Nukũ Mae, Nũ Atiru Nossa terra, nosso futuro Terra Indígena Kaxinawá do Igarapé do Caucho
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Nukũ Mae, Nũ Atiru Nossa terra, nosso futuro Terra Indígena Kaxinawá do Igarapé do Caucho
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA DILMA ROUSSEFF
GOVERNO DO ACRE SEBASTIÃO AFONSO VIANA MACEDO NEVES
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA EDUARDO CARDOZO
SECRETÁRIO DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE (SEMA) CARLOS EDEGARD DE DEUS
PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO MÁRCIO AUGUSTO FREITAS DE MEIRA
ASSESSORIA ESPECIAL DE ASSUNTOS INDÍGENAS (AEAI) JOSÉ DE LIMA KAXINAWÁ (YUBE)
Edição SEMA-AC – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e GIZ – Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, Programa para a Proteção e Gestão Sustentável das Florestas Tropicais, Demarcação e Proteção de Terras Indígenas Copyright © 2011 by SEMA-AC / GIZ Proibida a reprodução de partes ou do todo desta obra sem autorização expressa dos editores: SEMA-Acre e GIZ. Diretoria Executiva da SEMA-AC: Magaly da Fonseca e Silva Taveira de Medeiros
Equipe GIZ: Ana Claudia Chaves Bandeira de Melo Ingrid Ramos Katrin Marggraff (Coordenadora) Márcia Gramkow Margit Gropper Monica Berwanger
Divisão de Etnozoneamento SEMA-AC: Maria Rodrigues da Silva Roberto de Alcântara Tavares
Organização: Ney José Brito Maciel. Catalogação: Cleide de Albuquerque Moreira – CRB 1100. Projeto Gráfico e capa: Ribamar Fonseca (Supernova Design). Editoração eletrônica e tratamento de imagens: Supernova Design. Revisão de textos: Laeticia Jensen Eble. Desenhos: Alunos do 1º ano do ensino médio da Escola Estadual Indígena Estirão do Caucho, turma 2009. Fotos: Ney Maciel, Marta Azevedo e arquivo da APAHC. Mapas: Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA/AC) e Associação dos Produtores e Agroextrativistas Huni Kuĩ do Igarapé do Caucho (APAHC). Equipe Editorial: Francisco da Silva Manoel (Ninawá); Valmar Francisco Moreira de Araujo Kaxinawá (Keã); Francisco das Chagas Kaxinawá (Siã); José Francisco de Souza Silva (Shanê); José Nertan Sabibo HuniKuin (Bainawa); José Nilson Carlos Brandão Kaxinawá (Piawmá); Francisco das Chagas Reinaldo Pereira Kaxinawá (Siã); Francisco Célio Frota Rocha (Tuĩ). Tradução: Francisco Peres Vieira (Paenawá); José Benedito Ferreira (Tuĩ). Revisão da tradução: Aldir Santos de Paula. Apoio: Associação dos Produtores e Agroextrativistas Huni Kuĩ do Igarapé do Caucho (APAHC); Assessoria Especial de Assuntos Indígenas (AEAI).
Dados internacionais de catalogação Biblioteca “Curt Nimuendaju” Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA-AC; Assessoria Especial de Assuntos Indígenas - AEAI; Fundação Nacional do Índio - FUNAI; Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH. Nukũ Mae, Nũ Atiru. Nossa terra, nosso futuro - Terra Indígena Kaxinawá do Igarapé do Caucho. /Maciel,Ney José Brito (Org.) - Brasília: FUNAI/GIZ; Rio Branco: SEMA-AC,2011 130 p.ilust. ISBN: 978–85–7546–033–7 1. Gestão Ambiental. 2. Terra Indígena-Acre 3. Plano de Gestão I. Título CDU 572.95(81):502
Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH SCN Quadra 1 Bloco C Sala 1501, Ed. Brasília Trade Center -- CEP 70.711-902 Brasília/DF www.giz.de SEMA/AC Rua Benjamin Constant, nº 856, Centro -- CEP 69.900-160 Rio Branco/Acre Telefone: +55 68 3224 3812
Nukũ Mae, Nũ Atiru Nossa terra, nosso futuro Terra Indígena Kaxinawá do Igarapé do Caucho
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Apresentação
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Agindo no presente, projetando o futuro
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Como elaboramos nosso Plano de Gestão
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Onde moramos e como nos organizamos
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Onde moramos
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Nossa história
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Nossa organização
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Associação dos Produtores e Agroextrativistas do Caucho (APAHC)
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Organização das mulheres
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Lideranças tradicionais e agentes sociais
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Nossas fontes de alimentação
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As caçadas
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Acordos comunitários para a atividade de caça
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As pescarias
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Acordos comunitários para a atividade de pesca
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Criação de animais
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Acordos para a criação de animais
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Roçados e sistemas agroflorestais
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Acordos comunitários para roçados e SAFs
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Frutas da floresta
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Acordos de uso das frutas da floresta
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Mantendo os recursos da floresta
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Madeiras e palheiras
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Acordos de uso dos produtos da floresta
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Nossas águas
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Acordos de uso para proteção de nossas águas
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Nosso território
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Vigiando a terra
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Ações para proteção do território
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A questão dos limites
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Cuidando da saúde e educação
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Nossa saúde
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Ações relativas à saúde
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Acordos para o tratamento do lixo
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Demandas da saúde
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Nossa escola
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Demandas da educação
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Convivência
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Medidas de sustentabilidade da gestão
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Acompanhamento, atualização e divulgação
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Apoio para geração de renda
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Melhorias na infraestrutura
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Formação para gestão
Apresentação
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Desenho: Valdemilton Mateus (Siã Dua Bake)
Nós, povo Huni Kuin do Igarapé do Caucho, apresentamos Nukũ Mae, Nũ Atiru, Nossa Terra, Nosso Futuro, o plano de gestão da Terra Indígena Kaxinawá do Igarapé do Caucho. Aqui está registrado o nosso projeto de futuro, um conjunto de acordos e ações comunitárias relacionadas à proteção territorial e ambiental, assim como às demandas de saúde, educação e formação técnica, que são necessários para termos uma melhor qualidade de vida nas nossas aldeias e assegurar o mesmo às próximas gerações.
Pretendemos, com isso, mostrar para nossa própria comunidade e para a sociedade em geral – principalmente vizinhos, instituições públicas e parceiros da sociedade civil –, que o uso e a conservação dos recursos naturais presentes na terra indígena do Caucho não estão separados da busca por direitos sociais e nem da aspiração por cidadania e autonomia plenas que almejamos. O processo de elaboração deste plano de gestão foi um desafio, mas também um aprendizado, que teve como estímulo a real necessidade de saber como morar e cuidar de uma terra indígena pequena e delimitada, cercada por fazendas, assentamentos e estradas, e com uma população que, nas ultimas duas décadas, cresceu praticamente seis vezes, criando desafios que só podem ser enfrentados coletivamente.
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Sob direção da Associação dos Produtores e Agroextrativistas Huni Kuin do Caucho (APAHC) e apoiada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA/AC) e pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, os diversos segmentos de nossa comunidade – mulheres, idosos, jovens, agentes sociais, lideranças– estabelecemos os mecanismos e ações de uso dos recursos naturais, sempre visando caminhos para nosso bem comum e associados à manutenção de nossa cultura. Como foi definido nas amplas discussões, este plano deverá ser utilizado como referência para as nossas relações internas em todas as suas dimensões: na escola, no grupo das mulheres, no grupo da juventude, bem como entre as lideranças e agentes sociais. Pretendemos também que ele sirva de referência para as ações e políticas públicas do Estado – nas esferas municipal, estadual e federal – e de nossos parceiros da sociedade civil na terra indígena. Alem disso, é urgente encontrar soluções para questões importantes que nos desafiam, principalmente as relacionadas ao crescimento populacional e às atividades, muitas vezes ambientalmente insustentáveis, praticadas no entorno da terra indígena e que causam sérios impactos. Os recursos naturais, de extrema importância tanto econômica, quanto para nossa alimentação e saúde, bem como utilizados nas habitações e edificações
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comunitárias, mas, principalmente, que são a base de muitas atividades tradicionais e culturais que praticamos e que nos identificam, estão praticamente esgotados ou inacessíveis, alguns praticamente extintos. Sabemos que as respostas não são simples. A autonomia política e econômica que queremos alcançar depende de as ações de proteção e conservação que estamos propondo para nossa comunidade estarem associadas às ações de segurança alimentar e geração de renda. Para que isso se concretize, precisamos também de formação técnica adequada, principalmente na área da produção de alimentos e na gestão administrativa, que nos permita alcançar tais objetivos. Consideramos que o esforço que fizemos para elaborar este plano de gestão – tendo à frente a APAHC, as lideranças tradicionais, a organização das mulheres, os agentes agroflorestais, os agentes de saúde, de educação e de saneamento –, é um grande passo para que, no futuro – e por isso o chamamos também de ‘projeto de futuro’ –, nossos jovens e crianças vivam com conforto e envolvidos na cultura. Nossa proposta é agir no presente pensando no futuro, mostrando a todos que estamos cuidando de nossa floresta e contribuindo para mantê-la viva. Só assim podemos almejar uma vida boa e produtiva para a comunidade da Terra Indígena Kaxinawá do Igarapé do Caucho.
Desenho: Gilson Monteiro Mariano (Ke達)
Agindo no presente, projetando o futuro 12
NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Como elaboramos nosso Plano de Gestão
Este plano é resultado de
reuniões, oficinas e discussões contínuas, que ocorreram a partir de 2006, quando foi iniciado o etnozoneamento da terra indígena. Ao longo de quase dois anos, com apoio de consultores e técnicos da SEMA/AC e da antiga Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas (SEPI), elaboramos mapas mentais – desenhos em que representamos a ocupação, os limites e os recursos da terra indígena – e produzimos uma série de mapas temáticos – histórico de ocupação; uso da terra; caça; pesca; conflitos socioambientais; vegetação; hidrografia; e acessibilidade – em cartas georreferenciadas, que apresentaram um panorama do nosso território.
Desenho: Gilson Monteiro Mariano (Keã)
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Fotos: Ney Maciel
NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Nesta etapa, também iniciamos os debates de vários temas relacionados à gestão do território e dos recursos nele presentes, resultando em indicativos de gestão: um conjunto de reflexões e sugestões sobre a manutenção e uso dos recursos, sobre os problemas, as possíveis soluções e também as reivindicações que pensamos ser importantes para garantir uma vida melhor para a comunidade. A partir deste mapeamento e dos resultados das discussões, iniciamos outro ciclo de encontros e oficinas nas aldeias, agora visando consolidar as informações mapeadas, avaliar os indicativos e elaborar o plano de gestão da terra. Contamos para isso, como o apoio da SEMA e da GIZ, que mantiveram assessores técnicos para nos auxiliar durante todo este processo. Primeiramente, planejamos os passos que iríamos dar. Sob coordenação da APAHC e da liderança geral, todas as aldeias foram informadas e consultadas sobre a possibilidade da elaboração do plano de gestão. Nestas ocasiões, foram recolhidas sugestões sobre os procedimentos e sobre as possíveis datas e condições de realização do trabalho. Em todas as aldeias, foram criados grupos de discussão sobre os indicativos de gestão, previamente digitados e distribuídos em forma de apostilas. As discussões nos grupos se deram no intervalo de quatro meses, em reuniões formais, realizadas principalmente nos finais de semana. Essas reuniões eram registradas em relatórios e cadernos. Nesse período, também tiveram lugar muitos debates e conversas cotidianas, pois, como a área é pequena e as aldeias são muito próximas umas das outras, há grande contato entre as famílias. As reuniões formais nas aldeias seguiram uma dinâmica de análise dos indicativos de gestão. Cada aldeia se dividiu em vários grupos, e cada grupo tinha um “moderador”, que ficava responsável pelo registro das discussões. Os moderadores eram geralmente professores e agentes agroflorestais, que dominam a leitura, a escrita e, principalmente, poderiam dar orientações sobre assuntos relacionados aos conceitos de gestão ambiental e territorial. Os grupos se revezavam na discussão dos temas, e havia sempre uma discussão entre os grupos dentro de cada aldeia. A dinâmica mais corrente das discussões era partir da revisão dos indicativos, atualizados com novos dados e com a inclusão dos projetos atuais. Os assuntos foram direcionados conforme as prioridades de cada aldeia. As aldeias Tamandaré e Dezoito Praias, localizadas nos limites da terra indígena, priorizaram os problemas com seus vizinhos – fazendeiros, posseiros e assentados – assim como as questões dos limites (principalmente a revisão de limites e a questão das invasões). Assuntos como educação e saúde foram discutidos principalmente na Aldeia Caucho, onde há a escola de ensino médio e onde está localizada a maioria dos professores e agentes de saúde.
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Cada grupo discutia os pontos divergentes a fim de resolvê-los por meio de um processo de convencimento. Exemplos contra ou a favor de determinada medida eram expostos até se chegar a uma conclusão sobre a inclusão ou exclusão da medida discutida no documento final. Mesmo as medidas excluídas nas discussões internas foram levadas para discussão geral posterior, a fim de que as outras aldeias também pudessem opinar. Todas as discussões produzidas nas aldeias e registradas em cadernos e apostilas foram recolhidas e classificadas conforme aldeias e assuntos. Para organizar, digitar e distribuir o material elaborado nas aldeias, tivemos o apoio da assessoria da SEMA/AC e da GIZ. A fase seguinte às discussões nas aldeias consistiu numa reunião geral. Participaram dessa reunião organizada pela APAHC em torno de cem pessoas, entre lideranças e moradores de todas as aldeias, professores, agentes agroflorestais, agentes de saúde e de saneamento básico, pajés, parteiras, caçadores, pescadores, artesãs e interessados em geral. Essa reunião aconteceu na Aldeia Caucho, que oferecia as condições necessárias, como espaço, energia elétrica, cozinha comunitária e local de pernoite aos participantes. A reunião durou quatro dias inteiros e igualmente contou com o auxílio e a moderação dos técnicos e assessores da SEMA/ AC e da GIZ. As discussões foram apresentadas em um telão montado no kupixawa da aldeia. A reunião geral foi dividida em duas partes. Na primeira, discutimos os temas propostos pelas aldeias, os pontos convergentes a serem publicados e também aqueles em que houve divergência. Também discutimos sobre as responsabilidades internas e externas. Na fase seguinte, elaboramos conjuntamente os acordos para compor o documento final para publicação; definimos uma equipe editorial responsável pela publicação do PG e os responsáveis pelo acompanhamento das ações. A construção de consensos se deu por meio de intensos diálogos e discussões, assim como de processos de convencimento mútuos. Quando não havia entendimento, alguns pontos eram submetidos à votação dos presentes. Nos casos em que não houve consenso nem por votação, a questão ficou de fora do texto. Poucos assuntos foram para uma votação de fato, pois priorizamos os acordos resolvidos nas discussões. Foi um processo em que todos participaram ativamente e em todas as etapas. Os que eventualmente não participavam das reuniões ou das discussões eram informados sobre o que acontecia e se interavam dos temas e decisões por meio da troca de informações cotidiana proporcionada pela convivência, assim, participavam dando sua contribuição de forma indireta. Depois de quatro dias de discussão intensa, foi concluído e apresentado o Plano de Gestão da Terra Indígena, resultado deste processo representativo que durou anos e alcançou praticamente a totalidade do povo Kaxinawá do Igarapé do Caucho.
