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ACADEMIA

Paula Martins eleita Provedora do Estudante Pág. 03

REPORTAGEM

ACADÉMICO EM PDF

Jornal Oficial da AAUM DIRECTOR: Vasco Leão DISTRIBUIÇÃO GRATUITA 229/ ANO 10 / SÉRIE 6 TERÇA-FEIRA, 16. DEZ.04

academico.rum.pt facebook.com/jornal.academico twitter.com/jornalacademico

Págs. 11 e 12

Ser diferente na UMinho

ENTREVISTA

EM FOCO

CULTURA

João Costa na liderança da ESN

Buddy UMinho: Amigos eternos

Noiserv enche Salão da Reitoria

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FICHA TÉCNICA // Jornal Oficial da Associação Académica da Universidade do Minho // terça-feira, 16 dezembro 2014 / N227 / Ano 10 / Série 5 // DIRECÇÃO: Vasco Leão // EDIÇÃO: Lénia Rego // REDACÇÃO: Adriana Carvalho, Adriana Couto, Alexandre Rocha , Ana Pinheiro, Ana Rita Magalhães, Bárbara Araújo, Bárbara Martins, Bruno Fernandes, Catarina Hilário, Cátia Silva, César Carvalho, Clara Ferreira, Cláudia Fernandes, Diana Silva, Dinis Gomes, Diogo Pardal, Florbela Caetano, Francisco Gonçalves, Inês Carrola, Inês Neves, Joana Videira, João Araújo, João Pereira, Norberto Valente, Pedro Ribeiro, Rute Pires, Sara Ferreira, Sara Silva, Tomás Soveral, Virgínia Pinto. // COLABORADORES: Abel Duarte, António Ferreira, Daniel Silva, Elisabete Apresentação, Elsa Moura, Lara Antunes, Paulo Sousa, Rui Portulez e Sérgio Xavier // CRONISTAS: António Paisana, Joana Arantes, Maria Aldina Marques, Paulo Reis Mourão // GRAFISMO: gen // PAGINAÇÃO: Lénia Rego // MORADA: Rua Francisco Machado Owen, 4710 Braga // E-MAIL: jornalacademico@rum.pt //TIRAGEM: 2000 exemplares // IMPRESSÃO: GráficaAmares // Depósito legal nº 341802/12

OPINIÃO

Homenagem à Professora Virgínia Soares Pereira

Manuel Curado Docente do Departamento de Filosofia

No âmbito dos Colóquios de Outono do Centro de Estudos Humanísticos, a Professora Virgínia Soares Pereira foi justamente homenageada no dia 14 de novembro. Durante muitos anos, a luz da cultura clássica grecolatina foi mantida acesa na nossa universidade pela obra científica e pedagógica da Professora Virgínia. Mestres consagrados de outras universidades portuguesas vieram a Braga associar-se a esta homenagem. Eruditos extraordinários como Arnaldo Espírito Santo e Cristina Pimentel, de Lisboa, ou Francisco de Oliveira e Maria de Fátima Silva, de Coimbra, honraram o campus de Gualtar com a sua presença. Muito haveria a dizer sobre a justeza desta homenagem e sobre a importância dos Estudos Clássicos. Fico-me apenas por duas ou três reflexões. Ao labor incansável da Professora Virgínia na área dos Estudos Humanístico-Renascentistas devemos um livro de referência obrigatória: a monumental edição crítica da obra de André de Resende sobre aquele que é considerado o Fausto portu-

guês, o homem que vendeu a alma ao Príncipe das Trevas em troca de conhecimento privilegiado, Aegidius Scallabitanus: Um Diálogo sobre Fr. Gil de Santarém (Fundação Gulbenkian/FCT, 2000). Para compreendermos a importância desta obra e do vulto quase esquecido de que se ocupa, é oportuno traçar um paralelo. A nossa universidade tem como símbolo Prometeu, a figura da mitologia grega que roubou o fogo divino para o dar aos homens, sendo por isso punida com uma dor atroz que todos os dias se repete. Temos aqui dois símbolos perfeitos da vida dedicada à conquista de conhecimento novo. Não sabemos se, num dos dias em que a águia lhe comia o fígado, Prometeu se arrependeu do seu gesto. Sabemos, contudo, que Gil de Santarém, nascido em Vouzela nos termos de Coimbra, se arrependeu do contrato que assinou, se bem que não se tenha arrependido do conhecimento que adquiriu. Todos os grandes universitários enfrentam os dilemas destas duas figuras. O conhecimento novo é precioso; quanto estamos dispostos a pagar por ele? Diz-se que o conhecimento não ocupa lugar. Nada poderia ser mais falso. O conhecimento ocupa um lugar central nas nossas vidas e não se chega a ele de modo gratuito. Para o alcançar precisamos de tempo, de dinheiro, de muito trabalho e de ainda maior prudência. A sorte na vida e os grandes mestres também podem auxiliar. Pior do que tudo, aumentar um tipo de conhecimento pode implicar perder outros tipos de conhecimento. Como nos

diz Elkhonon Goldberg no seu The Wisdom Paradox (The Free Press, 2005), a idade implica a perda de muitas memórias e competências mas também nos dá uma perspectiva sobre as coisas que, na falta de melhor rótulo, se poderia chamar sabedoria. No contrato fáustico do conhecimento está, pois, a lição de Prometeu, de Gil de Santarém e da sabedoria de Goldberg: se queres saber, tens de pagar. Os grandes mestres de outras universidades que estiveram entre nós também nos deram que pensar. Qual o significado do encontro destes professores de uma outra geração com um auditório mais novo? Poderíamos responder que nos mostram a virtude dos universitários, como diziam os Gregos, a sua aretê ou excelência. Todas as profissões podem ser desempenhadas de muitos modos. Os Antigos acreditavam que é possível alcançar a excelência ao realizarmos as nossas tarefas. Nenhuma tarefa é apenas uma tarefa. Todas as acções são portas para o infinito. Quando Píndaro cantava os vencedores dos Jogos Olímpicos, Píticos, Ístmicos e Nemeus não estava apenas a falar de atletas notáveis; estava também a descrever o ponto mais alto que a acção humana pode alcançar, o ponto em que se manifesta uma luz especial. Os Japoneses sempre olharam deste modo para a vida humana. Um jardim japonês não é apenas um jardim; é uma oportunidade de fazermos algo da melhor forma em que pode ser feito, e, desse modo, encontrarmos a transcendên-

cia. Beber chá não é apenas beber chá; fazer isso da melhor forma possível abre-nos uma porta para o sentido do real. E os universitários? Não há profissões menores, nem tarefas menos importantes do que outras tarefas. Tudo o que fazemos na vida pode ser feito de um modo virtuoso. Há, pois, uma aretê dos universitários. Infelizmente, os universitários da nossa época são apenas convidados a ser atletas no jardim das ciências ou jardineiros das suas árvores. Já ninguém pede aos universitários para serem virtuosos ou para serem sábios. Nunca ouvi esse pedido. A lição de Píndaro, do Japão perene e destes universitários de outra geração é diferente. Qual é ela? Os saberes de uma universidade são como as modalidades atléticas ou os jardins japoneses: oportunidades de transcendência. Um grande universitário relaciona-se com os saberes como se procurasse a melhor forma possível de se beber chá, ou de lutar com uma espada, ou de se cuidar de uma árvore. No fim do caminho do universitário está o Alquimista, o que consegue transmutar os muitos saberes que adquiriu ao longo de uma vida no ouro de uma sabedoria. Esta é a excelência virtuosa dos universitários. O que é que nos mostra a vida da Professora Virgínia Soares Pereira e dos grandes mestres que estiveram entre nós nessa sexta-feira feliz? Isto: o sentido do que fazemos na universidade só se descobre na Sabedoria. Como se vê, só lhes podemos agradecer esta lição de Excelência dos universitários. Muito obrigado senhora Professora!


