e tecnológicas, universidades e hospitais, setor financeiro, publicidade, comunicações, entre outros. ( ) À semelhança dos outros setores, inúmeras atividades desenvolvidas no setor terciário, tais como os serviços de bancários, de trabalhadores de escritório, de datilógrafos, de arquivistas etc., também estão sendo eliminadas ou automatizadas. ( ) Com o dinamismo da economia global, existe uma tendência à articulação entre os três setores e a presença marcante do terciário na agricultura e indústria. ( ) Atualmente, no Brasil, predominam atividades relacionadas ao setor secundário ou de transformação A sequência correta é: a) V, F, V, V, F b) V, V, F, F, V c) V, V, V, V, F d) F, V, F, V, V e) F, F, F, V, V

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3. (UEM-PR – adaptada) A partir da década de 70 do século XX, a agricultura brasileira conhece um intenso e dinâmico processo de desenvolvimento de caráter empresarial ou capitalista, identificado com a industrialização no campo. Com relação a esse processo, assinale o que for correto. ( ) Verificou-se um aumento do trabalho assalariado, mesmo que temporário como no caso dos boias-frias em detrimento do trabalho familiar, da parceria e do colonato. ( ) Ocorreu uma significativa expansão das fronteiras agrícolas, envolvendo sobretudo as regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil. ( ) Verificou-se com a intensificação da agro industrialização, uma maior integração agricultura-indústria, com a subordinação da primeira à segunda. (

) Concorreu para intensificar a urbanização da população brasileira.

( ) Aumentou, acentuadamente, a presença da carne bovina brasileira nos mercados norte-americano e europeu. ( ) Houve uma expressiva expansão da área das culturas alimentares de consumo interno, identificadas com as lavouras de subsistência.

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REFERÊNCIAS ABREU, M. P. O Brasil e a Economia Mundial 1930–1945. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. HENRIQUE, W. Trabalho, mercado e sociedade. São Paulo: Unesp, 2003. SILVA, J. L. C. Economia do Brasil, Brasilia: Thesaurus, 2003.

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SOCIOLOGIA Olá, tudo bem? Neste capítulo vamos falar sobre como os temas sociológicos podem contribuir para o enriquecimento da formação dos pedagogos, vamos lá? O curso de Pedagogia possui na sua grade curricular a disciplinas de Sociologia da Educação, que aborda aspectos sociais relacionados ao desempenho dos estudantes e, consequentemente, sobre o papel da escola na reprodução das desigualdades. Neste capítulo, abordaremos temas da Sociologia do Trabalho que podem ser relacionados com a Pedagogia, na medida em que boa parte da nossa história educacional, a escola e a educação serviram como meios de produzir mão de obra para a reprodução do capital.

Sociologia do Trabalho O trabalho é um dos temas mais tradicionais da Sociologia. Isso é tão flagrante que esteve na pauta dos chamados pais fundadores da sociologia: Marx, Weber, Durkheim. Cada um a seu modo analisou o fenômeno do trabalho. Marx se ateve ao processo de racionalização e do desenvolvimento das forças produtivas e seus impactos para o trabalhador, como a alienação e a exploração. Weber, por sua vez, investigou o impacto da religião sobre o comportamento e o trabalho dos protestantes ascéticos nos Estado Unidos. Durkheim estudou a divisão do trabalho como fonte principal da coesão social. Nesse texto, abordaremos o tema do trabalho a partir de uma perspectiva contemporânea, discutindo as formas de organização do trabalho desde o Fordismo e Toyotismo, às formas flexíveis de trabalho e suas novas modalidades, como o teletrabalho e o trabalho escravo contemporâneo.

Fordismo Este sistema de produção tem como elemento chave a produção em massa de produtos padronizados. Este modelo, resultado de uma maior racionalização técnica e científica, levou a maior eficiência e otimização dos processos produtivos. A primeira experiência de emprego do método produtivo ocorreu na fábrica de automóveis de Henry Ford em Detroit, no início do século XX. O modelo fordista consistia no emprego de uma série de roteiros e técnicas aplicadas ao trabalho. Vamos abordar alguma delas? Talvez o elemento mais lembrado do fordismo, seja a linha de montagem por esteira rolante. Essa característica é a espinha dorsal do modelo, na medida em que todas as etapas do processo produtivo são divididas e distribuídas ao longo de toda a extensão da esteira rolante. Desse modo, os trabalhadores também são distribuídos ao longo da linha de montagem e da esteira rolante e as funções a serem executadas são resumidas a atividades parcializadas e simplificadas.

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Podemos incluir aos elementos acima às técnicas tayloristas, a qual primeiro elemento podemos destacar a separação entre concepção e execução do trabalho. Para Taylor, o trabalho deveria seguir uma rígida divisão. O trabalho intelectual – criativo e de gestão – teria de ser desempenhado por trabalhadores de alto capital cultural, como engenheiros e administradores. Já o trabalho prático, seria executado por trabalhadores de baixa formação. Nesse sentido, não eram toleradas e nem aceitas sugestões e participações dos trabalhadores de chão de fábrica na concepção dos produtos e processos produtivos. Outra característica marcante desse modelo é o controle do tempo e dos movimentos do trabalhador com vistas ao aumento da sua capacidade produtiva e da sua eficiência. Desse modo, o trabalho torna-se repetição de atividades simplificadas que levam a especialização do trabalho. A fábrica fordista produzia todas as partes dos seus produtos na mesma localidade, a essa característica damos o nome de produção verticalizada. O principal efeito desse tipo de produção é a concentração de um operariado em massa em um mesmo espaço. Essa concentração facilitava a organização sindical e a luta por direitos por parte dos trabalhadores que garantiu um período longo de empregos estáveis e protegidos, com ganhos de remuneração e de direitos trabalhistas.

Toyotismo O modelo fordista perdurou até a década de 1970, quando a crise econômica demandou dos setores produtivos as novas formas de organização do trabalho que deram espaço a chamada reestruturação produtiva do trabalho. Diante dessas mudanças, surgiu no Japão o sistema que ficou conhecido como Toyotismo. O Toyotismo adaptou as formas produtivas, com vistas a manutenção dos ganhos de capitais em um cenário de consumo, onde há a demanda de produtos diferenciados com o objetivo de atingir nichos de mercado. Para satisfazer este novo cenário, o Toyotismo diminuiu e terceirizou partes do processo produtivo. Essa medida tornou a fábrica toyotista horizontalizada, onde a maior parte das peças dos produtos são construídas em empresas especializadas. Isso teve como efeito a dispersão e a distribuição dos trabalhadores ao longo do espaço geográfico, dificultado a organização dos mesmos. No modelo toyotista – conhecido também pela intensiva robotização – o trabalhador executa, simultaneamente, aproximadamente 4 máquinas, que elevam o ganho de produtividade por parte do empresário e maior extração da mais valia. Outro ponto crucial é em relação ao saber do trabalhador, que ao contrário do modelo fordista, valoriza e incentiva a participação do trabalhador em melhorias do processo, aumentando consideravelmente ganhos de produtividade e diminuição do desperdício.

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Em resumo, o Toyotismo reduziu o número de trabalhadores protegidos, aumentando a precarização do trabalho. Ao aumentar o ritmo do trabalho, se estabelecem formas indiretas de controle, seja por meio do trabalho em equipe e ou ainda por metas de produtividade.

Teletrabalho Com o desenvolvimento das tecnologias da informação e o aumento do mercado de trabalho no setor de serviços, ocorreu uma ampliação sem precedentes do trabalho a distância, boa parte dele realizada em próprio domicílio. A questão mais latente a respeito dessa modalidade de trabalho, se dá ao fato de os controles sobre o trabalhador serem deslocados de maneira direta, relacionada ao controle dos processos para uma forma indireta, isto é, relacionada para os resultados do trabalho. Outro ponto a ser compreendido, é fato do home office parecer vantajoso sob diversos aspectos, como locação de imóvel, transporte e alimentação, porém, algumas pesquisas observam que o tempo dedicado ao trabalho tende a ser superior àquele realizado diretamente em empresas.

Home Office

Disponível em: <http://www.joli.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/02/homeoffice.jpg>. Acesso em 26 nov. 2016.

Trabalho escravo contemporâneo Trata-se da mais intensa forma de exploração do trabalho e possui como critérios definidores a falta de liberdade e condições degradantes de trabalho. Confira a seguir um infográfico sobre o trabalho escravo contemporâneo.

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Disponível em: <http://www.escravonempensar.org.br/wp-content/uploads/2013/03/ raio-x_trabalhadores.png>. Acesso em 26 nov. 2016.

EXERCÍCIO RESOLVIDO 1. (Enem) Um trabalhador em tempo flexível controla o local do trabalho, mas não adquire maior controle sobre o processo em si. A essa altura, vários estudos sugerem que a supervisão do trabalho é muitas vezes maior para os ausentes do escritório do que para os presentes. O trabalho é fisicamente descentralizado e o poder sobre o trabalhador, mais direto. SENNETT R. A corrosão do caráter, consequências pessoais do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999 (adaptado).

Comparada à organização do trabalho característica do taylorismo e do fordismo, a concepção de tempo analisada no texto pressupõe que a) as tecnologias de informação sejam usadas para democratizar as relações laborais. b) as estruturas burocráticas sejam transferidas da empresa para o espaço doméstico. c) os procedimentos de terceirização sejam aprimorados pela qualificação profissional. d) as organizações sindicais sejam fortalecidas com a valorização da especialização funcional. e) os mecanismos de controle sejam deslocados dos processos para os resultados do trabalho.

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RESOLUÇÃO O Taylorismo/fordismo tinha como características principais o controle do tempo e das ações dos trabalhadores, o toyotismo, por sua vez, buscava, ao mesmo tempo, a qualificação do trabalhador e os investimentos em automação da produção. O trecho da questão fala sobre a terceirização da produção que está mais ligada ao modo toyotista de produzir, onde o controle do trabalhador se dá sobre os resultados do trabalho, como por exemplo, metas de produtividade. O mesmo ocorre com as novas modalidades de trabalho como o teletrabalho e o home office. Portanto a resposta correta é a alternativa e.

EXERCÍCIOS

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http://www04.abb.com/global/seitp/ seitp202.nsf/0/cb5fd739b301dcd4482579130027fe74/$file/RO_Haval_110922.jpg

1. (UFPR) [...] Estabeleça uma comparação entre o fordismo e a acumulação flexível, ressaltando os problemas tecnológicos e econômicos que explicam as mudanças na maneira de trabalhar e produzir no século XXI.

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2. (UEM-PR) Considerando os estudos sociológicos das relações entre trabalho e sociedade, assinale o que for correto: ( ) Na Sociologia, as relações de trabalho ocupam um papel constitutivo nas produções simbólica e material da vida social. ( ) Como a legislação não permite que os estudantes trabalhem, a Sociologia do trabalho não deveria ser ensinada na educação básica. ( ) De acordo com a Sociologia, trabalho e sociedade são coisas distintas, pois o sucesso profissional depende do mérito e do esforço pessoal. ( ) Os estudos sociológicos sobre o mundo do trabalho defendem que a atual reestruturação das forças produtivas sociais irá criar uma sociedade igualitária. ( ) Para a Sociologia, a posição diferente de homens e mulheres no espaço doméstico influencia decisivamente as chances de cada um no mercado de trabalho.

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REFERÊNCIAS SENNETT, R. A corrosão do caráter, consequências pessoais do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999.

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LÍNGUA PORTUGUESA “A escrita permeia hoje quase todas as práticas sociais dos povos que penetrou”, segundo Marcuschi (1997, p. 121). Como propõe este autor, a escrita é usada em contextos básicos da vida, que não raramente serão decisivos para fins específicos em nossas vidas. Pode parecer um tanto exagerado, mas o modo como você se posiciona em relação ao domínio da língua escrita tem um grande poder em situações relativas ao trabalho, aos estudos e, de certo modo, à sua vida pessoal. Outra questão fundamental é o modo como lemos e interpretamos as informações disponibilizadas e suscitadas nos mais variados contextos em que nos inserimos. Sobretudo, nesta etapa de muito estudo e preparação, para a escolha de uma carreira, saber selecionar, hierarquizar (ou, seja, organizar) e analisar informações relevantes, de acordo com determinados propósitos, torna-se um diferencial em nossa formação profissional. Por conseguinte, o processo de avaliação de universidades, hoje, se pauta na elaboração de redações (produção escrita), que cada vez mais tem abrangido distintos gêneros textuais, como podemos observar nas universidades públicas do Paraná. Por serem exames classificatórios, essas redações são avaliadas com base em critérios para notas, o que minimiza injustiças na avaliação dos corretores, assegurando a imparcialidade e a confiabilidade do processo. Sendo assim, primeiramente, é importante que você leia atentamente o edital e, em alguns casos, o manual do candidato da universidade a qual pretende prestar vestibular, que provavelmente estarão disponíveis na página de inscrição/acesso à instituição de ensino superior (IES). Outro ponto crucial, e isso vale para o dia da prova, é compreender claramente o enunciado da proposta de redação, a fim de identificar o gênero textual solicitado e atender ao que de fato é solicitado pelo processo. Neste capítulo, você será apresentado à proposta de texto pede ao candidato que se elabore a continuação de um texto já iniciado. A Continuação de Texto é uma proposta de redação que geralmente aparece na prova de vestibular da UFPR. Para responder com sucesso a esse tipo de questão, o segredo é entender o modelo de texto que deve ser continuado e, prestando atenção no comando da redação, dar sequência as ideias do autor da maneira mais coerente e coesa o possível. Para tal, devemos ter em mente o que são Gêneros Textuais. Os gêneros são entidades textuais de natureza sociocultural que materializam a língua em situações comunicativas diversas. É um campo de estudo que tem recebido uma maior atenção nos últimos anos, devido à percepção de sua relevância para o ensino de língua portuguesa e funcionalidade na vida cotidiana, nas incontáveis áreas que esta abrange. Boa Leitura! Equipe Trilhas

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A tipologia clássica e as práticas pedagógicas Um grupo de pesquisadores europeus do chamado “Grupo de Genebra” propôs a utilização dos gêneros textuais como instrumento, como ponto de partida para o ensino. Dentre eles, Dolz e Schneuwly (1996) e Pasquier e Dolz (1996) se posicionaram contrários à utilização da tipologia clássica (narração, descrição e dissertação) para o desenvolvimento de habilidades de escrita e leitura, considerando-a inadequada para uma ação pedagógica voltada ao desenvolvimento de competências comunicativas amplas, uma vez que não contempla o escopo social dos textos, baseia-se apenas na sua organização textual. A tipologia clássica não dá conta das inúmeras práticas sócio discursivas de nossa sociedade. Afinal, na vida cotidiana não é solicitado a alguém que faça uma dissertação, ou uma descrição ou narração. O que se exige é um certo domínio dessas “modalidades retóricas” (cf. Swales, 1994/1999) para se defender uma ideia, um ponto de vista no caso da dissertação; ou para se fazer um boletim de ocorrência no caso da narração; ou para se escrever um anúncio de classificados no caso da descrição. Logo, restringir os textos, nas práticas pedagógicas, apenas pelo modo como se organizam é um risco de limitá-los a fórmulas ou esquemas que os descaracterizem de seus propósitos comunicativos. Devemos, então, pensar o quanto uma mudança de concepção de ensino e aprendizagem se faz necessária. Ainda mais, em um momento histórico como o que vivemos agora, em que mudanças econômicas e políticas trazidas a reboque do fenômeno da “globalização” trazem a todo instante profundas consequências culturais e diretamente, novas práticas sociais. (GODENY, J. PEREIRA, L. 2013) Schneuwly e Dolz (2004) propõem realizar uma divisão de agrupamentos de gêneros. Essa divisão consiste em organizar os gêneros textuais de acordo com as semelhanças que as situações de produção dos gêneros possuem. Cada gênero necessita de um ensino adaptado, pois apresenta características distintas. No entanto, os gêneros podem ser agrupados em função de um certo número de regularidades linguísticas. Os agrupamentos de gêneros se dividem em cinco: Narrar, Expor, Argumentar, Instruir e Relatar. O quadro a seguir representa a proposta provisória de agrupamento de gêneros realizada por Schneuwly e Dolz (2004, p.60-61).

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Domínios sociais de Comunicação Aspectos tipológicos Capacidades de linguagem dominantes • Cultura literária ficcional • Narrar • Mímese da ação através da criação da intriga no domínio verossímil • Documentação e memorização das ações humanas • Relatar • Representação pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo

Exemplos de Gêneros Escritos e Orais

Conto maravilhoso / Conto de fadas / Fábula / Lenda / Narrativa de aventura / Narrativa de ficção científica / Narrativa de enigma / Narrativa mítica / Sketch ou história engraçada / Biografia romanceada / Novela fantástica / Conto / Crônica literária / Adivinha / Piada Relato de experiência vivida / Relato de uma viagem / Diário íntimo / Testemunho / Anedota ou caso / Autobiografia / Curriculum Vitae / Notícia / Reportagem / Crônica social / Crônica esportiva / Histórico / Relato histórico / Ensaio ou perfil biográfico / Biografia

• Discussão de problemas sociais controversos

Textos de opinião / diálogo argumentativo / Carta de leitor / Carta de reclamação / Carta de solicitação / Deliberação informal / Debate regrado / Assembleia • Argumentar / Discurso de defesa (advocacia) / Discurso de • Sustentação, refutação e acusação (advocacia) / resenha crítica / Artigos de negociação de tomada de opinião ou assinados / Editorial / Ensaio posição • Transmissão e construção de saberes • Expor • Apresentação textual de diferentes formas dos saberes • Instruções e prescrições • Descrever Ações • Regulação mútua de comportamento

Texto expositivo (em uso didático) / Exposição oral / Seminário / Conferência / Comunicação oral / Palestra / Entrevista de especialista / Verbete / Artigo enciclopédico / Texto explicativo / Tomada de notas / Resumo de textos expositivos e explicativos / Resenha / relatório científico / relatório oral de experiência Instruções de montagem / Receita / Regulamento / Regras de jogo / Instruções de uso / Comandos diversos / Textos prescritivos

Tipos de gêneros textuais Existem muitos tipos de gêneros textuais, eles podem ser: Romance, Conto, Artigo de opinião, Receita culinária, Lista de compras, Carta, Telefonema, Aula expositiva, Debate, Reunião de condomínio, E-mail, Relato de viagem, Lenda, Fábula, Biografia, Seminário, Piada, Relatório científico.

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Os gêneros textuais são infinitos e cada um deles possui o seu próprio estilo de escrita e de estrutura. Desta forma fica mais fácil compreender as diferenças entre cada um deles e poder classificá-los de acordo com suas características. Vejamos alguns exemplos •

Carta: se caracteriza por ter um destinatário e um remetente específicos, pode ser uma carta pessoal, ou uma carta institucional, pode ser ainda uma carta ao leitor, ou uma carta aberta. Dependendo de qual seja seu objetivo, ela adquirirá diferentes estilos de escrita, poderá ser dissertativa, narrativa ou descritiva. A estrutura formal da carta é também uma característica marcante, pois é fixa, apresentando primeiramente a saudação, em seguida o corpo da carta e por último a despedida.

Propaganda: este gênero costuma aparecer bastante na forma oral, mas também pode ser escrito. Possui como característica marcante a linguagem argumentativa e expositiva, podendo também haver pequenas descrições. O objetivo é sempre o mesmo: divulgar o produto/serviço e influenciar a opinião do leitor para que ele “compre” a ideia. O texto é claro e objetivo, e as mensagens costumam despertar sentimentos, emoções e sensações no leitor: calma, tranquilidade, emoção, adrenalina, calor, frio, inquietação. Outro elemento importante é o uso das imagens.

Receita: é um texto instrucional permeado de descrições. O objetivo é instruir o leitor para preparar algo, geralmente uma comida. A estrutura também é fixa, apresentando na sequência: os ingredientes, o modo de preparo e o rendimento da receita. Quanto à linguagem, utiliza verbos no imperativo, pois a partir da ordem, o leitor tenderá a seguir corretamente as instruções para adquirir bom êxito. Outros exemplos de textos instrucionais são a bula de remédio e o manual de instruções.

Notícia: este é um dentre os diversos gêneros jornalísticos, e pode ser facilmente identificado. Possui como característica a linguagem narrativa e descritiva, e seu objetivo é informar um fato ocorrido. Outra característica marcante é a presença de elementos como o tempo, o lugar e as personagens envolvidas no fato.

Crônica: a palavra “crônica” tem origem grega, vem de chronos (tempo). A partir disso, nota-se uma das principais características desse tipo de texto: seu caráter contemporâneo.

Trata-se de um interessante gênero textual que oscila entre a literatura e o jornalismo. Geralmente, é publicada em jornais ou revistas e registra fatos do nosso cotidiano de forma simples, com doses de humor, ironia, crítica e poesia.

Conto: Basicamente, o conto é um texto narrativo, em prosa, de pequena extensão, se comparado, por exemplo, a gêneros como o romance ou a novela. Esse tipo de texto busca ser direto, conciso, ou seja, geralmente, todas as informações nele presentes costumam ser essenciais.

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Há outros gêneros que são, essencialmente, jornalísticos como a Reportagem e a Entrevista. Cada gênero possui sua característica. Entretanto, é importante destacar que não existe um texto que seja, por exemplo, exclusivamente argumentativo. Ao afirmar que a carta de leitor é argumentativa, as características dominantes são levadas em consideração. Para facilitar a aprendizagem, entenda que o gênero textual é a parte concreta, prática, enquanto a tipologia textual integra um campo mais teórico, mais formal.

PROPOSTA COMENTADA 1. (UFPR) A seguir, apresentamos os parágrafos iniciais de um texto de Fernando Rodrigues publicado na Folha de S. Paulo, em 12/11/2011. Escreva uma continuidade para esse texto, observando as seguintes recomendações: •

ter de 6 a 8 linhas;

apresentar uma articulação clara com os parágrafos iniciais;

introduzir informações novas, que garantam a progressão no tratamento do tema;

concluir o texto de forma coerente. Uma lei imperfeita

O título deste texto é um pleonasmo. Não há leis perfeitas. A Lei da Ficha Limpa é também cheia de qualidades e de defeitos. O seu maior mérito é impedir a candidatura de quem já está condenado por uma instância colegiada, de mais de um juiz. O Supremo Tribunal Federal deu indicações de que aceitará como constitucional esse trecho. A regra terá um efeito profilático após algumas eleições.

COMENTÁRIOS Para dar continuidade ao texto de Fernando Rodrigues há que, primeiramente, manter o discurso em 3ª pessoa e atender ao critério de coerência através da interpretação correta das opiniões emitidas pelo autor sobre a Lei da Ficha Limpa. O primeiro parágrafo, adverte que, como todas as leis, esta não é perfeita, portanto admite que é passível de críticas, para, no segundo parágrafo, destacar o objetivo principal que é impedir candidaturas de políticos que estejam condenados por um grupo de pessoas habilitadas e credenciadas para tal. A sequência do texto deve estar articulada claramente com os parágrafos iniciais, introduzindo informações novas e concluindo o texto de forma coerente.

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Textos considerados muito bons •

apresentam marcas formais que sinalizavam tratar-se de continuidade do texto-base;

articulam-se claramente com o início do texto;

introduzem informações novas, promovendo a progressão do tema desenvolvido no texto (frise-se que, para introduzir uma informação nova ao texto, o aluno precisava acompanhar minimamente o cenário político nacional, motivo pelo qual este parâmetro foi considerado um diferencial para atribuição de nota);

propõem uma conclusão coerente com todo o texto.

Textos considerados bons •

apresentam marcas formais que sinalizaram tratar-se de continuidade do texto de Fernando Rodrigues;

articulam-se claramente com o início do texto-base;

deixam de introduzir informações novas;

propõem uma conclusão coerente com todo o texto.

Textos considerados regulares •

deixam de introduzir informações novas;

demonstram alguma dificuldade de articulação com o início do texto-base;

não formulam uma conclusão ao texto.

Textos considerados insuficientes •

não atendem aos comandos da questão, embora pudessem demonstrar algum domínio de língua, sem períodos desconexos ou problemas de ortografia;

aproveitam-se do título do texto-base (“uma lei imperfeita”) para fazer uma dissertação versando sobre problemas de quaisquer outras leis, como por exemplo a Lei Seca;

demonstram desconhecimento total sobre o cenário político nacional, ou seja, sequer sabiam de que se trata a Lei da Ficha Limpa, confundindo-a, muitas vezes, com a substituição de ministros no atual governo;

apresentam sério comprometimento da estrutura textual.

O domínio da linguagem formal é critério para elevar ou diminuir a pontuação em cada uma das faixas descritas. Por outro lado, pontuação adequada, estruturas sintáticas que favorecem leitura e vocabulário apropriado são elementos considerados para se validar a nota a ser alcançada pela aplicação dos critérios com que é analisado o conteúdo de cada texto.

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AGORA É SUA VEZ 1. (UFPR) Leia abaixo os parágrafos iniciais de um texto de Rosely Sayão (Folha de S. Paulo, 01 maio 2012). Escreva um ou dois parágrafos 8 a 10 linhas – dando continuidade ao texto, sem necessariamente concluí-lo. Uma continuação adequada deve: •

Apresentar uma articulação clara com os parágrafos iniciais.

Introduzir informações novas, que garantam a progressão no tratamento do tema.

A família passou do singular ao plural. Antes, havia “a família”. Quando nos referíamos a essa instituição todos compartilhavam da mesma ideia: um homem e uma mulher unidos pelo casamento, seus filhos e mais os parentes ascendentes, descendentes e horizontais. E, como os filhos eram vários, a família era bem grande, constituída por adultos de todas as idades e mais novos também. Pai, mãe, filhos, tios e tias, primos e primas, avós etc., eram palavras íntimas de todos, já que sempre se pertence a uma família. Quando as palavras “madrasta” ou “padrasto” ou mesmo “enteado” precisavam ser usadas para designar um papel em um grupo familiar, o fato sempre provocava um sentimento de pena. É que na época da família no singular isso só podia ter um significado: a morte de um dos progenitores. Mas essa ideia de família só sobreviveu intacta até os anos 60.

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REFERÊNCIAS GODENY, J. PEREIRA, L. SAITO, C. L. N. Por que ensinar a partir da Teoria dos Gêneros Textuais? Disponível em: < http://www.faccar.com.br/eventos/desletras/ hist/2005_g/2005/textos/019.html> Acesso em: 17 abr. 2016. MARCUSCHI, L. A. Concepção de língua falada nos manuais de português de 1º. e 2º. Graus: uma visão crítica. In: Trabalhos em Linguística Aplicada, 30: 39-79, 1997. ______. Oralidade e escrita. In: Signótica, Goiânia, p. 119-146, jan./dez. 1997. SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA DO ESTADO DO PARANÁ. Produção Textual e Outros Gêneros. In: Rota de Desenvolvimento Docente. Curitiba: Núcleo de Educação a Distância (NEaD) SESI-PR. 2016.

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3. COMUNICAÇÃO E JORNALISMO Os avanços nas comunicações tem sido uma das marcas mais significativas do mundo globalizado, nunca se publicou tantas notícias no mundo e nunca tantas pessoas tiveram enorme facilidade de acesso a elas, tornando esse momento histórico, principalmente para os profissionais da área que trabalham com as informações como matéria prima. Assumir uma postura ética, senso de responsabilidade e compromisso com a verdade, apurar os fatos com precisão, buscar fontes confiáveis para transmitir informações corretas ao público faz parte do trabalho do Jornalista e de todos envolvidos com a comunicação. Na sociedade do consumo em que vivemos é imprescindível interpretar e traduzir informações. Não cabe apenas informar. Devido à saturação da informação, cabe ao jornalista interpretá-la, atribuindo-lhe sentido e precisão na produção de um bem intelectual que dê ao receptor a possibilidade de refletir e, também, de interpretar o mundo. Contribuindo assim para o acesso à informação de qualidade, contribuindo para o debate público e, portanto, para o fortalecimento da democracia.

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HISTÓRIA A Filosofia é uma ciência intimamente ligada a história. Para compreender o surgimento das correntes filosóficas é necessário entender seu contexto. A maioria dos filósofos contestou conhecimentos históricos preexistentes relacionados a criação do mundo e a existência do ser. Portanto, para compreender o que foi trabalhado ao longo dos anos pelos filósofos, é necessário atentar para qual perspectiva baseiam-se seus pensamentos, qual contexto histórico estão inseridos e sobre o que falam. Desse modo, esse capítulo apresentará um panorama dos Movimentos Sociais na história do Brasil.

Paraná Para começarmos nossos estudos sobre o Paraná, é importante destacar o papel dos indígenas que aqui estavam antes da colonização europeia. Caracterizados pelo domínio da agricultura e da cerâmica, temos os Tupis-guaranis, que localizados mais ao litoral, oeste e noroeste do território paranaense. Além deles, os grupos Jês e Tapuias – que tinham uma prática mais rudimentar – ocuparam a área central do território. Após o estabelecimento das capitanias hereditárias, o Paraná também teve seu território dividido dentro do tratado de Tordesilhas. Antes dos portugueses, os espanhóis já tinham realizado expedições de reconhecimento e utilizaram o caminho do Peabiru em busca de riquezas.

O Estado do Paraná nas Capitanias hereditárias Das expedições mais importantes, a do espanhol Álvar Nuñes Cabeza de Vaca obteve maior destaque. Foi por meio dela que se fez o reconhecimento dos campos gerais, chegando até Foz do Iguaçu e descobrindo a cataratas.

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A partir desse momento, a Coroa Espanhola doou territórios para adelantados. Esses deveriam colonizar, explorar o território e domesticar os indígenas os ensinando um ofício e os catequizando. O principal objetivo das expedições era encontrar ouro e fundar vilas, como exemplo, temos a vila de Ciudad del Guairá e outras missões coordenadas pelos jesuítas. As expedições bandeirantes deram fim as missões. Em busca de mão de obra escrava, os bandeirantes entraram em conflito aramado com alguns indígenas e jesuítas.

A parte paranaense pertencente a Portugal, foi disputada durante os primeiros tempos e em 1723 anexada à comarca de São Paulo. O interesse português em colonizar se expandiu quando foi descoberto ouro no Brasil. Desse modo, a quantidade de pessoas que migram para as localidades aumentou. No entanto – devido à falta de ouro – os exploradores subiram a serra seguindo os rios, o que deu origem a Estrada da Graciosa. Graças ao ouro – produto que desenvolveu o primeiro ciclo econômico do Paraná – as cidades de Paranaguá, Bocaiuva do sul, São José dos Pinhais e posteriormente Curitiba se desenvolveram. Com a exploração do ouro no Paraná e em grande parte da região central brasileira, ocorreu o surgimento de uma nova atividade comercial, conhecida como tropeirismo, processo no qual os produtores de gado do Rio Grande do Sul abasteciam as localidades mineradoras com comida e animais para transporte. Graças ao tropeirismo, e ao caminho do Viamão, que ligava o Rio Grande do Sul a Sorocaba, vários territórios no Paraná foram desenvolvidos.

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O tropeirismo foi muito importante para os portugueses, já que era uma maneira de povoar os territórios e afastar possibilidades de o governo espanhol construir vilas. O tropeirismo também foi importante na construção cultural dos paranaenses, já que ao povoar o território, trouxeram junto sua cultura e seus costumes. (...) O tropeiro iniciava-se na profissão por volta dos 10 anos, acompanhando o pai, que era o negociante (compra e venda de animais) o condutor da tropa. Usava chapelão de feltro cinza ou marrom, de abas viradas, camisa de cor similar ao chapéu de pano forte, manta ou beata com uma abertura no centro, jogada sobre o ombro, botas de couro flexível que chegavam até o meio da coxa para proteger-se nos terrenos alagados e matas. No Rio Grande, a cidade de Viamão tornou-se um dos principais centros de comércio e formação de tropas que tinham como destino os mercados de São Paulo. (...) Nesses trajetos, os tropeiros procuravam seguir o curso dos rios ou atravessar as áreas mais abertas, os “campos gerais” e mesmo conhecendo os caminhos mais seguros, o trajeto envolvia várias semanas. Ao final de cada dia era acesso o fogo, para depois construir uma tenda com os couros que serviam para cobrir a carga dos animais, reservando alguns para colocar no chão, onde dormiam envoltos em seu manto. Chamava-se “encosto” o pouso em pasto aberto e “rancho” quando já havia um abrigo construído. Ao longo do tempo os principais pousos se transformaram em povoações e vilas. (...) A alimentação dos tropeiros era constituída por toucinho, feijão preto, farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e coité (um molho de vinagre com fruto cáustico espremido). Nos pousos comiam feijão quase sem molho com pedaços de carne de sol e toucinho (feijão tropeiro) que era servido com farofa e couve picada. Bebidas alcoólicas só eram permitidas em ocasiões especiais: quando nos dias muitos frios tomavam um pouco de cachaça para evitar constipação e como remédio para picada de insetos. Disponível em: <http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=496>. Acesso em 26 nov. 2016.

O comércio de erva-mate foi propulsor do desenvolvimento do território paranaense. Com a produção ocorrendo no interior do território e a necessidade de exportar para países da América do Sul, Curitiba se tornou um centro comercial. Cansados de pagar impostos pesados, a população começou a fazer um movimento pela liberdade do território da comarca de São Paulo e em 1853 o Paraná tornou-se Província independente de São Paulo.

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Nos primeiros 35 anos de governo, o Paraná sofreu com sua organização política: passaram-se 41 presidentes da província. A política republicana no Paraná era irrisória e a população não participou do processo de proclamação, muito pouco mudou no contexto paranaense. Mas assim como no resto do território brasileiro, o Paraná também passou por conflitos. O objetivo principal destes movimentos era a busca de melhorias para população e a fuga de abusos do Governo Federal. O primeiro conflito que envolveu o território paranaense foi a Revolta Federalista. A Revolta Federalista teve início no Rio Grande do Sul contra o governo de Castilhos e juntou-se a Revolta da Armada iniciada no Rio de Janeiro que era contra o governo do Floriano Peixoto. As divergências tiveram início com atritos ocorridos os que procuravam a autonomia estadual, acima do poder federal e seus opositores. Houve conflitos com luta armada nas regiões do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. (JUNIOR, 2016, p. 12).

A intenção das tropas era que unida poderiam fazer mudanças, portanto, marcharam para o norte, tomando Santa Catarina, e o principal conflito ocorreu na Lapa. Só a Lapa resistia tenazmente, uma das poucas páginas dignas e limpas de todo aquele enxurro de paixões. A pequena cidade tinha dentro de suas trincheiras o Coronel Gomes Carneiro, uma energia, uma vontade, verdadeiramente isso, porque era sereno, confiante e justo. Não se desmanchou em violências de apavorado e soube tornar verdade a gasta frase grandiloquente: resistir até a morte. (Barreto,1997, p. 218.) Em 1912, teve início no Estado do Paraná e Santa Catarina um conflito envolvendo terras a tempo disputadas e o interesse de empresas multinacionais, que ficou conhecido como Guerra do Contestado.

Guerra do Contestado. Disponível em: <http://sanderlei.com.br/PT/Ensino-Fundamental/ Parana-Historia-Geografia-10>. Acesso em 26 nov. 2016.

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A disputa entre Paraná e Santa Catarina foi acirrada com a construção da estrada de ferro pela empresa Brazil Railway, que recebeu concessão do governo para explorar 30 km na extensão da estrada. Essa concessão despossou vários camponeses e proprietários que viviam da extração de madeira e foram a falência com a concorrência. “Os ataques dos governos de Santa Catarina e Paraná, juntamente com o presidente Hermas da Fonseca foram acontecendo de forma autoritária e repressiva, era válido tudo para combater os rebeldes.” (JUNIOR, 2016, p. 16). Com a pressão por parte do governo e a epidemia de tifo, os revoltosos acabaram sendo derrotados. Ainda dentro dos conflitos que envolveram o território paranaense, temos o Movimento Tenentista, a Campanha do Paraná, a Revolução de 1930, a Revolta dos Posseiros e a Guerra do Porecatu. Para trabalhar a história paranaense é necessário destacar o processo de colonização e desenvolvimento de cada região, já que foram colonizadas de maneiras diferentes. O foi conquistado noroeste pelos paulistas cafeicultores, o norte pelas companhias inglesas, que posteriormente desenvolveram uma grande área industrial, assim como a Região Metropolitana da capital Curitiba. A economia paranaense também passou por ciclos econômicos como do ouro, erva-mate, exploração da araucária, café e grãos, além disso, nossa economia se desenvolveu em diversos patamares, como a área industrial, turismo e energia. A chegada de imigrantes no Paraná desenvolveu uma colonização baseada na diversidade cultural, econômica e religiosa e fez com que o Estado desenvolvesse educação e cultura singulares.

Imigração no Paraná

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Para a complementação dos conhecimentos sobre a História do Paraná, confira os links a seguir: •

Artigos:

<http://www.escolaimaculada.com.br/base/www/escolaimaculada.com. br/media/attachments/3824/3824/530faf4721578c3ca153888d76d05b370c434 6606d7d0_historia_do_parana.pdf> <http://books.scielo.org/id/k4vrh> <http://www.uel.br/editora/portal/pages/arquivos/temas%20e%20questoes.pdf> •

Vídeos:

<https://www.youtube.com/watch?v=NTn31cYpIIA&list=PLCZ3u4A1H305Z_ DjaPXRHW6yykGhnpG5F> <https://www.youtube.com/watch?v=8mr7rod3ltE> <https://www.youtube.com/watch?v=_h3wT0izlTM> <https://www.youtube.com/watch?v=UXOdIYxhgT8>

QUESTÃO COMENTADA 1. (UEM-PR) Foi tão grande a movimentação de compra de terras, que em apenas um determinado ano, a Companhia chegou a vender 60.000 alqueires. Ao lado dos compradores nacionais era grande também o número de estrangeiros: italianos, portugueses, espanhóis, alemães, japoneses, ucranianos etc.” (In WACHOWICZ, Ruy. História do Paraná. 7ª ed. Curitiba: Vicentina, 1995, p. 258).

Esta citação de Ruy Wachowicz refere-se à colonização do Norte do Paraná. Sobre esta região é correto afirmar que: 01) A Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), por ser uma empresa de capital inglês, priorizou a venda de terras aos grandes grupos econômicos, formando grandes latifúndios para o plantio de cana-de-açúcar e para a pecuária. (ERRADA) Justificativa: Primeiramente, com relação às vendas dos lotes de terras, ocorreu um grande fracionamento territorial devido à dimensão e divisão das propriedades da CTNP; por conseguinte, as atividades econômicas não foram a cana e a pecuária, e sim a cultura do café. Ou seja, esse fracionamento das terras foi um dos maiores responsáveis pelo êxito da implantação da cultura cafeeira. O baixo preço dos lotes e as facilidades de pagamento permitiram que um número muito grande de colonos oriundos principalmente de São Paulo e também Minas Gerais (e em menor número do Nordeste brasileiro) viessem para a região entre as décadas de 1930 e 1950 com vistas à produção de café.

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02) As relações de trabalho mais utilizadas nas fazendas de café da região eram conhecidas como colonato, parceria e camaradagem. (CORRETA) 03) O café foi o principal produto da economia paranaense entre os anos 1930 e 1960 e o centro produtor estava localizado na região Norte do Paraná. (CORRETA) 08) A partir dos anos 1960 iniciaram-se as políticas governamentais de racionalização do plantio da cafeicultura e de estímulo à diversificação do uso da terra, incentivando o plantio de novas culturas, como a soja, o milho e o trigo. (CORRETA) 16) A colonização da cidade de Maringá ocorreu no início do Século XX, quando o empresário Joubert de Carvalho se casou com a índia xetá Maria do Ingá, a quem ele homenageou com o nome da cidade. (ERRADA) Justificativa: Sobre o nome da cidade e sua colonização, torna-se pertinente utilizarmos a abordagem e justificativa do próprio site governamental de Maringá: “Uma das maiores curiosidades de nossa gente é com relação a origem do nome da cidade. Parece até uma curiosidade coletiva, onde cada morador ou curioso tenta desvendar ou justificar a origem de seu nome. Nessa tentativa, lendas e lendas, são criadas, que vão desde o cantarolar triste de um viúvo, derrubador de mato, que numa rede amarrada em árvores ninava seu filho, com a canção “Maringá, Maringá”. Os presentes comovidos resolveram dar o nome dessa canção a este lugar. Há também, uma lenda que diz que Dona Elizabeth, esposa de um dos diretores da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, tenha sugerido o nome de Maringá à área que seria colonizada E tantas outras, que vão surgindo dia a dia, misturando-se o real com o imaginário. O certo é que por volta de 1940, esta área coberta por uma densa floresta, já era denominada por Maringá, tendo a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, colocado uma placa com esse nome nas imediações, a exemplo de outros nomes como Ivaí, Tibagi, Inajá e outros provenientes da língua guarani. Os córregos e rios eram tantos que lhes faltava criatividade para nomeá-los. Por esse motivo, os funcionários da Companhia Norte do Paraná, escolhiam nomes de cidades de seus países, como por exemplo, Astorga e outras. Até marcas de cigarros davam nomes às águas, como o córrego do Fulgor. Ao demarcar essa região, nomeavam os rios e esses é que davam nomes às futuras cidades, como por exemplo, Marialva, Mandaguari e tantas outras. Encontraram um ribeirão que recebeu o nome de Maringá, provavelmente inspirado na canção de Joubert de Carvalho. Esse córrego foi batizado pelo Senhor Raul da Silva, na época, Chefe do Escritório de Vendas da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, em Mandaguari. O nome desse córrego passou ser o nome da futura cidade. Assim, Maringá recebeu o nome da canção, que por sua vez também tem sua história

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EXERCÍCIOS 1. (UFPR) A primeira ferrovia do mundo data de 1825, ligando as cidades inglesas de Stockton e Darlington. Em 2015, a ferrovia que liga Curitiba a Paranaguá fez 130 anos. Conhecida atualmente pelos seus passeios turísticos, a ferrovia paranaense faz parte de uma história iniciada no Brasil em 1854, com a primeira ferrovia financiada pelo Barão de Mauá. No Brasil “[...] o transporte ferroviário chegou a ter 37 mil quilômetros na década de 1950. Hoje, cerca de sete mil quilômetros estão desativados”. (LIMA, Vivi Fernandes de. Legado de Ferro. Revista de História da Biblioteca Nacional. 24/01/2011)

1. Discorra sobre os contextos econômicos de criação das ferrovias na Inglaterra e no Brasil, explicando as funções desse transporte no século XIX. 2. Por que no Brasil não temos atualmente tantas ferrovias quanto na década de 1950?

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2. (UFPR) No Estado do Paraná, desde 2005, foram mapeadas mais de 80 comunidades quilombolas, parte delas já reconhecidas pelo governo brasileiro. Explique o que foram os quilombos, e em seguida explique por que, atualmente, o reconhecimento oficial das comunidades quilombolas paranaenses é importante para o estudo da História do Paraná.

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REFERÊNCIAS BARRETO, A. H. L. Triste Fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: L&PM Pocket. 1998. JUNIOR, A. A.; MARTIN, M. S. História do Paraná. Disponível em: <http://docplayer.com. br/19249655-Historia-do-parana-prof-arnaldo-martin-szlachta-junior.html>. Acesso em: 26 nov. 2016. SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA DO ESTADO DO PARANÁ. Rota de Desenvolvimento Docente. Curitiba: Núcleo de Educação a Distância (NEaD) SESI-PR. 2016.

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FILOSOFIA Ética – introdução conceitual Muitas vezes tomamos conhecimento de movimentos contra a desigualdade social. Ficamos sabendo que, em outros países e no Brasil, milhões de pessoas estão desempregadas e foram prejudicadas pelas crises econômicas e pela concentração da riqueza nas mãos de poucos. Sentimo-nos enganados e, por isso, ficamos indignados. Outras vezes, movidos pela solidariedade, engajamo-nos em campanhas contra a desigualdade social, a pobreza e a corrupção. Esses sentimentos e as ações desencadeadas por eles exprimem a maneira como avaliamos nossa situação e a de nossos semelhantes. Mas como distinguimos. (CHAUI, 2013. p. 254) A Ética, também conhecida como Filosofia Moral, envolve a compreensão do que faz uma pessoa agir de maneira errada, porém, ela é bem mais abrangente do que a moralidade. Enquanto a moralidade lida com os códigos morais e as práticas específicas de alguns atos, a Ética não abrange apenas todos os comportamentos e as teorias morais, mas também comporta a filosofia de vida de uma pessoa. Ela trata de questões referentes a como um indivíduo deve agir, se o que ele pensa está correto, como utiliza e pratica seu conhecimento moral e em todos os significados de “certo”. O homem é um animal social que vive, convive e existe junto com os outros. A característica de vida coletiva marca a existência, pois mesmo em solidão, mantemos vínculos com a realidade por meio da memória, necessidade do outro ou da construção de um mundo que imite o real. Para trabalhar o conceito de “ética”, a filosofia a subdivide em ramos, as quais definimos: 1. Ética normativa: busca analisar o comportamento ético criando um conjunto de normas para governas as ações e conduta humana. Esta olha como as coisas deveriam ser. Analisemos três tipos de teorias nesse sentido: 1.1. Consequencialismo: a moralidade da ação está baseada em seus resultados. A ação é considerada moralmente correta caso obtenha um bom resultado. Os filósofos analisam o que torna uma consequência positiva e como alguém pode avaliar essa consequência. Exemplos desta corrente: hedonismo, utilitarismo e egoísmo. 1.2. Deontologia: ao invés de analisar as consequências de uma ação, a Deontologia verifica como as ações em si mesmas podem ser certas ou erradas. Os adeptos a esta teoria afirmam, que ao tomar decisões, as pessoas devem considerar fatores como os direitos dos outros e suas obrigações. Dentro da deontologia, temos teorias do direito natural de John Locke e Thomas Hobbes – que declaravam que os seres humanos tem direitos universais; A teoria do comando divino – Deus dirige as ações moralmente

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corretas e que elas são certas quando realizadas como dever ou obrigação; E o imperativo categórico de Immanuel Kant – argumentava que o indivíduo deveria agir com base em seu dever e que as ações estavam certas ou erradas de acordo com as motivações e não com as consequências, são exemplos de deontologia. Ainda em Kant, uma pessoa deveria pensar em suas ações (e agir) como se o princípio fosse uma lei universal. 1.3. Ética da virtude: na Ética da Virtude, os filósofos analisam o caráter inerente do indivíduo, buscando comportamentos e hábitos que possibilitam que a pessoa tenha um bem-estar (ou boa vida). Na Ética da Virtude são oferecidas bases para solucionar conflitos entre as virtudes e afirma-se que o indivíduo deve praticar essas virtudes para atingir uma boa vida. Encontramos no eudemonismo criado por Aristóteles, onde a ação é correta quando leva ao bem-estar, um exemplo de ética da virtude. Para o filósofo, “a felicidade é um princípio; é para alcançá-la que realizamos todos os outros atos; ela é exatamente o gênio de nossas motivações” (ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco). As teorias baseadas em agentes que declaram que a virtude é fruto de intuições do bom senso em relação aos traços de caráter, podem ser identificadas ao examinar aquelas pessoas que admiramos. A Ética do Cuidado considera que a moralidade e a virtude são aquelas praticadas pelas mulheres (habilidade de nutrir, ter paciência e cuidar dos outros etc.) 2. Metaética: a Metaética examina julgamentos éticos e busca compreender afirmações, atitudes, avaliações e propriedades do que é ético. Não se refere à avaliação se as escolhas são boas ou ruins, mas examina a natureza e o significado da questão. Encontramos dois tipos de perspectiva metaéticas: 2.1. Realismo moral: o Realismo Moral é a crença que existem valores morais objetivos. As afirmações de avaliação são declarações factuais. O Realismo Moral entende que o fato das declarações serem falsas ou verdadeiras independem das crenças e dos sentimentos das pessoas. 2.1.1. Ética naturalista: Vertente fracassada que justifica a ética a partir de fundamentos morais na biologia, onde buscava criar novos fundamentos não tendo validade universal. 2.1.2. Ética não naturalista: é a crença de que as declarações éticas representam proposições que são impossíveis de deduzir em afirmações não éticas. 2.2. Antirrealismo moral: de acordo com esta perspectiva, não existem valores morais objetivos. Encontramos três tipos de teorias nesta linha: Subjetivismo ético: noção de que as afirmações éticas são realmente questões subjetivas. Não cognitivismo: as afirmações éticas não são declarações genuínas. Afirmações éticas são declarações objetivas equivocadas: ceticismo moral, crença de que ninguém pode ter conhecimento moral; ou niilismo moral: todas as afirmações éticas são falsas.

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3. Ética Descritiva: é livre de qualquer valor e olha para a Ética pela observação das escolhas reais que foram realizadas. Analisa as crenças morais das pessoas para verificar se as teorias de condita e seus valores são reais. Não busca verificar se e quando uma norma moral é razoável, mas compara o sistema ético do grupo (diferentes sociedades, do passado e do presente, etc.) com as regras de conduta de uma pessoa e suas ações reais para verificar se estão de acordo, ou não, com o que ela diz acreditar. Frequentemente é aplicada por antropólogos, historiadores e psicólogos. 4. Ética Aplicada: Busca trazer a teoria para situações da vida real e, frequentemente, é utilizada na criação de políticas públicas. Pode ser empregada para explorar questões como o que são os direitos humanos; se abortos são morais ou não; quais são os direitos dos animais, etc. Encontramos muitos tipos de ética aplicada, incluindo na área médica (bioética), legal (àqueles que praticam as leis) e nos meios de comunicação (ética no jornalismo, marketing, etc.)

QUESTÃO COMENTADA 1. (Enem) Panayiotis Zavos “quebrou” o último tabu da clonagem humana – transferiu embriões para o útero de mulheres, que os gerariam. Esse procedimento é crime em inúmeros países. Aparentemente, o médico possuía um laboratório secreto, no qual fazia seus experimentos. “Não tenho nenhuma dúvida de que uma criança clonada irá aparecer em breve. Posso não ser eu o médico que irá criá-la, mas vai acontecer”, declarou Zavos. “Se nos esforçarmos, podemos ter um bebê clonado daqui a um ano, ou dois, mas não sei se é o caso. Não sofremos pressão para entregar um bebê clonado ao mundo. Sofremos pressão para entregar um bebê clonado saudável ao mundo. CONNOR, S. Disponível em: www.independent.co.uk. Acesso em: 14 ago. 2012 (adaptado).

A clonagem humana é um importante assunto de reflexão no campo da bioética que, entre outras questões, dedica-se a: a) Refletir sobre as relações entre o conhecimento da vida e os valores éticos do homem. b) Legitimar o predomínio da espécie humana sobre as demais espécies animais no planeta. c) Relativizar, no caso da clonagem humana, o uso dos valores de certo e errado, de bem e mal. d) Legalizar, pelo uso das técnicas de clonagem, os processos de reprodução humana e animal. e) Fundamentar técnica e economicamente as pesquisas sobre células-tronco para uso em seres humanos.

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RESOLUÇÃO O campo da Ética não busca julgamento de valores, mas sim refletir e debater o campo da moral humana e as relações a partir das normativas sociais. Assim, a alternativa correta é a letra a.

EXERCÍCIOS 1. (UEL-PR) Leia o texto a seguir. A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consiste numa mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado de sabedoria prática. (Aristóteles. Ética a Nicômaco. Trad. de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Livro II, p. 273.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a situada ética em Aristóteles, pode-se dizer que a virtude ética: a) reside no meio termo, que consiste numa escolha situada entre o excesso e a falta. b) implica na escolha do que é conveniente no excesso e do que é prazeroso na falta. c) consiste na eleição de um dos extremos como o mais adequado, isto é, ou o excesso ou a falta. d) pauta-se na escolha do que é mais satisfatório em razão de preferências pragmáticas. e) baseia-se no que é mais prazeroso em sintonia com o fato de que a natureza é que nos torna mais perfeitos.

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2. (UFU) O imperativo categórico é, portanto só um único, que é este: Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal. (KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. de Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1995. p. 59.)

Segundo essa formulação do imperativo categórico por Kant, uma ação é considerada ética quando: a) Privilegia os interesses particulares em detrimento de leis que valham universal e necessariamente. b) Ajusta os interesses egoístas de uns ao egoísmo dos outros, satisfazendo as exigências individuais de prazer e felicidade. c) É determinada pela lei da natureza, que tem como fundamento o princípio de auto-conservação. d) Está subordinada à vontade de Deus, que preestabelece o caminho seguro para a ação humana. e) A máxima que rege a ação pode ser universalizada, ou seja, quando a ação pode ser praticada por todos, sem prejuízo da humanidade.

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REFERÊNCIAS ABRÃO, B. S. Os Pensadores: História da Filosofia. São Paulo: Nova Cultural, 1999. BLACKBURN, S. Dicionário Oxford de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1977. CHAUI, M. Iniciação à Filosofia: ensino médio, volume único. São Paulo: Ática, 2013. KLEINMAN, P. Tudo o que você precisa saber sobre Filosofia: de Platão e Sócrates até a ética e metafísica. São Paulo: Editora Gente, 2014. WARBURTON, N. Uma breve história da Filosofia. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2015.