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Fotos: Marta Azevedo
Foto: Marta Azevedo
Foto: Marta Azevedo
HASKAWASH Ũ TANATÃ NUKŨ HARI DAYA HASKAKẼ NUKŨ MAE ANU NA BARI DABEKI PG NŨ AXIÃBUKI. NUKŨ MAE MERANUA HAMAPAI NUKŨ BEYAXARABUKIRI PEA DAKA UĨKĨ KEYUAMA‐IKATSIRÃ. NUKŨ ŨPASH KAI NUKŨ NIXARABU KAI, NUKŨ YUINAKAXARABU KAI HASAKAWASHŨ TXAKABUATIMARÃ. NUITAPAKAWÃ HASKAWASHŨ NUKŨ MAE UĨBAĨTI KENEKĨ, INŨ NIKŨ BEBŨKIRI YUMEBU PEI NUKŨ BEYAKIRI PEXARA SHANŨBŨ NŨ AXIÃBUKI. NŨ DAYAI NUITAPAPAUNI XINÃKĨ, ESKATIÃ UĨKĨ BEBŨKIRI XINÃ. NUKŨ MAE MEKESHŨ NŨ HIWETÃBANAI HATU UĨMAKĨKEYUA. HASKAXARABUABIRÃKINÃ NUKŨ SHANẼ IBUXARABUTŨ INŨ, YUSINÃ INŨ HATŨ ISĨ TENEAIBŨ HATU SHUSHAWAI BETÃ KETASHAMETÃ, HATU BENIMAWAKĨ HATU TAPĨMABAĨKANIKIKI. NA NUKŨ MAE HASKAWASHŨ UĨBAĨTI KENEKINÃ, MA NATIÃ NŨ HATXAKUKIRÃMISHŨ NŨ AXIÃBUKI, TAEWAKINÃ BARI 2006, ETNOZONEAMENTO NŨ AKIMAKI, NUKŨ MAE HIRABI UNAKI BIXAI NŨ HÃTXAYAMABUKI. HASKAIRÃ NA NAWA HATŨ NUKU DABEWAIBUYABU NŨ IKIMABUKI, SEMABERÃ NŨ METUKAKEIMAKI HANU UĨTIRÃ. HÃTXAXARABU MAE UĨBAĨTI HABIATI PG HA MAEANU ATI HABAITIBU HÃTXAKAKEIMABUKI. NA BARIKIRÃ HA APAHC HATŨ TSUMAKI SEMA INŨ GTZ DABEWAKĨ HARIRI IKAĨTI YUIKĨ HASKAWABAĨTI YUIKĨ, PG MAENA ANA HÃTAXINABUKI. HATU UNAXARABU INÃKĨ HAWE BIXATI INÃKĨ, HAKI DATÃSHĨ BIXATI INÃKĨ, HAWẼ DAMIWATI INÃKĨ, MANE HAWẼ HUI BITI INÃKĨ HATU AXIÃKĨ. HANU HÃTXA SENẼWAKINÃ, SHANẼ IBU INŨ HA MENI INŨ APAHC, HANU DAYATI MESHTI AKIMABUKI. HANU ITXATÃ HATXAKATSIRÃ APAHC INŨ SHANẼ IBŨ HATU ITXAWABAĨBAINIMAKI. HA BIXAYAMABU TANAKATSIRÃ, HAWATIÃ INŨ HASKAWASHŨ ATI TANAKUBIRANIMAKI. HA SHANẼ IBU SHANẼ TIBINUARÃ HANU SHUKUA HÃTXATI HATU YUBATI IKIMABUKI, HANU HÃTXATI HATU YUIKINÃ, HA HÃTXA HÃTXAIBU HATU YUITIRÃ. HÃTXAIRÃ ISABERU INŨ DU BEKUN IKUBIRÃXINABUKI, SHABA BESTI INŨ ANA BETSA PUTXININÃ. HÃTXAKATSIRÃ TXANIMANAINÃ HABIA HÃTXAWẼ BESTI IBAĨ BAĨXINABUKI, HASKAIRÃ MAE AWAPAMAKẼ HANU HIWEKAKEABU TXAIMAXARABU IKABU YUBAKANÃBAĨBAĨ XINABUKI. USHE DABE DABE BINUTANÃ. HÃTXAIRÃ ESKABAĨBAĨ XINABUKI, HARIRI HÃTXAKATSI HA MAE SHANẼ ANUSHŨ KENEXINABU HATU YUITÃ. HANUNKAĨ MEKẼ BESTI INŨ BESTI HUNI INŨ AĨBU TSAUTÃ HAMAPAIXARABU HÃTXATÃ NESHABAĨBAĨ XINABUKI. ANA HA BETSARÃ SHUKURIATÃ HÃTXATÃ HANU UĨMABAĨBAĨ XINABUKI. HASKAWAKINÃ HATU TANAMAI IXIÃBUKI. HA SHUKUKAKEA HÃTXAIBUNÃ, YUSINÃ INŨ DAUYABŨ INŨ NI IBUBŨNÃ, HA KENE MENITŨ BIXASHŨ YUIBAĨBAĨ XINABUKI. HABUÃ HÃTXA NĨKAKINÃ HAŨ KENA NETÃBAĨBAĨ XINABUKI, HABUÃ KENE YUKAIBU MA MENITUNÃ HATU DABEWAXINABUKI. MESTEBŨ HÃTXA INŨ YUSHABŨ HATŨ HARIRI YUYAI HATU YUINŨ BENIBIRÃXINABUKI. HASKA INŨ HA SHUKUABŨ HATU YUI, HA SHANẼ IBUXARABURI IBIRÃXINABUKI.
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
HÃTXARÃ BETSAXARABU BEXIÃBUKI, HA SHANẼ XARABUANUARÃ, HA MAE PAKEKAUNANUARÃ HA NAWABU HIWERIABU INŨ ANA MAE MESHTENIBU UYÃ HATXÃ XINABUKI. HA YUSINÃKIRI HÃTXAIRÃ HA MAE SHANẼ MAE NAMAKAYÃNUA IXINÃBUKI, CAUCHUANUARÃ HANU UNA SHUBU TSAUANUARÃ HANU KENE MA PAKERABE INŨ BESTI UĨBAINAIBUANUARÃ, HASKA INŨ YUSINÃBU INŨ DAUYABU HANU SHUKU SHANAIBURÃ. HASKAWAMIS‐SHUNÃ NŨ KENEXINABUKI, HA SHANẼ XARABU MAE ANUA YUBAKAKINÃ. HARIRI HÃTXAKĨ HASKAWABIRÃSHANŨBUNÃ. DAYA HARIRI NŨ AKIMA TANAKĨ, HARIRI DAYAKATSI NŨ BIXAXINABU NŨ YUIXINABUKI, HARIRI GOVERNO, PDPI, ONGS, FUNAI INŨ NA BETSAXARABUBE DAYATI NŨ BENIBIRÃXINABUKI. HA BETSANURÃ, HA MAEANUSHŨ DAYA BIXAKAKEXINABU NŨ PEWAXINABUKI. HA UNAKI BIXAKAKEXINABURÃ, ASSOSSIAÇÃOMÃ BISHŨ HATU KENEMAKĨ PEWAKATSI YUNUXINAKI. HASKAWASHŨ HA TANABIRÃKĨ HABIARIS AXIÃBU TSEKAKĨ PEWABIRÃKĨ, HA DEPIAXARABU BENAWABIRÃKĨ SHANẼ MAE ANUA HATŨ UĨBANAI BETXIBIRÃXINABUKI. HA SHUKUA HÃTXA DESKEIRÃ 85 YURA SHANẼ DABE INŨ DABEANUA ITXAXINABU NŨ IKIMAKI, SHANẼ CAUCHUANUARÃ, HA BEXIÃBURÃ, HANUSHŨ PITI HATU PEWASHUNKĨ, BĨ TXASHAWAKĨ, HANU SHANẼ IBUBU USHATI IKIMAKI. HASKAIRÃ SHABA DABE INŨ DABE IKIMAKI. HATŨ HASKAWAKINÃ APAHC SHANẼ IBŨ AKIMAKI, NAWA ĨKAMESTẼ INŨ NAWA ĨKA MESTẼ TXANIMAKINÃ, MAEANUARÃ HABIA DASIBIS, SHANẼ IBURÃ, YUSINANÃ, DAUYARÃ, NI IBURÃ, HATŨ UĨBAINAIBURÃ, PASHUIRÃ, BAKE BIARUBURÃ, YUINAKA BENARUBURÃ, MIMÃWARUBU INŨ HABUÃ NĨKAIBURÃ. HA HÃTXARÃ MAE ANUA SHUBUÃ NUSHŨ, HATU UĨMAI MABUKI. KENE YUITÃ TANAKĨ PEWAKUBAINIMABUKI, HA MAE MERÃSHŨ ATI INŨ HA MAENUAMA XARABURÃ, HATU DABEWAKINÃ SEMA INŨ GTZ NUKU AKIMAKI KENESHŨKINÃ, HATŨ NUKU UNAWASHŨKĨ NUKU HASKAWATI DABEWABAĨ SHÃNŨNÃ PGS, NŨ METUXINAKI. TAPĨ KATSIRÃ NŨ HÃTATXAKAYAMAXINABUKI, HANU HABIATITŨ NŨ TAPĨAMARÃ NŨ METU BAĨBAĨXINABUKI, HABU NŨ TAPĨAMAKAYARÃ HA NŨ PG NŨ NETAMAIXINABUKI, ITXAPAMA NŨ AXIÃBUKI METUKINÃ, HA PE XARABU UĨTÃ NŨ AKUBAĨ XINABUKI. SHABA DABE INŨ DABE HÃTXAKĨ BINŨTÃ, MAE KAXINAWA PASHKU BĨ SHUKIYANUA, HIRABI HASKAUATÃ MEKĨ ŨKĨ PEWABAĨTI HATU NŨ UĨMAXINA UNURI IKANAKI. HASKAWAIRÃ ITXA IBAĨBAĨXINABUKI. HA HÃTXAIBŨ BEABUMARÃ HATUKI TXIPU PEWAKANIKIKI IKA IXIÃBUKI. DABE BESTI IXIÃBUKI HABU HÃTXAIBUÃ BUA BUMARÃ.
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Onde moramos e como nos organizamos
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Onde moramos
Moramos e ocupamos a Terra Indígena Kaxinawá do Igarapé do Caucho, uma área demarcada com 12.318 ha e perímetro de 50,11 km, localizada no município de Tarauacá, estado do Acre, na margem direita do rio Muru, afluente do rio Tarauacá, que é, por sua vez, um dos principais afluentes do rio Juruá.
Somos a segunda menor terra indígena do Acre e temos a maior população por hectare no estado. Estamos cercados por fazendas, assentamentos rurais e pela BR 364, que liga Rio Branco a Cruzeiro do Sul. Atualmente contamos com 700 habitantes, distribuídos em 120 famílias. Dividimonos em quatro aldeias: Dezoito Praias, Caucho, Nova Aldeia e Tamandaré. As duas primeiras são as aldeias mais antigas e também as mais populosas, sendo a maior a Aldeia Caucho, com uma população de 375 habitantes, seguida pela Aldeia Tamandaré – que também é a mais antiga –, com 140 habitantes. As duas aldeias mais recentes são menores: a Aldeia Dezoito Praias, fundada na década de 1980, conta atualmente com uma população de 103 habitantes, e na Nova Aldeia, fundada em 2002, moram atualmente 106 habitantes.
Desenho: Manoel de Jesus Monteiro Mariano (Busẽ) 23
NŨ HIWEA MAE KAXINAWÁ PASHKU BĨ SHUKUYARÃ MAEWÃ TARAUACANUA, MAEWÃ PAKEKAUANA ACRE, KAYA NURU KESHA YUSIKI. MAERÃ 12.318 HA. HAYAKI, ESKATIANÃ 653 HUNIKUĨ HIWEABUKI. 108 BAKE‐ IBUXARABUYARÃ, SHANẼ DABE INŨ DABE ANU HIWEBAINABUKI: DEZOITO PRAIAS, CAUCHO INŨ TAMANDARÉ. HA MAE SHANẼ ITXAPABU HIWEABURÃ 18 PRAIAKI 315 YURA HIWEABURÃ. BETSARÃ TAMANDAREKI, 140 YURA HIWEABURÃ. HA SHANẼ DABERÃ HABUDABETÃ ANIBUKI TAEWAKINÃ. HA SHANẼ DABE TXIPU AKIMABURÃ HAĨ EWAPAMADABEKI, SHANẼ 18 PRAIARÃ 80 BEPẼ‐NIBUKI, 85 YURA HIWEABUKI; NOVA ALDEIARÃ 2002 BEPẼYAMABUKI, 92 YURA HIWEABUKI. NUKŨ MAERÃ HATŨ AWA YUMEWAIBU INŨ, NAWÃ MAE INŨ, ĨKÃ BAI KAWANATŨ, NUKU NAMAKISWAKI, HASKAWAKINÃ NUKUNABU TXAKABU BESHŨKUBIRÃKANIKIKI. NATIÃ HIWENISHŨ, NA YUINAKAKAI, NA BAKAKAI, NA NIXARABU DETEKUBIRÃKINÃ ITXAPAMA HENENIBUKI, HASKAWAKINÃ HI XARABU KEYUNIBUKI.
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Nossa história
Nossa história no baixo rio Muru inicia-se nos primeiros anos do século XX, quando parte do nosso povo, que vivia na região dos rios Tarauacá, Envira e afluentes foi praticamente forçada a ingressar na empresa seringalista. Na condição de “freguês do patrão”, trabalhamos nas colocações do seringal Tamandaré, onde hoje é a Aldeia Tamandaré. Esse seringal recebeu famílias Kaxinawá oriundas do seringal Nova Olinda, no alto rio Envira, por volta de 1910, quando o seringalista proprietário permitiu que nossos antepassados se estabelecessem em colocações da margem, cortando seringa e trabalhando como diaristas na sede de seu seringal. Ali fundamos a primeira aldeia, a Aldeia Transual, na margem esquerda do igarapé Tamandaré, que ocupamos até a década de 1960, mas que hoje está fora do território demarcado. Logo em seguida, por volta de 1912, nossos parentes fundaram a Aldeia Caucho, quando José Francisco Araújo Kaxinawá, o primeiro tuxaua a migrar com sua família do Seringal Nova Olinda, no rio Envira, juntou-se aos parentes do Transual. Vieram com ele cinco famílias, e ali todos trabalharam para o patrão. Nos anos seguintes, com a saída das pessoas da Aldeia Transual em direção à margem direita do igarapé Tamandaré, foi fundada a Aldeia Tamandaré. Ao mesmo tempo em que as margens do Muru eram ocupadas, as colocações do centro continuavam sendo exploradas por Kaxis, que habitavam nas colocações dos igarapés Centro Grande, Barro Branco, Esperança, Marizeiro, Tamandarezinho e Extrema. Morávamos praticamente misturados com seringueiros e barranqueiros, vivendo sob as mesmas condições impostas pelo modelo do aviamento, pagando pela estrada de seringa. Não tínhamos liberdade plena para colocar roçados grandes, para pescar e caçar, nem mesmo para falar nossa língua, praticar nossa cultura, estudar e ter atendimento de saúde. Muitas características dos “brancos” foram incorporadas por imposição do aprendizado da língua portuguesa; pelo afastamento de nossos rituais e festas; pela introdução de alimentos como arroz, feijão, sal e açúcar; e pela utilização de artefatos como facas, lanternas etc.
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Trabalhávamos não só na seringa, mas também em afazeres que necessitassem pleno conhecimento do ambiente e de força física – caçar, pescar, abrir varadouros, entre outros serviços braçais como capinar, cortar e carregar lenha, construir casas etc. Abrimos muitas colocações em ambas as margens do rio Muru. Trabalhávamos alguns anos em uma colocação para, em seguida, mudarmos para outra. Alguns eram expulsos por não obedecerem aos patrões, sendo obrigados a morar algum tempo na periferia da cidade de Tarauacá, onde trabalhavam como diaristas fazendo serviços diversos: eram oleiros, marceneiros ou carregadores. Assim vivemos até meados da década de 1970, quando muitas coisas mudaram, com a transferência dos seringais para empresas do centro-sul. A área que ocupávamos foi vendida para um grupo paulista que fundou a Fazenda Cinco Estrelas, voltada exclusivamente para a criação de gado, desmatando grandes áreas para transformálas em pastos. Nessa década, tivemos parte do nosso território reconhecido pelo governo, mas tivemos que lutar para conquistá-lo de fato, disputando as colocações com os ocupantes, com quem dividíamos a área desde o início do século, e também com os novos fazendeiros. Foi José Reinaldo Pereira (Miranda), falecido em 1994, quem comandou a resistência aos donos das fazendas e aos arrendatários, que, não aceitando os estudos da Funai, mandavam destruir nossas casas. A partir da demarcação, em 1986, vimos nossa população quadruplicar. Ocorreu, então, uma grande migração de famílias para a TI do Caucho. Esse movimento aumentou no início da década de 1990, quando vieram famílias do rio Envira, do seringal Universo, de Nova Olinda, de Jordão, da TI Praia do Carapanã e também do rio Humaitá. Muitas famílias, criadas e formadas no Caucho, moradores das colocações dos centros e também aqueles que moravam na periferia de Tarauacá retornaram para a TI. Com esse crescimento, surgiram grandes questões para resolver que, contudo, enfrentamos com um espírito bastante positivo e construtivo. As ações com as quais nos deparamos estão relacionadas, em grande parte, com a proteção de nosso meio ambiente e a viabilização de alternativas econômicas sustentáveis, cuja geração de renda possa proporcionar mais conforto para nossas famílias. Nesse sentido, estamos atualmente desenvolvendo programas em parceria com o governo federal (como o projeto do PDPI de reflorestamento) e na expectativa de outros (pontos de cultura e projetos de inclusão digital). Temos também um convênio com governo do Acre relacionado a nossa segurança alimentar. Esses projetos podem nos ajudar a recuperar nossa floresta, perdida ao longo dos anos, e também nos dar uma melhor qualidade de vida agora e futuramente.