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Academia Carla Martins eleita Provedora do Estudante Foto: DR

REDAÇÃO jornalacademico@rum.pt

Paula Cristina Martins, ex-pró-reitora para a área de ensino na Universidade do Minho acaba de ser nomeada Provedora do Estudante. A docente da Escola de Psicologia já desempenhou funções de vice-presidente do Instituto de Estudos da Criança. Foi o nome sugerido pelos quatro estudantes que representam os seus colegas no Conselho Geral da UMinho. “É uma personalidade na qual os estudantes se revêm. É absolutamente necessário que, para o exercício desta função, o Conselho Geral e os seus diferentes membros tenham a sensibilidade de perceber que o Provedor do Estudante tem que ser alguém

em quem os estudantes se revêm”, disse Carlos Videira, presidente da Associação Académica da UMinho

(AAUM). Paula Cristina Martins sucede no cargo a António Paisana, o primeiro

Provedor do Estudante da academia minhota. Em tempo de mudança, o presidente da AAUM garante que esta foi “uma experiência que superou todas as expectativas e que é um exemplo a nível nacional do exercício das funções de Provedor do Estudante e sobretudo daquilo que é a sua proximidade e a sua interação quer com os estudantes, quer com a sua estrutura representativa, a associação académica”. Paula Cristina Martins foi nomeada com 15 votos a favor, cinco brancos e um nulo. O Conselho Geral aprovou ainda um voto de louvor a António Paisana, pelo modo como desempenhou funções ao longo dos quatro anos como provedor.

AIESEC procura “Hosting Families” a comunicação entre o idoso e o estagiário seja mais fácil e ainda mais impactante.

CATARINA OLIVEIRA catarinaa_oliveira@hotmail.com

A AIESEC – Organização Mundial de Estudantes presente na Universidade do Minho, mais precisamente na Escola de Economia e Gestão, no âmbito de um programa de voluntariado nacional, irá realizar o projeto “Ativa”. Este decorrerá de 19 de janeiro a 23 de fevereiro na Santa Casa da Misericórdia de Braga e no Lar de S. Salvador de Vila Verde. A missão da AIESEC prende-se com o desenvolvimento da paz mundial e da aproximação de culturas e, para tal, desenvolve e promove estágios de voluntariado internacionais. Um dos projetos que acontece em

Portugal é o “Ativa” que tem como objetivo desenvolver atividades de animação sócio cultural e educação tecnológica para idosos. Para tal, dois estagiários virão durante es-

sas seis semanas desenvolver com eles diversas atividades. Deverão ser oriundos do Brasil, ou de qualquer outro país desde que saibam falar fluentemente português para que

Para que esta ação seja possível, a AIESEC encontra-se à procura de famílias de acolhimento que estejam dispostas a receber um estagiário na sua casa durante o período de estágio. Para a família será uma oportunidade de conhecer outra cultura e para o estagiário encontrar um lugar a que possa chamar lar. Os interessados em acolher um estagiário deverão contactar diretamente com alguém da AIESEC ou através do endereço eletrónico: incomingexchange@minho.aiesec.pt.


ENTREVISTA PÁGINA 04 // 16.DEZ.14 // ACADÉMICO

Entrevista João Costa: Na liderança da ESN IRENE RIBEIRO ireneribeiro7@gmail.com

João Costa, atual Presidente da ESN Minho, tem 27 anos e encontra-se atualmente a frequentar o Doutoramento em Ciências, após o Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica. Tomou o gosto pelos ambientes internacionais aos 16 anos, tendo já realizado um programa de mobilidade no ensino secundário e outro na universidade através do Erasmus Mundus. Desde 2011, ou seja, há 3 anos que a ESN tem acolhido alunos Erasmus. Em que é que consiste a ESN e como é que funciona? Primeiro uma pequena correção, o conceito do que apoiamos apenas os alunos Erasmus está “errado”. Embora sejamos parte da Erasmus Student Network (ESN) e tenha sido fundada com o propósito final de prestar apoio aos Erasmus, nesta altura os programas de mobilidade não são só os programas Erasmus. Desta forma, quando queremos falar efectivamente do raio de acção da ESN (Minho), temos que falar dos alunos que estão a efectuar algum período de mobilidade. Nós consistimos acima de tudo num sistema de voluntariado, isso é o primeiro ponto que tem que ser dado. Nós todos somos voluntários, ninguém recebe nada por qualquer acção que faça dentro da ESN, quer seja dentro da parte da organização de viagens, quer seja dentro da parte do próprio acolhimento e do antigo sistema buddy. Mas é tudo voluntariado. Em relação a acções nós fazemos de tudo um pouco. O nosso grande objectivo acima

Foto:Alexandre Vale

de tudo é que qualquer aluno que chegue à Universidade do Minho se sinta em casa. Portanto tratamos de os ajudar, tanto a nível de arranjarem alojamento como de aprenderem a falar a língua, bem como depois disponibilizar atividades ao longo do período que cá estejam. Sempre que necessário também os ajudamos a inscrever nos programas que a universidade oferece para os auxiliar no processo de aprendizagem do Português, como nós também o fazemos por nós através do programa Tandem, que é basicamente a troca de línguas. Também realizamos atividades para conhecerem o país a partir das viagens,

para conhecerem a cultura através das visitas aos museus ou outro tipo de atividades relacionadas com o conceito grande e abrangente da cultura, como dinamizar atividades desportivas, de tudo um pouco para eles se sentirem em casa. Basicamente é isso que nós fazemos. Qual é a estrutura da ESN Minho? A estrutura da ESN Minho alterou bastante em relação ao ano passado. Estamos a dar uma nova imagem a tudo aquilo que a ESN Minho tem para oferecer porque antigamente funcionava num sistema com menor controlo. Antigamente tínhamos en-

tre 10 e 11 coordenadores de departamentos que eram nomeados pela direcção em si, mas este ano houve efectivamente eleições. Pela primeira vez, houve uma lista e todos os membros ativos da ESN Minho puderam votar e nesta altura, funcionamos por um sistema gerido pela lista eleita denominada por Administração Local. Foram as 3 pessoas que compunham a lista que foi eleita que nomearam todos os restantes coordenadores de departamento e em vez de termos uma direcção composta por 11 elementos, em que cada um tem a sua área, temos agora cada uma das 3 pessoas eleitas a supervisionar alguns dos departa-


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Entrevista mentos que lhes estão alocados. Durante este teu mandato quais são as principais dificuldades que identificas? A grande dificuldade acima de tudo prende-se com o tipo de organização que somos, que é uma organização sem fins lucrativos com voluntários. E o grande problema, acima de tudo, é o captar voluntários que queiram trabalhar e ajudar dentro da ESN Minho. E ajudar porque digamos que a ESN, não só em Portugal, não só no Minho, mas também a nível mundial, muito provavelmente começou por ser mais reconhecida por causa das atividades recreativas que tinha, por causa das festas, por causa das atividades mais lúdicas, e captar estudantes para essas atividades para nos ajudar é fácil. Esta é a parte fácil, no entanto, um dos objetivos que tomei em conjunto com os restantes elementos da lista eleita, foi mostrar que a ESN não é festa. A festa faz parte porque o período de Erasmus é um período em que os estudantes levam memórias que vão ficar para a vida deles. Eu passei por um programa de intercâmbio e as minhas memórias estão cheias desse tipo de atividades. No entanto, não é só disso que vive o período de intercâmbio e além do mais, não é só isso que os estudantes procuram. Portanto, também temos de, e foi um interesse muito grande da nossa parte, conseguir abranger todas as necessidades que os estudantes têm. E há obviamente estudantes que vêm para cá e não querem saber de festas. Há estudantes que vêm para cá que querem estudar, que querem visitar o país, que que-