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GEOGRAFIA Os avanços nas comunicações tem sido uma das marcas mais significativas do mundo globalizado. Nunca se publicou tantas notícias no mundo e nunca tantas pessoas tiveram enorme facilidade de acesso a elas, tornando esse momento histórico, principalmente para os profissionais que trabalham com informações como matéria prima. Nesse capítulo, apresentaremos um panorama da Globalização em nível mundial, assim como a formação de Blocos Econômicos e as implicações advindas desse processo.

Globalização da Economia A Globalização é um dos processos de aprofundamento internacional e integração econômica, social, cultural e política que teria sido impulsionado pelo barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países no final do século XX e início do século XXI. Embora vários estudiosos situem a origem da globalização em tempos modernos, outros traçam a sua história muito antes da era das descobertas e viagens ao Novo Mundo pelos europeus, alguns até mesmo consideram suas origens ao terceiro milênio a.C. No entanto, é fato que no final do século XIX e início do século XX, a conexão das economias e culturas do mundo cresceu muito rapidamente. O termo Globalização tem seu uso crescente desde meados da década de 1980 e, especialmente, a partir de meados da década de 1990. Em 2000, o Fundo Monetário Internacional (FMI) identificou quatro aspectos básicos da globalização: comércio e transações financeiras, movimentos de capital e de investimento, migração e movimento de pessoas e a disseminação de conhecimento. Além disso, os desafios ambientais como a mudança climática, poluição do ar e excesso de pesca do oceano estão ligadas à globalização. O cientista político Samuel P. Huntington, ideólogo do neoconservadorismo norteamericano, enxerga a globalização como processo de expansão da cultura ocidental e do sistema capitalista sobre os demais modos de vida e de produção do mundo, que conduzirá inevitavelmente a um “choque de civilizações”. Já o pensador italiano Antônio Negri, defende em seu livro Império que a nova realidade sócio-política do mundo é definida por uma forma de organização diferente da hierarquia vertical ou das estruturas de poder “arborizadas”, ou seja, partindo de um tronco único para diversas ramificações ou galhos cada vez menores. Para Negri, esta nova dominação – batizada por ele de Império – é constituída por redes assimétricas, e as relações de poder se dão mais por via cultural e econômica do que uso coercitivo de força. Negri entende que entidades organizadas como redes – tais como corporações, ONGs e até grupos terroristas – têm mais poder e mobilidade, portanto, mais chances de sobrevivência no novo ambiente do que instituições paradigmáticas da modernidade, como o Estado, partidos e empresas tradicionais.

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Em contrapartida, temos a Antiglobalização, termo genérico utilizado sobretudo nos anos 1990, para descrever o movimento de oposição aos aspectos capitalista-liberais da globalização. O movimento reivindica o fim de determinados acordos comerciais e do livre trânsito do capital financeiro internacional e a formação de certos blocos comerciais como o NAFTA e a ALCA. Alguns dos que se identificam como antiglobalistas propõem, também, alternativas ao regime econômico capitalista, como o Socialismo, o Comunismo e o Anarquismo, já outros, manifestam preocupação com danos ao meio ambiente e aos direitos humanos, entre outros fatores que julgam serem produto da globalização capitalista. Para Conversi (2004), a Globalização Cultural em sua forma atual, pode ser entendida como a importação em via de mão única, de itens culturais estandartizados e ícones de um único país (Estados Unidos), em uma “americanização” altamente superficial, incoerente, fracional e deficiente, em que os outros povos “como macacos, imitam algo que eles nem mesmo entendem”.

Blocos Econômicos Juntamente com as questões que envolvem a Globalização, é de extrema importância também revisarmos as temáticas relacionadas aos Blocos Econômicos e suas implicações. Recebe o nome de bloco econômico a associação de países que estabelecem relações econômicas privilegiadas entre si e que concordam em abrir mão de parte da soberania nacional em proveito da associação. Como resultado da economia mundial globalizada, a tendência atual é a formação de blocos econômicos destinados a realizar maior integração entre seus membros e facilitar o comércio entre os mesmos. Para isso, geralmente adotam a redução/isenção de impostos ou de tarifas alfandegárias e buscam soluções em comum para problemas comerciais. Em tese, o comércio entre os integrantes de um bloco propicia crescimento, e não participar de uma organização desse tipo atualmente significa viver isolado do mundo comercial. Tais associações são costumeiramente formadas por países vizinhos ou que possuam afinidades culturais/comerciais. Os blocos econômicos podem ser classificados em: Zona de Preferência Tarifária, Zona de Livre Comércio, União Aduaneira, Mercado Comum e União Econômica e Monetária. Cada modalidade equivale a um grau de comprometimento maior de soberania, e cabe aos membros do bloco decidir qual nível é o mais adequado. A União Europeia é um exemplo de bloco que seguiu todos esses passos – já atingiu a união econômica e monetária – mas outros não seguiram necessariamente essa ordem. O bloco econômico MERCOSUL, por exemplo, é classificado como União Aduaneira. O primeiro Bloco Econômico existente surgiu na Europa, em 1956. Era formado inicialmente pela Bélgica, Alemanha Ocidental, Holanda, Itália, Luxemburgo e França, sendo conhecido pela sigla CECA (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço). Esse grupo foi, logo depois, o embrião da moderna União Europeia (UE).

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Para complementação de conhecimentos sobre a globalização da economia, segue confira os links e a indicação de livro a seguir: •

Artigo:

<http://www.revistas.unifacs.br/index.php/rgb/article/viewFile/157/160> •

Vídeo:

<https://www.youtube.com/watch?v=XOcZaEo9VYc> •

Livro:

Por Uma Outra Globalização: do pensamento único à consciência universal, Milton Santos.

QUESTÃO COMENTADA 1. (FATEC) Palavras de ordem, símbolos, propaganda, atos públicos, vandalismo e violência são, atualmente, manifestações de hostilidade frequentes contra estrangeiros na Europa. Os países onde mais intensamente têm ocorrido conflitos são Alemanha, França, Inglaterra, Bélgica e Suíça. (MOREIRA, Igor e AURICCHIO, Elizabeth. Construindo o espaço mundial. 3.ª ed. São Paulo: Ática, 2007, p. 37. Adaptado.)

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Sobre o fenômeno social enfocado pelo texto, é válido afirmar que se trata de conflitos: a) civis e militares relacionados às formas históricas de exploração dos países do chamado Terceiro Mundo. b) ligados ao nacionalismo, ao racismo e à xenofobia, no contexto globalizado das grandes migrações internacionais. c) entre imigrantes das diversas nacionalidades que invadem a Europa, atualmente, na disputa por empregos e por melhores condições de vida. d) culturais principalmente causados pelo conflito armado entre países católicos e protestantes, mas também, sobretudo, conflitos contra países islâmicos. e) étnicos e sociais decorrentes das dificuldades de desenvolvimento de países europeus em continuar a sua industrialização nos setores tecnológicos de ponta.

RESOLUÇÃO A xenofobia é a aversão ou intolerância a povos estrangeiros que migram de uma determinada região. Esse fenômeno vem sendo bastante corrente na Europa, por conta da grande quantidade de estrangeiros que migram para esse continente em busca de melhores condições de vida. Conforme ressalta o texto, em alguns países, os casos de xenofobia são mais acentuados. Portanto, a resposta correta é a letra b.

EXERCÍCIOS 1. (UFPR – adaptada) A globalização ora em curso está para o atual período científico-tecnológico do capitalismo como o colonialismo esteve para sua etapa comercial ou o imperialismo para o final da fase industrial e início da fase financeira. Trata-se de uma expansão que visa aumentar mercados e, portanto, lucros, que é o que de fato move os capitais produtivos ou especulativos, na arena do mercado.

SENE, E. de; MOREIRA, J. C. Geografia geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 1998. p. 64. Texto adaptado.

Sobre as manifestações características da globalização, é correto afirmar: a) A redefinição das relações políticas, econômicas e culturais entre os países modifica o papel e o significado das fronteiras nacionais. b) A globalização anulou a força/influência do EstadoNação como poder regulador da vida econômica e social dos países. c) A nova divisão internacional do trabalho permite que grandes conglomerados empresariais passem a exercer uma dominação crescente no setor industrial e de serviços.

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d) É cada vez menor a cooperação internacional entre governos, instituições não governamentais e indivíduos, dado o crescente isolamento das nações. e) É decrescente a interligação e interdependência dos mercados financeiros em escala mundial.

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2. (Brasil Escola) A circulação tem grande significado geográfico no mundo globalizado. No tocante ao transporte, ela compreende homens e riquezas; já no campo das comunicações, inclui o som, a palavra, a imagem, as ideias e, por conseguinte, a experiência de espaço e de tempo. Com base nos conhecimentos sobre a abordagem geográfica da circulação, podese afirmar que: ( ) a Revolução Industrial impulsionou a revolução dos transportes, possibilitando a construção de ferrovias e o uso da máquina a vapor na navegação. ( ) o aprimoramento dos transportes representou a estagnação da produção em alguns setores da economia, tais como a agropecuária e o comércio, que deixaram de atrair os investimentos estrangeiros. ( ) a popularização do automóvel, o surgimento do avião, a transmissão de energia elétrica em alta tensão, o desenvolvimento da comunicação e dos transportes são marcas da sociedade industrial. ( ) a produção de computadores, softwares e satélites, a utilização do fax e dos cabos de fibra óptica permitiram que as informações econômicas e financeiras e o fluxo de capitais se tornassem mais globalizados. a) VFVV b) VVFV c) VVVF d) FVVV e) FFFF

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REFERÊNCIAS ALCÂNTARA, E. 7 perigos de dar uma banana para a ALCA. Revista In: Veja. São Paulo: Abril. 15 out. 2003. p. 38-44. CONVERSI, D. Americanization and the planetary spread of ethnic conflict: the globalization trap. In: Planet Agora. 2004. GRANDE ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL. São Paulo: Nova Cultural, 1998. JAKOBSEN, K. ALCA: quem ganha e quem perde com o livre comércio nas Américas. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 1996.

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SOCIOLOGIA Olá, tudo bem? Nesse capítulo abordaremos como a Sociologia faz parte da formação dos profissionais de Comunicação Social, vamos nessa? O profissional de Comunicação Social (Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações públicas) tem na sua formação básica comum as disciplinas de Sociologia Geral e Comunicação, Sociedade e Cultura. A contribuição da Sociologia vai além dessas duas disciplinas. Ela contribui, no caso do Jornalismo, na investigação sobre como as notícias são produzidas, bem como fornece rudimentos para a construção de instrumentos de pesquisa de opinião e de consumo, necessárias à Publicidade, além de questionar os impactos das transformações tecnológicas e da globalização sobre o jornalismo. Vamos entender como isso ocorre?

O que é globalização? Globalização é a palavra do momento. Parece que todos os aspectos da vida humana sofrem com seus com efeitos. A maneira como nos comunicamos, o que vemos na televisão, o preço que pagamos no pãozinho do café da manhã, bem como os atuais dramas sociais como os conflitos e guerras, que tem como consequência imediata a migração em massa de refugiados. A primeira característica, e uma das mais conhecidas quando se aborda o tema globalização, é a contração tempo-espaço. Esse aspecto foi analisado por autores como Milton Santos, Bauman, Beck e Giddens. A contração tempo-espaço significa a capacidade – fruto do desenvolvimento tecnológico – de encurtamento das distâncias e do tempo, numa velocidade tão grande que encontramos precedentes na história. Essa aproximação do mundo tem gerado debates sobre os efeitos da globalização sobre as culturas, as formas de consumo, sobre o aumento ou perda do poder do Estado, seus efeitos no mundo do trabalho, bem como o aumento das desigualdades sociais a nível global. A seguir uma definição sobre o significado de globalização que sintetiza os seus principais aspectos. Para Stuart Hall (2006) – utilizando- se do trabalho de Anthony McGrew – a globalização: se refere àqueles processos, atuantes numa escala global, que atravessam fronteiras nacionais, integrando e conectando comunidades e organizações em novas combinações de espaço-tempo, tornando o mundo, em realidade e em experiência, mais interconectado. A globalização implica um movimento de distanciamento da ideia sociológica clássica da “sociedade” como um sistema bem delimitado e sua substituição por uma perspectiva que se concentra na forma como a vida social está ordenada ao longo do tempo e do espaço.

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Outro ponto crucial sobre os efeitos da globalização é o analisado por Bauman (1999) em sua obra Globalização: As consequências Humanas definida pelo autor como guerras espaciais, que significa a facilidade de se mover as empresas de um lugar ao outro em busca de vantagens econômicas. Bauman citando Albert J. Dunlap coloca que “a companhia pertence às pessoas que nela investem — não aos seus empregados, fornecedores ou à localidade em que se situa.” Essa colocação versa sobre a facilidade de mobilidade do capital quanto à busca de vantagens econômicas, ao mesmo tempo em que desobriga sobre os custos sociais (desemprego, pobreza) causados pelo desprendimento dessas empresas. A mobilidade de capitais e investimentos pelas empresas decorrem da desigualdade entre os países a nível global. Os Estados nacionais mais pobres tendem a aceitar a maior parte das exigências das empresas multinacionais para que estas se instalem em seus países, isso gera concorrência entre os países pobres que acabam por aceitar a instalação de empresas com os menores ganhos possíveis. Outro elemento típico da era globalizada, relevante para a formação do jornalista, é o que Milton Santos apontou de caráter despótico da informação. Segundo o autor, as difusões das condições técnicas e informacionais que deveriam permitir o desenvolvimento da criticidade e da ampliação dos conhecimentos, serve apenas aos interesses de poucos grupos dominantes. Para Santos “o que é transmitido à maioria da humanidade é, de fato, uma informação manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde” (SANTOS, 2006). Outro ponto aliado a este, é o fato de que o enorme volume de informação diária produzida acaba tendo como efeito o encobrimento das notícias realmente relevantes ocorrendo então uma censura em razão do excesso de informações.

Globalização X Estado A Globalização reforça o papel do Estado em alguns campos ao mesmo tempo que diminui as atribuições do Estado em diversos setores. A diminuição do poder estatal é agravado com o processo de globalização, visto a linguagem globalizante ser essencialmente um discurso neoliberal. O neoliberalismo defende o chamado estado mínimo, onde são relegadas ao Estado apenas atribuições como a manutenção da ordem por meio da repressão, onde os serviços públicos como saúde e educação se tornam pouco a pouco mercadoria a serem adquiridas pelos indivíduos. Segundo Bauman (1999), a única tarefa econômica permitida ao Estado, e que se espera que ele assuma, é a de garantir um “orçamento equilibrado”, policiando e controlando as pressões locais por intervenções estatais mais vigorosas na direção dos negócios e em defesa da população face às consequências mais sinistras da anarquia de mercado. (BAUMAN,1999 p.65). Atualmente, vemos uma grande onda populista e de crescimento de governos de direita e extrema direita pelo mundo. Boa parte da explicação da vitória desses governantes é o uso que fizeram do impacto da globalização sobre as classes sociais mais baixas de seus países.

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A Globalização teve como efeito para os países europeus e os Estado Unidos, a migração de suas indústrias para outros países, o que acabou por gerar desemprego para uma parte considerável da população. Nesse sentido, esses políticos de extrema direita construíram seus discursos sob o ódio da imigração e vendendo a ideia de que nacionalizaria novamente parte de suas indústrias. Esse discurso dificilmente pode ser posto em prática na medida em que Bauman – citando René Passat – traz a ideia de que qualquer Estado que se envolvesse em assuntos relativos à vida econômica internacional sofreria rapidamente “furiosa punição dos mercados mundiais” (BAUMAN, 1999).

Globalização x Cultura A globalização também trouxe impactos sobre o campo da cultura a ponto de surgir debates a respeito do caráter homogeneizador ou híbrido da cultura, isto é, a globalização é capaz de destruir as culturas locais e construir uma cultura global? Ou ela acaba por reforçar a lógica da identidade e dessa forma reforçar a diversidade cultural? Para alguns autores que defendem a homogeneização, vale a tese da convergência da cultura global, mediante a qual, há uma imposição crescente de uma certa universalização, pelo menos no sentido da unificação dos estilos de vida, símbolos culturais e formas transnacionais de convivência. A já consagrada expressão “mcdonaldização do mundo” – cunhada por Ritzer (1995), numa alusão aos preceitos da empresa transnacional de fast food, baseada num modelo de produtividade e rápido escoamento de gêneros padronizados – é a metáfora central neste campo” (MANCEBO, 2002) Segundo Hall (2006), esse debate acerca homogeneização cultural é também sobre a tensão entre local e global e sua relação com as identidades. O argumento dos que a defendem é que em razão da globalização da cultura por meio da indústria cultural, as identidades culturais locais estariam sendo solapadas. Ainda de acordo com Hall, “parece improvável que a globalização vá simplesmente destruir as identidades nacionais. É mais provável que ela vá produzir, simultaneamente, novas identificações “globais” e novas identificações “locais””. (p.78)

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QUESTÃO COMENTADA 1. (Uerj)

As consequências do processo de globalização e da atual crise econômica nos Estados Unidos têm levado norte-americanos a procurar oportunidade de trabalho em outros países, como o Canadá. Na charge, a pergunta irônica do empresário expõe a seguinte contradição da atuação das empresas globais nos EUA a) criação de rede planetária de transportes - limite à exportação de capitais. b) expansão de produção terceirizada - consumo dependente de empregabilidade. c) prioridade de investimento no setor industrial de base - concentração financeira na Ásia. d) política de ampliação dos benefícios trabalhistas - restrição à mobilidade espacial de imigrantes. e) nacionalização da produção – aumento da mobilidade de capitais.

RESOLUÇÃO A globalização tende a contribuir com a terceirização a produção e a respectiva migração das fábricas para países com mão de obra mais barata. Dessa forma esse processo contribui para a diminuição dos postos de trabalho no países desenvolvidos. Portanto, a alternativa correta é a b.

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EXERCÍCIOS 1. (UEL-PR) A globalização não apaga nem as desigualdades nem as contradições que constituem uma parte importante do tecido da vida social nacional e mundial. Ao contrário, desenvolve umas e outras, recriando-se em outros níveis, com novos ingredientes. As mesmas condições que alimentam a interdependência e a integração alimentam as desigualdades e contradições, em âmbito tribal, regional, nacional, continental e global. (IANNI, O. A sociedade global. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. p. 127.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema globalização, é correto afirmar. a) A importação do cinema norte-americano e da literatura europeia configura-se em um dos aspectos da globalização que afeta positivamente o Terceiro Mundo. b) A revolução tecnológica constitui-se na grande conquista da era da globalização, pois ela garante o estabelecimento de regimes democráticos no mundo. c) Num mundo globalizado, a desigualdade, que é parte integrante das sociedades, desaparece em função do desenvolvimento igualitário da relação de produção material e cultural. d) A globalização constitui-se em um fenômeno de abertura das economias rumo a uma integração mundial e é, ao mesmo tempo, seletiva, pois não envolve todas as regiões, atividades e segmentos sociais. e) A globalização caracteriza-se pela valorização das culturas locais visando à criação e à implantação de democracias multiculturais nas Américas e na Ásia.

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2.

(UEM-PR) Assinale o que for correto sobre o fenômeno da globalização. ( ) Com a globalização, há uma diminuição do poder do Estado e uma intensificação das ações de blocos econômicos como o Mercosul, o Nafta e a Alca. ( ) A abertura dos mercados, a reestruturação produtiva e a instalação dos governos neoliberais são acontecimentos que diminuíram a força do fenômeno da globalização. ( ) Há movimentos antiglobalização que lutam pelo fim do trabalho e da prostituição infantis e pelo fim do tráfico de crianças e de mulheres. ( ) O Fórum Social Mundial é um espaço organizado de discussões dos setores populares apoiados, dentre outros, por sindicatos, por organizações não governamentais, por governos populares e por associações profissionais. ( ) A globalização, ao gerar um aumento das contradições no capitalismo, possibilitou também um crescimento da solidariedade mundial.

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REFERÊNCIAS BAUMAN, Z. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999. HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 11ª ed. 2006. MANCEBO, D. Globalização, cultura e subjetividade: discussão a partir dos meio de comunicação de massa. Psic.: Teor. e Pesq. n⁰ 3. vol.18. Brasília, 2002. SANTOS, Milton. Por uma outra globalização – do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2006. TEIXEIRA, L. B. O padrão excludente da urbanização: o caso do Bolsão AUDI-UNIÃO Em Curitiba-PR. XV Congresso Brasileiro de Sociologia. Curitiba, 2011.

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LÍNGUA PORTUGUESA “A escrita permeia hoje quase todas as práticas sociais dos povos que penetrou”, segundo Marcuschi (1997, p. 121). Como propõe este autor, a escrita é usada em contextos básicos da vida, que não raramente serão decisivos para fins específicos em nossas vidas. Pode parecer um tanto exagerado, mas o modo como você se posiciona em relação ao domínio da língua escrita tem um grande poder em situações relativas ao trabalho, aos estudos e, de certo modo, à sua vida pessoal. Outra questão fundamental é o modo como lemos e interpretamos as informações disponibilizadas e suscitadas nos mais variados contextos em que nos inserimos. Sobretudo, nesta etapa de muito estudo e preparação, para a escolha de uma carreira, saber selecionar, hierarquizar (ou seja, organizar) e analisar informações relevantes, de acordo com determinados propósitos, torna-se um diferencial em nossa formação profissional. Por conseguinte, o processo de avaliação de universidades, hoje, se pauta na elaboração de redações (produção escrita), que cada vez mais tem abrangido distintos gêneros textuais, como podemos observar nas universidades públicas do Paraná. Por serem exames classificatórios, essas redações são avaliadas com base em critérios para notas, o que minimiza a subjetividade na avaliação dos corretores, colaborando para imparcialidade e confiabilidade do processo. Sendo assim, é importante que você leia atentamente o edital e, em alguns casos, o manual do candidato da universidade a qual pretende prestar vestibular, que provavelmente estarão disponíveis na página da instituição de ensino e inscrição/acesso à instituição de ensino superior (IES). Outro ponto crucial, e isso vale para o dia da prova, é compreender claramente o enunciado da proposta de redação, a fim de identificar o gênero textual solicitado e atender ao que de fato é solicitado pelo processo. Neste capítulo você será apresentado ao Gênero Narrativo, no qual o produtor do texto se coloca na perspectiva do fazer ou acontecer inserido no tempo. O que quer é contar o que aconteceu, dizer os fatos, acontecimentos, constituindo episódios, ordenados no tempo. Relata uma história real, fictícia ou mescla dados reais e imaginários.

Narração Para ser caracterizado como uma narração, esse modelo de texto precisa apresentar os seguintes elementos: personagens, tempo, espaço, enredo e narrador. As principais formas de narrador são •

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Narrador-personagem: aquele que participa da história, geralmente narra em 1ª pessoa – eu.

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Narrador observador: aquele que funciona como uma câmera cinematográfica, consegue contar apenas o que vê superficialmente, mas não tem acesso à consciência dos personagens.

Narrador-onisciente: aquele que consegue narrar até os pensamentos, as sensações e as emoções mais profundas dos personagens.

Os personagens podem ser classificados como: •

Protagonista: é o personagem mais bem desenvolvido na história. A experiência do protagonista é o foco da narrativa e a base para o desenvolvimento do enredo. É a partir da perspectiva desse personagem que julgamos tudo o que acontece na história.

Personagem central: é o personagem que desperta maior excitação ou ansiedade na história. O personagem central não é necessariamente (mas pode ser) o protagonista. A grande diferença entre os dois é que, durante a história, no envolvemos emocionalmente com o protagonista, enquanto o personagem central apenas chama nossa atenção e desperta nossa curiosidade.

Co-protagonista: é o personagem que tem relação próxima com o protagonista e o ajuda na busca de seu objetivo ou tem o mesmo objetivo que ele. Co-protagonistas ajudam a tornar mais complexa e enriquecer a história, permitindo que diferentes aspectos do tema central sejam explorados.

Antagonista: é o personagem que traz ou representa uma ameaça, obstáculo, dificuldade ou impedimento ao que o protagonista deseja alcançar. O objetivo do antagonista é o oposto do protagonista.

Oponente: é o personagem que tem uma relação próxima com o antagonista e compartilha, em algum nível o mesmo desejo que ele.

Falso protagonista: é um personagem que é apresentado de forma a induzir o leitor a acreditar que ele é o foco principal da trama para, na sequência, revelar quem é o verdadeiro protagonista como uma dose de surpresa.

Coadjuvante: personagem secundário que auxilia no desenvolvimento da história.

Figurante: personagem com papel ilustrativo, que não tem relação com o enredo ou nenhum dos personagens. São usados apenas para compor um cenário.

O texto narrativo apresenta a seguinte estrutura: •

Apresentação: nesse momento são introduzidos alguns personagens e são expostas algumas circunstâncias da história, como o momento, lugar no qual a ação se desenvolverá.

Complicação: aqui inicia-se propriamente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem, conduzindo ao clímax.

Clímax: é o ponto da narrativa no qual a ação atinge seu momento crítico, tornando o desfecho inevitável.

Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas ações dos personagens.

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Quando você se deparar com uma proposta desse tipo, tente caracterizar os personagens com traços marcantes e essenciais, tanto física como psicologicamente, de modo a possibilitar ao espectador criar uma imagem definida. Isso os tornará mais interessantes, prendendo mais a atenção do leitor. Procure definir nos personagens e na situação elementos que serão importantes para a solução dos conflitos no final da narração. Estabelecida a situação inicial, crie uma situação inusitada que desencadeie uma circunstância de conflito. A partir dessa situação, crie uma série de ações que mantenham o clima de suspense em relação aos acontecimentos que virão, aumentando a tensão. Caracterize alguns espaços e objetos determinantes no enredo, de forma a cativar e envolver o leitor. No clímax, misture de forma criativa alguns dos elementos inesperados para criar o instante decisivo da narração. Esse retorno aos elementos iniciais assegura a coesão do texto, e a associação de elementos novos garante que o texto não se torne previsível. O desfecho deve ser original, inesperado, surpreendente. Caso contrário, a narrativa pode se transformar num simples relato. Finalize de modo a tentar suprir as expectativas dos leitores. Capriche, pois muitas vezes o final é responsável pela avaliação de toda a narração. As possibilidades para estruturar uma narração são muitas, como iniciar pelo desfecho, construir o texto apenas através de diálogos, fugir ao nexo lógico ou temporal etc. Esses diferentes estilos são bastante utilizados por pessoas que escrevem de forma mais constante e com experiência. Se você ainda não tem esse hábito de escrever com frequência, recomendamos que siga uma estrutura mais básica até que se sinta seguro para alterá-la.

PARA IR ALÉM <https://www.normaculta.com.br/texto-narrativo>. <https://www.youtube.com/watch?v=ChVzm7pkrZ8>.

PROPOSTA COMENTADA 1. (Unicentro-PR) Maioria de casos de bullying ocorre na sala de aula Uma pesquisa nacional sobre bullying — agressões físicas ou verbais recorrentes nas escolas — mostrou que a maior parte do problema (21% dos casos) ocorre nas salas de aula, mesmo com os professores presentes. Dos 5168 alunos de 5ª a 8ª séries de escolas públicas e particulares de todas as regiões do país que foram entrevistados, 10% disseram ser vítimas de bullying e 10%, agressores — 3% são ao mesmo tempo vítimas e agressores. O estudo, feito pelo Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (Ceats/FIA) para a ONG Plan Brasil, mostrou o despreparo das escolas e dos professores. “As escolas mostraram uma postura passiva para uma violência que acontece no ambiente escolar”, afirmou Gisella Lorenzi, coordenadora da pesquisa.

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“Em outros países, o lugar preferencial de agressões é o pátio, onde costuma haver mais alunos e menos supervisão”, disse Cléo Fante, pesquisadora da Plan, especialista em bullying. Segundo o estudo, 7,9% das agressões são feitas no pátio, 5,3% nos corredores e 1,8% nos portões da escola. A pesquisa indicou também que 28% dos estudantes foram vítimas de algum tipo de violência dentro da escola no último ano e mais de 70% deles presenciaram agressões. A principal consequência do bullying para a vida escolar é semelhante tanto para agredidos quanto para os agressores. A perda de “concentração” e “entusiasmo” pelo colégio foram as consequências mais citadas pelos dois lados (16,5% das vítimas e 13,3% dos agressores). “A violência na escola impede a plena realização do potencial das crianças”, afirmou Moacyr Bittencourt, presidente da Plan Brasil. Outros dados são que 37% dos entrevistados disseram que “às vezes” sentem medo no ambiente escolar e 13% afirmaram que nunca se sentem acolhidos. E, com a internet, insultos e ameaças via rede passaram a fazer parte da realidade dos alunos (mais informações nesta página). (ALVAREZ, Luciana. O Estado de São Paulo. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/ noticias/vidae,maioria-de-casos-de-bullying-ocorre-na-sala-de-aula-,538620.htm>. Acesso em: 30 set. 2011.)

Imaginando-se como personagem de uma situação em que ficou constatado um caso de bullying, escreva uma crônica narrando o fato e as suas consequências. Observações 1. Não se esqueça, em sua crônica, dos elementos que compõem um texto narrativo: foco narrativo, tempo, espaço, personagens, discurso, enredo, linguagem adequada ao contexto narrado. 2. Lembre-se de que você deverá criar um narrador-personagem. 3. A partir de uma breve narrativa, a crônica leva o enunciador a refletir sobre um fato do cotidiano e a emitir sua opinião sobre ele, usando argumentos favoráveis à defesa do seu ponto de vista sobre o assunto.

COMENTÁRIOS O primeiro ponto a ser levado em consideração é que o enunciado da questão pede um texto do gênero crônica. De maneira esquematizada, suas características são: •

texto do tipo narrativo curto;

descrição de fatos da vida cotidiana;

possibilidade de apresentar caráter humorístico, crítico, satírico e/ou irônico;

presença personagens comuns;

desenrola-se em um tempo cronológico determinado;

permissão para uso da oralidade na escrita e do coloquialismo na fala das personagens.

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Uma possível matriz de correção para esse texto avalia os seguintes aspectos Desempenho

Critério

Nulo

O texto não corresponde a uma crônica (não apresenta nenhuma das características citadas acima)

Fraco

Ausência de projeto de texto Relato fragmentado de fatos Uso precário de elementos constitutivos das sequências descritivas, narrativas e explicativas

Regular

Indícios de projeto de texto Indícios de elementos constitutivos das sequências descritivas, narrativas e explicativas (operação com narrador, personagens, situações etc.). Indícios de relato de fatos cotidianos Indícios de progressão temporal entre os acontecimentos relatados

Bom

Projeto de texto definido Uso adequado de elementos constitutivos das sequências descritivas, narrativas e explicativas (operação com narrador, personagens, figuratividade, situações etc.) Relato apropriado de fatos cotidianos Mobilização apropriada das diferentes vozes enunciativas (narrador, personagens) em discursos direto e indireto Marcas de progressão temporal entre os acontecimentos relatados

Ótimo

Projeto de texto excelente Trabalho evidente com elementos constitutivos das sequências descritivas, narrativas e explicativas (operação com narrador, personagens, figuratividade, situações etc.) Relato de fatos cotidianos, oferecendo uma interpretação que revela ao leitor algo que não é percebido pelo sendo comum Extrapolação na mobilização das diferentes vozes enunciativas (narrador, personagens) em discursos direto e indireto Organização evidente da progressão temporal, indicando posterioridade, concomitância e anterioridade entre os episódios relatados

AGORA É SUA VEZ 1. (UEPG) TEXTO 1 CACHORRO SEM DENTES VIRA MODELO E ESTRELA CAMPANHA DE MARCA DE ÓCULOS A cadela Toast já era uma celebridade no Instagram, com mais de 150 mil fãs. Agora, a tendência é que sua popularidade dispare. Ela é a nova estrela da campanha da Karen, uma marca de óculos americana da estilista de mesmo nome. A marca anunciou a parceria no último domingo (25/01) pelo Instagram. A história de Toast foi comparada com a de Cinderela. “Ela foi achada vivendo em circunstâncias cruéis, resgatada e rapidamente alçada à fama graças às suas maravilhosas poses, personalidade encantadora e um distinto senso de humor”, diz o post. Adaptado de: http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Acao/noticia/2015/01/ cachorro-sem-dentes-vira-modelo-e-estrela-campanha-de-marca-de-oculos.html

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http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=700 TEXTO 2 - GALINHA ADOTA FILHOTES DE GATO EM JAGUARI (RS) Uma história para despertar a curiosidade e o espanto em qualquer um. Um exemplo surpreendente da natureza. Uma galinha deu “asas” ao instinto materno e resolveu adotar três novos filhotes. O inusitado é que, em vez de penas, eles têm pelos. Em um lugar onde os bichos são criados soltos, a convivência entre as diferentes espécies alcançou um nível, no mínimo, curioso. Quem resolveu desafiar a lógica da natureza foi uma galinha. Ela simplesmente adotou três filhotes de gato. Cuidadosa como toda mãe, protege as crias com unhas e bico. Adaptado de: http://anda.jusbrasil.com.br/noticias/112068576/galinha-adota-filhotesde-gato-em-jaguari-rs

Como você deve ter observado, os textos têm como destaque um fato curioso ocorrido com animais. Elabore uma narração escolar, na qual o personagem central é um animal e sobre ele conte uma história inusitada, ou seja, incomum, fora dos padrões esperados para esse personagem. Lembre-se, os textos 1 e 2 são apenas exemplos, não faça cópia ou paráfrase dos mesmos. Elabore sua redação, em prosa, com um mínimo de 10 linhas e máximo de 17 linhas, colocando um título.

REFERÊNCIAS CABRAL. M. Narração: tipos de narrador. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com. br/redacao/narracao-tipos-narrador.htm>. Acesso em: 26 nov. 2016. FICÇÃO EM TÓPICOS. Classificação. Disponível em: <http://ficcao.emtopicos.com/criarpersonagem/classificacao/>. Acesso em: 26 nov. 2016. MARCUSCHI, L. A. Concepção de língua falada nos manuais de português de 1º. e 2º. Graus: uma visão crítica. In: Trabalhos em Linguística Aplicada, 30: 39-79, 1997.

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4. FILOSOFIA O filósofo investiga e questiona a essência e a natureza do universo, do homem e de fatos. Sua ferramenta é a análise, a reflexão e a crítica. O filósofo estuda as grandes correntes do pensamento e seus principais autores. Reflete também sobre problemas da Ética, Moral, Política, Metafísica e Epistemologia, Hermenêutica, Espaço, Tempo e Verdade.

Mercado de Trabalho A disciplina de Filosofia passou a ser obrigatória em todas as escolas públicas e privadas. Isso ajudou a expandir o mercado para o licenciado em Filosofia em todo o país. Para bacharéis, à docência em universidades e pesquisa é uma opção. A formação em Filosofia pode ser o diferencial competitivo em carreiras. Graduados em Filosofa são requisitados para atuar em grupos interdisciplinares de pesquisa em Ciências Cognitivas e Neurociências, bem como no campo da Bioética, que estuda as questões éticas surgidas, principalmente, do avanço das ciências biológicas e médicas. O filósofo também é solicitado para proferir palestras em empresas sobre transformações da realidade, motivação, sentido para a existência no trabalho e relação entre família e trabalho.

O que você pode fazer? Educação: ministrar aulas em escolas de Ensino Médio (licenciatura). Para o trabalho no Ensino Superior, é exigido Mestrado. Pesquisa: produção de estudos acadêmicos sobre diversos temas trabalhados pela Filosofia.

Grade curricular A seguir, links com exemplos de grades curriculares de cursos de Filosofia de algumas faculdades. UFPR: <http://www.humanas.ufpr.br/portal/filosofia/graduacao/matriz-curricular/> UEL: <http://www.uel.br/col/filosofia/pages/matriz-curricular.php> UFSC: <http://filosofia.ufsc.br/curriculo/> USP: <http://graduacao.fflch.usp.br/node/54> UFU: <http://www.cocfi.ufu.br/curso.html>

A profissão por ela mesma <http://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/filosofia/> <http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/guia-de-profissoes/filosofia/4ee 0eb1b51881c5a3400001e.html>

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HISTÓRIA A Filosofia é uma ciência intimamente ligada a história. Para compreender o surgimento das correntes filosóficas é necessário entender seu contexto. A maioria dos filósofos contestou conhecimentos históricos preexistentes relacionados a criação do mundo e a existência do ser. Portanto, para compreender o que foi trabalhado ao longo dos anos pelos filósofos, é necessário atentar para qual perspectiva baseiam-se seus pensamentos, qual contexto histórico estão inseridos e sobre o que falam. Desse modo, esse capítulo apresentará um panorama dos Movimentos Sociais na história do Brasil.

Revoltas e Movimentos Sociais No Período Colonial, o Brasil teve algumas revoltas que manifestaram o descontentamento das minorias em diversas regiões. O mapa apresentado a seguir, mostra as localidades em que ocorreram conflitos no Período Colonial, em seguida, encontramos uma tabela que explica cada conflito.

Disponível em: <http://files.jchistorybrasil.webnode.com.br/system_preview_ detail_200001032-c9c39cabde-public/Mapa%20das%20Revoltas%20Coloniais.jpg>. Acesso em: 26 nov. 2016.

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Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-ItD4CYJ7v38/UZxV_W2ZSCI/ AAAAAAAABCM/y7c5MKkNkOE/s1600/revoltas.jpg>. Acesso em: 26 nov. 2016.

Alguns conflitos ocorreram também enquanto D. João VI esteve no Brasil. Em 1817, eclodiu em Recife a Revolução Pernambucana, que teve como causas o aumento dos impostos para o sustento da Corte e da vasta burocracia, os gastos com a Guerra da Cisplatina (Uruguai), as baixas do preço do algodão e do açúcar no mercado internacional, tudo isso somado à seca que devastou algumas regiões do Nordeste. Em 1820, eclodiu em Portugal a Revolta Liberal do Porto, que exigiu a volta da família real para Portugal. D. João voltou para Portugal e deixou seu filho D. Pedro como príncipe regente. Em janeiro de 1822, D. Pedro, pressionado por portugueses e brasileiros, decidiu ficar no Brasil até setembro. O processo político se desenvolveu e culminou com a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822. Em abril de 1831, Pedro I abdicou o trono e voltou para Portugal, deixando em seu lugar seu filho com então 5 anos. Como o Brasil não poderia ser governado por uma criança, estabeleceu-se o Período Regencial, dividido em Regência Trina Provisória, Regência Trina, Regência Una de Araújo e Lima e Regência Una de Feijó. Esse período foi bastante tumultuado pelos conflitos regionais, na tabela a seguir verificamos cada conflito e suas motivações.

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Disponível em: <https://pgderolle.files.wordpress.com/2013/06/revoltas_regencia.jpg>. Acesso em: 26 nov. 2016.

Após confrontos entre liberais e conservadores, ocorreu o Golpe da Maioridade e D. Pedro II assumiu o Império, permanecendo de 1841 até 1889, quando a República foi proclamada. Durante os 48 anos de governo, ocorreram muitos conflitos como a Revolução Praieira, a Guerra do Paraguai. A economia agroexportadora se estabeleceu com o café como principal produto, o sistema ainda permanecia escravocrata, porém, aos poucos devido a pressões externas e internas, foram adotadas algumas leis abolicionistas.

Disponível em: <https://c2.staticflickr.com/4/3772/10824350944_54c67a00f4_b.jpg>. Acesso em: 26 nov. 2016.

Os anos 1870 no Brasil foram marcados por uma crescente insatisfação contra a monarquia, religiosos, militares e a oligarquia agrária. Nessa época foram lançados no Rio de Janeiro os jornais A República e o Manifesto Republicano. Logo depois, foi criado

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o Partido Republicano de São Paulo. Aos poucos, a Campanha Republicana chegou aos quartéis, onde muitos oficiais eram positivistas e favoráveis à República. Alguns conflitos se desenrolaram nesse período como a Crise do Encilhamento, algumas crises econômicas, a Revolta da Armada, contrária a posse do Floriano Peixoto e a Revolta Federalista, motivada pelo governo de Castilhos no Rio Grande do Sul. Após 1894, se estabeleceu no Brasil o período conhecido como Governo do Café com Leite, em que a administração era revezada entre paulistas e mineiros a cada eleição de maneira fraudulenta. Com o passar dos anos, a população mais simples, descontente com a situação da República para os pobres, voltou a revoltar-se. Confira a seguir as principais revoltas e suas motivações.

Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/SZqO0xhuXJs/T8UfAMHTB4I/ AAAAAAAAAFo/XFCAydylZUo/s1600/TABELA+COMPARATIVA.bmp>. Acesso em: 26 nov. 2016.

Apesar de serem conhecidos como movimentos de contestação à República, a maioria dessas revoltas buscava igualdade e acesso a direitos sociais, ainda escassos. Todas essas manifestações foram sufocadas por governos estaduais, algumas com o auxílio do Governo Federal. Os movimentos sociais acompanham a História. Passamos por diferentes momentos políticos, econômicos e sociais e nesses contextos surgem movimentos de lutas. Visualizamos na história do Brasil, especialmente nas últimas décadas a crescente expansão do conhecimento sobre movimentos e lutas que surgiram há muito tempo. Com as redes sociais, o conhecimento sobre o assunto é intensificado, ganhando novos adeptos.

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No contexto da Ditadura Militar surgiram movimentos que lutavam pelos direitos políticos e pela liberdade de expressão. Desses destacou-se o movimento da União dos Estudantes (UNE), que lutou contra a repressão durante os anos da ditadura. Uma ação emblemática desse grupo foi a Passeata dos 100 mil no Rio de Janeiro, que levou as pessoas as ruas pedindo o fim do regime autoritário. Manifestações desse tipo também ocorreram em 1984 com as Diretas já, em membros de movimentos dos trabalhadores uniram-se com a população para exigir eleições diretas para a presidência do Brasil. Em 1992 também ocorreu o Movimento Caras Pintadas, em que grande parcela da população foi as ruas pedir o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. Todas essas revoltas e manifestações levaram a construção significativa da luta por direitos. Hoje temos movimentos sociais estruturados, organizados e contínuos, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Segundo o site da organização o Brasil é um dos países com maior concentração de terras do mundo. Em nosso território, estão os maiores latifúndios. Concentração e improdutividade possuem raízes históricas, que remontam ao início da ocupação portuguesa neste território no século 16. Combinada com a monocultura para exportação e a escravidão, a forma de ocupação de nossas terras pelos portugueses estabeleceu as raízes da desigualdade social que atinge o Brasil até os dias de hoje. Disponível em: <http://www.mst.org.br/nossa-historia/>. Acesso em: 26 nov. 2016.

Ainda dentro dessa concepção, temos o Movimento dos Trabalhadores sem teto (MTST) e movimentos em defesa dos Índios, negros e das mulheres que tem como pauta a busca por direitos e a diminuição da desigualdade. O MTST é um movimento que organiza trabalhadores urbanos a partir do local em que vivem: os bairros periféricos. Não é nem nunca foi uma escolha dos trabalhadores morarem nas periferias; ao contrário, o modelo de cidade capitalista é que joga os mais pobres em regiões cada vez mais distantes. Mas isso criou as condições para que os trabalhadores se organizem nos territórios periféricos por uma série de reivindicações comuns. Criou identidades coletivas dos trabalhadores em torno destas reivindicações e de suas lutas. Ao mesmo tempo, a organização sindical, no espaço de trabalho, tem tido enormes dificuldades em organizar um segmento crescente de trabalhadores (desempregados, temporários, terceirizados, trabalhadores por conta própria, etc.), a partir de transformações ocorridas no próprio processo produtivo, que tornaram as relações trabalhistas mais complexas e diversificadas. Assim, o espaço em que milhões de trabalhadores no Brasil e em outros países tem se organizado e lutado é o território. É aí que o MTST se localiza: Somos um movimento territorial dos trabalhadores. Disponível em: <http://www.mtst.org/quem-somos/as-linhas-politicas-do-mtst/>. Acesso em: 26 nov. 2016.

Os movimentos ligados a indígenas e negros são históricos. Para a compreensão de suas bases e lutas deve-se entender também a história da exploração desses povos, marcadas pela dominação, escravidão e morte cultural. As lutas se foram necessárias a esses dois grupos,

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pois foram submetidos a condições desumanas de trabalho e de sobrevivência durante a maior parte de nossa história. Desta forma, após a abolição, os negros passaram a habitar guetos e comunidades, como forma de proteção, e em razão da falta de oportunidades. Entre as reivindicações do movimento hoje em dia está a compensação por todos os anos de trabalho forçado e à falta de inclusão social após esse período; a falta de políticas públicas destinadas a maior presença do negro no mercado de trabalho e nos campos educacionais. Também, a efetiva aplicabilidade das leis que buscam a criminalização do racismo e a plena aceitação e respeito à cultura e herança histórica. Disponível em: <http://www.politize.com.br/o-movimento-negro/>. Acesso em: 26 nov. 2016.

Para finalizar essa questão, podemos ainda destacar o movimento em proteção as mulheres, movimento histórico que luta pelas mulheres desde liberdade de expressão, o direito a voto e educação. Na década de 1960, essa luta tomou caráter de igualdade entre os sexos e atualmente busca autonomia na defesa do corpo, contra abusos e violências, principalmente doméstica. Para a complementação de conhecimentos sobre Movimentos Sociais, confira os links a seguir: •

Artigo:

<http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v16n47/v16n47a05.pdf> <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ar ttext&pid=S0102-644 51989000200003> •

Vídeos:

<https://www.youtube.com/watch?v=kRjZmV2c4yc> <https://www.youtube.com/watch?v=ys-sglPMy-A>

QUESTÃO COMENTADA (UFRN) A Guerra dos Emboabas, a dos Mascates e a Revolta de Vila Rica, verificadas nas primeiras décadas do século XVIII, podem ser caracterizadas como: a) movimentos isolados em defesa de ideias liberais, nas diversas capitanias, com a intenção de se criarem governos republicanos; b) movimentos de defesa das terras brasileiras, que resultaram num sentimento nacionalista, visando à independência política; c) manifestações de rebeldia localizadas, que contestavam alguns aspectos da política econômica de dominação do governo português; d) manifestações das camadas populares das regiões envolvidas, contra as elites locais, negando a autoridade do governo metropolitano. e) manifestações separatistas de ideologia liberal contrárias ao domínio português.

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RESOLUÇÃO Nos três movimentos situados, observamos a deflagração de movimentos que questionavam características e medidas pontuais da administração colonial portuguesa. Sob tal aspecto, nenhum desses eventos históricos advogava em favor da extinção do pacto colonial, mas apenas a revisão de alguns aspectos que contrariavam os interesses dos envolvidos. Portanto, a resposta correta é a alternativa c.

EXERCÍCIOS 1. (Uerj) A missa campal em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, em 17 de maio de 1888, foi uma celebração de Ação de Graças pela libertação dos escravos no Brasil, decretada quatro dias antes, com a assinatura da Lei Áurea. A festividade contou com a presença da princesa Isabel, regente imperial do Brasil, e de seu marido, o conde D´Eu, príncipe consorte, que, no detalhe assinalado na foto, está ao lado da princesa. Cerca de 30 mil pessoas estiveram presentes. Adaptado de brasilianafotografica.bn.br.

A abolição da escravatura no Brasil resultou de manifestações políticas e sociais que mobilizaram diferentes grupos, como ilustra a fotografia. Cite dois grupos sociais diretamente envolvidos no movimento abolicionista. Identifique um grupo opositor a esse movimento e uma das razões para seu posicionamento contrário.

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2.

(Uerj)

Tarsila do Amaral foi uma das principais artistas da Semana de Arte Moderna de 1922. A tela acima é representativa da primeira fase do movimento modernista no Brasil (1922 a 1930). Nesse momento, as propostas desses artistas e intelectuais encontravam eco em reivindicações de diferentes setores sociais do país, cuja mobilização levou ao fim da República Oligárquica, em 1930. Identifique, a partir da tela apresentada, duas características da ordem socioeconômica defendida pelos modernistas na década de 1920. Em seguida, explique de que forma elas contradizem a política e a economia brasileiras vigentes à época.

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=681

REFERENCIAS SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA DO ESTADO DO PARANÁ. Rota de Desenvolvimento Docente. Curitiba: Núcleo de Educação a Distância (NEaD) SESI-PR. 2016. VICENTINO, C.; DORIGO, G. Projeto Múltiplo: História. São Paulo: Scipione, 2014.

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FILOSOFIA Filosofia Política: Introdução Conceitual A Filosofia Política trata das questões relacionadas à forma como os homens se organizam socialmente e buscam soluções para seus conflitos sociais, promovendo ações em que o objetivo é o bem comum. O campo da política pertence às reflexões sobre as diversas formas de poder, sobre os regimes políticos e as formas de governo. Segundo José Auri Cunha, o espaço da pólis era comum e público e incluía os costumes, as leis, os templos, os deuses e os heróis, as muralhas, o erário público, a administração dos serviços públicos, a organização da guerra, as atividades comerciais e a ágora, a praça onde se discutia e deliberava sobre todos os assuntos. Foi na pólis que existiu a primeira e talvez a única instituição de democracia direta na história. (CUNHA, 2000, p. 125). A ideia de poder é, portanto, inerente à ideia de política. Na verdade, não podemos entender o que seja política sem investigarmos o conceito de poder. Neste capítulo trabalharemos o conceito de política em Platão e Aristóteles, onde o primeiro afirmava que a cidade deve ser justa e que a justiça é o mais importante bem disponível ao homem. O segundo, afirmava que nossa vida coletiva é fruto da própria natureza humana e que somos animais políticos. Maquiavel nos apresentou a política por ela mesma e refutou as éticas gregas e cristã e fundou a Ciência Política, que confere leis próprias. Sua obra O Príncipe é um dos mais conhecidos textos da Filosofia. Nesse capítulo, veremos como os contratualistas explicaram a noção de governabilidade, apresentando suas ideias acerca do exercício do poder. Privilegiaremos os ingleses Thomas Hobbes e John Locke – ambos do século XVII – e o franco-suíço JeanJacques Rousseau, teórico do século XVIII. Por fim, discutiremos sobre Montesquieu e sua divisão dos poderes (executivo e legislativo).

Política em Platão Platão propôs um modelo de organização política da sociedade que pode ser considerado estamental e antidemocrático. Para ele, o governo não deveria se pautar pelo princípio da maioria. As almas possuíam natureza diversa, e, de acordo com sua composição, determinavam como que os homens deveriam ser distribuídos na sociedade. Essa divisão poderia ser em grupos encarregados do governo, do controle e do abastecimento da polis. Platão sustentava um modelo aristocrático em que o governo deveria ser confiado aos mais inteligentes e éticos.

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As obras A República e Leis retrataram o pensamento político de Platão. Nessas obras, o filósofo conclui que a finalidade da política seria a justiça, e que para alcançala é necessário ter a noção desse conceito e superar a concepção tirânica da política educando os homens para a cidadania.

Conceito de Política em Aristóteles O pensamento político de Aristóteles é centrado na cidade-Estado. Seus pensamentos sobre o Estado são encontrados em seu livro Política. O filósofo sustentava que o Estado deveria ser o organismo ético e político mais elevado e tinha prioridade em relação tanto à família quanto ao indivíduo. Para Aristóteles, os indivíduos não podiam satisfazer seus propósitos a não ser que fizessem parte do Estado. O autor entendia que os cidadãos deveriam ser educados naquilo que lhes é útil, no entanto, o propósito da educação consistia na virtude. Por virtude, os gregos entendiam como “excelência humana”. Aristóteles restringia a cidadania aos cidadãos proprietários de terra que eram livres – pela instituição da escravidão – do trabalho na terra e altamente educados. Desse modo, eles possuíam a cultura, o ócio e a virtude necessárias para governar com responsabilidade e virtuosismo.

Maquiavel: Ética e Política O saber político de Nicolau Maquiavel baseava-se na realidade sem ilusões ou autoenganos. O autor fundava-se nas coisas como são e no homem como ele é, não nas coisas como deveriam ser. Assim, Maquiavel abandonou a concepção normativa da política para construir uma política empírica. Assim como o homem tem uma natureza fixa e permanente, a legalidade política é constante e o saber político podem ter valor universal. Desse modo, a história antiga e a realidade, podem extrair com a experiência normal de comportamento político. Sendo assim, a teoria e a práxis política exigiam outro tipo de avaliação moral, já que rompiam com código moral pessoal e cristão. No caso de Maquiavel, como a Itália estava fragmentada, era necessário conservar o Estado: O governante deve ter disposição para mover-se de acordo com os ventos e as variações do destino e para não se distanciar do bem, caso seja possível, ou saber entrar no mal, quando necessário. (MAQUIAVEL, 1979, p. 58) Após consolidado, o governante deveria favorecer os ideais republicanos.