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Desenho: Francisco Mádison de Araújo Ferreira Kaxinawá (Isaka Inu Bake)
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Desenho: Manoel de Jesus Monteiro Mariano (BusĂŞ Dua Bake)
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Desenho: Franceilsom Batista Kaxinawá (Tuĩ Dua Bake) 31
Nossa organização Associação dos Produtores e Agroextrativistas do Caucho (APAHC)
A APAHC é uma entidade sem fins lucrativos de direito privado que nos representa juridicamente. Foi fundada em 2000, com o objetivo de defender e lutar pelos direitos à terra, saúde, educação e cultura. De três em três anos, realizamos uma assembleia geral, na qual fazemos avaliações sobre o andamento das atividades da comunidade, prestamos contas sobre os trabalhos da associação e planejamos novas atividades. Nessa ocasião, é eleita uma nova diretoria – composta pelo presidente, vice-presidente, tesoureiro e secretário – e um conselho fiscal e deliberativo, composto por um representante de cada aldeia. Quem tem mais de 16 anos, mora na terra indígena ou possui família morando nela, tem direito a voto.
A APAHC é a comunidade. Sua finalidade é dupla. Além de representar nosso povo diante de setores externos, é também uma instância de administração interna que dá suporte às organizações internas, como a dos professores, das mulheres, dos jovens e dos agentes agroflorestais/ambientais. Nossa atuação administrativa está relacionada à captação de projetos. A APAHC administra, acompanha e monitora as ações dos projetos captados junto a nossos parceiros nos governos, na sociedade civil e no movimento indígena. Nos últimos anos, canalizamos nossos esforços para o projeto “Recuperando Nossa Terra”, apresentado e aprovado pelo Projeto Demonstrativo dos Povos Indígenas (PDPI), e que teve como objetivo a recuperação das áreas degradadas da terra indígena. O referido projeto mostrou nossas capacidades técnicas e administrativas, mediando os diversos interesses das famílias em processos de diálogo direto.
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Foto: Marta Azevedo
Foto: Ney Maciel
Em virtude desse projeto, administramos recursos financeiros pela primeira vez. Essa experiência foi – e continua sendo – importante para fortalecer nossa organização. Além da questão da recuperação da floresta, muitas outras áreas foram estimuladas, como a questão do transporte, do fortalecimento da cultura, da segurança alimentar e da articulação política. Para executar as ações, adquirimos computadores, internet, telefone. Mas, acima de tudo, adquirimos uma experiência administrativa e técnica muito grande.
Atualmente, estamos finalizando esse projeto e dando andamento a outro, a ser assinado com o governo do Estado, no qual a prioridade é nossa segurança alimentar, contemplado a construção de açudes comunitários, a aquisição de kits de casa de farinha e barcos para facilitar o escoamento da produção. Neste projeto, também é prevista a utilização de recursos para a construção da sede da associação na Aldeia Caucho, pois a administração ainda está funcionando em uma pequena sala em Tarauacá. A APAHC vem tentando captar recursos para novos projetos relacionados à geração de renda, buscando apoio para fortalecer a produção do artesanato confeccionado pelas mulheres e aperfeiçoar a capacidade de trabalho dos jovens, estimulando o aprendizado de artes e ofícios. Ao mesmo tempo, buscamos apoio para um projeto relacionado à vigilância de nossa terra com o objetivo de impedir que invasores entrem nela. Estamos conseguindo apoio para reabrir as picadas nos limites e recolocar marcos em todo o perímetro da terra, colocar mais placas, bem como para reformar e construir casas nos pontos estratégicos para alojar as equipes de fiscalização. Temos intenção, ainda, de capacitar os agentes ambientais acerca da legislação ambiental e indigenista, além de lhes oferecer cursos técnicos como o de manejo de GPS, por exemplo. Além dessas iniciativas, estamos também aguardando a implantação do Ponto de Cultura Indígena (PCI), a ser instalado em parceria com a Rede Povos da Floresta. A finalidade da instalação do PCI é prover a comunidade no que diz respeito à promoção da cultura e da criatividade, bem como propiciar o registro de nossas tradições e de nossa cultura material e estética – como os kenês, as roupas, os mitos, as danças e a música –, visando reforçar nossa identidade. Por meio desses convênios e parcerias, estamos comprovando que a APAHC é uma instituição importante e confiável. Mostramos que podemos trabalhar em prol da comunidade e que somos capazes de administrar recursos e prestar contas, um obstáculo para as organizações indígenas que estamos conseguindo transpor. Essa vitória não se resume nos recursos que nos são destinados para administrar e realizar atividades, mas se traduz também na implantação de um projeto político interno para toda a comunidade da terra indígena. O símbolo deste projeto é o Encontro de Cultura do Povo Huni Kuin do Caucho, realizado a cada ano e que está na sua sexta edição. Neste evento, organizado pela APAHC e lideranças, considerado o maior esforço da associação, a prioridade é a valorização da cultura. Nele, todas as aldeias se juntam e se articulam em um exercício importante de coesão, para realizar seminários, oficinas e apresentações rituais e culturais, como danças e cânticos tradicionais, de forma a demonstrar que a unidade social e o comprometimento com a cultura Kaxinawá é a base de nosso projeto de vida. 34
Foto: Ney Maciel.
Organização das mulheres
A Organização das Mulheres Indígenas do Caucho foi criada para pensar sobre os problemas e as questões relacionadas às mulheres. É uma associação que tem como finalidade organizar o trabalho comunitário específico das mulheres e mostrar o papel central que desempenham na vida do povo do Caucho. Tivemos participação na elaboração do Plano de Gestão, discutindo e sugerindo ações, mas também participando da própria organização das reuniões realizadas nas aldeias e na reunião geral. O plano de gestão é também o lugar para apresentar nosso trabalho e nossas demandas. Com o apoio da APAHC e das lideranças, queremos fortalecer nosso papel nos trabalhos internos e ajudar a aumentar a renda de nossas famílias, principalmente por meio do artesanato, que é o trabalho manual com o qual lidamos tradicionalmente, visto que somos as maiores conhecedoras dos kenês – desenhos e pinturas tradicionais que enfeitam nossos trabalhos, nossas casas, nossos adornos corporais: uma tradição que passa de mãe para filha. Queremos também trabalhar economicamente com a palha, com miçangas, com pinturas e com roupas, sempre na área do artesanato. É por meio do artesanato que contribuímos economicamente com nossas famílias, pois comercializamos os produtos tanto dentro da terra quanto para os visitantes e o público de fora. Considerando que a associação é recente, necessitamos de muita persistência para começar a ver resultados. Neste momento, estamos priorizando as atividades relacionadas à nossa própria aldeia, mas queremos buscar apoio e parceria para trabalhar e defender nossos direitos também fora da terra, porque não é só na economia doméstica que desempenhamos um papel importante.
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Foto: Ney Maciel.
Foto: Marta Azevedo.
Foto: Ney Maciel.
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
A questão da saúde da mulher é outro aspecto relevante e que consiste em uma das nossas principais lutas. Temos muitas parteiras, rezadeiras e conhecedoras da medicina tradicional e dos remédios da floresta. Elas nos acompanham tanto no prénatal quanto no trabalho de parto e em outras necessidades relacionadas à saúde da mulher. Entretanto, no que se refere a políticas públicas do Estado, contamos atualmente com apenas uma agente de saúde indígena mulher na aldeia Tamandaré. Para atendimentos específicos de nossa saúde, temos de procurar atendimento na cidade de Tarauacá. A presença de uma agente de saúde para cada aldeia é uma luta pontual, mas muito importante para nós. A questão da formação, da educação, é outro assunto para o qual buscamos soluções criativas. Nossa preocupação não é unicamente cuidar dos filhos, mas fazer parte de forma mais efetiva na organização de nosso povo, com atribuições e responsabilidades. Para isso, precisamos de uma formação condizente para assumir, da melhor maneira possível, esse papel. Precisamos nos capacitar para assumir posições importantes como as de ensino, por exemplo. A associação surgiu, portanto, com o intuito de nos ajudar na organização das tarefas, tanto aquelas relacionadas ao esforço comunitário – como as festas tradicionais, as reuniões gerais e uma série de eventos que, nos últimos anos, tiveram a terra indígena como sede – quanto as atividades econômicas e educacionais. Precisamos de organização e formação para arcar com essas responsabilidades. É importante registrar que essas atividades são feitas por amor, para ajudar a comunidade e nossa família, e nos orgulhamos disso. Nossa organização não divide, mas nos organiza melhor, fazendo mais para nossas famílias e comunidade.
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Lideranças tradicionais e agentes sociais
Nossa organização política tradicional é composta por um cacique geral e por lideranças das aldeias, que são responsáveis pelos aspectos internos de cada aldeia. Na Aldeia Caucho, devido ao tamanho da população, além da liderança de aldeia existem também três representantes de grupos de trabalho, que ajudam na sua organização. Todos estes são pessoas escolhidas por consenso, com qualidades como comprometimento e responsabilidade com os projetos comunitários, com poder de diálogo e de moderação. O cacique geral tem a função de atuar, planejar e articular com as lideranças das aldeias as demandas e atividades que são de interesse tanto da aldeia quanto de interesse geral. Por sua vez, as lideranças de aldeias organizam os trabalhos comunitários internos, acompanham, orientam e propõem ações e projetos para suas aldeias, além de serem responsáveis pelo patrimônio comum, e ajudar em articulação e nos trabalhos desenvolvidos pelo cacique geral e pela APAHC. Existem também os chamados agentes sociais, que consistem num conjunto de pessoas que exercem diferentes funções na terra indígena. Atualmente existem 40 agentes sociais: professores, conselho escolar, assessores pedagógicos da escola, agentes de saúde, agentes agroflorestais, agentes de saneamento e agente ambiental. São pessoas escolhidas pelas comunidades para ter uma formação a fim de exercer sua atividade profissional em prol das aldeias.
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Reinaldo Pereira Kaxinawá (Siã)
Francisco Luis de Araujo (Txuwã)
Francisco da Chagas Reinaldo Pereira Kaxinawá (Siã)
Antonio da Silva (Ninawá)
Francisco da Silva Manoel (Ninawá)
Fernando de Araujo Bonaparte (Isaka)
Josias de Araujo Braz Kaxinawá (Yubê)
Valmar Francisco Moreira de Araujo Kaxinawá (Keã)
Nossas fontes de alimentação 42
NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
As caçadas Na terra indígena, o uso intenso da área somado ao desmatamento fizeram com que os animais e as caças fossem desaparecendo das margens dos rios e dos centros da floresta. Animais importantes como a anta e o mutum, por exemplo, não existem mais. Outras caças grandes, como o veado e as queixadas, também se tornaram raros. Esses animais foram sumindo da área em consequência de nossas próprias ações e de ações dos moradores do entorno. Ainda assim, praticamos a caça cotidianamente, menos para suprir as necessidades de carne do que como forma de manter nossa tradição.
Desenho: Franceilson Batista Kaxinawá (Tuĩ Dua Bake) 43
A caçada é uma atividade muito importante na relação que estabelecemos com a floresta. Nesse momento, exercitamos todo nosso conhecimento sobre os animais, suas rotinas, deslocamentos e hábitos alimentares, bem como sobre os tipos de vegetação e a topografia preferidos pelas caças. Esse reconhecimento das relações dos animais com os recursos alimentares disponíveis em determinadas paisagens da floresta é determinante para o sucesso da caçada. Os bons caçadores são igualmente bons na identificação de árvores frutíferas e palmeiras que servem de alimento para os bichos, dos locais, dos barreiros que os animais costumam frequentar, dos cursos dos rios e igarapés onde bebem água, e também das áreas de antigos roçados e colocações desativadas, onde principalmente as embiaras perambulam. Caçamos durante o ano todo, mas priorizamos a atividade na época das águas, nosso inverno amazônico, que ocorre entre os meses de novembro e abril, quando, com os alagamentos, o espaço de perambulação dos animais diminui e eles se reúnem nas “terras” altas, onde os frutos da floresta, sua alimentação, estão
amadurecidos. Com a oferta de alimentos, sementes, cocos, frutas essa é também a época em que os animais estão mais gordos. Praticamos a caça em toda a extensão da área demarcada e também fora dela, nas proximidades dos limites. Utilizamos caminhos denominados “piques de caçada”, que permeiam os cursos dos igarapés, os locais das frutas nativas mais apreciadas pelos animais e os barreiros. Estes caminhos de caçadas são antigas estradas de seringa e varadouros, os quais denominamos Bai Kayá. Os piques, as dezenas de barreiros – porções de terra salobra, onde os animais vão suprir suas necessidades de minerais – e grotas são utilizados por caçadores de mais de uma aldeia, mas, de modo geral, cada aldeia possui sua área de caça, sem, no entanto, ser uma área restrita às outras aldeias.
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Desenho: Damião de Araujo Braz Kaxinawá (Siã Dua Bake)
46 Desenho: Manuel de Jesus Monteiro Mariano (BusĂŞ)
NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
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Áreas de caçada
As áreas preferidas para caça são os barreiros. Na região da Aldeia Dezoito Praias, há cinco barreiros: o Mati Mawê, no igarapé Quinze; o barreiro da Raiz, no igarapé do Barreiro; o Kaxi Mawê, no igarapé do Tatu, o Barreirão (Mewe ewapa), no igarapé Oito; e o barreiro do Aguano, nas cabeceiras do igarapé Extrema. Na área utilizada pela Aldeia Caucho, há 18 barreiros, entre eles: Nuntuya Mewe, nas proximidades da aldeia; Tawa Tatxa Mewe, no igarapé do Café; Mixifi Mewe, no igarapé da Pedra e Pani Mewe e Anu Mewe, no igarapé do Tombo. Existem mais dois no meio e nas cabeceiras do igarapé da Lata, com o mesmo nome Pani Mewe; o barreiro do Horácio, no igarapé do Bodó; o barreiro do Luiz, no centro, entre o igarapé Tombo e o médio igarapé do Caucho; o Kewi Mewe, no igarapé Branco; o Bukũ Tatxa Mewe, no igarapé Caucho; o Mewe Isã, na cabeceira do igarapé Açaí; o Butũ Mewe, no igarapé Caucho; os barreiros Hepe Mewe, Pama tatxa, Mixri mewe, Kuti Mewe e Mewe Mexupá, todos próximo ao igarapé Marizeiro. Os barreiros utilizados preferencialmente pelos habitantes da Nova Aldeia são o Anu Mewe, nas proximidades da aldeia; o Kuti Mewe no igarapé do Caneco; os barreiros Shana Mewe e Hani Mewe, entre os igarapés Caneco e Atoleiro; o Seekeya, nas cabeceiras do Atoleiro; e o Mewe wã, no Pau Mulato. Na área da Aldeia Tamandaré, os principais são: barreiro Preto, na cabeceira do igarapé Tiriricazinho; barreiro do Salão, no igarapé Tamandaré; Carapanã, no centro, entre os igarapés Tiririca e Tamandaré; barreiro Tiririca, nas cabeceiras do igarapé Tiririca; barreiro Assacu, no centro, entre o igarapé da raiz e o igarapé Jiju; os barreiros Preto, Mata Mata e Bandeira, ao longo do igarapé Jiju; barreiro Capoeira, próximo ao igarapé da Capoeira; barreiro do Âmago, no igarapé Marizeiro; Tamandaré, no igarapé Tamandaré; barreiro da Capoeira, no centro, entre o igarapé Formigueiro e o igarapé Marizeiro; o barreiro da Raiz, entre os igarapés Formigueiro e Pau Mulato; e o barreiro da Guariba, nas cabeceiras do Pau Mulato. Seguindo-se o curso do igarapé Tamandaré em direção a suas cabeceiras, temos também os barreiros Paxiuba, Seco, Veado, Queixada, Taboca, Cumaru, Porquinho e Lama e, por fim, o barreiro Centro Grande, no igarapé Centro Grande.
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Acampamentos
Nas caçadas de longa duração, os caçadores utilizam antigas colocações de seringal, que viraram acampamento ou ponto de caçadas. É a partir destas colocações que se encaminham para os barreiros e piques de caçada. Atualmente, existem vários pontos de acampamentos ativos. Existe um acampamento de caça no igarapé Extrema e outro na cabeceira do igarapé Quinze, ambos bastante utilizados. Há também acampamentos próximos aos igarapés Branco, Esperança e Centro Grande. Na região utilizada pela população da Aldeia Caucho, há seis acampamentos de caça: o Caucho I e o Caucho II, no meio e na cabeceira do igarapé Caucho; um no igarapé Branco; um no igarapé Marizeiro; e os acampamentos do Centro Grande e Esperança, estes dois últimos utilizados por todas as aldeias.
Conhecimento do caçador
Existem vários métodos de caçada, um desses é o de rastejar (tanay bani), que consiste em seguir os rastros dos animais. Por esta técnica, o caçador segue os “rastros”, ou seja, o conjunto de pistas ou sinais deixados pelos animais, como pegadas, restos de alimentos e fezes, gravetos e matos quebrados etc. O bom rastejador deve também saber identificar e imitar os sons emitidos pelas caças, além de conhecer as estratégias utilizadas pelos animais para escapar à perseguição do caçador. É por essa técnica que animais importantes como a anta, as queixadas, os veados e os porquinhos são abatidos. Outra técnica utilizada é a “espera”, ou tocaia, que pode ser de dois tipos: a “espera de tocaia no chão” (Shobu manay) e a “espera no alto” (Tapu Manay), quando atamos uma rede em galhos de árvores e ficamos deitados esperando. Na caçada de espera (peiti manay), esperamos a caça nas fontes de alimentos – por exemplo, onde as frutas caem –, ou, ainda, nos barreiros (Mewe Manay). Existe também a caçada de ponto, ou a curso (ni kai), a mais comum, quando saímos procurando pelo animal até encontrá-lo.
