PROJETO CACHOEIRA
INFORMAÇÕES DE REFERÊNCIA
SÉRIE ÁGUA, CLIMA E FLORESTA VOLUME II
INFORMAÇÕES DE REFERÊNCIA
EXPEDIENTE The Nature Conservancy (TNC) SRTVS, Qd.701, Conj.D, Bl.B, Sala 246, Edifício Brasília Design Center Brasília DF – CEP: 70340-907 nature.org/brasil Diretor regional da TNC para a América Latina Joe Keenan Diretor da TNC para o Programa de Conservação da Mata Atlântica e das Savanas Centrais (AFCS) João Campari Gerente de Agricultura e Áreas Protegidas do AFCS Henrique Garcia dos Santos Gerente de Serviços Ambientais do AFCS Fernando Veiga Gerente de Marketing do Brasil Alexander Rose Especialista de Marketing do AFCS Marli Santos Equipe técnica da TNC Anita Diederichsen (Cientista Senior) Aurélio Padovezi (Coordenador de Restauração Ecológica) Revisão Alessandro Mendes (Azimute Comunicação) Foto da capa Reinaldo Lourival Edição de Imagens Ana Flávia Andrade (Estagiária de Marketing TNC) Ribamar Fonseca (Supernova Design) Projeto Gráfico e editoração eletrônica Mayra Fernandes (Supernova Design) Iniciativa TNC Prefeitura de Piracaia Sabesp Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo Apoio Fundação Dow
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) I43 Informações de Referência: Levantamento e avaliação de informações de referência para o Projeto ‘Restauração de 350 hectares do entorno do reservatório do Rio Cachoeira’- Piracicaba- SP/ Alexandre de Almeida e Renato A. Ferreira de Lima.- Brasília, DF: The Nature Conservancy do Brasil, 2011. 108 p.-(Série Água, Clima e Floresta, Projeto Cachoeirav. II-1a edição) 1. Mata Atlântica 2. Levamento de informações de referência 3. Restauração Ecológica CDD –
PROJETO CACHOEIRA
INFORMAÇÕES DE REFERÊNCIA Levantamento e avaliação de informações de referência para o projeto ‘Restauração de 350 hectares do entorno do Reservatório do Rio Cachoeira – Piracaia – SP’ ORGANIZADOR Aurélio Padovezi AUTORES Alexandre de Almeida Renato A. Ferreira de Lima COLABORADORES Andrea Garafulic Aguirre Ariane Bortolotte Antonio Marcos Machado de Paula EDITOR The Nature Conservancy do Brasil
SÉRIE ÁGUA, CLIMA E FLORESTA VOLUME II – 1ª EDIÇÃO
BRASÍLIA – DF 2011
informações de referência . série água, clima e floresta . v. II
apresentação Prezados leitores,
A
série Água, Clima e Floresta foi elaborada com muita dedicação da equipe técnica da The Nature Conservancy (TNC), parceiros e consultores, unidos em prol de um objetivo em comum: contribuir para a conservação do meio ambiente e o sucesso na execução de projetos ambientais. Suas publicações visam expor, de forma didática, técnicas, métodos procedimentos e idéias acumuladas pela vasta experiência da TNC em projetos de campo, para que a conservação se torne um tema cada vez mais importante no Brasil e no mundo. Esse segundo volume tem por objetivo apresentar informações de referencia de fragmentos florestais do entorno do projeto antes do inicio dos trabalhos de restauração. Essas informações de referencia servem de parâmetro para avaliar se estamos conseguindo recuperar a biodiversidade local pelas atividades de restauração implantadas na área. Esperamos que esse estudo repasse o conhecimento adquirido para outras iniciativas do gênero. O programa de conservação da Mata Atlântica e Savanas Centrais agradece a todos que colaboraram com a elaboração desse valioso registro. Boa leitura!
João Campari Diretor do Programa de conservação da Mata Atlântica e Savanas Centrais
John Maier
10
14
prefácio
introdução
18
metodologia
32
64
resultados
recomendações para a restauração
76
82
considerações finais
referências bibliográficas
86 anexos
sumรกrio
prefรกcio
informações de referência . série água, clima e floresta . v. II
O
objetivo deste estudo foi levantar informações de referência sobre vegetação, flora, avifauna e hábitats para subsidiar o planejamento e o monitoramento da restauração florestal de uma área de 350 hectares nas margens da Represa do rio Cachoeira, Piracaia, SP. Sugere-se que essas informações sejam utilizadas como base comparativa ao longo do monitoramento das áreas restauradas, visando avaliar a efetividade da restauração.
Foram selecionados fragmentos florestais com diferentes tamanhos e estados de conservação (fragmentos pouco e muito degradados), nos quais foram levantadas a composição florística e a fitossociologia de espécies arbustivo-arbóreas em duas fases de vida: plântulas (altura até 1m) e adultos (PAP > 15 cm). As plântulas foram avaliadas em parcelas de 1×1 m, enquanto os adultos foram avaliados em parcelas de 10×20 m. Foram avaliadas também a cobertura do solo por gramíneas exóticas e a presença de espécies exóticas, endêmicas e ameaçadas de extinção. Nos fragmentos, foram estabelecidos pontos fixos para o inventário das aves, localizados no interior e nas bordas florestais. Também foram obtidas amostras da estrutura do hábitat, como densidade do sub-bosque, complexidade vertical da floresta e intensidade luminosa. Foram levantadas 256 espécies vegetais, das quais oito apresentam algum grau de ameaça de extinção e seis são endêmicas. O uso dessas espécies ameaçadas e endêmicas nas atividades de restauração deve ser estimulado, visando aumentar o valor de conservação da área de estudo. Foram encontradas, ainda, nove espécies exóticas, das quais a Tecoma stans deve receber maior atenção devido ao alto potencial de invasão de áreas abertas. O estudo fitossociológico da vegetação levantou 875 indivíduos adultos pertencentes a 111 espécies arbustivo-arbóreas e 1.466 plântulas de 83 espécies. Foram encontradas, respectivamente, nove e 14 espécies indicadoras entre os adultos e entre as plântulas. Essas espécies são características de um ou outro estado
10
de conservação e, portanto, podem ter suas populações monitoradas para avaliar o sucesso da restauração. Os resultados de algumas variáveis quantitativas foram diferentes entre os dois estados de conservação considerados. A avifauna apresentou 129 espécies de 42 famílias. Nenhuma espécie se encontra em risco de extinção e foram encontradas apenas nove espécies endêmicas do bioma Mata Atlântica. Os resultados mostram que essa comunidade encontra-se empobrecida e descaracterizada, sendo subconjunto de outras comunidades melhor conservadas do estado de São Paulo. O inventário, realizado por meio de pontos, encontrou 597 indivíduos e 78 espécies de 32 famílias. Intervalos de confiança que foram obtidos para aspectos da diversidade de aves, como índice de Shannon-Wiener, uniformidade, riqueza e abundância, foram similares aos de outros trabalhos que utilizaram o mesmo método de amostragens em diversos fragmentos florestais no estado de São Paulo. Aves florestais apresentaram densidade populacional de 6,3 indivíduos por hectare. Não houve diferenças significativas na diversidade de aves encontradas no interior de fragmentos florestais em comparação com as localizadas em suas bordas. Análises que objetivam monitoramentos capazes de detectar alterações populacionais de 5% com testes ‘t’ pareados para amostras dependentes indicam que, para obter-se nível alfa de 0,01 e
poder de 0,8, é preciso realizar 43 amostras; com nível alfa de 0,05 e poder de 0,81, deverão ser amostrados 27 pontos fixos. A seleção de espécies indicadoras para o futuro monitoramento foi feita ponderando exigências ecológicas e a necessidade de serem aves abundantes e frequentes, tais como, dentre aves florestais, Basileuterus culicivorus, Basileuterus leucoblepharus, Thamnophilus caerulescens e Chiroxiphia caudata, e entre espécies de bordas e áreas abertas, Cychlarhis gujanensis, Vireo olivaceus, Colaptes campestris, Tolmomyias sulphurescens, Pitangus sulphuratus e Turdus rufiventris. Em relação ao hábitat, amostras de densidade do sub-bosque e de estrutura vertical da floresta foram adequadas e apresentaram correlações significativas com a diversidade de aves, revelando que tais características devem ser consideradas na restauração florestal. A intensidade luminosa incidente no sub-bosque foi a variável menos adequada para caracterizar hábitats, pois houve demasiada variação nos resultados obtidos e não houve correlação significativa entre diversidade de aves e intensidade luminosa. As florestas estudadas apresentam, de forma geral, altura máxima em torno de 20 metros, com decréscimo vertiginoso da complexidade em torno de 10 e 15 metros de altura. O sub-bosque foi sempre denso, apresentando, até os cinco metros de altura, 80% ou mais de cobertura vegetal.
11
introdução
Haroldo Palo Jr.
informações de referência . série água, clima e floresta . v. II
I
nformações de referência são de grande importância, pois auxiliam a definir objetivos plausíveis para a restauração florestal, bem como parâmetros para avaliar o sucesso do trabalho. Boas informações de referência são obtidas a partir de múltiplas fontes de informações, passadas e presentes, obtidas em diferentes locais e não somente da seleção de sítios de referência (i.e. fragmentos florestais). Registros antigos de eventos climáticos, por exemplo, são boas ferramentas para prever possíveis distúrbios, como geada e tempestades (WHITE; WALKER, 1997). De fato, todo tipo de informação sobre a área de abrangência do projeto é importante para dar subsídios ao bom planejamento e execução das atividades de restauração florestal. Dentre as mais importantes e comumente avaliadas, estão informações de referência sobre vegetação, flora e fauna. Geralmente, são avaliados parâmetros de estrutura da vegetação (densidade, área basal) e composição, riqueza e diversidade de espécies da flora e fauna. Para as espécies encontradas são levantadas informações como dispersão, germinação e/ou crescimento, hábito, guilda ecológica e hábitat de ocorrência. Assim, além de listas de espécies, o levantamento de informações de referência fornece parâmetros qualitativos e quantitativos que podem auxiliar a restauração. Nesse contexto, o presente projeto visa levantar informações de referência para o projeto Restauração de 350 hectares do entorno do Reservatório
14
Haroldo Palo Jr.
dentre as mais importantes e comumente avaliadas, estão informações de referência sobre vegetação, flora e fauna
do rio Cachoeira – Piracaia – SP. Para isso, foram selecionados diferentes fragmentos florestais próximos à área de abrangência do projeto, onde foram levantadas informações sobre vegetação, flora, aves e estrutura de hábitats. Os objetivos principais foram: i) identificar parâmetros, indicadores e variáveis que sirvam com informações de referência da flora e da avifauna para caracterização dos estágios de degradação/conservação identificados na área; e ii) caracterizar os diferentes estágios de conservação/degradação identificados na área do projeto Cachoeira.
15
metodologia
Ami Vitale
Haroldo Palo Jr.
informações de referência . série água, clima e floresta . v. II
A
metodologia proposta aqui visa integrar a coleta de informações de referência (vegetação e avifauna) e a metodologia do futuro monitoramento, de modo que o levantamento dessas informações possa servir como uma referência comparável das condições pré-restauração. Dessa forma, a metodologia (e.g. variáveis avaliadas, tamanho e forma da parcela, esforço amostral e disposição das amostras) será basicamente a mesma durante o levantamento de informações de referência nos fragmentos e o monitoramento das atividades de restauração.
2.1 Localização e caracterização geral da área de estudo A área de estudo corresponde basicamente a um trecho de aproximadamente 350 hectares que se estende ao longo da margem direita do rio Cachoeira, município de Piracaia (SP). As áreas de estudo se restringiram aos fragmentos florestais localizados nas propriedades da Sabesp, sendo quatro dentro dos limites descritos acima e outros dois mais próximos à barragem do reservatório. O Reservatório Cachoeira faz parte do Sistema da Cantareira, que deságua na sub-bacia do rio Atibaia, fazendo parte da bacia do rio Piracicaba. Quanto ao relevo, a área de Piracaia pertence à porção sul dos planaltos da Serra do Mar, região que serve como divisor d’águas entre as bacias dos rios Paraná e Paraíba, na qual desenvolve-se um relevo de Morros com Serras Restritas1 (CETEC, 2000) com altitudes variando entre 1 Topos arredondados com vertentes retilíneas, por vezes abruptas, e com serras e interflúvios restritos.
18
800 e 950 metros a.s.l. Na área de estudo, predominam granitos2 (associados às cristas dos morros) e os charnockitos3 (nas demais porções do terreno) (CETEC, 2000). Outras informações sobre a geologia da região podem ser obtidas em Janasi (1986). Quanto aos solos, predominam os Podzólicos Vermelho-Amarelos4 Álicos (solos com relação alumínio/bases igual ou maior que 50%), com fertilidade natural baixa/média e geralmente profundos (CETEC, 2000). Os solos da região possuem baixo potencial de utilização agrícola, principalmente devido às propriedades físicas dos solos, suas concentrações de alumínio e relevo montanhoso (IBGE, 1997). Assim, o atual uso do solo na região restringe-se a atividades pastoris (principalmente gado) e silviculturais (eucalipto) para produção de lenha e carvão. Dados pluviométricos do município de Piracaia indicam uma precipitação anual média de 1.440 mm, com estação seca entre junho e agosto (DAEE/ SP, 2008). Contudo, a precipitação pode ser maior na região da represa (mais a leste da cidade), podendo ultrapassar 1.700 mm/ano (CETEC, 2000). A estação seca, mais ou menos definida entre abril e setembro, possui maior intensidade nos meses de julho e agosto (Figura 1) (DAEE/SP, 2008). Não foram encontradas informações sobre os dados de temperatura mensal, mas a temperatura anual média em Piracaia é de 24ºC. O conjunto das informações indica que o clima da área de estudo é temperado úmido, com inverno seco e verão temperado (Cwb - segundo a classificação climática de Köppen-Geiger). A vegetação original é Floresta Estacional Semidecidual Montana, considerada por Veloso (1992) como uma formação incomum no sudeste do Brasil, restrita 2 Rocha ígnea plutônica supersaturada composta essencialmente por quartzo e feldspatos. 3 Rocha ígnea e/ou metamórfica de alto grau metamórfico, granítica ou granitoide, que se caracteriza por apresentar hiperstênio em sua composição. 4 Solos minerais com horizonte B textural não hidromórfico, bem desenvolvidos, bem drenados e ácidos.
19
às encostas acima dos 500m das serras dos Órgãos e da Mantiqueira, nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Portanto, a área possui uma grande relevância em termos de conservação florestal no Brasil. Também se enquadra como uma Área de Tensão Ecológica (contato entre tipos de vegetação) devido ao encontro entre a Floresta Ombrófila Densa (FOD) e a Floresta Estacional Semidecidual (FES), havendo predomínio de componentes da FES. A ocorrência comum de Anadenanthera colubrina na área de estudo é indicadora dessa formação (VELOSO, 1992). Outras espécies arbóreas típicas da formação e que ocorrem na área de estudo são Aspidosperma olivaceum, Cassia ferruginea, Clethra scabra, Connarus regnelii, Jacaranda macrantha, Leucochloron incuriale, Nectandra cf. lanceolata e Vernonia discolor (VELOSO, 1992; LORENZI, 1998, 2002). Alguns componentes da FOD que influenciam a flora local são Bathysa australis e Psychotria suterella. Adicionalmente, a área está próxima também de áreas da Floresta Ombrófila Mista da Serra da Mantiqueira, o que pode ser verificado pela presença espontânea de Araucaria angustifolia na área de estudo, além da ocorrência de indivíduos de Ilex paraguariensis e Ilex theezans. Outro aspecto interessante sobre a flora se refere à inserção de alguns componentes de formações savânicas, como Xylopia aromatica e Stryphnodendron adstringens, encontrados exclusivamente nas áreas de borda de estrada. No que concerne à avifauna, a região encontra-se sobre influência do Centro de Endemismos da Serra do Mar (CRACRAFT, 1985). Sabe-se que o aumento da altitude contribui para maior importância relativa de espécies endêmicas, com o decréscimo na riqueza geral e o aparecimento de aves típicas de áreas elevadas (GOERCK, 1999). Segundo Metzger et al. (2006), a região sul do Planalto Paulista é uma área de provável importância biológica, mas o conhecimento científico sobre ela foi insuficiente para a priorização em termos de conservação de biodiversidade (MMA, 2000). Admite-se que o estado de São Paulo abrigue aproximadamente 740 espécies (SILVA, 1992), sendo que a riqueza de aves associadas a ambientes florestais no Planalto Paulista seria, antes da devastação florestal (VITOR, 1975), da ordem de 230 espécies (WILLIS, 1979). Um inventário de aves realizado na Serra da Paranapiacaba, no Parque Estadual Turístico Alto do Ribeira (Petar), mostrou a existência de 217 espécies em quatro estágios de sucessão ecológica (ALLEGRINI, 1997).
20
Publicações enfocando comunidades de aves sob influência das características ambientais da região de Piracaia são escassas, destacando-se Silva (1992), que estudou a floresta da Serra do Japi, e Develey e Martensen (2006), com trabalho na Serra da Paranapiacaba. O presente trabalho, portanto, poderá preencher uma lacuna importante para o manejo e conservação da avifauna remanescente na Serra da Cantareira, que foi estudada por Graham (1992), que relacionou poucas espécies registradas no Parque Estadual da Cantareira, dentro da cidade de São Paulo.
2.2 Critérios para a escolha das áreas de referência Foram selecionados seis fragmentos florestais na região a ser restaurada, representando amostras das principais fontes de colonização da flora e fauna florestais. A escolha levou em conta os tamanhos dos fragmentos, a distância mínima de cerca de 1 km entre eles (para promover independência entre amostras) e as vias de acesso pela represa ou por estradas. Os fragmentos foram subdivididos em duas grandes categorias, de acordo com o estado de conservação e tamanho. Abaixo, é feita a definição e descrição geral dessas categorias: • Fragmentos florestais muito degradados (MD): são fragmentos geralmente pequenos e isolados que apresentam estado de conservação de regular a ruim. A altura da vegetação raramente ultrapassa os 12
Haroldo Palo Jr.
Outro inventário na região sul do Planalto Paulista revelou a existência de 198 espécies numa área de 10.870 hectares localizada no município de Cotia – SP (DEVELAY; MARTENSEN, 2006). Contudo, a composição foi mais similar àquelas das áreas de florestas úmidas da Serra do Mar, refletindo menor influência das florestas mais secas (semidecíduas) do interior do estado.
21
metros de altura e o dossel é relativamente mais aberto. No sub-bosque, há geralmente alta densidade de bambus arbustivos nativos (provavelmente Chusquea), o que torna a regeneração de espécies lenhosas menos abundante, criando um sub-bosque mais ralo. Em alguns pontos podem ser observadas grandes moitas de bambus lenhosos do gênero Guadua (taquaruçú). Uma espécie indicadora dessa situação é a Vernonia diffusa. • Fragmentos florestais pouco degradados (PD): fragmentos florestais pequenos e médios com estágios de regeneração de médio a avançado. Pelo tamanho relativamente maior, possuem estados de conservação regulares ou bons. O dossel é mais contínuo, com alturas que variam entre 12 e 16 metros de altura. Há intensa regeneração de espécies arbustivas e arbóreas com indivíduos distribuídos nos mais diferentes diâmetros. No sub-bosque desses fragmentos, é característica a presença de espécies arbustivas, como Mollinedia elegans, Psychotria vellosiana e Allophylus guaraniticus. Geralmente, não há trechos com alta dominância de bambus ou lianas agressivas. Os fragmentos, denominados áreas de 1 a 6, foram utilizados neste estudo como repetições espaciais dessas duas categorias, como será descrito a seguir. Assim, foram selecionados três fragmentos muito degradados e três pouco degradados. Trilhas, parcelas e pontos de amostragem foram estabelecidos no interior e nas bordas dos fragmentos, permitindo registros de espécies florestais, de borda e do ambiente aberto (pastagens), para que os inventários de flora e fauna sejam representativos do atual estado de conservação da biodiversidade. Isso permite inferências ecológicas a partir de resultados quantitativos no âmbito das comunidades, das populações que forem mais abundantes e frequentes na amostragem e de aspectos da estrutura dos ambientes.
2.3 Levantamento da vegetação e flora Em cada fragmento, foi feita uma descrição geral e qualitativa da vegetação, além de fotografias. Foram anotados diversos aspectos, como formação florestal; estrutura da vegetação; presença de espécies exóticas, invasoras, epífitos e lianas: influências humanas; e efeito de borda, entre outros. Adicionalmente, em quatro dos seis fragmentos usados como áreas de referência, foi feito o levantamento da flora e estrutura da vegetação, como descrito a seguir. Em cada fragmento foram instaladas seis parcelas de 10x20 m (200 m2 – Figura 2), num total de 24 parcelas (2 estados de conservação x 2 fragmentos x 6 parcelas de 200 m2 = 4.800 m2). A disposição das parcelas dentro de cada fragmento foi feita sistematicamente ao longo de trilhas. Procurou-se manter uma distância mínima de 20 m entre as parcelas. Buscou-se ainda avaliar o maior número de situações possíveis (áreas planas e inclinadas, secas e úmidas, próximas e distantes da borda) visando abranger a heterogeneidade ambiental existente. 22
Renato Lima
Dentro de cada parcela de 10x20 m foram avaliados todos os indivíduos arbustivo-arbóreos com perímetro à altura do peito (PAP do fuste a 1,3m do solo) 15 cm. Para cada indivíduo foi anotada a identificação da espécie botânica, PAP e altura total. O PAP foi avaliado com uma precisão de 0,5 cm e a altura total, de 0,5 m. Os indivíduos regenerantes (indivíduos arbustivo-arbóreos < 1 m de altura) foram contados e identificados em quatro subparcelas de 1 m2 (4 m2 por parcela), localizadas sempre nos quatro cantos da parcela (10x20 m) (Figura 2).