Contratualismo Dá-se o nome de Contratualismo à corrente da Filosofia Política que defendia o estabelecimento da sociedade civil por força de um Contrato Social. Se para Aristóteles

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a vida em sociedade é uma extensão da natureza humana, para os contratualistas a vida em sociedade era artificial, sendo o Estado criado para manter esse Contrato. Foram os principais nomes do Contratualismo: Thomas Hobbes (1588 –1679), filósofo inglês: tinha uma visão pessimista do homem. Sua máxima “o homem é o lobo do homem” concretizava este pensamento. O homem tem, por natureza, uma personalidade agressiva e belicosa. Sendo assim, segundo Hobbes, era necessário criar um pacto social através do qual o homem saía do Estado de Natureza e, posteriormente, fundava a sociedade civil que seria governada por um soberano com poderes absolutos. Este absolutismo deveria estar neutro de raízes divinas e teológicas. Hobbes era contrário à divisão equânime dos poderes. A função do pacto social consistia em efetivar a renúncia coletiva dos direitos de cada um, dando ao soberano plenos poderes. Este, por sua vez, tinha a função de garantir aos homens aquilo que não tinham em Estado de Natureza: paz e prosperidade. John Locke (1632–1704), filósofo inglês: Ao contrário de Hobbes, Locke tinha uma visão otimista em relação à natureza humana: através da razão, o homem poderia viver em harmonia perfeita. Locke não discordava somente de Hobbes (concepção de um soberano absoluto), mas também de Sir Robert Filmer, um dos defensores dos direitos divinos dos reis. Locke expôs com clareza seus ideias liberais, para ele, a sociedade resultava da reunião de indivíduos visando garantir a vida, liberdade e propriedade. Em nome do direito, deveria ser criado o contrato social. O governo se comprometeria com a preservação desses direitos. O poder seria delegado por meio de uma assembleia ou de um soberano. A legitimidade deste poder residiria no consentimento dos indivíduos que o constituíram e poderia retirar aqueles que não governassem no interesse da maioria ou que ameaçarem a liberdade e os direitos dos indivíduos. Cada indivíduo – ao consentir em formar um corpo político com um governo – colocava-se sob a obrigação em relação aos demais membros dessa sociedade. Caso contrário, esse pacto não significaria nada e não seria um pacto se ele permanecesse livre e sem obrigações quando se encontrava em Estado de Natureza. Segundo Locke, o homem possui direitos naturais: liberdade, igualdade e propriedade. O autor priorizava o último: o homem possui seu corpo. O trabalho de seu corpo é propriamente dele. Sendo assim o trabalho dava início ao direito de propriedade em sentido estrito (bens, patrimônio). Não trabalhou o direito à ilimitada acumulação de propriedades levaria a um desiquilíbrio social. Nem todos teriam acesso ao fruto do trabalho (e alguns não eram nem donos do próprio trabalho). Em resumo, o liberalismo resultava em uma sociedade em que apenas os que têm bens poderiam participar dela. Assim, a propriedade privada – que até então era direito – tornava-se um privilégio.

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Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778), filósofo suíço “O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer ‘Isso é meu’ e encontrou pessoas suficientes simples para acredita-lo”. Grande leitor de Locke, Jean-Jacques Rousseau alinhou-se aos contratualistas por pensar a origem da sociedade vinculada à existência do Pacto Social. Para o filósofo, o homem era bom por natureza, sendo corrompido pela sociedade perversa que, vivendo a ascensão das ideias liberais burguesas, não media esforços no sentido de acumular bens e propriedades. A sociedade que levaria à corrupção é apenas aquela que aprisiona. Rousseau estava em rota de colisão com a sociedade do seu tempo – tempos depois conhecida como Antigo Regime – do ponto de vista político era absolutista, do ponto de vista econômico era mercantilista e, do ponto de vista social, era estamentário. Para Rosseau, o que tornava legítima a associação dos homens era o Contrato Social, que deveria nascer da entrega total de cada indivíduo à comunidade. Ninguém sairia perdendo, porque, como todos fariam o mesmo, todos receberiam novamente todos os direitos cedidos. Todos se manteriam livres e iguais ao ingressar na sociedade civil, isto é, corpo político. Disso resultou o conceito de soberania para Rousseau, que nunca seria transferida ao governante. A soberania seria uma vontade geral, resultada da vontade de apenas de um. Para o autor, o papel da educação corresponderia a formação dessa vontade geral, transformando, assim, o indivíduo em cidadão e membro da sociedade.

Montesquieu O objetivo de Charles de Secondat, Barão de Montesquieu (1689–1855), era destacar e analisar separadamente o aspecto político e social do homem, assim estabelecendo a separação entre religião e política. Para o filósofo, as religiões, os valores morais e os costumes deveriam ser analisados não em si mesmos, mas sim em sua relação com os diversos modos de organização das sociedades. Para o filósofo, estudar o homem em sociedade era, então, analisar seu espírito geral. Sua principal obra, intitulada Do espírito das Leis (1478), apresentava a ideia de não era necessário julgar os governos existentes, mas sim compreender a natureza e o princípio de governo. A natureza do governo republicano consistia no fato do poder soberano pertencer ao povo como um todo (democracia) ou a uma parcela dele (aristocracia). No campo da monarquia, a natureza consistia em que “um só governa, mas de acordo com leis estabelecidas”.

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Para Montesquieu, em qualquer Estado existiam três tipos de poder: o legislativo, o executivo e o judiciário. Tais poderes poderiam ser articulados de várias maneiras. Se cada poder agisse por sua própria conta, não haveria como impedir as arbitrariedades, era necessário o mínimo de liberdade. Vale a pena ressaltar que não podemos pensar em uma “separação” e “independência” dos três poderes – como mais tarde o pensamento liberal iria interpretar Montesquieu – mas, sim na combinação entre eles de modo a limitar-se mutuamente, formando um equilíbrio.

QUESTÃO COMENTADA 1. (UEL-PR) Toda cidade [polis], portanto, existe naturalmente, da mesma forma que as primeiras comunidades; aquela é o estágio final destas, pois a natureza de uma coisa é seu estágio final. (...) Estas considerações deixam claro que a cidade é uma criação natural, e que o homem é por natureza um animal social, e um homem que por natureza, e não por mero acidente, não fizesse parte de cidade alguma, seria desprezível ou estaria acima da humanidade. (ARISTÓTELES. Política. 3. ed. Trad. De Mário da Gama Kuri. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1997. p. 15.)

De acordo com o texto de Aristóteles, é correto afirmar que a polis: a) É instituída por uma convenção entre os homens. b) Existe por natureza e é da natureza humana buscar a vida em sociedade. c) Passa a existir por um ato de vontade dos deuses, alheia à vontade humana. d) É estabelecida pela vontade arbitrária de um déspota. e) É fundada na razão, que estabelece as leis que a ordenam.

RESOLUÇÃO Para Aristóteles o homem é um animal político (obra Ética a Nicômaco). Toda ação do sujeito deveria visar o bem comum, o bem social. Aquele que não participava da vida coletiva – segundo o pensador – deveria ser considerado um ser não racional. Logo, é da natureza humana a vida em sociedade. Portanto, a alternativa correta é a letra b.

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EXERCÍCIOS 1. (UFPR) Leia o seguinte trecho retirado de O Príncipe, de Maquiavel: Porque o nosso arbítrio não desapareça, penso poder ser verdade que a fortuna seja árbitra de metade de nossas ações, mas que, ainda assim, ela nos deixe governar quase a outra metade. Comparo-a a um desses rios impetuosos que, quando se encolerizam, alagam as planícies, destroem as árvores, os edifícios, arrastam montes de terra de um lugar para outro: [...] não é menos verdade que os homens, podem fazer reparos e barragens, de modo que, em outra cheia, aqueles rios correrão por um canal e o seu ímpeto não será tão livre nem tão danoso [...]” (MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Abril Cultural. Coleção Os Pensadores, 1979, cap. XXV, p. 103.)

Com base no trecho acima e em outras informações presentes nessa obra, explique as duas imagens usadas por Maquiavel: a) O rio impetuoso b) As barragens

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2. (UFPR) Obra base: Jean-Jacques Rousseau no Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Explique de que modo, para Rousseau, o estado de natureza ajuda a compreender a origem da desigualdade entre os homens.

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REFERÊNCIAS ABRÃO, B. S. Os Pensadores: História da Filosofia. São Paulo: Nova Cultural, 1999. BLACKBURN, S. Dicionário Oxford de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1977. CHAUI, M. Iniciação à Filosofia: Ensino Médio, volume único. São Paulo: Ática, 2013. KLEINMAN, P. Tudo o que você precisa saber sobre Filosofia: de Platão e Sócrates até a Ética e Metafísica. São Paulo: Gente, 2014. MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1979. WARBURTON, N. Uma breve história da Filosofia. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2015.

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GEOGRAFIA Uma reflexão mais aguçada sobre a realidade social brasileira e o aprofundamento nas temáticas relevantes, se torna relativamente mais fácil quando utilizamos as ferramentas disponíveis na Filosofia. A Filosofia é muito importante para a nossa vida, pois nos ajuda a desvendar os mistérios que nos cercam. Através dela, conseguimos construir conhecimentos e nos tornamos pessoas mais críticas em relação ao que acontece cotidianamente, nos desafiando e capacitando para as mudanças vivenciadas pela sociedade. O conhecimento filosófico em muitos momentos é utilizado como uma espécie de farol em meio às tempestades, direcionando nosso caminhar em busca de um uma sociedade mais justa e fraterna.

Indicadores sociais: Brasil Os indicadores sociais são modos de designar países como Ricos (desenvolvidos), Em Desenvolvimento (economia emergente) e Pobres (subdesenvolvidos). De acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) as principais causas das desigualdades sociais são: •

Falta de acesso à educação de qualidade.

Política fiscal injusta.

Baixos salários.

Dificuldade de acesso aos serviços básicos: saúde, transporte público e saneamento básico.

Com isso, organismos internacionais analisam os países segundo: Expectativa de vida: média de anos de vida de uma pessoa em determinado país. Taxa de mortalidade: número de pessoas que morreram durante o ano. Taxa de mortalidade infantil: número de crianças que morrem antes de completar 1 ano. Taxa de analfabetismo: percentual de pessoas que não sabem ler e nem escrever. Renda Nacional Bruta (RNB): per capita, baseada na paridade de poder de compra dos habitantes. Saúde: qualidade da saúde da população. Alimentação: refere-se à alimentação mínima que uma pessoa necessita – cerca de 2.500 calorias – e se essa alimentação é balanceada.

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Condições médico-sanitárias: acesso a esgoto, água tratada, pavimentação etc. Qualidade de vida e acesso ao consumo: correspondente ao número de carros, de computadores, televisores, celulares, acesso à internet, entre outros.

Índice de Desenvolvimento Humano – IDH O IDH foi criado pela ONU para medir o grau econômico e, principalmente, como as pessoas estão vivendo nos países de todo o mundo. O IDH avalia os países em uma escala de 0 a 1. O índice 1 não foi alcançado por nenhum país do mundo, pois significaria que determinado país apresenta uma realidade quase que perfeita, como uma elevada renda per capita, expectativa de vida de 90 anos, assim por diante. Do mesmo modo, não existe nenhum país do mundo com índice 0, pois se isso ocorresse era o mesmo que apresentar, por exemplo, taxas de analfabetismo de 100% e todos os outros indicadores em níveis precários.

A pobreza extrema no Brasil caiu 2,8% em 2014. Em 2004, quase a terça parte do percentual da população que vivia nessa condição, época de início do Programa Bolsa Família. A tendência de queda da extrema pobreza nos últimos anos foi confirmada na análise dos micros dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São consideradas pessoas extremamente pobres aquelas com renda mensal de até R$77, de acordo com linha oficial do Bolsa Família, que tomou como referência as taxas das ONU para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, também válida para os novos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. No período de dez anos, a queda da extrema pobreza foi acentuada entre crianças de até 5 anos de idade, justamente onde era mais alta. O percentual caiu de 14% para cerca de 5% da população na faixa etária da primeira infância, definida como prioridade nas ações do plano Brasil Sem Miséria. A taxa de pobreza também manteve a tendência de queda no país. Em 2014, alcançou 7,3% da população, o que representou queda de quase 70% em relação a 2004.

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Fonte: Portal Brasil

Os avanços sociais registrados em 2014 também foram melhores em relação a distribuição da renda no Brasil, medida pelo índice de Gini. Considerando o conjunto dos rendimentos dos domicílios, esse indicador caiu abaixo de 0,5 pela primeira vez no Brasil. O índice varia de 0 a 1 e reflete maior igualdade quanto mais próxima de zero.

Fonte: Portal Brasil

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a redução da desigualdade e da pobreza no Brasil foi acompanhada por melhoria em indicadores de educação e acesso a bens e serviços. A pesquisa mostrou aumento do número médio de estudos no Brasil e da taxa de escolarização, sobretudo na pré-escola. O acesso a bens como televisão, geladeira e fogão está praticamente universalizado no Brasil. Cresceu também o número de carros e de telefones celulares. Pela primeira vez, a parcela de pessoas com acesso à internet ultrapassou 50% da população (54,4%) com crescimento de mais de 11% em relação a 2013.

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Para a complementação dos conhecimentos sobre Indicadores Sociais, confira os links a seguir: •

Artigo:

Indicadores: conceito e complexidade do mensurar em estudos de fenômenos sociais. Autor: Valdecir Soligo. <http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1724/1724.pdf> •

Vídeo:

Pobreza no Brasil: Caminhos da Reportagem < https://www.youtube.com/ watch?v=TkEYL7L4tuI>.

QUESTÃO COMENTADA 1. (UFPE) Verifique os dados apresentados a seguir.

Tomando-se por base esses indicadores sociais e econômicos, é correto afirmar que: a) desses países, apenas dois têm economia desenvolvida. b) os países 1 e 5 devem estar situados na Europa Ocidental. c) o país 4 encontra-se numa fase de recessão. d) os países 2 e 3 devem possuir um sistema econômico socialista. e) o país 5 é o único que possui uma economia desenvolvida.

RESOLUÇÃO Os países que possuem economia desenvolvida apresentam características típicas do número 5, com elevadas médias de IDH, expectativa de vida alta, além de baixas médias de analfabetismo e pequeno crescimento demográfico. Desse modo, a resposta correta é a alternativa e.

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EXERCÍCIOS 1. (ESPM – adaptada) Observe o mapa:

Ele está representando: a) A densidade demográfica mundial. b) O PIB mundial. c) O IDH. d) Os países mais populosos. e) Emissão de CO2.

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2. (UPE – adaptada) De acordo com os resultados dos mapas apresentados abaixo, sobre o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Brasil, analise os itens a seguir e marque verdadeiro ou falso:

( ) O IDHM é um índice divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), composto pelo conjunto de três indicadores de desenvolvimento humano: a longevidade, a educação e a renda dos municípios. ( ) Apesar da evolução do IDHM no Brasil, o Nordeste ainda tem 95% dos municípios na faixa de “muito baixo” desenvolvimento humano, e a região Norte já apresenta 80% das cidades na classificação “alto” e “muito alto”. ( ) Em 20 anos, 85% dos municípios do Brasil saíram da faixa de “alto desenvolvimento humano” para “muito alto”, segundo a classificação criada pelo PNUD. A categoria que mais encolheu entre as décadas de 1990 e 2010 foi a de “médio desenvolvimento”. ( ) Os municípios das regiões brasileiras Sul e Sudeste estão concentrados, em sua maioria, na faixa de “alto desenvolvimento humano”. No Centro-Oeste, os resultados ainda apresentam a maioria dos municípios na categoria “médio desenvolvimento”.

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REFERÊNCIAS BAUER, R. Sociais indicadores. Cambridge: MIT Press, 1967. CARLEY, M. Indicadores sociais: teoria e prática. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. BOTELHO, T. R. População e nação no Brasil do século XIX. Tese de Doutorado. São Paulo: Universidade de São Paulo. 1999. 241 p. COLMAN, D.; NIXSON, F. Dsenvolvimento econômico: uma perspectiva moderna. Rio de Janeiro: Campus, 1981.

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SOCIOLOGIA Olá, tudo bem? Nesse capítulo abordaremos como um tema da Sociologia – a sexualidade –faz parte dos questionamentos filosóficos. Esse tema foi objeto de investigação de filósofos como Michel Foucault. Discutiremos nesse capítulo a sexualidade e as relações de gênero a partir do campo da ética, visto que a sexualidade foi por muito tempo normatizada por poderes disciplinares como a Medicina e a Psicologia. Estudaremos também de que modo a sociedade imprime comportamentos específicos para homens e mulheres, bem como são estabelecidas as relações de poder e de dominação que, na maioria das vezes, resultam em violências e desigualdades.

Relações de Gênero Vamos começar pelo conceito de Gênero. Falamos de gênero toda vez que nos referirmos a diferenças entre homens e mulheres que vão além de diferenças corporais. Quando alguém diz que as “mulheres falam muito” e que “os homens são todos iguais” estão se utilizando de categorias distintivas que se baseiam em uma suposta “natureza” feminina e masculina. Assim, mulheres e homens se comportam da maneira como tal porquê é de sua “natureza” serem assim. Abaixo trazemos um recorte apresentado por Miriam Grossi intitulado Identidade de Gênero e Sexualidade onde a autora cita que Joan Scott (1998), em recente definição da categoria gênero, ensina-nos que o gênero é uma categoria historicamente determinada que não apenas se constrói sobre a diferença de sexos, mas, sobretudo, uma categoria que serve para “dar sentido” a esta diferença. Concordo com essas definições e penso que, em linhas gerais, gênero é uma categoria usada para pensar as relações sociais que envolvem homens e mulheres, relações historicamente determinadas e expressas pelos diferentes discursos sociais sobre a diferença sexual (p. 5). Perceba que as representações sociais sobre os comportamentos masculinos e femininos são justificadas como naturais, inatas, isto é, quase como biológicas e que se inscrevem sobre a diferença dos sexos. Dessa forma, cuidar de bebês, lavar a louça, serem dóceis são características naturalmente femininas, enquanto ser agressivo e prover as necessidades do lar, é algo naturalmente masculino. Com isso, entramos no campo dos papéis de gênero, que são as funções historicamente desenvolvidas pela sociedade a serem desempenhadas por homens e mulheres. Na sociedade ocidental, tradicionalmente, certas funções e até mesmo profissões foram separadas de acordo com o gênero. A título de exemplificação podemos citar como profissões tipicamente masculinas advogado penalista, delegado, motorista,

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político, engenheiro, presidente de empresas, chefe de cozinha e como profissões tipicamente femininas professoras, domésticas, secretárias, cozinheiras, pedagogas, profissões estas, associadas à natureza feminina do cuidado e da afetividade. É possível perceber nesses poucos exemplos que existe certa hierarquia de cargos e profissões. As simbolicamente mais importantes, e por isso melhor remuneradas, são ocupadas por homens, assim cabendo as menos importantes às mulheres. Isso está mudando? Sim, está, veremos isso adiante. Podemos nos perguntar: como esses papeis de gênero, depois de construídos, são reproduzidos ao longo do tempo? Em outras palavras, como a sociedade faz para que homens e mulheres se comportem de maneira previsível e de acordo com os comportamentos e papéis por ela determinados? A resposta é socialização de gênero. Até mesmo antes de nascermos, a sociedade já começa o seu processo de socialização de gênero, isto fica claro quando pensamos nos exames de ultrassom que permite aos pais a descoberta do sexo do bebê. Sabendo isto, os pais iniciam a escolha do nome do bebê, embora a escolha do nome possa ser feita por inúmeras razões diferentes, como a tradicional nomeação do filho com o nome do pai entre as gerações, ou dar o nome da filha em homenagem à avó. As nomeações seguem uma única regra comum a todos: sexo masculino, nome masculino, sexo feminino, nome feminino. Já antes de nascermos somos “colocados em caixinhas separadas” de acordo com o sexo. Antes ainda do nascimento, o quarto do bebê é pintado de acordo com as cores socialmente determinadas: azul para meninos e rosa para meninas. Aos nascermos e crescermos, os presentes e os brinquedos seguem a mesma lógica. Carrinhos, ferramentas e bolas de futebol para os meninos (brinquedos que representam o mundo do trabalho, a direção, e o esporte físico) e bonecas, casinhas e cozinhas para as meninas (brinquedos que simbolizam o cuidado materno e os afazeres domésticos). A lista não para por aqui, mas é importante perceber que a sociedade, por meio das instituição socializadoras como família e escola, gastam uma energia considerável para que de fato, meninos e meninas se comportem de tal maneira pela sociedade.

Identidade de Gênero Identidade é um sentimento individual de autorreconhecimento. No caso das relações de gênero, a identidade de gênero é o autorreconhecimento do indivíduo como homem ou mulher. Ainda é um mistério saber como a identidade de gênero é construída. Para entender essa questão vamos então abordar alguns exemplos. Há vários relatos e até mesmo pesquisas, como é o caso de Stoller (1978) citado por Miriam Grossi, sobre crianças que ao nascerem hermafroditas, tiveram um dos seus órgãos genitais retirados e passaram a serem socializados no gênero do sexo que foi mantido. Ao passar do tempo, descobriram que as crianças foram rotuladas, isto é, socializadas de acordo com o gênero trocado. Isto não quer dizer que a identidade de gênero possua, necessariamente, relação com o sexo biológico. A criança pode nascer com

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o sexo masculino, ser socializada como menino e ter uma identidade de gênero feminina. Outra possibilidade é a criança nascer com o sexo masculino, ter esse sexo retirado e ser socializado como menina e possuir a identidade de gênero masculina ou feminina.

Sexualidade Nos discursos populares, é comum a associação direta entre sexualidade e gênero, como se uma coisa fosse resultado da outra. É comum também a ideia de que quem não se encaixa nesse padrão, “optou” por uma forma de sexualidade errada e pervertida. Nesse sentido a homossexualidade, é vista como uma opção consciente e intencional. Assim, a heterossexualidade é algo instintivo, normal, aceitável e desejado, enquanto a homossexualidade é algo escolhido, anormal que fere os bons costumes. Pouco a pouco, essa visão tem dado espaço a explicações advindas dos estudos de gênero. A homossexualidade – enquanto forma de sexualidade negativa – vem dando espaço para visões mais críticas e menos preconceituosas. A ciências que obtiveram grande papel nessa desconstrução foram a História da Sexualidade, que demonstrou que a homossexualidade era prática comum entre as culturas de povos antigos, a Antropologia, por meio dos estudos da diversidade das práticas sexuais em povos ditos “primitivos” e a Sociologia, que abordou a sexualidade não mais como uma opção consciente do indivíduo, mas sim como algo que faz parte do indivíduo e que não pode ser ensinado, mas que deve ser pensado como uma forma diversa de vivenciar a sexualidade. Para concluir, não existe relação direta entre identidade de gênero, sexo e sexualidade. Assim, um indivíduo pode nascer com o sexo feminino, ter uma identidade de gênero masculina e sentir atração por homens ou mulheres. A identidade de gênero independe do sexo, bem como a orientação sexual independe tanto do gênero quanto do sexo biológico.

QUESTÃO COMENTADA 1. (Uerj)

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Uma das transformações ocasionada por esses movimentos de contestação, claramente explorada na publicidade, foi a) politização das questões de gênero. b) mecanização do trabalho doméstico. c) modernização da identidade feminina. d) massificação dos hábitos de consumo. e) exploração dos papéis de gênero.

RESOLUÇÃO O anúncio da revista é datada do final dos anos 1960, período de intensa contestação por parte dos movimentos feministas. Embora ainda aborde a questão limpeza doméstica como papel feminino, a propaganda traz elementos que simbolizam os movimentos de contestação da época. Desse modo, a resposta correta é alternativa a.

EXERCÍCIOS 1. (UFPR) Como a Sociologia trata a sexualidade, levando em conta a orientação sexual do indivíduo?

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2. (UEL-PR) A violência contra a mulher acontece cotidianamente e nem sempre ganha destaque na imprensa, afirmou a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire [...]. “Quando surgem casos, principalmente com pessoas famosas, que chegam aos jornais, é que a sociedade efetivamente se dá conta de que aquilo acontece cotidianamente e não sai nos jornais. As mulheres são violentadas, são subjugadas cotidianamente [...]”, afirmou a ministra. [...] “Eliza morreu porque contrariou um homem que achou que lhe deveria impor um castigo. Ela morreu como morrem tantas outras quando rompem relacionamentos violentos”, disse a ministra. (VIOLÊNCIA contra as mulheres é diária, diz ministra, Agência Brasil, Brasília, 11 jul. 2010.)

Com base no texto e nos conhecimentos socioantropológicos sobre o tema, é correto afirmar: a) Questões de gênero são definidas a partir da classe social, razão pela qual são mais presentes nas camadas populares do que entre as elites. b) As identidades sociais masculina e feminina são configuradas a partir de características biológicas imutáveis presentes em cada um. c) As diferenças de gênero são determinadas no terreno econômico, daí o fato de serem produto da sociedade capitalista. d) As experiências socialistas do século XX demonstram que nelas as questões de gênero são resolvidas de modo a estabelecer a igualdade real entre homens e mulheres. e) As relações de gênero são construídas socialmente e favorecem, nas condições históricas atuais, a dominação masculina.

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REFERÊNCIAS GROSSI, M. Identidade de Gênero e Sexualidade. Disponível em: < http://bibliobase. sermais.pt:8008/BiblioNET/upload/PDF3/01935_identidade_genero_revisado.pdf >. Acesso em: 26 nov. 2016.

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LÍNGUA PORTUGUESA “A escrita permeia hoje quase todas as práticas sociais dos povos que penetrou”, segundo Marcuschi (1997, p. 121). Como propõe este autor, a escrita é usada em contextos básicos da vida, que não raramente serão decisivos para fins específicos em nossas vidas. Pode parecer um tanto exagerado, mas o modo como você se posiciona em relação ao domínio da língua escrita tem um grande poder em situações relativas ao trabalho, aos estudos e, de certo modo, à sua vida pessoal. Outra questão fundamental é o modo como lemos e interpretamos as informações disponibilizadas e suscitadas nos mais variados contextos em que nos inserimos. Sobretudo, nesta etapa de muito estudo e preparação, para a escolha de uma carreira, saber selecionar, hierarquizar (ou seja, organizar) e analisar informações relevantes, de acordo com determinados propósitos, torna-se um diferencial em nossa formação profissional. Por conseguinte, o processo de seleção destinado para o acesso a universidades, hoje, se pauta na elaboração de redações (produção escrita), que cada vez mais tem abrangido distintos gêneros textuais, como podemos observar nas universidades públicas do Paraná. Por serem exames classificatórios, essas redações são avaliadas com base em critérios para notas, o que minimiza a subjetividade na avaliação dos corretores, colaborando para imparcialidade e confiabilidade do processo. Sendo assim, é importante que você leia atentamente o edital e, em alguns casos, o manual do candidato da universidade a qual pretende prestar vestibular, que provavelmente estarão disponíveis na página da instituição de ensino superior (IES). Outro ponto crucial, e isso vale para o dia da prova, é compreender claramente o enunciado da proposta de redação, a fim de identificar o gênero textual solicitado e atender ao que de fato é solicitado pelo processo. Neste capítulo, você será apresentado ao gênero Carta, em especial, aos principais modelos de carta exigidos pelos vestibulares da região do Paraná.

Boa Leitura! Equipe Trilhas

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Carta De acordo com Simone Silvia Bedin Coelho, as cartas possuem natureza variada, uma vez que “circulam nos mais variados campos da comunicação e com diferentes finalidades comunicativas, como: informar, cobrar, agradecer, comunicar, solicitar, elogiar, criticar, etc.” (2015, p. 31). Como gênero textual, a função da carta, semelhante à do e-mail (podemos dizer, sua versão “digital”), é relatar algo a alguém, ainda que este seja o próprio autor da carta, o que é muito comum em gêneros literários. O e-mail, nesse caso, pode ser pensado como uma “roupagem” moderna da carta, decorrente do advento das novas tecnologias e de situações específicas da comunicação. Lembre-se: tanto a carta quanto o e-mail, como qualquer gênero textual, exercem uma função no espaço social em que estamos inseridos; logo, surgem de uma necessidade encontrada em nosso dia a dia.

A Carta nos vestibulares A despeito de gêneros emergentes como o e-mail, que apresentam certo “hibridismo que desafia relações entre oralidade e escrita”, como propõe Marcuschi (2002, grifo do autor p.13), a estrutura tradicional da carta é comumente exigida em contextos de avaliação e seleção, como é o caso dos vestibulares da região do Paraná. Desse modo, a estruturação da carta deve atender a algumas especificações, que serão usadas para avaliar o nível de compreensão do candidato em relação à proposta de redação; a adequação ao gênero e domínio da modalidade escrita. Nesse tipo de proposta de redação, atente-se para o enunciado, pois este especificará o modelo de carta que você deverá escrever, que pode ser destinadas a uma revista, a um amigo, ou a uma autoridade. Por isso, ler atentamente o que se pede na proposta é fundamental para •

escolha do gênero;

seleção de palavras;

vocativo adequado, lembrando que este nomeia o destinatário da carta (senhor(a), prezado(a), caro(a), excelentíssimo(a) etc., e que pode variar conforme a posição social ocupada pelo interlocutor);

nível de formalidade (adequado à posição social do interlocutor, logo, usase uma determinada linguagem para escrever uma carta ao um amigo ou parente, e outra a uma autoridade política, intelectual, etc.);

número de linhas (em geral, para cartas são exigidas 20 linhas).

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assinatura da carta, o que pode variar de uma instituição para outra. Em algumas será solicitado que você assine a carta como Fulano De Tal; outras, como João ou Maria (ou outro nome comum), com o intuito de manter o sigilo da prova. Outras instituições, ainda, exigem no enunciado que a carta seja assinada, caso contrário o candidato tem sua prova anulada.

Assim, as cartas nos vestibulares podem tanto solicitar uma linguagem informal quanto uma linguagem formal; por tanto, é fundamental que você compreenda quem é seu interlocutor e como abordá-lo por meio do texto escrito.

Carta argumentativa O gênero carta argumentativa sugere sempre uma interlocução entre locutor (emissor) e interlocutor (destinatário). Ao investigar o conceito de carta argumentativa em livros didáticos, Daniela Campos de La Nuez (2007) identificou que, para alguns autores, a carta argumentativa tem a função similar de um texto persuasivo, destinado a convencer o leitor, e por conta deste considera a variação linguística, bem como as “marcas de pessoalidade”, como emprego de pronomes e verbos. Além do aspecto composicional, local e data; identificação do reclamante e do destinatário; corpo do texto; expressão de despedida; assinatura, como um gênero de natureza argumentativa, a carta argumentativa defende um ponto de vista. Ainda de acordo com Nuez, alguns livros didáticos apresentam este tipo de carta inserida num contexto de “ação participativa” em práticas sociais reais, “em que o indivíduo envia a uma Instituição a fim de fazer uma reclamação ou uma solicitação” (2007 p10). Cartas desse tipo provavelmente exigirão do candidato um posicionamento contra ou a favor em relação a um determinado assunto, em especial, controverso, ou seja, que divida a opinião pública. Fique atento, pois algumas universidades solicitam a elaboração de carta destinada à autoridades e cargos públicos, como secretários, ministros, prefeitos, e, mesmo que não informem no enunciado o termo “argumentativo”, você deverá identificar pelo interlocutor e pelo assunto abordado que se trata de uma carta argumentativa. Outro detalhe importante, que vale reforçar, é que a estrutura composicional desse tipo de carta pode não ser completa numa prova de redação, pois algumas universidades dispensam assinatura, local e data e, em alguns casos, até a despedida. Mas não se preocupe, essas informações, referentes ao que pode anular sua prova, estarão explícitas no enunciado.

Carta do leitor Inserida no gênero jornalístico opinativo, a carta do leitor é uma tipologia dissertativo-argumentativa (OLIVEIRA, 2007). Por ser um espaço discursivo, a carta possibilita ao leitor compartilhar sentimentos, reivindicações, sugestões e discussões de problemas sociais controversos suscitados nos veículos de comunicação de massa, como jornais e revistas, seja ele impresso ou em meio digital.

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Esse modelo de carta permite ao leitor se expressar pessoalmente, contudo, de forma responsável. Afinal, a revista não publicará textos completamente descontextualizados de seu âmbito temático, menos ainda palavras inapropriadas ou que firam os direitos humanos e os demais leitores. Segundo Coelho (2015, p. 31), ainda, a carta do leitor passa por uma espécie de “filtro”, é reorganizada e, ás vezes, integralmente modificada pelos editores da revista. Nesse sentido, você encontrará nos vestibulares propostas que solicitem a elaboração de cartas a revistas como Época, Galileu, IstoÉ, Veja, entre outras, que, além de serem de circulação nacional, abordam temas gerais, que estão em pauta na atualidade. Visto que esses meios de comunicação são formadores de opinião, o que se espera de uma carta dirigida a eles é um posicionamento do leitor, isto é, a exposição de um ponto de vista sobre temas de relevância social, cultural, pública ou privada abordados numa determinada publicação. Logo, é necessário fazer menção à matéria que instigou a escrita da carta. Esse tipo de carta costuma ser escrito em 1ª pessoa do singular (eu) ou do plural (nós), com uma linguagem pessoal, o que permite uma expressividade maior daquele que escreve, até porque a ideia de uma carta endereçada à redação de uma revista leva em conta não só a matéria lida mas também o impacto que esta pode ter na vida do leitor.

Estilo da carta Para elaboração de uma carta, verifique as especificações destacadas no enunciado da proposta. Primeiro, você precisa identificar leitor para o qual irá escrever, se se trata de publicação de âmbito nacional ou não; de autoridade pública ou intelectual; ou pessoa de esfera privada, como amigo, pai, mãe, tio. Mas você também precisa se identificar, como remetente, no corpo da carta, e não necessariamente precisa ser fiel a sua realidade, pois muitos vestibulares permitem a você assumir a posição de um remetente ficcional. Nesse sentido, é possível elaborar uma carta do ponto de vista de uma mãe, um funcionário, um professor, um sindicalista, pois o que é avaliado nesse tipo de proposta é a adequação ao gênero e a consistência da argumentação. Independentemente do tipo de carta, é necessário entender que o processo de comunicação escrita exige a projeção de um leitor para seu texto – o interlocutor – com o qual você irá dialogar. Dessa forma, é preciso levar em conta traços desse leitor, como perfil, formação, ideias. A partir disso, pergunte a si mesmo: Como devo me reportar ao meu interlocutor? Que vocativo usar? Qual o nível de formalidade da linguagem devo empregar na carta? Enfim, essas questões devem estar presentes no momento da prova de redação e fazem parte daquilo que denominamos projeção do leitor. Com isso, nossa carta tem mais chances de atingir o objetivo comunicativo, que em geral é sempre o mesmo, sermos compreendidos pelo outro.

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Outra questão importante é ter em mente que a carta “conversa” com o texto-base da proposta de redação. Ou seja, se a proposta exige uma carta endereçada ao ministro da educação referente ao assunto bullying na escola, evite fugir do tema e falar sobre “merenda escolar”, “ocupação estudantil”, ou qualquer outro assunto que não apresente relação com o tema principal. Lembre-se: ao elaborar uma carta, mantenha o foco em relação a três itens: tema, gênero textual e linguagem.

PARA IR ALÉM •

<http://sualingua.com.br/2013/07/27/salve-jorge/>

<http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT965913-2119,00.html>

<http://www.olavodecarvalho.org/textos/cartasleitoresepoca.htm>

<http://istoe.com.br/16931_CARTAS/>

<https://www.youtube.com/watch?v=OVpi0qCRXGU>

PROPOSTA COMENTADA 1. (UFPR) Em 3 de setembro de 2010, a revista ISTOÉ publicou uma síntese, assinada por Paulo Lima, do livro ainda inédito Fé em Deus e pé na tábua – Como e por que você enlouquece dirigindo no Brasil, do antropólogo Roberto DaMatta: Nosso comportamento terrível no trânsito é resultado da nossa incapacidade de sermos uma sociedade igualitária; de instituirmos a igualdade como um guia para a nossa conduta. Nosso trânsito reproduz valores de uma sociedade que se quer republicana e moderna, mas ainda está atrelada a um passado aristocrático, no qual alguns podiam mais do que muitos, como ocorre até hoje. Em casa, nós somos ensinados que somos únicos, especiais. Aprendemos que nossas vontades sempre podem ser atendidas. É o espaço do acolhimento, do tudo é possível por meio da mamãe. Daí a pessoa chega na rua e não consegue entender aquele espaço onde todos são juridicamente iguais. Ir para a rua, no Brasil, ainda é um ato dramático, porque, significa abandonar a teia de laços sociais onde todos se conhecem e ir para um espaço onde ninguém é de ninguém. E o trânsito é o lado mais negativo desse mundo da rua. É doentio, desumano e vergonhoso notar que 40 mil pessoas morrem por ano no trânsito de um país que se acredita cordial, hospitaleiro e carnavalesco. No Brasil, você se sente superior ao pedestre porque tem um carro. Ou superior a outro motorista porque tem um carro mais moderno ou mais caro. O motorista não consegue entender que ele não é diferente de outro motorista, do pedestre, do motorista de ônibus. Que ele não tem um salvo-conduto para transgredir as leis. No Brasil, obedecer à lei é uma babaquice, um sintoma de inferioridade. Quem obedece é subordinado porque a hierarquia que permeia nossas relações sociais jamais

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foi politizada. Isso é herança de uma sociedade aristocrática e patrimonialista, em que não houve investimento sério no transporte coletivo e onde ainda impera o “Você sabe com quem está falando?” (LIMA, Paulo. “Como estou dirigindo?”, ISTOÉ ed. 2130.)

Tomando como ponto de partida as opiniões de DaMatta, escreva uma carta dirigida ao Secretário de Educação do Estado do Paraná, solicitando a inclusão, no currículo do Ensino Médio, de conteúdos voltados à educação para o trânsito. Use as afirmações de DaMatta como argumentos para fundamentar sua solicitação. •

O texto deve ter de 10 a 12 linhas.

A carta NÃO deverá ser assinada. Qualquer sinal de identificação invalida sua prova.

COMENTÁRIOS Nesse tipo de proposta – carta de solicitação – você precisa levar em conta a posição social do seu interlocutor, que no caso se refere a um cargo público, o Secretário de Educação do Estado do Paraná. A partir disso, você deverá selecionar o vocabulário e mobilizar uma linguagem impessoal, como verbos em terceira pessoa, pronomes de tratamento (“senhor”, por exemplo) e um posicionamento adequado, visto se tratar de uma questão de hierarquia social. Mantenha-se atento ao enunciado, ou seja, considere o texto-base, logo, os argumentos elaborados por DaMatta (mencione o autor e suas ideias sintetizadas na revista IstoÉ) a fim de redigir sua carta. Não assine seu texto: isso é muito importante, pois em algumas circunstâncias de avaliação é normal apresentar nervosismo e falta de concentração, o que pode levar a um comportamento automático e, consequentemente, à assinatura ao fim do texto.

Veja os critérios de correção da UFPR para essa proposta Foram considerados bons ou muito bons os textos que apresentaram estrutura de carta bem definida, com vocativos adequados para tratar o Secretário da Educação (várias possibilidades foram consideradas adequadas), e que apresentaram o pedido com clareza e respeito. Como se tratava de uma carta a uma autoridade, esperava-se, dos textos nesta faixa de avaliação, que apresentassem bom domínio do registro formal, tanto em estrutura sintática, quanto no léxico empregado. A utilização adequada de dados apresentados no texto de Paulo Lima foi um dos requisitos: nesta faixa foram avaliados os textos que enfatizaram a necessidade de educação formal para o trânsito em oposição aos dados relatados quanto à formação educacional sociofamiliar exposta pelo texto-base como causa fundamental dos problemas graves de trânsito. Disponível em: <http://www.nc.ufpr.br/concursos_institucionais/ufpr/ps2011/ prova2fase/criterios_2fase.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2016.

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AGORA É SUA VEZ 1. (Unioeste-PR) Escreva uma carta dirigida à seção “Cartas do Leitor”, da Revista Galileu, manifestando sua opinião em relação à temática abaixo. Viciados em games podem confundir o mundo real e virtual Joga muito videogame? É bom agendar um psicólogo. Segundo uma pesquisa feita pela Universidade Nottingham Trent, na Austrália, e Universidade Estocolmo, na Suécia, viciados em games podem fazer coisas no mundo real como se ainda estivessem jogando [...]. No estudo foram entrevistadas 42 pessoas de 15 a 21 anos que jogam videogame frequentemente, e algumas delas tinham o que os autores chamaram de Fenômeno de Transferência do Jogo (Game Transfer Phenomena, GTP, em inglês). Alguns disseram que viam ‘caixas de energia’ sob a cabeça das pessoas, tentavam clicar num botão de busca quando procuravam por alguém numa multidão ou, por reflexo, até apertavam botões de controle mesmo sem segurar um [...]. Os pesquisadores disseram que o vício em games “pode ter consequências psicológicas, emocionais e comportamentais negativas, com implicações enormes para desenvolvedores de software, pais, legisladores e profissionais de saúde mental’”. Adaptado da Revista Galileu, set./2011.

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REFERÊNCIAS COELHO, S. S. B. Práticas de leitura e de escrita com o gênero carta do leitor: uma proposta de sequência didática. 2015. 133 p. Dissertação (Mestrado). Unioeste: CascavelPR, 2015. MARCUSCHI, L. A. Concepção de língua falada nos manuais de português de 1º. e 2º. Graus: uma visão crítica. In: Trabalhos em Linguística Aplicada, 30: 39-79, 1997. MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Org.). Gêneros Textuais & Ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. ______. Oralidade e escrita. Signótica. Goiânia, p. 119-146, jan./dez. 1997. NUEZ, D. C. Carta argumentativa é uma dissertação modificada? um estudo sobre estratégias mobilizadas na argumentação da carta no vestibular da Unicamp. 2007. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada). Unicamp: Campinas, 2007. OLIVEIRA, N. A. A.; OLIVEIRA, F. B. O gênero jornalístico opinativo carta do leitor e o tratamento recebido nas redações do jornal impresso. Janus, lorena. v. n. 5. p. 55-72, jan./jun., 2007.

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5. ARTES VISUAIS Artes visuais é uma área do conhecimento que aborda as diferentes formas de representação visual, levando em consideração cores, texturas e formas de objetos. As expressões visuais mais contemporâneas, como Cinema, Artes Cênicas e Fotografia também se encaixam nessa área. O curso de Artes visuais tem como áreas principais a Plástica, a linguagem do Desenho, a Estética, a Expressão Artística, a Comunicação e a Linguagem Tridimensional.

Mercado de trabalho Além dos campos de atuação tradicionais ligados à docência, bem como a atuação no campo das artes plásticas, criando um ateliê próprio, o profissional de Artes Visuais, pode – com o atual desenvolvimento das mídias e redes sociais – atuar no campo das artes visuais digitais e gráficas. Há também a possibilidade de atuar em áreas de criação e direção de arte. Quem sente afinidade pela área de multimídia pode se empregar em agências de Propaganda, Marketing e emissoras de TV para desenvolver criação, planejamento e produção de vinhetas e animações.

O que você pode fazer? Ensino: lecionar Artes para o médio ou cursos pré-vestibulares. Com pósgraduação, dar aulas na educação superior. Ateliê: montar um ateliê próprio na área de artes plásticas voltados para a elaboração de obras de artes para decoração de interiores, bem como a restauração de obras de artes antigas ou deterioradas. Multimídia: elaboração de ilustrações, desenhos e animações para televisão, publicidade, sites e redes sociais, bem como atuar na área de diagramação e ilustração de materiais digitais educacionais. Indústria têxtil: desenvolvimento de estampas para a confecção de roupas.

Grade curricular A seguir links com exemplos de grades curriculares do curso de Artes Visuais em algumas faculdades. UEM: <http://www.uel.br/ceca/educacaoartistica/pages/grade-curricular.php> UEL: <http://www.uepg.br/catalogo/cursos/2014/artesvisuais.pdf>

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USP (Grade comum. Possui as habilitações em Gravura, Pintura, Escultura, Multimídia e Educação Artística): <https://uspdigital.usp.br/jupiterweb/listarGradeCurricular?codcg=27&codc ur=27301&codhab=101&tipo=N&print=true&keepThis=true&TB_iframe=true&heigh t=500&width=800>.

Relação candidato/vaga UFPR: 11 candidatos por vaga UEL: 7,3 candidatos por vaga

A profissão por ela mesma <https://www.youtube.com/watch?v=i4AH7Ky_oms> <https://www.youtube.com/watch?v=gKZv4ppZFic> <https://www.youtube.com/watch?v=ud0lhNqEDCs>

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HISTÓRIA Ao contemplarmos as Artes Visuais devemos compreender que há nela contextos históricos, seja referente a inspiração dos artistas ou ainda ao momento em que algo foi criado. Historicamente, vemos que as artes são anteriores até mesmo da própria escrita. Da pré-história à contemporaneidade, temos diversas formas de expressões artísticas que acompanham o percurso da humanidade. Desse modo, para compreender um pouco mais sobre Arte é preciso relaciona-la também a História. Nesse capitulo apresentaremos um panorama do Brasil Colônia.

Brasil Colônia Ao iniciarmos nossos estudos sobre História do Brasil é interessante destacar que, depois de algumas pesquisas, foram feitas novas descobertas, principalmente sobre a chegada dos portugueses ao Brasil. Sabe-se que antes de 1500 já existiam portugueses em terras brasileiras e que Cabral fez a primeira expedição de reconhecimento, e Pero Vaz de Caminha fez as primeiras descrições do território. Não podemos deixar de especificar que a colonização feita pelos portugueses em nosso território era de exploração, portanto, os primeiros contatos foram para a exploração do pau-brasil e para a busca de metais preciosos. [...] em 1501, Gaspar de Lemos notou a existência de pau-brasil, madeira cuja resina era utilizada como corante para tecidos. Teve início então a primeira atividade econômica na colônia: a extração e a comercialização do pau-brasil. A Coroa portuguesa tinha o monopólio (estanco) sobre essa atividade, mas podia arrendá-la a particulares. (CAPELLARI e GOMES, 2014, p.46)

A partir do momento em que Portugal percebeu o interesse de outros países pelo pau-brasil e consequentemente, pelo território brasileiro, a coroa resolveu ocupar as novas terras. A forma encontrada para essa ocupação é a concessão de terras, que recebe o nome de Capitanias Hereditárias, dividida em quatorze faixas de terras, cedidas para doze donatários de confiança da coroa portuguesa para a proteção do território. A maioria das capitanias não vingou, seja por resistência dos indígenas ou devido aos donatários. Posteriormente, a coroa decidiu implantar o Governo Geral, para administrar a colônia. “O primeiro governador-geral foi Tomé de Souza (1549– 1553), que trouxe com ele alguns jesuítas chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega.” (CAPELLARI e GOMES, 2014, p.46)

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A atividade que se desenvolveu no Brasil, principalmente no norte do território português foi a cana-de-açúcar, grandes engenhos foram construídos e a mão de obra passou de indígena para africana. O mercado escravo se desenvolveu no Brasil rapidamente, já que era preciso de pessoas para trabalhar nas fazendas de cana e como os conflitos entre indígenas e portugueses foram constantes, os indígenas preferiam fugir a serem escravizados, e a igreja também não permitia a escravização dos indígenas. Assim, o comércio de escravos também se tornou muito lucrativo para os portugueses. A sociedade escravocrata era bem dividida: enquanto donos de engenho viviam nas casas grandes, os escravos moravam em senzalas com condições precárias de vida e trabalho. Em 1693, os Bandeirantes – exploradores paulistas que buscavam ouro, escravos e terras férteis – encontraram ouro na região de Minas Gerais, assim fazendo a economia brasileira a ser exploradora de ouro. Muitas pessoas migraram para a região central do território em busca do metal precioso. A Coroa Portuguesa não ficou de fora e desenvolveu algumas instituições para a arrecadação do imposto do ouro, como o imposto do Quinto. Como o núcleo econômico mudou do norte para o centro do território, Rio de Janeiro tornou-se a nova capital da colônia. Após um período caótico, o governo de Portugal passou a controlar a região mineradora, distribuindo lavras, abrindo estradas, cobrando impostos e fundando vilas (Mariana, Vila Rica, Sabará etc.). Nasceu, assim, uma sociedade mais urbana, diversificada e dinâmica do que a do Nordeste açucareiro. (CAPELLARI e GOMES, 2014, p.48) A sociedade mineradora desenvolveu a economia em outras regiões, para atender a demanda de animais de transporte e de comida. Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná se desenvolveram com os tropeiros, grupos que levavam os animais do Rio Grande até Sorocaba em São Paulo. Esse caminho, conhecido como caminho do Viamão, desenvolveu ao longo do seu trajeto diversas colônias que posteriormente se tornaram cidades. No período colonial, o Brasil também teve algumas revoltas que manifestaram o descontentamento das minorias em diversas regiões do Brasil. O mapa apresentado a seguir mostra as localidades e os conflitos que ocorreram nesse período. Em seguida há também uma tabela que explica cada um dos conflitos.

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Disponível em: <http://files.jchistorybrasil.webnode.com.br/system_preview_detail_200001032c9c39cabde-public/Mapa%20das%20Revoltas%20Coloniais.jpg>. Acesso em 26. nov. 2016.

Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-ItD4CYJ7v38/UZxV_W2ZSCI/ AAAAAAAABCM/y7c5MKkNkOE/s1600/revoltas.jpg>. Acesso em 26. nov. 2016.

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No ano de 1808, a corte portuguesa veio ao Brasil fugindo de Napoleão. A partir desse momento, algumas transformações ocorreram, como a abertura dos portos para as nações amigas, o fim do pacto colonial e o Tratado de Navegação e Comércio assinado em 1810. Ainda neste ano, os portugueses assinaram o Tratado de Aliança e Amizade. O Rio de Janeiro sofreu também algumas transformações durante o período e passou a agregar funções administrativas, fiscais, jurídicas e políticas. Alguns conflitos também ocorreram enquanto D. João VI estava no Brasil. Em 1817, eclodiu em Recife a Revolução Pernambucana que teve como causas o aumento dos impostos para o sustento da Corte e da vasta burocracia, os gastos com a Guerra da Cisplatina (Uruguai), as baixas do preço do algodão e do açúcar no mercado internacional, tudo isso somado a seca que devastou algumas regiões do Nordeste. Em 1820 explodiu em Portugal a Revolta Liberal do Porto que exigiu a volta da família real para Portugal. D. João voltou para Portugal e deixou seu filho D. Pedro como príncipe regente. Em janeiro de 1822, D. Pedro pressionado por portugueses e brasileiros, decidiu ficar no Brasil. Até setembro, o processo político se desenvolveu e culminou com a independência do Brasil em 7 de setembro de 1822. Para a complementação dos conhecimentos sobre o Brasil Colônia, confira os links a seguir. •

Artigo:

<http://www.usp.br/cje/anexos/pierre/FAUSTOBorisHistoriadobrasil.pdf> •

Vídeos:

<https://www.youtube.com/watch?v=V_m3Gc_KwYg> <https://www.youtube.com/watch?v=ouq9tU5DUOc>

QUESTÃO COMENTADA 1. (PUC-RS) Entre 1500 e 1530, os interesses da coroa portuguesa, no Brasil, focavam o pau-brasil, madeira abundante na Mata Atlântica e existente em quase todo o litoral brasileiro, do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro. A extração era feita de maneira predatória e assistemática, com o objetivo de abastecer o mercado europeu, especialmente as manufaturas de tecido, pois a tinta avermelhada da seiva dessa madeira era utilizada para tingir tecidos. A aquisição dessa matéria-prima brasileira era feita por meio da: a) exploração escravocrata dos europeus em relação aos índios brasileiros. b) criação de núcleos povoadores, com utilização de trabalho servil. c) utilização de escravos africanos, que trabalhavam nas feitorias. d) exploração da mão de obra livre dos imigrantes portugueses, franceses e holandeses. e) exploração do trabalho indígena, no estabelecimento de uma relação de troca, o conhecido escambo.

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RESOLUÇÃO A exploração do pau-brasil como primeira atividade econômica dos portugueses nas terras conquistadas da América do Sul só foi possível pela acolhida amigável com que vários povos indígenas do litoral receberam os invasores. Essa acolhida permitiu aos portugueses utilizar a mão de obra nativa para o trabalho de corte das árvores e seu transporte até a praia, ou até feitorias erguidas para armazenar o pau-brasil. Os portugueses recompensavam esse trabalho com objetos trazidos de Portugal (espelhos, machados, etc.), caracterizando uma relação de escambo. Sendo assim, a alternativa correta é a letra e.

EXERCÍCIOS 1. (Uerj) O triunfo holandês seria coroado com a chegada do conde Maurício de NassauSiegen, que desembarcou como governador em janeiro de 1637. Transformado em mito de nossa história seiscentista, Nassau ficaria também celebrizado pela missão de pintores e naturalistas que financiou no seu governo. Frans Post (1612-1680) foi o mais renomado componente da missão nassoviana, dedicando-se à pintura de paisagens, retratando a natureza tropical e as construções humanas. Adaptado de Vainfas, R. “Tempo dos Flamengos: a experiência colonial holandesa”. In: FRAGOSO, J. L. R.; GOUVEA, M. de F. (org). O Brasil colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014

A presença holandesa no Brasil, entre 1630 e 1654, interferiu nos rumos da colonização portuguesa nas terras americanas. O governo de Nassau (1637-1644) tornouse uma referência, estimulando a produção de registros, como as pinturas de Frans Post. Identifique o principal objetivo econômico da presença holandesa no Brasil, no século XVII. Em seguida, apresente duas realizações do governo de Nassau que tenham contribuído para sua notoriedade histórica.