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Animais caçados na terra indígena
Caças grandes:
porquinho (yawa hunu), presente em toda a terra indígena, principalmente nos baixos dos igarapés. Existem três tipos de porquinho caititu: yawa kuxi, yawa kuĩ, awa yawa Kuĩn; queixada (yawa kuîn), caçada nas terras altas, nos baixos e nos tabocais; a queixada é raramente encontrada na beira do igarapé Caucho; veado (txashu): que se caça nos lugares serrados; e gatos: gato-preto (inu mexupa) e gato-maracajá (bixi inu). Existem também as onças – onça-pintada (inu kaneya), onça-vermelha (txaxu inu) e onça-preta (inu mexupá) –, mas estas nós não caçamos.
Embiaras:
tatu-verdadeiro (yaix), encontrado nos centros, nas terras altas e baixos; tatu-china (kana yaix); tatu-de-rabo-chato (bearebu yaix), considerado o mais gostoso de comer; tatu-canastra (panu yaix), encontrado no centro; tatu-de-rabo-de-couro (pãku yaix); paca (anu), encontrada nos lugares cerrados; paca-do-rabo-pequeno ou pacarana (piti kama); paca-do-rabo-grande; cutia (mari), que pode ser de dois tipos – a cutia-rosa, que tem o espinhaço branco; e a cutia-preta, que é toda preta e se encontra na mata, na beira do igarapé e nos lugares cerrados; cutiara (txanas), presente nas terras altas e no cerrado; quati (xix); sagui-bigodeiro (xipi tixĩã); sagui-branco (shapu xipi), presente principalmente nas capoeiras; macaco-prego (nukuĩ); macaco-cairara (abu xinu); macaco-guariba/capelão (du), recorrente no cipoal; e macaco-preto (ixu).
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Bichos de pena
nambu-galinha (kumakuĩ); nambu-azul (kumawã); nambu-relógio ou pedrez (Senẽ), que raramente é visto; nambu-capote, parecido com galinha-d’angola; nambu-preta (Sẽkawã); sumurinda (nambuzinha) (xurí); juriti ou nambu-tipo-pombo (dei); juriti-vermelha (deí husĩ); macucau (bakã xua); jacamim (neá); jacu (kebu); papagaio (bawá); arara (shawã); tucano (shukê); curicão (tum); aranã (haná); saracura (taku); periquito (pitxu); marianita (txĩkey); maracanã (txaya); e caboré (pupu).
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Desenho: Francisco Ferreira de Souza Kaxinawรก (Maru)
NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Acordos comunitários para a atividade de caça
1)
Só é permitida a caçada a ponto. Mesmo os animais que forem encontradas perto do aceiro do roçado e nos caminhos. YUINAKA XARABU KAYA KESHA KEA BAI TSIBŨNÃ HIWE YABURÃ BAI KESHA INŨ BAI NÃMAKI MITUKINÃ.
2) É proibida a caçada com cachorro em toda a terra indígena. NA ESKATIÃ KAMÃ ANA KAMÃ MITUKINÃ NA MÃE MUTESHNÃ ANA SHUÃ ATIMAKI.
3) Não é permitido comercializar carne de caça. Deve-se caçar apenas para consumo próprio e sustento da família. HASKAWATIMA, YUINAKA NAMI MÃE NUKŨ NABU BETÃ HA KAYA MANAKÃWẼ NA MABU NU HAYA NA BESTI AKAMAKI HASKA INŨ, YUINAKARÃ BAKE ATIMAKI.
4) É proibido o uso de armadilhas. HASKAWATI MARIRÃ BIRŨ ATIMARI HASKA INŨ NIMERÃ BENA KATSIRÃ NŨ BINŨ AMAKI.
5) Não é permitida a construção de novos acampamentos de caçada. Deverão ser utilizados apenas os que já existem, inclusive aqueles construídos para vigilância/fiscalização da terra indígena. HASKA INŨ ANA USHAI KASHŨ PEÃ SHUBU ATIMAKI HANIPÃ BESARÃ HA HANU SHŨ BESTI NUKŨ MÃE METIRÃ.
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6) Deve-se preservar a floresta, onde estão localizados os barreiros e as frutíferas que servem de alimentos para as caças. HATIBU INŨ HATISHŨ SHANE TIBITŨ SHANE IBUÃ HATI XARABU YUINAKA NUKŨ MÃE ANU HAYA. SHANE IBUÃ XINÃTÃ AXĨÃBUKI ESKAWAKINÃ HASKATÃ HIWETIRÃ HATISKI.
7) As aldeias, por meio dos agentes agroflorestais e ambientais, definirão formas de monitoramento da fauna para identificar quais são as espécies mais e menos abundantes. Isso é importante para administrar a quantidade de animais que ainda existe na terra indígena. YUINAKA MEKETI PASHKU TIBI YUINAKA PIMIS BIMI XARABU INŨ, NA KŨTÃ, INŨ KUTI, SHEBŨ, PANI, BESTSA INŨ BESTSA XARABU.
8) Não é permitido caçar na área de refúgio por três anos. A área de refúgio está compreendida entre os seguintes limites: da cabeceira do igarapé Jiju até colocação Marizeiro, desta colocação até o acampamento do igarapé Branco e deste até o igarapé Extrema, encerrando-se no igarapé Assacu. Tal área equivale a aproximadamente três horas da margem do rio Muru. YUINAKA BENAKIRÃ HATISHÃ KAYA KESHANUÃ BISTẼ BENATIKI XINAITŨ HASKA YUINAKA XARABU BAI TSISUNÃ INŨ SHANE TXAIMA, KASMAI PASHKU NUXAYA DEBU KAINI UNU BEXURU IKAYANU HASKATÃ HANUSHŨ MITUMISBU HUSHAKĨ, PIYAYKUSHŨ HUSHUPA SHAWEIYA HATISHŨ BEPUA UNU HA PASHKU BETSA ANAYA HANU TXĨTŨTANI HABITŨ TAPĨ TANI DABE INŨ BESTI BARI BINUTÃ AKŨBAINAKI.
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
As pescarias Assim como as caças, também os peixes diminuíram muito. Entre as causas da escassez estão: as pressões do mercado de pescados de Tarauacá; o consumo intenso das aldeias e dos ribeirinhos; a sujeira no rio; o excesso de embarcações; e o cercamento do rio por malhadeiras.
Contudo, não podemos nunca deixar de pescar, seja em função de nossa tradição seja porque a carne de peixe é elemento importante de nossa alimentação. Nossas pescarias são realizadas cotidianamente no rio Muru, nos igarapés próximos às aldeias e também em pontos mais afastados. A atividade é desempenhada por homens, mulheres e crianças durante quase todo o ano, principalmente no verão, quando a qualidade e a disponibilidade de peixes aumentam. Se na cheia há o espalhamento dos peixes, dificultando o melhor aproveitamento da atividade, na seca, o nível da água abaixa e os peixes ficam “presos” nos poços e lagos. Além disso, as águas ficam menos turvas, permitindo a utilização das diferentes técnicas de pescaria. As pescarias são realizadas individual e coletivamente. A pesca individual é realizada cotidianamente, perto das aldeias e colocações, e tem como objetivo alimentar apenas a família do pescador, bem como seus parentes próximos. Por sua vez, as pescarias de longa duração são realizadas principalmente nos poços mais afastados, nos igarapés maiores, no interior da terra indígena.
Principais lugares de pesca
O principal local é o rio Muru e os igarapés Caucho, Quinze, Oito e Tamandaré. Nessas águas se formam os principais poços. Realizamos nossas pescarias também nos lagos, igapós e remansos. Utilizamos três lagos – sendo dois localizados fora dos limites atuais da terra indígena. O único lago que fica dentro dos limites da terra indígena é o lago Cerrado, próximo à Aldeia Dezoito Praias. Grande parte deste lago, como o nome já indica, é inapropriada para pesca. Apenas em uma pequena parte é possível praticar a pesca.
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Desenho: Maria Moreira de Araujo Kaxinawรก (Tximรก)
Desenho: Vaulino Lopes da Silva (Maru) 58
NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Como já mencionamos, os outros dois lagos estão fora dos limites, localizados perto da antiga Aldeia Transual. São os chamados lago Novo e o lago da Dedé, próximo à Aldeia Dezoito Praias. Este último está parcialmente cerrado. Quanto aos poços, utilizamos dezenas deles no rio Muru e em seus principais igarapés, tanto no interior quanto no entorno da terra indígena. Entre aqueles localizados no rio Muru, os principais são: Estirão do Caucho, Salão Alto, Euvânio, Volta e o Cachoeira. Estes poços são utilizados pela população das quatro aldeias. Os poços localizados nos igarapés Oito e Quinze são utilizados principalmente pela população da Aldeia Dezoito Praias. No igarapé Oito, são utilizados os seguintes poços: Piranha, Bico de Pato, Arraia, Puraquê. No igarapé Quinze e afluentes, são utilizados os seguintes poços: Mulateiro, Zé Lino, Peixeira, Boi, Raiz, Coco, Samaúma, Bodó, Mandim, Paca e Pedra. Os poços do igarapé Caucho e de seus afluentes são utilizados principalmente pela população das aldeias Caucho e Nova Aldeia. São eles: Café, Mandim, Barreiro, Lata, Capoeira, Pedra, Puraquê, Saraiva, Tucandeira, Veado, Apuí, Raiz, Barreirinho, Cobra, Quinze Dias, Isqueiro, Gameleira e Jacaré. Os poços do Tamandaré e seus afluentes são utilizados principalmente pela população das aldeias Tamandaré e Nova Aldeia. Estes poços foram assim nomeados: Embaúba, Grande, Relógio, Estirão, Jarina, Biná, Salão, Boca do Jiju, Jiju, Arraial, Capoeira, Ponte do Mulateiro, Pau Mulato, Represa e Empossado. Pescamos também nos igapós, que são utilizados principalmente no verão. Os igapós estão presentes tanto no interior da terra indígena quanto fora de seus limites. Os principais igapós são: do Francisco Henrique, da Prata, da Piranha e da Arraia. Fora da terra indígena, temos os igapós: do Puraquê, do Prata, do Açaí, da Sapota, da Traira, do barreiro do Caucho, do Patuá, do Tabocal, do Shipí (Caucho e Nova Ladeia) e do Transual. Existem, ainda, três remansos no rio Muru: do Buriti, do Quinze e do Caiana. De modo geral, as técnicas principais são a tarrafa e o anzol, fazendo uso de fachos de luz de lanternas, bem como o uso de malhadeira. Há também a pesca com tinguí (oaka ou pukamã), um dos mais importantes costumes Kaxinawá, mas que nos últimos anos foi moderado, em virtude da imposição de uma quota de uso para cada família. O verão é o período em que se pesca com maior intensidade nos poços dos rios e nos igarapés maiores, bem como nos lagos e igarapés da terra indígena. A água vai ficando limpa e podemos identificar os peixes que procuram estas áreas. No inverno, pesca-se com menor intensidade e utilizam-se, principalmente, linhadas com anzol e malhadeira.
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Açudes
Os açudes na terra indígena constituem lugares de pesca importantes. Com o crescimento da população e a pouca oferta de pescados nos rios que atravessam ou margeiam a terra, incluindo o rio Muru, a construção desses açudes se tornou uma solução para aumentar a oferta de peixes e manter a segurança alimentar da população. Estes açudes são barramentos de pequenos igarapés próximos às aldeias. Cada aldeia, exceto a Aldeia Dezoito Praias, conta com açudes construídos pelo governo do estado como uma das obrigações do Plano de Mitigação do asfaltamento da BR-364. Nestes locais, são criadas várias espécies, principalmente tambaqui, curipacu, piau e tabatinga. A produção dos açudes pertence às famílias responsáveis por ele e deve se destinar preferencialmente à alimentação da família. A venda do excedente dentro da comunidade ou mesmo em Tarauacá pode ser uma forma de fazer circular renda nas aldeias. Ainda precisamos de apoio para a manutenção e também para verificação da viabilidade econômica dos açudes. Para isso, necessitamos promover uma pesquisa de mercado visando identificar se há mercado consumidor em Tarauacá e região. Independentemente disso, já que os açudes são parte importante da nossa alimentação, precisamos formar técnicos em piscicultura para acompanhar seu uso racional, fazendo com que este uso seja viável a médio e longo prazos.
Principais espécies pescadas
As principais espécies pescadas na Terra Indígena são: jaú, capariri, surubim (sonho), jundiáde-barranco, peixe-lenha, bode-escova, bode-tarisca, cuiu-cuiu, piraptinga, pacu, mandim, curimatam, bagre, mocinha, braço-de-moça, cachorrão, piau, casca-grossa ou chorona, mumuru, puraquê ou peixe-elétrico, traíra, jiju, tamboata, bode-de-igapó, piaba-chata e piabinha.
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Acordos comunitários para a atividade de pesca
1)
É proibida a pesca com malhadeira nas bocas dos igarapés da terra. No igarapé Caucho, não é permitida a pesca com malhadeira desde a boca até a colocação do senhor Bacaba. Nos igarapés, é permitido usar a malhadeira apenas nos poços. HANU INŨ HAWẼ BITI MARÃ PASHKU TAHSUATŨ HISI MAWÃ PŨTE TIMAKI. PASHKU BĨKUĨXÃ NAMAKI TAHSUANUA UNU HANU PERI ISÃ ANIBU HIWE ANURÃ HISĨ PUTE YAMAKÃWẼ. NA PASHKU XARABU NAMAKIRÃ HISẼ MAWẼ PŨTEKINÃ NUA NU BESTI ATIKI.
2) Nos demais igarapés, é permitida a pesca de anzol, tarrafa, flecha e zagaia. BAKA BIKINÃ SHEAMATIWẼ INŨ HISĨWẼ PIA KUĨWẼ TXATXITI TXARA HATIBUWẼ ATIKI BAKABIKINÃ.
3) A pesca coletiva deve ser exclusiva para a época de brocar roçados e para as cerimônias culturais (festas, reuniões etc.). BAKA BIKINÃ YUBAKANATÃ ATIKI HANU MIMÃ KATSIRÃ ESKAKENÃ BAI SEPA TIÃ INŨ NAWE URUA KATXAKA NAWA KATXA INŨ ITXAEÃ HÃTXA KATSI BETSA.
4) É permitido pescar puikamã (tingui) somente nas pescarias coletivas e também nas áreas de caçada. PUI KAMÃKINÃ HABIATI HA SHANẼ HANUA HATU ITXAWASHŨ ATIKI. PUI KAMAKINÃ NIMERÃ BUXIABU BESEI ATIKI.
5) É proibido desmatar (brocar) as margens de lagos, rios, igarapés e nascentes. SEPAKINÃ IÃ KESHÃ INŨ, PASHKU KESHA ATIMAKI.
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6) Deve-se providenciar o reflorestamento nos arredores dos açudes que sirvam de alimentação para os peixes. MIBÃKINÃ IÃ KESHÃ INŨ KAYA KESHA PASHKU KESHA ATIKI HA BAKA PITI XARABURÃ.
7) O peixe criado no açude destina-se, primeiramente, à alimentação da comunidade. O recurso oriundo da comercialização de peixes dentro da própria terra servirá para a aquisição de novos alevinos e de ração inicial, de modo que não falte peixe para a sustentabilidade das famílias. HANURUKŨ TXITESHŨ BAKA INAWA ATIKI NUKŨ NABU BETÃ PITIRÃ BAKARÃ BISHŨ PITÃ ANA BITIKI PEWA KATSIRÃ.
8) É dever da comunidade cuidar para que os açudes permaneçam limpos e com peixes, bem como produzir a ração natural fazendo plantio de espécies frutíferas em seu redor. HA TXITE XARABURÃ KEKUXKĨ PEWATIKI.
9) Não é permitido nenhum tipo de pescaria no igarapé Assacú, definido como o igarapé de refúgio de nossa terra. HABIASKARI WAKINÃ NA PASHKU ANAYA NAMAKI HABIASKARI INŨ NA SHANE TURU BESTI YABI TURU INŨ BESTI MATXIA SHANŨ.