Foto:Alexandre Vale

rem aprender a cultura, que querem aprender a língua. E foi uma das grandes alterações deste ano em relação ao ano passado: foi reduzir o número de festas, aumentar o número de atividades sociais, aumentar o número atividades que não são meramente recreativas. Isto porque queremos abranger e queremos começar de uma vez por todas a captar não só os estudantes de licenciatura/ mestrados integrados, mas também estudantes de doutoramento e investigadores que vêm para cá que também são pessoas que nós devemos ajudar e pessoas de quem nós devemos estar perto. Já trouxeste algo de novo durante a tua direcção. Há algo que ainda queiras alcançar? Sim. Embora sejamos uma organização sem fins lucrativos, as nos-

sas contas não estavam saudáveis. Portanto, outro grande objectivo que eu tenho, até ao fim deste ano, é conseguir deixar a organização com todas as condições para ser financeiramente sustentável, a partir das atividades que tem. Quero que todos os membros que colaboramconsigam ir às viagens, às atividades, genericamente falando, sem terem de gastar dinheiro ou tentando gastar o mínimo possível. Isto porque um voluntário pode ser qualquer um de nós, mas um voluntário dentro da ESN Minho tem que ser uma pessoa que associe o voluntariado a uma certa responsabilidade, porque se não temos pessoas responsáveis a organização não funciona, vai tudo “por água abaixo” e, indo tudo “por água abaixo”, quem sofre no final são os estudantes que nós queremos ajudar à partida. Um dos grandes objectivos é esse,

conseguir manter e garantir a estabilidade financeira da secção, conseguindo com que todas as pessoas que dão o seu tempo, porque as pessoas estão efectivamente a dar o seu tempo, estão a pôr a ESN muitas vezes à frente das suas atividades profissionais ou das suas atividades de estudante, que tenham a possibilidade de participar naquilo que ajudam a organizar sem terem de gastar absolutamente dinheiro nenhum ou, em último caso, o mínimo possível, coisa que este ano já consegui. Já consegui baixar os preços para todos os colaboradores em quase metade em algumas atividades, investindo o próprio dinheiro da secção para que eles pudessem ir. No entanto, é um investimento que considero viável, um investimento que é necessário porque no voluntariado todas pessoas têm que sentir no final que o seu trabalho é reconhecido, e é isso mesmo que eu


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Entrevista quero, que eles sintam que estão a dar o seu tempo, mas que no final têm a oportunidade de estar perto do acontecimento e de sentirem na pele o que é ajudarem estes estudantes. Consideras que são mais os alunos a irem ou a virem de Erasmus? Apesar de tudo temos mais alunos a virem. Embora há um dado importante a ser considerado, que foi o terem acabado com o “Ciência Sem Fronteiras”. Esse programa, em termos de número total, era um programa que fazia com que alunos brasileiros viessem para cá, com umas bolsas bastante consideráveis e nós tínhamos à vontade uns 300 alunos só do Brasil, ao abrigo deste programa. Agora isto acabou. Nós este semestre tivemos cerca de 430 estudantes e no próximo semestre irão ser menos obviamente, mas estamos a contar com cerca de 300. Agora imaginem somando a estes 430 mais uns 200 que vinham ao abrigo destes programas, coisa que agora não acontece. Digamos que nós, também temos que adaptar todas as nossas atividades pois, todo o planeamento que fazemos é com base nos estudantes que recebemos, porque dependendo da nacionalidade eles também procuram coisas diferentes. Mas, infelizmente, até hoje não tivemos o total apoio dos SRI para podermos ter todas as informações necessárias para os alunos que estão a chegar. Esperemos que isso seja ultrapassado já no segundo semestre com um protocolo de colaboração que está a ser delineado para evitar este tipo de problemas, porque estamos aqui a querer fazer um trabalho gratuito e de prestação de serviços para acima de tudo apoiar estes estudantes que escolheram a Universidade do Minho para o seu período de intercâmbio. Temos toda uma estrutura montada com pessoas das mais diversas áreas que estão de braços abertos para ajudar em tudo o que eles precisam e que eventualmente os SRI não têm disponibilidade para fornecer com um contato mais pessoal e constante. Recentemente organizaram a SWEP Minho. Em que é que consiste, como

Foto:Alexandre Vale

é que foi coordenar este evento e, que benefícios é que isso trouxe para Braga? Foi… (risos) extraordinário, cansativo. Mais do que cansativo, causa uma exaustão de todo o tamanho. Mas, digamos que não só para Braga, mas mais para a própria ESN Minho, para aqueles membros que ainda não faziam a mínima ideia do que era a ESN, sem ser a nível local Foi uma aposta mais do que ganha. A maior parte dos nossos membros não fazia ideia do que é que era um evento internacional da ESN, não faziam ideia da quantidade de projectos que efectivamente a ESN tem e quem são as pessoas. Uma coisa é nós dizermos, mostrarmos os vídeos, mostrarmos tudo aquilo que acontece e outra coisa é eles ouvirem em primeira mão das pessoas que os criaram ou que estão à frente de um projecto internacional. E, foi muito interessante ver membros aqui do Minho que tinham acabado de entrar, ganharem uma vontade e uma motivação sem precedentes. Isso para mim valeu a pena por tudo. Valeu a pena por todo um ano de trabalho, por noites sem dormir, por reuniões intermináveis, rios de bateria gastos no telemóvel, no computador, em viagens mas valeu a pena só por isso. A SWEP é uma das 5 plataformas regionais que existem na ESN e nós pela primeira vez no Minho conse-

guimos acolher uma, e pela terceira vez, se não me engano, a nível nacional. Portanto, é um marco importante, é um virar de página que calhou precisamente na altura em que também estamos a virar a página em termos da organização da ESN Minho, como já falei antes com as eleições e com tudo mais. Portanto ter aqui uma SWEP, ter aqui uma plataforma regional, é como ter um campeonato da Europa no futebol. Temos o campeonato do mundo que é a AGM, que é a assembleia magna da ESN e temos as plataformas regionais, existem 5, cada uma com os seus países. Como disse, é como se tivéssemos aqui o “europeu de futebol” com Portugal, França, Espanha, Itália e Malta. Tivemos aqui os representantes destes 5 países a explicarem aquilo que fazem nos seus países, a dizerem o que é que fazem nas suas secções locais, a trocarem ideias, a darem feedback, a perceberem o que é que está a acontecer a nível internacional e de que forma é que podem melhorar todas as atividades para que, e esta é a frase que nós estamos sempre a dizer, o Erasmus/estudante de mobilidade tenha o melhor ano da sua vida. Porque podem fazer a mesma pergunta a 100 pessoas, dividem 50-50 entre os que fizeram um programa de mobilidade numa zona com a ESN e numa zona sem a ESN e vão ver que o feedback é completamente diferente. E o feedback dado

por aqueles da ESN, não digo que 100% deles depois quando chegam à sua universidade local se tiver ESN se vão querer juntar, não digo 100%, mas deve andar à volta de uns 70% e os 30% que faltam, depois se não tiverem a ESN, eles vão querem fazer uma, porque perceberam a importância de ter a ESN a apoiar estes estudantes. Gostaria de falar de mais uma coisa que é relativo a um dos projectos internacionais que existem na ESN e eu, neste momento, tenho a oportunidade de ser coordenador internacional e penso que podemos dar um input muito grande. O projeto ExchangeAbility é um projecto que não é muito conhecido e se calhar, as pessoas aqui do Minho que tenham interesse nisto podem querer juntar-se e querer participar. O projeto ExchangeAbility é ambicioso, é um programa que visa aumentar o número de estudantes de mobilidade com algum tipo de deficiência. E porquê? Nesta altura e de acordo com os dados que são divulgados pela Comissão Europeia só 0,14% de todos os estudantes de mobilidade são pessoas com algum tipo de deficiência. E este número é tão reduzido porquê? Porque um estudante com algum tipo de dificuldade física, motora, sensorial já tem dificuldades a nível local, já tem dificuldades na sua universidade, portanto por norma não se vai aventurar e fazer um programa de mobi-


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Entrevista tentes em todas as secções. Dentro do Social estamos a falar de uma atividade de por exemplo: recolha de alimentos, um mero jogo de futebol com órfãos, uma visita a um lar de idosos… este tipo de atividades.