Figura 2 (Métodos – Vegetação). Procedimento para instalação das parcelas para avaliação de indivíduos adultos (acima à esquerda); mensuração de perímetro de indivíduos de dossel: Cedro-rosa (Cedrela fissilis - acima à direita) e Pau-jacaré (Piptadenia gonoacantha – meio à esquerda); procedimento para avaliação dos indivíduos regenerantes nas subparcelas de 1 m2 (meio à direita); e detalhes da contagem e identificação dos indivíduos regenerantes de Camboatã (Cupania vernalis), Pau-jacaré (P. gonoacantha – ambos abaixo à esquerda) e Jacarandá-ferro (Machaerium nyctitans – abaixo à direita).
23
Scott Warren
Também foram avaliadas gramíneas exóticas e espécies arbustivo-arbóreas regenerantes. As gramíneas exóticas (e.g. Brachiaria spp.) foram avaliadas indiretamente por meio de sua cobertura do solo, utilizando o método de interceptação em linha (line intercept) em duas linhas paralelas de 20 m de comprimento cada (total de 40 m por parcela). Em cada linha, o comprimento da projeção das partes vegetativas das gramíneas exóticas foi anotado com uma precisão de 5 cm. Com caráter complementar ao estudo quantitativo da vegetação, foi realizado um levantamento florístico rápido nas mesmas trilhas dos fragmentos selecionados para caracterizar melhor a flora arbustivo-arbórea local (WALTER; GUARINO, 2006). Devido ao curto período de tempo disponível para as atividades de campo, o levantamento não pode ser feito de maneira exaustiva, ou seja, certamente existem mais espécies que não foram registradas durante as amostragens. Espécies de fácil reconhecimento em campo foram apenas anotadas, enquanto as demais foram coletadas para posterior identificação em livros e comparações em herbário. A classificação em famílias adotada para este estudo seguirá o Angiosperm Phylogeny Group – APG, versão II (APG, 2003). Todo material foi coletado e herborizado com o uso de técnicas convencionais, como tesoura de poda ou tesoura de poda 24
alta, prensas, jornal, papelão e estufa elétrica. Os materiais reprodutivos serão enviados ao herbário da Sabesp, com duplicatas enviadas ao herbário Esalq (ESA). Foram consultados os seguintes especialistas: Rubens L.G. Coelho (Sapindaceae), Fiorella F. Mazine-Capelo (Myrtaceae), Marcelo P. Ferreira (Rubiaceae) e Flávio M. Alves (Lauraceae). Para cada espécie foram agregadas informações sobre grupo sucessional, síndrome de dispersão e fenologia. As espécies foram ordenadas nos seguintes grupos sucessionais: Pioneiro (Pi), Secundário inicial (Si), Clímax (Cl) e Não classificadas (Nc). Espécies também foram divididas em espécies de preenchimento e espécies de diversidade (NAVE; RODRIGUES, 2007). O mesmo foi feito para as síndromes de dispersão (anemocoria, autocoria e zoocoria) e fenologia (períodos de floração e frutificação). Foram obtidas informações sobre a ameaça de extinção das espécies nas listas internacional (IUCN, 2006), nacional (BIODIVERSITAS, 2007) e estadual (SMA-SP, 2004) de espécies ameaçadas. Adicionalmente, foram indicadas a ocorrência e a localização aproximada de matrizes de espécies arbustivo-arbóreas de rápido crescimento e disseminação para orientar a coleta de sementes de espécies com potencial de uso nas atividades de restauração.
foram indicadas a ocorrência e a localização aproximada de matrizes de espécies arbustivoarbóreas de rápido crescimento e disseminação para orientar a coleta de sementes de espécies com potencial de uso nas atividades de restauração 2.3.1 Análise dos dados Uma lista de espécies da flora local foi produzida e para cada espécie foi anotado o hábito e ambiente de ocorrência (fragmentos muito degradados, pouco degradados ou beira de estrada/pasto abandonado). Essa lista foi obtida unindo as informações dos levantamentos fitossociológicos (adultos + regenerantes) e florístico expedito. A partir dos dados fitossociológicos de ambos os grupos (adultos + regenerantes), foi realizada a análise de espécies indicadoras (Indicator Species Analysis – ISA) (DUFRENE; LEGENDRE, 1997) para identificar espécies indicadoras dos estados de conservação (teste de Monte Carlo executado com 10 mil repetições aleatórias com o uso do programa PcOrd versão 4.10) (MCCUNE; MEFFORD, 1999). Essa análise baseia-se na abundância e frequência das espécies e busca identificar quais possuem ocorrência preferencial em algum tipo de ambiente, no caso, fragmentos com diferentes estados de conservação. A análise Multiple Response Permutation Procedure (MRPP) avalia a diferença da composição de duas comunidades diferentes e foi executada com o índice de Sørensen e a abundância relativa das espécies. Além da riqueza observada de espécies, foi estimado o número máximo de espécies (diversidade alfa) e seu respectivo intervalo de confiança (α = 5%) para cada estado de conservação, usando o estimador não paramétrico Jackknife 1 (análises executadas com 5 mil repetições aleatórias pelo programa EstimateS versão 7.5) (COLWELL, 2005). Assim, além das espécies coletadas dentro das parcelas durante o trabalho de campo, fez-se uma estimativa do número total de espécies existentes nos fragmentos visitados, incluídas as não recrutadas na amostragem, o que fornece uma estimativa mais real da riqueza de espécies em cada estado de conservação.
25
Também foram calculadas médias e intervalos de confiança do número de espécies por parcela em cada estado de conservação, além da riqueza e do índice de diversidade de Simpson (MAGURRAN, 1988). Essas análises foram executadas com 5 mil repetições aleatórias pelo programa EcoSim versão 7 (GOTELLI; ENTSMINGER, 2001). Quanto à estrutura da vegetação, foram avaliadas a densidade absoluta (ind.ha-1), a altura média (m) e o volume estimado de madeira (m3.ha-1), calculado pela multiplicação entre a área basal e a altura total de cada indivíduo. A área basal foi estimada com a fórmula do círculo (AB = π.raio2). Para os indivíduos regenerantes, a densidade foi o único parâmetro de estrutura obtido (dados de diâmetros e altura não foram obtidos). O Índice de Valor das Espécies (FEEST, 2006) foi computado como uma avaliação qualitativa da composição florística e conduzido com base na presença de espécies ameaçadas de extinção. Para obter o índice, a cada indivíduo foi atribuído um valor de importância de acordo com a categoria de ameaça de extinção (Não ameaçada = 0; Quase em Perigo = 1; Vulnerável = 2; Em perigo = 3; Criticamente em perigo = 4). Esses valores foram somados para cada parcela e calculou-se a média e o desvio padrão para cada estado de conservação. Um procedimento parecido foi empregado para avaliar a percentagem de cobertura do solo por gramíneas exóticas. Dessas análises foram extraídos valores médios, sumarizados em duas tabelas: uma para o estrato arbóreo (> 15 cm de PAP) e outra para os indivíduos arbustivo-arbóreos regenerantes (altura < 1 m). Tais tabelas servirão como referência básica para o futuro monitoramento das atividades de restauração.
2.4 Avifauna 2.4.1 Inventário por meio de observações em pontos fixos e trajetos Foram estabelecidos em cada área de três a seis pontos fixos para inventário das assembleias de aves. Tais pontos foram dispostos ao longo de trilhas a pelo menos 200 m de distância uns dos outros. Como as áreas 1 e 2 são fragmentos florestais muito pequenos, não foi possível estabelecer mais que três pontos em cada uma delas. Em contrapartida, mais pontos foram estabelecidos nas outras áreas. O inventário em pontos fixos foi realizado entre os dias 19 e 24 de novembro de 2009, totalizando 16,4 horas de inventários. O esforço 26
foi distribuído em 29 pontos estabelecidos em bordas florestais (10h) e 20 pontos no interior da floresta (6h40min). As extremidades das trilhas foram georreferenciadas e os pontos foram marcados em árvores com tinta branca e fita plástica amarela e preta. Em cada ponto foram estabelecidas duas ou três bandas, delimitando um circulo de 20 m ao redor do centro de observação (BIBBY e al., 1993), o que possibilita cálculos de densidade. Em cada ponto de observação foram coletados dados sobre a estrutura vertical e a densidade do sub-bosque, conforme será descrito abaixo. Durante o reconhecimento da área, instalação de pontos e deslocamentos foi possível registrar espécies de aves, o que resultou em um levantamento mais completo da riqueza. Os registros de aves foram realizados utilizando literatura especializada, binóculo (8x30), gravador comum e/ou digital para playback e identificação posterior. Nomes populares e científicos apresentados nesta relação seguem a Lista das Aves do Brasil de 2007 do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Observações ocorreram do amanhecer até às 11h e entre 15h e 18h. Espécies de aves foram checadas quanto ao estado de conservação nas listas do estado de São Paulo e do Brasil de espécies ameaçadas, bem como na lista da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).
Os aspectos analisados da diversidade alfa foram: riqueza (R), índice de Shannon-Wiener (H’) e uniformidade (J’). Segundo Magurran (1989), o nível alfa de amostragem é a medida do hábitat ou ambiente, podendo ser obtida por meio de amostras pontuais (repetições dos ambientes), e neste trabalho foi contemplado pelas médias dos valores de diversidade (H’, J’, R) obtidos nas amostras pontuais.
Zé Paiva
2.4.2 Análise do inventário de aves
27
Diferenças significativas entre médias de parâmetros e variáveis foram avaliadas pela análise de variância não paramétrica, comparando amostragens realizadas no interior e nas bordas dos fragmentos. A diversidade entre os fragmentos foi analisada com técnicas de agrupamentos com índice de similaridade de Jaccard (cc) por meio de matrizes em modo Q. As espécies foram os descritores e as repetições de ambientes foram os objetos não definidos a priori. Os valores de distância sumarizados no dendrograma de similaridade são positivos, sendo que os altos índices denotam similaridade. Agrupamentos foram criados por meio da média aritmética não ponderada (‘group average clutering’: UPGMA). Curvas de rarefação (WILLOT, 2001) foram elaboradas para expressar a diversidade e indicar a suficiência de amostragem das observações. Foram calculadas com mil repetições aleatórias, gerando intervalos de confiança com percentual de 95% de significância. Como medida de abundância relativa para populações de aves, utilizou-se o Índice Pontual de Abundância (IPA), que indica a abundância de cada espécie em função de seu coeficiente de detectabilidade (conspicuidade), por meio do número de contatos visuais e/ou auditivos e do número total de amostras efetuadas no ambiente em questão. IPA = Ni Na Em que, Ni: número de contatos da espécie ‘i’; Na: número total de amostras Para representar a frequência de ocorrência de espécies foi calculado o Índice de Ocorrência Pontual, que indica o recrutamento em função da distribuição espacial das aves na floresta. FOP = Npi Na Em que, Npi: número de pontos em que a espécie ‘i’ foi recrutada; Na: número total de amostras O cálculo da densidade de aves foi realizado segundo Bibby et al. (1993): Di = ln (n/n2) * [n/m (πr2)] * 10.000
28
Zé Paiva
Em que, Di = densidade da espécie i em indivíduos contatados/amostra (ha-1), n = n1 + n2 = número total de contatos da espécie ‘i’, n1 = número de contatos da espécie ‘i’ dentro do raio r, n2 = número de contatos da espécie ‘i’ além do raio r, m = número total de amostras, r = raio limite entre as duas bandas (0 a 25, 0 a ) em metros. Análise de poder e suficiência de amostragem foram realizadas para aves florestais com objetivo de calcular o esforço de amostragem necessário para estabelecer um programa de monitoramento com no mínimo 90% de probabilidade de detectar de 5% ou 10% de alteração populacional. Para tanto, foram utilizadas a média e o desvio padrão resultantes desse inventário e teste monocaudal do programa G3 Power (FAUL et al., 2007). A análise foi realizada com foco no futuro uso do teste ‘t’ pareado para amostras dependentes, de maneira que comparações de mudanças populacionais nos mesmos locais, antes e depois da restauração, sejam detectadas. Associações entre os parâmetros estruturais da vegetação com a diversidade das assembleias de aves foram verificadas pelas correlações de Spearman, em que a diversidade de aves foi a variável.
29
resultados
informações de referência . série água, clima e floresta . v. II
3.1 Descrição dos fragmentos estudados
A
pós a seleção dos fragmentos, cada um foi visitado, fotografado e descrito de acordo com vários aspectos da estrutura e composição de espécies, tanto da flora quanto da fauna. Procurou-se descrever parâmetros básicos como altura da vegetação, espécies dominantes, estado de conservação e presença de espécies exóticas, entre outros. A localização das áreas, obtida por GPS, é fornecida pela Tabela 1. Área 1 (A1): Fragmento próximo à cabeceira do Rio Cachoeira, que recobre encostas íngremes a suaves (Figura 3). O acesso pode ser feito por barco ou por carro em um caminho em más condições. Cercado pela represa e por áreas de pasto, o fragmento possui estado de conservação que vai do ruim (trecho próximo ao início da trilha) ao regular e um estágio médio de regeneração. Há presença de três estratos verticais (herbáceo, subdossel e dossel), com altura do dossel variando entre 10 e 14 metros, sendo relativamente aberto. Além de indivíduos nas classes de diâmetro menores (DAP médio ± Desvio Padrão = 35,7 ± 23,4 cm), alguns indivíduos de Anadenanthera colubrina e Cassia ferruginea ultrapassaram 50 cm de DAP e tiveram alturas próximas a 20 metros. Espécies arbóreas comuns foram Cupania vernalis, Piptadenia gonoacantha, Nectandra leucantha e Vernonia diffusa. O sub-bosque possui média densidade de indivíduos (em especial Mollinedia elegans e Eugenia hyemalis) e há poucas ervas florestais no estrato herbáceo. As epífitas também são pouco abundantes. As lianas lenhosas, por sua vez, são mais abundantes e, por vezes, formam emaranhados de difícil transposição. O mesmo pode ser dito a respeito de uma espécie de bambu arbustivo nativo (provavelmente do gênero Chusquea). Contudo, foram encontradas moitas bem desenvolvidas de taquaruçú (Guadua cf. tagoara), uma espécie nativa com alto potencial invasivo. A serapilheira é contínua e bem desenvolvida, principalmente nos trechos menos íngremes. Dentro do fragmento não foram registradas nenhuma espécie exótica ou qualquer intervenção humana, além de uma trilha paralela à margem da represa. Tabela 1 Coordenadas geográficas dos fragmentos florestais sendo estudados em Piracaia, SP
32
Fragmento
Coordenadas geográficas (UTM)
Erro (m)
A1
23K 0371455; 7454948
21
A2
23K 0370138; 7455091
10
A3
23K 0365049; 7451225
19
A4
23K 0369093; 7455613
21
A5
23K 0364758; 7450838
32
A6
23K 0367864; 7454759
20
Área 2 (A2): Fragmento que recobre uma encosta relativamente íngreme, estendendo-se da estrada até as margens da represa (Figura 3). Possui fácil acesso por barco ou carro. Delimitado por estrada ao norte, represa ao sul e por áreas de pastagem ao leste e ao oeste. Possui um estado de conservação geral ruim, com alguns pequenos trechos regulares (é o fragmento mais degradado). O estado de regeneração é médio, com dossel variando entre 10 e 12 metros de altura, relativamente aberto. Em geral, o diâmetro dos indivíduos arbóreos não ultrapassou 50 cm (DAP médio ± Desvio Padrão = 37,4 ± 24,8 cm), exceto por apenas um indivíduo de Anadenanthera colubrina, que obteve o maior diâmetro encontrado em todos os fragmentos estudados (DAP= 73 cm). Indivíduos arbóreos comuns foram Aegiphila sellowiana, Croton floribundus, Cupania vernalis e Vernonia diffusa. Apresenta três estratos verticais, com notável dominância de bambus arbustivos, que parecem comprometer a regeneração do fragmento. Também foram encontradas moitas bem desenvolvidas de Guadua cf. tagoara, um bambu lenhoso. As epífitas e lianas lenhosas foram pouco comuns. A serapilheira é contínua e desenvolvida. Além da proximidade da estrada, foi constada a invasão do fragmento por gado a oeste e de fogo a leste. Há também uma trilha bem definida que leva à beira da represa, provavelmente usada por moradores locais. Não foram registradas quaisquer espécies exóticas no interior do fragmento. Área 3 (A3): Este fragmento encontra-se na encosta de uma colina, entre a estrada vicinal e a represa. Trata-se de uma floresta em estágio médio de regeneração, apresentando sub-bosque denso, grande complexidade na estrutura vertical e dossel variando entre 10 e 15 metros, havendo emergentes de até 20 metros. Os maiores indivíduos arbóreos são notavelmente espécies típicas de regeneração secundária, como Piptadenia gonoacantha, Anadenanthera colubrina, Alchornea glandulosa e Luehea divaricata, sendo um dos fragmentos em estudo melhor conservados. Foram encontradas duas trilhas seguindo as vertentes da colina: descendo à direita, a floresta encontra-se em melhor estado de conservação, com sub-bosque menos denso, maior altura das árvores e menor profusão de lianas, que apresentavam maior DAP e eram lenhosas. Na vertente esquerda, o efeito de borda foi nitidamente mais pronunciado. A densidade do sub-bosque foi mais alta, o dossel foi mais baixo (até 15 metros) e houve maior abundância de lianas, formando intricados emaranhados, principalmente ao nível do subdossel. Descendo a vertente direita, foram observados alguns fornos antigos de produção de carvão e uma armadilha de ferro para captura de mamíferos de porte médio, também bem antiga e desativada.
33
Práticas religiosas de candomblé, conhecidas como macumbas, foram registradas em três círculos formados na vegetação, na parte mais alta da colina e junto à estrada. A prática desses ritos pode provocar incêndios, pois a floresta apresenta densa e contínua camada de serapilheira recobrindo o solo. Bambus e taquaras em abundância, característicos na maioria dos demais fragmentos, não foram observados, sendo tal fato um aspecto positivo em termos de conservação, pois tais plantas tornam o sub-bosque excessivamente denso, comprometendo o estabelecimento de diversas aves e de arbustos florestais. Não foram observadas espécies exóticas invasoras, tampouco a dominância de alguma espécie botânica nativa em particular. Área 4 (A4): Fragmento que faz limites com o reservatório e se estende sobre um terreno relativamente íngreme até próximo ao topo do morro mais alto da área de estudo (Figura 3). O acesso é feito por barco. O fragmento é composto por um mosaico de situações que vão desde florestas secundárias em estágio de regeneração inicial sob a linha de transmissão até estágios avançados que cobrem as vertentes mais íngremes e protegidas. O estado de conservação, por sua vez, vai do regular ao bom, dependendo do trecho considerado. Em geral, possui um dossel que varia entre alturas de 15 e 17 metros e alguns indivíduos que ultrapassam 50 cm de DAP (e.g. Piptadenia gonoacantha; Figura 2). Há intensa regeneração de espécies arbustivas e arbóreas, com indivíduos distribuídos nos mais diferentes diâmetros (DAP médio ± Desvio Padrão = 33,6 ± 20,8 cm). Possui três estratos verticais claros, sendo o subdossel relativamente denso e dominado por Piper spp nas áreas mais jovens e pelos arbustos Mollinedia elegans, Psychotria vellosiana e Allophylus guaraniticus nas áreas mais avançadas. Não há
34
grande riqueza de ervas no estrato herbáceo e a presença de epífitas é reduzida, especialmente nos trechos mais jovens. Alguns trechos do sub-bosque apresentam densos emaranhados de lianas lenhosas. A presença de taquaras está restrita a um rancho localizado próximo à represa, onde foi provavelmente introduzida; no interior da floresta, há apenas bambus arbustivos nativos. A camada de serapilheira é contínua e espessa. Espécies exóticas encontradas foram Citrus aurantium L. (limão-cravo), Hedychium coronarium J. König. (lírio-do-brejo) e Eucalyptus sp. (eucalipto). Além do uso recreativo (rancho de pesca) e da linha de transmissão, há evidências da entrada de bovinos em alguns trechos do fragmento. Área 5 (A5 – Barragem): Esta área equivale a um fragmento pequeno em estágio médio de regeneração, com pronunciado efeito de borda potencializado pela ocorrência de clareiras causadas por quedas de árvores. Localiza-se ao lado da barragem da represa, havendo grandes eucaliptais junto da borda neste trecho. O dossel desta floresta atingiu até 18 metros de altura e tanto a complexidade vertical como a densidade do sub-bosque apresentaram valores médios. A floresta encontra-se em estágio médio de regeneração, mas pode ser considerada uma das remanescentes mais degradadas se comparada às outras. Foram espécies comuns do dossel: Piptadenia gonoacantha, Anadenanthera colubrina, Alchornea glandulosa e Luehea divaricata. Foi notável neste fragmento a ocorrência de diversas trilhas, a presença de gado e os registros de bugio Alouata fusca e de jacu Penelope obscura. As trilhas podem estar sendo utilizadas para a caça furtiva, enquanto que o gado bovino pastoreia no sub-bosque, provocando danos em gramíneas exóticas, como o colonião e braquiária, o que dificulta a regeneração da floresta.