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Desenho: Cosmo de Araújo Braz Kaxinawá (Busê Dua Bakê)
Desenho: Francisco MĂĄdison de AraĂşjo Ferreira (Isaka Inubake) 64
NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
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Águas do Rio Envira (Bariya)
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Criação de animais
Em virtude da redução de áreas para caça e com a insuficiência da pesca para garantir a alimentação, a criação de animais tornou-se vital para nossa segurança alimentar. A terra possui pastos, ou campos – cerca de vinte pastos, distribuídos em toda a área –, “herdados” da época em que ela pertencia à fazenda Cinco Estrelas. Destes pastos, 12 são utilizados para a criação de aproximadamente 150 cabeças de gado, pertencentes às famílias das quatro aldeias. Nestes pastos, os bois são criados soltos e todos juntos. Cada dono cuida do seu pequeno rebanho, comprando sal e vacinas. Os animais são mortos apenas em datas especiais comemorativas ou, ainda, quando a família está necessitando de renda com urgência. Nesse sentido, o gado, hoje em dia, constitui uma espécie de poupança para as famílias. Além da criação de gado, existem as criações de terreiro ou quintal, onde são criados patos, galinhas, porcos e ovelhas. Para a criação de galinhas nas aldeias, existem galpões nos quais as aves são criadas antes de serem distribuídas. A maioria dos moradores possui criação, principalmente, de galinhas, resultante da aplicação de recursos de projetos do governo e do PDPI.
Desenho: Cleudon da Silva Manoel (Ninawá)
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Acordos para a criação de animais
1)
É proibido o desmatamento para plantar capim visando à criação de gado na terra. À medida que o gado for aumentando, o dono deve providenciar o abate para sua própria alimentação ou para vender aos parentes. ESKAKI ANA ESKATIÃ BASI BANA KATSI SEPATIMAKI HANU AWA ITXARIA MAKINÃ HA AWA IBUÃ BIKUBAĨKI KUXA KUBAINIKI.
2) A criação de gado é permitida exclusivamente aos criadores que já possuem pastos. HA ANA INAWAKINÃ NA HABUÃ MA INAYABU INŨ NA BASI BANA HAYABU BESTITŨ AKAKI.
3) Os proprietários de gado devem mantê-lo nos pastos, cercados e bem tratados, a fim de evitar doenças. Vacinar o gado é obrigação do dono. ESKATIKI, INA XARABUTŨ BASI PIMIS TSUMABAĨ KATSIRÃ NA HABU INAYA XARABUTŨNÃ KENE PEWATIKI NUKŨ NA BUBE UNÃNUMA HAWẼ IKAMA HIWE XARA KŨKAI KATSIRÃ HASKAKẼNÃ DAUWẼ TXATXIKĨ HENE TIMAKI.
4) A criação de porcos em mangueirão só é permitida a uma distância mínima de 100 metros de qualquer moradia. HASKA INŨ YAWA INAWA KATSIRÃ KENE KĨ MESHTIASHŨ ABAĨTIKI HATŨ YAWA INAWA NŨ IKAIRÃ HIWE TXAIMA AKAMA UATASHKA ATIKI KENE KINÃ MAWAIRA TXAIMA BERU BESTI INŨ TURU DABE TISHŨ TANAI INŨ ATIKI.
5) As criações de ovelhas devem ser evitadas na terra indígena. As criações que já existem devem ser mantidas em local adequado, de forma a não prejudicar os vizinhos e suas plantações, nem criar conflito entre os parentes. HASKA INŨ HA INAWARIATIMARÃ TXASHŨÃKI NUKŨ MAE ANU MA HAYAKI HASKAINŨ INAWAKATSIS IKINÃ TARI NATÃ KENE PEWASHŨ, AKAKI HASKAMARIÃ NUKU TXAIMA HIWE AB MIBÃ XARABU PITIRUKI.
6) Não é permitida a criação de animais da floresta – macaco, papagaio, periquitos etc – como animais domésticos. HASKA INŨ INAWAKINÃ YUINAKA NIMERÃNUA ATIMAKI XINU XARABU INŨ BAWA INŨ PITSU XARABU INŨ BETSA INŨ BETSA.
69
Roçados e sistemas agroflorestais Nossas aldeias são rodeadas por roçados, bananais, sistemas agroflorestais (SAFs) e capoeiras. Em relação ao tamanho da terra, estas áreas ocupam um grande espaço e, ainda hoje, avançam em direção à mata bruta e aos tabocais, onde já se percebem grandes roçados. Além dos roçados, bananais e SAFs, existem plantios de quintal (ou de terreiro) e o plantio de praia, no rio Muru. Os roçados são, geralmente, familiares, ou seja, atendem a uma única família; mas também há os coletivos, que atendem a várias famílias. O sistema utilizado no plantio é a tradicional “roça de toco”, que consiste na derrubada e queima da vegetação e no plantio consorciado, em que são plantadas diversas culturas de ciclo variável. Temos mais de 60 áreas de roçados diferentes, com tamanhos também distintos, seguindo uma relação entre tamanho da família e quantidade do que se consegue plantar e colher durante o ano. Estas áreas raramente são maiores do que 3 hectares. Somente a Aldeia Caucho possui em torno de 20 roçados, enquanto as outras possuem entre 12 e 15 roçados cada. As áreas de roçados são utilizadas por até dois anos seguidos, quando se transformam em capoeiras e ficam descansando parcialmente para serem reaproveitadas posteriormente.
Espécies plantadas nos roçados e SAFs
Nos roçados são plantados principalmente macaxeira (atsa), milho (sheki), abacaxi, (waka), arroz (nutu bati), cará (poá), batata doce (kari), yoxu, banana (mani), mamão (barã), algodão (shapu), jerimum, melancia (sheati barã), inhame (puá), mudubim (tama), manga (awa hubu) e pupunha (bani). Além dos roçados, existem as áreas dos bananais. Na terra indígena são cerca de 30, nos quais se plantam as seguintes variedades: banana-maçã, banana-comprida, banana-chifre-de-bode, bananaprata, banana-bahia, banana-tosquina, banana-baê ou baia, banana-roxa, banana-naja, banana-sapa, banana-comprida e banana-engana-menino (banana-maçã-da-casca-verde). Nos SAFs também se cultivam: ingá, pinha, jenipapo, laranja, tangerina, graviola, cupuaçu, coco-dapraia, jambo, goiaba, abacate, açaí-touceira, açaí-nativo, cacau, apuruí, amora, caju, mogno, andiroba, carambola, castanheira, cacau, cacauí, limão, cerejeira, patoá, bacaba, buriti, carambola, fruta-pão, maracujá, jaca, lima, ata nativa, abiu, cupuaçu, castanha-do-Pará, biriba e araçá-boi.
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
No quintal, dá-se preferência às frutas e hortaliças como cebola, pimentão, couve, chicória, pimenta, coentro, coco-de-praia, biribá, graviola, manga, jambo, limão, lima, tangerina, abacate, laranja, cupuaçu, caju, açaí-nativo, bacaba, cipó (huni), buriti, apuruí, dendê, pupunha, limão, tangerina, jenipapo, ingá, ata, castanhola, palheira (jaci), jatobá e jambo branco. Nas praias do rio Muru, utilizadas a partir do início do verão, são cultivadas espécies como melancia, feijão, jirimum, maxixe, mudubim (amendoim), milho e feijão de vagem.
Desenho: Ivaneide de Araujo Bonaparte Kaxinawá (Maxi Banu Bakê)
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Acordos comunitários para roçados e SAFs
1)
Não é permitido fazer roçados nas margens de igarapés e rios. Apenas nos casos em que as capoeiras não estiverem mais em condições de receber roçados é que poderá ser utilizada a mata bruta. Cada família pode brocar apenas um hectare de mata bruta (de acordo com suas possibilidades). NI BAI SEPAKINÃ HANI ANA NAWE ATIMA ATIKI MI NAWE WANIMARÃ MĨ NAWE WANIMARÃ MĨ NAWE YARÃ PERAKAKI. NA HATIBU AĨYARÃ SEPAKINÃ NAWE ATIKE NIMEKEKINÃ INŨ MIBÃ TANÃ TAURUTIKE PIKĨ PEWA KASTIRÃ.
2) As famílias terão o acompanhamento e orientação dos agentes agroflorestais de cada aldeia na escolha do local preferencial para a broca de roçados. YURA IKI HUNI NI IBU BETA ATIKI HANU SEPAKINÃ PASKU KEWAIS ATIMAKI KAYA INŨ PASKURÃ.
3) Deve-se manter uma distância mínima de 50 metros da beira dos igarapés e de outras fontes de água para instalação dos roçados. BAI WAKINÃ TAEWAKINÃ HA MEKE BESTI YABI TURU BARI BERU METU TANAUA ATIKI OASHKU KESHARÃ.
4) Deve-se incentivar a criação de SAFs familiares e fazer melhorias nos já existentes, priorizando as espécies nativas. HASKAWASHŨ, ABAINAKĨ BANAKĨ INŨ INAWAKINÃ BAI WASHUNÃ BANAKĨ URUKI HABIA MIBÃ XARABU BETSA BETSAPA ABAĨTIKI BANAKINÃ.
5) Os produtos do SAF e dos roçados são destinados prioritariamente para alimentação da família, assistência às criações e como fonte de renda para as famílias beneficiadas. DAI NÃKATSIRÃ NA NUKŨ MIBÃ XARABU BAI NAKIA MIBÃ XARABU NŨ PIMIS YUMEBU PITI INŨ HASKA INŨ DAINÃNATI NAWABURÃ.
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
6) Os agentes agroflorestais são os técnicos capacitados para orientar no que concerne às plantações e aos cuidados especiais. NA HUNI NI IBURÃ BETSA BEYA HÃTXATIKI HASKAWA BAĨ KATSI SHANE TIBI HIWABU HATU YUIKATSIRÃ BAKÃNÃ.
7) Deve-se promover a realização de viagens de intercâmbio e visitas a outras terras indígenas visando buscar sementes tradicionais que não existam na nossa comunidade e trocar experiências sobre as atividades desenvolvidas. MENITÃ DAYATÃ SHANE TIBI INŨ MAE BETSA KASHU HESHE XARABU NU BANUNI BITIKI.
8) Recomenda-se providenciar o plantio de cipó (huni) mais próximo da aldeia, tendo em vista sua utilização nos rituais. BANAKINÃ NUKŨ MAE TXAIMA ATIKI NIXI PAE AIYAKATSI NUKŨ BETSABUBETÃ HUNI SHEA MISKI.
Desenho: Evandro de Araujo Bonaparte Kaxinawá (Maná Dua Bakê)
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Frutas da floresta O extrativismo florestal também é uma das fontes de alimento para o povo do Caucho. Possuímos uma grande variedade de plantas de uso frequente espalhadas por nossa floresta. A atividade não ocorre de maneira estanque, mas dentro do conjunto das outras atividades produtivas, dependendo da disponibilidade sazonal dos recursos. Os integrantes de cada aldeia têm seu local de extração, que geralmente coincide com os lugares em que ocorrem as caçadas e pescarias. Os moradores da Aldeia Dezoito Praias realizam o extrativismo principalmente nos igarapés Quinze e no igarapé do Caucho. Os moradores da Aldeia Caucho realizam o extrativismo ao longo do igarapé Caucho e em alguns de seus afluentes. Por sua vez, a população das aldeias Nova Aldeia e Tamandaré utilizam as áreas próximas ao igarapé Tamandaré. Entre as frutas silvestres disponíveis em nossa área, destacam-se: jacaratiá (baki); cajá (sheshu); biorana (ye); pama (pama); cajuzinho (shuma); inharé (bashowa); genipapo (nane); manixi (shawa); pitomba (pesa); caxinguba ou gameleira (shubẽ); cajarana (sheshu); goiababraba (araçá); jatobá (hikumã); graviola-braba (maxã); pitiá (yawa hubu); maracujá-da-mata (burũtã); cacau (txashu deshã); cacauí (nubĩ); ingá (shenã); ata (ata), cocão (kutawã); patoá (isã); açaí (pana isa); bacaba (peri isa); buriti (hepe); marajá (xini); pupunha (banĩ); e jaci (kuti).
Acordos de uso das frutas da floresta
1)
A coleta de frutas nativas deve ser realizada sem que as árvores sejam derrubadas. HASKA INŨ NA BIMIXARABŨ NŨ SHEA MISRÃ ANA DERA TIMAKI SHEA KATSIS IKINÃ INASHŨ ATIKI, NA YUINAKA PITI INŨ NA NŨ PIMISKI.
2) O açaí da terra indígena é de uso exclusivo da comunidade. HASKAXARÃ PANA ISÃNÃ BAWABE DAINANÃ TIMAKI.
3) As ervas medicinais não devem ser derrubadas, queimadas ou destruídas. A derrubada destas espécies só será permitida em caso de extrema necessidade, com o conhecimento do pajé e mediante autorização em comum acordo da comunidade. HASKA MEKEKĨNÃ, HI PEPA XARABU ABIRÃNAKI HARIRI TAPĨKĨNÃ NŨ HIWEA XINATÃ ATIKI.
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Desenho: Valdemilton Mateus (Si達 Dua Bake)
Mantendo os recursos da floresta
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Madeiras e palheiras
A ocupação da margem do rio Muru fez com que a terra ficasse praticamente dividida em duas partes. A faixa próxima ao rio Muru, onde estão instaladas as aldeias e os roçados, caracteriza-se por ser uma zona composta por dezenas de roçados e capoeiras, novas e antigas, além dos antigos desmatamentos da época dos “paulistas”, que hoje servem de campo aberto para pastoreio do gado dos moradores das aldeias. Nessa região sobrevivem poucos espaços de tabocal e poucas matas brutas.
Por sua vez, a área mais distante do rio possui vários tipos de floresta e precisa ser protegida, pois tais florestas fazem parte de nosso patrimônio. Espécies de árvores, arbustos, palmeiras e gramíneas ainda existem em relativa abundância, com a presença de variedades importantes que compõem as possibilidades de extração florestal. Nesses locais, ainda existem árvores de grande porte, como manixi, copaíba, violeta, maúba, aguano, cedro, jacareúba, iburana, aku, cumaru, jitó, lacre, mutamba, entre outras. Nessas matas também ocorrem palmeiras e palheiras, como jarina, açaí e bacaba, paxiubinha, patoá, buriti, pupunha, entre outras. Também nessa região, encontram-se madeiras roliças (ou brancas), as palheiras, as frutas silvestres e outros recursos florestais. Esses recursos florestais, além de servirem para alimentação, também são utilizados para fins diversos, tais como: construção de casas e edificações comunitárias; fonte de combustível (lenha); remédio; ou, ainda, na fabricação de instrumentos de trabalho – cestos para transporte de caças e paneiros para carregar os legumes dos roçados – e na confecção de artesanato, adornos e enfeites.
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A mata bruta está localizada em uma faixa que segue o igarapé do Tombo em direção ao igarapé Tamandaré, atravessando area do médio curso do igarapé Tiririca. Chamada também de “mata limpa”, ou “mata alta”, quando estão em áreas elevadas, esse tipo de vegetação tem disponibilidade farta de caça. Sob essa vegetação, perambulam as caças grandes, tais como veado, porquinho e queixada, que se alimentam de frutos de espécies presentes nessa vegetação (pama, castanhola, manixi, jaracatiá, piquiá, e diversas palmeiras, como uricuri, jarina e jaci). O tabocal (paka txaka) também abriga muitos animais que para lá vão em busca de alimentos como manixi, coco, pama, inharé e jaracatiá. Esses tabocais são lugares onde a locomoção é difícil, e, geralmente, o caçador tem que se arrastar para atravessá-lo. É um tipo de vegetação que atrai as embiaras para perto, como a arara, o quati, a maracanã e a curica, que comem sementes incidentes nessa vegetação. Existem, ainda, pequenas manchas de capoeira com bambuzal (nawe paka xaka). Nessa vegetação, existe muita imbaúba, paspaku, malva e ingá. Ali também os animais gostam de comer suas frutas, principalmente soim, jarapuã e japó. Essa região é a mais rica em kawá e ervas medicinais. Algumas faixas de restinga, locais ricos em palheiras e madeiras de lei, também remanescem na terra indígena. Esse é um lugar considerado de refúgio dos macacos. É considerada uma mata limpa, sem espinhos, onde o caçador pode se locomover com facilidade, e onde se encontra muita madeira de lei, como bálsamo, cumaru, manixi, pau-d’arco, maçaranduba, jatobá, mogno, cedro e cerejeira.
Há locais específicos destinados a cada aldeia para que sejam desenvolvidas as atividades de coleta e extrativismo. Cada uma tem seu lugar, podendo, no entanto, retirar produtos de outras áreas com autorização das lideranças locais. Os moradores da Aldeia Dezoito Praias extraem palhas dos igarapés Quinze e Caucho. Os moradores da Aldeia Caucho executam o extrativismo ao longo do igarapé Caucho e de alguns de seus afluentes. Por sua vez, a população das aldeias Nova Aldeia e Tamandaré utilizam as matas próximas ao igarapé Tamandaré.