Foto:Alexandre Vale

lidade. Esta é a verdade nua e crua. E nós o que queremos fazer é abrir os olhos não só às universidades, mas também aos governos locais e ao governo nacional para lhes mostrar que há condições que precisam de ser garantidas para que toda a gente seja igual. E o ser igual é a criação de um ambiente inclusivo. Para isso, nós temos um projecto que o ano passado teve a maior promoção possível e este ano estamos a fazer com que todas as universidades o preencham. O MapAbility que é um programa que está online e qualquer um pode aceder e fazer a pesquisa pela universidade que está à procura e ver as condições que ela oferece e desta forma, ver qual é a universidade que tem condições para o receber. Não é nada mais nada menos do que fazer um mapeamento das condições de acesso tanto dos edifícios de todos os campus da Europa como dos serviços presentes. E são perguntas tão simples como: a pessoa entra no campus, tem uma cadeira de rodas, consegue chegar ao pavilhão? Chegando ao pavilhão consegue entrar? Uma pessoa cega consegue orientar-se dentro de um edifício? Consegue chegar à sala de aula?

É isto que estamos a criar agora, já que não conseguimos criar condições à partida, desde alterar ou fazer obras em todas as universidades da Europa para estejam todas ao mesmo nível. Pelo menos damos a possibilidade de qualquer pessoa conseguir aceder e ver onde é que vai ter menos problemas a fazer um programa de mobilidade. Além disto, também temos a parte informativa, porque a maior parte das pessoas não sabe que há bolsas adicionais para isto, mas existem. A maior parte das pessoas não sabe que dentro do Erasmus + foi criada uma bolsa especial para pessoas com algum tipo de deficiência, para os auxiliar neste seu projecto de vida. Pois a verdade é esta, não deixa de ser um projecto de vida. Se para uma pessoa “normal” um programa de intercâmbio já os marca vamos imaginar uma pessoa que por norma está confinada a um espaço e está habituada a pessoas a dizer-lhe: “Não podes, não consegues, não deves”. O factor de impacto é muito diferente. E é por isso que eu faço questão de mencionar este projecto, não só por ser o coordenador internacional, mas porque em termos de sensibilização e de abrir olhos era

algo maravilhoso. Digo ainda que o meu principal objectivo, em termos deste projecto de mapeamento é o não fazer somente a zona do campus mas também toda a cidade onde a universidade está. Porque no final de contas não nos podemos esquecer que o estudante de mobilidade é o turismo do futuro. Se a experiência lhe correr bem, ele não vem cá sozinho, ele vem cá com amigos e com a família e vai querer mostrar não só a universidade onde estudou, não só as pessoas que conheceu mas também toda a cidade e tudo aquilo que a cidade tem para oferecer. Entre 10 e 14 de novembro, tivemos um conjunto de atividades, e tal como disse antes, a ESN não tem é sinónimo de festa, enquadradas dentro da SocialErasmus Week, parte do grande projeto que é o SocialErasmus, que visa abrir a mente dos nossos Erasmus dentro da sociedade onde eles vão ser inseridos para projetos direcionados para 3 vertentes: solidariedade, educação ou ambiente. Existe uma SocialErasmus Week em cada semestre, onde são então desenvolvidas durante uma semana atividades de carácter social em qualquer uma destas ver-

Dentro da parte educativa temos um grande projecto que é o Erasmus in Schools que se baseia em levar os nossos estudantes a uma escola básica ou secundária, precisamente para atingir aquele objectivo de alargar os horizontes, de eles verem que há pessoas de fora que vêm para cá. Desde logo dizemos-lhe que temos a possibilidade de os meter em projectos de mobilidade de curta duração. A partir do momento em que fazem 16 anos eles podem fazer um projecto de mobilidade, não necessitam de estar na universidade, um projecto que vai de uma semana, duas semanas, um mês ou mais e que ou são 100% financiados, ou seja, as pessoas gastam 0 ou no máximo gastam 30% na viagem. Alimentação, alojamento e tudo o resto está completamente financiado e é mostrares-lhe isso logo desde o início. Isto é a componente da educação, não é só eles conhecerem outra cultura mas mostrar que nós, ESN Minho, somos a única secção a nível nacional e uma das poucas a nível internacional que tem certificação para organizar projetos e para enviar participantes ou para os receber. Portanto temos grande interesse em quando fazemos estas visitas as escolas lhes dizer isso mesmo. Depois temos a parte do ambiente que é um projecto que está agora a começar a surgir, chamado Erasmus Forest que é precisamente abrir a mente das pessoas para a importância de que só temos um ambiente, só temos uma terra e se não cuidarmos dela não temos nada. Nós dentro deste âmbito estamos agora a desenvolver atividades numa horta que nos foi cedida aqui na universidade no campus de Gualtar. Estamos agora também a tentar fazer com que Guimarães também tenha uma, para que os estudantes de Guimarães não tenham tem que vir para Braga para trabalharem nesta vertente.


EM FOCO PÁGINA 08 // 16.DEZ.14 // ACADÉMICO

Em foco Buddy UMinho: Amigos para a Vida CLARA SOFIA FERREIRA clarasofiaf@gmail.com

O Programa Buddy UMinho é uma iniciativa dos Serviços de Relações Internacionais (SRI) que prevê que cada estudante estrangeiro de intercâmbio seja ‘apadrinhado’ e auxiliado por um estudante da Universidade do Minho, isto é, pelo seu Buddy. Adriana Lago Carvalho, em entrevista ao ACADÉMICO revela que o programa Buddy UMinho desempenha um “papel essencial no processo de integração dos estudantes estrangeiros na nossa comunidade estudantil, assim como na sociedade e cultura portuguesas, complementar ao trabalho desenvolvido pelos SRI e pelos Coordenadores Académicos.” Neste sentido, espera-se que os Buddy UMinho assumam uma atitude pró-ativa perante esta nobre missão, orientando e auxiliando da melhor forma possível os estudantes estrangeiros de intercâmbio, no que respeita “à adaptação académica, cultural e social durante a sua estada entre nós.” Este semestre os Serviços de Relações Internacionais receberam “mais de 100 candidaturas de estudantes da UMinho entre os dois campi interessados em ser Buddy UMinho” e “a cada Buddy foram atribuídos, em média, dois estudantes de intercâmbio.” Ao realizar a candidatura é importante saber que: “não terás custos, de fornecer alojamento ou responsabilidades a outros níveis”. Esta é uma das atividades paralelas academicamente validadas no âmbito do ponto 6.1 do Suplemento ao Diploma da Universidade do Minho. Se estás interessado em ser Buddy de um estudante que chega no se-

gundo semestre deves enviar a candidatura até ao dia 19.12.2014. Sabe mais em http://www.sri.uminho.pt ou sri@sri.uminho.pt Em entrevista ao ACADÉMICO, Helena Alves e João Barbosa Martins partilharam algumas experiências: Helena Alves aluna de Mestrado em Ciências da Comunicação Publicidade e Relações Públicas e madrinha de de 2 estudantes Erasmus da licenciatura em Ciências da Comunicação: a Aline, que vem do Brasil, e a Júlia, que vem de Barcelona, confessa: “o programa Buddy Uminho é uma excelente iniciativa que, para além de promover o intercâmbio multicultural, é uma mais-valia no que diz respeito à integração dos alunos estrangeiros que vêm estudar na Universidade. Eu, como vou iniciar o meu período Eramus no segundo semestre deste ano letivo, decidi inscrever-me como Madrinha”. Helena acrescenta “ Mais do que querer contactar e conhecer pessoas novas, gostava de poder usufruir na Universidade [para a qual vai no segundo semestre] de acolhimento de um programa semelhante que me disponibilize alguém que esteja disposto a ajudar-me a ambientar me a uma nova realidade. É uma espécie de solidariedade académica muito bem-vinda em quaisquer situações deste género.” Quanto a aspetos negativos, revela “Para já não consigo apontar qualquer aspeto negativo. Penso que estabeleci uma boa relação com as minhas afilhadas e tento ajudá-las sempre que possível: criamos bons laços de amizade. Além do mais, para mim tem sido uma experiência muito enriquecedora na medida em que fiquei a conhecer e a relacionarme bem com pessoas de outros países, com outras culturas e que partilham comigo informações que