O bugio Alouata fusca é um primata de porte médio, herbívoro e ameaçado de extinção no estado de São Paulo. Foram observados apenas três indivíduos junto aos eucaliptais.
Renato Lima
A jacupemba Penelope obscura é uma espécie que recebe grande pressão de caça, devido ao seu porte avantajado, hábitos gregários e dieta frugívora, aspectos que facilitam abates enquanto o bando se alimenta em árvores frutíferas. Esses registros indicam que espécies relativamente vulneráveis e sensíveis ainda habitam a região.
Figura 1 (áreas de referência). Vista externa das áreas 2 e 1 (A2 e A1), usadas como referência de fragmentos muito degradados, ambos às margens da represa (acima à esquerda e à direita, respectivamente); vista geral externa (meio à esquerda) e interna (meio à direita) da área 4 (A4), usado como referência de fragmentos pouco degradados; vista geral externa (abaixo à esquerda) da área 6 (A6), o fragmento pouco degradado; no detalhe da vista interna da A6 (abaixo à direita), presença de estratificação vertical evidente e grande número de regenerantes arbustivo-arbóreos no sub-bosque.
35
Área 6 (A6): fragmento faz limites com o reservatório próximo ao chamado desemboque do canal que é cortado por uma estrada vicinal e por linhas de transmissão. Se considerados os trechos de ambos os lados da estrada, este é o maior fragmento avaliado na área de estudo (Figura 3). Pode ser acessado tanto pela estrada quanto por barco. O trecho pertence à Sabesp e apresenta estágios médios e avançados de regeneração. A altura do dossel, geralmente fechado, varia entre 12 e 15 metros, com indivíduos maiores atingindo diâmetros de até 50 cm (DAP médio ± Desvio Padrão = 37,8 ± 25,1 cm). Existem três estratos verticais definidos, com sub-bosque e estrato herbáceo densos e diversificados. Há presença de samambaias arborescentes (i.e. Cyathea delgadii), e epífitas e lianas lenhosas são pouco frequentes. Não foram encontrados trechos com alta dominância de bambus ou lianas agressivas. A camada de serapilheira é contínua e bem desenvolvida. Espécies exóticas de plantas encontradas foram Citrus aurantium L. (limão-cravo), Psidium guajava L. (goiaba), Hedychium coronarium J. König. (lírio-do-brejo) e Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl. (nêspera), das quais apenas as duas primeiras foram relativamente comuns. Quanto aos impactos humanos, além da rede elétrica, foram encontrados vestígios de corte seletivo e de caça. Nos trechos mais próximos à estrada, também foi encontrado lixo.
3.2 Vegetação e flora 3.2.1 Flora local Durante as atividades de campo, foi encontrado um total de 217 espécies de plantas (incluindo exóticas) para a área de estudo. Até o término da elaboração deste relatório, duas espécies não tiveram sua identificação determinada, sete permaneceram ao nível de família e 18 de gênero. Por outro lado, 180 espécies tiveram sua identificação completa (83%) e 10 permaneceram com identificação a confirmar. Além das espécies encontradas durante este estudo, há outras espécies coletadas na região (municípios de Piracaia e Joanópolis5) que não foram encontradas no local. São 39 espécies arbustivo-arbóreas, cuja inclusão na flora local eleva a riqueza local a um total de 256 espécies aproximadamente (Anexo 1). Essas espécies corresponderam a 190 árvores, 43 arbustos, 12 subarbustos, cinco arbustos lianescentes e duas ervas (cinco espécies permanecerem sem classificação). 5 Busca realizada em 05 de novembro de 2008 na base de dado speciesLink, restrita aos municípios referidos acima e considerando apenas os espécimes identificados por especialistas botânicos. Disponível em: <http://splink.cria.org.br/ centralized_search?criaLANG=pt>.
36
Foi encontrado um total de 57 famílias botânicas, das quais as mais ricas em número de espécies (> 5 espécies) foram: Fabaceae (34 espécies), Myrtaceae (25), Lauraceae (17), Melastomataceae (15), Rubiaceae (13), Asteraceae, Malvaceae (11), Euphorbiaceae e Solanaceae (9). Essas famílias representaram juntas 56% de todas as espécies listadas na área de estudo. Quanto às síndromes de dispersão, foi encontrado um total de 172 espécies zoocóricas (67%), 58 anemocóricas (22%) e duas autocóricas (9%). Outras quatro espécies permaneceram sem a classificação de suas síndromes. Das 217 espécies, 76 (35%) foram amostradas apenas durante os levantamentos florísticos expeditos, mostrando ser uma maneira efetiva de complementar a lista de espécies de ocorrência local. Das 141 espécies amostradas durante o levantamento da estrutura e diversidade da vegetação (descrito em detalhes abaixo), 58 foram
encontradas apenas no estrato arbóreo e outras 31, apenas entre os regenerantes. Das espécies encontradas apenas entre os regenerantes, 18 foram arbustos e subarbustos e 13 foram encontradas somente nesse estrato da vegetação, dentre elas Alseis floribunda, Bunchosia fluminensis, Guarea macrophylla, Machaerium cf. stiptatum, Myrciaria floribunda, Ocotea cf. diospyrifolia e Sebastiana brasiliensis. Além dessas espécies que compõem a flora local, fazem parte da flora regional espécies citadas nos estudos realizados em municípios próximos, na mesma formação vegetacional e em cotas altitudinais semelhantes. São eles: Meira-Neto et al. (1989), Rodrigues et al. (1989), Silva (1989), Gandolfi et al. (1995) e Yamamoto et al. (2005). As espécies citadas nesses estudos, portanto, podem ser consideradas integralmente como espécies passíveis de serem utilizadas durante o processo de restauração na área de estudo.
Scott Warren
37
3.2.2 Espécies de particular interesse (ameaçadas de extinção, endêmicas e exóticas) Algumas espécies encontradas na área de estudo merecem destaque. São exemplos as oito espécies sob algum grau de ameaça de extinção e as outras sete que estão classificadas como quase em perigo de extinção (QP - Tabela 2). Todas essas espécies possuem valor particular num contexto mais amplo que o local e, portanto, sugere-se fortemente que o processo de restauração use essas espécies durante o plantio ou que planeje suas atividades para que essas espécies possam colonizar as áreas restauradas. Algumas delas certamente não serão encontradas em viveiros. Contudo, ao menos cinco espécies dessa lista devem ser utilizadas, buscando atender à Resolução SMA 08, de 07 de Março de 2007, que exige o uso de 5% de espécies regionais enquadradas em alguma das categorias de ameaça (EX, CR, EP ou VU) nos plantios. Assim, no caso de um plantio de 80 espécies nativas (mínimo exigido pela legislação em plantios maiores que um hectare), deve se usar um mínimo de quatro espécies ameaçadas (sugestões de quais poderiam ser essas quatro espécies são feitas na Tabela 2). Contudo, a legislação vigente se refere à espécies nativas da vegetação regional, ou seja, a uma flora que vai além da flora local integrante deste estudo. Assim, outras espécies ameaçadas da flora regional podem ser consideradas na escolha das espécies ameaçadas utilizadas. Por outro lado, é interessante dar preferência às espécies locais enquadradas como QP, apesar de a legislação não exigir o uso de espécies nessa classe de ameaça. Outras espécies de particular interesse são as espécies com endemismo regional, ou seja, aquelas que possuem uma distribuição geográfica restrita a uma dada região. Seis espécies endêmicas regionais foram encontradas, boa parte delas espécies típicas de FES montana, uma formação rara e restrita às serras dos Órgãos e da Mantiqueira, nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo (Tabela 3). Essas espécies, portanto, devem receber atenção ao longo do processo de restauração ecológica.
38
Tabela 2 Lista de espécies ameaçadas e quase ameaçadas de extinção encontradas durante o levantamento florístico em Piracaia, SP, e suas respectivas classes de ameaça. Asteriscos indicam espécies potenciais para o uso nas atividades de reflorestamento. Família
Espécie
Mundial
Nacional
Estadual
APOCYNACEAE
Aspidosperma cf. quirandy*
AQUIFOLIACEAE
Ilex paraguariensis
QP
ARAUCARIACEAE
Araucaria angustifolia*
CR
FABACEAE
Copaifera langsdorfii
FABACEAE
Machaerium nyctitans*
EP
FABACEAE
Machaerium villosum*
VU
FABACEAE
Swartzia acutifólia
QP
LAURACEAE
Nectandra leucantha
QP
LAURACEAE
Ocotea nectandrifolia*
VU
MELIACEAE
Cedrela fissilis*
MYRTACEAE
Campomanesia sessiliflora*
CR
PROTEACEAE
Roupala brasiliensis*
VU
RUBIACEAE
Rudgea gardenioides
SAPINDACEAE
Cupania ludowigii
SOLANACEAE
Solanum pseudoquina
URTICACEAE
Cecropia hololeuca
EP
EP
CR QP
EP
QP QP QP QP
Legenda: QP= Quase em perigo; VU= Vulnerável; EP= Em perigo; CR= Criticamente em perigo.
Além das espécies ameaçadas e endêmicas, ocorreram na área de estudo algumas espécies arbustivo-arbóreas cujas características de dispersão, germinação e/ou crescimento lhes dão alto potencial para uso em atividades de restauração (Tabela 4). São espécies cujos indivíduos adultos podem ser facilmente encontrados ao longo dos pastos e bordas de estrada na área de estudo, o que facilita a coleta de sementes para a produção de mudas.
39
Tabela 3 Lista das espécies endêmicas regionais encontradas durante o levantamento realizado em Piracaia, SP. Família
Espécie
Distribuição
Vegetação
CELASTRACEAE
Maytenus salicifolia
MG, RJ e SP
Floresta Atlântica
CONNARACEAE
Connarus regnelii
MG, RJ e SP
FES Montana
FABACEAE
Leucochloron incuriale
MG, SP e PR
FES Montana
LAURACEAE
Cinnamomum stenophyllum
MG e SP
FES Montana
RUBIACEAE
Rudgea gardenioides
MG, RJ e SP
FES Montana
VOCHYSIACEAE
Vochysia magnifica
MG e SP
FES Montana
Outras espécies que merecem atenção particular são as espécies exóticas e invasoras. Além das espécies de gramíneas e ciperáceas exóticas (avaliadas abaixo), a Tabela 5 apresenta as espécies arbóreas exóticas (i.e., espécies cuja distribuição original não abrange a região estudada) encontradas na área de estudo. Assim, ao menos nove espécies arbóreas exóticas ocorreram nas bordas ou no interior dos fragmentos estudados. Boa parte delas é considerada atualmente como espécies subespontâneas, ou seja, espécies que, apesar de introduzidas, são capazes de manter-se independente da ação humana. São exemplos a goiabeira Psidium guajava, o limão-cravo Citrus aurantium (Figura 4) e a nespereira Eriobotrya japonica. A maioria dessas espécies ocorreu em baixas densidades e possui capacidade de propagação relativamente pequena (Tabela 5). Outras espécies, contudo, devem receber atenção especial devido ao alto potencial de invadir áreas abertas e de se tornar um impeditivo às atividades de restauração e aos processos sucessionais da floresta. As duas espécies mais importantes nesse sentido são: ipê-de-jardim Tecoma stans; e espécies de pinho Pinus spp. Ambas produzem grande quantidade de sementes, que são dispersas pelo vento e geralmente possuem alta capacidade germinativa. Apesar de Pinus spp. ter sido encontrada basicamente em beiras de estrada, Tecoma stans foi observada formando densos aglomerados (Figura 4). Ambas devem ter seu controle inicial previsto durante o processo de restauração, conforme exigido pela legislação pertinente (Resolução SMA 8, de 2007).
40
Apesar de não se tratarem de espécies exóticas, duas espécies devem receber atenção durante o processo de restauração devido ao seu potencial de propagação. É o caso da lobeira Solanum lycocarpum, que pode ser utilizada no processo de restauração, mas que pode formar densos aglomerados monoespecíficos como o observado na área de estudo (Figura 4). Assim, a espécie poderá ser tanto uma facilitadora do processo de restauração como uma eficiente competidora, fato que deve ser avaliado mediante um estudo particular. Outra espécie que pode se tornar um problema é o bambu lenhoso Guadua cf. tagoara (Figura 4), que, apesar de nativo e de não se estabelecer em áreas de pastagem, possui grande capacidade de invadir clareiras da floresta e de impedir o curso natural de regeneração da floresta por longos períodos de tempo (GRISCOM; ASHTON, 2006; LIMA et al., 2007). Tabela 4 Espécies arbustivo-arbóreas de rápido crescimento indicadas para a restauração, bem como suas respectivas síndromes de dispersão (SD) e locais de ocorrência (ver texto para descrição e localização dos fragmentos A1 a A6). A ocorrência da espécie em um determinado fragmento é indicada por ‘+’ e a ocorrência comum é indicada por ‘++’. Legenda: Ane = Anemocoria; Zoo = Zoocoria; Auto = Autocoria; BE = Beira de estrada e pastos. Localização
Família
Espécie
SD
ASTERACEAE
Baccharis dracunculifolia
Ane
ASTERACEAE
Vernonia diffusa
Ane
ASTERACEAE
Vernonia ferruginea
Ane
ANACARDIACEAE
Schinus terebenthifolia
Zoo
ARECACEAE
Acrocomia aculeata
Zoo
ARECACEAE
Syagrus romanzoffiana
Zoo
+
ASTERACEAE
Piptocarpha axillaris
Ane
++
BORAGINACEAE
Cordia trichotoma
Ane
+
CANNABACEAE
Trema micrantha
Zoo
+
CLETHRACEAE
Clethra scabra
Zoo
EUPHORBIACEAE
Alchornea glandulosa
Zoo
+
+
++
+
+
+
EUPHORBIACEAE
Croton floribundus
Zoo
+
++
+
+
+
+
A1
A2
A4
A5
A6
BE ++
+
++
+ ++
+
+
+
+
+ +
+
++
+
+ +
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
41
...continuação Localização
Família
Espécie
SD
EUPHORBIACEAE
Croton urucurana
Zoo
FABACEAE
Inga sessilis
Zoo
+
FABACEAE
Machaerium aculeatum
Ane
+
FABACEAE
Machaerium nyctitans
Ane
+
FABACEAE
Machaerium villosum
Ane
FABACEAE
Piptadenia gonoacantha
Auto
LAMIACEAE
Aegiphyla sellowiana
Zoo
MALVACEAE
Luehea grandiflora
Ane
+
MELASTOMATACEAE
Tibouchina stenocarpa
Ane
+
MELIACEAE
Cabralea canjerana
Zoo
+
+
+
MYRSINACEAE
Rapanea ferruginea
Zoo
+
+
+
MYRSINACEAE
Rapanea umbellata
Zoo
SIPARUNACEAE
Siparuna cujabana
Zoo
SOLANACEAE
Solanum lycocarpum
Zoo
++
SOLANACEAE
Solanum variabile
Zoo
++
URTICACEAE
Boehmeria caudata
Auto
+
VERBENACEAE
Aloysia virgata
Zoo
A1
A2
A4
A5
A6
BE +
++
+
+
+
+ +
+
+
+
+
+
++
+
+
++
++
++
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+ ++
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
++
Tabela 5 Lista de espécies exóticas encontradas ao redor e no interior dos fragmentos florestais estudados em Piracaia, SP.
42
Família
Espécie
Nome-popular
Invasibilidade
BIGNONIACEAE
Tecoma stans
ipê-de-jardim
muito alta
LAURACEAE
Persea americana
abacateiro
baixa
MYRTACEAE
Eucalyptus sp.
eucalipto
baixa
MYRTACEAE
Psidium guajava
goiabeira
média
PINACEAE
Pinus cf. elliottii
pinheiro
alta
RHAMNACEAE
Hovenia dulcis
uva-japonesa
baixa
ROSACEAE
Eriobotrya japonica
nespereira
baixa
RUBIACEAE
Coffea arabica
café
baixa
RUTACEAE
Citrus aurantium
limão-cravo
média
Renato Lima
Figura 2 (Espécies de particular interesse). A espécie pioneira lobeira (Solanum lycocarpum), comum nos pastos e beiras de estrada, no detalhe do ramo florido (acima à esquerda) e vista geral de um adensamento puro da espécie (acima à direita), espécie com alto potencial para o uso na restauração da área; a espécies exótica e invasora de pastagens ipê-de-jardim (Tecoma stans) no detalhe do ramo florido (meio à esquerda) e vista geral de um adensamento puro da espécie (meio à direita), que poderá representar uma ameaça ao processo de restauração; o limão-cravo (Citrus aurantium - abaixo à esquerda), espécie exótica relativamente frequente no sub-bosque da área 6, contudo, sem maiores ameaças ao processo de regeneração natural da floresta; houve a presença de moitas de Guadua cf. tagoara em áreas de clareira no interior dos fragmentos muito degradados, como na área 1 (abaixo à direita).
43
3.2.3.1 Estrato arbóreo Durante o levantamento do estrato arbóreo dos fragmentos estudados, foram instaladas 24 parcelas de 20x20 m (total de 4.800 m2, 2.400 m2 por estado de conservação), nas quais foram levantados 875 indivíduos com DAP > 5 cm pertencentes a 111 espécies arbustivo-arbóreas (Tabela 6). Esses valores resultam em uma densidade geral média (± desvio padrão) de 1.823 ± 560 indivíduos arbóreos por ha, ou seja, 36,5 ± 11,2 indivíduos por parcela (200 m2). Da mesma maneira, obteve-se uma dominância absoluta total (i.e. área basal por área) de 29,7 ± 10,3 m2.ha-1. Quanto ao volume estimado de madeira, a média obtida foi de 344,5 ± 153.4 m3.ha-1 (ver métodos para detalhes do cálculo de volume de madeira). De uma maneira geral, todos os parâmetros de estrutura foram maiores nos fragmentos menos degradados (Tabela 6). Ou seja, os fragmentos pouco degradados (PD) foram mais densos e apresentaram indivíduos com maior área basal e altura total em comparação aos fragmentos muito degradados (MD). Contudo, essa dife44
Reinaldo Lourival/TNC
Reinaldo Lourival/TNC
3.2.3 Estrutura e diversidade da vegetação local
rença foi estatisticamente significativa apenas quanto à densidade e altura média. Quanto à área basal e ao volume de madeira (ambos indicadores de biomassa), a diferença não foi estatisticamente significativa. Quanto à composição, os estados de conservação foram significativamente diferentes entre si (MRPP: A= 0,0492; P< 0,000), ou seja, houve diferença na composição das comunidades entre os dois estados. As espécies mais importantes em relação à densidade de cada estado de conservação são apresentadas na Tabela 6. Quatro e cinco espécies indicadoras foram detectadas para os estados de conservação muito e pouco degradado, respectivamente (Tabela 6). Como indicado abaixo (item Recomendações para a restauração), essas espécies podem ser usadas como indicadores da eficiência das futuras atividades de restauração. Quanto à riqueza de espécies, ambos os estados de conservação não diferiram na riqueza observada total ou por parcela (Tabela 6). Contudo, os fragmentos muito degradados tiveram um número máximo de espécies maior do que os pouco degradados (estimador de riqueza máxima Jackknife 1). Isso provavelmente acon-
a análise fornece informações sobre a vegetação a partir do valor de conservação das espécies ocorrentes em cada estado de conservação
teceu devido aos fragmentos muito degradados possuírem uma heterogeneidade ambiental maior que os pouco degradados (e.g. áreas de borda, grandes clareiras, áreas fechadas etc.). De qualquer forma, a restauração deverá ser capaz de reintroduzir uma riqueza total de 89 (PD) a 108 espécies arbustivo-arbóreas (MD). Quanto à diversidade de espécies (índice inverso de Simpson), entretanto, os fragmentos pouco degradados foram mais diversos (alfa = 5%). A restauração deverá ser capaz de restabelecer um índice de diversidade de Simpson 23,26 (MD) e 28,38 (PD). Baseado na ocorrência de espécies ameaçadas de extinção calculou-se o Índice de Valor de Espécie (Tabela 6), que atribui pesos às espécies de acordo com sua categoria de ameaça de extinção (ver metodologia para mais detalhes sobre essa análise). Assim, a análise fornece informações sobre a vegetação a partir do valor de conservação das espécies ocorrentes em cada estado de conservação. O índice foi significativamente diferente entre os dois estados de conservação, sendo bem menor no ambiente muito degradado. Assim, em um primeiro momento, a restauração deverá ser capaz de restabelecer um índice médio de, no mínimo, 1,3 para se tornar semelhante aos fragmentos muito degradados. E para chegar ao valor ideal obtido nos fragmentos pouco degradados, o valor médio do índice deverá ser de, no mínimo, 5,4. 45
46 8.9%
Zoocoria
Anemocoria
Autocoria
(% espécies)
Diversidade de espécies
Riqueza de espécies
Estrutura da vegetação
19.0%
Ind. Valor de Espécie [IC 95%]
Espécies ameaçadas
Síndrome de dispersão
27 ± 12 [19 – 34] 294 ± 171 [185 - 403] 8,3 ± 0,9 [7,7 - 8,8]
Dominância (m2.ha-1) [IC 95%]
Volume (m3.ha ) [IC 95%]
Altura total (m) [IC 95%]
111 ± 5 [108 – 114] 40
Riqueza máxima [IC 95%]
Espécies exclusivas
23,26
16 ± 4 [13 - 18]
Espécies por parcela [IC 95%]
Simpson (recíproco)
79 ± 5 [70 - 88]
Número de espécies [IC 95%]
-1
381 1.588 ± 430 [1.315 – 1.860]
Número de indivíduos (N)
Densidade (N.ha-1) [IC 95%]
28,38
32
92 ± 4 [89 – 95]
18 ± 3 [16 - 20]
71 ± 3 [64 - 78]
9,0 ± 0,8 [8,5 - 9,5]
394 ± 119 [319 - 471]
33 ± 8 [27 - 38]
2.060 ± 591 [1.683 – 2.434]
494
5.6%
31.0%
63.4%
33,95
-
146 ± 6 [143 – 148]
17 ± 5 [15 – 18]
111 ± 5 [102 - 120]
8,6 ± 0,9 [8,2 - 9,0]
345 ± 153 [280 – 409]
30 ± 10 [25 - 34]
1.823 ± 560 [1.587 – 2.059]
875
6.4%
23.6%
70.0%
6,1 ± 5,0 [2,6 – 8,2]
3,5 ± 3,4 [1,3 – 5,7]
Espécies indicadoras (ISA; p< 0.05) 8,7 ± 5,2 [5,4 – 12,0]
-
Cabralea canjerana, Cedrela fissilis, Machaerium villosum, Rapanea guianensis, Tabernaemontana hystrix
Anadenanthera colubrina, Eugenia hyemalis, Piptadenia paniculata, Vernonia diffusa
Espécies mais importantes (densidade)
Composição florística
70.9%
Cupania vernalis, Myrcia splendens, Piptadenia gonoacantha, Croton floribundus, Vernonia diffusa, Alchornea glandulosa, Luehea divaricata
Cupania vernalis, Myrcia splendens, Piptadenia gonoacantha, Alchornea glandulosa, Luehea divaricata, Lonchocarpus muehlbergianus, Cabralea canjerana
Vernonia diffusa, Cupania vernalis, Croton floribundus, Piptadenia gonoacantha, Solanum pseudoquina, Myrcia splendens, Piptadenia paniculata
Geral
Pouco degradado
Muito degradado
Parâmetro
Tema
Tabela 6 Resumo dos principais parâmetros de referência da composição e estrutura do estrato arbóreo da vegetação (PAP > 15 cm) por estado de conservação. Espécies mais importantes em ordem decrescente de densidade relativa. Ver texto para detalhes sobre o Índice de Valor de Espécie. Valores dos parâmetros de estrutura e riqueza se referem à média ± desvio padrão. Em colchetes os respectivos intervalos de confiança ao redor da média.