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Desenho: Francisco AlcidĂŠsio Ferreira de Souza (MarĂş)
Desenho: Lucimar Lopes da Silva (Kupi)
Madeiras de lei e usos
Entre as madeiras de lei disponíveis na área da terra indígena, temos: aguano (ixtinãtê) e o cedro (kusha), usados para assoalho e paredes das casas; miratoá (barikumã), com que se faz o barrote e toco de casa; amarelinho (txunu), utilizado para assoalho e vigamento; cumaru (kumã), transformado em carvão, toco e linha e, por ser resistente à água, também é empregado na fabricação de canoas; e maúba (kaynẽ bushti), com a qual é feita a maior parte das casas do Caucho. Na fabricação de canoas são utilizadas também outras variedades: intaúba (yunu), usada como toco nas casas e canoas; maçaranduba (Bẽpũ kew), ideal para vigamento, toco e canoa; angelim (shatapawã), que serve para assoalho; imburana (aku), usada para fazer móveis e esculturas; e pau-d’arco (nixu), que serve para toco de casa, cerca e barrote – esta é uma espécie ainda abundante nas proximidades das aldeias, pois é pouco extraída; bálsamo (buni), que serve para canoa, vigamento e toco; mulateiro (ashu), que serve para tábua de assoalho, parede e pino; gitó (yupapawã), que serve para tábua e vigamento; marfin (txuwi), que serve para vigamento e toco; quari-quara (Bẽpũ), que serve para barrote e estaca – essa só tem longe e é difícil cortar; copaíba (buxix), bastante abundante na área, serve de tábua para assoalho, óleo, remédio, semente para colar; andiroba, que é mais escassa na terra indígena; louro-chumbo (hipisí), que serve para chão, barrote, esteio, estaca – hoje só se encontra longe e com dificuldade, com exceção do baixo perto da Aldeia Caucho; jacareuba (bêpu), que serve para canoa e vigamento; tatajuba (himushayá), que serve para toco e estaca, e cuja seiva cura dor de dente; guariuba (piw), que serve para canoa, barrote de casa e esteio; pau-garrote (hishukuya), que se utiliza em vigamentos de casas; e gramixó (nishu), que serve para canoa e vigamento de casa.
Madeiras brancas e usos
Quanto às madeiras brancas mais coletadas, encontramos: orelha de burro, que serve para vigamento, tábua e pino; cuuba (tawa), que serve para tábua e parede; bidongo (hetũkuya), usada para vigamento; corriboque (isũ dewe), também usada para vigamentos; mutamba (sheshe), utilizada como tábua e parede; marupá (beshu), que serve como tábua de parede e forro de casa; anani (nanewã), usada para vigamento e toco; assacu (ana), para tábua de canoa; limãozinho (himushayá), para parede de casa; frejós (pabu), para parede, assoalho e esteio; pau-garapa (tawa hi), para vigamento e toco da casa; samaúma (shunu), para fazer parede e forro; para vigamento de casa e tábua; vassorinha (nea berubẽ), para linha de casa; envireira (tene), para linha da casa; envira ferro (shay pawã), para linha e caibro; caferana (nea berubẽ), para linha e caibro, dependendo de sua expessura; pau-pereira (tunu), para linha; cunduru (kuru shay), para toco, linha e assoalho; mulateiro (ashu), para tábua, parede e pino; murici (yapa), para lenha, pino, linha; e mata-mata (niwã), para toco, estaca, lenha.
80
Desenho: Mardilce de Araujo Pereira (Si達)
Palmeiras e palheiras e usos
Temos entre palheiras e palmeiras: paxiuba (tawa), utilizada para assoalho e parede, mas que atualmente só é encontrada longe das aldeias; paxiubinha (nistê), usada para parede e assoalho; murmurú (pani), utilizada para esteio, cestaria e colar – é uma espécie abundante nas proximidades das aldeias; jarina (heoe kuy), bastante utilizada para artesanato, capote de casa, tocaias, paneiros para carregar produtos dos roçados e das caçadas; cocão (kutawã), utilizado para fazer artesanatos, principalmente anel; açaí (pana isa), palha para prensar massa, assoalho de casa; bacaba (peri isa), linha e esteio para as casas; uricuri (shebu), para cobrir a casa ou fazer artesanato com a semente; buriti (hepe), usada para enfeites das festas e de onde se tira corda para acochar tabaco; marajá (xini), usada para confecção de flechas, carregar cartucho e fazer bucha; pupunha (banĩ), para fazer arco e flecha; tucum (bani mawã); paxiubarana (peri nexti), usada para se fazer linha; e jaci (kuti), que serve também de palha para cobertura e de cuja semente se fazem colares.
Desenho: Manuel de Jesus Monteiro Mariano (Busê)
82
NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Acordos de uso dos produtos da floresta
1)
É proibido serrar qualquer madeira de metade com não indígenas dentro da terra. HASKAWASHŨ MEKE KATSIRÃ, HI PEPE NUKŨ MAE MERÃNUA UMA SHUÃ BITI MAE KITI TUAS ASKŨ HATŨ MANI KATSIRÃ.
2) Deve-se evitar serrar madeiras novas. Deve-se dar preferência por serrar as madeiras mais velhas e mais grossas. HASKA INŨ HINISAKATSI IKIRÃ HI EWAPA INŨ HI EWA ATIKI.
3) É permitido serrar madeira somente quando for ser utilizada na construção de residências e outros bens de interesse coletivo – barcos, casa de farinha, paiol, pontes nos igarapés e igapós –, e mediante o conhecimento do agente agroflorestal. HI SAPAWAKINÃ, HIWE WAKATSI, SHASHU WAKATSI BETSA XARABU SHUKUTÃ DAYATI NUKŨ MIMÃXARABU NI IBU INŨ HUNI YUSINÃ INŨ, HUNI DAU MENI DAUYA SHUIBU HANUA HÃTXTI ATIKI.
4) Não é permitido derrubar madeira de lei para fazer carvão. Nesse caso, deve-se aproveitar as árvores que estão no chão, derrubadas pelo vento ou em função do roçado. Deve-se cuidar para que a madeira não se deteriore sem que seja utilizada. HASKAYA HAWA DERATIMAKI HI PEPA TXIXTE IWANÃNÃ.
5) Deve-se aproveitar as madeiras de lei extraídas nos trabalhos de broca e derrubadas pelo vento sempre que houver necessidade. NI KAYA SEPASHUNÃ HARI PEPA XARABURÃ BIKĨ KEYU TIKI.
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Desenho: Manuel de Jesus Monteiro Mariano (BusĂŞ)
84
NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
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Nossas águas
A terra indígena possui dezenas de igarapés, alguns poucos lagos e cerca de uma dezena de igapós. Somos inteiramente dependentes dessas águas, que utilizamos para as mais variadas tarefas.
O rio principal da terra é o rio Muru (Hene Basya), em cuja margem direita mora praticamente toda a população. O rio é também a via de acesso principal dos habitantes para as cidades, para outras terras indígenas e também para os igarapés no interior da própria área. Por ele, nos deslocamos e nos abastecemos com gêneros alimentícios e industriais, combustível e outros bens e serviços necessários. Os dois igarapés mais importantes são o Caucho (Pasku Biã), que dá nome à terra indígena, e o Tamandaré (Baka Kamãiã), que deságua no Muru e é o limite a montante da terra indígena. O primeiro corta a terra em sua parte central de ponta a ponta; o segundo, configura-se como o limite natural da terra indígena. Grande parte dos outros igarapés desemboca nesses três cursos de água. No Muru, deságuam os seguintes igarapés: i) Quinze (Yapayá), que tem como afluentes o Açacú (Ipuya), onde deságuam os igarapés Côco (Kũĩaya) e Tatu (Yax-ya); ii) Jacaré (Kapeya); iii) Barreiro (Meweya); iv) Oito (Meshkuya); v) Tombo (Kekã), um grande igarapé que tem como afluente o Café (Mabesh Muka), que, por sua vez recebe o Canela de Velho (Tapuya); vi) Lata, que tem como afluentes o Caneco (Hene Txishuma), o Atoleiro (Seukuya), o do Bodó (Ypuya) e o Jabuti (Shaweya); vii) Pavão (Sereya), que tem como afluente o Açaí (Panã içã); e viii) Branco (Sawaya), que tem como afluente o Onça (Ynuya). Outros tributários do Caucho menos extensos são os igarapés Barreiro; Queixada (Yawa Kuiyã); Açacú (Ana Tatxaya) e Tapera (Titxush-ia); e Marcolino (Mashasha).
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Quanto ao Tamandaré (Kamãyã), seus principais afluentes da margem direita que pertencem à terra indígena são: i) Tiririca (Sikumĩs), que tem como afluente o Tiririquinha (Bake sikumĩs); ii) Raiz (Tapuyá); iii) Jiju (Nuxaya), que tem como afluente o Capoeira (Nawe Mashuya); iv) Marizeiro (Mariya), que tem como afluentes o Pranchão (Tapuya), o Formigueiro (Unãya), o Atoleiro (Seukeya) e o Barreirão (Mawewã); v) Pau Mulato (Ixãpixa), que tem como afluente o Formigueiro (Unãya); vii) Tamandarezinho, que fica no limite da terra indígena e tem como afluente o Finado Raimundo (Nawaya); viii) Jacaré (Kapeya); ix) Fundo (Nua); x) Centro Grande (Bãe Txeipa); xi) Areia (Maxiya); xii) Cumaru (Kumãya); e xiii) Cará (Mãyá). No interior da terra indígena, existe também um conjunto de igarapés cujas cabeceiras estão localizadas dentro dos limites, mas possuem sua foz localizada fora destes mesmos limites. São eles: i) Quinze; ii) Oito (Meshkuya), que tem como afluente o Queixada (Yawa Kũĩa); iii) Siri (Shãtxuya); iv) Extrema (Maxia), cujos afluentes são o Ponte Quebrada (Tapu Tekeya) e o Empossado (Titeya); v) Jacu (Kebuya), sem afluentes; vi) Sapota (Istibiã), também sem afluentes; vii) Onça (Inuya); viii) Macacos (Xinuya); ix) Esperança (Xinãyã); x) Nambu (Kumaya); e xi) Cavaleiro (Sheya).
Acordos de uso para proteção de nossas águas
1)
É proibido jogar qualquer tipo de lixo nos rios e nos igarapés da terra indígena, tais como lata de conserva, vidro, plástico, restos de animais etc. ANA ŨPASH NŨ DETSIS NŨ AKAMAKI KAYARÃ NŨ DETSIS WAMAKI, HA ŨPASHRÃ HAWẼ TARI PATSATI INŨ HAWẼ PITI WATIKI HASKAKẼ MEKETIKI HENE TXAKA URẼAMA NAMI BUNÃ TI URẼAMA, HAMAPAI TXAPU URẼAMA BETSA.
2) Deve-se manter uma distância mínima de 50 metros de quaisquer nascentes, rio ou igarapés para a construção de fossas e banheiros. HASKA KUXIPA HASKAKẼ ŨPASH TXAIMA HASKAYA MEKẼ BESTI YABI TURU BINUTÃ ATIKI PASHKU KESHARÃ.
3) Deve-se evitar desperdiçar água dos banheiros comunitários. ANA HENE TXAKABU ATIMA HABIATI KEYU NUKŨ NABUYA NŨ NAXIMIS.
4) Não é permitido fazer roçado nas margens de igarapés e rios. NI BAI SEPAKINÃ HANI ANA NAWE ATIMA ATIKI MI NAWE WANIMARÃ MĨ NAWE WANIMARÃ MĨ NAWE YARÃ PERAKAKI.
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Desenho: Evandro de Araujo Bonaparte Kaxinawรก (Manรก Dua Bake)
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Vigiando a terra
A proteção dos limites da terra indígena é uma questão prioritária. Atualmente estes limites estão sendo ameaçados com desmatamentos no entorno próximo e invasões diversas, causando muitos impactos ambientais e ameaçando principalmente nossas fontes de alimentação. Estas ameaças estão identificadas, cabendo a nós e ao poder público a fiscalização e o controle delas.
Os desmatamentos vêm ocorrendo em áreas cada vez mais próximas dos limites norte da terra, a partir do projeto de assentamento rural vizinho. A maior parte dos desmatamentos são para se fazer campos e pastagens para o gado e para as plantações de roçados dos assentados rurais e estão localizados próximo à área do igarapé Extrema. Quanto às invasões de caçadores profissionais, estas são provenientes principalmente dos assentamentos rurais próximos e, em menor número, dos moradores de fazendas e provenientes da cidade de Tarauacá. Eles entram na área por diversos locais, mas principalmente pelos igarapés Extrema e Quinze. Os caçadores de Tarauacá usam o ramal Oito, antigamente conhecido como a “estrada da madeira”. O igarapé Esperança é também outra rota utilizada pelos moradores dos assentamentos. Na extremidade sul da terra indígena, ocorrem invasões de caçadores por todo o limite. Eles atravessam os igarapés Tamandaré e Tamandarezinho com cachorros e colocam armadilhas para realizar suas caçadas. Essas invasões são realizadas principalmente por moradores do assentamento rural localizado na outra margem do rio Muru.
95
Nestas invasões, os caçadores percorrem toda a margem direita do Tamandaré e acampam nas colocações de moradores espalhados ao longo de sua margem esquerda. Dessas antigas colocações, invadem a área na altura dos igarapés Jiju e Tombo. Caçam também por toda a região do igarapé Marizeiro e seus afluentes. Geralmente são caçadas que dura um dia, porém, nas caçadas de longa duração, costumam construir acampamentos. Já foram identificados três locais onde há acampamentos de invasores: um na cabeceira do Assacu e outros dois nas cabeceiras do igarapé Extrema. Outra grave ameaça à nossa integridade física está relacionada à atividade de pesca. Invasões de pescadores e o fechamento da boca do rio Muru por malhadeiras estão diminuindo drasticamente a oferta de peixes na nossa área. Os pescadores que invadem os rios e igarapés da área utilizam as mesmas colocações da margem direita do Tamandaré que são usadas pelos caçadores profissionais. De lá, adentram os igarapés Jiju, Pau Mulato, Marizeiro e o próprio Tamandaré. Quanto às redes atravessadas, estas são postas geralmente na foz do rio Muru e próximo à foz do igarapé Quinze por pescadores profissionais de Tarauacá, onde fazem arrastões e, com isso, impedem que os peixes subam e cheguem até os igarapés da terra indígena.
Desenho: Janis de Araujo (Mãku Inu Bake)
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Ações para proteção do território
1) Para que seja permitida a entrada de pessoas estranhas na terra indígena, é necessário, primeiramente, que elas mantenham contato com a Funai, a APAHC e as lideranças, visando obter autorização. Por meio de documentação específica, os interessados deverão justificar seus objetivos. HASKAKẼ IRUKATSIRÃ YURA NUKŨ UĨMA NA NUKŨ MAE WANUIKA MABU ÃNU IKAIBUNÃ ESKAWABU KŨTIKI UNU HANUA SHUSHATIÃNU UĨ MISMEKAĨ YUKAKĨ, FUNAI UĨMIS MEKAĨ YUKAKĨ HA MAE ANUA SHANẼIBU, UĨMISMEKAĨ. HASKAWASHŨ HA HAŨ NISA PEI HANU KAĨNI XARABU HASKAWASHŨ HAWATANŨ IKA HUIMEKAĨ HASKAWATÃ IKAKI.
2) A reabertura dos limites (aviventação) da terra indígena deve contar com o devido apoio técnico e financeiro. As lideranças e associação devem se mobilizar para obter esse apoio. HABUÃ NUKŨ MERABEWAI HABIASKARIKI NUKŨ MABU PEWASHŨKĨ MAE PAKEA TIBI KENETI.
3) A comunidade deverá buscar apoio financeiro para o projeto “Marcos Vivos”, que consiste no plantio de espécies marcantes nas picadas dos limites da terra indígena. HANU AKUBAĨ TIKI KENE PEKEANU NITXĨ KUBAĨ KINA.
4) A APAHC solicitará da FUNAI novas placas, que serão colocadas nos pontos da terra indígena onde atualmente ocorrem a maioria das invasões. HABUÃ NUKU MERABEWAI, IKA BETSA XARABUKI ÎKA NAWA FUNAI INÛ HABUÃ NUKÛ MABU MENU IKAYA YUITI XARAWAKINÃ.
5) A fiscalização e vigilância em torno da terra será feita duas vezes ao ano, devendo ser parte permanente do planejamento comunitário. HASKAWASHÛ MAE KAISKÎ PE XARAMEKAÎ BARI MESHTI IKAINU DABEKI XINÃTÃ NUKÛ NABU UÎNITIKI.
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Desenho: Francisco Alcidésio Ferreira de Souza (Marú)
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Mapa de invasões e ameaças
Caçadores profissionais da cidade de Tarauacá e da BR-364 utilizam essa estrada do DERACRE para invadir as matas dos fundos da T.I. Ig. do Caucho.
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Acampamento invasor: "Na fiscalização acharam invasor e levaram para o IBAMA de Tarauacá." Caçam principalmente: queixada, porquinho, e veado e caçam com cachorro.