me têm beneficiado a vários níveis: académico, social, cultural e, acima de tudo, interpessoal.” João Barbosa Martins, aluno de Medicina, tem também duas afilhadas. Considera a experiência “uma excelente oportunidade para promover a troca de experiencias entre estudantes de diferentes culturas e fazer novos amigos. Entendo que para quem vem estudar para um novo país, para uma cultura diferente da sua e na maioria dos casos havendo uma barreira linguística, é proveitoso ter alguém que fique encarregue de facilitar este processo e quê dê a conhecer alguns aspectos culturais, geográficos e sociais, tornando esta experiencia mais enriquecedora e um pouco mais fácil.” Acrescenta ainda: “por outro lado, penso que ao sermos hospitaleiros e ao proporcionarmos uma boa estadia no nosso país, estamos a contribuir para que estas pessoas conheçam melhor, ref-

erenciem e recomendem Portugal aos seus amigos, promovendo-nos a nós próprios.” “Enfim, julgo ser uma experiência fantástica que recomendo a todos.”, conclui. Salienta que quanto a aspetos positivos: em primeiro lugar “é enriquecedor do ponto de vista cultural já que contactamos com novos costumes e ideias, o que permite abrir horizontes”, depois “fazemos um novo amigo e caso algum dia efetue uma visita às cidades destes estudantes, certamente que o favor será retribuído” e por fim “é uma excelente oportunidade para treinar o inglês e mesmo aprender palavras em línguas que não conhecemos.” Revela ainda alguns aspetos a melhorar : “julgo que poderia haver mais informação para os buddies relativamente a questões académicas ou de alojamento destes estudantes, facilitando a resposta a todas as questões que possam surgir.”


RP

A preço de custo. Até 31 dezembro.



REPORTAGEM PÁGINA 11 // 16.DEZ.14 // ACADÉMICO

Reportagem Uma outra visão do olhar PEDRO RIBEIRO pedroeoribeiro.96@gmail.com

Já são alguns os estudantes que frequentam a UMinho e que possuem mobilidade reduzida ou outra deficiência. Ao entrarem num local estranho precisam de apoio e ajuda para se deslocarem e até mesmo assistirem às aulas. É aqui que se destaca o Gabinete para a Inclusão. Querendo perceber mais aprofundadamente o que significa ser deficiente, precisamente no mês em que se assinalou o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, o ‘Académico’ entrevistou a Técnica Superior do gabinete – Sandra Estêvão Rodrigues. Invisual, sublinha, ora direta, ora indiretamente, que “o mistério está na cabeça das pessoas”. Consegue explicar, sucintamente, o que é o Gabinete para a Inclusão? É um serviço da Universidade do Minho que procura proporcionar apoios a quem possui deficiência, mas também promover ações de informação e sensibilização sobre os temas relacionados com a inclusão, entre outros objetivos. De salientar que os apoios prestados pretendem ser ajustados a cada situação particular. No seu entender, conseguem-se atingir as finalidades pretendidas? No geral sim. O mais difícil ainda é a desmistificação da deficiência. Como se sentem os alunos que usufruem destes serviços? Creio que se sentirão mais seguros por saberem que existe um serviço onde se podem dirigir para tentarem resolver as dificuldades decorrentes do contexto académico. Para si, qual é o maior medo de um deficiente? Creio que serão essencialmente dois. Por um lado, o medo de só ser visto pela sua deficiência e não considerado como um todo que é a sua pessoa, o que é o mesmo que dizer desrespeitado na sua individu-

Foto: DR

alidade e dignidade. Por outro, creio que será o medo de adquirir mais incapacidades com algum acidente, doença ou o avanço da idade. Mas talvez esteja a falar mais por mim do que por quem nos procura. Podemos afirmar que este gabinete constitui um fio condutor da mensagem de todos aqueles que são detentores de deficiências? Não me parece que assim seja. Não somos um movimento associativo ou político e cada estudante é diferente do outro. O serviço tem uma missão que se estende a todos, mas isso é diferente do que ser representativo de uma forma de estar/pensar. Socialmente falando, assiste-se, hoje, à promoção da cidadania? E à inclusão social? A inclusão é um paradigma ainda em construção lenta, quase uma utopia. A verdade é que se passou da imagem do coitadismo para a do heroicismo, que é o mesmo que colocar à distância quem tem alguma deficiência. Se é tão difícil vermos jovens de hoje a oferecer ajuda, não

me parece que estejamos a progredir para o objetivo correto. Tornouse moda falar de inclusão, exaltar as qualidades das pessoas com deficiência. Mas continua a vigorar a “pena” em vez da solidariedade genuína, aquela que dá exaltação interior mas não exterior, aquela que não “compra” um lugar no céu, mas que conquista quem está perto. Recentemente, iniciou-se um curso de Braile. Pode falar um pouco sobre este curso e sobre esta linguagem? Este curso breve é uma das muitas iniciativas do GPI para chegar às pessoas e falar-lhes da deficiência e dos seus recursos. O Braille é um código de leitura e escrita criado por um cego que queria muito ler e escrever, por isso é tão simples e versátil, tão acessível a quem dele precisar. Tenho a certeza que quem veio a este curso ficou surpreendido com a sua simplicidade. No caso dos invisuais, qual é o feedback recebido por parte de alguém que acorda todos os dias e se deita todos os dias sem ver?

O grande mistério está na cabeça das pessoas. Habituamo-nos a tantas coisas e a cegueira é uma delas. Não estou a dizer que é fácil superar os desafios que nos coloca, estou a dizer que é possível e que o mais difícil é estarmos todos os dias a sermos recordados de que não vemos, quer porque nos lamentam, quer porque estão centrados na incapacidade e não em como podem ajudarnos a ver, transpondo em palavras o que nos está inacessível. É custoso para si lidar, sentimentalmente, com o facto de eles estarem impedidos de captar estímulos visuais? Que reflexão convida a fazer a partir daqui? Para mim é custoso que alguém esteja tão interessado na minha cegueira, uma característica física importante, mas tão pouco interessado em saber quem eu sou como pessoa, do que gosto, o que penso sobre isto ou aquilo. Há tanta gente saturada de estímulos visuais e no entanto… completar esta frase é o meu desafio de reflexão para todos.