47
Diversidade de espécies
Riqueza de espécies
Estrutura da vegetação
[4 – 6] 91,3 ± 6,5 [87 – 96] 35
[IC 95%]
Riqueza máxima
[IC 95%]
Espécies exclusivas
15,85
4,8 ± 3,2
Espécies por parcela (m2)
Simpson (recíproco)
[52 – 72]
[IC 95%]
[7 – 11]
[IC 95%] 62,0 ± 5,3
9,3 ± 7,2
Densidade (N.m2)
Número de espécies (S)
445
5,91
21
[63 – 69]
66,0 ± 4,8
[5 – 6]
6,5 ± 2,2
[41 – 55]
48 ± 3,8
[21 – 30]
25,6 ± 13,4
1.021
8,70
-
[112 – 117]
114,5 ± 5,5
[15 – 18]
16,6 ± 3,7
[74 – 92]
83 ± 4,5
[14 – 20]
16,7 ± 13,2
1.466
Espécies indicadoras (ISA; p< 0.05)
Número de indivíduos (N)
-
Piptadenia gonoacantha, Tibouchina stenocarpa, Cupania vernalis, Piper aduncun, Rapanea ferruginea, Rapanea guianensis, Lonchocarpus muehlbergianus, Bauhinia forficata
Eugenia hyemalis, Eugenia sp., Guapira opposita, Mollinedia elegans, Tabernaemontana hystrix, Dichorisandra sp.
Espécies mais importantes
Composição florística
Cupania vernalis, Piptadenia gonoacantha, Tibouchina stenocarpa, Myrcia splendens, Psychotria vellosiana, Allophylus guaraniticus, Eugenia hyemalis
Piptadenia gonoacantha, Cupania vernalis, Tibouchina stenocarpa, Myrcia splendens, Psychotria vellosiana, Piper aduncun, Croton floribundus
Cupania vernalis, Eugenia hyemalis, Myrcia splendens, Allophylus guaraniticus, Eugenia sp., Psychotria vellosiana, Guapira opposita
Geral
Pouco degradado
Muito degradado
Parâmetro
Tema
Tabela 7 Resumo dos principais parâmetros de referência da composição e estrutura dos indivíduos regenerantes (altura < 1m) por estado de conservação. Espécies mais importantes em ordem decrescente de densidade relativa. Valores dos parâmetros de estrutura e riqueza de espécies se referem à média ± desvio padrão. Em colchetes os respectivos intervalos de confiança (alfa= 5%) ao redor da média.
3.2.3.2 Regenerantes Foram instaladas 88 parcelas de 1x1m (total de 88 m2 – 8 parcelas não foram instaladas no estado de conservação pouco degradado devido à ausência de barco para o transporte até o fragmento) dentro das quais foi levantado um total de 1.466 plântulas de espécies arbustivo-arbóreas (indivíduos com altura < 1 m) pertencentes a 83 espécies. Encontrou-se densidade geral média de 16,7 ± 13,2 plântulas por m2. Entretanto, a densidade de plântulas no ambiente pouco degradado (PD) foi bem maior, sendo em média quase três vezes maior que os fragmentos muito degradados (MD - Tabela 7). Essa diferença se deu provavelmente devido à cobertura de bambus arbustivos nativos, que foi sempre maior nos ambientes muito degradados. Dessa forma, a restauração deverá ser capaz de restabelecer uma densidade inicial mínima de 7 plântulas por m2 (MD) e, em seguida, uma densidade de 21 plântulas por m2 (PD). Quanto à composição de espécies, as espécies mais abundantes em cada um dos ambientes são apresentadas na Tabela 7. Para que a restauração seja bem sucedida, essas espécies deverão estar presentes entre os regenerantes nas áreas restauradas. Isso talvez ocorra apenas em médio e longo prazos, mas a presença dessas espécies dominantes na regeneração das áreas restauradas é indicadora de sucesso da restauração. Da mesma maneira, estão listadas na Tabela 7 as 14 espécies indicadoras, separadas entre os estados de conservação. Elas servirão como populações indicadoras de qual estado de conservação as áreas restauradas estão e/ou se elas estão caminhando para reconstruir sistemas próximos aos originais, ao menos em relação à composição do banco de plântulas. Apesar de o número médio de espécies por parcela não ter diferido estatisticamente entre os estados de conservação, os ambientes muito degradados mais uma vez apresentaram maior riqueza média e máxima de espécies. Esse resultado também se deve à maior heterogeneidade ambiental encontrada nos fragmentos mais degradados. Assim, a riqueza de plântulas arbustivo-arbóreas deverá ser igual ou maior a 63 e 87 espécies para os ambientes pouco e muito degradados, respectivamente. Em termos de riqueza observada por parcela, os valores de referência citados acima correspondem a uma riqueza mínima de quatro espécies de plântulas arbustivo-arbóreas por m2.
48
Quanto à diversidade de espécies (índice inverso de Simpson), os ambientes pouco degradados também foram bem diversos. Dessa forma, os valores mínimos de referência para a diversidade de espécies nos ambientes pouco e muito degradados são 5,9 e 15,9, respectivamente.
3.2.4 Gramíneas exóticas Quanto à percentagem de cobertura do solo por gramíneas exóticas invasoras (e.g. Brachiara spp.), os resultados estão sumarizados na tabela 8. Observa-se que os valores obtidos foram sempre baixos (< 3%), mesmo nos fragmentos muito degradados. Como esperado, o valor de cobertura máximo obtido foi encontrado em uma parcela de um fragmento muito degradado (2,73%, ou seja, 2,73 cm cobertos por gramíneas em um metro linear). Contudo, essa parcela esteve bem próxima à borda do fragmento. O ambiente muito degradado apresentou média ligeiramente maior, porém, não foi estatisticamente diferente do pouco degradado. Tais resultados são referências bastante desafiadoras para o processo de restauração, visto que a cobertura do solo por gramíneas exóticas em áreas degradadas comumente ultrapassa os 90%. Assim, na tentativa de restaurar sistemas próximos aos encontrados nos fragmentos florestais locais, o objetivo ideal da restauração será promover valores de cobertura por gramíneas exóticas menores que 1%, que representa o limite superior do intervalo de confiança do ambiente mais degradado (Tabela 8). Esse valor é apenas uma referência e certamente a floresta pode restabelecer seus processos sucessionais básicos com valores maiores de cobertura. Por outro lado, esse valor talvez só seja atingido a médio e longo prazos, quando a estrutura da floresta for capaz de proporcionar sombra contínua no solo da floresta. Tabela 8 Resumos dos resultados de percentagem de cobertura do solo por gramíneas exóticas Parâmetro
Muito degradado (%)
Pouco degradado (%)
Geral (%)
Média ± Desvio padrão
0,50 ± 0,91
0,34 ± 0,41
0,42 ± 0,69
Intervalo de confiança (95%)
0,00 ± 1,07
0,09 – 0,60
0,13 – 0,71
Valor máximo
2,73
1,05
2,73
49
Haroldo Palo Jr.
3.3 Avifauna 3.3.1 Inventário de aves Ao todo, foram registradas 129 espécies de aves de 42 famílias, sendo que a maioria, composta por 81 espécies, habita áreas abertas, antrópicas e/ou bordas florestais, enquanto que 34 espécies são típicas das florestas remanescentes, 12 são aquáticas ou associadas a ambientes palustres e apenas quatro são aves de espaço aéreo (Anexo 2). Nenhuma espécie se encontra em alguma categoria de risco de extinção, considerando âmbitos estadual, nacional e internacional. Porém, o pica-pau-rei Campephilus robustus, que foi observado uma vez, em casal, na área 1, foi recentemente retirado da categoria Ameaçada de Extinção no estado de São Paulo. Trata-se do maior pica-pau brasileiro e é uma espécie endêmica, rara e exigente quanto a recursos florestais. O jacu-guaçu Penelope obscura também já foi considerado ameaçado no estado e trata-se de um importante dispersor de sementes que recebe grande pressão de caça. Essas espécies devem receber atenção durante os trabalhos de monitoramento e restauração. Nove espécies endêmicas do bioma Mata Atlântica foram registradas, atribuindo valor de conservação aos fragmentos estudados (Anexo 50
2). Com exceção do tiê-negro Tachyphonus coronatus, todas essas espécies são florestais e a maioria foi rara ou ausente na amostragem quantitativa (Tabela 9), com exceção do tangará-dançarino Chiroxiphia caudata, uma das espécies mais abundantes, e do sebinho Todirostrum poliocephalum, de abundância intermediária. Como esta pesquisa pode ser considerada uma amostragem rápida, maior esforço de levantamento revelaria mais espécies de aves, contudo, como já salientado na caracterização geral da avifauna, florestas montanas apresentam menor riqueza de espécies. Além disso, como os fragmentos estudados possuem áreas insuficientes para manter grande número de espécies exigentes em recursos, já era previsível que esta pesquisa resultasse em um menor valor de riqueza em comparação com Silva (1992) e Develey e Martensen (2006), que tiveram maiores esforços de amostragem (ver capítulo 2.1). Tais trabalhos, assim como este inventário, não constataram a presença de espécies típicas da Mata Atlântica e mais exigentes em recursos ambientais, como o tropeiro Lipaugus lanioides e o araçari Selenidera maculirostris e, ainda, cinegéticas, como o macuco Tinamus solitarius e a jacutinga Pipile jacutinga, sugerindo possíveis extinções locais de populações dessas espécies, que foram registradas por Allegrini (1997) no Parque Estadual Turístico Alto do Ribeira (Petar), na Serra da Paranapiacaba.
nenhuma espécie se encontra em alguma categoria de risco de extinção, considerando âmbitos estadual, nacional e internacional Formas endêmicas e características de florestas melhor conservadas, como bacurau-tesoura-grande Macropsalis forcipata, picapau-dourado Piculus aurulentus, choquinha-carijó Drymophila malura, fruxu Neopelma chrysolophum, borralha Mackenziaena severa e pavó Pyroderus scutatus, ocorreram nos estudos de Silva (1992), Develey e Martensen (2006), mas não foram registradas em Piracaia, indicando menor integridade ambiental. A pobreza de espécies endêmicas e/ou típicas de florestas bem conservadas, a ausência de espécies ameaçadas e o fato de a grande maioria das espécies ocorrer tanto nas florestas úmidas do litoral como nas matas secas do interior mostram que a comunidade encontra-se empobrecida e descaracterizada, sendo subconjunto de outras comunidades do estado de São Paulo, sobretudo em relação ao Petar (ALLEGRINI, 1997). Apenas três exceções: jacu-guaçu Penelope obscura e ticotico-do-mato Arremon flavirostris, que são espécies típicas das formações litorâneas, e o beija-flor Phaethornis pretei, que é mais comum no interior do estado, não permitem afirmar se a comunidade de aves seria mais similar às áreas úmidas litorâneas ou às áreas mais secas do interior paulistano. O inventário realizado por meio de pontos recrutou 78 espécies de 32 famílias. Essas espécies inventariadas encontram-se na Tabela 9, que apresenta valores de abundância e frequência das populações de cada espécie. 51
O inventário revelou baixa similaridade em composição específica, comparando-se amostras de fragmentos, como pode ser observado no dendrograma do índice de Jaccard (Figura 3). O maior valor de similaridade foi da ordem de 54% entre as áreas 3 e 6. As maiores similaridades ocorreram entre os fragmentos A3, A5 e A6. As áreas mais dissimilares foram a 1 e a 2, que são fragmentos pequenos, mais degradados e que receberam apenas seis e três contagens pontuais, respectivamente. As outras áreas receberam sete ou nove contagens pontuais, assim, maiores esforços podem ter definido os agrupamentos de Jaccard em primeira escala, refletindo também o tamanho das áreas, pois áreas maiores possibilitam o estabelecimento de mais pontos de inventário e também comportam maior número de espécies e contingentes populacionais. Além de a amostragem ter sido pequena, baixos contingentes populacionais de aves florestais na escala da paisagem explicam a dissimilaridade de espécies entre fragmentos. A curva de rarefação de toda a amostragem (Figura 4) apresenta leve tendência à inflexão ao eixo ‘x’ e, assim como o intervalo de confiança, sugere que seria necessário maior esforço para que o inventário fosse mais representativo, fato que se verifica mais claramente para inventários no interior da floresta (Figura 5) e em bordas florestais (Figura 6), por serem amostras parciais do total. Tais resultados são comuns em amostragens rápidas como esta, particularmente porque o método de inventário em pontos, por ter resultados mais acurados, é mais seletivo em recrutamentos, exigindo maior esforço, por exemplo, em relação a amostragens em trajetos irregulares, mas menor esforço em comparação com inventários usando redes ornitológicas. O teste de Kruskal-Wallis foi utilizado verificando diferenças significativas na riqueza de espécies, índice de Shannon-Wiener e na Uniformidade. Tais análises de variância sugeriram que não houve diferenças significativas na diversidade de aves, considerando resultados obtidos no interior de fragmentos florestais em comparação com aqueles obtidos em suas bordas. Esse resultado da análise de variância da riqueza foi semelhante ao obtido pelas curvas de rarefação, pois ocorreram sobreposições de intervalos de confiança nas curvas das amostragens em bordas e de interior. Tais análises sugerem que a composição de aves que utilizam as bordas florestais seja tão complexa quanto a de que utilizam o interior dos fragmentos no que tange aos aspectos investigados de estrutura comunitária. 52
As variáveis, riqueza de espécies e número de indivíduos oscilaram consideravelmente na amostragem, de acordo com intervalos de confiança da Tabela 10. Assim, as melhores informações de referência sobre a diversidade de aves são os intervalos de confiança dos parâmetros: índice de Shannon e de Uniformidade, embora a amostragem da riqueza também seja adequada e importante, devido ao baixo coeficiente de variação. Tabela 9 Aves recrutadas no inventário em pontos-fixos, sendo: n - número de indivíduos, IPA – Índice Pontual de Abundância e FOP – Frequência de Ocorrência em Pontos de Amostragem. Nome do Táxon
n
IPA
FOP
Crypturellus obsoletus (TEMMINCK, 1815)
1
0,2
0,02
Crypturellus tataupa (TEMMINCK, 1815)
3
0,6
0,04
2
0,4
0,02
14
0,28
0,1
Nycticorax nycticorax (LINNAEUS, 1758)
2
0,4
0,02
Ardea alba (LINNAEUS, 1758)
1
0,2
0,02
8
0,16
0,12
Milvago chimachima (VIEILLOT, 1816)
9
0,18
0,16
Herpetotheres cachinnans (LINNAEUS, 1758)
2
0,4
0,02
2
0,4
0,02
7
0,14
0,1
1
0,2
0,02
10
0,2
0,12
Tinamidae (GRAY, 1840)
Cracidae (RAFINESQUE, 1815) Penelope obscura (TEMMINCK, 1815) Phalacrocoracidae (REICHENBACH, 1849) Phalacrocorax brasilianus (GMELIN, 1789) Ardeidae (LEACH, 1820)
Accipitridae (VIGORS, 1824) Rupornis magnirostris (GMELIN, 1788) Falconidae (LEACH, 1820)
Rallidae (RAFINESQUE, 1815) Aramides saracura (SPIX, 1825) Cariamidae (BONAPARTE, 1850) Cariama cristata (LINNAEUS, 1766) Charadriidae (LEACH, 1820) Vanellus chilensis (MOLINA, 1782) Columbidae (LEACH, 1820) Patagioenas picazuro (TEMMINCK, 1813)
53
...continuação Nome do Táxon
n
IPA
FOP
Patagioenas cayennensis (BONNATERRE, 1792)
2
0,4
0,04
Leptotila verreauxi (BONAPARTE, 1855)
9
0,18
0,16
Leptotila rufaxilla (RICHARD; BERNARD, 1792)
1
0,2
0,02
Aratinga leucophthalma (MÜLLER, 1776)
19
0,38
0,14
Brotogeris chiriri (VIEILLOT, 1818)
6
0,12
0,06
Piaya cayana (LINNAEUS, 1766)
8
0,16
0,14
Guira guira (GMELIN, 1788)
1
0,2
0,02
Tapera naevia (LINNAEUS, 1766)
1
0,2
0,02
4
0,8
0,08
2
0,4
0,04
Picumnus temminckii (LAFRESNAYE, 1845)
10
0,2
0,16
Melanerpes candidus (OTTO, 1796)
1
0,2
0,02
Veniliornis spilogaster (WAGLER, 1827)
6
0,12
0,12
Colaptes campestris (VIEILLOT, 1818)
19
0,38
0,28
Dryocopus lineatus (LINNAEUS, 1766)
4
0,8
0,08
Campephilus robustus (LICHTENSTEIN, 1818)
2
0,4
0,02
36
0,72
0,5
7
0,14
0,1
Furnarius rufus (GMELIN, 1788)
2
0,4
0,02
Synallaxis ruficapilla (VIEILLOT, 1819)
1
0,2
0,02
Synallaxis spixi (SCLATER, 1856)
5
0,1
0,1
Automolus leucophthalmus (WIED, 1821)
5
0,1
0,08
Psittacidae (RAFINESQUE, 1815)
Cuculidae (LEACH, 1820)
Trochilidae (VIGORS, 1825) Thalurania glaucopis (GMELIN, 1788) Alcedinidae (RAFINESQUE, 1815) Megaceryle torquata (LINNAEUS, 1766) Picidae (LEACH, 1820)
Thamnophilidae (SWAINSON, 1824) Thamnophilus caerulescens (VIEILLOT, 1816) Conopophagidae (SCLATER; SALVIN, 1873) Conopophaga lineata (WIED, 1831) Furnariidae (GRAY, 1840)
54
...continuação Nome do Táxon
n
IPA
FOP
Mionectes rufiventris (CABANIS, 1846)
3
0,6
0,04
Leptopogon amaurocephalus (TSCHUDI, 1846)
2
0,4
0,02
Poecilotriccus plumbeiceps (LAFRESNAYE, 1846)
5
0,1
0,1
Todirostrum poliocephalum (WIED, 1831)
12
0,24
0,2
Todirostrum cinereum (LINNAEUS, 1766)
1
0,2
0,02
Camptostoma obsoletum (TEMMINCK, 1824)
6
0,12
0,12
Tolmomyias sulphurescens (SPIX, 1825)
13
0,26
0,22
Platyrinchus mystaceus (VIEILLOT, 1818)
5
0,1
0,1
Lathrotriccus euleri (CABANIS, 1868)
11
0,22
0,16
Pitangus sulphuratus (LINNAEUS, 1766)
16
0,32
0,28
Myiodynastes maculatus (MÜLLER, 1776)
4
0,8
0,06
Megarynchus pitangua (LINNAEUS, 1766)
2
0,4
0,02
Tyrannus melancholicus (VIEILLOT, 1819)
1
0,2
0,02
Myiarchus swainsoni (CABANIS; HEINE, 1859)
10
0,2
0,14
Myiarchus ferox (GMELIN, 1789)
2
0,4
0,04
16
0,32
0,24
6
0,12
0,12
Cyclarhis gujanensis (GMELIN, 1789)
53
1,6
0,76
Vireo olivaceus (LINNAEUS, 1766)
49
0,98
0,76
3
0,6
0,06
4
0,8
0,08
Turdus rufiventris (VIEILLOT, 1818)
11
0,22
0,22
Turdus leucomelas (VIEILLOT, 1818)
8
0,16
0,14
Tyrannidae (VIGORS, 1825)
Pipridae (RAFINESQUE, 1815) Chiroxiphia caudata (SHAW; NODDER, 1793) Tityridae (GRAY, 1840) Pachyramphus polychopterus (VIEILLOT, 1818) Vireonidae (SWAINSON, 1837)
Corvidae (LEACH, 1820) Cyanocorax cristatellus (TEMMINCK, 1823) Troglodytidae (SWAINSON, 1831) Troglodytes musculus (NAUMANN, 1823) Turdidae (RAFINESQUE, 1815)
55
...continuação Nome do Táxon
n
IPA
FOP
Turdus amaurochalinus (CABANIS, 1850)
8
0,16
0,16
1
0,2
0,02
Trichothraupis melanops (VIEILLOT, 1818)
2
0,4
0,02
Tachyphonus coronatus (VIEILLOT, 1822)
11
0,22
0,2
Thraupis sayaca (LINNAEUS, 1766)
8
0,16
0,16
Tangara cayana (LINNAEUS, 1766)
9
0,18
0,16
Conirostrum speciosum (TEMMINCK, 1824)
2
0,4
0,02
Zonotrichia capensis (MÜLLER, 1776)
5
0,1
0,1
Ammodramus humeralis (BOSC, 1792)
3
0,6
0,06
Emberizoides herbicola (VIEILLOT, 1817)
2
0,4
0,04
Volatinia jacarina (LINNAEUS, 1766)
1
0,2
0,02
Arremon semitorquatus (SWAINSON, 1838)
3
0,6
0,02
9
0,18
0,16
Parula pitiayumi (VIEILLOT, 1817)
2
0,4
0,04
Basileuterus culicivorus (DEPPE, 1830)
42
0,84
0,52
Basileuterus leucoblepharus (VIEILLOT, 1817)
25
0,5
0,42
Gnorimopsar chopi (VIEILLOT, 1819)
1
0,2
0,02
Pseudoleistes guirahuro (VIEILLOT, 1819)
2
0,4
0,04
Carduelis magellanica (VIEILLOT, 1805)
1
0,2
0,02
Euphonia chlorotica (LINNAEUS, 1766)
4
0,8
0,08
Mimidae (BONAPARTE, 1853) Mimus saturninus (LICHTENSTEIN, 1823) Thraupidae (CABANIS, 1847)
Emberizidae (VIGORS, 1825)
Cardinalidae (RIDGWAY, 1901) Saltator similis (D`ORBIGNY; LAFRESNAYE, 1837) Parulidae (WETMORE et al., 1947)
Icteridae (VIGORS, 1825)
Fringillidae (LEACH, 1820)
56
Estimativas de densidade para aves florestais são raras no Brasil. Apenas Allegrini (1997) conseguiu valores apropriados, pois realizou uma grande amostragem, essencial para obter um número suficiente de registros de aves dentro da área do cálculo de densidade. Neste estudo, utilizando raio de 20 m a partir de cada ponto de amostragem, foi possível obter, ao todo, apenas 48 registros numa área de 6,28 hectares inventariados. A densidade obtida para a comunidade foi de 6,3 indivíduos por hectare. Apenas para o pula-pula-coroado Basileuterus culicivorus, que foi a espécie com maior número de registros (n = 8) dentro do raio de 20 m, foi possível calcular a densidade populacional (1,4 índivíduos por hectare), mas é importante considerar que oito registros é um número insuficiente para estimativas acuradas. Allegrini (1997) obteve em estádios de regeneração florestal densidades de 0,68; 1,86 e 3,82 índivíduos por hectare dessa espécie, que são números próximos do valor presente.