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Assentamento do INCRA
Área invadida para caça. A maioria dos invasores são da cidade e outros são do Corcovado. A fiscalização ocorre em março e agosto.
asão de funcionários da fazenda para caçar.
Invasão: sabe-se que vem pela BR. acu
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No final de julho de 2006 foi encontrado um caçador da BR-364 invadindo as matas do Ig. Branco, afluente do Ig. Caucho, para caçar ilegalmente na Terra Indígena. "Lá é nosso mercado, sempre vamos caçar por lá." (José Nertau Sabino, AIS/18 Praias).
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Em maio de 2006, foi encontrado um caçador branco invadindo esse ponto da T.I. Ig. do Caucho. Matou um veado.
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Área que ficou fora xta o Pi inh na época da demarcação. m ã r éz K a n da . P ma a .T Ig Acampamento de caçada
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A questão dos limites “Para nós, hoje melhorou muito, porque, no tempo do patrão, não tínhamos a liberdade de botar roçado grande, como hoje nós botamos. Não tinha a liberdade de pescar. E a gente pagava renda pelas estradas de seringa. Hoje em dia, a gente não faz mais isso. Mas, antigamente, tinha liberdade para morar em qualquer lugar. Hoje estamos aqui, sem poder sair a não ser para outra terra” (Chico Henrique Kaxinawá, 75 anos, morador da Aldeia Dezoito Praias). “Primeiro de tudo, quando você se casa, você pode morar num quarto quando você aumenta sua família. Nesse sentido, naquela época, tinha umas cem pessoas. Hoje tem 700. A nossa terra já é muito insuficiente para a área produtiva e até para suas moradias. E a terra foi demarcada de forma errada. Quando se faz uma coisa errada, temos o direito de fazer uma reavaliação. A nossa terra foi assim. Na época, a gente orientou e mostrou as áreas. É aqui o lago que os parentes pescam nele. É aqui ilha que o parente tira açaí, e tem o bastante. Desse lado, tem uma terra grande, e aqui ao lado, tem um cemitério onde está plantada minha avó, meu tio. Essas áreas ficaram fora da demarcação e por isso que a gente quer rever os limites” (Francisco Tavares, professor da Aldeia Caucho).
Nossa principal demanda é a revisão dos limites da terra indígena. Devido à identificação e demarcação terem sido feitas sem o acompanhamento de pessoas que conheciam a área, e até mesmo por falta de experiência na época, quando mal conhecíamos nossos direitos e as obrigações do órgão indigenista. Não pensamos no futuro e ficamos sem boa parte do território necessário para nossa reprodução física e cultural. A forma como foi realizada a demarcação dos limites da terra não levou em conta as nossas informações. Na época, denunciamos o erro, mas, mesmo assim, o processo foi avante, e o governo reconheceu como terra indígena apenas parte do nosso território.
102
NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
A própria demarcação contribuiu para a explosão e atual distribuição espacial, concentrada ao longo do rio Muru. Com a quebra dos vínculos com os patrões seringalistas, a criação de uma cooperativa que administrava projetos intermediados pela Comissão Pró-Índio - CPI/Acre junto com o Comitê de Oxford de Combate à Fome (Oxford Committee for Famine Relief – OXFAM), as famílias que moravam em colocações distantes da beira do rio Muru retornaram; aquelas que moravam na periferia de Tarauacá também retornaram. Soma-se a este movimento interno, um processo migratório que teve seu auge no início da década de 1990, quando diversas famílias Kaxinawá oriundas dos seringais dos rios Envira, Tarauacá, Jordão e Humaitá vieram morar na terra. Do médio rio Tarauacá, especialmente do seringal Universo, também vieram outras famílias. A diminuição de despesas para se chegar à cidade, a necessidade de uso do sistema de saúde e de educação, e também a necessidade de escoamento de alguma produção de banana, farinha ou outros produtos, eram os principais argumentos que os novos moradores usavam para se estabelecerem. Hoje somos a segunda menor terra indígena e a que tem a maior população em relação ao tamanho da área; portanto, necessitamos urgentemente de solução para essa questão. Quando a terra foi demarcada em 1986, éramos apenas 85 pessoas habitando o lugar. Hoje somamos cerca de 700 hunikuin.
Área reivindicada
Temos necessidade urgente de rever os limites da terra indígena, pois, só assim, garantiremos condições mínimas de sobrevivência física e cultural para as futuras gerações. Com o objetivo de incorporar aos limites atuais as áreas que ficaram de fora no processo de demarcação, reivindicamos estender o limite jusante da terra indígena até o igarapé Oito, onde ainda hoje moram famílias hunikuin. A montante, na parte sul, reivindicamos que o limite se estenda até o igarapé Conceição, onde também existe ocupação tradicional permanente. HASKA HIWE KAĨ KATSI NŨ HÃTXAI MA HASKA XARABU HAYA HANUKAĨ NA NŨ HAYAMA XARABU IKŨKAĨNAMA MA AKAWASKĨ UĨTÃ WATAHSKA ANA MESHTE, KATSI HA PASHKU MEKE BESTI INŨ DEBE INŨ BESTI TASUATŨ UNU HA NAWA BASI BANANI MEKẼ BESTI BIXI NA ESKATIÃ NUKŨ NABU HUNIKUĨ HIWEANU HAURI ITÃ YUSMA NA PASHKU ĨKA YUSHÃ KUXIPA, NA ESKATIÃ NUKŨ YURANAKI. MERABEWAKĨ PEKAYAWATÃ KASHŨ HUTXI KUXIPA NUKŨ TSUMA SHŨKẼ XINÃ PEKAYAWATÃ MABU XARABU TXITŨ MISBU HABŨÃ NUKŨ DABEWA HUSHUPABU NA TUASH XARABU HABUBE KETASH SHAMETA HASKAWATÃ HA NUKŨ FUNAI TAEWABAINA ANA NUKŨ MAE MESHTE NÃKÃWÃ. 103
Desenho: Francisco Nadison de Araujo (Ix達)
104
NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
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Cuidando da saúde e educação
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Nossa saúde
A saúde da população do Caucho é dependente de duas medicinas inter-relacionadas: a medicina não indígena, oferecida pelo sistema público de saúde; e a medicina tradicional, oferecida por nossos pajés, parteiras e especialistas em remédios da floresta.
O sistema público de saúde indígena é oferecido atualmente pelo PoloBase de Tarauacá, vinculado à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). É bastante precário. Hoje, por exemplo, não temos postos de saúde nas aldeias, e os agentes indígenas de saúde são treinados para realizar apenas os atendimentos básicos. Esses agentes têm várias obrigações, entre as quais, acompanhamento de gestantes, primeiros socorros, prevenção de doenças e acompanhamento da vacinação. No entanto, faltam-lhes condições mínimas de trabalho, como a disponibilidade de remédios e materiais básicos de primeiros socorros, bem como uma necessária formação continuada. Além dos agentes indígenas de saúde, temos também o agente indígena de saneamento, responsável pelo fornecimento de água saudável para a população, pelo sistema de esgotos sanitários, pelos banheiros comunitários presentes em cada uma de nossas aldeias e pela coleta e remoção do lixo de nossa terra, questão essa muito importante e que se tornou uma prioridade nos últimos anos. Quanto ao sistema de saúde tradicional, este é preferencialmente utilizado para conter ou prevenir as enfermidades mais comuns. Consiste no tratamento de doenças com sopros, rezas ou com uso de folhas e ervas. Nas aldeias, temos curadores especialistas em plantas medicinais, pajés, parteiras. Sua utilização varia conforme a enfermidade. As doenças que podemos ver e tocar podem ser curadas pelos especialistas em plantas medicinais. As doenças que sentimos, mas que não podemos ver, geralmente só podem ser tratadas pelos pajés. Outra especialidade bastante utilizada, reconhecida e respeitada na comunidade são as parteiras, que acompanham as mulheres por todo o período em que estão grávidas. Atualmente, a maioria das mulheres dão a luz em Tarauacá, porém, o pré-natal é realizado principalmente na própria aldeia, por estas profissionais, que utilizam técnicas tradicionais associadas ao uso de ervas e rezas.
109
Ações relativas à saúde
1)
O agente indígena de saúde (AIS) e o agente indígena de saneamento básico (Aisan) são os responsáveis pela saúde preventiva nas aldeias na questão ambiental e humana. HASKAWASHŨ TAPĨ MATI HUNI DAU MENI INŨ HATŨ ŨPASH DAYAI MENI HATŨ YUKAKĨ HÃTSAĨS NISHŨ HATU MENIWAKĨ HATU YUSIKĨ HASKAWATÃ UNÃNUMA HIWETI.
2) A medicina tradicional e os medicamentos naturais devem ser valorizados pelos AIS, que devem estimular seu uso nas aldeias. As parteiras e os pajés devem ser consultados nos programas de saúde. HASKA INŨ NUKŨ SHUPU XARABUMENITÃ TAPĨ NUKŨ NABU IPAUNIBU UNŨ NA ĨKA MESTẼ IPAUNIBU YUKA ISHŨ TAPIKĨ NA IKA YUSHÃ HATŨ BAKE DATXUMIS INŨ NA NAIBAIXARABU HABUÃ ABAI KAINIKIKI SHUSHATIBU MAE BAĨ KINA.
3) É dever do Aisan distribuir regularmente o hipoclorito de sódio para cada família, que deverá ser usado na água a fim de garantir água potável para todas as famílias das aldeias. HUNI DAU MENI HABUÃ NUKŨYUSĨ BAINA HASKAWATI PEKAKŨ BAĨKĨ NA HAWE PASHU PEPA NA SHANẼ TIBI.
4) É dever dos AIS e Aisan manter as famílias informadas acerca de higiene e sobre as doenças que podem decorrer do contato com animais domésticos e outros: cachorros, gatos, porcos, ovelhas, macacos etc. MENITÃ TAPIÃ TEWE IKAIBU SHUSHAWA KATSI HÃTXAI HASKA DAYA KAYA KATSI NUIKAMA INA XARABU KIRI UĨYÃ HIWEAKI KAMÃ INAWAKIRI HIWE INŨ INAWA KATSIRÃ UĨ KAYA BAĨ AKAKI.
5) As lideranças e APAHC devem reivindicar a participação efetiva no planejamento e nas decisões que serão tomadas relacionadas à saúde indígena. MẼTSIS KAKĨ HATU MEBIKĨ HÃTXAIBU SHANẼ IBU HASKA BU SHANẼ IBU HASKA DAYA KAĨTI NĨKAKĨ TAPĨKĨ HATU NAXUI ISNŨ ABAI TIKI NUKŨ NAKIRI SHUSHAWAKINÃ.
110
NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
6) É dever da comunidade fortalecer os conselhos locais de saúde e escolher pessoas adequadas para representá-la em defesa da política de saúde. A comunidade deve acompanhar os trabalhos dos conselhos locais. BEPEKĨ SHABAWAKĨU KUXIPAWAKINÃ HATU HIWESHŨ TAPĨMAKĨ NAMAKAĨ YASNŨ HABUÃ YUSITI KATUA KEKEKI HASKAWASHU NUKŨ NABU IKŨ KAYA MEKAĨ HATU YUSIYAI SHANE TIBI HIWEA IKARAKA TANI KIKI.
7) Todas as aldeias devem providenciar a construção de um viveiro de ervas medicinais tradicionais (“farmácia viva”). HANUSHŨ HESHE XARABU BANAKATSI PESHE YUNŨ BANATIKI SHUPU KAKAXAWATI XARABU DAU YUXIBU HIWEA BANATI.
Desenho: Damião de Araujo Kaxinawá (Isã Inu Bake)
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Acordos para o tratamento do lixo
1)
Deve ser providenciada a colocação e manutenção nas aldeias de placas informativas sobre a proibição de jogar lixo no chão. ESKAWANÃKAWE, KENESHŨ HATU YUIKĨ TXAKA HASKAWATIMA UNÃNUMAS TXAKA URÃKĨ AKAMA SHABAKA HIWE NÃKÃWÃ.
2) Cada família deve adquirir sacos de lixo para acondicionar o lixo não orgânico que produzir, depositando-o em lugar adequado, distante da residência, de onde será posteriormente transportado para o município. HAKI TXAKA NANETI BISHŨ HATU INATA HA SHANẼ TIBI TXAKA ITXAWATÃ UNU MAEWÃ NU HATU BUMAKI.
3) Cada família deve construir caixas de lixo, separando-o em orgânico e inorgânico. NA SHANẼ TIBI HIWEABŨ HANU TXAKA ATI TXAKA NANETI TSAŨ KUBAĨ NAKI KASHŨ BITI XARAWA KĨNÃ. HA HIWE TIBI HIWEWABŨ HA TXAKA TXAPU ISMARÃ KATUTIKI.
4) Cada aldeia deve construir um lugar apropriado para a decomposição do lixo orgânico produzido pela comunidade, principalmente aquele que servirá de adubo para adubar as plantações. ESKAWASHŨ UNU HANUS TXAKA MATXĨ NA HIWE WABŨ PEWA KINÃ NUMAEWÃ NUA NŨ TXAKA BITÃMIS ATI ATIKI.
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Desenho: Francisco Alcidésio Ferreira de Souza (Marú)
Demandas da saúde:
1)
formação do técnico de enfermagem, enfermeiro, médico e odontólogo;
2) formação de agentes de saúde mulheres, uma para cada aldeia, para cuidar especificamente da saúde da mulher; 3) promoção de cursos de formação para conselheiros, visando inserirmo-nos nas atividades de planejamento; 4) implantação e melhoria dos sistemas de saneamento básico nas aldeias, levando em consideração as condições socioambientais próprias em cada aldeia; 5) reforma no sistema de abastecimento de água nas aldeias: Nova Aldeia, Tamandaré, Dezoito Praias e Caucho, acompanhado de banheiro interno; 6) construção de espaços físicos com estrutura adequada ao atendimento quando a equipe de saúde estiver na comunidade. Por exemplo: para realização de exames de rotina como o de prevenção contra o câncer do colo do útero (PCCU), para atendimento odontológico e consultas entre outros; 7) aquisição de quatro barcos de alumínio com motor de 13 hp, à gasolina, já com o respectivo combustível (um para cada aldeia).
114
Desenho: Maria Moreira de Araujo (TximĂĄ)
Desenho: Vaulino Lopes da Silva (MarĂş)
Desenho: Damião de Araujo Braz Kaxinawá (Siã Inu Bake)
NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Nossa escola
A escola é um importante instrumento para nosso projeto de futuro e já se consolidou como um dos principais mecanismos de fortalecimento cultural. A reprodução de nossa tradição está atrelada ao seu desempenho. A escola que temos, Escola Estadual Indígena Estirão do Caucho, localizada na Aldeia Caucho, é uma escola formal com modelo diferenciado e que proporciona uma educação bilíngue. Ela é uma ponte para que a população indígena possa dialogar diretamente com a sociedade nacional e, ao mesmo tempo, conservar nossa língua e nossas tradições. Nela estamos tentando implantar, levando em conta as obrigações formais que temos com a Secretaria de Educaçao do Acre, um programa que possa dar continuidade às formas culturais indígenas sem, no entanto, descartar o conhecimento da sociedade envolvente. Possuímos atualmente 14 professores para atender a um total de 220 alunos, sendo que 23 alunos estão na Tuin Kaxinawá, extensão escolar localizada na Aldeia Tamandaré. Temos turmas desde o primeiro ciclo até o ensino médio. Contamos com uma equipe de apoio, um conselho escolar e uma coordenação pedagógica indígena. O sistema da educação que temos hoje é voltado para a educação diferenciada. Nosso objetivo maior é que as crianças futuramente sejam todas falantes de nossa própria língua. Nós temos esse desafio: ter uma educação de qualidade, voltada para habilitar as crianças no que se refere aos conhecimentos tradicionais e à cultura do povo Hunikuin e, simultaneamente, que proporcione a ponte para que possamos entender o complicado mundo que nos cerca. Nesse contexto, o trabalho escolar é comunitário, sendo papel de todos acompanhar e incentivar os professores, os alunos e pais de alunos para que ajudem a construir essa educação diferenciada.
117
Demandas da educação:
1) ampliação e reforma da escola Estadual Indígena Estirão do Caucho, visando a implementação de infraestrutura física e administrativa adequada: ar condicionado, laboratório de informática, bebedouro, ventilador, freezer, auditório, televisão, data show, quadra de esporte, copiadora e quadro magnético; XIMÃ BIRÃ SHŨ HASKAWATI HASKAKĨ DAYAKĨ UĨ BIRANUÃ HATŨ NUKŨ UĨKĨ DAYA MAI SHUKU ATIBI HATI SHŨBUYUSINÃ YUSITI ĨKA HATŨ NUKU MAE TSUMASHUNÃ IKA DAKAKẼ DAYA KATSI XINATÃ HARI YUSĨKĨ TAPĨ MABIRAKĨ NUKŨ UMA SHUBU NUSHIX.