REPORTAGEM PÁGINA 12 //16.DEZ.14 // ACADÉMICO

Aceitar a diferença

Foto: DR

Num país onde 45% da população não consegue ver (dados da Associação dos Cegos e dos Amblíopes de Portugal), as mais variadas estruturas ainda não se encontram claramente preparadas para suportar fisicamente estas pessoas. Na tentativa de analisar um caso específico, Agostinho Silva, aluno da Universidade do Minho, do primeiro ano da licenciatura em Ciências da Comunicação, disponibilizou o seu tempo para conversar acerca da sua invisibilidade. Ou, corrige o próprio, cegueira, pois “é cegos que se deve dizer e não invisuais”. Este estudante destaca, ainda, que “é uma coisa como outra qualquer”. Contando com a ajuda de colegas e amigos, refere ser capaz de se “mover normalmente”. Quanto a aspectos negativos, considera que existem “materiais de apoio ao estudo” disponíveis, mas sente falta de “um professor de ori-

entação”. Garante nunca ter sido vítima de exclusão social, reforçando a necessidade de socializar. Questionado sobre a afirmação da cegueira como um “mar de leite”, de acordo com o Nobel português, indica depender do ponto de vista; nesta lógica, entende que “a

audição traz muito mais vantagens do que a visão”. Viver com paralisia cerebral “Em cada 1000 bebés que nascem 2 podem ser afetados por Paralisia Cerebral”, diz-nos a APCL (Associação

Foto: DR

de Paralisia Cerebral de Lisboa), uma associação representada por todo o país. Falamos de alguém com esta deficiência. Nuno Rodrigues escreve com os pés, tem três obras publicadas e está a aumentar a sua graduação académica. Licenciado em Engenharia Informática pelo Instituto Politécnico do Porto e a frequentar o doutoramento em Sociologia na UMinho, Nuno Rodrigues revela prevalecer a “vontade própria de querer sempre mais e mais”. À pergunta “como é ter paralisia cerebral nos dias que correm?” responde que “é ter de aguentar a discriminação de uma sociedade podre de tanta hipocrisia”. Relativamente aos trabalhos exercidos por parte do Gabinete de Inclusão, aponta que foi apenas por sua iniciativa que o contactou, pelo que “devia ter um papel importantíssimo na inclusão destes alunos na universidade”.


Que dificuldades encontras na UMinho? carolina mendes carolinacm_1994@hotmail.com

Rita gonçalves anagonçalves2810@gmail.com

AGOSTINHO SILVA 1º ANO// CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO

JOEL FONTE 3º ANO// MATEMÁTICA

CLÁUDIO NOVOA 2º ANO// BIOQUÍMICA

Passaram poucos meses desde que Agostinho, um estudante com dificuldades visuais, se inscreveu na Universidade mas já se deparou com alguns entraves, tanto a nível de infraestruturas como a nível educacional. “Na biblioteca não é fácil arranjar material porque os computadores não têm programas de voz, ou seja, leitores de ecrã”, critica. No entanto, refere a disponibilidade e a acessibilidade do GPI (Gabinete para a Inclusão) em fornecer o material que precisa. Outro aspeto que foca é a distância entre os complexos e a cantina. Opina que a última deveria localizarse num lugar mais estratégico da Universidade, como por exemplo no centro.

A universidade está adaptada para invisuais/ indivíduos com pouca capacidade visual mas existem algumas arestas que deverão ser limadas, tal como diz Joel Fonte. “Tenho, por exemplo, alguma dificuldade em visualizar o número das salas. São muito pequenos e deveriam estar a um nível visível.” O estudante refere também que determinadas escadas das instalações da UMinho deveriam encontrar-se marcadas de forma a alertar o indivíduo. Para Joel Fonte uma das maiores dificuldades é o acesso à Biblioteca. “Eu não consigo aceder ao material pois não está adaptado. O mínimo que poderiam fazer seria disponibilizar-me uma lupa de forma a consultarmos o livro”. Joel considera que pode contar com o apoio dos docentes e dos seus colegas da academia.

Para Cláudio, um aluno com dificuldades motoras nos membros superiores, é na cantina que as barreiras emergem.

Em abril, a Universidade do Minho foi considerada pelo CWTS Leiden Ranking como o “melhor” instituto superior nacional. Prestigiada, particularmente, pelas engenharias, ciências sociais e da vida, a academia minhota tem vindo a afirmar-se como uma instituição de excelência e de constante progresso. Sendo um dos seus principais objetivos responder às diversas necessidades dos alunos, o ACADÉMICO decidiu questionar aos estudantes com dificuldades especiais se sentem que tal objetivo está a ser cumprido. O balanço registado é positivo mas é importante continuar a apostar na melhoria das infraestruturas e na igualdade de oportunidades para todos os académicos.

“O mais difícil é segurar o tabuleiro. Consigo abrir as portas e as escadas não são um obstáculo para mim.” O estudante referiu que conta com o apoio dos seus amigos e parceiros de trabalho para o ajudarem a superar as dificuldades com que se possa cruzar.


GRUPOS CULTURAIS PÁGINA 14// 16.DEZ.14 // ACADÉMICO

Grupos Culturais CriArte apoia estudantes ARCUM arcum@arcum.pt

O Projecto CriArte - desenvolvido pela Pastoral Universitária de Braga – pretende responder às exigências financeiras que a vida académica impõe aos jovens universitários através da promoção e valorização monetária das diversas formas de expressão artística produzidas pelos estudantes. Eduardo Coturela, identidade responsável pelo projeto, contactou vários estudantes e associações, sendo a Associação Recreativa e Cultural da Universidade do Minho uma delas, com um desafio bilateral. A atividade proposta envolvia um incentivo para que os grupos pertencentes a esta Associação se expressassem de uma forma diferente do que é habitual e ao mesmo tempo apelava ao espirito solidário subjacente à produção da obra. Foram pintadas 4 telas, com material cedido pelo Projecto CriArte, cujas receitas reverterão para a Rede Social de Apoio Ao Estudante. Posteriormente, o dinheiro angariado será utilizado para criar bolsas de materiais e distribuído a estudantes que não os possam adquirir. Quando interrogado sobre o porquê de ter escolhido os grupos culturais, Eduardo Coturela afirmou: “Os grupos culturais são dos mais fortes agentes culturais na sociedade civil e invariavelmente no contexto do ensino superior. E cada vez mais grupos com preocupações sociais e abertos a motivações de comunidade. São composto de estudantes com capacidade de desenvolver e criar com qualidade ideias originais.”

Foto: DR

ria" e na troca de juras de amor. Ela com a característica capotilha, peça de agasalho que cobre o seu busto e o seu lenço a cobrir a cabeça enquanto ele tem o destaque do lenço de namorados que recebeu da sua amada. O espaço envolvente da tela faz referência aos bordados tradicionais dos lenços tão característicos desta zona. Explicação tela Bombos -> Uma tela caracterizada pelos tons quentes e vivos que dá enfase à percussão e à nova imagem que o grupo está a

tentar passar. Estão presente vários padrões tribais e como não podia faltar a cor da nossa alegria, o laranja. Explicação tela Tun’ao Minho -> Com a quadra natalícia à porta a Tun’ao Minho junta-se a esta Acão de solidariedade com uma tela onde música e tradição espelham a alegria que paira nos nossos corações e que pretendemos partilhar com todos aqueles que por vezes se sentem mais perdidos. Explicação tela TUM -> A tela da Tuna Universitária do Minho denota

a figura de um tuno integrado no ambiente de um ex-líbris da cidade, o Bom Jesus. Esta fusão foi inspirada nos cartazes de divulgação do VI e XX FITU Bracara Avgvsta, procurando apelar quer a reminiscências de várias gerações que viveram esses festivais quer à inspiração conotada ao local. Pretende-se que esta tela, primando pela sua simplicidade e realismo, não só sirva de inspiração mas também apele ao reflexo das vivências de cada um nas respetivas obras.