Computando resultados da amostragem em todos os fragmentos florestais, foram obtidos os seguintes valores para a diversidade: 78 espécies, 597 indivíduos, índice de Shannon-Wiener de 3,78, uniformidade de 0,86 e índice de abundância pontual de 11,94. Os presentes resultados são similares aos de outros trabalhos que utilizaram o mesmo método de amostragens em diversos fragmentos florestais no estado de São Paulo (VIELLIARD, 2000) e podem ser utilizados como informações de referência para restauração florestal.
Adriano Gambarini
As densidades totais obtidas pelo citado autor para suas comunidades não podem ser comparadas à densidade total deste trabalho, pois sua amostragem foi maior e os valores obtidos, muito superiores, pois foram calculados acumulativamente, não havendo resultados parciais.
57
Tabela 10 Componentes quantitativos da diversidade de aves inventariadas em pontos-fixos; sendo: n – número de indivíduos, H’ – índice de Shannon-Wiener, J’ – uniformidade. Fragmento
Riqueza
n
H’
J’
Área 1
32
69
3.2
0.92
Área 2
38
63
3.48
0.95
Área 3
46
181
3.36
0.87
Área 5
36
124
3.22
0.9
Área 6
45
161
3.49
0.91
Média aritmética
39,4
119,6
3,35
0.9100
Variância
35,8
28,2
0.019
0.0009
Desvio padrão
59,8
53,1
0.137
0.0292
Erro padrão
26,8
23,7
0.061
0.0130
Coeficiente de variação
15,19%
44,38%
4,11%
3,20%
Intervalo de confiança
39,4 ± 52,4
119,6 ± 30,76
3,35 ± 0,12
0,91 ± 0,02
Durante as próximas décadas, os valores de estruturas populacionais acima apresentados devem ser comparados apenas aos resultados obtidos nas áreas em restauração ao longo do monitoramento e não devem ser interpretados como condições ideais do sucesso da restauração, cujos valores deverão estar bem aquém dos atuais nos próximos dez a vinte anos pelo menos. Estimativas do esforço de amostragem e do poder analítico puderam ser calculadas para aves insetívoras florestais, uma categoria ecológica adequada para ser utilizada com indicadora do sucesso da restauração florestal por meio do monitoramento. Em análises objetivando detectar alterações populacionais de 5% com testes ‘t’ pareados para amostras dependentes (nos mesmos locais de monitoramento, antes e depois da restauração), foram utilizadas 25 espécies, 228 indivíduos, amostragem em 50 pontos, média de 91,2 aves e desvio padrão de 106,23. Resultados indicam que para obter-se nível alfa de 0,01 e poder de 0,8 deverão ser realizadas 43 amostras. Para nível alfa de 0,05 e poder de 0,81 deverão ser amostrados 27 pontos fixos.
58
Esses resultados podem orientar a primeira campanha de campo de monitoramento a ser realizada exatamente nas áreas degradadas que serão restauradas. Como garantia, sugere-se que sejam realizadas novamente cerca de 50 amostras e, então, de posse desses resultados, é que novas análises de tamanho e poder orientariam o monitoramento de forma mais efetiva. Sugere-se também que tais estimativas sejam realizadas para algumas espécies em particular, visando detectar oscilações de tamanho populacional. A seleção dessas espécies foi feita ponderando exigências ecológicas associadas ao ambiente florestal e a necessidade de serem aves abundantes e frequentes, com capacidade de colonizar as áreas a serem restauradas. Contemplando essas características, dentre as dez espécies florestais mais abundantes e frequentes, devem ser monitoradas flutuações populacionais do pula-pula-coroado Basileuterus culicivorus, pula-pula-assoviador Basileuterus leucoblepharus, choca-da-mata Thamnophilus caerulescens e tangará-dançarino Chiroxiphia caudata. As demais espécies que foram registradas com maior abundância e frequência na amostragem têm hábitos mais generalistas, ocorrendo em bordas florestais, áreas abertas e/ou antrópicas e deverão estar entre as primeiras aves a colonizar áreas restauradas: gente-de-fora-vem Cychlarhis gujanensis, juruviara Vireo olivaceus, pica-pau-do-campo Colaptes campestris, bico-chato-orelhudo Tolmomyias sulphurescens, bem-te-vi Pitangus sulphuratus e sabiá-laranjeira Turdus rufiventris. Apesar da plasticidade ambiental que possuem, populações dessas espécies também devem ser utilizadas como indicadoras da sucessão ecológica nas áreas restauradas e devem receber análises de tamanho da amostra e poder de análise. Outras categorias ecológicas e bioindicadores em potencial são os insetívoros florestais e as aves onívoras dispersoras de sementes. A primeira
categoria é sensível aos impactos da fragmentação florestal e tem sofrido declínios populacionais e extinções locais. Na maioria, são habitantes do sub-bosque, cuja presença denota relativa integridade biológica dos fragmentos, pois essas aves se restringem muito às áreas florestais. Outras aves florestais que podem ser indicadoras da recomposição biótica das áreas restauradas são o ticotico-do-mato Arremon semitorquatus, uma espécie que em Piracaia se encontra no limite mais interiorano da sua área de ocorrência; o tangará-dançarino Chiroxyphia caudata; a juriti Leptotila verreauxi; a pomba-galega Patagioenas cayennensis e o beija-flor-de-fronte-violeta Thalurania glaucopis. As aves dispersoras de sementes devem receber atenção no monitoramento porque propagarão espécies botânicas da região dentro das áreas de restauração e vice-versa, evidenciando possíveis funções ecológicas da restauração. Ao todo, foram registradas 25 espécies de insetívoros florestais (Anexo 2), havendo 20 espécies mais abundantes, apresentadas na Tabela 11. A maioria das aves dispersoras de sementes pertence à categoria onívoros: frugívoros e insetívoros, com 29 espécies na região, sendo que 19 espécies reconhecidamente dispersoras se encontram na Tabela 12, com destaque para aquelas que utilizam poleiros implantados, uma técnica de restaução florestal. Chama atenção a escassez de espécies polinizadoras da família dos beija-flores (Throchilidae), pois apenas cinco espécies foram registradas. Somente o beija-flor-de-fronte-violeta Thalurania glaucopis foi registado na amostragem quantitativa e, além disso, foi a única espécie florestal de Throchilidae. A sensibilidade das espécies florestais de beija-flores à fragmentação é reconhecida na literatura, e esforços de restauração devem incluir espécies botânicas atrativas como medida de enriquecimento de hábitat para essas importantíssimas aves polinizadoras. 59
Houve correlações de Spearman significativas entre diversidade de aves e aspectos da estrutura do hábitat, como densidade do sub-bosque e complexidade vertical da floresta. Entre diversidade de aves e densidade do sub-bosque, foi obtido p = 0,009; r = 0,26; e t = 26,48 (com 93 pares de dados). Entre diversidade de aves e complexidade vertical da floresta, obteve-se p = 0,009; r = 0,26; e t = 26,37 (com 93 pares de dados). Não houve associação significativa entre diversidade de aves e intensidade luminosa ao nível do sub-bosque, tampouco com a riqueza de espécies arbóreas, densidade ou área basal das árvores. Essas informações são importantes, pois mostram a importância de as medidas de restaração visarem restabelecer as condições estruturais do hábitat mais associadas à avifauna, cujas características serão apresentadas abaixo. Tabela 11 Aves florestais insetívoras e potenciais bioindicadoras de áreas restauradas Nome do Táxon
Nome em Português
English Name
Picumnus temminckii
pica-pau-anão-de-coleira
Ochre-collared Piculet
Veniliornis spilogaster
picapauzinho-verde-carijó
White-spotted Woodpecker
Dryocopus lineatus
pica-pau-de-banda-branca
Lineated Woodpecker
Campephilus robustus
pica-pau-rei
Robust Woodpecker
Thamnophilus caerulescens
choca-da-mata
Variable Antshrike
Sittasomus griseicapillus
arapaçu-verde
Olivaceous Woodcreeper
Xiphorhynchus fuscus
arapaçu-rajado
Lesser Woodcreeper
Conopophaga lineata
chupa-dente
Rufous Gnateater
Synallaxis ruficapilla
pichororé
Rufous-capped Spinetail
Automolus leucophthalmus
barranqueiro-de-olho-branco
White-eyed Foliage-gleaner
Mionectes rufiventris
abre-asa-de-cabeça-cinza
Gray-hooded Flycatcher
Leptopogon amaurocephalus
cabeçudo
Sepia-capped Flycatcher
Poecilotriccus plumbeiceps
tororó
Ochre-faced Tody-Flycatcher
Todirostrum poliocephalum
teque-teque
Yellow-lored Tody-Flycatcher
Tolmomyias sulphurescens
bico-chato-de-orelha-preta
Yellow-olive Flycatcher
Platyrinchus mystaceus
patinho
White-throated Spadebill
Lathrotriccus euleri
enferrujado
Euler’s Flycatcher
Trichothraupis melanops
tiê-de-topete
Black-goggled Tanager
Basileuterus culicivorus
pula-pula
Golden-crowned Warbler
Basileuterus leucoblepharus
pula-pula-assobiador
White-browed Warbler
60
Medidas de restauração devem consorciar espécies botânicas que propiciem grande variação vertical na floresta, possibilitando o estabelecimento de espécies com hábitos especializados de forrageamento, como aves escaladoras de galhos e troncos (Picidae, Dendrocolaptidae, Xenops spp), aves insetívoras que buscam suas presas em aglomerados de folhas mortas suspensas na floresta (Philidor spp) e outras que capturam insetos em voo (fly-catching) no interior florestal (Tyrannidae). Contudo, como será visto a seguir, a demasiada densidade do sub-bosque, que é típica em estágios iniciais e médios de regeneração, deve ser evitada na restauração ecológica, pois representa uma limitação às espécies que possuem hábitos mais especializados de alimentação (Thiollay 1997). Tabela 12 Aves onívoras dispersoras de sementes Nome do Táxon
Nome em Português
English Name
Penelope obscura
jacuaçu
Dusky-legged Guan
Ramphastos toco
tucanuçu *
Toco Toucan
Camptostoma obsoletum
risadinha *
Southern Beardless-Tyrannulet
Pitangus sulphuratus
bem-te-vi *
Great Kiskadee
Myiodynastes maculatus
bem-te-vi-rajado *
Streaked Flycatcher
Megarynchus pitangua
neinei *
Boat-billed Flycatcher
Tyrannus melancholicus
suiriri *
Tropical Kingbird
Myiarchus swainsoni
irré *
Swainson’s Flycatcher
Myiarchus ferox
maria-cavaleira *
Short-crested Flycatcher
Chiroxiphia caudata
tangará
Blue Manakin
Pachyramphus polychopterus
caneleiro-preto
White-winged Becard
Turdus rufiventris
sabiá-laranjeira
Rufous-bellied Thrush
Turdus leucomelas
sabiá-barranco
Pale-breasted Thrush
Turdus amaurochalinus
sabiá-poca
Creamy-bellied Thrush
Tachyphonus coronatus
tiê-preto
Ruby-crowned Tanager
Thraupis sayaca
sanhaçu-cinzento
Sayaca Tanager
Tangara cayana
saíra-amarela
Burnished-buff Tanager
Saltator similis
trinca-ferro-verdadeiro
Green-winged Saltator
Euphonia chlorotica
fim-fim
Purple-throated Euphonia
* utilizam poleiros artificiais em áreas abertas
61
recomendações para a restauração
Haroldo Palo Jr.
informações de referência . série água, clima e floresta . v. II
N
este item, são feitas considerações e recomendações às atividades de restauração a serem desenvolvidas às margens do Reservatório Cachoeira, com base nas informações de referência sobre vegetação, flora e avifauna. Para os mais diferentes aspectos são estabelecidos valores de referência que podem ser vistos como metas para a restauração, assumindo os fragmentos do entorno como parâmetros os quais se pretende atingir para considerar a restauração como bem-sucedida. Cabe ressaltar, contudo, que esses são apenas valores de referência e que obtê-los por meio das atividades de restauração pode levar muitos anos (e.g. cobertura do solo por gramíneas exóticas). Adicionalmente, o tempo necessário para atingir cada um deles pode ser diferente (e.g. densidade vs. área basal). Portanto, durante o monitoramento, eles devem ser vistos como indicativos de que a restauração foi capaz ou está a caminho de formar florestas com estrutura e diversidade semelhantes às condições locais. 64
Mesmo assim, é importante destacar que o principal objetivo da restauração pode não ser (ou talvez não seja) restabelecer parâmetros encontrados em fragmentos próximos, ou seja, ‘copiar’ a estrutura, composição e riqueza de fragmentos. Apesar da importância do estabelecimento de valores de referência para monitorar o sucesso das atividades de restauração (RUIZ JAEN; AIDE, 2005), o atual objetivo da resturação é restabelecer os processos ecológicos básicos capazes de estimular a sucessão natural e recuperar a capacidade de a floresta se manter no tempo (PARKER, 1997; PARKER; PICKETT, 1999). Dentro desse objetivo, assume-se a restauração como um processo aberto e não previsível, que pode resultar em comunidades funcionais bastante distintas entre si, distintas inclusive dos próprios fragmentos usados como referência.
4.1 Vegetação e flora Como ilustrado em itens anteriores (itens 3.2.3 e 3.2.4), houve uma diferenciação significativa entre os estados de conservação Muito Degrado (MD) e Pouco Degradado (PD). Nesses casos, os valores de referência obtidos para MD podem ser considerados como valores ou referências parciais que antecedem a referência final (PD). Os valores encontrados para os parâmetros avaliados em cada um dos estados de conservação podem ser encontrados nas Tabelas 6 (estrato arbóreo) e 7 (regenerantes). Para facilitar a avaliação de sucesso da restauração, são resumidos a seguir os valores mínimos de referência (i.e. limites inferiores dos intervalos de confiança) para o estado de conservação com menor valor médio do respectivo parâmetro (no caso de diferença significativa entre MD e PD) ou para o valor total (no caso de não haver diferença significativa entre os estados). Esses valores são colocados como sugestões de metas para a restauração, que deverá obter: 65
• Densidade mínima de 1.315 indivíduos.ha-1 (adultos) e 7 indivíduos.m-2 (plântulas); • Área basal mínima de 25 m2.ha-1 (adultos); • Volume de madeira mínimo de 280 m3.ha-1 (adultos); • Indivíduos com uma altura total média maior que 7,7 m por parcela (adultos). • Riqueza total mínima de 89 (adultos) e 63 espécies arbustivo-arbóreas (plântulas); • Diversidade mínima (índice inverso de Simpson) de 23,26 (adultos) e 5,9 (plântulas); • Índice de Valor de Espécie mínimo de 1,3 (adultos); • Percentagem de cobertura do solo por gramíneas exóticas inferior a 1%. Quanto à composição, as espécies mais importantes encontradas nos dois estados de conservação devem ser reintroduzidas pela restauração, seja por meio do plantio direto, seja com técnicas alternativas, como o transplante de plântulas ou o banco de sementes do solo. Essas espécies são: Cupania vernalis, Myrcia splendens, Piptadenia gonoacantha, Croton floribundus, Vernonia diffusa, Alchornea glandulosa, Luehea divaricata, Solanum pseudoquina, Piptadenia paniculata, Lonchocarpus muehlbergianus e Cabralea canjerana. Esse é o conjunto de espécies que melhor caracteriza as comunidades arbóreas estudadas, e sua presença nas áreas restauradas, portanto, pode ser usada como um dos indicativos da eficiência das atividades de restauração. Vale destacar que, como as áreas que receberão as atividades de restauração (e.g. pastos abandonados) e os fragmentos florestais possuem ambientes com condições muito diferentes, essas espécies devem estar presentes, mas não necessariamente devem apresentar a mesma importância nas áreas restauradas. Outras espécies que por outros motivos também são recomendadas para a restauração estão apresentada na Tabela 17. Além dessas espécies, a escolha final de quais serão utilizadas na restauração deve estar baseada nas exigências legais existentes no estado de São Paulo (Resolução SMA 08 de 2007), principalmente no que diz respeito à riqueza total de espécies introduzidas (mín. 80) e à proporção de espécies ameaçadas (mín. 5%) e zoocóricas (mín. 20 e máx. 40%). Foram identificadas nove espécies arbóreas indicadoras dos dois estados de conservação avaliados: Anadenanthera colubrina, Eugenia hyemalis, Piptadenia paniculata e Vernonia diffusa (MD); e Cabralea canjerana, Cedrela fissilis, Machaerium villosum, Rapanea guianensis e Tabernaemontana hystrix (PD). Essas espécies podem ser monitoradas em particular, pois servirão como indicadores de que o processo de restauração está sendo eficiente ao restabelecer as espécies localmente mais importantes. Esse monitoramento deve incluir a presença de indivíduos das espécies indicadoras nas áreas restauradas e pode também 66
avaliar variações de tamanhos populacionais. A análise distinta entre espécies indicadoras de fragmentos MD e PD pode ser usada ainda como uma ferramenta extra para avaliar, em termos florísticos, em que estágio a restauração se encontra, assumindo que o estado de conservação MD irá se desenvolver para um estado PD.
Scott Warren
o monitoramento deve incluir a presença de indivíduos das espécies indicadoras nas áreas restauradas e pode também avaliar variações de tamanhos populacionais
As análises de espécies mais importantes e espécies indicadoras podem ser feitas entre os indivíduos regenerantes (<1 m de altura). Além de incluir plântulas de espécies de menor porte presentes no sub-bosque dos fragmentos, o monitoramento dos regenerantes pode ser usado para avaliar a recuperação do potencial de autorregeneração dos ambientes restaurados. Nesse sentido, a ‘saúde’ do estrato regenerante pode indicar uma garantia de manutenção da floresta restaurada. Contudo, deve-se ter cuidado ao comparar diretamente a composição, diversidade e estrutura dos estratos arbóreo e regenerante, visto que há diferenças naturais entre os dois estratos da floresta (e.g. espécies com portes diferentes, estratégias de regeneração diferentes e espécies correspondentes a momentos sucessionais distintos da floresta).