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2. (Uerj) O trabalho na colônia 1500–1532: período chamado pré-colonial, caracterizado por uma economia extrativa baseada no escambo com os índios; 1532–1600: época de predomínio da escravidão indígena; 1600–1700: fase de instalação do escravismo colonial de plantation em sua forma “clássica”; 1700–1822: anos de diversificação das atividades em função da mineração, do surgimento de uma rede urbana, mais tarde de uma importância maior da manufatura – embora sempre sob o signo da escravidão predominante. CIRO FLAMARION SANTANA CARDOSO In: LINHARES, Maria Yedda (org.). História geral do Brasil. 9ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000

A partir das informações do texto, verificam-se alterações ocorridas no sistema colonial em relação à mão-de-obra. Apresente duas justificativas para o incentivo do Estado português à importação de mão-de-obra escrava para sua colônia na América.

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REFERÊNCIAS CAPELLARI, M. A.; GOMES N. F. He. Ser Protagonista: História – Ensino Médio. São Paulo: Edições SM. 2014. SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA DO ESTADO DO PARANÁ. Rota de Desenvolvimento Docente. Curitiba: Núcleo de Educação a Distância (NEaD) SESI-PR. 2016.

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FILOSOFIA Ciência/Método – Revolução Científica Do Século XVII Terminada a Idade Média, um espírito de renascimento intelectual e artístico floresceu na Europa. Nesse período de inovação e descoberta, surgiu uma nova cepa de pensadores que contestou as ideia medievais ortodoxas sobre a ordenação do Universo e da sociedade. (LAW, 2009, p. 34)

O Renascimento representou a emergência de um novo humanismo. Começou na Itália em meados do século XIV e espalhou-se rapidamente pela Europa. Este momento tinha como pano de fundo mudanças sociais e econômicas radicais, decorrente da expansão das cidades. O sistema feudal dava lugar ao capitalismo à medida que uma nova classe de comerciantes ricos emergia. Textos latinos e gregos da Antiguidade estavam mais acessíveis e muitos pensadores descobriram uma herança alternativa à tradição aristotélica e platônica. Através dos textos de Lucrécio e Cícero, as filosofias pagãs do estoicismo e epicurismo foram trazidas de volta ao ambiente intelectual. Os pensadores do Renascimento tinham interesse em alquimia e ocultismo, mas também pela ciência e o fim da escolástica. Francis Bacon (1561–1626) propôs uma nova abordagem ao esforço científico que ficou conhecida como o Método da Indução. Bacon aconselhou cientistas a começarem com observações do mundo, usando-as como base para teorias gerais. Esta nova abordagem teve sua mais clara expressão na revolução da cosmologia que seguiu as descobertas de Galileu. A imagem do Universo, fundada na física de Aristóteles e na cosmologia platônica, situava a Terra em seu centro, com todos os corpos celestes em órbitas fixas ao redor dela. Sob a influência dos atomistas antigos, Galileu, Gassendi e Hobbes reviveram a concepção mecânica da natureza do Universo. O homem e sua natureza eram o centro das indagações. Também neste período, a Reforma apresentou uma série de pensadores religiosos e rebelou contra a Igreja, incitando um retorno aos ensinamentos da Bíblia. Erasmo, Calvino e Lutero questionaram os ensinamentos do catolicismo e em 1517 a Reforma de fato começou com as 85 teses pregadas à porta da Igreja do Castelo – em Wittenberg, Alemanha, questionando a autoridade da Igreja. Por mais importante que o Renascimento tenha sido em termos das Artes e da Ciência, o impacto na Filosofia ainda estava por vir. No início do século XVII, filósofos, livres dos dogmas religiosos, pretendiam retornar ao espírito da Grécia Antiga.

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MOVIMENTO ILUMINISTA Eles se autodenominam ‘os filósofos’. Ou cidadãos livres e iguais da ‘república das letras’ [...] Voltaire, D’Alembert, Holbach, Montesquieu, Condillac e Rousseau: procuram a fama, a glória – meios para ser admirados no fechado círculo de le monde, a elite sociocultural dessa França estratificada [...] Escrevem muito, sobre os mais diversos assuntos: Enciclopédia é a grande obra de todos eles (ou quase) também chamados, por isso, de ‘enciclopedistas’. Escrevem para um público novo de não-especialistas, a quem pretendem lanças as “luzes”, mesmo que isso signifique abalar os valores estabelecidos. (OS PENSADORES, 1999, p. 267)

O desenvolvimento intelectual e social na Europa alcançou seu auge no século XVIII, com o Iluminismo. Após Descartes, pensadores começaram a se ver em uma nova Idade da Razão, a qual se libertava do medievalismo caracterizado pela adesão servil à tradição, à autoridade e à superstição. Francis Bacon convocou os cientistas a determinar por si mesmos a estrutura do mundo natural como a “lei” da natureza. Avanços científicos alimentaram o otimismo dos pensadores em relação ao progresso científico e social. Na França, o grupo intelectual conhecido como Les Philosophes incluía Voltaire, Rousseau e Diderot, que produziu uma vasta reunião de informação chamada de Encyclopédie, onde catalogaram o conhecimento humano em um espírito da nova ciência.

Razão e experiência Em que medida o conhecimento depende de nossos sentidos? Descobrimos coisas tanto por raciocínio como por experiência. Uma ênfase maior nestas duas formas de conhecimento gerou duas correntes de pensamento: racionalismo e empirismo. Porém, antes de analisarmos cada corrente, precisamos definir alguns conceitos. A expressão latina a priori significa literalmente “do que vem antes”. Na Filosofia, “referese a conhecimento baseado em afirmações que não requerem experiência sensorial para serem tidas como verdadeiras” (LAW, 2009. p. 66). Por outro lado, afirmações que só podem ser estabelecidas através de nossos cinco sentidos são chamados de a posteriori. A distinção a priori/a posteriori expressa como verificamos ou estabelecemos determinada afirmação é verdadeira. Não se refere ao modo como adquirimos os conceitos ou palavras envolvidos na compreensão de conhecimento.

Racionalismo Os racionalistas seguiram Descartes, tratando a razão como o caminho para estabelecer o conhecimento. O sucesso matemático na ciência influenciou a utilização do método dedutivo a partir de princípios primeiros, a fim de construir uma grande teoria capaz de explicar tudo, assim iniciou-se a tradição de construção de sistemas metafísicos.

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Spinoza modelou a construção de seu pensamento pelo método axiomático da geometria euclidiana, onde os axiomas e definições considerados evidentes reconhecíveis pela razão são formulados primeiro. A partir deles, deduz-se uma série de conclusões que informam sobre a natureza do Universo. O princípio central desses sistemas permanece sendo Deus, cujo conhecimento pode ser obtido racionalmente. Conservaram elementos do aristotelismo em sua compreensão de conceitos-chave, como o de substância. Nascido perto de Tours, na França, Descartes (1596–1650) foi educado em um colégio jesuíta, onde revelou grande aptidão pela Matemática. Iniciou carreira militar, viajou muito pela Europa e se estabeleceu na Holanda. Suspendeu seu primeiro tratado devido à condenação de Galileu pela Inquisição. Sua primeira obra publicada, Discurso do Método, introduziu suas ideias metafísicas, além de apresentar um relato bibliográfico de seu desenvolvimento intelectual e um esboço de ideias sobre a abordagem referente a aquisição de conhecimento. Grande admirador da matemática, utilizamos desta como chave para a compreensão do método e das ambições de sua filosofia. Para descobrir algo “firme e constante nas ciências”, assim como na matemática, Descartes acreditava precisar estabelecer princípios básicos. Assim, eram submetidas todas as suas opiniões prévias ao ceticismo. Se a dúvida sobrevivesse a este crivo, seria um fundamento digno para seu conhecimento. Gerou, então, dúvidas sobre a confiabilidade de seus sentidos. O fruto de seu ceticismo foi a primeira certeza de seu sistema de conhecimento: sua própria consciência e aquilo que era diretamente ciente eram certezas que não poderiam ser dissipadas: “penso, logo existo”. Seu método fica dividido em quatro etapas, conforme infográfico abaixo:

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Empirismo A reação inglesa a nova ciência não enfatizou o papel da Matemática, mas da observação empírica e desconfiava da construção de sistemas. John Locke, o primeiro dos grandes empiristas adotou um tom mais modesto, afirmando meramente descrever como o conhecimento é adquirido a partir da experiência. O filósofo tentou determinar os limites do que se pode conhecer. Ele também rejeitou a ideia – associada aos pensadores racionalistas – de que temos conhecimento inato de princípios abstratos, afirmando, em vez disso, que nosso conhecimento nos chega por meio dos sentidos. Assim, o projeto empirista foi mais radical do que os racionalistas. Para os empiristas, construir um corpo de conhecimento envolvia começar do zero. George Berkeley ficou conhecido por levar a abordagem de Locke a seu extremo lógico e negar que possamos conhecer alguma coisa além da mente. A própria ideia de um mundo material situado além da percepção que temos, seria uma contradição em termos. David Hume (1711–1776), nasceu numa família de pequenos proprietários de terra na fronteira da Escócia e estudou direito em Edimburgo. Rejeitou as ideias presbiterianas sobre a criação. Mudou-se para a França onde concentrou na publicação do Tratado da Natureza Humana. Seus diálogos, que fizeram alguns dos mais devastadores ataques à crença religiosa no âmbito filosófico, foram publicados somente após sua morte. David tentou descrever a mente humana da mesma maneira que outros fenômenos naturais. O filósofo via os sentidos como fonte-chave para o conhecimento e dividiu os conteúdos da mente em duas categorias: “impressões” – percepções que gozamos quando o mundo marca nossos sentidos; e “ideias” – cópias menos vividas das impressões. As ideias são conceitos e pensamentos de coisas que não estamos mais experimentando, porém somos capazes de evocar em nossas mentes. O objetivo filosófico nesta corrente era insistir que não há nada na mente que não seja uma sensação transformada.

Reflexões Kantianas Immanuel Kant mudou radicalmente a perspectiva da análise filosófica da realidade. Seu procedimento, conhecido como Revolução Copernicana (por mudar o centro dessa análise), foi refletir primeiro sobre o alcance e os limites da razão e da experiência. Sua reflexão, chamada de crítica, equivaleu a um julgamento dos limites e das possibilidades da razão humana. Kant concluiu que os dados recebidos da experiência eram “moldados” no ato de conhecê-los. O filósofo dividiu a realidade em dois aspectos:

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Nôumeno ou “coisa em si”.

Fenômeno ou “coisa como se apresenta para o sujeito”.

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A pretensão da Metafísica era estudar o Nôumeno. Kant demonstrou que só os fenômenos eram acessíveis, pois todo conhecimento dependeria da estrutura universal da razão humana, que ele chamava de sujeito transcendental. Essa estrutura era constituída pelas formas puras da sensibilidade e do entendimento. Elas determinariam as percepções sensíveis e os conceitos dos objetos, tornando-os, assim, objetos de conhecimento, ou sejam, “a realidade é posta pelo sujeito transcendental”. Para Kant, a estrutura da razão humana só permitia o acesso aos fenômenos e não ao nôumeno ou “coisa em si”. Segundo ele, essa estrutura da razão – chamada de sujeito transcendental – seria formada pelas formas puras da sensibilidade e do entendimento, segundo as quais os fenômenos seriam percebidos e pensados. É importante destacar o fato de que, segundo o pensamento kantiano, as formas puras de entendimento permitiriam pensar e descrever os fenômenos em forma de juízos, que poderiam ser de quatro tipos: •

Juízos analíticos: explicitam os predicados implícitos num sujeito. Exemplo: O círculo é redondo.

Juízos sintéticos: aqueles que acrescentam um predicado a um sujeito. Exemplo: Sócrates é alto.

Juízos a priori ou apriorísticos: puros, ou seja, anteriores à experiência.

Juízos a posteriori ou empíricos: dependentes da experiência.

QUESTÃO COMENTADA 1. (Enem) Depois de longas investigações, convenci-me por fim de que o Sol é uma estrela fixa rodeada de planetas que giram em volta dela e de que ela é o centro e a chama. Que, além dos planetas principais, há outros de segunda ordem que circulam primeiro como satélites em redor dos planetas principais e com estes em redor do Sol. (...) Não duvido de que os matemáticos sejam da minha opinião, se quiserem dar-se ao trabalho de tomar conhecimento, não superficialmente, mas duma maneira aprofundada, das demonstrações que darei nesta obra. Se alguns homens ligeiros e ignorantes quiserem cometer contra mim o abuso de invocar alguns passos da Escritura (sagrada), a que torçam o sentido, desprezarei os seus ataques: as verdades matemáticas não devem ser julgadas senão por matemáticos. (COPÉRNICO, N. De Revolutionibus orbium caelestium)

Aqueles que se entregam à prática sem ciência são como o navegador que embarca em um navio sem leme nem bússola. Sempre a prática deve fundamentar-se em boa teoria. Antes de fazer de um caso uma regra geral, experimente-o duas ou três vezes e verifique se as experiências produzem os mesmos efeitos. Nenhuma investigação humana pode se considerar verdadeira ciência se não passa por demonstrações matemáticas. (VINCI, Leonardo da. Carnets)

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O aspecto a ser ressaltado em ambos os textos para exemplificar o racionalismo moderno é a) a fé como guia das descobertas. b) o senso crítico para se chegar a Deus. c) a limitação da ciência pelos princípios bíblicos. d) a importância da experiência e da observação. e) o princípio da autoridade e da tradição.

RESOLUÇÃO Para o racionalismo moderno a ciência passa pelo crivo da observação sistêmica e da experiência. Essa mudança na concepção de ciência rompeu com a forma medieval de estudo, onde os princípios estavam embasados na religiosidade e dogmas. Assim, a alternativa que corrobora com essa ideia é a letra d.

EXERCÍCIOS 1. (UFPR) Obra: Descartes, “Primeira meditação”, §2 Agora, pois, que meu espírito está livre de todos os cuidados, e que consegui um repouso assegurado numa pacífica solidão, aplicar-me-ei seriamente e com liberdade em destruir em geral todas as minhas antigas opiniões. Ora, não será necessário, para alcançar esse desígnio, provar que todas elas são falsas, o que talvez nunca levasse a cabo; mas, uma vez que a razão já me persuade de que devo menos cuidadosa mente impedir - me de dar crédito às coisas que não são inteiramente certas e indubitáveis, do que às que nos parecem manifestamente ser falsas, o menor motivo de dúvida, que eu nelas encontrar bastará para me levar a rejeitar todas. Em que sentido a dúvida adotada por Descartes não se confunde com a dúvida vulgar?

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2. (UEL-PR) O principal problema de Descartes pode ser formulado do seguinte modo: Como poderemos garantir que o nosso conhecimento é absolutamente seguro?” Como o cético, ele parte da dúvida; mas, ao contrário do cético, não permanece nela. Na Meditação Terceira, Descartes afirma: “[...] engane-me quem puder, ainda assim jamais poderá fazer que eu nada seja enquanto eu pensar que sou algo; ou que algum dia seja verdade eu não tenha jamais existido, sendo verdade agora que eu existo [...]” Com base no enunciado e considerando o itinerário seguido por Descartes para fundamentar o conhecimento, é correto afirmar: a) Todas as coisas se equivalem, não podendo ser discerníveis pelos sentidos nem pela razão, já que ambos são falhos e limitados, portanto o conhecimento seguro detém-se nas opiniões que se apresentam certas e indubitáveis. b) O conhecimento seguro que resiste à dúvida apresenta-se como algo relativo, tanto ao sujeito como às próprias coisas que são percebidas de acordo com as circunstâncias em que ocorrem os fenômenos observados. c) Pela dúvida metódica, reconhece-se a contingência do conhecimento, uma vez que somente as coisas percebidas por meio da experiência sensível possuem existência real. d) A dúvida manifesta a infinita confusão de opiniões que se pode observar no debate perpétuo e universal sobre o conhecimento das coisas, sendo a existência de Deus a única certeza que se pode alcançar. e) A condição necessária para alcançar o conhecimento seguro consiste em submetê-lo sistematicamente a todas as possibilidades de erro, de modo que ele resista à dúvida mais obstinada.

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REFERÊNCIAS ABRÃO, B. S. Os Pensadores: História da Filosofia. São Paulo: Nova Cultural, 1999. BLACKBURN, S. Dicionário Oxford de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1977. CHAUI, M. Iniciação à Filosofia: Ensino Médio. São Paulo: Ática, 2013. KLEINMAN, P. Tudo o que você precisa saber sobre Filosofia: de Platão e Sócrates até a ética e metafísica. São Paulo: Gente, 2014. LAW, S. Guia ilustrado Zahar: Filosofia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009. WARBURTON, N. Uma breve história da Filosofia. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2015.

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GEOGRAFIA Quando se pensa em Artes Visuais, logo vem à mente desenhos, pinturas, esculturas, tinta e outros milhares de recursos capazes de representar o mundo real e imaginário. No entanto, elas estão além do papel, o campo de atuação nas Artes Visuais é amplo. Teatro, cinema, música, fotografia, moda e arquitetura, por exemplo, também as representam. A Arte é o registro mais fiel da história da humanidade. É o retrato da contemporaneidade de cada época e está conectado com a literatura, geografia, física, química, música, teatro etc. Fazendo essas conexões, essas “teias”, propiciamos outros olhares e percepções estéticas diferenciadas. Portanto, isenta de tendenciosidades políticas e/ou sociais.

Geografia Física A Geografia Física é a área dos estudos geográficos relacionada às manifestações terrestres naturais, envolvendo processos superficiais e elementos do interior do planeta que possuem direta relação com as formas e as alterações do relevo. Através de suas diversas abordagens – como a Climatologia, a Geomorfologia, a Hidrologia, a Biografia, a Pedologia, a Glaciologia e muitos outras – a Geografia Física aborda temas que se aglutinam, geralmente, em torno de quatro temas: litosfera, atmosfera, hidrosfera e biosfera. Para isso, mantém diretas relações com inúmeras outras áreas do conhecimento, como a Geologia e a Biologia. Quando falamos em litosfera, referimo-nos à porção rochosa do planeta. É claro que a sua compreensão também deverá estar relacionada com as demais camadas internas do da Terra, pois sabemos que elas interferem direta e indiretamente nas transformações das formas de relevo. Já os estudos da atmosfera englobam temas referentes não tão somente aos elementos presentes no ar e a sua movimentação, mas a todos os processos que acontecem acima da superfície terrestre, como as transformações dos climas e do tempo e as demais ocorrências. A hidrosfera, por sua vez, envolve nos estudos nela realizados questões referentes ao comportamento das formas e cursos d’água da superfície terrestre, envolvendo tanto os rios e lagos quanto os mares e oceanos. As bacias hidrográficas também constituem um importante tema nesse campo. Por fim, os assuntos relacionados com o estudo da biosfera, em uma ampla intersecção com a Biologia, abordam questões pertinentes às três temáticas acima estabelecidas, além das relações destas com os seres vivos. Portanto, a sua compreensão demanda de um melhor entendimento de todos os elementos terrestres, sejam eles bióticos ou abióticos.

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Nesse sentido, é importante destacar que a Terra é, acima de tudo, um sistema dinâmico. Sua composição e sua dinâmica não se limitam a essas separações temáticas que foram inventadas pelo homem apenas para estabelecer uma compreensão didática sobre as questões naturais.

Agentes internos •

Tectonismo

Os movimentos tectônicos resultam de pressões, vindas do interior da Terra e que agem na crosta terrestre. Quando as pressões são verticais, os blocos continentais sofrem levantamentos e baixamentos. Os movimentos resultantes de pressão vertical são chamados epirogenéticos. Quando as pressões são horizontais, são formados dobramentos ou enrugamentos que dão origem às montanhas. Esses movimentos ocasionados por pressão horizontal são chamados orogenéticos. O diastrofismo (distorção) caracteriza-se por movimentos lentos e prolongados que acontecem no interior da crosta terrestre, produzindo deformações nas rochas. Esse movimento pode ocorrer na forma vertical (epirogênese) ou na horizontal (orogênese). A epirogênese ou falhamento consiste em movimentos verticais que provocam pressão sobre as camadas rochosas resistentes e de pouca plasticidade, causando rebaixamentos ou soerguimentos da crosta continental. São movimentos lentos que não podem ser observados de maneira direta, pois requerem milhares de anos para que ocorram. A orogênese ou dobramento caracteriza-se por movimentos horizontais de grande intensidade que correspondem aos deslocamentos da crosta terrestre. Quando tais pressões são exercidas em rochas maleáveis, surgem os dobramentos, que dão origem às cordilheiras. Os Alpes e o Himalaia, dentre outras, originam-se dos movimentos orogênicos. A orogênese também é responsável pelos terremotos e maremotos.

Vulcanismo Chama-se vulcanismo as diversas formas pelas quais o magma do interior da Terra chega até a superfície. Os materiais expelidos podem ser sólidos, líquidos ou gasosos (lavas, material piroclástico e fumarolas). Esses materiais acumulam-se em um depósito sob o vulcão até que a pressão gerada faça com que ocorra a erupção. As lavas escorrem pelo edifício vulcânico, alterando e criando novas formas na paisagem. O relevo vulcânico caracteriza-se pela rapidez com que se forma e com que pode ser destruído.

Localização dos vulcões A maioria dos vulcões da Terra está concentrada em duas áreas principais: Círculo de Fogo do Pacífico: desde a Cordilheira dos Andes até as Filipinas, onde se concentram 80% dos vulcões da superfície. Outras localizações: América Central, Antilhas, Açores, Cabo Verde, Mediterrâneo e Cáucaso.

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Abalos sísmicos ou terremotos Um terremoto ou sismo se origina devido aos movimentos convectivos que ocorrem na astenosfera. Esses movimentos forçam as placas tectônicas da litosfera (camada rochosa) movendo-as. Como resultado, as placas podem se chocar (formando bordas convergentes), separar-se (formando bordas divergentes) ou deslizar (formando bordas transformantes). O terremoto é resultado do alívio da pressão que existe entre essas placas gerando, desta maneira, uma vibração. Essa vibração propaga-se através das rochas pelas ondas sísmicas. O ponto do interior da Terra onde é gerado o sismo é designado por hipocentro ou foco enquanto que o epicentro é o ponto da superfície terrestre. Os sismógrafos são os aparelhos que detectam e medem as ondas sísmicas. A intensidade dos terremotos é dada pela Escala Mercalli Modificada, que mede os danos causados pelo sismo.

A identificação das principais placas tectônicas é muito importante para o entendimento das ocorrências dos eventos sísmicos.

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Agentes externos São agentes externos aqueles que modificam o relevo. São considerados agentes externos: as águas do mar, dos rios e das chuvas, o gelo, o vento e o homem, causando a erosão marinha. Os tipos de erosão fluvial, pluvial, glacial, eólica e antrópica. Os agentes externos agridem a superfície terrestre, a transformando em formatos e tamanhos diferentes.

Geleiras ou glaciares Em algumas zonas de clima muito frio, a neve não derrete durante o verão. O peso das camadas de neve acumuladas durante invernos seguidos acaba por transformá-la em gelo. Quando essa enorme massa de gelo se desloca, corre como um poderoso rio de gelo. As geleiras, ou glaciares, realizam um trabalho de erosão nas rochas que as cercam, formando vales em forma de U. Os sedimentos transportados pelas geleiras são chamados moreias, morenas ou morainas.

Abrasão marinha A ação das águas do mar O que é? O mar exerce um duplo trabalho nos litorais dos continentes. É um agente erosivo, que desgasta as costas em um trabalho incessante de destruição chamado abrasão marinha. As águas dos mares e oceanos desgastam e destroem as rochas da costa mediante três movimentos: as ondas, as marés e as correntes marítimas. Ao mesmo tempo, o vaivém de suas águas traz sedimentos que são depositados nos litorais, realizando um trabalho de acumulação marinha. A ação contínua das ondas do mar ataca a base, os paredões rochosos do litoral, causando o desmoronamento de blocos de rochas e o consequente afastamento do paredão. Esse processo dá origem a costas altas denominadas falésias. Algumas falésias são cristalinas, como as de Torres, no Rio Grande do Sul. No Nordeste do Brasil, encontramos falésias formadas por rochas sedimentares denominadas barreiras.

Ação das ondas Quando a costa é formada por rochas de diferentes durezas, formam-se reentrâncias (baías ou enseadas) e saliências no lado escarpado, de acordo com a resistência dessas rochas à erosão marinha. A ação da água do mar pode transformar uma saliência rochosa do continente em uma ilhota costeira.

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Se um banco de areia se depositar entre a costa e uma ilha costeira, esta pode unirse ao continente, formando então um tômbolo. Caso um banco de areia se deposite de modo paralelo à linha da costa, fechando uma praia ou enseada, poderá formar uma restinga e uma lagoa litorânea. As praias são depósitos de areia ou cascalho que se originam nas áreas abrigadas da costa, onde as correntes litorâneas exercem menos força. Quando o depósito de areia se acomoda paralelamente à costa, formam-se as barras ou bancos de areia.

Ação dos ventos O vento é o agente com menor poder erosivo, pois só pode mover partículas pequenas e próximas do solo. Estas pequenas partículas são chamadas de sedimentos. Ainda assim, ele transporta partículas finas a centenas de quilômetros de seu lugar de origem. A ação erosiva do vento, que atinge o ponto máximo nas zonas desérticas, secas e de vegetação escassa, também contribui para a destruição do relevo da Terra. O vento desprende as partículas soltas das rochas e vai polindo-as até transformá-las em grãos de areia. Os ventos atuam, em especial, no litoral e no deserto, agindo constantemente na formação e transformação do relevo. Essa é denominada erosão eólica, um exemplo comum são as dunas formadas parcialmente de sedimentos.

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Para a complementação dos conhecimentos sobre Geografia Física, confira os links a seguir. •

Artigo:

Evolução do pensamento geográfico <https://www.artigos.etc.br/author/guiomar -andrade-de-oliveira> •

Vídeo:

<https://www.youtube.com/watch?v=wxfFjMavT1k> •

Livro:

Uma Introdução à Geografia Física, Christopherson Robert W.

Questão comentada 1. (Brasil Escola) Os terremotos de grande magnitude e intensidade ocorrem principalmente em locais onde há o encontro de diferentes placas tectônicas. Essas áreas são denominadas: a) Zonas de divergência. b) Epicentro. c) Deriva continental. d) Zonas de convergência. e) Escala Richter.

Resolução O encontro de diferentes placas tectônicas ocorre em áreas denominadas zonas de convergência. Essas áreas apresentam instabilidade tectônica, sendo vulneráveis à ocorrência de terremotos. Sendo assim, a resposta correta é a letra d.

Exercícios (UEL-PR – adaptada) Leia o texto a seguir. Água também é mar E aqui na praia também é margem. Já que não é urgente, aguente e sente, aguarde o temporal Chuva também é água do mar lavada no céu imagem (ANTUNES, A.; MONTE, M.; BROWN, C. Água também é mar. Memórias, crônicas e declarações de amor. EMI, 2000.)

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Esse trecho faz menção ao ciclo hidrológico, sendo a chuva apresentada como “água do mar lavada”. Com a tecnologia dos tempos atuais, a água do mar pode ser tratada em grande escala a ponto de tornar-se potável. Com relação à possibilidade de dessalinização, analise as alternativas abaixo considerando verdadeiras ou falsas. ( ) A principal consequência do processo de dessalinização de águas é a salinização de solos produtivos. ( ) A salinidade é menos elevada em águas mais quentes, fator que favorece a dessalinização no Oriente Médio. ( ) Devido à grande disponibilidade hídrica em todo o território, é desnecessário ao Brasil recorrer ao processo de dessalinização. ( ) O processo de dessalinização tem por objetivo principal a retirada de vírus e bactérias das águas por meio de técnicas específicas. ( ) O processo de dessalinização pode ser realizado em águas do mar e também em águas continentais salobras.

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=667 2. (UEL-PR – adaptada) Considere as alternativas abaixo marcando verdadeiro ou falso. ( ) A intensidade de fenômenos naturais, como a dos vulcões, independe do nível de desenvolvimento técnico e econômico dos países. ( ) Devido às transformações tecnológicas, fenômenos como terremotos, vulcões e mesmo tsunamis são passíveis de serem monitorados, minimizando possíveis catástrofes. ( ) No caso de vulcões de tipo pliniano, como o Vesúvio, alguns fenômenos antecedem sua erupção, tais como abalos sísmicos, liberação de gases, cinzas e pedras-pomes. ( ) Terremotos, vulcões e tsunamis são fenômenos intensificados pela ação antrópica e mesmo com toda a tecnologia ainda são imprevisíveis.

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http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=666

Referências GUERRA, A. T.; GUERRA, A. J. T. Novo dicionário geológico-geomorfológico. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. (Org.) Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. SCHOBBENHAUS, C.; GONÇALVES, J. H.; SANTOS, J. O. S. et al. Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo: Sistema de Informações Geográficas – SIG e 46 folhas na escala 1:1.000.000. Brasília: CPRM, 2004. 41 CD-ROM’s.

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SOCIOLOGIA Olá, tudo bem? Neste capítulo vamos falar sobre como os temas sociológicos podem contribuir para o enriquecimento da formação dos profissionais de Artes Visuais, vamos nessa? O profissional de Artes Visuais tem em sua formação básica a disciplina de Antropologia Cultural que aborda as diversas culturas, os aspectos materiais e imateriais das culturas e suas formas de expressão. É o campo da cultura também, que discutirá a arte e a sua relação com a indústria cultural, temas essenciais para entendermos o papel e o lugar da arte na vida humana.

O que é cultura? Cultura também é um daqueles termos que possuem uma infinidade de sentidos e significados. No seu sentido mais original, cultura se relacionava ao cuidado da terra por meio do trabalho, ou seja, cultivar. Outro sentido mais popular sobre cultura é o de associá-la ao conhecimento ou a falta dele. Nesse sentido, podemos nos utilizar da abordagem construída por Damatta (1981), que, segundo o autor, existem duas formas de entender o conceito. Vamos a eles? O primeiro sentido de cultura, enquanto categoria do senso comum possui os sentidos de educação, sofisticação e conhecimento, Neste sentido, cultura é uma palavra usada para classificar as pessoas e, às vezes, grupos sociais, servindo como uma arma discriminatória contra algum sexo, idade (“as gerações mais novas são incultas”), etnia (“os pretos não tem cultura”) ou mesmo sociedades inteiras” quando se diz que “os franceses são cultos e civilizados” em oposição aos americanos que são “ignorantes e grosseiros. (1981, p.1). A ideia expressa acima se aproxima do sentido que Civilization assume para os franceses, sendo a autoconsciência e crença destes como uma sociedade mais evoluída e superior às sociedades do passado ou chamadas “primitivas” devido principalmente à suas realizações “materiais e espirituais”. O conceito de civilização procurava reduzir as diferenças nacionais ao mesmo passo em que valorizava um modo de ser e de se comportar ideal que poderia ser levado a outros lugares e povo. Dessa forma, esse modo de pensamento contribuiu para o movimento expansionista de colonização (ELIAS, 1990). O outro sentido, e mais próximo do pensamento social, é explicitado abaixo por Damatta: No caso do conceito de cultura ocorre o mesmo, embora nem todos saibam disso. De fato, quando um antropólogo social fala em “cultura”, ele usa a palavra como um conceito chave para a interpretação da vida social. “Porque para nós ‘‘cultura” não é simplesmente um referente que marca uma hierarquia de “civilização”, mas a maneira de viver total de um grupo, sociedade, país ou pessoa. Cultura é, em Antropologia

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Social e Sociologia, um mapa, um receituário, um código através do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam e modificam o mundo e a si mesmas. É justamente porque compartilham de parcelas importantes deste código (a cultura) que um conjunto de indivíduos com interesses e capacidades distintas e até mesmo opostas, transformam-se num grupo e podem viver juntos sentindo-se parte de uma mesma totalidade. Podem, assim, desenvolver relações entre si porque a cultura lhes forneceu normas que dizem respeito aos modos, mais (ou menos) apropriados de comportamento diante de certas situações. Por outro lado, a cultura não é um código que se escolhe simplesmente. É algo que está dentro e fora de cada um de nós, como as regras de um jogo de futebol, que permitem o entendimento do jogo e, também, a ação de cada jogador, juiz, bandeirinha e torcida. Quer dizer, as regras que formam a cultura (ou a cultura como regra) é algo que permite relacionar indivíduos entre si e o próprio grupo com o ambiente onde vivem. (LARAIA, 1981, p.2)

Analisada no singular, o termo cultura se refere à capacidade humana de construir e imprimir significados às suas práticas. Deste modo, tudo o que fazemos, desde as técnicas agrícolas, o preparo dos alimentos, o casamento, nossas relações sociais, nossas regras de comportamento são entendidas como construções sócio culturais significativas. Roque Laraia, em seu livro Cultura um Conceito Antropológico, traz uma forma de interpretar o conceito de cultura elaborado por Ruth Benedict em que “a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. Homens de culturas diferentes usam lentes diversas e, portanto, têm visões desencontradas das coisas” (2003, p. 67). Esse desencontro de formas de ver o mundo pode levar a formas de comportamentos conflitivas e etnocêntricas, conforme bem coloca Laraia: O etnocentrismo, de fato, é um fenômeno universal. É comum a crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade, ou mesmo a sua única expressão. As autodeterminações de diferentes grupos reflete este ponto de vista. Os Cheyene, índios das planícies norte-americanas, se autodenominavam ‘os entes humanos’; os Akuáwa, grupo Tupi do Sul do Pará, consideram-se ‘os homens’; da mesma forma que os Navajos se intitulam ‘o povo’. [...] É comum assim a crença no povo eleito, predestinado por seres sobrenaturais para ser superior aos demais. Tais crenças contêm o germe do racismo, da intolerância, e, frequentemente, são utilizadas para justificar a violência praticada contra os outros” (LARAIA, Roque de B. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2003).

Identidade e diversidade Referido no plural culturas, o significado é ampliado para a diversidade das realizações humanas, dentre estas, Hábitos, costumes, valores e moralidades; estilos de culinária, roupas, adornos, utensílios e objetos; práticas relacionadas a namoro, casamento e família; religiões, filosofias e saberes; relações de parentesco, divisão do trabalho e distribuição de poder;

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rituais, celebrações e expressões artísticas – todos esses fenômenos que fazem parte da existência humana são produtos culturais comparativamente diversos” (SOCIOLOGIA, 2010, p.188)

Uma possibilidade interessante sobre o tema é analisarmos a relação entre diversidade, diferença e desigualdade. Se refletirmos brevemente sobre os grupos sociais que formam a grande diversidade cultural brasileira, perceberemos que eles são formados, na sua maioria, por grupos minoritários e oprimidos que demandam respeito e reconhecimento de seus direitos e lutam para preservar sua cultura e identidade. Essa diversidade de expressões culturais confere aos diversos grupos humanos identidade e singularidade. É a identidade que torna indivíduos e grupos sociais únicos e exclusivos e que confere a esses mesmos indivíduos e grupos o sentimento de pertencimento e de solidariedade social. Aproxima-se da noção de kultur para os alemães que expressa as diferenças e identidades nacionais construídas por um povo e que são dificílimas de serem copiadas por outros grupos (ELIAS, 1990).

Indústria Cultural Esse tema é interessante na medida em que une o conceito de cultura e ideologia. Só é possível compreender o conceito de indústria cultural a partir da sua relação com o conceito de dominação. A indústria cultural produz produtos culturais, como músicas, livros, séries e filmes, com o objeto de vendê-los ao mercado de entretenimento. Para atingir o maior público possível e consequentemente obter o máximo de lucro, esses produtos cultuais precisam agradar o maior número de consumidores. Para tanto, os produtos devem ser simplificados, esquematizados, mastigados, padronizados e não devem trazer elementos novos para os consumidores. Todo esse processo é feito de maneira a se evitar o novo e o desconhecido, e isso por uma razão estritamente econômica. Só se lança um produto cultural com o máximo de segurança sobre a sua receptividade e lucratividade. Desse modo, a alienação é entendida aqui como fuga à realidade e em Marx, como falsa consciência ou inversão da realidade são na verdade efeitos colaterais da indústria cultural. O indivíduo possui uma necessidade (no caso, a fuga da realidade) que é suprida pela indústria cultural. Como fuga à realidade, temos como exemplo clássico o indivíduo que, depois de um dia de trabalho exaustivo e sem realização pessoal, o indivíduo quando em casa, procura por meio da indústria cultural, esquecer e fugir do sofrimento do dia de trabalho. Dessa forma, a indústria cultural funciona como um anestésico, mantendo em suspensão o indivíduo para que no dia seguinte repita a mesma rotina. Nesse sentido, a indústria cultural estaria contribuindo para a reprodução da sociedade e do status quo na medida em que alimenta um ciclo vicioso que não permite o questionamento e a construção de um pensamento crítico e, portanto, uma tomada de consciência orientada pra a transformação das relações de dominação.

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Outro ponto, aliado ao elemento acima é o fato de a indústria cultural transmitir ideologias que as pessoas muitas vezes não se dão conta, até porque essas ideologias são buscadas no próprio público alvo, isto é, a indústria cultural reproduz as ideologias já presentes no universo social. A título de exemplo, pensemos nas propagandas de cervejas e de como as mulheres são representadas. Essas ideologias transmitidas pela indústria cultural vão desde a representação do corpo ideal, do tipo de vida ideal, dos papéis sociais, até a homogeneização de pensamento. Este último ponto merece um maior aprofundamento. A homogeneização de pensamento é uma forma de dominação social. A sociedade capitalista, formada por duas classes antagônicas, a burguesia dominante e minoritária e o proletariado dominado e hegemônico. Para que uma minoria domine uma maioria é preciso lançar mão de estratégias que vão além da coação física e econômica. É preciso dominar culturalmente, dominar o pensamento. Dessa forma, para que o proletariado não se rebele contra as situações de opressão é preciso que ele as tome como legítimas e corretas. E isso só ocorre se ele for convencido disso. Aí entra o papel da indústria cultural de uniformizar e homogeneizar os pensamentos, fazendo com que o proletariado compartilhe dos ideais da burguesia assim evitando conflitos entre as duas classes.

QUESTÃO COMENTADA 1. (UFU) No livro Cultura: um conceito antropológico, Laraia (2009) afirma: A espécie humana se diferencia anatômica e fisiologicamente pelo dimorfismo sexual, mas é falso que as diferenças de comportamento existentes entre as pessoas de sexo diferentes sejam determinadas biologicamente. A Antropologia tem demonstrado que muitas atividades atribuídas às mulheres em uma cultura podem ser atribuídas aos homens em outras

LARAIA, Roque de B. Cultura – um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 24ª ed, 2009, p. 19.

O trecho acima expressa a) uma aceitação do determinismo biológico, por entender que homens e mulheres são anatômica e fisiologicamente diferentes. b) uma crítica ao determinismo biológico, em proveito da ideia de que a educação e a cultura são importantes no comportamento dos sexos. c) uma crítica ao determinismo cultural, já que o dimorfismo sexual é responsável por diferenças essenciais entre os sexos. d) uma crítica ao determinismo cultural, porque diferenças genéticas são determinantes das diferenças culturais. e) uma crítica ao relativismo cultural em razão da seu pouco desenvolvimento científico para provar que o sexo não interfere nos papéis sociais.

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RESOLUÇÃO O trabalho de Roque Laraia se utiliza das pesquisas realizadas por Ruth Benedict sobre os comportamentos e papeis de gênero nas sociedades do pacífico. A antropóloga descobriu que os comportamentos masculinos e femininos não determinados biologicamente, mas sim construídos socialmente desde o nascimento dos indivíduos. Desse modo, a resposta correta é a alternativa b.

EXERCÍCIOS 1. (UFPR) Explique a seguinte frase: “A coerência de um hábito cultural somente pode ser analisada a partir do sistema a que pertence”. (LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2008).

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2. (UEL-PR)

Defina Indústria Cultural, de acordo com Adorno e Horkheimer. Aponte dois elementos na tirinha que remetem à atuação dos meios de comunicação de massa.

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REFERÊNCIAS DAMATTA, R. Você tem cultura? Artigo publicado no Jornal da Embratel, RJ, 1981. ELIAS, N. O processo civilizador: uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990. ________. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. LARAIA, R. B. Cultura: um conceito Antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 1981. MEAD, M. Sexo e temperamento: em três sociedades primitivas. São Paulo: Perspectiva, 1999. MORAES. A. C. Sociologia: Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010.

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LÍNGUA PORTUGUESA “A escrita permeia hoje quase todas as práticas sociais dos povos que penetrou”, segundo Marcuschi (1997, p. 121). Como propõe este autor, a escrita é usada em contextos básicos da vida, que não raramente serão decisivos para fins específicos em nossas vidas. Pode parecer um tanto exagerado, mas o modo como você se posiciona em relação ao domínio da língua escrita tem um grande poder em situações relativas ao trabalho, aos estudos e, de certo modo, à sua vida pessoal. Outra questão fundamental é o modo como lemos e interpretamos as informações disponibilizadas e suscitadas nos mais variados contextos em que nos inserimos. Sobretudo, nesta etapa de muito estudo e preparação, para a escolha de uma carreira, saber selecionar, hierarquizar (ou seja, organizar) e analisar informações relevantes, de acordo com determinados propósitos, torna-se um diferencial em nossa formação profissional. Por conseguinte, o processo de seleção destinado para o acesso a universidades, hoje, se pauta na elaboração de redações (produção escrita), que cada vez mais tem abrangido distintos gêneros textuais, como podemos observar nas universidades públicas do Paraná. Por serem exames classificatórios, essas redações são avaliadas com base em critérios para notas, o que minimiza a subjetividade na avaliação dos corretores, colaborando para imparcialidade e confiabilidade do processo. Sendo assim, é importante que você leia atentamente o Edital e, em alguns casos, o Manual do candidato da universidade a qual pretende prestar vestibular, que provavelmente estarão disponíveis na página da instituição de ensino superior (IES). Outro ponto crucial, e isso vale para o dia da prova, é compreender claramente o enunciado da proposta de redação, a fim de identificar o gênero textual solicitado e atender ao que de fato é solicitado pelo processo. Neste capítulo, você será apresentado aos gêneros Notícia de jornal e Texto informativo. Boa Leitura! Equipe Trilhas

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Notícia de jornal O objetivo da notícia é relatar um acontecimento recente do cotidiano e que interesse ao público-leitor, logo, “um fato importante e inusitado”. Todavia, segundo Tavares e Schwaab (2013, p. 158), o critério da “atualidade”, cujo foco é informar sobre o presente, pode ceder lugar para o de futuro, ou seja, é possível noticiar algo que ainda está por vir, contanto que a notícia esteja embasada em fontes e dados confiáveis. Como dizem as autoras de A arte de escrever bem, “cada gênero pede um jeitinho de produção” (SQUARISI; SALVADOR, 2005, p. 54). Já que a notícia pertence à esfera jornalística, sua produção, assim, exige a preocupação em responder seis perguntas essenciais desse ramo: Quem? O quê? Onde? Quando? e Como? Por quê? Essas perguntas relacionam-se à estrutura desse gênero textual, para que tanto o leitor quanto o produtor não se percam num emaranhado de informações, por vezes, secundárias. Para Squarisi e Salvador (2005), as seis perguntas constituem um modelo denominado “pirâmide invertida”, pelo qual “conta-se a história do fim para o começo” e põe-se as informações mais importantes no primeiro parágrafo, garantindo, assim, a objetividade. Apesar de receber muitas críticas, esse modelo de produzir notícias e reportagens ainda é o mais utilizado nos meios de comunicação, ainda segundo as autoras. Como definir, então, que informações farão parte de uma notícia? Começamos com a manchete, título principal da notícia, cuja função é atrair o leitor. Ao considerarmos que, no meio profissional, a meta de jornais é oferecer notícias exclusivas, fuja do previsível ao escrever uma notícia e mobilize sua criatividade para construir uma manchete que chame a atenção da banca avaliadora. Dica: títulos devem conter ação, por isso cuide com a seleção de verbos. O título auxiliar vem logo após a manchete e tem a função de antecipar o que será noticiado, portanto, ele traz mais detalhes sobre a notícia propriamente dita, enquanto a manchete funciona como um atrativo para o leitor. Já o lead é o parágrafo inicial que resume a notícia, logo, deve responder às seis perguntas do jornalismo. O quê? e Quem? são as primeiras a serem respondidas. Para não haver dúvidas, seja objetivo e conciso em responder o que aconteceu: um incêndio? uma reforma? um assalto? Além disso, é preciso questionar quais foram os envolvidos nesse acontecimento: professores? funcionários de uma empresa? turistas? Referencie ainda as “vozes” mobilizadas para embasar sua notícia, como depoimentos e entrevistados. Entretanto, não basta identificar o que aconteceu, mas informar com precisão, o que nos leva a responder outras duas questões: Onde? e Quando? Nesse caso, informe com exatidão local e data, se possível, horário, em que ocorreu o fato noticiado. Quantos mais informações precisas, mais sua notícia apresentará confiabilidade ao leitor. Como? e Por quê? São, por fim, informações que tornam a notícia “redonda”, isto é, completa. Caso a notícia se estenda, os demais parágrafos deverão desenvolver e detalhar o lead.

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Linguagem da notícia Já que não é feita para um único leitor, mas para um público amplo, a notícia deve apresentar linguagem clara e objetiva, sem deixar margem para dúvidas. Além disso, é importante selecionar o que de fato é prioridade, isto é, a informação central. Para Squarisi e Salvador (2005), deve-se restringir o uso de adjetivos e artigos indefinidos (um, uma, uns) ao escrever uma notícia, e sim optar pelo emprego de substantivos. Procure, também, escrever com impessoalidade, evite dar sua opinião sobre os fatos, mantenha-se, aliás, imparcial a eles, já que a notícia tem a finalidade de ser informativa. Lembre-se: objetividade, verdade e interesse-público são essenciais para uma boa notícia.

Texto informativo Como vimos, uma notícia tem a finalidade de informar sobre um determinado fato ou acontecimento. A principal função de um texto informativo é, portanto, expor um dado ou fato, contudo, de uma maneira que tal informação se torne útil para o leitor. Desse modo, as principais características de um texto informativo são: •

Linguagem clara e objetiva.

Impessoalidade, isto é, “efeito de distanciamento em relação aos fatos e às fontes” (PEDROSO, 2000, p.).

Verbos na 3ª pessoa do discurso (singular/plural).

Hierarquização de fatos, dados, fontes e declarações.

Leitura, escrita, coleta, seleção e organização de dados.

• Credibilidade (fontes confiáveis e veracidade de informações). Em algumas provas de redação, você poderá se deparar com o exercício de retextualização, que consiste no processo de produção de um novo texto a partir de um ou mais textos-base (BENFICA, [s.d.]). Assim, certas propostas poderão solicitar ao candidato a retextualização de dados e informações, contidas em tabelas, gráficos e infográficos, para o formato de texto informativo. Para tanto, é preciso ler com atenção o(s) texto(s)-base e analisar a linguagem verbal e não verbal, a fim de selecionar, organizar e interpretar informações relevantes que atendam à proposta.

Para ir além <https://www.youtube.com/watch?v=MlfkkDlygok> <https://www.youtube.com/watch?v=VgWqu_xweXo> <https://www.youtube.com/watch?v=BuwlAfzutqU&t=132s> <http://nescolas.dn.pt/nescolasv2/index.php?a=kitmedia&p=2_5>

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PROPOSTAS COMENTADAS 1. (UFPR) Adoniran Barbosa é um ícone do samba paulista. Os temas de suas composições giravam em torno dos tipos humanos mais comuns e da realidade crua de uma metrópole que não para. Em suas músicas, usou sempre a linguagem popular paulistana para dar vida a suas personagens. “Saudosa Maloca” (1951) conta um fato, que é retratado a partir do ponto de vista de uma das personagens. Saudosa Maloca* Se o senhor não tá lembrado, Dá licença de contá Que aqui, onde agora está Esse edifício arto, Era uma casa veia, Um palacete assobradado. Foi aqui, seu moço, Que eu, Mato Grosso e o Joca Construímos nossa maloca. Mas um dia, Nóis nem pode se alembrá, Veio os home c´as ferramentas O dono mandô derrubá. Peguemos todas nossas coisa E fumos pro meio da rua Apreciá a demolição. Que tristeza que nóis sentia, Cada tauba que caía Doía no coração. Mato Grosso quis gritá Mas em cima eu falei: “Os home tá cá razão Nóis arranja outro lugá.” Só se conformemos

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Quando o Joca falou: “Deus dá o frio conforme o cobertô.” E hoje nóis pega a paia** nas grama do jardim E pra esquecê nóis cantemos assim: Saudosa maloca, maloca querida, Que dim donde nóis passemos os dias feliz de nossa vida. Saudosa maloca, maloca querida, Que dim donde nóis passemos os dias feliz de nossa vida. *Maloca: casa muito pobre e rústica; lar. **Pegar uma palha ou puxar uma palha: dormir.

A partir da leitura dessa música, redija uma notícia de jornal que informe ao leitor os fatos narrados. Seu texto deve: •

ser introduzido por um título (manchete);

apresentar a narrativa do ponto de vista do veículo de comunicação;

ser fiel aos fatos apresentados na letra da música, podendo haver acréscimo - de detalhes, inventados por você, que atualizem a narrativa e permitam adequá-la ao gênero “notícia de jornal”;

apresentar a linguagem e a estrutura próprias do gênero;

ter de 7 a 10 linhas.

COMENTÁRIOS A proposta solicita uma retextualização da música de Adoniran Barbosa para o gênero notícia. Depois de ler a canção, procure responder às seis perguntas do lead, que servem para localizar num acontecimento as principais informações que deverão compor a notícia. Com base nas informações do enunciado e do texto-base, lemos a voz de um dos personagens que lamenta a demolição (acontecimento) da antiga residência, “saudosa maloca”, a mando do dono. Outros dois personagens, Mato Grosso e Joca, também são mencionados. Como podemos observar, a canção de Barbosa é construída por uma linguagem coloquial, pessoal, narrada em 1ª pessoa do discurso, além de apresentar variedade linguística. Lembre-se que ao redigir sua notícia você deverá fazer uso de uma linguagem impessoal, distanciada do fato, objetiva e clara ao leitor. Para tanto, escreva em 3ª pessoa do discurso. Elementos ausentes na canção (Quando? Onde?) poderão ser imaginados,

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assim como trechos dela podem inspirar a criação de depoimentos, nomes e demais personagens. Assim, seja criativo, não copie o texto-base, mantenha-se vinculado ao tema da canção e cuide para atender as especificidades do gênero notícia. Veja os critérios específicos de correção da UFPR para essa proposta Texto que atende a todos os comandos da questão. Apresenta-se como o gênero notícia completo: data, lugar, jargão linguístico do gênero. Relata o episódio da canção e amplia para a atualidade. Estabelece correlação entre as informações selecionadas.

2. (UEM-PR) A coletânea de textos a seguir aborda a questão do uso de animais em experimentos científicos. Tendo-a como apoio, redija os gêneros textuais solicitados. TEXTO 1

Necessidade do uso de animais em testes gera divergências entre ativistas e pesquisadores Por Caroline Menezes

A invasão do Instituto Royal, no interior de São Paulo, por ativistas para o resgate de cães da raça Beagle que estariam sofrendo maus tratos, ampliou o debate sobre os limites do uso de animais em testes de remédios, vacinas e demais pesquisas e estudos científicos. Mesmo sem a confirmação, até o momento, de que os cães do Instituto eram realmente maltratados, o caso virou destaque na grande maioria dos jornais e das revistas. (Disponível em <http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2013/11/necessidadedo-uso-de-animais-em-testes-geradivergencias-entre-ativistas-e-pesquisadores>. Acesso em 22/08/2014.)

TEXTO 2 Sociedade Protetora critica uso de animais em pesquisas científicas Por Thiago Ramari

A Sociedade Protetora dos Animais de Maringá (Spam) não concorda com a utilização de animais para a realização de pesquisas e para dar suporte ao ensino. Segundo a presidente da Spam, Maria Eugênia Costa Ferreira, a metodologia é ultrapassada e poderia ser substituída. Ela defende que, como existe hoje conhecimento suficiente sobre as substâncias químicas, sabe-se quais delas são capazes de matar antes de serem utilizadas. Assim, poderiam ser testadas diretamente em pessoas que se predispusessem a participar do experimento. Quanto ao ensino, ela considera que a internet é uma alternativa. “Não é mais preciso dissecar um animal para ver como é por dentro”, afirma.