As peças irão ser exibidas na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva a 15 e a 31 de dezembro. Uma tela única A tela é inspirada no "Manel e na Ma-

Foto: DR


CULTURA PÁGINA 15 // 16.DEZ.14 // ACADÉMICO

Cultura Noiserv regressa a Braga MÓNICA LOPES moniics6@gmail.com

No passado dia 12, num concerto organizado pelo programa Português Suave da RUM (Radio da Universidade do Minho) em parceria com o conselho cultural da Universidade do Minho, Noiserv regressou a Braga. Com o Salão Nobre lotado de seguidores e novos ouvintes curiosos, Noiserv apresentou-nos as suas músicas e a sua maneira única de transmitir a sua sonoridade. O que o distingue no mundo da música portuguesa é a seu multi - instrumentalismo, juntado a guitarra ao teclado e a voz, misturando brinquedos de criança, uma máquina de fotografia antiga, um megafone e um pedal que lhe permite gravar vários sons que se repetem (Loop station). Tudo isto acrescenta distinção às suas actuações e às suas músicas. David Santos, a cara do Noiserv, começou este projecto em 2005 lançando o primeiro EP chamado

Foto: Elisabete Apresentação

“56010-92”. Em 2008 lançou o primeiro álbum, “One Hundred Miles From Thoughtlessness”, que cativou um grande número de seguidores. Com o lançamento desde álbum,

David foi convidado a atuar em vários países como Reino Unido e Alemanha. Em 2010 lançou mais uma EP, “A Day in the Day of the Days”. Também em 2010 foi convidado

para participar na banda sonora do documentário “José e Pilar” com a música “A viagem do elefante”. No ano passado lançou outro trabalho, “Almost Visible Orchestra”.

Biblioteca Pública expõe Dacosta CAROLINA MENDES carolinacm_1994@hotmail.com

Passaram cem anos desde o nascimento de António Dacosta, figura marcante tanto na poesia como na arte portuguesa, e tal acontecimento não poderia passar despercebido.

(1914-2014”). Podem ser encontradas duas dezenas de volumes, incluindo “A cal dos muros” ou “O trabalho das nossas mãos”, no átrio desta infraestrutura integrante da Universidade do Minho. A entrada é livre. A mostra pode ser visitada de segunda a sexta-feira entre as 9h-13h e 14h-18h. Foto: DR

Com o propósito de assinalar este centenário, a Biblioteca Pública de Braga apresenta até dia 19 de dezembro uma exposição bibliográfica denominada “António Dacosta

Poeta e pintor açoreano, António Dacosta nasceu em Angra do Heroísmo e faleceu em Paris, em 1990. Aos 21 anos, mudou-se para Lisboa onde estudou na Escola Superior de Belas

Artes. Grandemente influenciada pela sua decisão de residir permanentemente em Paris a partir de 1947, a sua pintura enquadra-se no movi-

mento surrealista. Fez da poesia um estímulo para o processo criativo de pintura e por este motivo destruiu muitas das suas obras literárias.


CINEMA PÁGINA 16 // 16.DEZ//.14 // ACADÉMICO

Cinema

Num outro tom CÉSAR CARVALHO Z5@sapo.pt

Do culto de “Once” (No Mesmo Tom, 2006), ressurge um John Carney a reciclar fórmulas velhas para saciar, seguramente, ambições mais velhas ainda. O tema é a música, poder universal, e o objectivo é voltar a inspirar gregos e troianos, numa preguiçosa prolongação daquela que foi uma valia aclamada em 2006 e que maravilhou tantos grandes nomes como Roger Ebert, por exemplo. Resultou? Longe disso. Porque as reproduções nunca (salvo raras exceções) acrescentam algo de valor. E porque não, lamento informar, nem tudo o que reluz na aura de uma guitarra e de um punhado de vozes encantadoras é ouro. Nem mesmo com a participação de alguém com a feição delicada de Keira Knightley. O remake é de si próprio: Dublin dá lugar à cosmopolita cidade de Nova Iorque, o folk substitui-se pelo pop (com tiques indie) e o quase anonimato dos protagonistas anteriores deu lugar a uma dupla já consagrada e capaz de chamar bastante público. Dan (Mark Ruffalo) é um produtor discográfico em decadência, decepcionado com o rumo da indústria,

que se cruza com a igualmente apaixonada pela música, Gretta (Keira Knightley). Em pouco tempo os dois juntam-se em nome da sua paixão conjunta e a sua meta é a mesma: fazer um disco que vingue, gravado sob o improviso dos vários lugares icónicos da cidade, numa paisagem musical lotada de talentos fabricados. Os diálogos já não se improvisam tão naturalmente como no seu título original. Surgem referências várias, músicos que agradam a ambos, clichés óbvios... nasce assim uma empatia induzida por um optimismo dominante, que chega mesmo a irritar. O toque que se quer sério é ingénuo até na desconstrução do cenário imagístico associado à música: a criatividade nasce como que por magia nos momentos mais carregados e as personagens tentam cativar pelo seu talento escondido nas aparências, não sendo mais que arquétipos de um mundo sinfónico idealizado (e até estereotipado). A dupla principal funciona, é certo, com uma química bem aproveitada nos momentos feel good que acompanham os acordes das incontáveis guitarras, mas o que não deixa de

ser um acaso infrutífero, tamanha a falta de argumentos e falsos improvisos. “Num Outro Tom” não se quer drama musical, muito menos comédia romântica. Mesmo que o quisesse definir, John Carney não produziu

um trabalho coerente com o seu antecessor, podendo mesmo questionar-se qual a utilidade de tal (novo) experimento. Tudo se fez, agora tipicamente à americana, num outro tom. Infelizmente, num tom desinspirado.

Ofertas de emprego ENGENHARIA TÊXTIL M/F GUIMARÃES

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PROFESSOR DE ENSINO BÁSICO (2º e 3º CICLO) E SECUNDÁRIO DE PORTUGUÊS E INGLÊS | BRAGA Perfil: - Licenciatura ou mestrado em Professor de Ensino Básico ( 2º e 3º Ciclo) e Secundário de Português e Inglês - Critérios para realização de estágio

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ENGENHEIRO MECÂNICO M/F | PÓVOA DO LANHOSO Perfil: - Licenciatura em Engenharia Mecânica - Conhecimentos de inglês


TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

liftoff,

gabinete do empreendedor da AAUM

Workshop de Introdução ao Coaching

http://liftoff.aaum.pt/ facebook.com/aaum.liftoff

2ª Edição do Concurso Ideias com Fibra És estudante, recém licenciado, desempregado ou profissional liberal e tens ou gostarias de desenvolver uma ideia com materiais à base de fibras? Então não deixes de concorrer à 2ª edição do Concurso Ideais com Fibra.

Inserido no Connecting The Dots, decorre a 14 de janeiro, pelas 14.30h o Workshop de Introdução ao Coaching. Um Workshop leve e dinâmico que apresenta ferramentas desenvolvidas por Daniel Sá Nogueira, criador da WE Create, com o objectivo de facilitar o dia a dia profissional e pessoal de quem nele participa. São 2h30 de capacitação, onde a

Agenda Candidaturas ao Concurso SpinUM 19 de dezembro Workshop de Introdução ao Coaching 14 de janeiro Concurso ao Programa Ideias com Fibra 31 de janeiro

teoria dá lugar à prática. Com este workshop deverás refletir sobre a tua vida e obter ferramentas que te ajudem na definição de objectivos e a relacionar com os outros de forma mais eficaz e positiva e que te conheças melhor e aprendas a lidar contigo mesmo. A participação é GRATUITA mas sujeito a inscrição através do formulário disponível em liftoff.aaum.pt. O LIFTOFF deseja-te um Excelente Natal! O Gabinete do Empreendedor da AAUM estará encerrado de 22 de dezembro a 2 de janeiro. Qualquer questão poderá ser enviada para liftoff@aaum.pt. Contamos contigo em 2015!

Trata-se de um concurso que tem como objetivos criar oportunidades para conversão de ideias inovadores em produtos, estimular atitudes e competências empreendedoras, promover a geração de ideias com materiais à base de fibras, proporcionar a interação entre o candidato, centros de investigação e empresas e intensificar a dinâmica de criação de empresas inovadoras geradas a partir da Universidade do Minho de forma a contribuir para a renovação do tecido empresarial da região. Tens até 31 de janeiro para submeter a tua candidatura e assim ficares habilitado à oportunidade de desenvolver a tua ideia junto do grupo

de investigação da Universidade do Minho, coordenado pelo Prof. Raul Fangueiro. Sabe mais em liftoff.aaum.pt.