67
4.2 Fauna Um dos processos ecológicos mais importantes no auxílio à recuperação de áreas degradadas e à manutenção dos ecossistemas naturais é a dispersão de sementes por animais (zoocoria), pois cerca de 50% a 90% das espécies de árvores nas florestas tropicais são dispersas por animais (HOWE; SMALLWOOD, 1982). Estudos recentes têm demonstrado que aves e morcegos são os principais dispersores de sementes em florestas tropicais, contribuindo para a recomposição da vegetação em trechos degradados (HEITHAUS, 1982). Em restauração florestal, a grande vantagem de se utilizar plantas dispersadas por animais é que esses agentes dispersores não apenas garantem a disseminação dessas plantas na área, mas também adicionam diversas outras espécies de plantas importantes para o processo de regeneração, cujas sementes são veiculadas em fezes e que não foram incluídas no plantio, quase sempre por serem desconhecidas quanto ao seu uso pela fauna (SILVA, 2003). A utilização de sementes de frutos consumidos pela fauna em restauração florestal contempla dois importantes fatores de sucesso, que são a utilização de: i) elevada riqueza de espécies de plantas e ii) variabilidade genética local. Tal procedimento potencializa o processo de sucessão vegetal nas áreas restauradas, favorecendo a disseminação natural de espécies botânicas comprovadamente utilizadas e importantes para a fauna silvestre, garantindo estrutura e função às áreas restauradas. A Tabela 17 apresenta espécies arbóreas da flora regional recomendadas para a restauração, considerando a atratividade para a fauna. Sugere-se que essas espécies arbóreas sejam plantadas utilizando sementes coletadas na região, mas é importante enfatizar a ausência de constatações de que a fauna utilize tais recursos em Piracaia. Os presentes resultados mostram que a comunidade de aves estudada encontra-se empobrecida e descaracterizada, sendo subconjunto de outras comunidades do estado de São Paulo, havendo notável ausência de espécies de aves florestais, como as grandes frugívoras de copa e beija-flores. Sabe-se que, embora espécies botânicas consigam permanecer em fragmentos, a fauna dispersora, polinizadora ou predadora pode ter se extinguido ou estar em tão baixa densidade que as interações fauna e flora podem estar ecologicamente comprometidas. A ineficiência de muitas áreas de restauração em atrair e manter a fauna florestal é muito comum. Obviamente, a ausência de fauna compromete o restabelecimento e a propagação das espécies de plantas florestais nessas áreas de restauração.
68
Haroldo Palo Jr.
69
Assim, é interessante utilizar espécies botânicas que sejam comprovadamente utilizadas pela fauna local, garantindo interações ecológicas efetivas nas áreas restauradas. Para tanto, é necessária uma avaliação regional da utilização da flora pela fauna. Sugere-se que, nesse trabalho, fezes e pelotas alimentares regurgitadas sejam obtidas por meio de técnicas especializadas de manejo de fauna, possibilitando a identificação das espécies animais e vegetais que se interagem de fato na região. Sementes obtidas seriam separadas por morfoespécie, parte delas seria fixada em álcool 70% para identificação e outra parte seria destinada à germinação. Quando as sementes forem identificadas, fração delas seria tombada num Banco de Germoplasma. Informações seriam organizadas em banco de dados correlacionado (espécie animal, indivíduo marcado, amostra de alimentos, espécies botânicas, coordenadas geográficas, tombamento das sementes no Banco de Germoplasma). Geralmente, caracteres taxonômicos úteis para identificação das plantas até o nível de espécie não são muito digeridos (FLEMING, 1988). Sementes poderiam ser identificadas por comparação do material das pelotas alimentares com plantas frutificando na área. Identificadas ou não, sementes seriam utilizadas para orientar a busca das plantas matrizes e a distribuição de coletores de sementes embaixo das matrizes. Coletores seriam verificados e esvaziados periodicamente. As coletas de sementes obtidas seriam individualizadas por planta matriz e acondicionadas com um código de referência. Após seleção manual, as melhores sementes advindas dos coletores teriam dois destinos: i) 80% seriam utilizadas em experimento de germinação em viveiro e, depois, em forma de mudas, seriam plantadas na restauração florestal; ii) 20% das sementes seriam utilizadas para identificação, sendo posteriormente tombadas no Banco de Germoplasma (câmara fria), com número de tombo associado a cada coleta, a cada planta matriz e a cada lote de mudas produzidas. Essas investigações teriam duração de dois anos, com coletas mensais, contemplando a fenologia das plantas nas quatro estações sazonais, resultando em informações valiosas para a continuidade do trabalho de restauração florestal e garantindo interações ecológicas efetivas nas áreas restauradas. Investigações e o trabalho de coleta de sementes podem ser associados e/ou resultantes do monitoramento de aves e morcegos com redes-neblina que se sugere proceder, no qual seriam coletadas fezes e regurgitados desses organismos.
70
Tabela 17 Lista das espécies arbóreas da flora regional recomendadas para a restauração das margens do Reservatório Cachoeira em Piracaia, SP. Espécies com dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis à restauração possuem aspectos desejáveis associados a dispersão, germinação e/ou crescimento. Família
Espécie
Motivo
ANACARDIACEAE
Schinus terebenthifolia
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis; atrativa para aves pequenas e mamíferos
ANACARDIACEAE
Tapirira guianensis
Atrativa para aves
ANACARDIACEAE
Tapirira obtusa
Atrativa para aves
ANACARDIACEAE
Xylopia aromatica
Atrativa para aves
APOCYNACEAE
Aspidosperma cf. quirandy
Ameaçadas (ou quase) de extinção
ARAUCARIACEAE
Araucaria angustifolia
Ameaçadas (ou quase) de extinção; atrativa para aves e mamíferos
ARECACEAE
Acrocomia aculeata
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis; atrativa para aves e mamíferos
ARECACEAE
Syagrus romanzoffiana
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis; atrativa para aves e mamíferos
ASTERACEAE
Baccharis dracunculifolia
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis
ASTERACEAE
Piptocarpha axillaris
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis
ASTERACEAE
Vernonia diffusa
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis
ASTERACEAE
Vernonia ferruginea
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis
BORAGINACEAE
Cordia sellowiana
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis; atrativa para aves e mamíferos
BORAGINACEAE
Cordia trichotoma
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis; atrativa para aves
CANNABACEAE
Trema micrantha
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis; atrativa para aves pequenas
CELASTRACEAE
Maytenus salicifolia
Espécie endêmica regional
CLETHRACEAE
Clethra scabra
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis
71
...continuação Família
Espécie
Motivo
CONNARACEAE
Connarus regnelii
Espécie endêmica regional
ERYTHROXYLACEAE
Erythroxylum deciduum
Atrativa para aves
EUPHORBIACEAE
Alchornea glandulosa
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis; atrativa para aves
EUPHORBIACEAE
Croton floribundus
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis
EUPHORBIACEAE
Croton urucurana
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis; atrativa para peixes
EUPHORBIACEAE
Manihot cf. jolyana
Atrativa para mamíferos
FABACEAE
Copaifera langsdorfii
Ameaçadas (ou quase) de extinção; atrativa para aves
FABACEAE
Inga sessilis
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis; atrativa para aves, mamíferos e peixes
FABACEAE
Leucochloron incuriale
Espécie endêmica regional
FABACEAE
Machaerium aculeatum
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis
FABACEAE
Machaerium nyctitans
Ameaçadas (ou quase) de extinção; Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis
FABACEAE
Machaerium villosum
Ameaçadas (ou quase) de extinção; Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis
FABACEAE
Piptadenia gonoacantha
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis
LAMIACEAE
Aegiphyla sellowiana
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis
LAMIACEAE
Vitex polygama
Atrativa para aves, mamíferos e peixes
LAURACEAE
Ocotea nectandrifolia
Ameaçadas (ou quase) de extinção
LECYTHIDACEAE
Cariniana estrellensis
Atrativa para caxinguelê (Guerlinguetus spp)
MALVACEAE
Luehea grandiflora
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis
MALVACEAE
Pseudobombax grandifolium
Atrativa para morcegos
MELASTOMATACEAE
Miconia spp.
Atrativa para aves
72
...continuação Família
Espécie
Motivo
MELASTOMATACEAE
Tibouchina stenocarpa
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis
MELIACEAE
Cabralea canjerana
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis; atrativa para aves médias a grandes
MELIACEAE
Cedrela fissilis
Ameaçadas (ou quase) de extinção; atrativa para caxinguelê (Guerlinguetus spp)
MORACEAE
Ficus spp.
Atrativa para aves
MYRSINACEAE
Rapanea ferruginea
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis; atrativa para aves
MYRSINACEAE
Rapanea spp.
Atrativa para aves
MYRSINACEAE
Rapanea umbellata
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis; atrativa para aves
MYRTACEAE
Campomanesia spp.
Atrativa para aves e mamíferos
MYRTACEAE
Eugenia spp.
Atrativa para aves
PROTEACEAE
Roupala brasiliensis
Ameaçadas (ou quase) de extinção
ROSACEAE
Prunus myrtifolia
Atrativa para aves
SIPARUNACEAE
Siparuna cujabana
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis; atrativa para aves
SOLANACEAE
Solanum lycocarpum
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis; atrativa para mamíferos médios e grandes
SOLANACEAE
Solanum pseudoquina
Ameaçadas (ou quase) de extinção
SOLANACEAE
Solanum variabile
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis
URTICACEAE
Boehmeria caudata
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis
URTICACEAE
Cecropia glaziovi
Atrativa para aves e morcegos
URTICACEAE
Cecropia hololeuca
Ameaçadas (ou quase) de extinção; atrativa para aves e morcegos
VERBENACEAE
Aloysia virgata
Dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis
VOCHYSIACEAE
Vochysia magnifica
Espécie endêmica regional; atrativa para aves
73
considerações finais
Zé Paiva
informações de referência . série água, clima e floresta . v. II
o projeto foi bem-sucedido e os métodos empregados se mostraram eficientes ao levantar informações de referência de qualidade 76
A
o término das avaliações, algumas considerações finais sobre os métodos de levantamento de informações de referência devem ser feitas. De maneira geral, o projeto foi bem-sucedido e os métodos empregados se mostraram eficientes ao levantar informações de referência de qualidade. Como produtos importantes, a execução do projeto proveu (i) descrições detalhadas dos fragmentos florestais próximos, (ii) listas representativas da flora e avifauna local (com hábitos, guildas ecológicas, ameaça de extinção e endemismo), (iii) parâmetros quantitativos de referência e a variação aceitável associada a eles (estrutura, riqueza e diversidade de espécies) e (iv) identificação de espécies indicadoras das classes de fragmentos estudados. Com esses produtos, é possível planejar e executar com qualidade as atividades de restauração, bem como auxiliar seu monitoramento. Assim, trabalhos dessa natureza fornecem informações claras e objetivas à restauração e devem ser estimulados, principalmente se o objetivo do projeto é atingir a certificação dentro dos padrões de clima, comunidade e biodiversidade (Climate, Community & Biodiversity Standards – CCBA 2008). Contudo, a avaliação da experiência de Piracaia indica que alguns pontos podem ser melhorados. Os critérios de classificação dos fragmentos
Para a avaliação da vegetação, o número de fragmentos e o esforço amostral (24 parcelas de 20x20 m = 4.800 m2) se mostraram suficientes para os parâmetros de estrutura da vegetação (nível de precisão de ± 5 indivíduos). Quanto à composição florística, o levantamento dentro das parcelas, associado aos levantamentos expeditos nas bordas e interior dos fragmentos, também foi adequado. Contudo, é possível que o tamanho amostral não tenha sido suficiente para a avaliação da riqueza de espécies e para a detecção das espécies indicadoras, que depende diretamente da abundância e da frequência das
Zé Paiva
florestais escolhidos (estratificação da amostragem) não provaram ser totalmente adequados, visto que um mesmo fragmento apresentou diferentes estados de conservação. Mesmo após uma visita de campo prévia, o problema só foi detectado durante as atividades de campo, quando todo o delineamento já estava montado. Esse aspecto foi especialmente importante durante a amostragem da avifauna, pois o tamanho dos fragmentos muito degradados proporcionou transectos amostrais bem menores e geralmente com mais efeito de borda. Talvez, outras informações possam ser usadas como critérios mais objetivos de estratificação, como o tamanho e formato do fragmento, histórico de perturbação e estágio sucessional.
77
espécies nas parcelas. Essa última análise, adicionalmente, depende diretamente do critério adotado para a subdivisão dos fragmentos, que, como dito acima, talvez não tenha sido tão adequado. Uma alternativa é aumentar o número de fragmentos pequenos para que haja uma igualdade em área entre as classes escolhidas. Para a avifauna, o esforço amostral foi suficiente para: i) gerar uma relação preliminar e representativa da riqueza de espécies; ii) avaliar a abundância relativa das espécies florestais; iii) gerar estimadores da estrutura populacional das aves e dos seus hábitats (estrutura florestal); iv) gerar estimativas para o tamanho das futuras amostragens de monitoramento; e v) avaliar graus de associações entre aspectos da estrutura florestal e diversidade de aves. O futuro monitoramento da restauração deve, além de enfocar aspectos utilizados neste trabalho, avaliar a recuperação de processos ecológicos. Avaliações sobre a produção e chuva de sementes, interações planta-polinizador e planta-herbívoros são alguns exemplos que podem dar grandes contribuições nesse sentido. Os recursos humanos utilizados para o levantamento e análise destas informações de referência foram de aproximadamente 30 diárias (incluindo trabalho em campo, herbário, laboratório e relatório, divididas em dois profissionais graduados) para a vegetação e flora, e 30 diárias para a avifauna. Assim, para o cálculo do custo total do projeto, devem ser multiplicados os valores das diárias dos profissionais e adicionados os gastos com material de consumo, hospedagem, transporte, alimentação, encargos e tributos, bem como de possíveis visitas prévias à área de estudo. Apesar de representar uma estimativa grosseira do custo de execução do projeto (os valores certamente irão variar de região para região), eles servem como base para avaliar previamente o custo-benefício de sua realização. 78
79 ZĂŠ Paiva
Referências bibliográficas ANGIOSPERM PHILOGENY GROUP (APG). An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society, n.141, p.399-436, 2003). ALLEGRINI, M. F. Avifauna como possível indicador ecológico para os estádios de regeneração da mata atlântica. 1997. 161 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) - USP, São Paulo. 1997. BIBBY, C.J.; BURGES, N.D.; HILL, D.A. Bird census techniques. 3rd. San Diego: Academic Press Inc., 1993. 257p. CLIMATE, COMMUNITY AND BIODIVERSITY ALLIANCE (CCBA). Climate, Community and Biodiversity Project Design Standards, Draft 2nd ed., v.1.0 CCBA, 2008. Arlington. Disponível em <www.climate-standards.org>. CENTRO TECNOLÓGICO DA FUNDAÇÃO PAULISTA DE TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO (CETEC). Relatório da situação dos recursos hídricos da UGRHI 5. Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Sistema de Informações para o Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo), 2000. CLIMATE, COMMUNITY AND BIODIVERSITY ALLIANCE (CCBA). Climate, Community and Biodiversity Project Design Standards, Draft 2nd ed., v.1.0 CCBA. Arlington, 2008. Disponível em <www.climate-standards.org>. COLWELL, R.K. EstimateS: Statistical estimation of species richness and shared species from samples, v.7.5, 2005. Manual e aplicativo disponíveis em:<http://purl.oclc.org/estimates>. CRACRAFT, J. Historical biogeography and patterns of differentiation within the South America avifauna: Areas of endemism. Ornithological Monographs, n.36, p.49-84, 1985 DAEE/SP. Banco de Dados Pluviométricos do Estado de São Paulo. Disponível em: <http://www. daee.sp.gov.br/hidrometeorologia/bancodados.htm.>. Acesso em: 28 de agosto de 2008. DEVELEY, P.F.; MARTENSEN, A.C. As aves da Reserva Florestal do Morro Grande Cotia, SP. Biota Neotropropica, v.6, n.2. Disponível em: <http://www.biotaneotropica.org.br/v6n2/>. DUFRENE, M.; LEGENDRE, P. Species assemblages and indicator species: the need for a flexible asymmetrical approach. Ecological Monographs, n.67, p.345-366, 1997. FAUL, F et al. Power 3: A flexible statistical power analisys for the social, behavioral and biomedical sciences. Behavior Research Methods, v.39. n.2, 175-191, 2007.
80
FEEST, A. Establishing baseline indices for the quality of the biodiversity of restored habitats using a standardized sampling process. Restoration Ecology, n.14, p.112-122, 2006. FEISINGER, P. Design field studies for biodiversity conservation. The Nature Conservancy. Island Press, 2001. 212p. FLEMING, T.H. The Short – tailed fruit bat a study in plant-animal interactions. London: University of Chicago Press, 1988. 365p. FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS. Revisão da Lista da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção. Disponível em: <http://www.biodiversitas.org.br>. Acesso em: 20 de agosto de 2007. GANDOLFI, S.; LEITÃO-FILHO, H.F.; BEZERRA, C.L.F. Levantamento florístico e caráter sucessional das espécies arbustivo-arbóreas de uma floresta mesófila semidecídua no município de Guarulhos, SP. Revista Brasileira de Biologia, n.55, p.753-767, 1995. GOERCK, J.M. Distribuition of birds along an elevational gradient in the Atlantic forest of Brazil: implications for the conservation of endemic and endangered species. Bird Conservation International, n.9, p.235-253, 1999. GOTELLI, N.J.; ENTSMINGER, G.L. EcoSim: Null models software for ecology, v.7.0, 2001. Acquired Intelligence Inc. & Kesey-Bear. Aplicativo disponível em: <http://homepages.together. net/~gentsmin/ecosim.htm>. GRAHAM, D.J. Lista das Aves da Reserva Estadual da Cantareira. Publicação Avulsa do Instituto Florestal, São Paulo: 1986. GRISCOM, B.W.; ASHTON, P.M. A self-perpetuating bamboo disturbance cycle in a neotropical forest. Journal of Tropical Ecology, n.22, p.587-597, 2006. HEITHAUS, E.R. Coevolution between Bats and Plants. In: KUNZ, T.H. (Ed.) Ecology of Bats. New York and London: Plenum Press, 1982. 424p. HOWE, H.F.; SMALLWOOD, J. Ecology of seed dispersal. Annual Review of Ecology and Systematics, v. 13, p.201-228, 1982. IGBE. Recursos naturais e meio ambiente: uma visão do Brasil. 2ª Ed. Rio de janeiro: IBGE, 1997. 208p. IUCN. IUCN Red List of Threatened Species, 2006. Disponível em: <www.iucnredlist.org>. Acesso em: 06 de setembro de 2007. JANASI, V.A. Geologia e petrologia do maciço monzodiorítico-monzonítico de Piracaia, SP. Dissertação (Mestrado), Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1986. 281p.
81
LIMA, R.A.F. et al. Bamboo-dominated gaps in the Atlantic rain forest: impacts on vegetation structure and species diversity. In: VIII Congresso de Ecologia do Brasil, 2007, Caxambu, MG. Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil. São Paulo: Sociedade de Ecologia do Brasil, 2007. p.1285. LORENZI, H. Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 4ª ed. Nova Odessa: Editora Plantarum (volume 1), 2002. 384p. LORENZI, H. Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 1ª ed. Nova Odessa: Editora Plantarum (volume 2), 1998. 368p. MACARTHUR, J.W.; MACARTHUR, R.H. On bird species diversity. Ecology, v.42, n.3, p.594-598, 1961. MAGURRAN, A.E. Diversidad Ecológica y su Medición. Barcelona: Vedra, 1989. 200p. MCCUNE, B.; MEFFORD, M.J. PcOrd: Multivariate Analysis of Ecological Data, V. 4.10. Oregon: MjM Software, 1999. MEIRA-NETO, J.A.A et al. Composição florística da floresta semidecídua de altitude do Parque Municipal da Grota Funda (Atibaia, estado de São Paulo). Acta Botanica Brasilica, n.3, p.51-74, 1989. METZGER, J.P. et al. Características ecológicas e implicações para a conservação da Reserva Florestal do Morro Grande. Biota Neotrópica, v.6, n.2, mai/ago de 2006. Disponível em: <http://www. biotaneotropica.org.br/v6n2/pt/abstract?article+bn01006022006>. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Conservation International do Brasil, Fundação SOS Mata Atlântica, Fundação Biodiversitas, Instituto de Pesquisas Ecológicas, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Instituto Estadual de Florestas, 2000. 40p. NAVE, A.G.; RODRIGUES, R.R. Combination of species into filling and diversity groups as forest restoration methodology. In: RODRIGUES, R.R.; MARTINS, S.V.; GANDOLFI, S. (Eds.), High diversity forest restoration in degraded areas. New York: Nova Science Publishers, 2007. p.103-126. PARKER, V.T. The scale of successional models and restoration objectives. Restoration Ecology, n.5, p.301-306, 1997. PARKER, V.T.; PICKETT, S.T.A. Restoration as an ecosystem process: implications of the modern ecological paradigm. In: URBANSKA, K.M.; WEBB, N.R.; EDWARDS, P.J. (Eds.), Restoration Ecology and Sustainable Development. Cambridge: Cambridge University Press, 1999. p.17-32. RODRIGUES, R.R. et al. Estudo florístico em um gradiente altitudinal de mata estacional mesófila semidecídua, na serra do Japi, Jundiaí, SP. Revista Brasileira de Botânica, n.12, p.71-84, 1989. RUIZ-JAEN, M.C.; AIDE, T.M. Restoration success: how is it being measured? Restoration Ecology, n.13, p.569-577, 2005. 82
SILVA, A.F. Composição florística e estrutura fitossociológica do estrato arbóreo da Reserva Florestal Prof. Augusto Ruschi, São José dos Campos - SP. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 1989. SILVA, W.R. A importância das interações planta-animal nos processos de restauração. In: KAGEYA-MA, P.Y. et al. (Org.) Restauração ecológica de ecossistemas naturais. Botucatu: FEPAF, 2003. p.77-90. SILVA, W.R. Aves da Serra do Japi. In: MORELLATO, L.C.P. (org), História Natural da Serra do Japi: Ecologia e Preservação de uma área no sudeste do Brasil. Campinas: Editora da Unicamp, 1992. SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO (SMA-SP) Lista oficial das espécies da flora do estado de São Paulo ameaçadas de extinção. Resolução SMA n°48. Disponível em: <http://www.ibot.sp.gov.br>. Acesso em: 06 de setembro de 2007. THIOLLAY, J.M. Disturbance, selective logging on bird species diversity: a neotropical forest study. Biodiversity and Conservation, n.6, p.1155-1173, 1997. VELOSO, H.P. (Org.). Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de janeiro: IBGE (Manuais técnicos de geociências nº1), 1992. 92p. VIELLIARD, J.M. E. Bird Communitie as an indicator of biodiversity: results os quantitative surveys in Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v.72, n.3, 2000. VITOR, M. A. M. A devastação florestal. São Paulo: Sociedade Brasileira de Silvicultura, 1975. WALTER, B.M.T. GUARINO, E.S.G. Comparação do método de parcelas com o “levantamento rápido” para amostragem da vegetação arbórea do Cerrado sentido restrito. Acta Botanica Basilica, v.20, n.2, p.285-297, 2006. WHITE, P.S., WALKER, J.L. Approximating nature’s variation: selecting and using reference information in restoration ecology. Restoration Ecology, n.5, p.338-349, 1997. WILLIS, E.O. The composition of avian communities in remanescent woodlots in southern Brazil. Papéis Avulsos do Museu de Zoologia, v.1, n.33, p.1-25, 1979. WIGTH, H.M. Field and laboratory technics in wildlife management. Ann Arbor: University of Michigan Press, 1938. 105p. WILLOT, S.J. Species accumulation curves and the measure of sampling effort. Journal of Applied Ecology, n.38, p.484-486, 2001. YAMAMOTO, L.F., KINOSHITA, L.S., MARTINS, F.R. Florística dos componentes arbóreo e arbustivo de um trecho da Floresta Estacional Semidecídua Montana, município de Pedreira, estado de São Paulo. Revista Brasileira de Botânica, v.28, n.1, p.191-202, 2005..