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“Na Inglaterra, por exemplo, essa prática é proibida”. Além do mais, ela levanta outro questionamento: “será mesmo que os resultados obtidos com a pesquisa em roedores e cães servem para as pessoas?” Para a presidente da Spam, não. “Isto não é pesquisa avançada e, sim, atrasada.” Maria Eugênia protesta também contra a repetição de experimentos. De acordo com ela, muitas universidades insistem em realizar pesquisas cujos resultados já foram obtidos por outras instituições. Dessa forma, mais animais são sacrificados – todos desnecessariamente. “As cobaias são induzidas a ter uma doença e têm de passar por operações”, afirma. “Não achamos que isso seja ético.” (Disponível em <http://www.odiario.com/noticias/imprimir/201646>. Acesso em 22/08/2014.)

TEXTO 3 Sem animais, não há pesquisa por Lúcia Beatriz Torres

Apesar dos inúmeros avanços da tecnologia, a Ciência ainda precisa usar animais de experimentação para a descoberta de novos medicamentos. (...) Mesmo a tecnologia mais sofisticada, nos dias de hoje, não consegue imitar a complexidade das interações entre as células, tecidos e órgãos que ocorrem nos seres humanos. Com objetivo de entender essas interações e facilitar o desenvolvimento de novos tratamentos, a metodologia científica elege os animais – quase em sua maioria ratos e camundongos – como modelo experimental do homem. Para Marcelo Morales, professor da UFRJ, “em virtude da complexidade da célula biológica, a medicina humana e também a veterinária são extremamente dependentes do uso de animais de experimentação. A expectativa na comunidade científica é de que, no futuro, métodos alternativos sejam viáveis, e os animais deixem de ser utilizados na atividade de pesquisa”. Ao contrário do que muitos pensam, a pesquisa científica não trabalha só a favor do ser humano, mas dos próprios animais. Um exemplo é a vacina antirrábica, que utilizou por volta de dois mil cães para ser desenvolvida e hoje salva, anualmente, milhões de cães, gatos e outros animais. (Disponível em <http://www.portaldosfarmacos.ccs.ufrj.br/atualidades_animais.html>. Acesso em 22/08/2014.)

TEXTO 4 Métodos alternativos disponíveis

Medicamentos e cosméticos na pele (...) Para avaliar a irritação cutânea e a corrosividade de determinada substância em contato com a pele, não são mais necessários testes que expõem coelhos ou outras cobaias ao produto. Esses estudos podem ser feitos em pele humana reconstituída, ou seja, tecidos produzidos em laboratório por meio de cultura de células.

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A aplicação desse método ainda representa um obstáculo no Brasil: o material utilizado na produção da pele reconstituída é importado e tem validade de apenas uma semana.

Temperatura De acordo com a organização britânica “Fundo para a Substituição de Animais em Experimentos” (Frame, na sigla em inglês), outro teste alternativo disponível é o que avalia se determinado produto é capaz de provocar aumento da temperatura corporal. Se antes a única possibilidade era o uso de coelhos, hoje existe uma tecnologia para realizar esse experimento no sangue de voluntários humanos. Ainda segundo a Frame, testes de fototoxidade, que verificam se o produto tornase prejudicial quando a pele é exposta ao sol, também podem ser feitos sem o uso de cobaias vivas. Nesse caso, uma cultura de células de camundongos é exposta ao produto e à luz ultravioleta. Testes virtuais Modelos computacionais também podem substituir animais em testes para verificar a toxicidade de uma substância ou de que maneira ela será metabolizada pelo organismo. Isso pode ser feito pela análise de moléculas por programas de computador que permitem compará-las com dados referentes a outras moléculas. Alternativas ainda mais ambiciosas, como a simulação do funcionamento de um órgão completo, estão em desenvolvimento pelo “Instituto Wyss de Engenharia Inspirada pela Biologia”, ligado à Universidade de Harvard. O instituto desenvolve microchips capazes de simular a reação dos órgãos humanos a determinados produtos ou microrganismos. Segundo Presgrave, porém a alternativa ainda não está disponível no país. (Disponível em <http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/07/brasil-vai-validarmetodos-alternativos-ao-uso-deanimais-em-pesquisa.html>. Acesso em 22/08/2014.)

Gênero textual 1 – Notícia Como repórter de um dos portais de internet com maior número de acessos no Brasil, redija uma notícia, em até 15 linhas, na qual se informa que o pesquisador César Chagas descobriu a cura para algum tipo de doença com o uso de animais ou com o uso de métodos alternativos em suas experiências. Assine a notícia como William Garcia ou Patrícia.

Comentários Para resolver essa proposta, leia com atenção a coletânea de textos indicada. Siga as orientações apresentadas pelo enunciado, observe que a assinatura da notícia já está

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determinada, cuide para não assinar seu nome no local. Compreenda que o objetivo dessa notícia é informar ao público-leitor um acontecimento importante, nesse caso, a cura para uma doença. Portanto, utilize uma linguagem clara e direta. A informação principal deve ser informada no título; este deve ser pensado como forma de atrair o leitor. Essa técnica, como vimos, da “pirâmide invertida”, funciona como meio de garantir a objetividade do texto. Para tanto, escreva em 3ª pessoa do discurso e utilize um vocabulário simples e sem figuras de linguagem (metáforas, ironias, etc.), para evitar dúvidas quanto à interpretação das informações. Observe que o enunciado permite escolher entre duas possibilidades de cura para uma doença: com o uso de animais ou com o uso de métodos alternativos. No entanto, a maioria dos textos direcionam a notícia para a primeira possibilidade, salvo o texto 3. Lembre-se: para qualquer opção que você escolher, é necessário comtemplar O quê? Quem? Onde? Quando? Como? e Por quê? Veja um exemplo de estrutura inicial: Manchete: USP anuncia vacina contra o vírus da Zika Lead: O pesquisar Cérsar Chagas descobriu uma vacina contra o vírus da Zika a partir de testes realizados em tecidos com células-tronco, nos laboratórios da USP. A vacina foi anunciada esta semana pelo Ministério da Saúde, mas já havia sido publicada numa revista científica. A partir do lead, você pode desenvolver e detalhar informações sobre o fato noticiado, criando depoimentos concedidos pelos envolvidos na pesquisa. Veja modelos: César Chagas, responsável pela pesquisa, informou que métodos alternativos acompanham o desenvolvimento tecnológico (discurso indireto); “O país precisa estar mais ciente sobre o método alternativo ao uso de animais”, informou César Chagas, responsável por coordenar a pesquisa na USP etc. Não se esqueça de marcar o discurso direto por aspas (discurso direto). Dica: não opine em relação aos dados apresentados pelos textos.

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Agora é sua vez 1. (UEPG-PR) Elabore sua redação, em prosa, com um mínimo de 10 linhas e máximo de 17 linhas, colocando um título. COISAS QUE DEIXAM VOCÊ MAIS INTELIGENTE 1. FICAR DE MAU HUMOR Pode deixar seu lado ranzinza correr solto. Numa pesquisa australiana, alguns voluntários assistiram a filmes curtos que os deixavam, propositalmente, de mau ou bom humor. Em seguida, todos passaram por testes de raciocínio lógico. Os mau humorados se saíram melhor do que os outros: cometeram menos erros e ainda se comunicaram melhor. De alguma forma, o mau humor potencializa os caminhos de processamento de informações no cérebro. 2. COMER CHOCOLATE Coma sem medo. Os médicos da Universidade Harvard pediram a 60 idosos para tomarem, por um mês, duas xícaras de chocolate quente por dia. Ao fim do prazo, eles se saíram melhor em testes de memória e raciocínio. É que o chocolate melhora o fluxo sanguíneo no cérebro, aí ele trabalha melhor. Ainda não se convenceu? Bem, o cardiologista Franz Messerli descobriu que os países de onde saem mais vencedores do Prêmio Nobel coincidentemente são grandes consumidores de chocolate… E disse mais: quanto maior o consumo de chocolate por habitantes, maior o número de gênios premiados com o Nobel, a cada 10 milhões de pessoas. 3. PARAR DE COMER CARNE Só tenho uma certeza: Pesquisadores da Universidade de Southampton, no Reino Unido, analisaram a dieta e o QI de 8 mil voluntários ao longo de 20 anos. E os vegetarianos levavam uma vantagem de cinco pontos nos testes de QI sobre os que comiam carne regularmente. Além disso, a turma da alface tinha os melhores empregos e mais diplomas de curso superior. Ainda não se sabe ao certo os motivos, mas eles desconfiam que a alimentação vegetariana possa aumentar a capacidade cerebral. Ou talvez a explicação seja mais simples: pessoas inteligentes se preocupam mais com o bem-estar dos animais. Aí deixam de comer carne. 4. SER O FILHO MAIS VELHO Ok, essa depende do destino. Mas de qualquer forma, comemore se você for o primogênito da casa. Não adianta espernear. Um pesquisador da Universidade Estadual da Flórida analisou a relação entre as habi0lidades nos primeiros anos do colégio e a ordem de nascimento na família. E, olha só, entre os 12 mil entrevistados da pesquisa, os primogênitos demonstravam um desenvolvimento cognitivo maior do que os filhos do meio. Mas, calma, a notícia não é tão ruim se você for o caçula: nem sempre os irmãos mais velhos levavam a melhor em cima deles. Adaptado de:<super.abril.com.br/blogs/cienciamaluca/5-coisas-que-deixam-voce-maisinteligente>.Acesso em outubro/2014.

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O texto apoio, acima, trata de pesquisas indicativas de como ser mais inteligente. Tendo em vista que apresentam-se apenas quatro itens das pesquisas no texto apoio, redija um texto no GÊNERO JORNALÍSTICO NOTÍCIA criando o quinto item para ser mais inteligente. Seu texto deve conter: •

manchete (título);

escrita impessoal;

principais informações do fato;

causas e consequências do fato.

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=704

2. (UFPR)

(Disponível em <http://planetasustentavel.abril.com.br/download/stand3painel8-ocupacao-espaco.pdf>. Acessado em 19 set. 2015. Adaptado.)

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Quanto mais pessoas optarem pelo transporte coletivo, menos congestionamentos haverá nas ruas, consequentemente, menos gases causadores do aquecimento global serão emitidos. Além de ocupar menos espaço na cidade, a bicicleta não polui o ar e proporciona um ótimo exercício. Pedalar pelo menos meia hora todos os dias pode aumentar a expectativa de vida em nove anos. Usar o carro apenas quando for realmente necessário pode ser uma boa saída para descomplicar o trânsito da cidade. Aproveite para dar carona aos vizinhos e mantenha seu veículo sempre ligado. Escreva um texto informativo fazendo uma comparação entre os três meios de transporte contemplados na imagem. Seu texto deve: •

apresentar fatores positivos e negativos associados a cada um dos meios de transporte;

usar informações do infográfico, apresentando-as com suas próprias palavras, sem copiar trechos do texto;

ter de 10 a 12 linhas.

REFERÊNCIAS BENFICA, M. F. M. B. Retextualização. In: Glossário Ceale. Minas Gerais: UFMG: FAE, [s.d.]. Disponível em: <http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/ retextualizacao>. Acesso em: 14 dez. 2016. MARCUSCHI, L. A. Concepção de língua falada nos manuais de português de 1º. e 2º. Graus: uma visão crítica. In: Trabalhos em Linguística Aplicada, 30: 39-79, 1997. PEDROSO, R. N. Elementos para compreender o jornalismo informativo. Leopoldianum (UNISANTOS), Santos, São Paulo, v. 26, n.73, 2000. SQUARISI, D.; SALVADOR, A. A arte de escrever bem: um guia para jornalistas e profissionais do texto. São Paulo: Contexto, 2005. TAVARES, F. M. B.; SCHWAAB, R. (Org.). A revista e seu jornalismo. Porto Alegre: Penso, 2013.

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6. CIÊNCIAS SOCIAIS O curso de Ciências Sociais é um dos cursos mais tradicionais da área de ciências humanas. Ele é constituído pelas áreas de Sociologia, Antropologia e Ciência Política e cada área do pensamento oferece ao Cientista Social ferramentas para analisar todos os âmbitos sociais da vida humana. Enquanto a Antropologia se firmou como a ciência que estuda a cultura e a desnaturalização do comportamento humano, a Sociologia se aprofundou em compreender as dinâmicas sociais a partir de categorias sociológicas especificas, como as de classes sociais, gênero e raça, se preocupando principalmente com as desigualdades e as formas de dominação. Por último, a Ciência Política analisa as instituições políticas, a democracia, as eleições e o comportamento político.

Mercado de Trabalho O campo de atuação que mais absorve profissionais é a área educacional, seja na educação básica – mais precisamente no Ensino Médio – ou seja no Ensino Superior. Outros espaços de trabalho ocupado pelos Cientistas Sociais são o de Pesquisa de Mercado, Mídia e opinião, bem como as áreas de Planejamento Urbano, Assessoria Sindical e Política, análise de Políticas Públicas e Sociais, assessorias em ONGs e organismos internacionais.

O que você pode fazer? Autoria e consultoria: produzir e avaliar material didático para editoras ou instituições de ensino. Ensino: lecionar Sociologia para o médio ou cursos pré-vestibulares. Com pósgraduação, lecionar na educação superior. Assessoria: assessoramento político e atuação em empresas no âmbito da responsabilidade social. Pesquisa: atuação em institutos de pesquisa de opinião e de consumo.

Grade curricular A seguir links com exemplos de grades curriculares de cursos de Ciências Sociais de algumas faculdades.

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UFPR Bacharelado: <http://www.humanas.ufpr.br/portal/cienciassociais/files/2011/04/Res8110CEPEBacharelado1.pdf>. Licenciatura: <http://www.humanas.ufpr.br/portal/cienciassociais/files/2011/04/Res8210CEPELicenciatura1.pdf>. USP Bacharelado: <https://uspdigital.usp.br/jupiterweb/listarGradeCurricular?codcg=8&cod cur=8040&codhab=103&tipo=N>. UFRJ: <https://www.siga.ufrj.br/sira/temas/zire/frameConsultas.jsp?mainPage=/ repositorio-curriculo/220D7640-92A4-F799-136A-F14D368DEE35.html>.

Relação candidato/vaga UFPR: 7 candidatos por vaga UEL: 6,5 candidatos por vaga

A profissão por ela mesma <http://guiadoestudante.abril.com.br/videos/na-real/na-real-ciencias-sociais/> <https://www.youtube.com/watch?v=Zar5DkNVmG8> <https://www.youtube.com/watch?v=VAQ0Z9ZnRGE>

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HISTÓRIA As análises das conjunturas políticas são feitas por cientistas sociais e a história se utiliza desses dados para explicar os processos e os acontecimentos. Não podemos pensar a história sem a participação social, e entender os procedimentos que a envolvem é necessário, já que a construção histórica passa por esse campo em especial. Desse modo, esse capitulo apresentará um panorama dos principais aspectos da Redemocratização brasileira.

A Redemocratização do Brasil No ano de 1964, no governo do então presidente João Goulart, o Brasil sofreu o Golpe Militar, orquestrado grande parte para manter a ameaça comunista longe do Brasil. O golpe teve apoio financeiro dos EUA, lembrando que estávamos no período da Guerra Fria. Esse período ficou conhecido como Ditadura Militar e afetou o Brasil de diversas maneiras, como na economia, com o milagre econômico, na sociedade, com a implantação do Ato Institucional número 5 (AI5), com perseguições, mortes, falta de eleições diretas e desenvolvimento industrial.

Disponível em: <http://midias.gazetaonline.com.br/_midias/jpg/2014/03/15/ pol130314gz3187_min_cedfca-1319865.jpg>. Acesso em: 26. nov. 2016.

Ao final do período ditatorial, em 1984, as mudanças se tornaram evidentes. A abertura já vinha acontecendo nos últimos governos militares e a partir de 1985, começamos o período de redemocratização do Brasil. A necessidade de eleições, levou a população as ruas no movimento conhecido como Diretas Já. As eleições diretas não ocorreram, mas o Brasil foi tentando organizar a política, a economia e a sociedade.

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A seguir abordaremos os principais presidentes do Brasil e as características de seu governo.

Presidentes após a redemocratização no Brasil •

José Sarney (1985–1990): Maranhense, advogado e jornalista, foi eleito indiretamente pelo Colégio Eleitoral como vice de Tancredo Neves, que morreu antes da posse.

Sarney ficou conhecido como o presidente da redemocratização. Na área econômica, o seu governo adotou uma política considerada como bastante heterodoxa e não conseguiu derrotar a escalada inflacionária. Entre as medidas de maior destaque, está o Plano Cruzado, em 1986. O Plano consistiu no congelamento geral de preços por doze meses e na adoção do “gatilho salarial”, reajuste automático de salários sempre que a inflação atingia os 20%. O Plano Cruzado, a princípio, teve efeito na contenção dos preços e no aumento do poder aquisitivo da população. Milhares de consumidores – chamados de “fiscais do Sarney” – passaram a fiscalizar os preços no comércio e a denunciar as remarcações. No decorrer do ano, o Cruzado foi perdendo sua eficiência, devido a grave crise de abastecimento. O governo manteve o congelamento até as eleições estaduais de 1986, nas quais o PMDB teve ampla vitória. Sarney havia sido presidente do PDS, partido que dava apoio ao regime militar. depois, tornou-se um dos dissidentes do PDS que formaram a Frente Liberal (origem do futuro Partido da Frente Liberal, o PFL). A Frente Liberal se uniu ao PDMB – ao qual Sarney se filiaria mais tarde – para derrotar no Colégio Eleitoral o candidato do PDS, o deputado Paulo Maluf (SP).

Fernando Collor de Mello (1990–1992): carioca, jornalista, foi governador de Alagoas e tornou-se o mais jovem presidente da República, eleito aos 40 anos.

Collor elegeu como prioridade de seu governo a luta contra a inflação, que alcançava taxas de 25% ao mês. No Plano Collor, editado no dia seguinte à posse, o governo congelou as contas de poupança e as aplicações financeiras. Além disso, o plano incluía corte de despesas públicas, com o fim de estatais e dispensa de servidores. Mas a inflação nunca chegou a ser satisfatoriamente controlada durante todo o mandato. Durante o período eleitoral, Collor inaugurou um nova forma de fazer campanha, com estreita relação com a mídia. Os coordenadores de sua campanha contaram com uma equipe especializada em marketing e em pesquisas de opinião. Já no governo, o presidente foi acusado de usar em benefício próprio – inclusive para comprar um carro – recursos que sobraram da campanha eleitoral, administrados pelo tesoureiro Paulo César Farias, o PC. Algumas das denúncias mais importantes foram feitas por Pedro Collor, irmão mais novo do presidente.

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As denúncias levaram à instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Em agosto de 1992, foi autorizado pelo Congresso, a abertura de um processo de impeachment que o obrigou a renunciar seu mandato para não ser cassado e perder os direitos políticos (mesmo assim, ficaria inelegível por decisão do Supremo Tribunal Federal). Antes de renunciar, Collor ainda tentou usar o slogan “não me deixem só” para convencer a população a apoiá-lo, no entanto, sem efeito.

Itamar Franco (1992–1995): mineiro, engenheiro civil, vice de Fernando Collor, assumiu o governo com a tarefa de combater a elevada inflação e as consequências da corrupção do governo Collor.

Itamar assumiu interinamente a presidência em 2 de outubro de 1992 e foi formalmente aclamado presidente em 27 de dezembro de 1992, quando Collor renunciou. Quando assumiu o cargo, o Brasil estava no meio de uma grave crise econômica: a inflação havia chegado a 1100% em 1992 e alcançado quase 6000% no ano seguinte. Itamar trocou de ministros da área econômica várias vezes, até Fernando Henrique Cardoso assumir o ministério da Fazenda. Em fevereiro de 1994, Fernando Henrique Cardoso lançou o Plano Real, que estabilizou a economia e reduziu a escalada hiperinflacionária. Fernando Henrique Cardoso passou a ser o candidato oficial à sucessão de Itamar.

Fernando Henrique Cardoso (1995–2002): carioca, sociólogo, foi primeiro presidente a ter direito à reeleição no período democrático.

No primeiro mandato, seu governo foi marcado pelo sucesso do Plano Real, apesar dos índices de desemprego e da crise na saúde pública. A transparência do governo foi comprometida por escândalos políticos e financeiros. FHC foi um dos ideólogos do antigo MDB e teve participação decisiva nos bastidores das Diretas Já e na eleição no Colégio Eleitoral de Tancredo Neves para a presidência da república. Foi um dos fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Como presidente, continuou o processo de privatização iniciado por Collor. Foram privatizadas rodovias federais, bancos estaduais e empresas de telefonia. Ele também elaborou um Plano Diretor da Reforma do Estado, de acordo com o qual seria priorizado o investimento em carreiras estratégicas para a gestão do setor público, as chamadas carreiras de estado. O então presidente conseguiu a aprovação de emendas à Constituição que facilitaram a entrada de empresas estrangeiras no Brasil e flexibilizavam o monopólio estatal do petróleo. Em sua gestão, foi adotada a terceirização de serviços e de empregos públicos em áreas consideradas como não essenciais. Também foram aprovadas leis como o Código Brasileiro de Trânsito e a Lei de Responsabilidade Fiscal, que se caracterizava pelo rigor exigido na execução do orçamento público.

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FHC também criou o Bolsa Escola e outras iniciativas sociais destinadas à população de baixa renda. Posteriormente, esses programas foram transformados em um só pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o nome Bolsa Família. •

Luiz Inácio Lula da Silva (2003–2010): pernambucano, metalúrgico, foi fundador e presidente de honra do Partidos dos Trabalhadores (PT).

Em 1981, durante uma greve no ABC paulista, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo sofreu intervenção aprovada pelo Ministério do Trabalho e Lula ficou detido por vinte dias em São Paulo nas instalações do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), órgão temido durante a ditadura. Devido ao fato de ter sido um dos principais líderes de uma greve que desafiou o regime militar, Lula ganhou projeção nacional e foi também um dos líderes da campanha pelas Diretas Já. Em 1986, foi eleito deputado federal com recorde de votos, tendo participado da elaboração da atual Constituição Federal. Lula concorreu à primeira eleição direta para Presidente em 1989 e foi derrotado por Fernando Collor. Depois, foi derrotado por FHC em 1994 e em 1998, mas venceu José Serra (PSDB) no segundo turno da eleição de 2002. No primeiro mandato, sua gestão foi caracterizada pela estabilidade econômica, com um crescente superávit na balança comercial. Sua política de relações exteriores foi outro destaque, com a aproximação com os países emergentes (Índia, China e Rússia) e com a África, o Oriente Médio e a América Latina. Além disso, destacou-se a atuação do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC). Na área das políticas fiscal e monetária, o governo teve uma política econômica conservadora. Em seu primeiro ano de mandato, Lula conseguiu aprovar a Reforma da Previdência, elevou o salário mínimo de R$ 200 para R$ 350, e baixou a inflação de 12% para 3%. Os juros estavam na casa de 25% quando Lula assumiu. A taxa atual é de 13,25%. As relações políticas do governo Lula foram conturbadas. Eleito presidente com uma bancada minoritária formada por PT, PSB, PCdoB e PL, Lula teve que recorrer ao apoio de partidos sem afinidade direta com o PT como PP, PTB e PMDB. Após dois anos de governo, nos quais conseguiu manter a maioria no Congresso, disputas políticas resultaram em denúncias como o chamado “escândalo do mensalão” e o caso da tentativa de compra de um dossiê contra políticos do PSDB, que levou o presidente a demitir alguns dos seus principais colaboradores. No entanto, essas dificuldades não impediram a sua vitória no segundo turno das eleições presidenciais contra o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin.

Dilma Vana Rousseff (2011–2016): eleita em 2010, foi a primeira mulher a assumir a presidência da República no dia 01 de janeiro de 2011.

No primeiro ano de mandato, Dilma deu continuidade às políticas implantadas por Lula nas áreas de programas sociais e combate à inflação. Dilma também marcou seu

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primeiro mandato por fazer uma limpeza em seus ministérios a partir do envolvimento de políticos em casos de corrupção, as demissões de Dilma atingiram diversos partidos de sua base aliada. O PDT (Partido Democrático Trabalhista) viu cair o Ministro do Trabalho, o PC do B (Partido Comunista do Brasil) o titular dos Esportes, o PR (Partido da República) o responsável pela pasta dos Transportes, o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) assistiu à substituição dos ministros da Defesa e do Turismo, o PT (Partido dos Trabalhadores) viu a troca na Casa Civil e o PP (Partido Progressista) na pasta das Cidades. Na economia durante seu primeiro mandato houve uma desaceleração na economia e consequentemente uma baixa nos indicadores econômicos, um exemplo foi o crescimento baixo do PIB, cerca de 2,7% (2011) que depois despencou nos outros anos e o aumento da inflação. Além disso, vários escândalos atingiram o governo e prejudicaram na economia. O segundo mandato da presidenta Dilma começou no dia 1º de janeiro de 2015, seguido de uma crise política e econômica. Esse fato levou o governo a tomar medidas pouco populares para combater a crise, dentre elas estão o aumento da luz e da gasolina, aumento dos impostos, dentre outras. Processo de Impeachment Antes do fim do mandato, Dilma Rousseff, no dia 12 de maio de 2016, foi afastada por até 180 dias e quem assumiu neste período foi o vice-presidente Michel Temer. Como resultado deste processo, a mesma foi condenada por crime de responsabilidade fiscal e, portanto, destituída de seu cargo, em 31 de agosto de 2016. Fonte: <http://presidentes-do-brasil.info/presidentes-da-republica/dilma-rousseff.html>.

Para a complementação dos conhecimentos sobre a Redemocratização no Brasil, confira os links a seguir: •

Artigos:

<http://www.scielo.br/pdf/ln/n71/05.pdf> <http://seer.fclar.unesp.br/semaspas/article/download/6922/4982>. •

Vídeos:

<https://www.youtube.com/watch?v=KVrREvdxre8> <https://www.youtube.com/watch?v=oIZ-XGBPluU> <https://www.youtube.com/watch?v=GITTY90LqwE>

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QUESTÃO COMENTADA 1. (UFF-RJ) Em outubro de 1994, embalado pelo sucesso do Plano Real, Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente da República. Em seu discurso de despedida do Senado, comprometia-se a acabar com o que denominava ‘Era Vargas’: “(...) Eu acredito firmemente que o autoritarismo é uma página virada na história do Brasil. Resta, contudo, um pedaço do nosso passado político que ainda atravanca o presente e retarda o avanço da sociedade. Refiro-me ao legado da Era Vargas.” O presidente eleito governou o Brasil por dois mandatos, iniciando a consolidação da política neoliberal no país, principiada pelos presidentes Collor e Itamar Franco. Sobre os dois mandatos (1995–2002), pode-se afirmar que se caracterizam: a) pela manutenção do poder aquisitivo dos que se aposentavam; estabelecimento do monopólio nacional sobre as telecomunicações, através das empresas estatais; e nacionalização do sistema financeiro. b) pelo elevado crescimento econômico, com média anual de cerca de 5% ao ano; grande investimento em infraestrutura e educação; distribuição de renda; e aumento da capacidade econômica do Estado. c) pela política social de inclusão, com a criação do Bolsa Família; facilitação do ingresso de carentes na Universidade; restrição aos investimentos estrangeiros; e elevados incentivos à agricultura familiar. d) pelo rompimento com a política econômica originada pelo “Consenso de Washington”; consolidação do sistema financeiro estatal; e reforço da legislação trabalhista gestada na primeira metade do século XX. e) pelo limitado crescimento econômico; privatização das empresas estatais; diminuição do tamanho do Estado; e apagão energético, que levou ao racionamento e ao aumento do custo da energia.

RESOLUÇÃO Em seus oito anos de mandato, o presidente Fernando Henrique Cardoso prosseguiu com a política de privatizações de empresas estatais iniciada pelo governo Collor de Mello. Assim, foram privatizadas a Companhia Vale do Rio Doce, a Companhia Siderúrgica Nacional de Volta Redonda, entre outras. Os índices de crescimento da economia foram baixos, mas o país registrou alguns avanços sociais e políticos importantes, como a queda nos índices de mortalidade infantil, a criação da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e a Lei de Responsabilidade Fiscal. Em 2001, o país teve enfrentou uma crise energética de grandes proporções, que se refletiu na vida cotidiana das pessoas com uma série de cortes de energia elétrica conhecidos como apagões. Desse modo, a alternativa que corresponde aos itens elencados é alternativa e.

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EXERCÍCIOS 1. (UFPR) Aponte e explique três consequências econômicas importantes para a sociedade brasileira decorrentes da implantação do Plano Real em 1994 e da política econômica adotada no contexto dos governos Itamar Franco (1992– 1994) e do primeiro governo Fernando Henrique Cardoso (1995–1998).

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=685

2. (UEM-PR) Depois de muitas décadas de políticas protecionistas, o Brasil iniciou a década de 1990 discutindo a abertura do mercado nacional aos produtos estrangeiros e um amplo processo de privatização. Responda o que é privatização, em que governo ocorreu o maior número de privatizações e cite pelo menos duas empresas ou dois segmentos privatizados

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=686

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REFERÊNCIAS SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA DO ESTADO DO PARANÁ. Rota de Desenvolvimento Docente. Curitiba: Núcleo de Educação a Distância (NEaD) SESI-PR. 2016. VICENTINO, C.; DORIGO, G. Projeto Múltiplo: História. São Paulo: Scipione, 2014. Volume único.

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FILOSOFIA Teoria do Conhecimento – como podemos conhecer? Racionalismo Os racionalistas seguiram Descartes, tratando a razão como o caminho para estabelecer o conhecimento. O sucesso matemático na ciência influenciou a utilização do método dedutivo a partir de princípios primeiros, a fim de construir uma grande teoria capaz de explicar tudo, iniciando a tradição de construção de sistemas metafísicos. Spinoza modelou a construção de seu pensamento pelo método axiomático da geometria euclidiana, onde os axiomas e definições considerados evidentes reconhecíveis pela razão são formulados primeiro. A partir deles, deduz-se uma série de conclusões que informam sobre a natureza do Universo. O princípio central desses sistemas permaneceu sendo Deus, cujo conhecimento pode ser obtido racionalmente. Conservaram elementos do aristotelismo em sua compreensão de conceitos-chave, como o de substância. Nascido perto de Tours, na França, Descartes (1596–1650) foi educado em um colégio jesuíta, onde revelou grande aptidão pela matemática. Iniciou carreira militar, viajou muito pela Europa, e se estabeleceu na Holanda. Suspendeu seu primeiro tratado devido à condenação de Galileu pela Inquisição. Sua primeira obra publicada, Discurso do Método, introduziu suas ideias metafísicas, além de apresentar um relato bibliográfico de seu desenvolvimento intelectual e um esboço de ideias sobre a abordagem referente a aquisição de conhecimento. Grande admirador da matemática, utilizamos desta como chave para a compreensão do método e das ambições de sua filosofia. Para descobrir algo “firme e constante nas ciências”, assim como na matemática, Descartes acreditava precisar estabelecer princípios básicos. Assim, submeteu todas suas opiniões prévias ao ceticismo. Se a dúvida sobrevivesse a este crivo, seria um fundamento digno para seu conhecimento. Gerou, então, dúvidas sobre a confiabilidade de seus sentidos. O fruto de seu ceticismo foi a primeira certeza de seu sistema de conhecimento: sua própria consciência e aquilo que era diretamente ciente eram certezas que não podiam ser dissipadas: “penso, logo existo”.

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Seu método fica dividido em quatro “etapas”, conforme o infográfico a seguir:

Empirismo A reação inglesa a nova ciência enfatizou não o papel da matemática, mas da observação empírica, e desconfiava da construção de sistemas. John Locke, o primeiro dos grandes empiristas adotou um tom mais modesto, afirmando meramente descrever como o conhecimento é adquirido a partir da experiência. Tentou determinar os limites do que se pode conhecer. Rejeitou a ideia, associada aos pensadores racionalistas, de que temos conhecimento inato de princípios abstratos, afirmando, em vez disso, que nosso conhecimento nos chega através dos sentidos. Assim, o projeto empirista foi mais radical do que os racionalistas. Para os empiristas, construir um corpo de conhecimento envolvia começar do zero. George Berkeley ficou conhecido por levar a abordagem de Locke a seu extremo lógico e negar que possamos conhecer alguma coisa além da mente. A própria ideia de um mundo material situado além da percepção que temos dele seria uma contradição em termos. David Hume (1711–1776) nasceu em uma família de pequenos proprietários de terra na fronteira da Escócia e estudou direito em Edimburgo. O filósofo rejeitou as ideias presbiterianas sobre a criação e mudou-se para a França onde concentrou na publicação do Tratado da natureza humana. Seus diálogos, que fizeram alguns dos mais devastadores ataques à crença religiosa no âmbito filosófico, só foram publicados após sua morte. David tentou descrever a mente humana da mesma maneira que outros fenômenos naturais. Ele via os sentidos como fonte-chave para o conhecimento e dividiu os conteúdos da mente em duas categorias: “impressões” – percepções que gozamos quando o mundo marca nossos sentidos; e “ideias” – cópias menos vividas das impressões. As ideias são os conceitos e pensamentos de coisas que não estamos mais experimentando, mas somos capazes de evocar em nossas mentes. O objetivo filosófico nesta corrente era insistir que não há nada na mente que não seja uma sensação transformada.

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Questão comentada 1. (Enem) TEXTO I Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber firme e inabalável.

DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).

TEXTO II É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida. SILVA, F.L. Descartes. A metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).

A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução radical do conhecimento, deve-se: a) Retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade. b) Questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções. c) Investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos. d) Buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados. e) Encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser questionados.

Resolução René Descartes, um dos principais representantes do racionalismo, criou a dúvida metódica, onde rompeu com a dúvida natural que conduzia ao ceticismo, busca questionar tudo de forma sistêmica, chegando assim a verdade. Assim, a alternativa que aproxima corretamente com o pensamento de Descartes é a letra b.

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Exercícios 1. (UFF) O filósofo inglês John Locke (1632–1704) é um dos fundadores da concepção liberal da vida política. Em sua defesa da liberdade como um atributo que o homem possui desde que nasce, ele diz: Para compreender corretamente o que é o poder político e derivá-lo a partir de sua origem, devemos considerar qual é a condição em que todos os homens se encontram segundo a natureza. E esta condição é a de completa liberdade para poder decidir suas ações e dispor de seus bens e pessoas do modo que quiserem, respeitados os limites das leis naturais, sem precisar solicitar a permissão ou de depender da vontade de qualquer outro ser humano. Assinale o documento histórico que foi diretamente influenciado pelo pensamento de Locke. a) O livro “O que é a propriedade?”, de Proudhon (1840) b) O “Manifesto Comunista”, de Karl Marx e Frederico Engels (1848) c) A “Concordata” estabelecida entre Napoleão e o Vaticano (1801) d) A declaração da “Doutrina Monroe” (1823) e) A “Declaração de Independência” dos Estados Unidos (1776)

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=654

2. (UFU) Leia atentamente o texto abaixo. A partir dessa intuição primeira (a existência do ser que pensa), que é indubitável, Descartes distingue os diversos tipos de ideias, percebendo que algumas são duvidosas e confusas e outras são claras e distintas.

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ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando. Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1993. p. 104.

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A primeira ideia clara e distinta encontrada por Descartes no trajeto das meditações é: a) a ideia do cogito (coisa pensante), pois na medida em que duvida, aquele que medita percebe que existe. b) a ideia de coisa extensa, porque tudo aquilo que possui extensão é imediatamente claro e distinto. c) a ideia de Deus, porque Deus é a primeira realidade a interromper o procedimento da dúvida, no qual se lança aquele que se propõe meditar. d) a ideia do gênio maligno, porque somente através dele Descartes consegue suprimir o processo da dúvida radical.

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=655

REFERÊNCIAS ABRÃO, B.S. Os Pensadores: História da Filosofia. São Paulo: Nova Cultural, 1999. BLACKBURN, S. Dicionário Oxford de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1977. CHAUI, M. Iniciação à Filosofia: Ensino Médio, volume único. São Paulo: Ática, 2013. KLEINMAN, P. Tudo o que você precisa saber sobre Filosofia: de Platão e Sócrates até a ética e metafísica. São Paulo: Gente, 2014. LAW, S. Guia ilustrado Zahar: Filosofia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009. WARBURTON, N. Uma breve história da Filosofia. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2015.

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GEOGRAFIA As Ciências Sociais, como todo conhecimento de caráter científico, passa por momentos de questionamentos quanto sua aplicabilidade e utilidade. Para uns, elas são muito teóricas, abstratas e não contribuem para resolver os problemas do país. Para outros, predomina a pobreza teórica, a falta de rigor analítico, a preocupação desordenada com questões imediatistas. Debater sobre a utilidade de um conhecimento científico não é um fenômeno novo, nem exclusivamente nacional. As várias correntes científicas sempre viveram em estado de afirmação/negação e discussões sobre métodos, abordagens e discursos, combinadas com interpretações ora empolgantes ora enfadonhas, fazem parte do meio científico. Partindo dessa ótica, não podemos ignorar a importância das Ciências Sociais na difícil tarefa de interpretar o mundo em que vivemos.

Cartografia Os mapas são representações da realidade que ilustram de maneira reduzida uma determinada área da Terra ou do espaço geográfico. Mais do que simplesmente um desenho ou uma imagem, os mapas são uma forma de comunicação, uma modo que as pessoas têm de expressarem e compartilharem informações. A importância do mapa para nós se dá por vários aspectos, que vão desde a indicação de localidades até a medição de distâncias. A primeira grande importância dos mapas é, sem dúvidas, a localização. Por meio deles, podemos encontrar qualquer ponto da superfície terrestre e deslocar-nos até ele. É claro que são necessários mapas especificamente voltados para esse intuito, mas as ferramentas tecnológicas atuais, como o GPS, vêm facilitando esse processo. Todo mapa é uma deformação, pois a Terra é uma “esfera” e o mapa é desenhado em um plano, por isso, o globo é a forma que mais se aproxima da realidade. Podemos projetar a geoide de forma plana (mapas) ou de forma esférica (o globo). Na construção de um mapa, é necessário utilizar as projeções cartográficas, ou seja, projetar no “plano” os paralelos e meridianos da região a ser representada. A distância, a forma e os ângulos são elementos essenciais na elaboração de todos os tipos de mapas, mas nenhuma projeção consegue unir os três ao mesmo tempo, cada uma privilegia um determinado elemento, sendo que a transferência da superfície curva para plana (dos trópicos para os polos) é a projeção com o maior grau de imperfeição.

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Classificação das Projeções Cartográficas quanto a propriedade •

Projeção conforme: os ângulos se preservam, as áreas são deformadas.

Projeção equivalente: as áreas são preservadas e os ângulos são mudados.

Projeção afilática: não conserva propriedades, mas minimiza as deformações em conjunto (ângulos, áreas e distâncias).

Projeção equidistante: as distâncias se preservam e as áreas e os ângulos (consequentemente a forma) são deformadas.

Quanto ao método as projeções podem ser: •

Geométrica: baseada em princípios da Geometria. Pode ser obtida pela intersecção sobre a superfície de projeção, do feixe de retas que passa por pontos da superfície de referência partindo sempre de um ponto (centro perspectivo).

Analítica: fundamentado em formulações matemáticas obtidas com o objetivo de se atender condições previamente estabelecidas.

Tipos de projeções As projeções costumam ser reunidas em três tipos básicos: Cilíndricas, Cônicas e Azimutais. Essas projeções utilizam figuras geométricas que são respectivamente o cilindro, o cone e o plano.

Representação Cilíndrica Apenas o Equador tangencia a superfície e é a única linha projetada que conserva a dimensão original.

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=27336

1. Paralelos e meridianos formam ângulos retos (90°) e as regiões de altas latitudes apresentam deformações. 2. Distâncias lineares. 3. Bastante utilizada na navegação e confecção de mapas-múndi.

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Representação Cônica

https://blogdoenem.com.br/cartografia-projecoes-conica-plana-azimutal-geografia-enem/

1. A esfera projeta-se a partir do polo e se apresenta distorcida. 2. Só pode representar um hemisfério. 3. É muito utilizada na projeção de regiões ou países. 4. Se projetada dos polos retrata melhor as zonas temperadas. 5. Apenas nos pontos que se tangenciam não apresenta desproporções. 6. Os países com maiores distorções são aqueles localizados próximos ao Equador.

Representação Plana Azimutal, Zenital ou Polar:

http://eduebrasil.blogspot.com.br/2014/03/fuso-horario-no-brasil.html

1. Projeta-se apenas um hemisfério com grandes deformações. 2. A área representada é projetada sobre um plano tangencial (o centro do mapa). 3. À medida que se afastam do ponto de tangência – o polo- o espaçamento e as dimensões dos paralelos e dos meridianos crescem rapidamente.

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Projeções mais usadas em Cartografia •

Projeção de Mercator: tem este nome devido ao cartógrafo holandês Gerardus Mercartor que viveu no século XVI e utilizou a projeção cilíndrica para construir mapas da navegação, pois facilita traçar rotas em linha reta. Esse tipo de projeção favorece o eurocentrismo, pois amplia as áreas do Hemisfério Norte, principalmente a Europa. Geralmente utilizada para representar mapas em livros e Atlas, é uma projeção cilíndrica de conformidade (não deforma os ângulos).

http://profclaudenir.blogspot.com.br/2010/07/projecoes-cartograficas_6755.html

Projeção de Peters/Gall: criada em 1973 pelo alemão Arno Peters, procura representar com maior fidelidade as áreas continentais e oceânicas. Em contrapartida, as formas foram sacrificadas, alongando em excesso África e América do Sul. É uma projeção cilíndrica de equivalência. Na verdade, essa projeção foi criado por James Gall no século XIX.

Projeção de Mollweide: projeção equivalente e não conforme, sendo apresentada em formato elíptico. Nela, as formas são menos distorcidas, mas se apresenta afilática, sendo utilizada em atlas geográficos.

https://www.slideshare.net/profclaudenirvicentini/mapas-gerais

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Projeção de Goode ou Interrompida: tem o objetivo de mostrar a equivalência entre as áreas oceânicas e continentais. Os mapas mostram áreas interrompidas, é uma projeção afilática.

http://www.ebah.com.br/content/ABAAABGxMAA/cartografia-ensino-medio

Projeção de Robinson: É uma projeção não conforme e não equivalente desenvolvida por Arthur H. Robinson em 1961. É baseada em coordenadas e não em formulação matemática e foi concebida para minimizar as distorções angulares e de área. A Projeção de Robinson foi criada para melhorar as características de projeções existentes como a de Mercator. Trata-se de uma combinação das situações positivas de várias outras projeções resultando em distorção mínima da maioria das massas de terra do globo.

Nessa projeção a Antártica é bem distorcida e as massas de terra mais ao norte também sofrem distorção, no entanto, é considerada uma das projeções que melhor representam o tamanho e a forma dos países e continentes.

http://www.expedicaooriente.com.br/blog/o-mundo-distorcido/

O que é uma Anamorfose? São mapas esquemáticos, sem escala cartográfica, representações em que as áreas sofrem deformações matematicamente calculadas, tornando-se diretamente proporcionais a um determinado critério que se está considerando. Em Geografia usamos essa técnica para representar cartograficamente temas e visualizá-los de forma diferente da habitual. A superfície de cada espaço cartografado

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muda proporcionalmente, segundo uma determinada variável. Os dados estatísticos, normalmente aplicados nessa transformação, são os de população, PIB, exportação de produtos manufaturados, mortalidade etc. A análise comparativa torna-se assim evidente.

Anamorfose do PIB dos países (Produto Interno Bruto, que indica em linhas gerais a riqueza dos países). Disponível em: http://geobarreiros.blogspot.com.br/2011/04/da-semanaperiodo-18-20042011.html

Para complementação dos conhecimentos sobre Cartografia, confira os links a seguir •

Artigo:

Da intuição como método filosófico à cartografia como método de pesquisa: considerações sobre o exercício cognitivo do cartógrafo. Fernanda Amador e Tânia Mara Galli Fonseca <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S18092672009000100004&script=sci_ arttext&tlng=es>. •

Vídeo:

A história da Cartografia <http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/video/ showVideo.php?video=10273>.

QUESTÃO COMENTADA 1. (UESC) Os conhecimentos sobre projeções cartográficas e uso de mapas possibilitam afirmar: a) A projeção azimutal fornece uma visão eurocêntrica do mundo e, por isso, ela não é mais utilizada. b) As distorções da representação, nas projeções cilíndricas, são maiores no Equador e menores nos polos.

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c) A projeção de Peters é a única que não pretende privilegiar nenhum continente, porque ela reproduz rigorosamente a realidade. d) A projeção cônica só pode ser utilizada para representar grandes regiões, porque as distorções são pequenas entre os trópicos, não representando, portanto, a realidade das áreas mapeadas. e) As projeções cartográficas permitem que, na construção dos mapas temáticos, os meridianos e os paralelos terrestres sejam transformados de uma realidade tridimensional para uma realidade bidimensional.

RESOLUÇÃO As projeções consistem justamente na transposição de algo tridimensional em algo bidimensional, dessa forma não é possível produzir uma projeção sem algum tipo de deformação. Nesse sentido, a opção correta é a letra e.

Exercícios 1. (PUC-RJ – adaptada) A bandeira da ONU (1947), nas cores azul e branco, simboliza a união dos povos do mundo através dos seus continentes (com a exceção da Antártida), emoldurada por ramos de oliveira, que representam a paz. A projeção cartográfica selecionada para a representação do globo terrestre nessa bandeira é

Bandeira da Organização das Nações Unidas (ONU) a) cilíndrica. b) cônica. c) azimutal-plana. d) cilíndrica-conforme. e) anamorfose.

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http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=664

2. (Mackenzie-SP – adaptada) De acordo com a representação cartográfica abaixo, está correto afirmar que:

Trata-se de uma projeção “cilíndrica conforme”, que representa a realidade espacial com extrema fidelidade, graças às novas tecnologias. Corresponde a uma abordagem cartográfica que contraria as tradicionais visões eurocêntricas, com amplo destaque aos países do Sul, subdesenvolvido. Traduz a nova configuração de uma ordem multipolar, em que os países que compõem o BRICS aparecem com amplo destaque, proporcional à sua importância econômica. Exemplifica a projeção de Peters, em que se podem ver os países em relação ao seu peso demográfico.

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Demonstra uma distorção deliberada, chamada anamorfose, em que podemos diferenciar os países de acordo com seus recursos hídricos.

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REFERÊNCIAS ANAMORFOSES. Disponível em < http://geo-carto.blogspot.com.br/>Acesso em: 13 mar. 2017. BURROUGH, P. A. Principles of geographical information systems for land resources assessment. Oxford: Claredon Press, 1986. __________.; MCDONNELL, R. A. Principles of geographical information systems. Nova York: Oxford University Press, 1998. CLARKE, K. C. Analytical and Computer Cartography. Nova Jersey: Prentice-Hall, 1990.

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SOCIOLOGIA Olá, tudo bem? Nesse curso abordaremos o tema Socialização. Este tema possui uma grande vantagem por permitir uma variedade de possibilidades de construção de relações com outros motes sociológicos, como Relações de Gênero, Pobreza e Violência. A socialização é uma das temáticas mais importantes na formação em Ciências Sociais, tanto que Émile Durkheim, um de seus fundadores, o utilizou para demonstrar como o fato social, isto é, o objeto de estudo da Sociologia poderia ser exemplificado com o processo de socialização das crianças.

O que é socialização? A Socialização é um processo social. Desse modo, esse termo procura dar conta dos processos sociais que fazem com que os indivíduos incorporem os valores, regras e normas sociais. A socialização tem início com o nascimento do indivíduo e só termina com a morte do mesmo. Embora existam momentos onde esse processo é mais intenso e importante – como o período da infância e adolescência – não podemos limitar esse processo a apenas esta fase da vida, uma vez que a vida adulta fornece uma série de instituições e situações que funcionam de modo a continuar com esse processo, como o caso do casamento, do trabalho e das mais variadas formas de sociabilidade. Podemos começar nossa abordagem com Durkheim, este autor foi o primeiro a utilizar-se do processo de socialização para lançar a base da construção daquilo que seria considerado o objeto de estudo da Sociologia, os fatos sociais. Durkheim o definiu como maneiras de agir, pensar e sentir, exteriores aos indivíduos, coercitivos e gerais. A pergunta é: de que maneira esses fatos – que são exteriores – são incorporados pelos indivíduos? A resposta é a socialização. De maneira geral, é pelo processo de socialização que incorporamos o que Durkheim coloca como maneiras de agir, pensar e sentir. Durkheim cita o caso das crianças que ao nascerem são constrangidas por seus pais a se comportarem de maneiras pelas quais não chegariam sozinhas. O fato de serem forçadas e punidas caso não se comportem da maneira pela qual a sociedade espera demonstra o caráter coercitivo (impositivo) da socialização. Segundo Setton (2008), para se viver em sociedade, é preciso partilhar uma série de códigos comunicativos (uma língua), categorias do julgamento (sagrado, profano; divino, terreno), bem como padrões de conduta (obediência, disciplina, ascetismo) transmitidos por essas instituições que facilitam a vida em comum nos grupos e simultaneamente moldam a identidade individual (p. 17). O processo de socialização varia ao longo da história e do tempo. O modelo de socialização muda de acordo com o modelo de sociedade em que se vive. É o que mostra Philippe Ariès no livro A História Social da Família e da Criança, neste livro, o autor

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mostra que a infância e a socialização como conhecemos hoje não é algo natural mas muito recente. Segundo Àries (1981): A duração da infância era reduzida a seu período mais frágil, enquanto o filhote do homem ainda não conseguia bastar-se; a criança então, mal adquiria algum desembaraço físico, era logo misturada aos adultos, e partilhava de seus trabalhos e jogos. De criancinha pequena, ela se transformava imediatamente em homem jovem, sem passar pelas etapas da juventude, que talvez fossem praticadas antes da Idade Média e que se tornaram aspectos essenciais das sociedades evoluídas de hoje. A transmissão dos valores e dos conhecimentos, e de modo mais geral, a socialização da criança, não eram portanto nem asseguradas nem controladas pela família. A criança se afastava logo de seus pais, e pode-se dizer que durante séculos à educação foi garantida pela aprendizagem, graças a convivência da criança ou do jovem com os adultos. A criança aprendia as coisas que devia saber ajudando os adultos a fazê-las. (pg. 4) Norbert Elias é outro autor que nos ajuda a entender o processo de socialização. Para ele a socialização é associada ao processo civilizador. Nos livros A Sociedade de Corte e O Processo Civilizador, podemos compreender como ao longo do tempo os indivíduos passam a incorporar novos hábitos comportamentais –como portar-se à mesa, controlar as necessidades fisiológicas e realizá-las em locais “mais adequados”, controlar a agressividade e a violência – chamando esse processo de incorporação do autocontrole. O processo acima pode ser melhor compreendido quando associado ao surgimento do Estado moderno. O Estado moderno surge ao passo em que é capaz de concentrar o controle da violência. Para Weber, a característica principal do Estado era o monopólio legítimo da violência. Só o Estado pode fazer uso da violência e apenas sob certas circunstâncias. O monopólio da violência tem como característica positiva o fato de retirar da sociedade a possibilidade de usos privados da violência como forma de resolução de conflitos. Esse processo de pacificação social pôs fim as mais variadas formas resolução de conflitos como era o caso dos duelos e das vinganças pessoais ao mesmo passo em que desarmou a população. Esse tema, bastante atual, pode ser abordado sob a perspectiva do Estatuto do Desarmamento. Segundo o relatório Mapa da Violência de 2015, nos 10 anos de vigência do Estatuto, foram evitadas mais de 160 mil mortes. Soma-se a esse dado uma pesquisa elaborada pelo conselho nacional do ministério público. “De acordo com o levantamento, a taxa de homicídios cometidos por impulso ou por motivos fúteis chegou a 63,77%, em Goiás, em 2012; a 50,66%, em Pernambuco, em 2011; a 43,13%, no Rio Grande do Sul, em 2011; e a 26,85%, no Rio de Janeiro, no período de janeiro de 2011 a setembro de 20123”.

Disponível em: <http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2012-11-08/campanha-quer-reduzirelevado-numero-de-homicidios-por-motivos-banais-no-brasil>. Acesso em: 26 nov. 2016.