2) formação inicial e continuada de professores indígenas em nível médio e superior. Contratação de prestação de serviços de manutenção nos equipamentos em funcionamento nas escolas, bem como aquisição de materiais necessários para a prestação desses serviços; SHUKUA HIWESHŨ HARIRI NŨ XINAĨ YUSINÃ XARABU HABUÃ MEHSTI NUKŨ MIMA MERA MEHSTI ASHŨ.
3) apoio para a formação dos alunos que estão cursando o ensino médio/superior nas diversas áreas: agrônomo, engenheiro florestal, informática, advogado, piscicultura, avicultura, técnico em eletrônica e eletricista; YUSINÃNÃ XINÃ TAPĨ BAINIKIKI HASKAWA ASHŨ YUSINÃNÃ KATSIRÃ HASKA INŨ TAEWASHŨNÃ MENETIKI MĨ XINÃ TAPĨKĨNUÃ.
4) conclusão do processo de formação de professores indígenas em nível superior nas diferentes áreas de habilitação para o ensino nas escolas; MERABENÃKĨ XINÃ SHABAWASHŨ YUSINÃ TAPĨ KEYUKĨ DABE URIUĨKĨ HATXAKĨ Ẽ NAYA.
118
NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
5) ampliação do número de jovens nos diferentes cursos de formação indígena em nível superior; MERABENÃKĨ ANA XINÃ TXAIPA WAKĨ HANU BŨKUS XINÃ MENI TANI HASKAWASHŨ YUSĨ BAĨTI SHEKEYA KUKIRÃNI NUKŨ NAKIRI TXANA YUSINÃ HABUUÃ KENE UĨ XÃĨ NAPŨ AMAKĨ. 6) acesso de professores indígenas de nível superior aos programas de pósgraduação. HATIBU HABU MẼTSISIPA DAYAI UĨ TAPĨ BIRÃKANI NŨ HABIASKARI XINÃTÃDAYATI HABU YUSINÃ XARABUKI. 7) apoio à elaboração e publicação de material didático diferenciado para as escolas Estirão do Caucho e Tuĩ Kaxinawá; KASHŨ BIKĨ MA TSUMA PEWAKĨ DAUWE DAYATI XARABU NUKŨ MIMA INŨ NUKŨ BEYAWATI UNA SHUBU BĨ KUĨYÃ NAMAKIA. 8) contratação de professores para ministrar disciplinas que estejam em falta nas escolas e realização de encontros, reuniões e seminários com vistas ao aperfeiçoamento dos professores. BEWE IKI MABU XARABU YUSINÃBU HAWẼ DAYATI HASKAWASHŨ DABI DABĨ ITA YUSINABU MENIBU NA SHANẼNUA.
Desenho: Evandro de Araujo Bonaparte Kaxinawá (Maná Dua Bakê)
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Convivência
1)
Os membros da comunidade devem participar coletivamente das datas comemorativas, como o aniversário da terra indígena, eventos culturais e demais encontros realizados nas aldeias. NŨ HABUÃ, DAYA TSUMA NA MAE NAMAKIA HABUÃ DAYA TSUMA NA MAE NAMAKIA HABUÃ DAYA TSUMA HATŨ YUI HŨBAĨTI NUKU BEYA XARABU HANU BARI MESHTI AKI HANU NUKŨ MAE NŨ MESHTENI XINÃTÃ NUKŨ MAE NŨ MESHTENI XINATÃ NUKŨ BEYA NŨ MUNŨKŨBIRÃMIS NA SHANẼ NUA.
2) É proibido o consumo e a comercialização de bebidas alcoólicas nas aldeias, tanto pelas famílias como, principalmente, pelos aposentados, funcionários e aqueles que exercem cargo dentro da comunidade. Caso essas pessoas sejam flagradas desrespeitando essa regra, a comunidade e seu representante legal tomarão as providências cabíveis. HASKATIMA INŨ HASKAWATIMA DAINÃNÃKATSI ĨKA MABESH NUKŨ MAE NAMAKI BEPAKE TIMA HASKAKI.
3) A saída de família ou indivíduo da comunidade para morar em outro lugar deve ser informada e justificada para a comunidade, esclarecendo-se o objetivo de sua saída. Não havendo a devida justificação, o indivíduo ou família que deixar a terra indígena perde o direito de apoio quando e se quiser retornar. HASKA KAINI MAE BETSA MAE KATSI NŨ HABUYA HIWEMIS ITXAWASHŨ HASKAI MĨKAI YUIKĨ ABAINI KATIKI, HASKAWAMA HATU TAPĨ MAKI AKAMA MĨ KASHURÃ, ANA MĨ TXITŨ TIRU MAKI HASKA BESTIKI.
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Desenho: Franceilson Batista Kaxinawรก
Medidas de sustentabilidade da gestĂŁo
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Para implantar o Plano de Gestão, é necessário integrar nossas estruturas políticas e administrativas, representadas especialmente pela APAHC, por nossas lideranças e organizações. Precisamos também garantir o apoio efetivo dos parceiros governamentais, da sociedade civil e do movimento índigena. É nesse contexto que apresentamos as medidas necessárias para dar sustentabilidade ao plano, com ênfase nas ações de acompanhamento e divulgação. Também apresentamos demandas de formação para gestão, de melhoria na infraestrutura da aldeias e de alternativas de geração de renda.
Desenho: Evandro de Araujo Bonaparte Kaxinawá (Maná Dua Bakê)
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Acompanhamento, atualização e divulgação
O cacique geral, as lideranças de aldeia, a APAHC, os agentes agroflorestais e demais membros serão responsáveis pelo monitoramento das ações do Plano de Gestão da terra indígena. Os representantes realizarão reuniões/trabalhos de avaliação das ações do Plano de Gestão anualmente, sempre no final de cada ano. A APAHC fica responsável por convocar a reunião anual dos representantes. SHANẼ IBU TATXA INŨ NA SHANẼ TIBI HABUÃ HATU DAYA MEI HAWẼ DAYA KATSI SHUKUKAĨ, NI IBU INŨ HABUÃ TSUMA BAĨ TI UĨ PEWATÃ DAYAI. HASKA KŨKAĨ KATSI XINÃ PEWA SHŨ ITXA HÃTXATÃ MENIBUMEKUĨ HASKA NUKŨ SHUKUA DAXATI BARI NAMA KAĨYÃ TIBI.
Este Plano de Gestão da Terra Indígena Kaxinawá do Igarapé do Caucho será revisado/atualizado dentro de três anos. NA NUKŨ DAXA MI MEKEKATSI KATŨBIRÃ TANAKĨ HASKA XARABU DABE INŨ BESTI BARIKI AKUBAINA.
Deverá ser providenciado apoio técnico e financeiro no que se fizer necessário para a revisão do plano da Terra Indígena Kaxinawá do Igarapé do Caucho, a se realizar de três em três anos. HABUÃ NUKU MERABEWAI, IKA BETSA XARABUKI ĨKA NAWA FUNAI INŨ HABUÃ NUKŨ MABU MENU IKAYA YUITI XARAWAKINÃ.
Dever-se-á dar continuidade ao processo de formação e garantir a atuação profissional de agentes ambientais no desenvolvimento das ações propostas neste plano. HASKAWASHŨ MAE KAISKĨ PE XARAMEKAĨ BARI MESHTI IKAINU DABEKI XINÃTÃ NUKŨ NABU UĨNITIKI.
Este plano deve ser divulgado por meio de palestras e programas de rádio, bem como nas escolas, entre os vizinhos em torno da terra indígena etc., a fim de que todos estejam informados acerca das ações que estão sendo implantadas na terra indígena, principalmente aquelas relacionadas à preservação do meio ambiente – rios e igarapés, fauna e flora, entre outros. HASKAWASHŨ, HATŨ YUIKĨ MANE HÃTXATI TATXA NUSHŨ NUKŨ NABU MAE ANUA TAPĨ MAKĨ HASKA YARABU HUIKIKI IWANÃNÃ HASKAYA ESKATIANÃ UĨRAKAWÃ NA NUKŨ KAYANU INŨ NUKŨ PASKU XARABU MEKEKĨ TXAKA URẼAMA PEWAKUBAĨNAKI HIWEWAI PE KATSIRÃ.
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Desenho: Francisco Alcidésio Ferreira de Souza (Marú)
Desenho: Manuel de Jesus Monteiro Mariano (Busê Dua Bakê)
Apoio para geração de renda
iniciar e/ou concluir a construção de mais 14 açudes na terra indígena; buscar apoio financeiro para melhorar a área em que funciona a criação de jabutis; construir casas de farinha nas aldeias para as famílias interessadas; adquirir barco motorizado para o transporte e escoamento da produção agrícola; construir mercado para a comercialização de peixe na comunidade; elaborar projeto de manejo florestal com ênfase nas espécies madeireiras (plantio para uso); realizar levantamento das espécies não madeireiras com viabilidade comercial – borracha, óleos, essências, espécies medicinais etc.; criar condições para a confecção e comercialização de artesanato pelas famílias interessadas; realizar estudo de viabilidade econômica dos produtos agroextrativistas da terra indígena; realizar eventos na terra visando à valorização das técnicas e dos conhecimentos tradicionais relacionadas à produção de alimentos, de utensílios, bem como à extração de produtos agroflorestais; promover, por meio de assitência técnica, a conservação e a revitalização do plantio de sementes e mudas tradicionais; e aquisição de veículos para o escoamento da produção na época do verão.
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
Melhorias na infraestrutura
apoiar a aquisição de meios de transporte de produção sustentável; pavimentar o ramal que liga o município até a Aldeia Tamandaré; viabilizar recursos financeiros para a garantia do funcionamento da APAHC; construir as pontes sobre os igarapés do Caucho e Quinze, as quais dão acesso às aldeias e ao município; construir pousada para receber técnicos, enfermeiros e pesquisadores que constantemente visitam a terra; construir quatro Kupixawas, sendo um em cada aldeia; implantar telefones públicos nas aldeias Dezoito Praias, Nova Aldeia e Tamandaré; implantar internet nas aldeias; construir escada na Nova Aldeia e reformar a escada da Aldeia Caucho.
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Formação para gestão
propiciar mecanismos de formação inicial e continuada de profissionais em áreas específicas, em nível médio e superior (produção, pesca e extrativismo); formar profissionais para a área administrativa – administração financeira e cooperativismo – para auxiliar a diretoria do conselho escolar e da APAHC; formar profissionais capacitados para o monitoramento territorial e ambiental da terra indígena, com ênfase em tecnologias atuais (GPS, vídeo, CD, DVD, filmagem, computação, georreferenciamento etc.). Em cada aldeia, deverá haver uma pessoa devidamente habilitada para usar estas tecnologias; capacitar profissionais indígenas na elaboração, execução, monitoramento e avaliação de projetos produtivos sustentáveis; promover a capacitação de moradores para o beneficiamento e a comercialização de produtos das plantas nativas e cultivadas; promover a capacitação de técnicos para desenvolver criatórios de animais tanto para alimentação quanto para povoamento da fauna nativa; capacitar moradores na preparação de mudas e na conservação de espécies vegetais; e formar e treinar pesquisadores e técnicos indígenas para acompanhar projetos em andamento de criação de peixe e de aves.
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Desenho: Valdemilton Mateus (Si達 Dua Bake)
LISTA DE PARTICIPANTES DAS DISCUSSÕES E DECISÕES DO PLANO DE GESTÃO
Lucibete Carlos Ferreira, Jaqueline da Silva Batista, Maria Elleni, Valdenira da Silva Batista, Maria Betania, Francisca da Silva Batista, Luiz Gaudino, Maria Creuza Sabino, Antonio Sereno Sabino, Francisco Carlos da Silva, Maria Andréia Mateus Tavares, Maria Zeneide Mateus Tavares, Gildo Inu Bake, Manoel de Jesus Paulino Kaxinawá, Adelino Galdino Kaxinawá, José Nertan Sabino Hunikuĩ, Francisco das Chagas Carlos Brandão, José Paulino Kaxinawá, Gilberto Carlos Ferreira, Valquimar da Silva Batista, Edison Paulino, Antonio Peres Sabino Kaxinawá, Raimundo Ferreira, Carlos Roberto Brandão, Eldo Paulino, Kuĩ Dua Bake, Lucileia Brandão, Maria Socorro Mateus, Francisco Célio Frota Rocha, Francisco Nadsos de Araújo Ferreira, Luzivaldo de Araújo Peraira, Francisco Assis de Araújo, Cleudon da Silva Manoel, Antonio Vanderli de Lima, Francisco Alcidesio Ferreira, Sebastião Lima da Silva, Valdir Peres Vieira, Ednaldo de Araújo Pereura, Fernando de Araújo Bonaparte, Orlando Peres, Manoel Luiz, Raumindo Lima da Silva, Josias de Araújo Braz Kaxinawá, José Alcinir Quiritino Andrade, Cosmo de Araújo Braz, Francisco da Silva Manoel, Maria Alice, Antonio Lima da Silva, Valeria de Souza Araújo, Eronilda da Silva Manoel, Manoel Bonaparte, Francisco Marcelo Borges Bilo, Francisco Gescildo Alves Arsênio, Maurivam Kaxinawá Baltazar, Antonio Rivelino, Manoel Correa do Carmo, Francisco Evilazio de Amorim Arsênio, Francisco das Chagas de Souza Bonaparte, José Ponildo Arsênio Alves, Auricelio Mateus Kaxinawá, Antonio Renildo Kaxinawá Pereira, Antonio Auricélio Bilo, Alcelina Maria de Lima, Francisco de Souza Bonaparte, Vadenilson Paulino, Maria Márcia da Silva Baltazar, José Alcemir Lopes Frota, Raimundo Nonato da Silva, Ilson Mariano Kaxinawá, Francinete da Silva Kaxinawá, Maria de Jesus Silva Araújo, Francinei Lopes Frota, Antonio Oliveira, Francisco Onizo, Edineis Batista, Maria da Conceição Frota, Raimundo Nonato de Souza, Manoel Jocivaldo, José Francisco Souza Silva, Almir Frota da Silva, Ivanilde de Souza Solva, Janete Aparecida Kaxinawá, Franceilson Batista, Ivone de Souza Silva, Antonio Osmar Baltazar, Evandro de Araujo Bonaparte, Francisco das Chagas Kaxinawá, Maria de Jesus Barbosa, Raimundo Batista, Luzivaldo de Araújo Pereira, Jones de Araújo, Valziner Moreira de Araújo, Valmir Moreira de Araújo, Armando de Araújo Pereira, Paulo Ferreira, Maria Valdirene, Valcilon dos Santos Ferreira, Francisco Ferreira da Silva, Valquirio Francisco Moreira de Araujo, Nivaldo Moreira de Araújo, Manoel da Silva Botosa, Valmar Francisco Moreira de Araújo, Manoel Ferreira de Souza, Paulo Francisco Ferreira, Claudionei Bernardo da Silva, Amilton de Araujo Pereira, Pedro monteiro Mariano, Marineide de Araújo Bonaparte, Maria Socorro de Araújo, Francisco Madison de Araújo Ferreira, Francisco de Assis Monteiro, Mardilce de Araújo Pereira, Francisco José Augustinho, Francisca Antônia de Lima Ferreira, Francisco das Chagas Reinaldo Pereira Kaxinawá, Fernando de Araújo Bonaparte, Rosivania de Araújo Pereira, Edileudo da Silva Batista, Valdemilton Mateus, Marciana Marques de Amorim, Eliana da Silva Batista, Antonio Sereno Sabino, Gilson Monteiro Mariano, Ylson Monteiro Mariano, Raimundo Nonato de Lima Araújo e Ambesmar Pereira Pires.
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NUKŨ MAE, NŨ HIWEA NOSSA TERRA, NOSSO FUTURO
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GIZ NO BRASIL, POVOS INDÍGENAS, POLÍTICAS INDÍGENAS E INDIGENISTAS.
Esta publicação visa disseminar experiências de planos e projetos de gestão em Terras Indígenas e teve apoio da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH). A GIZ apóia desde o início da década de 1990 as ações do Governo Brasileiro e dos povos indígenas voltadas à demarcação, proteção e gestão sustentável das Terras Indígenas na Amazônia Legal. Projetos de cooperação técnica, como o Projeto Integrado de Proteção às Populações e Terras Indígenas da Amazônia Legal (PPTAL) e os Projetos Demonstrativos dos Povos Indígenas (PDPI), foram desenvolvidos em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), inserindo-se no contexto maior da Cooperação Brasil-Alemanha para a Proteção e Gestão Sustentável das Florestas Tropicais. Neste contexto, a cooperação promove a participação indígena e o desenvolvimento de capacidades para a construção e implementação de políticas públicas voltadas à proteção dos direitos dos povos indígenas e à gestão sustentável de suas terras. Com este enfoque desenvolvem-se metodologias e instrumentos para estratégias da proteção e gestão.
Secretaria de Estado do Meio Ambiente
Assessoria Especial de Assuntos IndĂgenas