83
anexos
informações de referência . série água, clima e floresta . v. II
Anexo 1 Lista final de espécies da flora vascular ocorrentes na região de estudo (Piracaia e Joanópolis, SP). Legenda: MD = Fragmentos florestais muito degradados, PD = Fragmentos florestais pouco degradados, BE = Beira de estrada e pastos. Espécies sobrescritas com ‘ex’ significam que a espécie é exótica. Espécies sobrescritas com ‘sp’ indicam as espécies encontradas apenas para Joanópolis. Família, espécie e autoria
Nome popular
Hábito
MD
PD
Jacobínia/justícia
subarb
+
+
Aroeira-branca
arv
aroeira-pimenteira/ aroeira mansa
arv
+
+
Tapirira guianensis Aubl.
Fruto-de-pombo
arv
Tapirira obtusa (Benth.) J. D. Mitch.sp
Jobo/pau-pombo
arv
Cortiça
arv
Araticum-do-mato
arv
BE
ACANTHACEAE Justicia cf. carnea Lindl. ANACARDIACEAE Schinus molleoides Vell.sp Schinus terebenthifolia Raddi
+
+
ANNONACEAE Guatteria australis A. St.-Hil. Rollinia emarginata Schltdl.sp Rollinia sp.
+
arv
+
+
+
+
Rollinia sylvatica (A. St.-Hil.) Mart.
Araticum/embiriça/ cortiça-amarela
arv
Xylopia aromatica (Lam.) Mart.
Pimenta-de-macaco
arv
+
Asclepias curassavica L.
Cega-homem
herb
+
Aspidosperma australe Müll. Arg.sp
Guatambu/ peroba-tambu
arv
Perobinha
arv
Aspidosperma cylindrocarpon Müll. Arg.sp
Peroba-poca
arv
Aspidosperma olivaceum Müll. Arg.
Guatambu-peroba
APOCYNACEAE
Aspidosperma cf. quirandy Hassl.
Tabernaemontana hystrix Steud.
+
+
arv
+
+
Leiteira
arv
+
+
Erva-mate/mate/ congonha
arv
+
Caúna/orelha de mico
arv
+
AQUIFOLIACEAE Ilex paraguariensis A. St.-Hil. Ilex theezans Mart. ex Reissek
86
...continuação Família, espécie e autoria
Nome popular
Hábito
MD
PD
Pinheiro-do-paraná
arv
+
+
Macaúba
arv
Bactris setosa Mart.
Tucum
arb
+
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman.
Jerivá
arv
+
Baccharis caprariaefolia DC.sp
Vassourão
arb
Baccharis dracunculifolia DC.
Alecrim-do-campo
arb
BE
ARAUCARIACEAE Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze ARECACEAE Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. Ex Mart.
+
+
+
ASTERACEAE
Eupatorium vauthierianum DC.sp Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera
++
arb Candeia/cambará
arv
+
Indeterminada 1
arb
+
Indeterminada 2
arb
+
Indeterminada 3
subarb
+
arv
+
Vernonia diffusa Less.
arv
+
Vernonia ferruginea Less.
arv
Vernonia macrophylla Less.
arb
Piptocarpha axillaris (Less.) Baker
Cambará
++
+
+ + ++
+
BIGNONIACEAE Jacaranda macranthera Cham.
Carobão
arv
+
+
Jacaranda micrantha Cham.
Caroba
arv
+
+
Sparattosperma leucanthum (Vell.) K. Schum.
Caroba branca
arv
+
+
Tabebuia ochracea (Cham.) Standl.
Ipê-amarelo
arv
+
Ipê-de-jardim
arv
++
Louro/chá-de-bugre
arv
Louro-pardo
arv
Tecoma stans L. Kunth.ex BORAGINACEAE Cordia sellowiana Cham. Cordia trichotoma (Vell.) Arrab.ex Steud
+ +
+
+
87
...continuação Família, espécie e autoria
Nome popular
Hábito
MD
Almacegueira/breu/ almesca
arv
+
PD
BE
BURSERACEAE Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand CAMPANULACEAE Siphocampylus macropodus (Thunb.) G.Don
herb
+
CANNABACEAE Celtis iguanae (Jack.) Sargent.
Joá-mirim/jameri
arbesc
Grandiúva/ pau-pólvora
arv
+
+
Espinheira-santa
arv
+
+
Laranjinha
arb
+
+
Maytenus robusta Reissek
Cafezinho-do-mato
arv
+
Maytenus salicifolia Reissek
Cafezinho
arv
+
Trema micrantha (L.) Blume
+ +
CELASTRACEAE Maytenus aquifolia Mart. Maytenus evonymoides Reissek.
Maytenus sp.
arv
+ +
CLETHRACEAE Clethra scabra Pers.
Vassourão
arv
+
+
CLUSIACEAE Tovomitopsis paniculata (Spreng.) Planch. & TrianaSP
arv
COMMELINACEAE Dichorisandra sp.
subarb
+
arv
+
arb
+
Sapopema
arv
+
Cocão/ baga-de-pomba
arv
+
CONNARACEAE Connarus regnelii G. Schellenb.
Camboatã-da-serra
CYATHEACEAE Cyathea delgadii Sternb.
+
ELAEOCARPACEAE Sloanea guianensis (Aubl.) Benth. ERYTHROXYLACEAE Erythroxylum deciduum A St.-Hill.
88
+
...continuação Família, espécie e autoria
Nome popular
Hábito
MD
PD
BE
Caixeta/tapiá
arv
+
+
+
Capixingui
arv
+
+
+
Croton urucurana Baill.
Sangra-d’água
arv
Manihot cf. jolyana Cruz
Mandioca-do-mato
arv
+
+
Sapium glandulosum (L.) Morong
Leiteiro
arv
+
+
Sebastiania brasiliensis (L.) Spreng.
Leiteiro/tajuvinha
arv
+
Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B.Sm. & Downs.
Branquinho
arv
Sebastiania klotzschiana (Müll. Arg.) Müll. Arg.sp
Branquinho
arv
Tetrorchidium rubrivenium Poepp. & Endl.
Canemuçu/embirão/ peloteira
arv
EUPHORBIACEAE Alchornea glandulosa Poepp. Croton floribundus Spreng.
+
+
+
FABACEAE Abarema sp.
arv
+
Monjoleiro
arv
+
Angico-branco
arv
+
+
Angelim-pedra/ angelim-do-campo
arv
+
+
Bauhinia forficata Link.
Pata de vaca
arv
+
+
Bauhinia guianensis Aubl.
Pata de vaca
arv/lian
+
Canafistula/chuva-de-ouro
arv
+
+
Copaíba
arv
+
+
Acacia polyphylla DC. Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan. Andira anthelmia (Vell.) J.F.Macbr.
Cassia ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC. Copaifera langsdorfii Desf. Dahlstedtia pentaphylla (Taub.) Burkartsp
arv
Dalbergia frutescens (Vell.) Britton Erythrina mulungu Mart.
Mulungu/sapatinho de judeu
Inga sellowiana Benth.sp Inga sessilis (Vell.) Mart. Inga vera subsp. affinis Willd.sp
arv/lian
+
arv
+
arv Ingá-ferradura
arv
Ingá-banana/ingá do brejo
arv
+
+
89
...continuação Família, espécie e autoria
Nome popular
Hábito
MD
PD
Chico-pires
arv
+
+
Angelim-bravo
arv
Rabo-de-macaco/ guaianã
arv
+
++
Machaerium aculeatum Raddi.
Jacaranda-de-espinho
arv
+
+
+
Machaerium brasiliense Vog.sp
Pau-sangue/jacaranda-bico de pato
arv
Machaerium cf. stiptatum (DC.) Vogel
Sapuva
arv
+
Machaerium nyctitans (Vell.) Benth.
Guaximbé/bico-de-pato
arv
+
+
+
Machaerium vestitum Vogel
Cateretê/jacarandá-branco
arv
+
+
Machaerium villosum Vogel
Jacarandá-do-mato/ jacarandá-paulista
arv
Mimosa scabrella Benth.sp
Bracatinga
arv
Myroxylum peruiferum L.F.
Óleo-de-cabreúva/ cabreúva
arv
Olho-de-cabra
arv
Leucochloron incuriale (Vell.) Barneby & J.W. Grimes Lonchocarpus campestris DC. Lonchocarpus muehlbergianus Hassl.
Ormosia arborea (Vell.) Harms Ormosia fastigiata Tul.sp Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr.
BE
+
+
+
+ +
arv Pau-jacaré
Piptadenia paniculata Benth.
arv
+
+
arv
+
+
+
+
Platymiscium floribundum Vogel
Jacarandá-vermelho/ sacambu
arv
Senna macranthera (Collad.) H.S.Irwin & Barnebysp
Manduirana/pau-fava
arv
++
Senna pendula (Humb. & Bonpl. ex Willd.) H.S. Irwin & Barneby
arb
+
Stryphnodendron obovatum Benth.
arv
+
Swartzia acutifolia Vogel
Caroba/ sangue-de-burro
arv
+
Indeterminada 1
arv
+
Indeterminada 2
subarb
+
+
INDETERMINADA
90
+
...continuação Família, espécie e autoria
Nome popular
Hábito
MD
PD
BE
Tamanqueira
arv
+
+
+
Tarumã/Maria preta
arv
+
+
Aniba cf. firmula (Nees & Mart.) Mez
Canela-de-cheiro/ canel-sassafrás
arv
Cinnamomum stenophyllum (Meisn.) Vattimo-GilSP
Canela-vassoura
arv
Cryptocarya aschersoniana Mez
Canela-pururuca/ canela branca
arv
Cryptocarya moschata NeesSP
Canela-fogo/canela-pururuca
arv
Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F. Macbr.
Canela cheirosa/ canela-frade
Nectandra lanceolata Nees Nectandra oppositifolia Nees
LAMIACEAE Aegiphyla sellowiana Cham. Vitex polygama Cham. LAURACEAE
+
+
arv
+
+
Canela amarela/ canela branca
arv
+
Canela-ferrugem
arv
+
arv
+
Canela-louro
arv
+
Canela-sassafrás
arv
+
Canela-cedro
arb
Ocotea bicolor Vattimo-Gil Ocotea cf. diospyrifolia (Meisn.) Mez Ocotea corymbosa (Meisn.) Mez Ocotea dispersa (Nees) Mez Ocotea lanata (Nees) Mez
arv
Ocotea nectandrifolia Mez
arv
Ocotea puberula (Rich.) Nees Ocotea velutina (Nees) Rohwer Persea americana Mill.ex
+
+
+ +
+
+ +
Canela-gosmenta/ canela-guaicá
arv
+
+
Canela-amarela
arv
+
+
Abacate
arv
+
Jequitiba-branco
arv
+
Salta-martim
arbesc
+
LECYTHIDACEAE Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze
+
LOGANIACEAE Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart. MALPIGHIACEAE Bunchosia fluminensis Griseb.
arv
+
91
...continuação Família, espécie e autoria
Nome popular
Hábito
MD
Pau-jangada/ pente-de-macaco
arv
+
Paineira-rosa
arv
Catuaba
arv
PD
BE
MALVACEAE Apeiba tibourbou Aubl. Ceiba speciosa A St.-Hill. Eriotheca candolleana (K.Schum) A. Robyns. Helicteres brevispira A.St.-Hil.sp
arv
Heliocarpus popayanensis KunthSP
arv
Indeterminada 1
subarb
Indeterminada 2
arb
Luehea divaricata Mart.
+ +
+
+ +
Açoita-cavalo-miúdo
arv
+
+
Açoita-cavalo
arv
+
+
+
subarb
+
+
+
arv
+
+
arb
+
arv
+
Miconia inconspicua Miq.
arb
+
Miconia latecrenata (DC.) Naud.
arb
+
Miconia ligustroides (DC.) NaudinSP
arv
Miconia pusilliflora (DC.) Triana
arv
Luehea grandiflora Mart. & Zucc. Pavonia sp. Pseudobombax grandifolium (Cav.) A. Robyns.
Embiruçu
MELASTOMATACEAE Indeterminada Miconia cinnamomifolia (DC.) Naudin
Miconia sellowiana Naud.
Jacatirão/ casca de arroz
Fruta-de-tiriva
arv
Miconia sp.1
arv
Miconia sp.2
arv
Ossaea meridionalis D’ El Rei.
arb
Ossaea sanguinea Cogn.sp
arv
Ossaea sp.
arb
Tibouchina fothergillae (DC.) Cogn.
arb
Tibouchina mutabilis (Vell.) Cogn. Tibouchina stenocarpa (DC.) Cogn.
92
Quaresmeira
+
+ + + +
+ +
+ +
arv
+
+
arv
+
+
+
...continuação Família, espécie e autoria
Nome popular
Hábito
MD
PD
BE
Cedro-canjerana
arv
+
+
+
Cedro
arv
+
+
Cedro/cedro-do-brejo
arv
Marinheiro
arv
MELIACEAE Cabralea canjerana (Vell.) Mart. Cedrela fissilis Vell. Cedrela odorata L.sp Guarea macrophylla (Vell.) T.D. Penn.
+
MONIMIACEAE Mollinedia elegans Tul.
arb
+
+
MORACEAE Brosimum guianensis (Aubl.) Huber
Leiteira-vermelha
arv
+
Ficus insipida Wild.
Figueira-do-brejo
arv
+
+
Ficus luschnatiana (Miq.) Miq.
Figueira-branca
arv
+
+
Maclura tinctoria (L.) D.Don ex Steud.
Amora-branca/ tatajuba
arv
+
+
Canxim
arv
+
+
+
+
Sorocea bonplandii (Baill.) W. Burg., Lanj. & Wess. Bo.
+
MYRSINACEAE Rapanea balansae Mez
arv
Rapanea ferruginea (Ruiz & Pav.) Mez
Capororoca
arv
Rapanea gardneriana (A. DC.) Mez
Capororoca
arv
+
arv
+
Capororoca
arv
+
Guamirim/araçarana
arv
Calyptranthes concinna DC.sp
Guamirim
arv
Campomanesia cf. neriifolia (O. Berg) Nied.
Guabiroba-branca
arv
Campomanesia guaviroba (DC.) Kiaersk.
Guabiroba
arv
+
+
Araçá-do-mato/sete-capas
arv
+
+
Rapanea guianensis Aubl. Rapanea umbellata (Mart.) Mez
+
+
MYRTACEAE Calyptranthes clusiifolia (Miq) O.Berg
Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O. Berg. Campomanesia sessiliflora (O. Berg) Mattossp
+
+
+
arv
93
...continuação Família, espécie e autoria
Nome popular
Campomanesia sp. Eucalyptus sp.ex
Hábito
MD
PD
-
+
+
arv
Eugenia hyemalis Cambess.
Guamirim
arb
Eugenia involucrata DC.sp
Cerejeira
arv
Guamirim/ pitanga-preta
arv
Eugenia sp.
+ +
+
+
Eugenia speciosa Cambess.sp
arv
Eugenia sphenophylla O. Berg
arb
+
+
Myrcia hebepetala DC.
arv
+
+
Myrcia multiflora (Lam.) DC.sp
arv
Myrcia rufula Miq.sp
arv
Myrcia sp.1
arv
+
Myrcia sp.2
-
+
Myrcia sp.3
-
+
Lanceira
arv
+
Goiaba-brava
arv
Myrcia splendens (Sw.) DC. Myrcia tomentosa (Aubl.) DC.sp Myrciaria floribunda (West ex Willd.) O. Berg Myrciaria sp. Pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) Landrumsp Psidium guajava L.ex
BE
+
arv
+
-
+
Craveiro-do-mato/ louro-cravo
arv
Goiaba
arv
+
+
Maria mole/ Maria faceira
arv
+
+
+
+
NYCTAGINACEAE Guapira opposita (Vell.) Reitz PENTAPHYLLACACEAE Ternstroemia brasiliensis Cambess.sp
arv
PERACEAE Pera glabrata (Schott) Baill.
Sapateiro
arv
Pinho-americano
arv
PINACEAE Pinus cf. elliottii Engelm.ex
94
+
...continuação Família, espécie e autoria
Nome popular
Hábito
MD
PD
BE
Erva-de-jaboti
arb
+
+
+
arb
+
+
+
PIPERACEAE Piper aduncun L. Piper amplum Kunth Piper arboreum Aubl.
Pimenta
arb
+
Piper glabratum Kunthsp
arb
Piper martiana Miq.
arb
+
Taquaruçu
arb
+
Bolo-de-folha
arv
+
Carne-de-vaca
arv
+
+
POACEAE Guadua cf. tagoara (Nees) Kunth POLYGONACEAE Coccoloba glaziovii Lindau PROTEACEAE Roupala brasiliensis Klotzsch RHAMNACEAE Hovenia dulcis Thunb.ex Rhamnus sphaerosperma Sw.
arv
+
Canjica
arv
+
Nespereira
arv
+
Pessegueiro-bravo
arv
+
Amora silvestre
arbesc
+
Quina-de São Paulo
arv
+
Café-de-bugre/ carvoeiro
arv
+
Macuqueiro/fumão
arv
+
+
+
+
ROSACEAE Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl.ex Prunus myrtifolia (L.) Urb. Rubus rosifolius Smith.
+
+
RUBIACEAE Alseis floribunda Schott Amaioua intermedia Mart. Bathysa australis (A. St.-Hil.) Benth. & Hook. f. Chomelia obtusa Cham. & Schltdl.sp
arb
Chomelia sp.
arb
Coffea arabica L.ex Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum. Guettarda viburnoides Cham. & Schltdl.
Café
arb
+
Quina/quina-branca/ murta-do-mato
arv
+
Veludo/Angada
arv
+
+
95
...continuação Família, espécie e autoria
Nome popular
Psychotria carthagenensis Jacq.
Psychotria vellosiana Benth.
MD
arb
Psychotria sp. Psychotria suterella Müll. Arg.
Hábito
BE
+
subarb
+
Bolinha-roxa/árvore de beija flor
arv
+
Pasta-d’anta
arb
+
arv
+
Rudgea gardenioides (Cham.) Müll. Arg.
PD
+
+
RUTACEAE Citrus aurantium L.ex
Laranja
arv
Esenbeckia grandiflora Mart.
Guaxupita/pau-de-cutia
arv
+
Zanthoxylum rhoifolium Lam.
Mamica-de-porca/ mamica-de-cadela
arv
+
+
Mamiqueira-fedorenta
arv
Zanthoxylum caribaeum Lam.sp Zanthoxylum petiolare A. St.-Hil. & Tul.sp
+
arv
SALICACEAE Casearia gossypiosperma Briq. Casearia sylvestris Sw. Prockia crucis P. Browne.
Pau-de-espeto
arv
+
+
Guaçatonga
arv
+
+
Guaçatunguinha/ marmeladinha
arb
+
+
Baga-de-morcego
arb
+
+
SAPINDACEAE Allophylus guaraniticus (A.St.-Hil.) Radlk. Cupania ludowigii Somner & Ferruci Cupania vernalis Cambess. Matayba juglandifolia (Cambess.) Radlk.
arv
+
Camboatã
arv
+
+
Caxuá-branca
arv
+
+
Aguaí
arv
+
arv
+
SAPOTACEAE Chrysophyllum marginatum Radlk. Indeterminada SCROPHULARIACEAE Buddleia brasiliensis Jacq.