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O mesmo caso pode ser aplicado para o surgimento e expansão do PCC como bem explicado no trabalho de Caldeira (2011): Ao expropriar os indivíduos da prerrogativa do uso da força e acumular para si mesmo os meios e a autoridade para fazê-lo, o PCC, acabou por impor um autocontrole externo sobre o comportamento da população carcerária, gerando a necessidade contínua de autovigilância por parte dos indivíduos. A necessidade de conter o próprio comportamento agressivo e violento e recorrer à autoridade central para solucionar seus próprios problemas e conflitos – sob pena de severas punições para os infratores dessa regra – impôs a essa população um rigoroso autocontrole dos impulsos e da agressividade (p. 29). Outro ponto que merece destaque é o fato de o processo de socialização ocorrer em espaços sociais específicos (instituições sociais) como família, escola e igreja e os meios de comunicação. Esses espaços recebem o nome de agentes socializadores. São nesses espaços que os indivíduos passam a incorporar os valores e regras dessas instituições. Por exemplo, se o indivíduo é de classe média e católico, morará em locais específicos, estudará em escolas específicas e terá minimamente valores associados a sua religião e família. Nesse caso, a probabilidade do indivíduo ter os mesmos comportamentos que sua família e sua classe social é altíssima. Esse processo permite a reprodução social. No livro A Ralé Brasileira, o sociólogo Jessé Souza demonstra como o processo de socialização faz com que os filhos da classe média incorporem os valores necessários para terem sucesso escolar e ocupar o mesmo espaço social que os seus pais ocupam. Nesse sentido, a classe social se forma pela herança afetiva e emocional, passada de pais para filhos no interior dos lares, de modo muitas vezes implícito, não consciente e inarticulado. São esses estímulos que irão construir formas específicas de agir, reagir, refletir, perceber e se comportar no mundo. E é precisamente a presença ou falta de certos estímulos, por exemplo, estímulos para a disciplina, para o autocontrole, para o pensamento prospectivo, para a concentração, que irá definir as classes vencedoras e perdedoras antes mesmo do jogo da competição social se iniciar de forma mais explícita. Existem classes sociais com dificuldades de concentração, por falta de exemplos e estímulos à leitura e a imaginação, que já chegam “derrotadas” na escola e depois, com mais razão ainda, no mercado de trabalho. Existem classes literalmente “sem futuro” porque jamais se pensa nele tamanha a urgência da sobrevivência no presente. Nas classes médias, por exemplo, ao contrário, o futuro é mais importante que o presente o que permite que se tenha futuro. Essa fabricação social de indivíduos com capacidades diferenciais por pertencimento de classe tem que ser cuidadosamente escondida. Daí que se fale apenas no seu “resultado” mais visível, a renda, de modo a que possa se “falar de classe” sem que nada se compreenda de sua dinâmica4.

Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/40345-rales-batalhadores-e-uma-nova-classemedia-entrevista-especial-com-jesse-de-souza>. Acesso em: 26 nov. 2016.

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Não podemos deixar de lado o papel muitíssimo importante da religião como agente socializador. No livro Os Jovens de Curitiba, os grupos de jovens aparecem como um importante elemento do processo identitário, perdendo apenas para a escola e a vizinhança. Outro ponto que merece destaque é o papel de transmissão de valores. A probabilidade de um jovem absorver os valores da instituição é bastante alta. Levando em consideração que as religiões são “por natureza” conservadoras a tendência é a de transmissão desses valores culturais. A televisão, os meios de comunicação e as novas tecnologias da informação também surgem como agentes socializadores. Uma considerável quantidade de pesquisas sobre o impacto da mídia sobre os jovens focalizaram o papel manipulador e de estímulo ao consumo. É notável o apelo da publicidade e dos meios de comunicação ao consumo. De fato, esses meios trabalham com a ideia de que crianças e adolescentes são consumidores precoces e por isso, são estimulados a consumir. Um impacto ainda maior, embora mais sutil, é o fato da indústria cultural ser capaz de difundir ideologias e valores sociais. Desenhos, filmes e séries de TV são exemplos de produtos culturais que transmitem valores e ideologias, como modelos familiares, padrões de sexualidade, papéis de gênero, preconceitos raciais, padrões de beleza e representações sociais. A mídia de modo geral se baseia nos valores sociais vigentes ao mesmo tempo em que os reforça. São os casos, por exemplo, da representação social dos negros nas novelas e séries. Além do fato de proporcionalmente terem baixa representatividade esses ainda ocupam papéis normalmente inferiores.

QUESTÃO COMENTADA 1. (Enem) Um volume imenso de pesquisas tem sido produzido para tentar avaliar os efeitos dos programas de televisão. A maioria desses estudos diz respeito às crianças — o que é bastante compreensível pela quantidade de tempo que elas passam em frente ao aparelho e pelas possíveis implicações desse comportamento para a socialização. Dois dos tópicos mais pesquisados são o impacto da televisão no âmbito do crime e da violência e a natureza das notícias exibidas na televisão. GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.

O texto indica que existe uma significativa produção científica sobre os impactos socioculturais da televisão na vida do ser humano. E as crianças, em particular, são as mais vulneráveis a essas influências, porque a) codificam informações transmitidas nos programas infantis por meio da observação. b) adquirem conhecimentos variados que incentivam o processo de interação social. c) interiorizam padrões de comportamento e papéis sociais com menor visão crítica. d) observam formas de convivência social baseadas na tolerância e no respeito. e) apreendem modelos de sociedade pautados na observância das leis.

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RESOLUÇÃO As crianças, por serem ainda incapazes de fazer certas reflexões de forma autônoma, são o grupo social mais vulnerável às produções culturais televisivas. Por não terem formado o seu senso crítico reflexivo, acabam assimilando os valores culturais de forma automatizada. Nesse sentido, a alternativa que comtempla esses fatores é a c.

EXERCÍCIOS 1. (UFPR) O sociólogo norte americano Talcott Parsons analisou a família como uma unidade de solidariedade difusa. Para ele, os membros de uma família compartilham de um status comum, ou seja, os pais compartilham seu status com os filhos. Constatou que a mulher tinha como um de seus papéis principais, o de promover a socialização dos filhos. Quais as mudanças que se processaram em relação à família e ao papel da mulher nas últimas três décadas?

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=721

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2. (UFPR) Durkheim afirma que a educação tem por função ‘constituir o ser social’. Explique e exemplifique essa afirmação.

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=722

REFERÊNCIAS ARIÈS, P. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1981. SETTON, M. G. J. Família, escola e mídia: um campo com novas configurações. In: Educação e Pesquisa. São Paulo, v.28, n.1, p. 107-116, 2002. ______________. As religiões como agentes da socialização. In: Cadernos CERU. Série 2, v. 19, n. 2, 2008.

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LÍNGUA PORTUGUESA “A escrita permeia hoje quase todas as práticas sociais dos povos que penetrou”, segundo Marcuschi (1997, p. 121). Como propõe este autor, a escrita é usada em contextos básicos da vida, que não raramente serão decisivos para fins específicos em nossas vidas. Pode parecer um tanto exagerado, mas o modo como você se posiciona em relação ao domínio da língua escrita tem um grande poder em situações relativas ao trabalho, aos estudos e, de certo modo, à sua vida pessoal. Outra questão fundamental é o modo como lemos e interpretamos as informações disponibilizadas e suscitadas nos mais variados contextos em que nos inserimos. Sobretudo, nesta etapa de muito estudo e preparação, para a escolha de uma carreira, saber selecionar, hierarquizar (ou seja, organizar) e analisar informações relevantes, de acordo com determinados propósitos, torna-se um diferencial em nossa formação profissional. Por conseguinte, o processo de seleção destinado para o acesso a universidades, hoje, se pauta na elaboração de redações (produção escrita), que cada vez mais tem abrangido distintos gêneros textuais, como podemos observar nas universidades públicas do Paraná. Por serem exames classificatórios, essas redações são avaliadas com base em critérios para notas, o que minimiza a subjetividade na avaliação dos corretores, colaborando para imparcialidade e confiabilidade do processo. Sendo assim, é importante que você leia atentamente o Edital e, em alguns casos, o Manual do Candidato da universidade a qual pretende prestar vestibular, que provavelmente estarão disponíveis na página da instituição de ensino superior (IES). Outro ponto crucial, e isso vale para o dia da prova, é compreender claramente o enunciado da proposta de redação, a fim de identificar o gênero textual solicitado e atender ao que de fato é solicitado pelo processo. Neste capítulo, você será apresentado a dois gêneros que exigem uma linguagem objetiva e impessoal: Resumo e Resenha. Boa Leitura! Equipe Trilhas

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Breve definição Resumo e resenha fazem parte daquilo que conhecemos como trabalho acadêmico, textos que você provavelmente já produziu muito na escola e vai continuar produzindo no ensino superior. São textos ligados a tarefas de leitura e estudo de obras, com o intuito de demonstrar a capacidade do aluno de compreender textos, selecionar informações relevantes e, no caso de uma resenha crítica, elaborar uma opinião sobre o objeto de estudo (filme, livro, palestra...). Nesse sentido, a linguagem utilizada para tais fins deve ser objetiva e direta, escrita preferencialmente em terceira pessoa do discurso, além de adequada à norma culta da língua. Por isso, ao escrever uma resenha ou resumo, esqueça gírias, jargões e formas de comunicação expressamente criadas/influenciadas na/pela internet, pois elas podem afetar a confiança do leitor (quem dirá da banca de redação no vestibular!). Ou seja, nessas formas de texto “vc ñ pode escrever como bem entender, pq é preciso respeitar à adequação da linguagem”, ainda mais no campo da escrita. No entanto, resumo e resenha apresentam estruturas e finalidades distintas, que você precisa saber diferenciar para que saiba exatamente como proceder numa prova de redação.

Resumo Quando precisamos reproduzir a ideia central de um texto, sendo fiel e imparcial a este, seja obra literária, filme, peça teatral, reportagem ou de outra natureza, temos a tarefa de escrever um resumo. Resumir nada mais é do que condensar as ideias mais importantes de um texto, logo, elaborar uma versão reduzida deste. A finalidade de um resumo é expor o tema de um texto, geralmente extenso, apresentando de maneira clara e breve o fio condutor delineado pelo autor do texto a ser resumido. Assim, todo resumo deve apresentar uma estrutura (introdução, desenvolvimento e conclusão) que hierarquize as ideias de um texto, separandoas por ordem de importância, dentro daquilo que o autor construiu como estratégia argumentativa. Ou seja, respeite a autoria do texto resumido e não opine sobre ele. Deixe sua necessidade de argumentar (a favor ou contra) para gêneros argumentativos, como artigos de opinião, cartas de reclamação etc. O resumo tem se tornado constante nas provas de redação basicamente por avaliar isso: a capacidade de compreensão e síntese para leitura e escrita. Beatris Francisca Chemin (2012) elabora cinco passos para a construção de um resumo: 1. Ler todo o texto, para ter a ideia do conjunto e ser capaz de compreender do que ele trata; 2. Reler o texto, sempre que necessário, esclarecendo dúvidas e conexões das palavras e parágrafos;

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3. Segmentar o texto em blocos de ideias que tenham unidade de sentido, sublinhando, assinalando as ideias principais; 4. Resumir a ideia central de cada segmento/bloco de ideias utilizando palavras abstratas e mais abrangentes [palavras-chave] e deixando fora os exemplos e as explicações; 5. Elaborar a redação final do resumo com palavras próprias, procurando encadear os segmentos resumidos na progressão em que sucedem no texto. Preste atenção ao item 5: escrever um texto com suas próprias palavras, no caso de um resumo, significa parafrasear as ideias do autor. Parafrasear significa substituir palavras por outras diferentes de sentido semelhante, ou seja, mantendo a ideia original do texto. De acordo com Chemin, a paráfrase tem a função de “traduzir um texto complexo em uma linguagem mais acessível” (2012, p. 27). No entanto, você sempre deve citar o autor e a fonte do texto a ser resumido. Uma dica é contextualizar o texto já no início do resumo, citando seu autor, local e data de publicação. Se você copiar literalmente trechos do texto-base, a impressão criada para a banca é de uma leitura insuficiente cuja compreensão é falha. É simples, quando não sabemos, a tendência é copiar do outro, como acontece às vezes na escola. Numa prova de redação não é diferente, esse outro acaba sendo o autor do texto a ser resumido. Se na escola somos apenados por isso, por que no vestibular seria de outro modo?! Portanto, caso precise transcrever uma citação direta do texto a ser resumido, ou seja, copiando literalmente as palavras deste, você deverá marcá-la sempre por aspas. Mas cuidado, pois alguns vestibulares não aceitam isso. A dica final aqui é seguir as orientações do enunciado da prova (cuide o limite de linhas!), para isso organize seu tempo, leia-a atentamente o texto-base e rascunhe antes!

Resenha A resenha contém em sua estrutura um resumo de uma determinada obra ou acontecimento da realidade (livro, peça teatral, filme, partida de futebol, exposição artística etc.). Mas o que difere a resenha do resumo está na finalidade e na estrutura composicional desses textos. Enquanto o resumo tem uma especificação basicamente informativa, a resenha não só pode informar como também formar opinião sobre certa obra resenhada. Além de contextos escolares, resenhas são frequentes em jornais e revistas e destacam-se, segundo Eliana Maria Severino Donaio Ruiz e Melissa Bortoloto Faria, não somente por descrever, apresentar e avaliar objetos culturais, mas igualmente por articular, nesse movimento, o diálogo com textos e autores, de modo a permitir questionamentos e reflexões diversas por parte tanto do leitor como do autor resenhado. (2012, p. 99)

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Uma resenha pode ser crítica (você resume e opina sobre a obra) ou não crítica (você apenas resume e descreve a obra). A resenha-crítica e a resenha-resumo, nesse sentido, diferenciam-se pela presença ou ausência de opinião sobre o objeto resenhado. Segundo Chemin (2012), a resenha-resumo é um texto informativo e descritivo, que apenas resume as informações básicas para conhecimento do leitor. Já a resenha crítica é um resumo comentado, ou seja, além de resumir a obra traz uma apreciação – julgamento de valor – sobre ela. Veja a estrutura da resenha apresentada por Chemin: •

título (diferente do título da obra resenhada);

referência dos dados da obra: autor, título, editora, local de publicação, número de páginas, preço do exemplar etc.

alguns dados biobibliográficos do autor da obra resenhada: dizer algo sobre quem é o autor, o que ele já publicou etc.;

resumo do conteúdo da obra: indicação breve do assunto tratado e do ponto de vista adotado pelo autor (perspectiva teórica, gênero, método, tom etc.) e resumo dos pontos essenciais do texto e seu desenvolvimento geral;

avaliação crítica: comentários, julgamentos, juízos de valor do resenhador sobre as ideias do autor, o valor da obra etc.; – referências (só se for um trabalho de maior extensão, em que houver a utilização de outras obras para complementar o estudo crítico). (2012, p.16)

Tanto para a resenha-crítica quanto para a resenha-resumo o passo a passo é o mesmo, a diferença está no item avaliação crítica, que dependendo do tipo de resenha é obrigatório ou não. Você já deve ter percebido que para escrever uma resenha você precisa ler na íntegra um livro, ou assistir a uma peça teatral, visitar uma exposição etc. Logo, não adianta ler apenas a primeira página e já sair resenhando. Outra dica: procure destacar pontos positivos e/ou negativos sobre o objeto resenhado; evite comentários vazios como “é bom”, “é ruim” e não carregue seu texto de adjetivos, pois o excesso deles passa uma impressão de “superficialidade”. Logo, você precisa ter argumentos que confirmem a sua impressão sobre o objeto resenhado. Lembre-se: não assassine a expectativa do leitor colocando informações como o que acontece no fim da história, do filme, do concerto musical...! Agora, fique tranquilo! Pois a resenha aparece mais como texto-base das propostas de redação do que como a proposta em si... Mas, por outro lado, já na universidade... Prepare-se para ler e escrever muitas delas!

Para ir além <https://www.youtube.com/watch?v=Mz1ApMpc-MI> <https://www.youtube.com/watch?v=PuYTtyosMY8> <https://www.youtube.com/watch?v=Y5jjYG9xVG4> <https://www.youtube.com/watch?v=Y5jjYG9xVG4> <https://www.youtube.com/watch?v=YqBb0HnsV8k>

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PROPOSTA COMENTADA 1. (UEM-PR) O texto a seguir aborda uma temática social contemporânea: medo e fobia. Tendo-o como apoio, redija os gêneros textuais solicitados. Medo e fobia Rosa Bastos Sentir medo é normal. As situações desconhecidas podem levar-nos a algum tipo de ansiedade que provoca algum tipo de medo. Ter medo pode ser definido como uma sensação de perigo, de que algo mau possa estar para acontecer, em geral acompanhado de sintomas físicos que incomodam bastante. Esse tipo de medo ajudanos a precavermos as situações para não sermos afetados e, dessa forma, preparamonos. Chama-se a isso ansiedade funcional. Quando esse medo é desproporcional à ameaça, por definição irracional, com fortíssimos sinais de perigo, e também seguido de tentativas de se evitarem as situações causadoras de medo, é chamado de fobia (...). De forma breve, as fobias referem-se ao medo excessivo de um objeto, de uma circunstância ou de uma situação específica, fazendo parte do quadro de perturbações de ansiedade. Existem três grandes tipos de fobias: fobia específica, fobia social e agorafobia. A fobia específica é o medo intenso e persistente de um objeto ou de uma situação (medo de cães, medo de andar de elevador, medo de avião, medo de dirigir, medo de cobras, medo de aranhas etc.), enquanto a fobia social é o medo intenso e persistente de situações em que possam ocorrer embaraço e humilhação (medo de falar em público, medo de ser observado e avaliado, medo de se expor etc.). Já as pessoas com agorafobia evitam situações em que seria difícil obter ajuda, preferindo a companhia de um amigo ou de um familiar, em espaços fechados, ruas movimentadas ou locais que as façam se sentir encurraladas (shoppings, túneis, pontes, rodovias etc.) (...). Nas fobias, as causas são bastante variadas. Como em todas as perturbações mentais, há heterogeneidade de causas. A patogenia das fobias, quando compreendida, pode-se mostrar como um modelo de interações entre fatores genéticos, por um lado, e fatores ambientais, por outro. Com relação aos fatores genéticos, segundo Otto Fenichel, as fobias específicas tendem a ocorrer em famílias. Estudos relatam que de dois terços a três quartos das pessoas afetadas têm, pelo menos, um parente de primeiro grau com fobia específica do mesmo tipo. Também os parentes de primeiro grau dos indivíduos com fobia social têm cerca de três vezes mais probabilidades de serem afetados do que parentes de indivíduos sem perturbação. Quanto aos fatores ambientais, são geralmente associados a estados de ansiedade generalizada devido às grandes pressões de caráter social. A competitividade nos dias de hoje leva ao tão famoso stress. Esse, por sua vez, desencadeia todo um processo de aceleração da produção de cortisol no organismo, que provoca aumento da ansiedade, generalizando-a. Pessoas que vivem em ambiente de risco também estão mais expostas às perturbações de humor e de ansiedade, podendo desenvolver mais facilmente acesso às fobias.

(Texto adaptado de http://rosabasto.com/pdf/revista_top_winner_ Outubro_medos_e_fobias.pdf>. Acesso em 18/3/2013.)

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Gênero textual 1: resumo Redija um resumo, em até 15 linhas, apresentando as informações principais do texto Medos e fobias, de Rosa Bastos. Lembre-se de que, em um resumo, são expostas as ideias principais de um texto. Você não pode copiá-las literalmente nem deve expressar sua opinião e/ou comentário sobre elas.

Comentários Para resolver essa proposta, você deve seguir as orientações do enunciado primeiramente. Veja que este é bem claro em relação à cópia literal do texto-base e à opinião do candidato, que não devem aparecer no resumo. Outro item importante é a restrição de linhas, 15, nas quais você deverá organizar as principais informações do texto, de acordo com a ordem em que são apresentadas pelo autor. Lembre-se sempre de informar no resumo a autora do texto (Rosa Bastos) e seu local de publicação (revista Top Winner). Selecione palavras-chave do texto e compreenda a ideia central dele. Observe que Rosa Bastos distingue diferentes tipos de medo; alguns são considerados normais e podem nos auxiliar no dia a dia (ansiedade funcional), prevenindo-nos de situações perigosas; outros, porém são desproporcionais e acabam afetando a vida das pessoas de uma maneira prejudicial. A partir daí, a autora começa a definir as chamadas “fobias” e suas causas, que podem tanto ser genéticas como ambientais. Perceba que esse parágrafo já é praticamente um rascunho de um resumo que responda à proposta...

AGORA É SUA VEZ 2. (UFPR) Curto, logo existo Com a evolução e o aumento de usuários e da importância das redes sociais, o nome e a fotografia de cada pessoa passaram a funcionar como o substituto do sujeito. O “eu” real se esvaziou para dar lugar ao “perfil”. O filósofo francês René Descartes estabeleceu um novo modelo de pensamento no século XVII, ao formular em latim a seguinte proposição: “Penso, logo existo” (Cogito, ergo sum). Era uma forma de demonstrar que aquele que existe raciocina e, por conseguinte, põe em xeque o mundo que o cerca. A dúvida científica substituía a certeza religiosa. Hoje, Descartes se reviraria no seu túmulo em Estocolmo, caso pudesse observar o que se passa na cabeça dos seres humanos. “Curto, logo existo” (Amo, ergo sum) parece ser a nova atitude lógica popularizada pelo Facebook. A dúvida científica cedeu espaço à presunção tecnológica. Melhor ainda é a formulação da jornalista americana Nancy Jo Sales no livro Bling Ring – a gangue de Hollywood: a dúvida sobre a existência do ego deu lugar, na cultura do ultraconsumismo e das celebridades, a um outro tipo de pergunta: “Se postei algo no Facebook e ninguém curtiu, eu existo?” A resposta é: provavelmente não. Eu existo se meus tuítes não são comentados nem retuitados? Claro que não. E se são curtidos e retuitados, tampouco! Ninguém existe nas redes sociais senão como representações, que estão ali no lugar dos indivíduos. Não há uma transparência ou uma continuidade natural entre o que somos de fato e o que queremos

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ser nas redes sociais. Isso parece óbvio, mas não o é para muita gente. Agora as pessoas reais guardam uma alta concentração de nada nos cérebros, pois preferem jogar tudo o que pensam e sentem via suas representações nas redes sociais. Elas se tornam ocas para rechear de signos seus perfis. O verdadeiro eu migrou do mundo off-line para o online. É óbvio que os signos na internet podem enganar, mentir e insidiosamente simular um alter ego digital. Os vigaristas e falsários pululam alegremente com suas máscaras nas redes sociais. Quando alguém me “curte” ou “não curte”, está agindo com sinceridade na mensagem ou quer agradar e parecer inteligente? Nesse sentido, se o eu do Facebook quiser se sentir mais vivo com o número de pessoas que o curtiram, estará caindo em uma armadilha. Pois ele não é o que é nem quem curte é o que parece ser. Mesmo quando a boa-fé existe, ela deixa de o ser porque nada se mantém estável no ambiente da “curtição” do Facebook. [...] (Luís Antonio Guiron, Época, 01 ago. 2013)

Escreva um resumo do texto acima, com 10 linhas no máximo. Em seu texto, você deve: • • •

apresentar o ponto de vista do autor e os argumentos que ela utiliza para justificá-lo; escrever com suas próprias palavras, sem copiar enunciados do autor; mencionar no corpo do resumo o autor e a fonte do texto.

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=706

REFERÊNCIAS CHEMIN, B. F. Manual da Univates para trabalhos acadêmicos. 3. ed. Lajeado: Univates, 2012. FARIA, M. B.; RUIZ, DONAIO, E. M. S. A intertextualidade no gênero resenha. Linguagem em (Dis)curso (Online), v. 12, n.1, p. 99-127, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/ pdf/ld/v12n1/v12n1a05.pdf>. Acesso em 16 dez. 2016. MARCUSCHI, L. A. Concepção de língua falada nos manuais de português de 1º. e 2º. Graus: uma visão crítica. In: Trabalhos em Linguística Aplicada, 30: 39-79, 1997.

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7. HISTÓRIA O curso de História traz algumas possibilidades ao futuro profissional, dependendo do caminho que o graduando tomar no seu percurso acadêmico. Para entendermos um pouco melhor sobre esse curso, descreveremos a seguir sobre o que a formação em história pode proporcionar. Inicialmente, devemos deixar claro que existe a possibilidade de optar por um curso de Licenciatura em História, o que habilita o graduado a dar aulas e também existe a opção do Bacharelado em História, em que o profissional graduado pode atuar na área da pesquisa. Ainda há a possibilidade de possuir as duas formações: Licenciatura e Bacharelado, que o habilita tanto para a pesquisa quanto ao ensino de História.

Licenciatura A Licenciatura em História forma profissionais habilitados para trabalhar com o ensino de História, principalmente na educação básica (Fundamental II e Ensino Médio). Para o ensino de História na Educação Superior, o profissional terá que desenvolver melhor sua qualificação com cursos de pós-graduação (Lato sensu ou Stricto sensu).

Bacharelado A formação em Bacharel habilita o profissional a trabalhar na pesquisa. Seu trabalho baseia-se na pesquisa de documentos, levantamento de dados, fatos, classificação de arquivos, estudos, análise acontecimentos e sua importância. Esse profissional busca resgatar a memória da humanidade e a compreensão humana sobre eventos.

Licenciatura e Bacharelado Uma graduação englobando as duas habilitações abre as possibilidades de atuação do profissional em História.

Média de duração do curso Licenciatura: 4 anos Bacharelado: 4 anos Licenciatura e Bacharelado: 4,5 anos

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Mercado de Trabalho Apesar da atual conjuntura econômica, as perspectivas para esse profissional são positivas. Isso porque o Congresso Nacional está perto de aprovar a regulamentação da profissão de historiador. “O diploma de História será exigido para concursos públicos em museus e arquivos históricos. Será criado também um mercado mais bem definido para pesquisa no âmbito de ONGs e empresas”, diz Juliana Bastos Marques, coordenadora do curso de Licenciatura em História da Unirio. Em ONGs que cuidam do resgate da memória de personagens e eventos, instituições públicas de preservação do patrimônio, arquivos e museus, o profissional presta consultoria, trabalha na organização de acervos, em pesquisa documental e na preservação do patrimônio cultural. Um mercado em crescimento é o de produções cinematográficas de época e roteiros para documentários. Essa demanda vem crescendo em razão da lei que obriga as emissoras de TV por assinatura a exibir conteúdo nacional em sua programação. Há boas perspectivas também em cidades históricas. Tem aumentado ainda a busca por historiadores que organizem arquivos pessoais ou empresariais, reconstruam a história de famílias e empresas, e prestem consultoria em campanhas eleitorais. “O maior acesso à educação e o aumento do tempo de permanência dos alunos nas escolas não deixa dúvidas: a necessidade de licenciados é enorme e crescente”, afirma Josianne Cerasoli, coordenadora da licenciatura em História da Unicamp. Há ainda vagas em escolas de todo o país, especialmente na rede pública do Norte, Nordeste e Centro-Oeste

O que você pode fazer Autoria e consultoria: produzir e avaliar material didático para editoras ou instituições de ensino. Ensino: lecionar história geral ou do Brasil para os ensinos fundamental, médio ou cursos pré-vestibulares. Com pós- graduação, dar aulas na educação superior. Memória empresarial: pesquisar a história de empresas e instituições e apresentála em livros, artigos ou reportagens. Pesquisa: investigar temas específicos em arquivos, institutos de pesquisa e universidades para produzir teses, livros e artigos.

Grade curricular A seguir links com exemplos de grades curriculares de cursos de Licenciatura, Bacharelado e Licenciatura e Bacharelado em HIstória de algumas faculdades.

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Ufes: <http://www.historia.ufes.br/sites/historia.ufes.br/files/field/anexo/Grade%20 Curricular%20661%20e%20662%20-%20Licenciatura.pdf> UFRRJ: <http://cursos.ufrrj.br/grad/historia/files/2013/03/licenciatura.pdf> UFU: <http://w w w.inhis.ufu.br/sites/inhis.ufu.br/files/Anexos/Book page/ GRADE%20CURRICULAR%20DOS%20CURSOS%20DE%20HIST%C3%93RIA%20-%20 BACHARELADO%20E%20LICENCIATURA.pdf>

Relação candidato vaga A relação candidato vaga em um curso de bacharelado/licenciatura em História na Universidade Federal do Paraná é em média 6 candidatos por vaga.

A profissão por ela mesma Os links abaixo são de entrevistas com diversos profissionais da área para que você possa esclarecer dúvidas sobre esse campo de trabalho. <https://www.youtube.com/watch?v=csUegWIA-J0> <https://www.youtube.com/watch?v=WaBaCu2Nn_E> <https://www.youtube.com/watch?v=LONkLoriwmU>

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HISTÓRIA Como entender a sociedade, as pessoas, suas relações e mudanças sem compreender História? A História nos possibilita conhecer acontecimentos passados e a interpretação desses fatos, entender como nascem as sociedades, a escrita, a política e outras ciências. O conhecimento histórico permite ir além, permite o pensamento crítico da atualidade com a análise de bases interpretadas com profundidade por historiadores. Pensar em um futuro mais democrático, mais justo, só entendendo os processos, e esse é o papel da história. Esse capitulo apresentará um panorama dos principais aspectos da Idade Moderna.

Idade Moderna A Idade Moderna foi marcada por transformações importantes comparada ao medievo. A partir da queda de Constantinopla é datada a mudança de período, no entanto, ela é consequência de uma série de acontecimentos que ocorreram ainda no final da Baixa Idade Média. Começaremos nossos estudos a partir do renascimento, que rompeu com os pensamentos da Idade Média e trouxe transformações culturais como renascimento da cultura greco-romana simbolizada nas artes, literatura e ciência. O Renascimento assinala o florescimento de um longo processo anterior de produção, circulação e acumulação de recursos econômicos, desencadeado desde a Baixa Idade Média. São os excedentes dessa atividade crescente em progressão maciça que serão utilizados para financiar, manter e estimular uma ativação econômica. Surge assim a sociedade dos mercadores, organizada por princípios como a liberdade de iniciativa, a cobiça e potencialidade do homem, comparado como senhor todopoderoso da natureza, destinado a dominá-la e submetê-la à sua vontade, substituindose no papel do próprio Criador. (SEVCENKO, 1982. p. 2 e 3)

O Renascimento possibilitou a população europeia um domínio maior do conhecimento, dos esforços científicos e culturais. Nesse período surgiram sujeitos importantes dentro do processo, pintores que questionaram a forma de arte, e colocaram uma expressão mais real de suas pinturas e autores que passaram a retratar a realidade em seus livros. A igreja também foi alvo dessa mudança de pensamento e a população passou a questionar mais o seu papel, principalmente no que era ligado a sociedade e a fé. As contestações cientificas, a evolução da medicina e o estudo sobre o mundo se tornam mais frequentes, já que a maioria da população não permitia-se mais a submissão à Igreja. Assim, nesse período as descobertas foram de extrema importância para conquistas posteriores. Artistas como Leonardo Da Vinci caracterizaram bem o período, que houve significativo desenvolvimento em campos como da ciência e das artes.

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Desse modo, a modernidade deve compreendida como um período de mudanças e permanências. O homem, a partir de então, passa a encarar o mundo com um outro olhar. As coisas ao seu redor adquiriram novos sentidos e valores. A curiosidade humana se torna uma das fortes marcas da modernidade. (CAPELLARI e GOMES, 2014) O berço do Renascimento foi a Península Itálica. Ao desenvolver o comércio no Mediterrâneo, os mercadores italianos entraram em contato com a cultura grecoromana e trouxeram para a Europa o conhecimento e as técnicas guardadas por povos do Oriente Médio. Depois da Itália, ocorreu a expansão do Renascimento e outros territórios também passaram por transformações, como Inglaterra, França e Portugal. O Renascimento abriu diversas possibilidades para mudanças e movimentos de contestação se espalham em diversos campos da sociedade. A atuação religiosa da Igreja Católica não ficou de fora dessas transformações: a Reforma Religiosa se desenvolveu logo após o Renascimento e o esclarecimento das ideias possibilitou o surgimento de novas ideologias que valorizaram mais a fé, entrando em contraposição à Igreja, que durante a idade média submeteu a população a sua ideologia sem possibilidade de questionamento. As críticas desencadeadas na Baixa Idade Média contribuíram para que, séculos depois, surgissem novas ideias em oposição ao frágil e saturado modelo Católico medieval, uma vez que o clero não tinha mais capacidade de atender os anseios religiosos de alguns segmentos da sociedade. (CAPELLARI e GOMES, 2014) O movimento da Reforma Protestante teve início com o monge germânico Martinho Lutero e assim como o renascimento, a ideia de reforma se espalhou pela Europa. Nesse contexto, novas religiões foram se formando como o Calvinismo na Suíça e o Anglicanismo na Inglaterra. Em contrapartida, a Igreja Católica realizou o processo da Contrarreforma e reafirmou alguns princípios de sua doutrina. Neste contexto de transformações, a expansão tornou- se detalhe importante dentro das necessidades dos povos da Europa no período da modernidade. O crescimento comercial e social fez com que esses povos procurassem novos territórios na busca de riquezas. A expansão marítima foi desenvolvida dentro do contexto do mercantilismo, conjunto de leis que estabeleciam um tratado comercial. As principais características do Mercantilismo foram: •

Acumulação de ouro e prata (metalismo) como medida de riqueza de um país.

Balança comercial favorável: as exportações deveriam ser maiores do que as importações.

Protecionismo: com a criação de impostos sobre os produtos estrangeiros.

Monopólios comerciais e exclusividade da metrópole no comércio com as colônias. (CAPELLARI e GOMES, 2014. p.39)

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Essas leis estabelecidas proporcionaram regras para as novas descobertas, já que a partir da expansão marítima tivemos países conquistando territórios até então desconhecidos. Portugal e Espanha foram os pioneiros na exploração do além mar. Os portugueses se arriscaram em busca de novos caminhos para as índias e os espanhóis, com Cristovam Colombo, chegaram ao novo continente, do qual a Europa não fazia o menor conhecimento. As terras encontradas foram divididas entre os países europeus sem a menor preocupação com os povos que ali habitavam. As expedições marítimas de Portugal e da Espanha provocaram disputas entre os dois países. Para resolver os conflitos, em 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas, pelo qual as terras encontradas a leste do meridiano de Tordesilhas pertenceriam a Portugal; as que ficassem a oeste seriam da Espanha. (CAPELLARI e GOMES, 2014) Ao descobrirem novos territórios, os europeus descobriram novos povos, que até então desconheciam. Esses povos apresentavam culturas diferentes, organização política, social e estrutural com características distintas dos europeus, no entanto, tinham alguns aspectos próximos, como arquitetura, agricultura de irrigação e a organização das cidades. Os colonizadores encontraram povos estruturados em impérios, em cidades-estados e tribos, cada um com características próprias. Esses povos foram extremamente importantes na construção da identidade do continente americano. Os Astecas, Incas e Maias foram mais conhecidos por suas estruturas e tinham os mesmos aspectos econômico e agrícola, eles também desenvolveram a arquitetura para os deuses e necessidades próprias e organizaram-se socialmente e politicamente. Os indígenas brasileiros eram grupos distintos, apesar de pouco diferenciarem- se na organização estrutural, viviam em tribos e muitas vezes guerreavam entre si. A diversidade linguística e cultural dos povos indígenas é grande, mas há entre eles algumas semelhanças quanto à visão de mundo e à religiosidade. (CAPELLARI e GOMES, 2014, p.40) A maioria dos países que se expandiram tinham como forma de governo o absolutismo, que facilitou a tomada de decisões em vários momentos, mas também oprimiu de maneira frequente a população mais simples. Vários estudiosos e filósofos, como Thomas Hobbes, Jacques Bossuet e Jean Bodin defendiam a necessidade da implantação do Absolutismo no estabelecimento de um estado mais organizado. Temos como exemplos de países absolutistas a Inglaterra (com a dinastia Tudor) e a França (com a dinastia dos Bourbon). Outro ponto importante que serviu como base para as revoluções da modernidade foi o processo chamado de Iluminismo. O século XVIII na Europa, chamado de Século das Luzes, foi marcado pelo Iluminismo, movimento intelectual que rejeitava o misticismo religioso, exaltava a razão e condenava o absolutismo dos reis. Iniciado na Inglaterra, desenvolveu-se principalmente na França. (CAPELLARI e GOMES, 2014)

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O iluminismo propôs o pensamento baseado na razão e na experimentação. Dentro desse contexto, seus pensadores criticaram diversos campos da sociedade, como o governo e reivindicaram o esclarecimento por meio da educação e a necessidade de contratos e leis para a igualdade. Filósofos como John Locke, François-Marie Arouet (conhecido como Voltaire), Jean-Jacques Rousseau e Charles-Louis de Secondat (popularmente conhecido como Montesquieu) publicaram seus estudos contestando o governo absolutista. Nesse período, alguns governantes assumiram uma posição denominada Despotismo Esclarecido, a qual possibilitava algumas mudanças aos olhos do iluminismo que agradavam a população e os mantinham no poder. Enquanto a Inglaterra travava por um período conturbado de revoltas políticas e gastos enormes com os conflitos, suas colônias na América também passaram por momentos de revolta que posteriormente levaram ao movimento de independência. A partir do momento em que a Inglaterra estabeleceu controle econômico sobre as colônias, os colonos se revoltaram com a cobrança de impostos e fizeram o movimento pela independência das Treze Colônias. Inspirados em ideais e preceitos iluministas, os colonos declararam-se independentes da Inglaterra no dia 4 de julho de 1776. Os ingleses responderam à rebelião enviando mais tropas à América. (CAPELLARI e GOMES, 2014. p.67) Nesse contexto, a Revolução Francesa foi símbolo de transformações ocorridas na Europa. A França vivia em uma sociedade nos moldes feudais e a divisão social mostrava as desigualdades latentes: as três ordens se impunham durante séculos. A burguesia francesa cansada da exploração e baseada em ideais iluministas, fez a revolução que teve como estopim o aumento da cobrança de impostos ao terceiro estado com o objetivo de manter as regalias do primeiro e segundo estado, enquanto a população sofria com uma crise agrícola e econômica. A Revolução Francesa passou por diversos períodos até a estruturação da sociedade e do governo, passando de Monarquia Absolutista para republica. A Revolução também configurou momentos de extrema perseguição e finalizou com uma parceria que posteriormente possibilitou a implantação do Império por Napoleão. Essa revolução também serviu como exemplo e inspiração a outros movimentos. Posteriormente a Europa se reuniu no congresso de Viena para estabelecer novas regras e conter alguns movimentos. Para a complementação de conhecimentos sobre a Idade Moderna, confira os links a seguir: •

Artigos

<http://www.historiaimagem.com.br/edicao18abril2014/08renascimentomodernidade.pdf> <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/1424_959.pdf>

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<http://www.revista.ufal.br/criticahistorica/attachments/article/118/O%20 Pensamento%20Iluminista%20e%20o%20Desencantamento%20do%20Mundo.pdf> <http://controversia.com.br/wp-content/uploads/2015/03/HOBSBAWM-E.-A-eradas-revolu%C3%A7%C3%B5es.pdf> •

Vídeos

<https://www.youtube.com/watch?v=3KzSM8aCtAU> <https://www.youtube.com/watch?v=VZT2hytizG0>

QUESTÃO COMENTADA 1. (Mackenzie-SP) O liberalismo, como doutrina política atuante no cenário europeu, desde o final do século XVIII, apesar de servir principalmente aos interesses da classe burguesa, contagiou as parcelas populares da sociedade oprimidas pelos nobres e pelos reis absolutistas. A sociedade liberal burguesa, mesmo sendo essencialmente elitista, era mais livre do que a do Antigo Regime, por: a) acreditar nos princípios democráticos, criando oportunidades para que todos pudessem enriquecer. b) permitir maior liberdade de expressão e pensamento, e restringir a esfera de atuação do poder estatal. c) aumentar, ao máximo, o poder do Estado, para que este defendesse as liberdades individuais de cada cidadão. d) garantir a igualdade de todos perante a lei e o direito à participação política para todos os indivíduos. e) praticar o liberalismo econômico, acreditando na livre iniciativa e na regulamentação do comércio pelo Estado.

RESOLUÇÃO Durante vários séculos – desde sua formação na Baixa Idade Média – a burguesia reivindicou liberdade de pensamento e expressão. Ao chegar ao poder, com a Revolução Gloriosa na Inglaterra e a Revolução Francesa, reafirmou essas liberdades e estabeleceu a igualdade de todos perante a lei. Até o século XIX, e mesmo até o século XX, porém, recusou-se a permitir a participação política de todas as pessoas por meio do sufrágio universal. Na Inglaterra, o sufrágio universal masculino só foi conquistado em 1867 (o direito de voto para as mulheres inglesas só seria instituído em 1928). Desse modo, a alternativa correta é b.

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EXERCÍCIOS 1. (UFPR) Considere a seguinte definição encontrada na Wikipedia: Enciclopédia: [...] uma coletânea de textos bastante numerosos, cujo objetivo principal é descrever o melhor possível o estado atual do conhecimento humano. Podese definir como uma obra que trata de todas as ciências e artes do conhecimento do homem atual. Pode ser tanto um livro de referência para praticamente qualquer assunto do domínio humano como também uma obra na internet.

Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Enciclopedia> Acesso em: 13 de setembro de 2015.

Tendo em vista essa definição e os conhecimentos sobre o período moderno europeu, explique dois aspectos dos ideais e da atuação política dos filósofos iluministas relacionados com a edição da Enciclopédia por D’Alembert e Diderot durante a segunda metade do século XVIII. Em seguida, aponte uma diferença entre a Enciclopédia iluminista e uma enciclopédia muito conhecida recentemente – a Wikipédia (além do fato de esta ser virtual).

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2. (UFPR) Leia o excerto da “Declaração de Direitos” (Bill of Rights), assinada pelo rei Guilherme de Orange, em 1689, após a chamada Revolução Gloriosa na Inglaterra em 1688: Os Lords (...) e os membros da Câmara dos Comuns, declaram, desde logo, o seguinte: 1. Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender as leis ou seu cumprimento (...). 5. Que os súditos têm direitos de apresentar petições ao Rei, sendo ilegais as prisões, vexações de qualquer espécie que sofram por esta causa. (...). 13. Que é indispensável convocar com frequência os Parlamentos para satisfazer os agravos, assim como para corrigir, afirmar e conservar as leis.

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A partir do documento acima e de seus conhecimentos sobre a Revolução Gloriosa e seus desdobramentos, explique por que ela é interpretada como uma revolução liberal, parlamentar e burguesa.

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REFERÊNCIAS CAPELLARI, M. M. et al. Ser Protagonista: História Ensino Médio. São Paulo: Edições SM, 2014. FALCON, F. Mercantilismo e transição. São Paulo: Brasiliense, 1993. SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA DO ESTADO DO PARANÁ. Rota de Desenvolvimento Docente. Curitiba: Núcleo de Educação a Distância (NEaD) SESI-PR. 2016. SEVCENKO, N. O renascimento. São Paulo: Atual. 1982

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FILOSOFIA Estética O fim da arte é despertar em nós o sentimento do belo. [...] A obra de arte é um meio pelo qual o homem exterioriza o que ele mesmo é. (HEGEL, 2005. p. 63-65)

A definição do que é arte sempre foi dada previamente pelo que ela foi outrora, mas apenas é legitimada por aquilo em que se tornou, aberta ao que pretende ser e àquilo que poderá talvez tornar-se. (ADORNO, 2015. p. 13)

Estética: do grego, aisthesis, significa “faculdade de sentir”, “compreensão pelos sentidos”, “percepção totalizante”. Embora a arte faça parte do mundo humano desde a pré-história, a palavra estética só foi introduzida no vocabulário filosófico em 1750, pelo filósofo alemão Alexander Baumgarten que referia-se à cognição por meio dos sentidos (conhecimento sensível). Mais tarde, o termo passou a ser utilizado com referência à percepção da beleza. Para Baumgarten, a Estética tem exigências próprias em termos de verdade, pois alia a sensação e o sentimento à racionalidade. A estética também completa a lógica e deve dirigir a faculdade do conhecer pela sensibilidade. Kant daria continuidade a esse uso, utilizando essa palavra para designar julgamentos de beleza tanto na arte quanto na natureza. No século XX, o objeto da Estética deixa de ser “a produção voluntária do belo” devido a constatação da existência de valores além da beleza. Recentemente, o conceito de Estética foi ampliado para se referir também às qualidades de um objeto, às atitudes do sujeito para considerar o objeto e, principalmente, à experiência prazerosa que o indivíduo pode ter diante de uma obra de arte. O estético passou a denominar outros valores artísticos, não comportando somente a beleza no sentido tradicional. Sob o nome estética, enquadramos um ramo da filosofia que estuda racionalmente os valores propostos pelas obras de arte e o sentimento que suscita nos seres humanos

O conceito de Beleza De Platão ao Classicismo, os filósofos tentaram fundamentar a objetividade da arte e da beleza. Para Platão, a beleza era a única ideia que resplandecia no mundo. Segundo o pensamento platônico, somos obrigados a admitir a existência do “belo em si” independentemente de obras individuais, que na medida do possível, devem se aproximar do ideal universal.

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O Classicismo deduziu regras para o fazer artístico a partir do belo ideal, fundando a Estética Normativa. É o objeto que passava a ter qualidades que o tornavam mais ou menos agradável, independentemente do sujeito que as percebe. Os filósofos empiristas Locke e Hume, nos séculos XVII e XVIII, relativizaram a beleza, uma vez que ela não é uma qualidade das coisas, mas sim o sentimento na mente de quem as contempla. Por isso, o julgamento da beleza dependia tão somente da presença ou ausência de prazer em nossas mentes. Todos os julgamentos são, portanto, verdadeiros, e todos os gostos são igualmente válidos. Desse modo, o belo não está mais no objeto, mas sim nas condições de recepção do sujeito. No século seguinte, Kant, na tentativa de superar a dualidade objetividadesubjetividade, debruçou-se sobre os julgamentos estéticos ou de beleza e não sobre a experiência estética. O filósofo afirmava que o belo “é aquilo que agrada universalmente, ainda que não possa justifica-lo universalmente”. O belo para Kant, era uma qualidade que atribuímos aos objetos para exprimir um certo estado da nossa subjetividade. Sendo assim, não há uma ideia do belo nem pode haver regras para produzi-los. Hegel, em seguida, introduziu o conceito de história ao estudo do belo, e a partir do século XIX, a beleza mudava de face e de aspecto através dos tempos. Segundo o autor, essa mudança (devir) depende mais da cultura e da visão de mundo vigente do que de uma exigência interna do belo. Atualmente, dentro de uma perspectiva fenomenológica, consideramos o belo como uma qualidade de certos objetos singulares que nos são dados à percepção. A Beleza é, também, a imanência total de um sentido ao sensível.

O Feio A questão do Feio está implícita na problemática do belo. Por princípio, o feio não pode ser objeto da arte. Porém, podemos distinguir, de imediato, dois modos de representação do feio:

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A representação do assunto “feio”: embora tenha sido banido do território artístico – pelo menos da Antiguidade grega até a era Medieval – no século XIX, o assunto “feio” foi sendo ressurgindo. No momento em que a arte rompe com a ideia de ser cópia do real para ser considerada criação autônoma – que tem a função de revelar as possibilidades do real – ela passa a ser avaliada de acordo com a autenticidade da sua proposta e sua capacidade de falar ao sentimento.

A forma de representação feia: trata-se de percebermos que o problema do belo e do feio foi deslocado do assunto para o modo de representação. Somente haverá obras feias na medida em que forem malfeitas. Em outras palavras, se houver uma obra feia, não haverá obra de arte.

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O Gosto Sempre é difícil, e por vezes até mesmo impossível, datar com toda segurança o nascimento de um conceito (...). Contudo, uma coisa é certa: foi por volta de meados do século XVII – inicialmente na Itália e na Espanha, depois na França e na Inglaterra, e mais tardiamente na Alemanha (...) – que o termo [gosto] adquiriu pertinência na designação de uma nova faculdade, capaz de distinguir entre o belo e o feio e de aprender pelo sentido (aisthesis) imediato as regras de uma tal sepração. (FERRY, 1994)

A questão do gosto não pode ser analisada como uma preferência arbitrária, fruto de nossa subjetividade. Quando o gosto é assim entendido, nosso julgamento estético decide o que preferimos em função do que somos e não há margem para a educação da sensibilidade. Para educar o gosto diante de um objeto estético, a subjetividade precisa estar mais interessada em conhecer do que preferir. Assim, na Filosofia da Arte, ter gosto é ter capacidade de julgamentos sem preconceitos.

A Atitude Estética A experiência estética ou a experiência do belo, é gratuita, desinteressada e não visa a um interesse prático imediato. A experiência estética: •

Não visa ao conhecimento lógico, medido em termos de verdade.

Não tem como alvo a ação imediata.

Não pode ser julgada em termos de utilidade.

Essa atitude desinteressada é chamada de contemplativa. A contemplação não se opõe à ação, pelo contrário, ela é também uma ação, pois é uma percepção ativa que envolve antecipação e reconstrução.

A Arte A definição de Arte é uma questão antiga na Filosofia. Desde Platão até por volta do século XVIII, um componente central nesta definição estava no papel da representação. Porém, com o romantismo nos séculos XVIII e XIX, a arte deslocou-se da representação para a expressão. Com a chegada do século XX, houve a apreciação da forma e da abstração. Nas décadas finais do século XX, a abstração foi abandonada e os filósofos argumentaram que a arte não deveria ter uma definição rígida. Essa ideia, conhecida como a “(des)definição” de arte, foi proposta pelo filósofo Morris Weitz, que fundamentou seu trabalho em Ludwig Wittgenstein.

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QUESTÃO COMENTADA 1. (UEL-PR) Leia os textos a seguir. A arte de imitar está bem longe da verdade, e se executa tudo, ao que parece, é pelo facto de atingir apenas uma pequena porção de cada coisa, que não passa de uma aparição.

Adaptado de: PLATÃO. A República. 7.ed. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993. p.457.

O imitar é congênito no homem e os homens se comprazem no imitado.

Adaptado de: ARISTÓTELES. Poética. 4.ed. Trad. De Eudoro de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p.203. Coleção “Os Pensadores”.

Com base nos textos, nos conhecimentos sobre estética e a questão da mímesis em Platão e Aristóteles, assinale a alternativa correta. a) Para Platão, a obra do artista é cópia de coisas fenomênicas, um exemplo particular e, por isso, algo inadequado e inferior, tanto em relação aos objetos representados quanto às ideias universais que os pressupõem. b) Para Platão, as obras produzidas pelos poetas, pintores e escultores representam perfeitamente a verdade e a essência do plano inteligível, sendo a atividade do artista um fazer nobre, imprescindível para o engrandecimento da pólis e da filosofia. c) Na compreensão de Aristóteles, a arte se restringe à reprodução de objetos existentes, o que veda o poder do artista de invenção do real e impossibilita a função caricatural que a arte poderia assumir ao apresentar os modelos de maneira distorcida. d) Aristóteles concebe a mímesis artística como uma atividade que reproduz passivamente a aparência das coisas, o que impede ao artista a possibilidade de recriação das coisas segundo uma nova dimensão. e) Aristóteles se opõe à concepção de que a arte é imitação e entende que a música, o teatro e a poesia são incapazes de provocar um efeito benéfico e purificador no espectador.

RESOLUÇÃO O conceito de mímeses, do grego, traz uma profunda significação desde a ideia de imitação quanto de representação, ato de assemelhar, de expressar e de apresentar o eu. Para os filósofos clássicos da Grécia Antiga Platão e Aristóteles, a concepção é variavel. Platão buscava justificar a ideia de dois mundos – inteligível e sensível – onde na sensibilidade temos apenas a possibilidade de encontrar as cópias imperfeitas do mundo inteligível. Aristóteles discordava de seu mestre ao afirmar que a representação não é projeção de outro mundo, mas sim do real. Logo, a alternativa que melhor aproxima com a proposta da questão é a letra a.

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EXERCÍCIOS 1. (UEL-PR) Considere a citação abaixo: Sócrates: “Tomemos como princípio que todos os poetas, a começar por Homero, são simples imitadores das aparências da virtude e dos outros assuntos de que tratam, mas que não atingem a verdade. São semelhantes nisso ao pintor de que falávamos há instantes, que desenhará uma aparência de sapateiro, sem nada entender de sapataria, para pessoas que, não percebendo mais do que ele, julgam as coisas segundo a aparência?” Glauco – “Sim”. (Fonte: PLATÃO. A República. Tradução de Enrico Corvisieri. São Paulo: Nova Cultural, 1997. p.328)

a) Com base no texto acima e nos conhecimentos sobre a mímesis em Platão, assinale a alternativa correta: b) Platão critica a pintura e a poesia porque ambas são apenas imitações diretas da realidade. c) Para Platão, os poetas e pintores têm um conhecimento válido dos objetos que representam. d) Tanto os poetas quanto os pintores estão, segundo a teoria de Platão, afastados dois graus da verdade. e) Platão critica os poetas e pintores porque estes, à medida que conhecem apenas as aparências, não têm nenhum conhecimento válido do que imitam ou representam. f ) A poesia e a pintura são criticadas por Platão porque são cópias imperfeitas do mundo das ideias.

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2. (UEMA) Kant definiu a Estética como sendo ciência. E completando, Alexander Baumgarten a definiu como sendo a teoria do belo e das suas manifestações através da arte. Como ciência e teoria do belo, a Estética pretende alcançar um tipo específico de conhecimento que é aquele captado: a) pela lógica. b) pela razão. c) pela alma. d) pelos sentidos. e) pela emoção.