RUM BOX TOP RUM - 50/ 2014 12 DEZ 1 - TRICKY - Nicotine love

AGENDA CULTURAL 12 - DUQUESA Times

BRAGA

BARCELOS

MÚSICA

TEATRO

Mesa 18 de dezembro – 21h30 Theatro Circo

“Cinderela” A capoeira 19 de dezembro – 15h30 Teatro Gil Vicente

2 - CADEIRA ELÉCTRICA - O teu fim

13 - KEVIN DREW Good sex

3 - B FACHADA - Já o tempo se habitua

14 - JOHAN RODRIGUES Coast

4 - CHET FAKER Talk is cheap

15 - WALTER BENJAMIN We might never fall in love

5 - XINOBI Mom and dad

16 - LEGENDARY TIGERMAN Do come home

“Quero é viver” GNRation, Serviço Educativo da Fundação Casa da Música, CERCI Braga e Escola Sondart 19 de dezembro - 21h30 GNRation

6 - CORONA Já não és o meu dealer

17 - THE DO Miracles (back in time)

TEATRO

7 - JUAN MACLEAN, THE A simple design

18 - BLACKBIRD BLACKBIRD Love unlimited

8 - ALT-J Hunger of the pine

19 - GENERATIONALS Gold silver diamond

9 - DIABO NA CRUZ Ganhar o dia

20 - MAC DEMARCO Brother

10 - DRUMS, THE I can’t pretend

Post It – 15 a 19 de dezembro

11 - WHO MADE WHO The morning

SMIX SMOX SMUX – Dar E Receber TRASH KIT – Medicine THE PHANTOM BAND – Doom Patrol

CD RUM ELISABETE APRESENTAÇÃO elisabete.apresentacao@rum.pt

Kele Okereke foi um dos responsáveis por ajudar a popularizar o Indie Rock britânico no começo dos anos 2000 com os Bloc Party.

Kele estreou-se a solo com “The Boxer”, álbum que deixa de parte as guitarras da banda e abraça a música electrónica. No passado mês de outubro, chegou às lojas o segundo registo de originais a solo. “Trick” foi inspirado nas experiências de Kele como DJ nos EUA e na Europa durante os

CINEMA “O Rei da Evasão” Alain Guiraudie 17 de dezembro – 21h45 Casa das Artes “O Desconhecido do Lago” Alain Guiraudie 18 de dezembro – 21h45 Casa das Artes

GUIMARÃES MÚSICA Kwantta 19 de dezembro – 22h00 Casa Amarela

LEITURA EM DIA

Kele - Trick

Quando em 2010, Kele aventurouse a solo, ficou a pergunta no ar: “será o fim dos Bloc Party?” A resposta é não, a banda regressou aos discos em 2012 com o álbum “Four”.

“Morreste-me” José Luis Peixoto, Sandra Barata Belo 20 de dezembro – 21h30 Theatro Circo

FAMALICÃO

últimos dois anos, e continua a explorar o mundo da eletrónica e das pistas de danças, conjugando com o R&B dos anos 90. O primeiro single de “Trick” foi “Doubt”, e Kele já lançou o segundo com o título “Coasting”. Entre os dois discos a solo e o último dos Bloc Party, Kele ainda teve tempo de editar dois EP’s: The Hunger (2011) e Heartbreaker (2013). Para escutar no Cd Rum de 15 a 19 de Dezembro, cinco temas de “Trick” de Kele.

Para ouvir de segunda a sexta (9:35/14:35/17:45) na RUM ou em podcast: podcast.rum.pt. Um espaço de António Ferreira e Sérgio Xavier.

15/12 - Dispara, eu já estou morto, de Julia Navarro( ed.Bertrand). Uma obra maior sobre o conflito entre judeus e palestinianos; o percurso/ vida de dois protagonistas, Ezequiel Zucker e Ahmed Ziad, onde estão projectados os problemas, quase insanáveis, destes dois povos. Leitura fascinante. 16/12 - O Escuro , de Lemony Snicket (ed.Orfeu Negro). Uma pequena obra-prima da literatura infantil sobre os medos, pânicos e receios das crianças, pela mão de um dos mais importantes criadores da actualidade. A Orfeu Negro e a sua editora Carla Oliveira são um exemplo de divulgação. Genial. 16/12 - Cavalo Pálido, Pálido Cavaleiro, de Katherine Anne Porter (ed. Antígona). Em tempos de cadindatos/as a escritores/as em barda, grande parte não vale sequer um minuto de atenção, que tal ler, ou reler, uma escritora daquelas a sério e esse conto assombroso O Vinho do Meio-Dia, só para "saber" como se faz?

17/12 - Recomeçar, de Maria Dueñas (ed.Porto Editora). Seguindo a vida do grande escritor espanhol Ramón J. Sender, republicano, perseguido e exilado, a protagonista parte em busca do passado colonial espanhol na América e, mais do que tudo, uma viagem ao interior de si mesma, de uma mulher sofredora e inteira. Uma boa surpresa. 19/12 - Propagandas, de Jacques Ellul (ed.Antígona). Um clássico da análise sociológica sobre a manipulação das vontades, identidades pessoais e decisões comunitárias; percebemos, neste estudo incontornável, como os aparelhos de dominação política e não só, actuam sobre os cidadãos e cerceiam a liberdade. Dá para "sentir" o colete-de-forças em que nos meteram. Fundamental.


A poesia do encontro com o desconhecido

Eu vim do Brasil. Estudo cinema. E a maior contradição do meu desenvolvimento nasce no fato do Brasil ser um país que transborda diversidade cultural. A experiência da viagem – seja física, seja psicológica - fez-me virar meu ponto de vista sobre o ser-humano. Desmistificar a lenda do estrangeiro, ver o bicho homem como uma unidade separada pela geografia e

unida pela vontade de sorrir. Reconhecer no novo a oportunidade de acessar aquilo que transcende. Na teoria de escrever estórias busca-se alcançar o arquétipo, constantemente negligenciado no viver do dia-a-dia, cego pelos automatismos que executam-se do acordar ao dormir. Na minha opinião o maior prazer da vida se dá em conseguir enxergar a beleza nas ações que

irrigam a vida, mas que no seguir de nossa jornada sem linha de chegada acabamos por não tê-los como foco. Entrando no mundo desconhecido, na floresta encantada do conto de fadas da minha vida estou podendo descobrir as flores e os perfumes que invadem a possibilidade de estar vivo, o privilégio de ter como comum o poder de amar e reforçar a falta de diferenças que comumente

se dão por fatores superficiais. É muito mais profundo. Nesse ciclo de chamada pro desconhecido, de revida no novo, me vejo em cada um que passa por mim na calçada, senta ao meu lado no ônibus, olha dentro dos meus olhos. Eu percebi que eu sou cada um deles e cada um deles, eu. Ive Machado

The poetry of encountering the unknown I come from Brazil, and I study cinema. The biggest contradiction in my development comes from the fact that Brazil is a country already overflowing with cultural diversity. My Erasmus experience - whether physical or psychological - made me change my point of view towards the human race. Demystify the legend of the foreigner, see the human

beast as a geographically separated unit but united by the desire to smile. Recognise the opportunity to access what transcends in the new. In the theory of story writing, we seek to achieve the archetype, which is constantly overlooked in our lives, blinded by the daily automatisms. In my opinion, the greatest pleasure in life is to see the beauty in the actions

that supply life, but which we do not pay attention to in our journey with no destiny. Entering the unknown world, the enchanted forest of the fairy tale of my life, I can find flowers and perfumes that invade the possibility of being alive, the privilege of having in common the power to love and strengthen the lack of differences that usually are seen as su-

perficial factors. However, it seems as though it is much deeper than that. In this call for the unknown and to re-live in the new, I actually see myself in every one who I meet on the pavement, sits beside me on the bus, and looks into my eyes. And then I realised that I am every one of them, and vice versa. Ive Machado



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