96
subarb
+
...continuação Família, espécie e autoria
Nome popular
Hábito
MD
PD
BE
Cidreira-da-mata
arb
+
+
+
Cestrum amictum Schltdl.
arb
+
+
Cestrum intermedium Sendtn.sp
arb
Cestrum sendtnerianum Mart.
arb
Solanum conccinum Schott ex Sendt.
arb
SIPARUNACEAE Siparuna cujabana A.DC. SOLANACEAE
+ +
Solanum lycocarpum A St.-Hill.
Lobeira
arv
Solanum pseudoquina A. St.-Hil.
Fumeiro
arv
+
Solanum sanctaecatharinea Dunal
arv
+
Solanum sp.
arv
+
Solanum variabile Mart.
++ +
Jurubeba
arv
++
Boehmeria caudata Sw.
Folha-de-santana/ urtiga-mansa
arb
+
Cecropia glaziovi Snethlage
Embaúba-vermelha
arv
+
+
Cecropia hololeuca Miq.
Embaúba-prateada
arv
+
+
URTICACEAE
Phenax sp. Urera baccifera (L.) Gaudich.
subarb
+
Urtigão
arb
+
Lixeira
arv
+
VERBENACEAE Aloysia virgata (Ruiz & Pav.) Juss. Lantana fucata Lindl.sp Lantana trifolia L.
++
arb Erva-de-grilo
Verbena hirta Spreng.
arb
+
subarb
+
VIOLACEAE Hybanthus atropurpureus (A.St.-Hil.) Taub.
Ganha-saia/ purga-de-veado
Hybanthus cf. bigibbosus (A.St.-Hil.) Hassl.
subarb
+
subarb
+
arv
+
+
VOCHYSIACEAE Vochysia magnifica Warm.
Cinzeiro/caixeta/ pau-de-tucano
+
97
Anexo 2 Relação preliminar de aves registradas na área de estudo. Legenda: Uso de habitat: F: florestal; BA: bordas florestais e/ou áreas abertas; A: aquáticos e/ou palustre; EA: espaço aéreo. Dieta: OGI: onívoro: granívoro e insetívoro; OGF: onívoro: granívoro e filtrador; OFI: onívoro: granívoro e insetívoro; OFC: onívoro: frugívoro e carnívoro; I: insetívoro; C: carnívoro; N: necrófago; G: granívoro; H: herbívoro; IF: insetívoro florestal; NI: nectarívoro e insetívoro. Conservação: * espécie endêmica da Mata Atlântica. Nome em Português
English Name
Hábitat
Dieta
Crypturellus obsoletus (TEMMINCK, 1815)
inhambuguaçu
Brown Tinamou
F
OGI
Crypturellus tataupa (TEMMINCK, 1815)
inhambu-chintã
Tataupa Tinamou
F
OGI
Nothura maculosa (TEMMINCK, 1815)
codorna-amarela
Spotted Nothura
BA
OGI
pé-vermelho
Brazilian Teal
A
OGF
jacuaçu
Dusky-legged Guan
F
OFI
biguá
Neotropic Cormorant
A
C
savacu
Black-crowned Night-Heron
A
C
Bubulcus ibis (LINNAEUS, 1758)
garça-vaqueira
Cattle Egret
BA
C
Ardea alba (LINNAEUS, 1758)
garça-branca-grande
Great Egret
A
C
Egretta thula (MOLINA, 1782)
garça-branca-pequena
Snowy Egret
A
C
Cathartes aura (LINNAEUS, 1758)
urubu-de-cabeça-vermelha
Turkey Vulture
EA
N
Coragyps atratus (BECHSTEIN, 1793)
urubu-de-cabeça-preta
Black Vulture
EA
N
gavião-peneira
White-tailed Kite
BA
C
gavião-carijó
Roadside Hawk
BA
C
Nome do Táxon Tinamidae (GRAY, 1840)
Anatidae (LEACH, 1820) Amazonetta brasiliensis (GMELIN, 1789) Cracidae Rafinesque, 1815 Penelope obscura (TEMMINCK, 1815) Phalacrocoracidae (RAFINESQUE, 1815) Phalacrocorax brasilianus (GMELIN, 1789) Ardeidae (LEACH, 1820) Nycticorax nycticorax (LINNAEUS, 1758)
Cathartidae (LAFRESNAYE, 1839)
Accipitridae (VIGORS, 1824) Elanus leucurus (VIEILLOT, 1818) Rupornis magnirostris (GMELIN, 1788)
98
...continuação Nome em Português
English Name
Hábitat
Dieta
gavião-de-rabo-branco
White-tailed Hawk
BA
C
caracará
Southern Caracara
BA
C
carrapateiro
Yellow-headed Caracara
BA
C
acauã
Laughing Falcon
BA
C
carão
Limpkin
A
C
saracura-do-mato
Slaty-breasted Wood-Rail
A
C
saracura-sanã
Blackish Rail
A
C
sanã-carijó
Ash-throated Crake
A
C
seriema
Red-legged Seriema
BA
C
quero-quero
Southern Lapwing
BA
I
Columbina talpacoti (TEMMINCK, 1811)
rolinha-roxa
Ruddy Ground-Dove
BA
OGI
Patagioenas picazuro (TEMMINCK, 1813)
pombão
Picazuro Pigeon
BA
OGI
pomba-galega
Pale-vented Pigeon
F
OGI
Zenaida auriculata (DES MURS, 1847)
pomba-de-bando
Eared Dove
BA
OGI
Leptotila verreauxi (BONAPARTE, 1855)
juriti-pupu
White-tipped Dove
F
OFI
juriti-gemedeira
Gray-fronted Dove
F
OFI
periquitãomaracanã
White-eyed Parakeet
BA
H
Nome do Táxon Buteo albicaudatus (VIEILLOT, 1816) Falconidae (LEACH, 1820) Caracara plancus (MILLER, 1777) Milvago chimachima (VIEILLOT, 1816) Herpetotheres cachinnans (LINNAEUS, 1758) Aramidae (BONAPARTE, 1852) Aramus guarauna (LINNAEUS, 1766) Rallidae (RAFINESQUE, 1815) Aramides saracura (SPIX, 1825) Pardirallus nigricans (VIEILLOT, 1819) Porzana albicollis (VIEILLOT, 1819) Cariamidae (BONAPARTE, 1850) Cariama cristata (LINNAEUS, 1766) Charadriidae (LEACH, 1820) Vanellus chilensis (MOLINA, 1782) Columbidae (LEACH, 1820)
Patagioenas cayennensis (BONNATERRE, 1792)
Leptotila rufaxilla (RICHARD & BERNARD, 1792) Psittacidae (RAFINESQUE, 1815) Aratinga leucophthalma (MÜLLER, 1776)
99
...continuação Nome em Português
English Name
Hábitat
Dieta
periquito-deencontro-amarelo
Yellow-chevroned Parakeet
BA
H
alma-de-gato
Squirrel Cuckoo
BA
I
anu-preto
Smooth-billed Ani
BA
I
anu-branco
Guira Cuckoo
BA
I
saci
Striped Cuckoo
BA
I
corujinha-do-mato
Tropical Screech-Owl
BA
I
Nyctidromus albicollis (GMELIN, 1789)
bacurau
Pauraque
BA
I
Caprimulgus parvulus (GOULD, 1837)
bacurau-chintã
Little Nightjar
BA
I
rabo-branco-acanelado
Planalto Hermit
BA
NI
beija-flor-tesoura
Swallow-tailed Hummingbird
BA
NI
Thalurania glaucopis (GMELIN, 1788)
beija-flor-de-fronte-violeta *
Violet-capped Woodnymph
F
NI
Aphantochroa cirrochloris (VIEILLOT, 1818)
beija-flor-cinza
Sombre Hummingbird
BA
NI
Leucochloris albicollis (VIEILLOT, 1818)
beija-flor-de-papo-branco
White-throated Hummingbird
BA
NI
Megaceryle torquata (LINNAEUS, 1766)
martim-pescador-grande
Ringed Kingfisher
A
C
Chloroceryle amazona (LATHAM, 1790)
martim-pescador-verde
Amazon Kingfisher
A
C
joão-bobo
White-eared Puffbird
BA
I
tucanuçu
Toco Toucan
BA
OFC
Nome do Táxon Brotogeris chiriri (VIEILLOT, 1818) Cuculidae (LEACH, 1820) Piaya cayana (LINNAEUS, 1766) Crotophaga ani (LINNAEUS, 1758) Guira guira (GMELIN, 1788) Tapera naevia (LINNAEUS, 1766) Strigidae (LEACH, 1820) Megascops choliba (VIEILLOT, 1817) Caprimulgidae (VIGORS, 1825)
Trochilidae (VIGORS, 1825) Phaethornis pretrei (LESSON & DELATTRE, 1839) Eupetomena macroura (GMELIN, 1788)
Alcedinidae (RAFINESQUE, 1815)
Bucconidae (HORSFIELD, 1821) Nystalus chacuru (VIEILLOT, 1816) Ramphastidae (VIGORS, 1825) Ramphastos toco (MÜLLER, 1776)
100
...continuação Nome em Português
English Name
Hábitat
Dieta
Picumnus temminckii (LAFRESNAYE, 1845)
pica-pau-anão-de-coleira
Ochre-collared Piculet
F
IF
Melanerpes candidus (OTTO, 1796)
birro, pica-pau-branco
White Woodpecker
BA
OFI
Veniliornis spilogaster (WAGLER, 1827)
picapauzinho-verde-carijó
White-spotted Woodpecker
F
IF
Colaptes campestris (VIEILLOT, 1818)
pica-pau-do-campo
Campo Flicker
BA
I
pica-pau-de-cabeça-amarela
Blond-crested Woodpecker
F
IF
Dryocopus lineatus (LINNAEUS, 1766)
pica-pau-de-banda-branca
Lineated Woodpecker
F
IF
Campephilus robustus (LICHTENSTEIN, 1818)
pica-pau-rei *
Robust Woodpecker
F
IF
Thamnophilus caerulescens (VIEILLOT, 1816)
choca-da-mata
Variable Antshrike
F
IF
Thamnophilus ruficapillus (VIEILLOT, 1816)
choca-de-chapéu-vermelho
Rufous-capped Antshrike
BA
I
Pyriglena leucoptera (VIEILLOT, 1818)
papa-taoca-do-sul *
White-shouldered Fire-eye
F
IF
arapaçu-verde
Olivaceous Woodcreeper
F
IF
arapaçu-rajado *
Lesser Woodcreeper
F
IF
chupa-dente
Rufous Gnateater
F
IF
joão-de-barro
Rufous Hornero
BA
I
pichororé *
Rufous-capped Spinetail
F
IF
uí-pi
Pale-breasted Spinetail
BA
I
joão-teneném
Spix’s Spinetail
BA
I
Nome do Táxon Picidae (LEACH, 1820)
Celeus flavescens (GMELIN, 1788)
Thamnophilidae (SWAINSON, 1824)
Dendrocolaptidae (GRAY, 1840) Sittasomus griseicapillus (VIEILLOT, 1818) Xiphorhynchus fuscus (VIEILLOT, 1818) Conopophagidae (SCLATER; SALVIN, 1873) Conopophaga lineata (WIED, 1831) Furnariidae (GRAY, 1840) Furnarius rufus (GMELIN, 1788) Synallaxis ruficapilla (VIEILLOT, 1819) Synallaxis albescens (TEMMINCK, 1823) Synallaxis spixi (SCLATER, 1856)
101
...continuação Nome em Português
English Name
Hábitat
Dieta
Syndactyla rufosuperciliata (LAFRESNAYE, 1832)
trepador-quiete
Buff-browed Foliage-gleaner
F
IF
Automolus leucophthalmus (WIED, 1821)
barranqueiro-de-olho-branco
White-eyed Foliage-gleaner
F
IF
Lochmias nematura (LICHTENSTEIN, 1823)
joão-porca
Sharp-tailed Streamcreeper
F
IF
bico-virado-carijó
Streaked Xenops
F
IF
abre-asa-de-cabeça-cinza *
Gray-hooded Flycatcher
F
IF
cabeçudo
Sepia-capped Flycatcher
F
IF
tororó
Ochre-faced Tody-Flycatcher
F
IF
Todirostrum poliocephalum (WIED, 1831)
teque-teque *
Yellow-lored Tody-Flycatcher
F
IF
Todirostrum cinereum (LINNAEUS, 1766)
ferreirinho-relógio
Common Tody-Flycatcher
BA
I
Elaenia flavogaster (THUNBERG, 1822)
guaracava-de-barriga-amarela
Yellow-bellied Elaenia
BA
OFI
risadinha
Southern Beardless-Tyrannulet
BA
OFI
Tolmomyias sulphurescens (SPIX, 1825)
bico-chato-de-orelha-preta
Yellow-olive Flycatcher
F
IF
Platyrinchus mystaceus (VIEILLOT, 1818)
patinho
White-throated Spadebill
F
IF
filipe
Bran-colored Flycatcher
BA
OFI
enferrujado
Euler’s Flycatcher
F
IF
Knipolegus lophotes (BOIE, 1828)
maria-preta-de-penacho
Crested Black-Tyrant
BA
I
Xolmis velatus (LICHTENSTEIN, 1823)
noivinha-branca
White-rumped Monjita
BA
I
Fluvicola nengeta (LINNAEUS, 1766)
lavadeira-mascarada
Masked Water-Tyrant
BA
I
Nome do Táxon
Xenops rutilans (TEMMINCK, 1821) Tyrannidae (VIGOR, 1825) Mionectes rufiventris (CABANIS, 1846) Leptopogon amaurocephalus (TSCHUDI, 1846) Poecilotriccus plumbeiceps (LAFRESNAYE, 1846)
Camptostoma obsoletum (TEMMINCK, 1824)
Myiophobus fasciatus (MÜLLER, 1776) Lathrotriccus euleri (CABANIS, 1868)
102
...continuação Nome em Português
English Name
Hábitat
Dieta
freirinha
White-headed Marsh-Tyrant
A
I
Machetornis rixosa (VIEILLOT, 1819)
suiriri-cavaleiro
Cattle Tyrant
BA
I
Myiozetetes similis (SPIX, 1825)
bentevizinho-de-penacho-vermelho
Social Flycatcher
BA
OFI
Pitangus sulphuratus (LINNAEUS, 1766)
bem-te-vi
Great Kiskadee
BA
OFI
Myiodynastes maculatus (MÜLLER, 1776)
bem-te-vi-rajado
Streaked Flycatcher
BA
OFI
Megarynchus pitangua (LINNAEUS, 1766)
neinei
Boat-billed Flycatcher
BA
OFI
Empidonomus varius (VIEILLOT, 1818)
peitica
Variegated Flycatcher
BA
OFI
Tyrannus melancholicus (VIEILLOT, 1819)
suiriri
Tropical Kingbird
BA
OFI
tesourinha
Fork-tailed Flycatcher
BA
OFI
irré
Swainson’s Flycatcher
BA
OFI
maria-cavaleira
Short-crested Flycatcher
BA
OFI
tangará-dançarino *
Blue Manakin
F
OFI
caneleiro-preto
White-winged Becard
BA
OFI
Cyclarhis gujanensis (GMELIN, 1789)
pitiguari
Rufous-browed Peppershrike
BA
I
Vireo olivaceus (LINNAEUS, 1766)
juruviara
Red-eyed Vireo
BA
I
gralha-do-campo
Curl-crested Jay
BA
OFI
andorinha-pequena-de-casa
Blue-and-white Swallow
EA
I
Nome do Táxon Arundinicola leucocephala (LINNAEUS, 1764)
Tyrannus savana (VIEILLOT, 1808) Myiarchus swainsoni (CABANIS; HEINE, 1859) Myiarchus ferox (GMELIN, 1789) Pipridae (RAFINESQUE, 1815) Chiroxiphia caudata (SHAW; NODDER, 1793) Tityridae (GRAY, 1840) Pachyramphus polychopterus (VIEILLOT, 1818) Vireonidae (SWAINSON, 1837)
Corvidae (LEACH, 1820) Cyanocorax cristatellus (TEMMINCK, 1823) Hirundinidae (RAFINESQUE, 1815) Pygochelidon cyanoleuca (VIEILLOT, 1817)
103
...continuação Nome em Português
English Name
Hábitat
Dieta
andorinha-serradora
Southern Rough-winged Swallow
EA
I
corruíra
Southern House-Wren
BA
I
Turdus rufiventris (VIEILLOT, 1818)
sabiá-laranjeira
Rufous-bellied Thrush
BA
OFI
Turdus leucomelas (VIEILLOT, 1818)
sabiá-barranco
Pale-breasted Thrush
BA
OFI
sabiá-poca
Creamy-bellied Thrush
BA
OFI
sabiá-do-campo
Chalk-browed Mockingbird
BA
I
cambacica
Bananaquit
BA
NI
Trichothraupis melanops (VIEILLOT, 1818)
tiê-de-topete
Black-goggled Tanager
F
IF
Tachyphonus coronatus (VIEILLOT, 1822)
tiê-preto
Ruby-crowned Tanager
BA
OFI
Ramphocelus carbo (PALLAS, 1764)
pipira-vermelha
Silver-beaked Tanager
BA
OFI
Thraupis sayaca (LINNAEUS, 1766)
sanhaçu-cinzento
Sayaca Tanager
BA
OFI
Tangara cayana (LINNAEUS, 1766)
saíra-amarela
Burnished-buff Tanager
BA
OFI
figuinha-de-rabo-castanho
Chestnut-vented Conebill
BA
OFI
tico-tico
Rufous-collared Sparrow
BA
OGI
tico-tico-do-campo
Grassland Sparrow
BA
OGI
Nome do Táxon Stelgidopteryx ruficollis (VIEILLOT, 1817) Troglodytidae (SWAINSON, 1831) Troglodytes musculus (NAUMANN, 1823) Turdidae (RAFINESQUE, 1815)
Turdus amaurochalinus (CABANIS, 1850) Mimidae (BONAPARTE, 1853) Mimus saturninus (LICHTENSTEIN, 1823)
Coerebidae (D’ORBIGNY; LAFRESNAYE, 1838) Coereba flaveola (LINNAEUS, 1758) Thraupidae (CABANIS, 1847)
Conirostrum speciosum (TEMMINCK, 1824) Emberizidae (VIGORS, 1825) Zonotrichia capensis (MÜLLER,1776) Ammodramus humeralis (BOSC, 1792)
104
...continuação Nome em Português
English Name
Hábitat
Dieta
tipio
Grassland Yellow-Finch
BA
OGI
canário-do-campo
Wedge-tailed Grass-Finch
BA
OGI
Volatinia jacarina (LINNAEUS, 1766)
tiziu
Blue-black Grassquit
BA
OGI
Sporophila lineola (LINNAEUS, 1758)
bigodinho
Lined Seedeater
BA
OGI
Sporophila caerulescens (VIEILLOT, 1823)
coleirinho
Double-collared Seedeater
BA
OGI
tico-tico-do-mato
Half-collared Sparrow
F
OGI
trinca-ferro-verdadeiro
Green-winged Saltator
BA
OFI
Parula pitiayumi (VIEILLOT, 1817)
mariquita
Tropical Parula
BA
I
Geothlypis aequinoctialis (GMELIN, 1789)
pia-cobra
Masked Yellowthroat
BA
I
Basileuterus culicivorus (DEPPE, 1830)
pula-pula
Golden-crowned Warbler
F
IF
pula-pula-assobiador
White-browed Warbler
F
IF
graúna
Chopi Blackbird
BA
OGI
chopim-do-brejo
Yellow-rumped Marshbird
BA
OGI
Carduelis magellanica (VIEILLOT, 1805)
pintassilgo
Hooded Siskin
BA
OGI
Euphonia chlorotica (LINNAEUS, 1766)
fim-fim
Purple-throated Euphonia
BA
OFI
Nome do Táxon Sicalis luteola (SPARRMAN, 1789) Emberizoides herbicola (VIEILLOT, 1817)
Arremon semitorquatus (SWAINSON, 1838) Cardinalidae (RIDGWAY, 1901) Saltator similis (D’ORBIGNY; LAFRESNAYE 1837) Parulidae (WETMORE et al., 1947)
Basileuterus leucoblepharus (VIEILLOT, 1817) Icteridae (VIGORS, 1825) Gnorimopsar chopi (VIEILLOT, 1819) Pseudoleistes guirahuro (VIEILLOT, 1819) Fringillidae (LEACH, 1820)
105
Anexo 3 Lista de siglas
106
CR
Criticamente em perigo de extinção
DAP
Diâmetro do fuste à altura do peito (1,3 m acima do nível do solo)
EP
Em perigo de extinção
ESALQ
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
EX
Extinto na natureza
FES
Floresta Estacional Semidecidual
FOD
Floresta Ombrófila Densa
GPS
Global Positioning System
IBAMA
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IUCN
União Internacional de Conservação da Natureza
NT
Provavelmente ameaçada de extinção
QP
Quase em Perigo de extinção
PAP
Perímetro à altura do peito (1,3 m acima do nível do solo)
SABESP
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
SMA
Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
SNUC
Sistema Nacional de Unidades de Conservação
TNC
The Nature Conservancy
UNICAMP
Universidade Estadual de Campinas
USP
Universidade de São Paulo
VU
Vulnerável à extinção
FSC