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REFERÊNCIAS ABRÃO, B. S. Os Pensadores: História da Filosofia. São Paulo: Nova Cultural, 1999. ADORNO, T. Teoria estética. Lisboa: Edições 70, 2015. BLACKBURN, S. Dicionário Oxford de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1977. CHAUI, M. Iniciação à Filosofia: Ensino Médio, volume único. São Paulo: Ática, 2013. HEGEL, G. E stética . S ão P aulo : N ova C ultural , 2005. KLEINMAN, P. Tudo o que você precisa saber sobre Filosofia: de Platão e Sócrates até a Ética e Metafísica. São Paulo: Gente, 2014. WARBURTON, N. Uma breve história da Filosofia. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2015.

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GEOGRAFIA A História – ao longo de sua construção como um dos saberes da ciência – tem caminhado conjuntamente com a Geografia decifrando, interpretando e buscando explicações que tragam luz assuntos de extrema relevância para a humanidade. Essa afinidade nos temas abordados muitas vezes confunde o leitor mais inexperiente a ponto dele não conseguir identificar se a abordagem é geográfica ou histórica. Fato inequívoco, é a importância que ambos os saberes possuem no contexto do conhecimento humano, sendo ferramentas indispensáveis na busca pelo conhecimento. Nesse capitulo trilharemos pelos meandros da climatologia e dos principais problemas ambientais que assolam nosso planeta.

Questões ambientais Antes de qualquer coisa, a retomada de alguns conceitos básicos relacionados aos tipos climáticos é necessária para melhor compreensão dos problemas ambientais, vamos então relembra-los? Clima: é a sucessão de diferentes estados do tempo que repetem-se e ocorrem na atmosfera ao longo do ano em determinada região. Para saber o clima de determinado local, é necessário realizar observações do tempo atmosférico diariamente, durante anos, para verificar a regularidade das combinações dos seus elementos. Os elementos que formam o clima são: temperatura, pressão atmosférica (correspondente à força provocada pela força do ar), precipitações (chuva, neve, e granizo) e ventos. Tempo atmosférico: as condições atmosféricas de um dia determinam o tempo atmosférico, não o clima, ou seja, o tempo atmosférico é uma condição passageira dos elementos do clima. Ele é variável de um dia para outro ou até mesmo de uma hora para outra. Em dado momento do dia, a temperatura pode apresentar- se alta com o sol brilhando e em outro pode ocorrer chuva e queda de temperatura. As previsões meteorológicas dão ideia da combinação dos elementos do clima em dado momento. Em geral são usadas as expressões tempo bom, tempo nublado, parcialmente nublado ou tempo chuvoso para defini-las.

Tipos de clima Os climas são classificados pelos meteorologistas e climatologistas com base, principalmente, na temperatura e umidade. São levadas em consideração as médias mensais de temperatura e de precipitações medidas nas estações meteorológicas existentes em várias partes do mundo.

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Quanto à temperatura, o clima pode ser quente, temperado, frio e polar. Já em relação à umidade do ar, o clima pode ser superúmido, úmido, semiárido e árido. A junção dessas variáveis de temperatura e umidade determinam os diversos tipos de climas, que recebem os nomes das “zonas térmicas da Terra”. Os tipos de climas existentes são: •

Tropical: clima quente durante o ano inteiro, apresentando apenas duas estações bastante definidas: inverno ameno e seco, verão quente e chuvoso.

Equatorial: temperaturas elevadas e chuvas abundantes durante o ano inteiro, com pequena amplitude térmica anual. Ocorre na zona mais quente do planeta.

Subtropical: chuvas abundantes e bem distribuídas com verões quentes e invernos frios e significativa amplitude térmica anual.

Temperado: ocorre apenas nas zonas climáticas temperadas. As quatro estações do ano são bastante definidas.

Polar ou glacial: clima com baixas temperaturas o ano inteiro, atingindo no máximo 10°C em meses de verão.

Dependendo de certos locais, o clima também pode ser mediterrâneo, desértico ou árido, semiárido e frio.

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Clima mediterrâneo: apresenta verões quentes e secos, invernos amenos e chuvosos. Do ponto de vista da temperatura, é bastante parecido com os climas tropicais. Seus índices pluviométricos são um pouco menores e as chuvas ocorrem no outono e no inverno. É encontrado em áreas próximas ao Mar Mediterrâneo (sul da Europa e norte da África), no sudeste da Austrália, na costa oeste americana e no centro do Chile.

Clima semiárido: é um clima de transição, caracterizado por apresentar chuvas escassas e mal distribuídas ao longo do ano. É encontrado tanto em regiões tropicais em que as temperaturas são elevadas o ano todo, quanto em zonas temperadas onde os invernos são frios.

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Climograma

https://pt.slideshare.net/cristinaramos/brasil-natureza-30394640

Principais problemas ambientais atuais •

Ilha de calor: fenômeno climático que ocorre – por exemplo – a partir da elevação da temperatura de uma área urbana se comparada a uma zona rural. Isso quer dizer que nas cidades, especialmente nas grandes, a temperatura é superior a de áreas periféricas, consolidando literalmente uma ilha (climática).

Poluição do ar: causada por gases poluentes principalmente pela queima de combustíveis fósseis (carvão mineral, gasolina e diesel) e indústrias.

Poluição de rios, lagos, mares e oceanos: provocada por despejos de esgoto, lixo e acidentes ambientais como vazamento de petróleo etc.

Poluição do solo: causada pela contaminação (agrotóxicos, fertilizantes, produtos químicos) e descarte incorreto de lixo.

Queimadas: em matas e florestas como forma de ampliar áreas para pasto ou agricultura.

Desmatamento: com o corte ilegal de árvores para comercialização de madeira.

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Esgotamento do solo: perda da fertilidade para a agricultura, provocada por uso incorreto.

Diminuição e extinção de espécies animais: devido a caça predatória e destruição de ecossistemas.

Falta de água para o consumo humano: causada pelo uso irracional (desperdício), contaminação e poluição dos recursos hídricos.

Acidentes nucleares: causam contaminação do solo por centenas de anos. Podemos citar como exemplos os acidentes nucleares de Chernobyl (1986) e na Usina Nuclear de Fukushima no Japão (2011).

Aquecimento Global: causado pela grande quantidade de emissão de gases do efeito estufa.

Diminuição da Camada de Ozônio: provocada pela emissão de gases como o CFC no meio ambiente.

Para complementação de conhecimentos sobre problemas ambientais, confira as indicações a seguir: •

Artigo:

<http://www.sogeografia.com.br/Conteudos/GeografiaFisica/Clima/> •

Livro:

Climatologia: noções básicas e climas do Brasil Autores: MENDONCA, F.; OLIVEIRA, D.; MORESCO, I. Editora: Oficina de Textos •

Vídeo:

<https://www.youtube.com/watch?v=lFC-UrWyVHk>

Questão comentada 1. (Enem) O fenômeno de ilha de calor é o exemplo mais marcante da modificação das condições iniciais do clima pelo processo de urbanização, caracterizado pela modificação do solo e pelo calor antropogênico, o qual inclui todas as atividades humanas inerentes à sua vida na cidade.

BARBOSA, R. V. R. Áreas verdes e qualidade térmica em ambientes urbanos: estudo em microclimas em Maceió. São Paulo: EdUSP, 2005.

O texto exemplifica uma importante alteração socioambiental, comum aos centros urbanos. A maximização desse fenômeno ocorre

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a) pela reconstrução dos leitos originais dos cursos d’água antes canalizados. b) pela recomposição de áreas verdes nas áreas centrais dos centros urbanos. c) pelo uso de materiais com alta capacidade de reflexão no topo dos edifícios. d) pelo processo de impermeabilização do solo nas áreas centrais das cidades. e) pela construção de vias expressas e gerenciamento de tráfego terrestre.

Resolução A impermeabilização dos solos faz com que a superfície aumente a absorção do calor, tornando o ambiente ao redor mais quente. Esse fenômeno é muito frequente nas grandes metrópoles mundiais. Nesse sentido, a alternativa correta é a d.

Exercícios 1. (UFPR – adaptada) Planícies são ambientes geomorfológicos que apresentam relevo plano, ou suavemente ondulado, com dimensões variadas, onde são predominantes os processos de deposição e acumulação de sedimentos. Planícies aluviais são aquelas formadas por sedimentos de rios. Sobre esses ambientes, considere as seguintes afirmativas: ( ) Planície aluvial corresponde ao leito maior de um rio e sazonalmente sua área é ocupada pelas águas dos canais fluviais. ( ) O estabelecimento de áreas urbanas em ambientes de planícies aluviais acarreta sérios problemas sociais, devido aos efeitos negativos das inundações periódicas para a população residente. ( ) No planejamento do uso do solo nas planícies aluviais, é necessário considerar a suscetibilidade de contaminação do lençol freático, pois nesses ambientes ele se encontra mais próximo da superfície. ( ) As cidades localizadas em planícies aluviais, ao contrário daquelas localizadas em ambientes sem risco de enchentes, exigem processos de planejamento, como os planos de uso e ocupação do solo. A sequência correta está em: a) V, F, V, F b) V, V, F, F c) V, V, V, V d) V, V, V, F e) F, V, F, V

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2. (UFPR – adaptada) Os estados amazônicos perseguem estratégias diversas para consolidar o povoamento e alcançar o desenvolvimento sustentável. Todos têm o ecoturismo como atividade básica, mas suas outras estratégias variam consideravelmente em função de seus contextos históricos, culturais e políticos, da sua localização geográfica e dos níveis em que foram afetados pelo recente processo de ocupação. (BECKER, B. K. Por que não perderemos a soberania sobre a Amazônia? In: ALBUQUERQUE, E. S. (org.). Que país é esse? Pensando o Brasil contemporâneo. São Paulo: Globo, 2005, p. 275.)

Com base no texto e nos conhecimentos de geografia, assinale a alternativa correta. ( ) A fronteira agropecuária avança pelo cerrado do Centro-Oeste e atinge a porção da Amazônia Legal, no norte do Mato Grosso e oeste do Maranhão, tornando a pecuária extensiva um vetor de desenvolvimento na porção oriental do Pará. ( ) As políticas de colonização executadas ao longo da rodovia Transamazônica produziram, no estado do Amazonas, um padrão de desenvolvimento apoiado na agricultura intensiva. ( ) Os avanços recentes da biotecnologia permitiram implantar em Rondônia um modelo econômico baseado na contiguidade das florestas tropicais. ( ) O insucesso da Zona Franca de Manaus demonstrou a vocação extrativista da bacia amazônica, redirecionando as políticas de incentivos para este último setor. ( ) A fronteira da pecuária extensiva vem se expandindo no estado do Mato Grosso porque o seu território não está incluído na legislação que delimita a Amazônia Legal.

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A sequência correta está em: a) V, V, F, F b) F, V, F, V c) F, F, V, F d) F, F, V, V e) F, F, F, F

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REFERÊNCIAS AUBERTIN, C. A floresta em jogo. São Paulo: Unesp, 2000. CASCINO, F. Educação ambiental: princípios, história, formação de professores. São Paulo: SENAC, 2000. IPCC (1996): Climate Change 1995. Impacts, Adaptations and Mitigation of Climate Change: Scientific-Technical Analyses. Cambridge University Press. WMO-UNEP. KINDEL, E. A. I; SILVA, F. W.; SAMMARCO, Y. M. (org.). Educação ambiental: vários olhares e várias práticas. Porto Alegre: Mediação, 2.ed., 2006.

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SOCIOLOGIA Olá, tudo bem? A Sociologia e a História possuem uma estreita relação. É bastante comum que tanto a História quanto a Sociologia se utilizem dos trabalhos uma das outras como forma de articular e construir conhecimentos mais complexos e profundos. Por exemplo, são comuns análises e pesquisas da Sociologia Política se tornarem objeto de embasamento da construção histórico política de determinado momento. É comum também no caso da Sociologia da Cultura, a utilização de fontes históricas sobre costumes e modos de vida. Para demonstrar essa relação, podemos pensar nas obras de Norbert Elias, todas construídas sob fontes históricas. Nesse capítulo falaremos sobre um dos assuntos mais importantes da Sociologia que ocupa um espaço de protagonismo na História que é o tema Classes Sociais. Isto é tão verdadeiro que um dos maiores pensadores sociais, Karl Marx, para compreender as classes sociais, construiu uma nova ciência denominada nada menos do que Materialismo Histórico Dialético, ou simplesmente, Ciência da História.

Classes Sociais Como você sabe, o conceito de Classe Social talvez seja o mais debatido dentro da sociologia acadêmica e o mais conhecido do público em geral. É também o que assume as mais diversas formas e sentidos, que vão desde as classes de consumo ou econômicas, até apontamentos mais críticos como o caso das categorias marxistas. Embora o Conceito de Classe social possua variadas formas, eles possuem em comum a ideia de que as classes sociais em essência, explicitam distâncias sociais de indivíduos no espaço social. Comecemos por Marx. Segundo ele Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação e companheiro, numa palavra, o opressor e o oprimido permaneceram em constante oposição um ao outro, levada a efeito numa guerra ininterrupta, ora disfarçada, ora aberta, que terminou, cada vez, ou pela reconstituição revolucionária de toda a sociedade ou pela destruição das classes em conflito. (MARX, K.; ENGELS, 1998, PG. 26) Essa colocação de Marx traz um elemento novo além da distância social que faz referência a dominação e subordinação de uma classe social sobre outra. Dessa forma, o conceito de Classe Social nos fornece elementos para pensarmos nas desigualdades sociais entre os indivíduos e maiores oportunidades de sucesso, renda, poder e prestígio. Para o autor, na história das sociedades a divisão de classes era basicamente a mesma, de um lado, opressores e de outro, oprimidos. Na sociedade capitalista, as classes sociais são denominadas por Marx como burguesia e proletariado. A burguesia era definida como a classe detentora dos meios de produção como terras, fábricas e

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bancos e que emprega o trabalho assalariado. O proletariado, a classe de indivíduos destituídos dos meios de produção eram detentores apenas de sua força de trabalho, isto é, de sua mão de obra. Para sobreviver, o proletário necessita vender sua mão de obra para o capitalista em troca de um salário. Mas por qual valor? Segundo Marx, o valor pago em forma de salário se reduz apenas a quantidade mínima de subsistência do trabalhador e de seus filhos. A razão desse fato é que em primeiro lugar o salário é visto como custo pelo capitalista. Em segundo lugar, o baixo salário mantém o proletário em uma relação de dependência em relação ao capitalista. Por último, permite a reprodução das relações de exploração ao longo do tempo, ao passo em que os filhos do proletariado assumirão as funções ocupadas pelos pais. Em resumo, o valor pago em salário é determinado pelo “mercado de trabalho” em que os trabalhadores são vendidos pelo valor mínimo de reprodução das forças de trabalho. Marx foi um dos primeiros autores a dar evidência ao fenômeno da acumulação e reprodução do capital. Se pensarmos nos dias de hoje, seu poder de previsão é surpreendente, visto o surgimento dos grandes conglomerados e consequente aumento da concentração de renda. Segundo Marx, “a burguesia suprime cada vez mais a dispersão da população, dos meios da produção e da propriedade. Aglomerou a população, centralizou os meios de produção e concentrou a propriedade em poucas mãos” (Marx, K.; ENGELS, 1998, pg. 30). Ao passo em a burguesia é reduzida, aumenta a concentração de renda e capital em poucas mãos. Desse modo o proletariado aumenta de tamanho, mas, ao mesmo, tempo vê seus salários reduzidos. Em resumo, a burguesia fica cada vez menor e mais rica e o proletariado fica cada vez maior e mais pobre. Conforme fica evidente, segundo a pesquisa que constatou que 1% da população global detém mesma riqueza dos 99% restantes5. A pergunta que cabe então é: se os antagonismos entre burguesia e proletariado aumentaram, por que a previsão anunciada por Marx sobre a revolução não se concretizou? Abordaremos parte dessa resposta adiante, primeiramente investigaremos o tema classes sociais em Max Weber. Diferentemente de Marx, Weber não define as classes sociais como a posse dos meios de produção, mas sim com base na posição econômica ocupada pelo indivíduo. Para o autor, falamos de uma classe quando: 1) é comum a um certo número de pessoas um componente causal específico de suas probabilidades de existência na medida em que 2) tal componente esteja representado exclusivamente por interesses lucrativos e de posse de bens 3) em condições determinadas pelo mercado (de bens ou de trabalho)”. WEBER, [1971] p. 683.

http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/01/1-da-populacao-global-detem-mesma-riqueza-dos-99restantes-diz-estudo.html

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Além do aspecto econômico, para Weber as classes sociais se originaram na distribuição desigual de elementos como status (honra e prestígio), ou seja, elementos simbólicos, riqueza (posse de bens econômicos) e poder (capacidade de se impor, fazer valer a sua vontade sobre outros). Diferentemente de Marx – que acreditava que a posição de classe definia a consciência de classe – Weber não entendia essa correlação como determinante. Era possível, para ele, que indivíduos com posições de classe equivalentes possuíssem interesses e sentimentos de classes diferentes. A divisão da sociedade em classes sociais distintas dá origem a chamada estratificação social, que cria uma verdadeira estrutura social. A estratificação social refere-se a distribuição de indivíduos e grupos em espaços sociais distintos, criando assim a distribuição desigual de recursos sociais escassos como riqueza, renda, consumo, poder político (medido na capacidade dos indivíduos de se elegerem ou simplesmente influírem nas decisões políticas e na apropriação de bens simbólicos) e culturais, elementos essenciais para a mobilidade social das sociedades capitalistas. É nesse ponto que gostaríamos de abordar o trabalho de Jessé Souza, A Ralé Brasileira. Segundo o autor, o mecanismo complexo que explica a existência das classes sociais é o segredo mais bem guardado de todas as sociedades modernas. É que o pertencimento de classe define, em grande medida, o acesso privilegiado a qualquer tipo de bem ou recurso escasso6. O segredo citado por Jessé Souza refere- se a reprodução dos privilégios sociais, base da reprodução da estrutura social. Como esse segredo é guardado? Quem contribui para mantê-lo sob um véu nebuloso? Vamos procurar responder a essa questão começando pelo processo de ressignificação do conceito de classe social. O sentido de classe social mais difundido pelos jornais, programas de televisão e órgãos de pesquisa estatal (IBGE) é aquele associado à renda. Nesse sentido, as classes sociais são constituídas pela divisão dos indivíduos em estratos formados pela renda, as famosas classes A, B, C, D e E. Não que essa divisão, mesmo que arbitrária, esteja totalmente incorreta, o fato é que ela demonstra as distâncias sociais entre os indivíduos, porém escondem como essas distâncias foram construídas e se reproduzem. Podemos dizer que a mídia, os meios de comunicação e os debates intelectuais em sua maioria são responsáveis por manter esse debate fragmentado e relacionado apenas ao fator econômico. Mas, então, se não é o aspecto econômico o mais importante, como essas classes sociais são formadas? Para Jessé Souza, no caso brasileiro, podemos falar em quatro classes sociais fundamentais. A “ralé”, a classe trabalhadora, a classe média e a elite.

Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/40345-rales-batalhadores-e-uma-nova-classemedia-entrevista-especial-com-jesse-de-souza>. Acesso em: 26 nov. 2016.

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A ralé é a classe do superexplorado, definida pela ausência completa de qualquer tipo de capital social valorizado, que nem mesmo é vista como tal, mas sim vista como indivíduos ora carentes ora perigosos. Segundo Jessé a ralé se forma pela ausência de incorporação dos capitais impessoais, como o capital cultural ou técnico, do mundo moderno –, é o que marca o Brasil como sociedade. Essa classe é explorada pelas classes média e alta como mão de obra barata para todo tipo de serviço pesado e mal pago. Ainda que a “ralé” seja uma classe universal – certamente a mais numerosa do globo –, todos os problemas que ligamos secularmente ao atraso social brasileiro e localizamos falsamente em outros lugares, advém da manutenção indefinida dessa classe de abandonados sociais. Os recentes programas sociais mitigam as formas mais duras da realidade da fome, mas não tocam no principal: possibilitar que a “ralé” deixe de ser “ralé”7. A ralé se reproduz enquanto classe na medida em que não possui nenhum capital técnico ou cultural valorizado pelo Estado ou pelo mercado. Só utilizada então, pela classe média e pela elite como força de trabalho corporal. Onde só pode ser empregada enquanto mero “corpo”, ou seja, como mero dispêndio de energia muscular. É desse modo que essa classe é explorada pelas classes média e alta: como “corpo” vendido a baixo preço, seja no trabalho das empregadas domésticas, seja como dispêndio de energia muscular no trabalho masculino desqualificado, seja ainda na realização literal da metáfora do “corpo” à venda, como na prostituição (SOUZA, 2009, p.23-24). A classe trabalhadora, chamada por Jessé de Batalhadora, é aquela em que não há privilégios de nascimento. Ela é composta por pessoas que fizeram escola pública ou universidade particular (no melhor dos casos), tendo de trabalhar paralelamente, muitas vezes, em mais de um emprego. Muitos trabalham entre 10 a 14 h por dia e não possuem o recurso mais típico das classes do privilégio que é o “tempo livre” para incorporação de conhecimento valorizado e altamente concorrido. Por outro lado, no entanto, esses “batalhadores” não se confundem com a “ralé” de desclassificados sociais entre nós porque possuem sólida “ética do trabalho duro”, que implica incorporação de disposições como disciplina, autocontrole e pensamento prospectivo8. A elite, por sua vez, é a classe que possui como capital mais importante o capital econômico. Nessa “classe alta, o capital econômico é majoritário sob a forma de “direitos de propriedade”, mas alguma forma de capital cultural é indispensável, já que o dinheiro deve parecer como emanando naturalmente de qualidades “inatas” do sujeito9.

Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/40345-rales-batalhadores-e-uma-nova-classemedia-entrevista-especial-com-jesse-de-souza>. Acesso em: 26 nov. 2016.

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Disponível em: <http://www.revistaforum.com.br/mariafro/2013/05/21/38016/>. Acesso em: 26 nov. 2016.

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Disponível em: <http://www.revistaforum.com.br/mariafro/2013/05/21/38016/>. Acesso em: 26 nov. 2016.

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A classe média é definida por Jessé Souza como uma das classes dominantes em sociedades modernas como a brasileira, porque é constituída pelo acesso privilegiado a um recurso social escasso de extrema importância: o capital cultural nas suas mais diversas formas. Seja sob a forma de capital cultural “técnico”, como no caso da “tropa de choque” do capital, formada pelo exército de advogados, engenheiros, administradores, economistas etc., seja sob a forma de capital cultural “literário” dos professores, jornalistas, publicitários, etc. Este tipo de conhecimento é fundamental para a reprodução e legitimação tanto do mercado, quanto do Estado, ou seja, para a reprodução e legitimação da sociedade moderna como um todo. A incorporação deste tipo de capital cultural, por sua vez, exige “tempo livre” que só as camadas privilegiadas possuem. É esse fundamento social “invisível” que irá permitir mais tarde tanto a remuneração, quanto o prestígio social atrelado a este tipo de trabalho prestigioso e reconhecido10. Por fim, cabe uma breve análise a respeito da Teoria das Classes Sociais em Pierre Bourdieu. É importante de início ressaltar que a visão de Bourdieu é uma das bases da elaboração das classes sociais em Jessé Souza. Para Bourdieu, as classes sociais distintas formam também uma estrutura social onde indivíduos e grupos sociais são distribuídos de acordo com o maior ou menor grau de acesso a certos capitais valorizados. É o caso do capital econômico (renda, salários e propriedades), capital cultural (diploma), capital social (relações pessoais e familiares) e capital simbólico (prestígio). Essa distribuição desigual de capitais gera desigualdades sociais que são transmitidas de geração a geração ao longo do tempo, dando prosseguimento a reprodução social da desigualdade. Como o tema da reprodução foi bastante evidenciado a partir dos trabalhos de Jessé Souza, gostaríamos de nos ater a um elemento simbólico envolvendo as classes sociais que é o Gosto. Tomemos como ponto de partida a produção social do gosto. No texto, O costureiro e sua grife: contribuição para uma teoria da magia, Bourdieu analisa a relação entre gosto e classe social no mundo da moda. Segundo o autor, as classes sociais transmitem para os seus integrantes – por meio da socialização primeiro familiar e depois educacional – valores, estilos de vida e gosto típicos da classe. Nesse sentido, o trabalho de Bourdieu procurou analisar as variações do gosto em função das classes sociais. Desse modo, existia o gosto considerado legítimo – próximo das classes sociais dominantes – e o gosto ilegítimo, relacionado ao gosto popular. A moda então serve de elemento para demonstrar os processos de imposição de um gosto legítimo por parte das classes dominantes aos dominados. No jogo de relações entre as classes sociais, a moda, como expressão de gostos e estilos, funciona como elemento simbólico de distinção entre classes sociais.

Disponível em: <http://arquivo.geledes.org.br/em-debate/colunistas/20597-a-classe-media-verdadeirae-uma-das-classes-dominantes-em-sociedades-modernas-como-a-brasileira-jesse-souza/>. Acesso em: 26 nov. 2016.

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QUESTÃO COMENTADA 1. (UEL-PR – adaptada) Segundo Braverman: O mais antigo princípio inovador do modo capitalista de produção foi a divisão manufatureira do trabalho [...] A divisão do trabalho na indústria capitalista não é de modo algum idêntica ao fenômeno da distribuição de tarefas, ofícios ou especialidades da produção [...].

BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista. Tradução Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. p. 70.

O que difere a divisão do trabalho na indústria capitalista das formas de distribuição anteriores do trabalho? a) A formação de associações de ofício que criaram o trabalho assalariado e a padronização de processos industriais. b) A realização de atividades produtivas sob a forma de unidades de famílias e mestres, o que aumenta a produtividade do trabalho e a independência individual de cada trabalhador. c) O exercício de atividades produtivas por meio da divisão do trabalho por idade e gênero, o que leva à exclusão das mulheres do mercado de trabalho. d) O controle do ritmo e da distribuição da produção pelo trabalhador, o que resulta em mais riqueza para essa parcela da sociedade. e) A subdivisão do trabalho de cada especialidade produtiva em operações limitadas, o que conduz ao aumento da produtividade e à alienação do trabalhador.

RESOLUÇÃO Uma característica marcante da divisão do trabalho imposta pelo desenvolvimento das forças produtivas foi a especialização e divisão do trabalho. Marx já chamava a atenção que o trabalhador seria estava sendo reduzido a um apêndice da máquina, isto, ele fazia apenas uma função, repetitiva, monótona e simplificada. Esse processo retira do trabalhador a capacidade criativa dando início ao processo chamado por Marx de alienação do trabalho. Desse modo, a alternativa correta é a letra e.

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EXERCÍCIOS 1. (UEL-PR) Observe a seguir a tabela elaborada por Pierre Bordieu:

Com base na tabela, é correto afirmar: a) A pesquisa sobre as classes sociais indica as similitudes e simetrias dos gostos e práticas sociais das classes baixas, médias e superiores. b) A pesquisa sobre as classes baixas, médias e altas revela o quanto a dimensão cultural dificilmente coincide com a dimensão econômica das diferenças. c) A pesquisa sobre a dimensão cultural das classes sociais demonstra que há diferenças nos seus estilos de vida e de consumo. d) A pesquisa sobre as classes sociais e suas hierarquias desautorizam as afirmações sobre possíveis assimetrias nas escolhas de consumo. e) A pesquisa sobre o consumo e as prática sociais das três classes denuncia a apropriação da cultura popular pelas classes superiores.

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=723

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2. (UFPR) Qual o significado da expressão mobilidade social vertical? Como identificar a posição de classe de um indivíduo?

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=724

REFERÊNCIAS MARX, K.; ENGELS, F. MANIFESTO DO AV. VOL.12 NO.34 SÃO PAULO SEPT./DEC. 1998

PARTIDO

COMUNISTA.

ESTUD.

SOUZA, J. RALÉ BRASILEIRA: QUEM É E COMO VIVE. BELO HORIZONTE: UFMG, 2009. WEBER, MAX. “CLASSE, ESTAMENTO, PARTIDO”. IN: ENSAIOS DE SOCIOLOGIA. RIO DE JANEIRO: ZAHAR, 1971.

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LÍNGUA PORTUGUESA “A escrita permeia hoje quase todas as práticas sociais dos povos que penetrou”, segundo Marcuschi (1997, p. 121). Como propõe este autor, a escrita é usada em contextos básicos da vida, que não raramente serão decisivos para fins específicos em nossas vidas. Pode parecer um tanto exagerado, mas o modo como você se posiciona em relação ao domínio da língua escrita tem um grande poder em situações relativas ao trabalho, aos estudos e, de certo modo, à sua vida pessoal. Outra questão fundamental é o modo como lemos e interpretamos as informações disponibilizadas e suscitadas nos mais variados contextos em que nos inserimos. Sobretudo, nesta etapa de muito estudo e preparação, para a escolha de uma carreira, saber selecionar, hierarquizar (ou seja, organizar) e analisar informações relevantes, de acordo com determinados propósitos, torna-se um diferencial em nossa formação profissional. Por conseguinte, o processo de seleção destinado para o acesso a universidades, hoje, se pauta na elaboração de redações (produção escrita), que cada vez mais tem abrangido distintos gêneros textuais, como podemos observar nas universidades públicas do Paraná. Por serem exames classificatórios, essas redações são avaliadas com base em critérios para notas, o que minimiza a subjetividade na avaliação dos corretores, colaborando para imparcialidade e confiabilidade do processo. Sendo assim, é importante que você leia atentamente o Edital e, em alguns casos, o Manual do Candidato da universidade a qual pretende prestar vestibular, que provavelmente estarão disponíveis na página da instituição de ensino superior (IES). Outro ponto crucial, e isso vale para o dia da prova, é compreender claramente o enunciado da proposta de redação, a fim de identificar o gênero textual solicitado e atender ao que de fato é solicitado pelo processo. Neste capítulo, você será apresentado a três gêneros da esfera jornalística: Charge, Tira e Cartum.

Boa Leitura! Equipe Trilhas.

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Charge, tira e cartum Considerando as estratégias discursivas de cada produtor e a função social desses gêneros textuais, charge, tira e cartum mobilizam tanto aspectos humorísticos e/ou críticos. Isso significa que esse textos podem conter críticas sociais, explícitas ou implícitas, relacionadas a temas da atualidade ou atemporais – que não se limitam a um tempo determinado. Charge, tira e cartum são gêneros textuais que combinam linguagem visual e verbal, “cujo objetivo sociocomunicativo é provocar o riso”, segundo Terezinha Nepomuceno (2005 p9). Esses textos trabalham a comunicação icônica, para tanto, lançam mão de cores, para sugestão de sentimentos e ideias, além de quadros, desenhos, legendas, títulos, interjeições, balões e recursos gráficos, como tipos distintos de fontes, negrito, itálico, entre outros. Preste atenção, porque esses gêneros, principalmente charge e tiras, viraram “xodó” de muitas provas de redação – e também das questões objetivas! Leia com atenção o comando de cada proposta, divirta-se com o teor cômico dos textos, mas saiba identificar que o “riso” provocado por eles também é uma forma de criticar e denunciar diversas situações do cotidiano. Apesar de traços em comum, vamos destacar especificidades de cada um desses gêneros, algumas em relação à forma; outras, à temática.

Charge e cartum Numa acepção mais ampla, ligada ao jornalismo, de acordo com Jose Marques de Melo (2003), cartum e charge são caricaturas jornalísticas. Genericamente, caricatura corresponde à “forma de expressão artística através do desenho que tem por fim o humor”. Define o autor: 2) Cartoon: Anedota gráfica. Crítica mordaz. Geralmente não insere personagens reais ou fatos verídicos, mas representa uma expressão criativa do cartunista, que penetra no domínio da fantasia. Mantém-se, contudo, vinculado ao espírito do momento, incorporando eventualmente fatos e personagens. 3) Charge: Crítica humorística de um fato ou acontecimento específico. Reprodução gráfica de uma notícia já conhecida do público, segundo a ótica do desenhista. Tanto pode se apresentar somente através de imagens quanto combinando imagem e texto (título, diálogos). (p. 167). A principal diferença entre charge e cartum é a referência à temporalidade. Nesse sentido, a charge é ancorada por um assunto da atualidade, em especial, que gere discussão ou divergência de opinião, como política, economia, futebol, religião, entre outros. De acordo com Caroline Gonçalves Taveira (2013, p. 48, grifo nosso), a palavra charge vem do francês charger e significa “carregar”, “exagerar”, desse modo, “tem como principal objetivo rebelar-se contra os interesses de grupos dominantes”.

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Veja a diferença:

A tragédia de Santa Maria: isso é jornalismo? Disponível em: <http://latuffcartoons.wordpress.com/2013/01/27/charge-a-tragedia-desanta-maria-isso -é-jornalismo/>. Acesso em 20 nov. 2016.

Para compreender uma charge, é necessário estar “por dentro” do que acontece na sociedade e, em alguns casos, pertencer ao mesmo ciclo social, caso contrário tornase difícil a interpretação dos sentidos produzidos pelo texto. Dessa forma, a charge de Latuff só faz sentido se você reconhecer o contexto de referência dela, ou seja, o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria-RS, em 2013. A partir disso, podemos ler a crítica ao papel da imprensa na forma como realizou a cobertura desse fato, numa “espécie de corrida” pela busca de fatos chamativos, conforme Taveira (2013, p. 49), sem respeitar o momento de luto de sobreviventes e familiares das vítimas. Já o cartum, ainda segundo essa autora, origina-se da palavra inglesa cartoon (cartão pequeno) e “é utilizado como comentário satírico de uma situação atemporal, ou seja, não depende de contexto histórico específico pois os temas podem ser compreendidos em qualquer época” (TAVEIRA, 2013 p. 46). Trata-se de um desenho humorístico que busca “comunicar uma ideia”, representar figuras e situações por meio da estilização da realidade; ou seja, esta é criada, e não reproduzida. Enquanto a charge tem relação com personagens e fatos reais, num contexto momentâneo e particular, o cartum explora tema gerais e universais. Prova disso é um cartum produzido uma década atrás ainda ter graça no presente!

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Veja um exemplo de cartum:

Disponível em: http://3.bp.blogspot.com/-EpzmXUpv_p8/Ts-lVKhvTRI/AAAAAAAAAuk/ lVUKZmLi6UI/s640/cachorro.gif.jpg Acesso em: 31 mar. 2017

Este cartum apresenta uma enorme fileira de cachorros desesperados, como vemos em suas expressões, ao ver um carro colidido com o poste, local preferido daqueles para fazer xixi. Dessa forma, o cartum mobiliza a conscientização de motoristas no trânsito, por meio de uma atmosfera cômica.

Tira De acordo com Nepomuceno (2005), as tiras ou tirinhas são narrativas criadas que apresentam lacunas, espaços vazios, cuja completude dependerá da capacidade interpretativa de cada leitor. Por isso interaja com o texto! Originada das Histórias em Quadrinhos (HQs), as tiras distanciam-se desse gênero em alguns aspectos, pois às vezes não narram uma história. Nos demais casos, a tira é uma sequência de eventos, com cenário, complicação e resultado, em um ou mais quadros – distribuídos graficamente numa faixa horizontal (por isso levam tal nome) (NEPOMUCENO, 2005, p. 43; 47, grifo da autora). Tiras como a Turma da Mônica, de Mauricio de Souza, remetem ao humor e costumam ser destinadas ao divertimento do leitor; outras, como Mafalda, de Quino, estimulam a reflexão e a crítica social.” A tiras podem ainda ser seriadas, sendo publicadas como “capítulos diários” em jornais. Outra característica da tira é a construção de um ou mais personagens fixos e evoluídos. Nesse sentido, tornamo-nos íntimos deles, conhecemos família e amigos desses personagens, além do modo como lidam com diversas situações no cotidiano. Reconhecemos, assim, personalidades com hábitos, preferências e ideias consistentes, que se mantêm ao longo da sequência de episódios.

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A tira ainda produz uma quebra da expectativa final, gerada pela contradição, em especial, entre o penúltimo e o último quadro. Essa quebra semântica é responsável pelo efeito de humor e/ou ironia nas tiras. Veja uma tira analisada por Nepomuceno (2005, p. 80):

Os ratos também choram. Coleção Cybercomix. São Paulo: Bookmarkers, 1999. p. 41.

Observe que são três quadros que apresentam uma sequência de episódios. Há nessa tira duas visões antagônicas, a posição do fumante, na defesa do tabagismo, e a posição da formiga, que é morta pelo cigarro. A quebra da expectativa gera o efeito de ironia, “na contradição da fala do interlocutor que não acredita que o cigarro mate, mas na verdade, mata”.

PARA IR ALÉM <https://www.youtube.com/watch?v=es62IZFHqlQ> <https://www.youtube.com/watch?v=WC8FaGVCa8c&t=237s> <https://www.youtube.com/watch?v=dHV0vPXY3b4>

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PROPOSTA COMENTADA 1. (UEL-PR) Leia a notícia a seguir. Pokemón Go vira febre global e faz disparar valor da Nintendo

Cinco anos em cinco dias. Esse foi o tempo necessário para que as ações da Nintendo retornassem aos patamares de preço que haviam sido registrados pela última vez em 2011. A explicação para a escalada sem precedentes é o jogo virtual Pokémon Go. O game, instalado por meio de aplicativo em celulares que operam com os sistemas Android e iOS, tornou-se uma febre sem precedentes. O jogo faz uso da chamada realidade aumentada: é preciso sair para as ruas e colocar o celular à frente dos olhos para encontrar e caçar pokémons que estão escondidos em diferentes locais. Especialistas dizem que o sucesso inesperado do Pokémon Go pode abrir uma nova era da computação, com a popularização de games que utilizam a mesma tecnologia e buscam explorar a interação dos usuários com o mundo real. (Adaptado de:<www.veja.abril.com.br/economia/pokemon-go-vira-febre-global-e-fazdisparar-valor-da-nintendo/>. Acesso em: 5 ago. 2016.)

Com base na notícia e na charge, redija um texto dissertativo-argumentativo, de 10 a 12 linhas, abordando os avanços científicos e tecnológicos e seus impactos na vida e no cotidiano da população.

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Comentários Preste atenção nas orientações do enunciado, em seguida, planeje a estrutura de seu texto dissertativo-argumentativo. Lembre-se que ele deve apresentar introdução, conclusão e desenvolvimento. Cuide para não fugir do tema, para tanto seu texto deve discutir os avanços científicos e seus impactos na vida e no cotidiano da população. Tenha em mente que a característica principal de um texto dissertativoargumentativo é a defesa de um ponto de vista sobre o tema. Lembre-se ainda que sua estratégia argumentativa – a escolha dos argumentos empregados – deverá associar o texto à charge, e não apenas discorrer sobre um deles. A linguagem não verbal presente na charge colabora para a progressão temática, logo, entenda que muitas charges estabelecem uma crítica em relação a um comportamento da sociedade. Se você não saiu à caça de pokémons, andando por aí como um zumbi obcecado de The Walking Dead, correndo risco de ser atropelado ou mesmo cair num lago, certamente já viu alguns se comportarem assim. Na charge, vemos um homem que parece atormentado pelo número de pokémons a sua volta, o que é reforçado pela legenda “Deliriums tremens tecnológico”. Afora os impactos no dia a dia causados pela realidade aumentada do jogo virtual Pokémon Go, subentendidos na charge, o texto traz informações ainda sobre o retorno financeiro da Nitendo, empresa fabricante do jogo. A forma como essa tecnologia melhora a interação entre usuários e aplicativos e como isso pode ter resultados significativos na formação educacional, por exemplo, é um dos pontos positivos que você pode argumentar. Veja a expectativa de resposta da UEL-PR: O texto dissertativo-argumentativo é um texto opinativo que se organiza na defesa de um ponto de vista sobre determinado assunto. A opinião do autor é fundamentada com explicações e argumentos, tendo como objetivos formar a opinião do leitor ou do ouvinte e tentar convencê-lo de que a ideia defendida é a correta. Para isso, é preciso expor e explicar as ideias. É dessa mistura que vem a sua natureza: o texto é argumentativo porque defende uma tese e é dissertativo porque é necessário o uso de uma série de explicações que a justifiquem. O objetivo de quem produz esse tipo de texto é convencer o leitor mediante a apresentação de razões, por meio da evidência de provas, contando com um raciocínio coerente e consistente. Para alcançar essa coerência, o candidato deve se preocupar, basicamente, em oferecer argumentos que se relacionem entre si. O texto dissertativo-argumentativo tem como principais características a apresentação de um raciocínio, a defesa de um ponto de vista ou o questionamento de uma determinada realidade. O autor se vale de argumentos, de fatos, de dados, que servirão para ajudar a justificar as ideias que irá desenvolver. Disponível em: goo.gl/LnheKN. Acesso em: 16 dez. 2016.

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2. (UFPR)

(QUINO, Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2008, p. 384)

A partir do diálogo entre as personagens Mafalda e Liberdade, explicite a crítica e o efeito de humor da tirinha. Seu texto deve ter entre 8 e 10 linhas.

Comentário A personagem Liberdade expressa uma crítica ao modo como os meios de comunicação lidam com a função social de informar os fatos e acontecimentos reais aos leitores. Na fala da personagem, os jornais inventam metade do que publicam. A tira, portanto, extrapola o contexto humorístico e denuncia a manipulação e a falta de imparcialidade dos jornais, questionado, por conta disso, a “real” existência desse veículo. Eis aqui a crítica e o humor dessa charge. Visto se tratar de uma narrativa, busque contar a sequência apresentada nos três quadros, a concentração de Mafalda ao ler e manusear o jornal; o movimento de ida e retorno de Liberdade, cuja fala ataca a credibilidade do daquele meio de comunicação; por fim, o abandono do jornal por Mafalda, cuja expressão parece decepcionada. Ao argumentar sobre uma tira, você deve sempre citar o autor e a fonte, nesse caso, a tira pertence ao escritor argentino Quino e foi publicada no livro Toda Mafalda, desse mesmo autor, em 2008. Lembre-se que você tem um número limitado de linhas para desenvolver uma boa argumentação que convença a banca avaliadora, portanto seja direto ao explicitar em que reside a crítica e o efeito de humor da tirinha. Esse tipo e proposta avalia sua capacidade de: •

atender ao comando da questão;

interpretar e produzir sentidos a partir do texto;

argumentar sobre temas;

compreender o funcionamento de gêneros textuais.

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Veja os critérios específicos de correção da UFPR para essa proposta: A redação nota 6 cumpriu de modo pleno as duas exigências do enunciado, a saber, explicitar a crítica e o efeito de humor na tirinha, de maneira clara e a partir de uma articulação excelente com os elementos textuais e visuais dados. Disponível em: <http://www.nc.ufpr.br/concursos_institucionais/ufpr/ps2014/ documentos/criterios-discursiva-geral-PS_2fase%20PS2014.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2016.

Agora é sua vez 1. (UFPR) Considere a seguinte charge:

Segundo a mitologia grega, Narciso era um belo rapaz, filho do deus do rio Céfiso e da ninfa Liríope. Quando nasceu, o adivinho Tirésias profetizou que ele teria uma vida longa se não visse a própria face. Depois de adulto, após uma caçada, ele se debruçou numa fonte para beber água. Nessa posição, viu seu rosto refletido na água e se apaixonou pela própria imagem. Ali ficou, imóvel na contemplação de seu rosto refletido, e assim morreu. (Fonte: KURY, Mário da Gama. Dicionário de Mitologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.)

A charge de Benett apropria-se do mito de Narciso para questionar um comportamento atual. Em um texto de 8 a 10 linhas:

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explicite qual é o comportamento criticado na charge e a relação que o autor estabelece entre essa tendência atual e o mito grego;

posicione-se em relação à crítica de Benett e justifique o ponto de vista defendido por você.

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2. (UEL-PR) Leia a tirinha a seguir:

A tirinha apresenta um ruído na comunicação entre as personagens. Explique as circunstâncias que provocaram a incompreensão da mensagem por parte da personagem Edibar da Silva e o que poderia ser feito para desfazer o equívoco. Para a elaboração de seu texto, utilize de 8 a 10 linhas.

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REFERÊNCIAS JUSKI, D.; LINK, D. C. A função da charge, do cartum e da tira na aquisição da língua padrão. In: Anais do 6º Encontro Celsul. Disponível em: <http://www.leffa.pro.br/ tela4/Textos/Textos/Anais/CELSUL_VI/Coordenadas/A%20FUN%C3%87%C3%83O%20 DA%20CHARGE%20DO%20CARTUM%20E%20DA%20TIRA%20NA%20 AQUISI%C3%87%C3%83O%20DA%20L%C3%8DNGUA%20PADR%C3%83O.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2016. MARCUSCHI, L. A. Concepção de língua falada nos manuais de português de 1º. e 2º. Graus: uma visão crítica. In: Trabalhos em Linguística Aplicada, 30: 39-79, 1997. MELO, J. M. Gêneros opinativos. In: Jornalismo Opinativo. 3. ed. Campos do Jordão: Mantiqueira de Ciência e Arte, 2003. NEPOMUCENO, T. Sob a ótica dos quadrinhos: uma proposta textual discursiva para o gênero tira. 2005. 143 f. Dissertação (Mestrado em Estudos da Linguística e Linguística Aplicada). Universidade Federal de Uberlândia, 2005. Disponível em: <http://livros01. livrosgratis.com.br/cp146871.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2016. TAVEIRA, C. G. Humor e crítica no semanário Bundas. Humor e crítica no semanário Bundas. In: Extraprensa. São Paulo: USP, v. 2, p. 46, 2013.

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8. PSICOLOGIA O curso aborda as diversas correntes da Psicologia e introduz o aluno em várias áreas, como Psicologia Clínica, Social, Escolar e Organizacional. Há disciplinas obrigatórias, como Neurologia, Antropologia, Teoria Psicanalítica e Psicologia do Desenvolvimento e optativas, como Psicologia do Excepcional e Problemas de Aprendizagem. Algumas instituições possibilitam aos alunos realizar atendimentos à comunidade em diversas áreas, como clínica e orientação profissional. A realização de estágios é obrigatória e a maioria das escolas também exige a entrega de um trabalho de conclusão. Na Universidade Estadual de Maringá (UEM) é possível cursar Psicologia com ênfase em Saúde, Educação ou Trabalho, já na Faculdade FIO, em Ourinhos (SP), os enfoques são em Psicologia Organizacional e Psicologia Clínica. Na USP, em São Paulo, é possível cursar Licenciatura a partir do segundo semestre. A duração média do curso é de 5 anos. O psicólogo estuda os fenômenos psíquicos e de comportamento do ser humano por intermédio da análise de suas emoções, ideias e valores. Ele diagnostica, previne e trata doenças mentais, distúrbios emocionais e de personalidade. Ele também observa e analisa atitudes, sentimentos e mecanismos mentais do paciente e procura ajudá-lo a identificar as causas dos problemas e a rever comportamentos inadequados. Este profissional atua em consultórios, hospitais e nas mais variadas instituições de saúde, contribuindo para a recuperação da saúde psicológica e física das pessoas. Em escolas, colabora na orientação educacional. Para exercer a profissão é necessário registrar-se no Conselho Regional de Psicologia (CRP).

Mercado de trabalho Muita gente ainda não sabe, mas o mercado de trabalho do psicólogo não está restrito a consultórios particulares. O profissional que se forma no curso de graduação em Psicologia pode atuar também em hospitais, em empresas de seleção e treinamento de recursos humanos, em órgãos públicos por meio de concursos e ainda nas mais diversas instituições de suporte à saúde, contribuindo, do ponto de vista psicológico para a recuperação das pessoas. Outros campos de atuação possíveis são escolas e instituições de ensino, atuando para a orientação educacional. O psicólogo educacional atua no desenvolvimento de metodologias pedagógicas com os professores da Educação Básica e do Ensino Superior. Ainda pode-se trabalhar na elaboração de estratégias psicossociais para ONGs, abrigos comunitários e centros socioeducativos. O salário inicial varia muito nestas diferentes atividades. Em São Paulo, de acordo com o Sindicato dos Psicólogos, a remuneração inicial está na faixa de R$ 2 mil. Nos consultórios a hora de consulta está na faixa de R$ 150,00 à R$ 250,00.

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O que você pode fazer

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Psicologia clínica: atender pessoas que sofram de problemas emocionais. Essas intervenções podem ser individuais, em grupos, sociais ou institucionais.

Comportamento do consumidor: estudar o comportamento de determinado grupo de consumidores, para orientar o marketing de empresas privadas e agências de publicidade.

Orientação profissional: orientar estudantes na escolha do curso e da profissão a seguir.

Psicologia esportiva: orientar atletas e prepará-los emocionalmente para atividades esportivas e competições. Maximizar o seu rendimento e promover a harmonia entre os membros de equipes e times.

Psicologia educacional: ajudar pais, professores e alunos a solucionar problemas de aprendizagem. Colaborar na elaboração de programas educacionais em creches e escolas.

Psicologia da saúde: ao lado de outros profissionais da saúde, como médicos e assistentes sociais, colaborar na assistência à saúde, fortalecendo pacientes e familiares para a recuperação da saúde física e mental.

Psicologia hospitalar: atender pacientes hospitalizados e seus familiares.

Psicologia jurídica: acompanhar processos de adoção, violência contra menores e guarda de filhos. Atuar em presídios, fazendo a avaliação psicológica de detentos.

Psicologia organizacional e do trabalho: selecionar funcionários para empresas. Promover relações sociais saudáveis entre os trabalhadores. Orientar carreiras e colaborar em programas de reestruturação do trabalho.

Psicologia social: atuar em penitenciárias, asilos e centros de atendimento a crianças e adolescentes. Elaborar programas e pesquisas sobre a saúde mental da população.

Psicologia do trânsito: tratar problemas relacionados ao trânsito, realizar avaliação psicológica em condutores e futuros motoristas e desenvolver ações socioeducativas com pedestres e condutores infratores, entre outros.

Psicomotricidade: utilizar recursos para o desenvolvimento, a prevenção e a reabilitação do ser humano, nas áreas de educação, reeducação e terapia psicomotora. Participar de planejamento, implementação e avaliação de atividades clínicas e elaborar parecer psicomotor em clínicas de reabilitação e nos serviços de assistência escolar, hospitalar, esportiva, clínica etc.

Neuropsicologia: atuar no diagnóstico, no acompanhamento, no tratamento e na pesquisa da cognição, das emoções, da personalidade e do comportamento sob o enfoque da relação entre esses aspectos e o funcionamento cerebral.

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Grade curricular: A seguir links com exemplos de grades curriculares de cursos de Psicologia de algumas faculdades. UFRJ: <https://www.siga.ufrj.br/sira/temas/zire/frameConsultas.jsp?mainPage=/ repositorio-curriculo/832860A4-92A4-F799-466E-6CB702924D89.html> UFES: <http://www.psicologia.ufes.br/sites/psicologia.ufes.br/files/field/anexo/ curriculo_curso.comcodigoprograd.pdf>.

A profissão por ela mesma Os links abaixo mostram entrevistas com diversos profissionais da área de Psicologia para que você possa esclarecer algumas dúvidas sobre esse campo de trabalho. <https://www.youtube.com/watch?v=PHTF9U2ZEI0> <https://www.youtube.com/watch?v=rpz_T8KYhHs> <https://www.youtube.com/watch?v=gcp_LA7X0PM>

Os melhores cursos do país (cursos de Psicologia classificados com 5 estrelas pelo Guia Do Estudante) •

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – Belo Horizonte, MG.

Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) – São João del-Rei, MG.

Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) – Curitiba, PR.

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) – Porto Alegre, RS.

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – Porto Alegre, RS.

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Florianópolis, SC.

Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP) – Campinas, SP.

Universidade de São Paulo (USP) – Ribeirão Preto, SP.

Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – São Carlos, SP.

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP) – São Paulo, SP.

Universidade de São Paulo (USP) – São Paulo, SP. Fonte: <http://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/psicologia/>

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HISTÓRIA Ao pensarmos em Psicologia, devemos ter em mente que muito do que se é estudado está relacionado a costumes, ao indivíduo e a sociedade ao qual ele está incluso. Portanto, para entender o sujeito, é necessário compreender de onde deriva seus problemas, sua realidade e também é preciso perceber que os principais autores da Psicologia baseiam suas teorias em exemplos históricos. Nesse sentido, esse capitulo apresentará um panorama dos principais aspectos da Idade Média.

