ameacas parte I
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2 De uma boneca do imaginário folclórico e tradicional Russo, dos líderes Lenin e Stalin, e das semelhanças entre partidos comunista e fascista à força da mensagem construtivista e dadaísta. Após ler e observar as imagens existentes no livro “La instruccion pública en la URSS” (fig.1) onde descrevem o ensino da União Soviética em tempos de Leningrado, tudo se assemelhava à icónica “American way of life” e suas publicidades da década de 50, onde a mulher, no seu bonito vestido espera com o jantar na mesa o marido chegar do trabalho. Nas imagens emergentes no livro, tudo parece também repleto de romantismo onde vemos crianças e adultos a estudar em escolas muitissimo bem equipadas. Não que o que o livro nos mostre seja falso, mas esconde existiam de facto contraste de desigualdade entre sectores, contrastes estes organizados pelo aparelho do estado. Emanuel Todd (fig.11) no seu acutilante e controverso ensaio sobre a composição e decomposição da esfera soviética que mostra as semelhanças entre os regimes comunista e fascísta, como o gosto pela autoridade, a prática da desigualdade,
fig.1 capa dos livros: “La Instruccion pública en la URSS” e “Educação e crescimento económico”
fig.2 conjunto de Matrioskas, brinquedo do universo folclórico e popular Russo
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fig.3 poster de propaganda“Beat the Whites with the Red Wedge”. El Lissitzky,
1919
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figs. 4 e 5 trabalhos da parceira na arte e na vida de Aleksander Rodchenko, Varvara Stépanova.
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sendo que o comunismo nasce de um erro de cálculo tendo de atingir um certo grau de maturidade para se instalar na desigualdade, o fascismo esmaga a liberdade para abafar a reivindicação igualitária. A segunda fase do comunismo é então um “social-fascismo”, um fascismo de linguagem socialista que facilmente se converte. E todo este contexto histórico que surgem autores como El Lissitzky, Aleksander Rodchenko, Varvara Stépanova, autores estes mediáticos em movimentos Construtivista e Supermativista. Surgem cartazes de propaganda e contestação graficamente muito fortes, com cores como vermelho e preto, cores com muita força e muito emergente nos contextos politicos da época. Surge também o movimento Dada, movimento este muito resumidamente, caracterizado pelo punho cerrado ergendo um manifesto que sem “papas na língua” apresentava e contestava ideais.
fig.6 “Dadá: Arte e Anti-Arte” de Hans Richter
fig.7 Teatro de bonecas do Palácio de pioneiros e escolares da cidade de Chirchik
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8 Assim nasceu “ameças parte I”. Esta, é a primeira parte de um manifesto contra alunos e a própria Escola de Artes e Design de Matosinhos, parte esta enviada pelo correio ao docente da disciplína. Se o que de mais forte se fez em termos de design gráfico foi em tempos de ameça, esta procura procura obter respostas igualmente boas. Estabelecendo um paralelismo entre a caligrafia da serpente mencionada num poema surgido em ambiente “Cabaret Voltaire” em inícios de século XX, entre a “SS” (instituição paramilitar fascista) e os dois “S” do nome Susana surgiu uma serigrafia que posteriormente em trabalho “laboratorial” deu origem a algo como uma assemblage. Um martelo, simbolo do comunismo, uma matrioska, sangue cozido de porco e uma colher para o digerir. Segue-se o manifesto ainda incerto e incompleto: “te queimar te cozz er o e o comer de colher
ssangue
aqui, HÁ SSerpente, HÁ qSS qSS, HÁ SS SS, HÁ SSU SSU entre vóss, entre NÓSS, entre noz é só voz, é só eco, é só eco, é só cu, são só seios, são só dentes fig.8 ensino soviético em época de Leningrado
fig.9 vitimas de génocidio, Auschwitz década de 40
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fig.10 sangue de galinha, sangue este que em pouco se assemelha ao do ser humano; possui uma tonalidade bastante mais escura
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fig.11 selos soviéticos acerca de apolo martelo enferrujado, capa de “A queda final” de Emmanuel Todd; sangue de porco cozido (paralelismo entre judeus, cuja religião não lhes permite comer carne de porco).
11 e am.
lon gos
pen
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Santo Thyrso, santo terço, santo torço, santo piço santo livro, tantos livros, tantas bombas e e la va-zi-a SSHHHHHHH eis que NÃO HÁ CRITÉRIO, nem crematório NEM CEMITÉRIO PARA TANTAS CABRAS. É BEM VESTIR MAIS MAL FALAR E POUCO MEDO O PAPÁ PAGA, A MAMÃ DÁ E O DIA NASCE MAS ELES DORMEM SSHHHHHH não acordes os meninos HÁ MUITO BONS, HÁ MUITO SAL, MAS POUCA-TERRA POUCA-TERRA POUCA-TERRA PUUUUUUU PUUUUUU E NO CARRIL VENHAM MARIAS, VENHAM JO-ÕES VENHAM OS QUE ENSINAM, venham os que minam os homens bomba, as enciclopédias não é apenas a nat, nem net, nem é a in-ter-net é uma A, uma aaahhh, uma que grandes digitalitalize venha uma arma, uma que imprima e prima bem, mas mais macia, porque esta arranha o cu. cozz er o ssangue cozer o sangue come-lo de colher, há colher, há pincel. fig.12 e 13 pormenores da serigrafia que constitui “Ameaças parte I”
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fig.14 e 15 pormenores da serigrafia que constitui “Ameaças parte I”
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fig.16 e 17 “Ameaças parte I” - fotograifa do resultado final (fente + verso)
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18 Na capa, Andrei Chikatil, assassíno em série e canibal Ucraniano ao lado de um conjunto de crianças numa escola soviética.
Proposta 1 - Mail Art Título: Ameaças parte I Docente: José Bártolo Disciplína: Teoria do Design 2013, Outubro, ESAD Matosinhos Susana Carreiras
fig. 18 Parte da pesquisa que suporta este projecto encontra-se em: susanacarreiras.tumblr.com