Idade Média O período conhecido como medieval, é assim denominado pelos historiadores modernos que designaram os acontecimentos entre a queda do Império Romano até a tomada de Constantinopla. Esse período também ficou conhecido durante muito tempo como “Idade das Trevas” por acreditarem que nesses mil anos nada de importante aconteceu, mas aos poucos, com mudanças no estudo de História, passou-se a dar mais ênfase aos acontecimentos do período, como destaca Cláudio Vicentino: Já no século XX, estudiosos como Henri Pirenne e Marc Bloch mostraram a riqueza e a importância cultural desse período europeu. Eles analisaram, entre outros aspectos, a complexa organização social das novas aldeias e burgos, com a instalação planejada de castelos, fortificações e casas de camponeses. Mostraram que foi durante a Idade Média que surgiu mercadores preparados para viajar longas distâncias e cruzar os limites locais, ligando terras cristãs com culturas pagãs do norte e leste da Europa e da Ásia. (2014, p.187). Pensar que a Idade Média existiu apenas na Europa – a ideia de que não ocorreu nada no mundo, somente o Feudalismo – é um equívoco, afinal, em outras partes do mundo como Oriente Médio, África, Ásia e América os campos social, econômico e cultural estava em pleno desenvolvimento. Portanto elencaremos diversos assuntos no desenvolvimento do medievo que foram importantes para a construção da nossa sociedade contemporânea. Depois da queda do Império Romano Ocidental, a parte oriental se manteve rica e poderosa. O território, conhecido depois como Império Bizantino, teve como destaque a prática de um comércio dinâmico e agricultura rentável. Sua capital, Bizâncio, conhecida também como Constantinopla e hoje como Istambul, manteve a herança Romana mesclando com aspectos orientais. A cultura helenística, derivada dos gregos também foi mantida, no entanto houve o rompimento com a Igreja, uma vez que os bizantinos não aceitavam o poder do Papa estabelecido em Roma, e sim o do Imperador como líder religioso, o que ficou conhecido como cesaropapismo. Outro território que se desenvolveu enquanto a Europa Ocidental passava por dificuldades, foi o africano, em que diversos reinos africanos estavam se desenvolvendo. No entanto, o estudo desses povos era restrito, pois o a desinteresse acerca da história africana sempre predominou. Como afirma Vicentino, “em parte, também falta documentos escritos preservados, embora os pesquisadores disponham de ricas fontes

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arqueológicas, bem como da linguística histórica e da tradição oral”. (2014, p. 197) O surgimento e expansão do mundo árabe também se desenvolveu nesse período. A estruturação desses povos, sua expansão e como se converteram a fé islâmica é ponto chave para entender as relações e conflitos existentes nesta região. Não pode-se esquecer do surgimento de mais uma religião monoteísta e a expansão dessa fé pelo mundo, assim como suas características culturais e os conflitos gerados pelo embate entre árabes e judeus. Após abordarmos o contexto medieval fora da Europa ocidental, podemos discutir acerca do fim do Império Romano Ocidental, que culminou com o ataque dos povos bárbaros. É a partir deste momento que passamos a pensar na Europa como território, não mais parte pertencente ao Império Romano, como destaca Jacques Le Goff: O mundo europeu, enquanto europeu, é uma criação da Idade Média, que, quase ao mesmo tempo, rompeu a unidade, pelo menos relativa, da civilização mediterrânea e lançou desordenadamente no crisol os povos outrora romanizados junto com os que Roma nunca tinham conquistado. Então, nasceu a Europa no sentido humano da palavra... E esse mundo europeu assim definido, depois disso, nunca cessou de ser percorrido por correntes comuns. (2007. p.13) O primeiro momento deste período ficou conhecido como Alta Idade Média. A necessidade de apresentar os povos bárbaros, seus costumes, cultura e organização possibilita o entendimento da formação do povo europeu. A forma como esses povos dominaram o território forçou a ruralização da população que habitava o espaço. De acordo com Georges Duby, essas cidades eram despovoadas. Os dirigentes afastavam-se aos poucos e iam viver em suas casas no campo (1997). A partir deste momento, o sistema de trabalho também mudou sua concepção passando de escravidão para a servidão, já que a falta de mão de obra escrava facilitou a migração de trabalhadores para o campo. Uma das principais consequências da ruralização foi o declínio das cidades e do comércio. Como destaca Vicentino, de modo geral, do ponto de vista econômico, o sistema feudal, em sua formação, era caracterizado pelo predomínio da produção para consumo local, comércio bastante reduzido ou quase inexistente e ausência ou baixa utilização de moeda. (2014, p. 237) As áreas antes ocupadas pelos romanos, recebeu povos de outras localidades e esses, pressionando as fronteiras, conseguiram se estabelecer em diversos locais, o que ajudou a construir as bases do povo europeu. Os Francos estabeleceram-se onde atualmente fica a França. Convertidos a doutrina cristã, conseguiram manter-se fortes com o apoio da igreja, mas também não resistiram as novas invasões de Vikings, nórdicos e muçulmanos. Além do declínio comercial, é necessário abordar a divisão social crescente, na qual dividia a sociedade em três ordens: clero, nobreza e camponeses. A partir daí, podese relacionar essa divisão com o trabalho, economia, política e principalmente com a atuação militar. A Igreja Católica também teve papel importante durante esse período. A educação e os costumes eram moldados pela ideologia cristã, “pode-se afirmar que grande parte das expressões culturais medievais foi marcada pelo predomínio do pensamento religioso.” (VICENTINO, 2014, p. 249).

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Podemos também abordar as transformações que ocorreram na Baixa Idade Média em que se configurou algumas transformações no feudalismo, a maioria decorridas pelo fim das invasões. A principal transformação ocorrida foi a expansão demográfica, que possibilitou o aumento das áreas cultivadas para ampliar a produção e a ativação das trocas comerciais, que possibilitou a mobilidade dos feudos e impulsionou diversos setores artesanais. Depois dessa expansão, o renascimento comercial e urbano foi uma consequência, tendo o aparecimento do monopólio comercial, com as corporações de oficio e o aparecimento de uma nova classe social, a Burguesia. A expansão do trabalho remunerado e da vida urbana, a possibilidade de lucros individuais (apesar das restrições religiosas) e uma economia monetarizada dependente da atividade mercantil – ou seja, do comércio – são elementos que nos permite identificar, ao longo da Baixa Idade Média, transformações mais amplas das relações e estruturas sociais e econômicas. (VICENTINO, 2014, p. 231) O poder da Igreja e o interesse dos nobres fez com que ocorressem várias expedições para libertar a Terra Santa, chamadas de Cruzadas. Essas expedições tinham mais do que a intenção de conquistar Jerusalém, com o crescimento demográfico e comercial, o interesse era de conquistar novas terras e pontos estratégicos para o comércio que crescia entre os europeus, principalmente os italianos. As cruzadas não renderam muitos ganhos para os cristãos, já que apenas uma foi bem sucedida. [...] A cruzada emerge, pois, como ponto de chegada de um lento processo que conduz a igreja, no ocidente, da não violência, predominante até o século IV, ao uso sacralizado e meritório das armas. É essa dimensão sacralizadora que permite entender a cruzada como guerra santa, a qual tangencia certos aspectos que a assemelham a jihad. Com efeito, durante vários séculos, as Cruzadas opuseram a cristandade e o mundo muçulmano pela posse de Jerusalém e dos lugares santos, posse que ainda hoje é mobilizadora nos intermináveis conflitos entre judeus e palestinos. (GOMES, 2004) E, para finalizar, deve-se entender a formação das monarquias centralizadas europeias, como os reis legitimaram seu poder e os obstáculos encontrados perante o clero, nobreza e camponeses. A estrutura feudal permitia a diversidade política e regional, desta forma, o comercio sofria com a intervenção dos senhores, além disso, a necessidade de fronteiras, unidade territorial de leis e unidade monetária, possibilitou a comunhão de interesses entre reis e burgueses. Não devemos esquecer que esses territórios passaram por acontecimentos importantes no processo de formação do estado. França e Inglaterra se envolveram em uma guerra centenária por interesses territoriais e Espanha e Portugal enfrentaram uma guerra para a reconquista de seus territórios que estavam sob o domínio dos Mouros. Para a complementação de conhecimentos sobre Idade Média, confira o link a seguir:

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Associação Brasileira de Estudos Medievais (ABREM): site oficial da Associação que disponibiliza informações importantes sobre o medievo. <www.abrem.org.br>

QUESTÃO COMENTADA 1. (Unesp) Com a ruralização, a tendência à autossuficiência de cada latifúndio e as crescentes dificuldades nas comunicações, os representantes do poder imperial foram perdendo capacidade de ação sobre vastos territórios. Mais do que isso, os próprios latifundiários foram ganhando atribuições anteriormente da alçada do Estado. Franco Jr., Hilário. O feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1986. Adaptado.

A característica do feudalismo mencionada no fragmento é: a) o desaparecimento do poder militar, provocado pelas invasões bárbaras. b) a fragmentação do poder político central. c) o aumento da influência política e financeira da Igreja Católica. d) a constituição das relações de escravidão. e) o estabelecimento de laços de servidão e vassalagem.

RESOLUÇÃO O processo de ruralização – verificado na transição da sociedade romana para a sociedade feudal na Europa Ocidental – implicou no deslocamento de uma parte da elite patrícia para o campo. Afastados de Roma, esses patrícios se sobrepuseram aos representantes do poder imperial e passaram a exercer um poder localizado, mas forte, com funções anteriormente atribuídas ao Estado. O resultado desse processo foi a fragmentação do poder político central. Desse modo, a alerta nativa correta é a b.

EXERCÍCIOS 1. (UFPR) Sobre Joana D’Arc, o historiador Jules Michelet escreveu: Pela primeira vez, sente-se, a França é amada como uma pessoa, e ela torna-se tal desde o dia em que a amam. Até ali era uma reunião de províncias, um vasto caos feudal, um país imenso, de ideia vaga. Mas desde esse dia, pela força do coração é uma pátria. (MICHELET, Jules. Joana D’ Arc. São Paulo: Fulgor, 1964, p. 16).

Comente esse excerto, explicando as consequências da Guerra dos Cem Anos (1337–1453) para a França e para o sistema feudal.

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http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=691 2. (UEM-PR) A emancipação das cidades constitui um dos capítulos mais importantes da história do feudalismo europeu e das lutas entre a burguesia nascente e os senhores e príncipes feudais. Discorra sobre como se deu esse processo emancipacionista e qual sua importância para o desenvolvimento da sociedade moderna

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=694

REFERÊNCIAS GOMES, Christianne L. Verbete Lazer – Concepções. In: GOMES, Christianne. L. (Org.). Dicionário Crítico do Lazer. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2004. p.119-126. LE GOFF, J. As raízes medievais da Europa. Rio de Janeiro: Vozes, 2007. SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA DO ESTADO DO PARANÁ. Rota de Desenvolvimento Docente. Curitiba: Núcleo de Educação a Distância (NEaD) SESI-PR. 2016. VICENTINO, C.; DORIGO, G. Projeto Múltiplo: História. São Paulo: Scipione, 2014.

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FILOSOFIA Introdução ao pensamento contemporâneo Na virada do século XX, herdeiros do positivismo de Comte examinaram os fundamentos da Matemática e questionaram a categorização aristotélica do raciocínio lógico. Gottlob Frege tentou mostrar que a Lógica e a Matemática eram aspectos relacionados do mesmo domínio do pensamento humano. Bertrand Russell afirmou que todas as dificuldades filosóficas poderiam ser resolvidas pela elucidação da verdadeira estrutura lógica da linguagem, que se situa sob a sua superfície. Mais tarde, o novo interesse pela linguagem afastou-se da busca de uma linguagem ideal, de completa clareza científica, para dar maior atenção à linguagem comum.

Existencialismo O existencialismo não é uma escola de pensamento, mas sim uma tendência na área da Filosofia surgida durante os séculos XIX e XX. Antes disso, o pensamento filosófico desenvolvia-se e tornava-se cada vez mais complexo e abstrato. Contudo, ao lidar com ideias como natureza e verdade, os filósofos estavam excluindo a importância dos seres humanos. Entretanto, começando por Soren Kierkegaard e Friedrich Nietzsche no século XIX, vários filósofos surgiram trazendo à tona um novo foco na experiência humana. Apesar das diferenças significativas entre os filósofos existencialistas (termo que não foi utilizado até o século XX), o tema comum entre todos eles é a noção de que a Filosofia deve se concentrar na experiência da existência humana neste mundo. Em outras palavras, o existencialismo busca o significado da vida e o encontro consigo mesmo.

Soren Kierkegaard Nasceu em 1813, quando o pai, rico comerciante de Copenhague, tinha 56 anos e a mãe 44. Chamava a si mesmo de “filho da velhice” e teria seguido a carreira de pastor caso não houvesse se revelado um estudante indisciplinado e boêmio. Com a morte do pai, e o noivado em 1840, seus textos tornaram-se profundos e seu pensamento mais religioso. Após terminar Teologia, em vez de pastor e pai de família, Kierkegaard escolheu a solidão. Segundo ele, era a única maneira de vivenciar sua fé. O filósofo rompeu o noivado e foi para a Alemanha, onde se tornou aluno de Schelling. Posteriormente voltou a Copenhague e publicou A alternativa, Temor e Tremor e A repetição em 1843. Em 1844 publicou Migalhas Filosóficas e O Conceito de Angústia. Editou, um ano depois, As etapas no Caminho da Vida e em 1846 o Post-Scriptum a Migalhas Filosóficas. A maior parte dos textos constituiu na tentativa de explicar a Regina Olsen – sua noiva – e a si mesmo os paradoxos da existência religiosa.

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Kierkegaard elaborou seu pensamento a partir do exame concreto do homem religioso historicamente situado. Assim, a filosofia assume o caráter socrático do autoconhecimento e o esclarecimento reflexivo da posição do indivíduo diante da verdade cristã. O filósofo criticou a Igreja oficial da Dinamarca, com a qual travou um debate acirrado. Publicou Doença Mortal em 1849 e Escola do Cristianismo em 1850, em que analisou a deterioração do sentimento religioso. Morreu em 1855.

Friedrich Nietzsche Friedrich Nietzsche nasceu em 15 de outubro de 1844, na cidade de Rocken, na Alemanha. Cresceu sob os cuidados da mãe e duas irmãs devido a morte do pai e do seu irmão mais velho, enquanto criança. Inclinou seus estudos nas Universidades de Bonn e Leipzig para a Filologia (disciplina acadêmica que gira em torno da interpretação de textos clássicos e bíblicos). Compositor desde a adolescência, tornou-se amigo de Richard Wagner, amizade que teve notável impacto ao longo de toda sua vida. Publicou O Nascimento da tragédia em 1872 e em 1878 Humano, demasiado humano, onde marcou a mudança em seu estilo filológico e o interesse para a Filosofia. Aos 34 anos, sua saúde estava deteriorada devido às doenças contraídas na guerra franco-prussiana, fato que culminou a renúncia ao trabalho na Universidade. Entre 1878 e 1889, viajou por cidades da Alemanha, Suíça e Itália, escrevendo onze livros. Após uma crise nervosa ao ver um homem chicotear um cavalo, nunca mais recuperou a sanidade, passando o resto da vida em estado vegetativo até sua morte em 25 de agosto de 1900.

Círculo de Viena A Filosofia tradicional sofreu ataque de vários lados. Um deles foi o positivismo lógico, também conhecido como empirismo lógico, movimento filosófico constituído a partir da tradição empirista vienense da segunda metade do século XIX e apresentou uma orientação lógico-científica e antimetafísica. Esse movimento reuniu nomes como Hans Hahn, Philipp Frank, Otto Neurath, Moritz Schlick e Rudolf Carnap em um grupo conhecido como Círculo de Viena. O positivismo lógico surgiu do questionamento que se impôs à Filosofia diante dos sucessos científicos na Física, na Lógica e na Matemática. Segundo esta corrente, o filósofo deveria assumir uma postura diversa da tradicional e deveria ter o mesmo rigor adotado pelas ciências, justificando racionalmente suas teses com clareza e metodologia precisa. O discurso metafísico clássico, para os positivistas do Círculo de Viena, não resistia à análise lógica.

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Tais críticas, contidas em um manifesto de 1929 denominado A concepção Científica do Mundo, levavou o Círculo de Viena mais longe. O grupo negava ao trabalho filosófico o poder de construir teorias que exprimissem um conhecimento mais aprofundado ou elevado do que o das ciências. O rigor científico fez com que o Círculo de Viena ganhasse notoriedade, porém o grupo começou a se dissolver com a ascensão do nazismo. Depois que a Alemanha anexou a Áustria a seu território, as reuniões científicas interromperam-se e o positivismo lógico desintegrou-se como movimento filosófico, sendo, a partir de então, absorvido por correntes empiristas contemporâneas.

Escola de Frankfurt O século XVIII, a era das Luzes, ficou conhecido como a época da emancipação do homem por meio da razão. O século XX herdou, por intermédio de Hegel e dos positivistas, a confiança absoluta numa razão soberana, instrumento adequado para instaurar entre os homens a harmonia e a felicidade. O movimento conhecido como Escola de Frankfurt surgiu em um cenário dramático. Esta é a denominação do Instituto para Pesquisa Social, fundado em 1923 pelo economista Carl Grunberg, onde visava preencher uma lacuna nas Ciências Sociais: a história do movimento operário e do Socialismo. A partir de 1931, Max Horkheimer (1895–1973) assumiu o instituto e recebeu a colaboração de Theodor Adorno (1903– 1969), Herbert Marcuse (1898–1979), Paul Jackson Pollock (1912 – 1956), Karl August Wittfogel (1896 – 1988) e Erich Fromm formando um círculo de intelectuais voltados para o espectro da filosofia social. Desenvolveram seus trabalhos em ensaios, artigos de circunstância, resenha. O ensaio Teoria Tradicional e Teoria Crítica (1937) de Horkheimer, pode ser considerado o verdadeiro ‘manifesto’ da Escola de Frankfurt, na medida em que aborda a relação da Filosofia e a História. Em outras palavras, a iminência socialista fez com que as esperanças em uma transformação revolucionária da sociedade se aproximasse da realidade. O “juízo categórico”, escreve Horkheimer, é “típico da sociedade pré-burguesa”: a coisa é como é, o homem não pode mudar nada com relação a isso. As formas do juízo hipotético e disjuntivo pertencem especialmente ao mundo burguês: esse efeito deve ocorrer sob certas condições, é assim ou de outra forma. A Teoria Crítica explica: não precisa ser assim, os homens podem mudar as coisas, as condições para tal já existem.

Ontologia contemporânea No século XX, alguns filósofos julgaram a Metafísica superada pela ciência moderna, porém outros destacaram a permanência de pressupostos metafísicos no método científico e a importância desse campo de reflexão. Observamos no texto de Bertrand Russell, o estudo da Matemática e da Filosofia, em especial, da Lógica.

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Na tentativa de encontrar substitutos linguísticos ao que eles chamavam injuriosamente de ‘metafísica’, os filósofos científicos tropeçaram muitas vezes nas suas próprias dificuldades metafísicas. Isto, de certo modo, não surpreende porque, embora pudessem rejeitar com alguma injustiça s especulações metafísicas dos filósofos, mostravam-se propensos a esquecer que a própria investigação científica se realiza com base em certas pressuposições. Pelo menos nisto, Kant parece ter tido razão. Assim, para dar um exemplo, a noção geral de causalidade é pré-requisito para o trabalho científico. Não é o resultado da pesquisa, mas sim uma pressuposição, ainda que apenas tácita, sem a qual a pesquisa não poderia avançar. Vistas sob esta ótica, as novidades filosóficas que têm aparecido ultimamente nos escritos dos cientistas não são tão inspiradoras como parecem a princípio (RUSSELL, 2001. p. 464).

Pensamento de Husserl Edmund Husserl defendeu a importância da reflexão metafísica, ou ontológica e não aceitava a subordinação da Filosofia aos métodos das ciências exatas. Fundou a Fenomenologia e, discordando do pensamento kantiano, preferiu realizar uma crítica do conhecimento. Retomou as noções kantianas de sujeito transcendental e fenômeno para refletir sobre a consciência, definindo-a como a atividade universal e intencional de construir significados para a realidade. Para designar essa realidade, utilizou os termos como Fenômenos, Essências ou Eidos (do grego, ideia). Sua pesquisa começou quando abriu parênteses entre as verdades científicas e filosóficas, bem como a atitude natural – apresentada pelas crenças. Denominou este procedimento como epoché. Depois de realizá-lo, percebeu que, para constituir o conhecimento restava apenas a consciência, atividade e estrutura universal, caracterizada pela intencionalidade.

Reflexões de Heidegger Aluno de Husserl, Martin Heidegger deixou importantes contribuições para a Ontologia contemporânea. Seu pensamento apresentou relação com aspectos da Fenomenologia e a tese existencialista. Denunciou o esquecimento da questão do ser no estudo dos entes – a Ciência e a Metafísica passou a tratar das coisas que são (os entes), esquecendo de investigar as condições de possibilidade deles (o ser). Julgava fundamental perguntar pelos sentido do ser e decidiu começar pela interpretação do modo de ser do único ente que poderia fazer essa pergunta: o homem – dasein ou Ser aí. O dasein existe, enquanto os demais entes apenas são. A angústia é uma disposição originária o existir, para experimentar, em vez dos entes cotidianos, o ser e o nada. Via nessa transcendência – neste ultrapassar dos entes – a verdadeira Metafísica. A Filosofia consiste em colocar essa metafísica em marcha. Ao questionar pelo sentido do ser e do nada, descobre sua própria essência: de um ente suspenso no nada. A experiência de

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“ser para a morte” seria uma possibilidade concreta de uma existência autêntica, sem mergulhar anonimamente no mundo técnico e cotidiano. Nasceria dai a possibilidade de renovação das ciências, não mais consideradas definitivas e suficientes.

Ciência e Técnica A epistemologia deu origem à Filosofia da ciência contemporânea. No século XX, filósofos e cientistas de diferentes áreas voltaram a atenção para esse campo de reflexão, investigando diversos temas, entre os quais podemos destacar o significado de ciência, a validade dos métodos adotados, o alcance deste conhecimento e as relações entre ciência, natureza e vida humana. No decorrer do tempo, a palavra ciência nomeou diferentes formas de conhecimento e, a partir do século XVII, os métodos matemático e experimental forjaram a ciência moderna. Este modelo gerou o “mito do cientificismo” e adotou a investigação metódica de problemas, por meio de observações, hipóteses, cálculos e experimentos, em busca de leis universais ocultas sob os fenômenos particulares. Essas leis organizavam-se em teorias, das quais se esperava não apenas a explicação dos fenômenos atuais, como também a explicação e, até mesmo, a previsão de novos fenômenos. Por outro lado, nos séculos XIX e XX, o reconhecimento de algumas teorias foi abalado por novas descobertas, que elas não puderam explicar. Apresentamos breves informações sobre as relações da ciência com quatro conceitos elaborados, por Auguste Comte (século XVIII), Verificabilidade (Círculo de Viena), Karl Popper e Thomas Kuhn (século XX).

Progresso científico Comte e os defensores do positivismo acreditavam no progresso do conhecimento, desde origens primitivas até a etapa ideal representada pela ciência moderna. Nesta, o conhecimento seria acumulativo e, portanto, as teorias científicas deveriam ter validade universal, mostrando-se aptas a explicarem novos eventos. Porém, isso não se concretizou frente a descobertas realizadas nos séculos XIX e XX, por exemplo, teorias da Relatividade de Einstein e Quântica.

Verificabilidade Nos anos de 1920, alguns filósofos e cientistas austríacos formaram um grupo de pesquisa, reunindo-se na cidade de Viena com o objetivo de encontrar fundamentos sólidos para o conhecimento científico. Esse grupo ficou conhecido como Círculo de Viena e o seu movimento como Positivismo Lógico ou Neopositivismo. Eles defendiam a importância de utilizar procedimentos da Matemática e da Lógica nos métodos científicos e tomavam a experiência como critério de verdade em relação a uma teoria. Estabeleciam, assim a noção de verificabilidade, segundo

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a qual uma proposição só teria sentido para a comunidade científica quando seus membros pudessem indicar em que condições ela seria verdadeira ou falsa, ou seja, quando pudessem apontar as possibilidades de verificar essa verdade ou falsidade empiricamente. As proposições que não atendessem a esse critério permaneceriam no campo da Metafísica – área da Filosofia que investiga a essência da realidade além do mundo físico – sendo rejeitadas pela ciência.

Falseabilidade Karl Popper contestou o conceito de verificabilidade, afirmando que, em relação ao método indutivo, ela era impossível. Afinal, um cientista jamais conseguiria analisar todos os casos individuais, a fim de constatar a ausência de exceções empíricas às leis de uma teoria. Para exemplificar essa questão, ele utilizou a célebre imagem dos gansos: mesmo que inúmeros gansos sejam analisados, verificando-se neles a cor branca, não é possível concluir que “todos os gansos são brancos”, afinal, a existência de um ganso negro seria suficiente para contestar a universalidade da proposição científica, existência que não pode ser negada pela grande amostra de animais analisados.

Revolução Científica Ainda no século XX, o físico estadunidense Thomas Kuhn ampliou as reflexões da Filosofia da ciência. Ele afirmou que a ciência não se transformava pela substituição das teorias, mas por meio de revoluções. Segundo essa visão, ela passaria por diferentes fases de desenvolvimento. Dentre os principais conceitos do autor, destacamos: 1. Paradigma: é o modelo explicativo da realidade, visão de mundo formada por leis fundamentais, cuja aceitação seria compartilhada pelos membros de uma comunidade científica. 2. Ciência normal: é o período que o paradigma seria considerado na solução de problemas, orientando os métodos, as investigações e, portanto, as teorias elaboradas. 3. Anomalias: é a ocorrência de considerável número de problemas sem solução, colocaria em crise a ciência normal. 4. Revolução científica: é uma ruptura com o paradigma aceito e afirmaria um novo paradigma (retornando o ciclo ao primeiro item – paradigma). Essa visão rompeu radicalmente com o ideal positivista de progresso, mostrando que não havia continuidade evolutiva entre os modelos científicos, mas, sim, ruptura e descontinuidade das teorias científicas. Portanto, a Física de Einstein ou a Quântica não surgiram com a evolução da Física alélico-newtoniana, mas pela ruptura com ela, orientando-se por um novo paradigma.

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Assim, por mais ajustes que um modelo de ciência procurasse realizar, ele sempre haveria de enfrentar problemas insolúveis. Portanto, Kuhn não defendia a verificabilidade, nem aceitava a falseabilidade. Desse modo, a nova ciência viria de um novo paradigma, algo maior do que uma teoria e anterior a ela, um conjunto de princípios capaz de dirigir o olhar e dar novos rumos às investigações sobre a realidade. Segundo o filósofo, os cientistas não estariam predispostos a aceitarem a falsificação de suas teorias, pois, no mundo capitalista contemporâneo, a ciência não se desvincula de interesses socioeconômicos e até mesmo políticos – portanto, os cientistas procuram manter o seu prestígio profissional, justificar o financiamento às suas atividades, vencer a disputa com outras instituições de pesquisas e assim por diante. Logo, o próprio surgimento de um novo paradigma resultaria sempre de crises e tensões no meio científico.

QUESTÃO COMENTADA 1. (Enem) A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas, em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um. O que, de acordo com Nietzche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos? a) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades racionais. b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas. c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes. d) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas. e) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real.

RESOLUÇÃO No início do texto lemos: “A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda”. Em seguida ele mostra a ideia da água como matriz de todas as coisas, e explica a razão desse pensamento estar correto. Assim, Nietzsche mostra que o início da filosofia grega se deu com a necessidade de buscar a causa primeira das coisas, principalmente sem usar mitologia ou ideias religiosas. Assim, a alternativa correta é a letra c.

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EXERCÍCIOS 1. (UFPR) Nietzsche a) De acordo com Nietzsche, a “praça forte” dos conceitos é construída pelo “homem racional” por meio da igualação de impressões distintas e individualizadas, que se transformam assim em “formas” universais. Qual seria a finalidade dessa construção? b) Em contraste com o “homem racional”, como Nietzsche caracteriza o “homem intuitivo” ou “artístico”?

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=652 2. (UEL-PR) A figura do homem que triunfa sobre a natureza bruta (Fig. 5) é significativa para se pensar a filosofia de Francis Bacon (1561–1626). Com base no pensamento de Bacon, considere as afirmativas a seguir.

I. O homem deve agir como intérprete da natureza para melhor conhecê-la e dominá-la em seu benefício. II. O acesso ao conhecimento sobre a natureza depende da experiência guiada por método indutivo.

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III. O verdadeiro pesquisador da natureza é um homem que parte de proposições gerais para, na sequência e à luz destas, clarificar as premissas menores.

Os homens de experimentos processam as informações à luz de preceitos dados a priori pela razão.

Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas II e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=657

REFERÊNCIAS ABRÃO, B. S. Os Pensadores: História da Filosofia. São Paulo: Nova Cultural, 1999. BLACKBURN, S. Dicionário Oxford de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1977. CHAUI, M. Iniciação à Filosofia: Ensino Médio. São Paulo: Ática, 2013. HEIDEGGER, M. O que é Metafísica?. São Paulo: Nova Cultural, 2004. KLEINMAN, P. Tudo o que você precisa saber sobre filosofia: de Platão e Sócrates até a Ética e Metafísica. São Paulo: Gente, 2014. RUSSELL, B. História do pensamento ocidental. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001. SILVA, M. C. Filosofia: Ensino Médio. 1ª série. Curitiba: Positivo, 2010 WARBURTON, N. Uma breve história da Filosofia. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2015.

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SOCIOLOGIA Olá, tudo bem? A Sociologia e a Psicologia possuem relações muito próximas. Certamente, o elemento que mais aproxima as duas áreas do conhecimento é a ideia de representações sociais simbólicas e assuntos relacionados as discussões de gênero. Nesse capítulo abordaremos os temas ligados ao espaço e meio ambiente assim como suas possíveis implicações no campo das representações sociais e do mundo simbólico, vamos lá?

Sociologia Urbana Nesse texto, trabalharemos as relações entre sociedade, o espaço e o meio ambiente, mais precisamente as influências sociais sobre o meio ambiente e espaço e os efeitos dessas influências sobre o mundo social. A organização do espaço urbano brasileiro possui um “padrão periférico de urbanização” (RIBEIRO, 1994), que tem como características a relação entre centro e periferia, de processo de segregação e diferenciação social que expulsa os pobres para a periferia, representação social da periferia enquanto lugar de pobreza e de reprodução precária da força de trabalho, de que os espaços sociais são homogêneos, intervenção seletiva do Estado nos espaços sociais da periferia e centro (TEIXEIRA, 2011). Desse modo, a dinâmica já conhecida de empurrar os pobres para a periferia traz efeitos como a reprodução das desigualdades sociais. Isso é possível na medida que em função da organização espacial baseada na especulação imobiliária e do aumento do preço dos imóveis e aluguéis, as camadas sociais pobres são empurradas para as regiões onde os equipamentos e serviços urbanos estão ausentes em razão de não serem prioridades por parte do Estado. A citação abaixo de Teixeira (2011) resume bem essa dinâmica: Para ocupar o solo urbano torna-se necessário pagar por ele, mediante a compra ou aluguel da propriedade imobiliária, sendo que o maior ou menor preço dessa propriedade implica no grau de dificuldade do acesso do trabalhador à terra urbana. Por sua vez, os diferentes valores assumidos pelas áreas urbanas levam a uma distribuição espacial da população de acordo com sua capacidade financeira em arcar com os custos das localizações que desejam. Por isso em algumas áreas na cidade predominam grupos sociais homogêneos sob o ponto de vista da renda: as áreas melhor localizadas e (mais caras) são ocupadas pela população de maior renda; as áreas com dificuldade de acesso a bens e serviços urbanos (mais baratas) são a alternativa das parcelas mais pobres. Dessa forma, a parcela da população excluída dos benefícios da cidade passa a ocupar os espaços destituídos de equipamentos e serviços urbanos. A essas classes restam as áreas rejeitadas pelo mercado imobiliário formal e as áreas públicas, situadas em regiões

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desvalorizadas (mais afastadas, em geral na periferia das regiões metropolitanas): beira de córregos, encostas dos morros, terrenos sujeitos a enchentes ou outros tipos de riscos, regiões poluídas. (p.6) Uma das discussões mais recentes a respeito desse tema é a segregação espacial cada vez maior. Não se trata da segregação espacial clássica sobre a dinâmica espacial, que trabalha no sentido de empurrar os pobres para a periferia, mas sim da auto segregação, conforme destacamos a seguir: Nesse quadro, emerge um novo conceito de moradia – o condomínio fechado – que enfatiza a segurança e implica uma nova forma de posicionamento no mundo, um estilo de vida distinto do anteriormente predominante. Essa alternativa tende a ser constituída por ambientes socialmente homogêneos, controlados por guardas armados e sistemas sofisticados de segurança, que oferecem proteção contra o crime e criam espaços segregados, garantindo aos moradores “o direito de não serem incomodados”. Desse modo, voltando-se para o interior e não em direção à rua, ao mesmo tempo enfatizando o valor do que é privado e restrito e desvalorizando o público e aberto, neles são impostas regras de inclusão e de exclusão. Versão residencial dos enclaves, fisicamente demarcados e isolados por muros, grades, áreas vazias e detalhes arquitetônicos, os condomínios caracterizam-se como espaços autônomos e independentes do entorno em que estão situados; por isso, podem estar em qualquer espaço e mudam o panorama da cidade no que se refere ao caráter do que é público e à interação entre os diferentes conjuntos/estratos sociais (RBCS 220, volume 17, p. 258-259; 267)

Sociologia Ambiental A sociologia do meio ambiente se preocupa com as relações entre a sociedade e o meio ambiente, entendendo o meio ambiente como o meio físico, de onde se vive e se retira os meios necessários para a sobrevivência humana. Dessa forma, um campo de análise da sociologia ambiental é a investigação dos impactos do modo de vida social sobre o meio ambiente. Outra possibilidade é investigar como que simbolicamente, isto é, politicamente e culturalmente como somos guiados e agimos em relação ao meio ambiente. Outro campo de investigação é estudar, depois de ter agido e causado impacto sobre o meio ambiente, quais sãos os efeitos sociais dos impactos ambientais. A título de exemplo, uma das maiores causas das migrações atuais é em decorrência das mudanças climáticas, que por sua vez, são resultado do uso indiscriminado dos recursos ambientais. Um dos objetos de início das discussões sociológicas sobre a temática ambiental é a problemática a respeito da relação entre crescimento econômico e recursos ambientais. Segundo essa análise a expansão econômica das sociedades requer inevitavelmente a maior exploração ambiental, onde os maiores níveis de exploração ambiental levam invariavelmente a problemas ecológicos que acarretariam prováveis restrições à expansão econômica futura. (BUTTEL, 1992, pg. 82)

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A ideia acima foi construída sobre a noção de equilíbrio limite e desequilíbrio. A crise ambiental seria decorrente de uma depredação dos recursos naturais, a superpopulação e a geração de resíduos. Outro efeito dessa relação é o fato de que a expansão ocidental garantida pelo abastecimento finito, mas prontamente acessível de combustíveis fósseis e outras matérias-primas não renováveis, levaram à difusão da ideia “de que a capacidade do meio ambiente é passível de aumento segundo a necessidade, negando-se, portanto, a possibilidade de escassez” (BUTTEL, 1992, pg. 80) O que decorreu da visão apresentada acima é a de que o meio ambiente, durante muito tempo, não se tornou uma preocupação social. Isto, em certa medida, em decorrência da separação entre sociedade e meio ambiente. Se tomarmos como exemplo a antropologia ambiental, perceberemos que boa parte das sociedades ditas primitivas não separava o homem da natureza colocando os dois como parte de um mesmo sistema. Algo que não ocorreu com a sociedade moderna que, pelo contrário, via a natureza apenas como recursos a serem utilizados pela sociedade, ou seja, uma relação de subordinação e de não de complementaridade.

Sociedade de risco Um tema associado ao anterior é o de Sociedade de Risco de Ulrich Beck. O termo risco assume para o autor a ideia de incerteza fabricada, isso pode ser exemplificado pelo fato de que o progresso gerado pelo desenvolvimento tecnológico acelerado tem criado riscos ambientais que não podem ser percebidos a curto prazo nem avaliados com precisão. Nesse sentido, os riscos na sociedade moderna são fabricados na medida em que não somos ainda capazes de analisá-los e pode ser que quando o sejamos seja tarde demais.

Sustentabilidade Comecemos pelo conceito de desenvolvimento sustentável, a definição clássica de desenvolvimento sustentável, expressa no chamado Relatório Brundtland, é a do desenvolvimento que “satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades” (DINIZ, 2012, pg.1) Ainda sobre o conceito de desenvolvimento sustentável, Matias (2009) citando Sachs (2002): Este autor define o “ecodesenvolvimento”, fundamentando-o sobre “três pilares do desenvolvimento sustentável”: relevância social, prudência ecológica e viabilidade econômica e “cinco dimensões da sustentabilidade”: sustentabilidade social, econômica, ecológica, espacial/geográfica ou territorial e cultural. Posteriormente, Sachs (2002) incluiu a “sustentabilidade política”, traduzida em termos de “governabilidade”. Estas diretrizes são utilizadas como parâmetros ideal-normativos para a análise de problemáticas ambientais específicas. Estes devem partir de um “duplo imperativo ético”: a solidariedade sincrônica (em relação à geração atual) e a solidariedade diacrônica (com as gerações futuras) (p. 218).

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A ideia de desenvolvimento sustentável se apoia na noção de que o capitalismo pode manter suas orientações intrínsecas, como a inovação constante e a busca pelo lucro, com a preservação do meio ambiente. A crítica que se faz ao desenvolvimento sustentável é que ele só é buscado quando não se apresenta como entrave ao desenvolvimento econômico e ao lucro.

Impactos rurais Uma sociologia ambiental não pode deixar de lado os impactos ambientais decorrentes da exploração agropecuária e sua relação com a globalização. Dessa forma, o crescimento e expansão do agronegócio se transformaram em fonte de divisas para muitos países, em especial os países em desenvolvimento. Estes produzem commodities demandadas por países desenvolvidos. Nesse sentido, uma das commodities mais demandadas atualmente é a soja, alimento quase exclusivamente direcionado a produção de ração para alimentação animal nos confinamentos dos países desenvolvidos. Além da produção de grãos em larga escala, o agronegócio brasileiro também se destaca pela produção pecuária. Essa atividade econômica tem recebido maior parte da atenção das pesquisas sobre o impacto no meio ambiente. Dessa forma, essa atividade tem correspondido com nada menos do que 15,4% das emissões de gases de efeito estufa, tornando-se a maior fonte desse gás.

Questão comentada 1. (Enem) No presente, observa-se crescente atenção aos efeitos da atividade humana, em diferentes áreas, sobre o meio ambiente, sendo constante, nos fóruns internacionais e nas instancias nacionais, a referência à sustentabilidade como princípio orientador de ações e propostas que deles emanam. A sustentabilidade explica-se pela a) incapacidade de se manter uma atividade econômica ao longo do tempo sem causar danos ao meio ambiente. b) incompatibilidade entre crescimento econômico acelerado e preservação de recursos naturais e de fontes não renováveis de energia. c) interação de todas as dimensões do bem-estar humano com o crescimento econômico, sem a preocupação com a conservação dos recursos naturais que estivera presente desde a Antiguidade. d) proteção da biodiversidade em face das ameaças de destruição que sofrem as florestas tropicais devido ao avanço de atividades como a mineração, a monocultura, o trafica de madeira e de espécies selvagens.

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e) necessidade de se satisfazer as demandas atuais colocadas pelo desenvolvimento sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades nos campos econômico, social e ambiental.

Resolução A discussão que a questão remete é a de que a sustentabilidade é resultado da preservação do meio ambiente aliada à manutenção do desenvolvimento econômico e social. É preciso também discutir em que medida esse conceito é de fato aplicado na realidade ou se ele é apenas uma ideologia que encobre as desigualdades (que segundo as visões mais críticas entende como inerentes ao capitalismo) e os impactos negativos ao meio ambiente. Assim, a alternativa correta é a e.

Exercícios 1. (UEM-PR) Diariamente, no Brasil inteiro, 7,4 milhões de pessoas se deslocam da cidade onde moram para trabalhar ou estudar em outros municípios – sendo 1,75 milhão só em São Paulo e 1 milhão no Rio. (Folha de São Paulo, 26/03/2015, p. C4).

Considerando o enunciado, assinale o que for correto a respeito dos deslocamentos populacionais. ( ) O movimento, no qual um morador viaja de um município a outro para trabalhar ou estudar e volta para casa no final do mesmo dia, é denominado movimento pendular. ( ) É denominado urbanização o processo de deslocamento diário de uma cidade para outra. Quando o mesmo processo ocorre entre espaços não urbanos (espaços rurais), o fenômeno é denominado ruralização. ( ) Quando os deslocamentos da população não ocorrem com a mesma constância citada no enunciado da questão, sendo realizados temporariamente, em uma determinada época do ano (exemplo: trabalhadores rurais que se deslocam para atuar no corte da canade-açúcar), são denominados migrações sazonais. ( ) População relativa corresponde ao contingente populacional que, tendo em vista constantes deslocamentos, não pode ser contada nos recenseamentos demográficos como absoluta, nem da cidade onde reside, nem da cidade para onde se desloca. ( ) Os deslocamentos populacionais, nas condições como as destacadas no enunciado da questão, caracterizam a interação das cidades e geram os chamados arranjos urbanos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os arranjos ocorrem se entre duas ou mais cidades há intercâmbio significativo de populações.

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http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=729 2. (UEM-PR) Considera-se que a maior ameaça está sobre a água que se utiliza. A água que não está em forma de gelo ou cheia de sal é apenas a metade de 1% em todo o planeta. (...) Na Índia, por exemplo, entre as várias etapas da globalização econômica, a água está sendo tratada e comercializada como mercadoria. Sob pressão do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, cujo intuito é garantir receitas para o pagamento de suas dívidas o governo indiano está vendendo direitos de água para corporações internacionais. Vale a pena ressaltar que isso não está apenas ocorrendo na Índia, mas na maioria dos países do terceiro mundo. Tornar bens da natureza e da própria vida objetos de consumo é uma característica marcante da atual globalização econômica. (SILVA, E. e AMORIM, W.L. “A mercantilização do meio ambiente” in Sociologia 43, outubro/novembro 2012, p. 67-68).

Sobre as relações entre meio ambiente e desenvolvimento, sob uma perspectiva sociológica, é correto afirmar: ( ) A defesa de formas de desenvolvimento sustentável, a educação ambiental e outras demandas relativas à natureza combinam-se com reivindicações sociais e políticas que podem ser identificadas com posicionamentos distintos, e mesmo conflitantes, do espectro político. ( ) Considerando as relações equilibradas entre natureza e cultura, transformações ambientais promovidas pelo uso de tecnologia não produzem mudanças sociais significativas. ( ) Dado que a globalização promoveu uma redistribuição mundial de riquezas e facilitou as negociações entre as lideranças políticas em favor da proteção da natureza, verifica-se consenso na adoção de estratégias que reduzam o impacto ambiental. ( ) O desenvolvimento tecnológico ocorre sem o consequente impacto sobre o ambiente ou sobre a sociedade, pois, segundo a sociologia clássica, os fenômenos sociais dizem respeito à solidariedade social, à ação social e aos conflitos de classe.

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( ) Análises contemporâneas sobre proteção ambiental ou sobre capacidade tecnológica de determinada sociedade devem levar em conta os interesses do capitalismo internacional.

http://tv.eadsesipr.org.br/api/iframe/video/embed.js?video_id=730

Referências BUTTEL, Frederick H. A Sociologia e o meio ambiente: um caminho tortuoso rumo à ecologia humana. Perspectivas, São Paulo, 15: 69-94, 1992. DINIZ, M.; BERMANN, C. Economia verde e sustentabilidade. São Paulo, v. 26, n. 74, p. 323-330, 2012. MATIAS, I. A. A.; MATIAS, R. C. A.. “Crise ambiental” e “sustentabilidade”: princípios para uma crítica à ecologia política. In: Cadernos Cemarx, nº5. 2009

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LÍNGUA PORTUGUESA “A escrita permeia hoje quase todas as práticas sociais dos povos que penetrou”, segundo Marcuschi (1997, p. 121). Como propõe este autor, a escrita é usada em contextos básicos da vida, que não raramente serão decisivos para fins específicos em nossas vidas. Pode parecer um tanto exagerado, mas o modo como você se posiciona em relação ao domínio da língua escrita tem um grande poder em situações relativas ao trabalho, aos estudos e, de certo modo, à sua vida pessoal. Outra questão fundamental é o modo como lemos e interpretamos as informações disponibilizadas e suscitadas nos mais variados contextos em que nos inserimos. Sobretudo, nesta etapa de muito estudo e preparação, para a escolha de uma carreira, saber selecionar, hierarquizar (ou seja, organizar) e analisar informações relevantes, de acordo com determinados propósitos, torna-se um diferencial em nossa formação profissional. Por conseguinte, o processo de avaliação de universidades, hoje, se pauta na elaboração de redações (produção escrita), que cada vez mais tem abrangido distintos gêneros textuais, como podemos observar nas universidades públicas do Paraná. Por serem exames classificatórios, essas redações são avaliadas com base em critérios para notas, o que minimiza injustiças na avaliação dos corretores, assegurando a imparcialidade e a confiabilidade do processo. Sendo assim, primeiramente, é importante que você leia atentamente o Edital e, em alguns casos, o Manual do candidato da universidade a qual pretende prestar vestibular, que provavelmente estarão disponíveis na página de inscrição/acesso à instituição de ensino superior (IES). Outro ponto crucial, e isso vale para o dia da prova, é compreender claramente o enunciado da proposta de redação, a fim de identificar o gênero textual solicitado e atender ao que de fato é solicitado pelo processo. Neste capítulo, você será apresentado à proposta de texto pede ao candidato que se faça a transposição de um tipo de discurso para outro.

Boa Leitura! Equipe Trilhas

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Transposição de discurso As propostas de transposição de discurso, embora não tão frequente quanto algumas outras, são recorrentes no vestibular da UFPR. Nelas, comumente, apresenta-se ao candidato a transcrição de uma entrevista (um texto em discurso direto) e solicita-se que ele redija uma produção em discurso indireto, na qual sintetize as ideias expressas pelo entrevistado e as perguntas feitas pelo entrevistador, sem ultrapassar o limite de linhas. O resultado final é bem semelhante àquele das propostas de resumo. Transpor do discurso direto para o indireto é fazer com que um texto em que as falas do interlocutores são dadas diretamente ao leitor transforme-se numa produção em que essas falas são apresentadas pela voz de um intermediário, nesse caso, o candidato. Em geral, uma boa transposição de discurso deve: •

Ser breve e concisa, deixando de lado exemplo, detalhes, explicações pormenorizadas e dados secundários apresentados pelo entrevistados e pelo entrevistado.

Incluir apenas informações presentas nas falas dos interlocutores, sem adicionar opiniões do candidato sobre aquilo que estiver sendo relatado.

Ser feito sempre com as próprias palavras do candidato, mostrando que a transposição foi o resultado de uma leitura adequada e não apenas um apanhado de frases soltas retiradas da entrevista.

Situar seu leitor, definindo entrevistador, entrevistado e veículo em que foi publicada a entrevista (normalmente, o entrevistador aparece com o nome do veículo).

Atribuir aos interlocutores a responsabilidade sobre as afirmações presentes na transposição. As ações discursivas dos interlocutores são apresentadas por meio do uso adequado dos verbos dicendi (quadro presente na seção “resumo”).

Explicitar as perguntas feitas pelo entrevistador ao entrevistado.

Incluir tópicos específicos da fala do entrevistado que sejam solicitados no enunciado da proposta.

Apresentar bom uso da norma culta escrita da língua portuguesa, além de uma organização coerente e coesa.

PARA IR ALÉM <http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/405046> <https://www.youtube.com/watch?v=yi5eIbDcIbI>

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PROPOSTA COMENTADA 1. (UFPR) Leia abaixo um trecho da entrevista do físico Marcelo Gleiser ao jornal Zero Hora. Zero Hora – O senhor veio a Porto Alegre para falar sobre “ética na ciência”. Curiosamente, uma recente coluna sua sobre o tema está repleta de pontos de interrogação. O texto é uma sucessão de perguntas difíceis. O senhor já chegou a alguma resposta? Gleiser – Nessa coluna, comecei tratando do romance Frankenstein, um dos símbolos mais poderosos sobre a questão da ética na ciência. Esse romance, de força mítica profunda, diz que existem certas questões científicas que estão além do que os humanos podem controlar. Mesmo que tecnologicamente possamos fazer algo — caso do doutor Victor Frankenstein, ao ressuscitar um cadáver usando eletricidade — não significa que moralmente estejamos prontos para fazê-lo. Você me pergunta se eu tenho respostas. O que a gente está tentando é começar a fazer as perguntas certas. Porque só quando se faz as perguntas certas é possível começar a encontrar algumas respostas. ZH – E estamos prontos para chegar a essas respostas? Gleiser – A questão em que você está interessado é se temos maturidade moral para decidir. E a resposta é simplesmente a seguinte: não. Não temos maturidade moral para certas questões. Mas isso não significa que a gente não deva fazer a pesquisa. Existe a ideia da Caixa de Pandora, onde estão guardados todos os males do mundo, e se você abre a Caixa de Pandora tudo escapa. As pessoas veem a ciência como um tipo de Caixa de Pandora: “Ah, esses cientistas ficam fuxicando, descobrem problemas sérios e depois a sociedade fica à mercê de avanços sobre os quais não temos controle”. Na verdade, não é nada disso. A ciência tem de ter total liberdade de pesquisa, contanto que certas questões sejam controladas ou pelo menos monitoradas por corpos especiais. Por exemplo, a questão da clonagem humana. Para mim, essa é uma das áreas que deveriam ser controladas com muito cuidado. ZH – Quem deveria decidir as regras sobre o que se pode fazer? Gleiser – Essa é a grande questão. Quem decide o que pode e o que não pode? Quem tem o direito de decidir por todas as pessoas? Acho que deveria haver uma aliança entre o Judiciário e um corpo de cientistas escolhido por órgãos do governo para estabelecer regras. Mas, infelizmente, qualquer tecnologia que possa ser desenvolvida mais cedo ou mais tarde vai ser desenvolvida. (Zero Hora.13 out 2013.)

Exponha as principais ideias de Marcelo Gleiser num texto de 8 a 10 linhas, totalmente em discurso indireto.

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COMENTÁRIOS Essa é uma proposta simples se o aluno / candidato domina o uso dos verbos dicendi (aqueles que empregamos para introduzir a fala de pessoas). Quem responde a esse tipo de proposta deve referenciar o entrevistado e o entrevistador sem copiar o texto original, resumindo o conteúdo das perguntas e das respostas. O texto base trabalhou com o tripé - ciência, ética e direitos – e na resposta é possível recorrer à interdisciplinaridade com Filosofia, História, Sociologia e Geopolítica. Já na primeira pergunta, Gleiser disse que alguns questionamentos científicos estão além do controle dos humanos. Para isso, utilizou uma importante referência literária, Frankenstein, a fim de ressaltar a tentativa de ilustrar o limite entre o desejo e a ética profissional. Além disso, o cientista disse que as respostas para as várias questões que envolvem a ética na ciência somente serão obtidas a partir das perguntas corretas. Ainda em relação à maturidade da sociedade, em compreender e aceitar tais respostas, o entrevistado confirmou a total imaturidade das pessoas, entretanto considerou que, mesmo assim, as pesquisas devem ser feitas. Gleiser complementou com a afirmação de que a ciência deve ter liberdade para pesquisar, inclusive as questões mais polêmicas, desde que monitoradas por especialistas. Por fim, quando questionado sobre quem deve decidir as regras que permeiam o assunto da ética na ciência, apostou em uma união entre o Judiciário e uma equipe de cientistas escolhida pelo governo. Lembre-se: Não acrescentar ideias novas ou opiniões. Mantenha o foco em extrair as principais ideias expostas, não se esquecer de citar o nome do entrevistado e do entrevistador e usar composições como “ele disse”, “ele comentou” e “ele explicou”, para caracterizar um discurso indireto.

AGORA É SUA VEZ 1. (UFPR) Leia um trecho da entrevista ao iG do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho, que teve, em 2012, seu primeiro longa-metragem, “O Som ao Redor”, incluído na lista dos dez melhores filmes do ano do jornal americano The New York Times. iG: Como fazer para que “O Som ao Redor” seja visto por um grande público no Brasil? Mendonça Filho: É difícil. O mercado hoje tem mecanismos de convencimento, tudo é massificado. Faz semanas que só vejo “O Hobbit” na minha frente: cartaz, jornal, Facebook, email, outdoor, televisão. É impressionante o que o dinheiro faz. No fim, as pessoas naturalmente assistem a esses filmes. Elas veem “O Hobbit” sem saber direito o motivo. E aí você tem filmes bem menores e fica pensando que seria bom se eles saíssem um pouco do cercadinho da cultura e fossem descobertos por outras pessoas, por pessoas que talvez não o vissem, mas viram e gostaram. Esse é o meu desejo.

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iG: O que acha do Vale-Cultura? Mendonça Filho: Talvez seja positivo, mas me parece pular alguns estágios, porque não há investimento educacional no País. Acho que investir na educação de base já geraria cidadãos naturalmente inclinados para a cultura. (http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/cinema/2013-0303)

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REFERÊNCIAS MARCUSCHI, L. A. Concepção de língua falada nos manuais de português de 1º. e 2º. Graus: uma visão crítica. In: Trabalhos em Linguística Aplicada, 30: 39-79, 1997. SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA DO ESTADO DO PARANÁ. Sesi Click: Transposição de Discurso, Curitiba.

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