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O Baralho Armorial 7o Semestre PRÉ-BANCA

Svetlana Bianca de Mesquita Fundação Armando Alvares Penteado São Paulo, Dezembro de 2010





O Baralho Armorial Um baralho popular brasileiro

Professor Orientador: Prof. Mestre Ivan Bismara Professores de Projeto: Maria Cecília Consolo e Carlos Eduardo Perrone

7o Semestre PRÉ-BANCA Svetlana Bianca de Mesquita Fundação Armando Alvares Penteado São Paulo, Dezembro de 2010



Sumário 1. Metodologia 05 Introdução 07 2. História 09 Da China à Europa O baralho na Europa As Cartas na Europa O Tarot

3. Estrutura do Baralho O Baralho no Brasil O Baralho da COPAG

4. Designers gráficos e o baralho A arte em cartas de jogar

5. O Movimento Armorial O Baralho armorial

Referências

11 17 25 31 33 35 39 43 47 53 57 59



Metodologia Pesquisa Aplicada: o 1 . Definição da técnica do baralho

a. Termos (dicionários)

b. Estrutura

c. Sistema

d. Regras estabelecidas

i. Estilo internacional

ii. Estilo frances

iii. Estilo latino

iv. Estilo germanico

v. Etc

o

2 . Identificar os historiadores brasileiros que discutem o tema o 3 . Identificar as indusútrias e colecionadores brasileiros

a. Quem produz? Como?

b. Quem coleciona? Como? o

4 . Identificar e analizar a visão do designer no projeto de baralhos

a. A visão cultural

b. A visão da memória

c. Forma de expressão e linguagem o

5 . Contextualização do baralho

a. O baralho hoje

b. Sociabilização – as pessoas jogam para socializar

c. Por que as pessoas jogam?

Palavras Chave: Design, Baralho, Xilogravura, Armorial e Jogo

5



Introdução

O P

Baralho. ara que serve um baralho?

Muitas pessoas irão responder “para jogar”, e esta é a função principal de um conjunto de cartas de baralho: jogar. Mas o baralho também expressa uma cultura, uma identidade do país de onde o baralho veio, já que todos os baralhos do mundo não são iguais. Diferentes uns dos outros possuem apelo regional e folclórico.

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Existem os modelos mais comuns, quase seguindo um padrão internacional, e este é o tipo cartas de baralho mais fácil de se encontrar: é o baralho aprimorado pelos franceses e ingleses. Inventado pelos árabes ou chineses e introduzido na Europa de um maneira que ninguém tem certeza. E as pessoas que são viciadas em baralhos, não são apenas viciadas em jogos, ou no dinheiro, mas são também viciadas no layout mais comum do baralho. Acredito que o baralho seja uma peça gráfica possível de ser explorada de maneiras diferentes, como algumas pessoas já fizeram, mas que também não se afaste muito do padrão angloamericano, o mais comum no mundo. Convido para conhecer um pouco da história do baralho; o motivo de ser como nós o conhecemos, a razão pela qual não continuou com o formato de dominó que tinha há muitos anos, como os árabes mostraram aos europeus o baralho e como os europeus mostraram à Europa e ao resto do mundo o seu tipo de baralho.

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1

Antecedentes Históricos

A

s referências mais antigas de cartas de

jogar são chinesas. Assim como muitas cartas de jogar, como por exemplo cartas de dominó, baralhos de

Mahjong e Hanafuda, não se sabe ao certo como foi introduzido no ocidente o baralho que conhecemos nos dias de hoje.


Acredita-se que o baralho foi introduzido na Europa na Idade Média, mas como nesse período da história não eram feitos muitos registros, não se sabe ao certo como o baralho apareceu na Europa e como foi evoluindo para os tipos de baralho que temos conhecimento atualmente. Os poucos registros históricos existentes são dos séculos XIV e XV. Referências também sugerem que os árabes tenham levado as cartas de jogar à Europa, assim como o xadrez, na metade do século XIV, e que as cartas evoluíram a partir do padrão introduzido por eles. Essa teoria é apoiada pela semelhança entre as cartas antigas árabes e os primeiros baralhos europeus.

Gravura inglesa por Israel Van Hecken em SINGER, S. “Researches Into The History Of Playing Cards” 1816

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Da China à Europa

Fontes Bibliográficas: A “Moorish” Sheet Of Playing Cards, 1987 Chinese Origin of Playing Cards, 1895 Facts and Speculations on the Origin and History of Playing Cards, 1848 Os Melhores Jogos do Mundo, 1978 Researches into The History of Playing Cards, 1916 The Devil’s Books - A History of Playing Cards, 1890 The Oxford Guide to Card Games, 1990 The Penguim Book of Card Games, 2008 The World of Playing Cards

A

ssim como o papel, as referências mais

antigas do baralho são chinesas. No século 3, na dinastia Tsin, existem provas de um jogo chamado de yü-p’u, traduzido por muitos como um

jogo de apostas. Em 750 d.C., o irmão da amante do imperador seria pego jogando yü-p’u no castelo. E em 951, alguns nobres se juntaram para jogar por tapetes bordados e damascos. Quarenta anos depois, o jogo foi proibido na China. Cartas de Mahjong. Retiradas do livro Os Melhores Jogos do Mundo.

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Em textos da dinastia Tang (século VII), existem registros das primeiras cartas de jogar. As cartas na China são muito parecidas com os dominós; são tiras de papel com a superfície similar a do dominó. Em chinês, cartas e dominós tem o mesmo nome, que é p’ai. Para diferenciar o dominó das cartas, as cartas são chamadas de chih p’ai (p’ai de papel) e os dominós de ya p’ai ou ku p’ai Cartas de dominó. Retiradas do livro Chinese Origin Of Playing Cards, 1895

(p’ai de marfim ou de osso). Na China central, as cartas de jogar são conhecidas como kun p’ai, cartas-bastão ou ma chioh. Este deck de cartas chinesas tem 30 peças, de Ás a 9, de três naipes diferentes chamados de ping, tiao e wan (“bolos”, “barbantes” e “miríades”) e três peças separadas, “flor branca”, “flor vermelha” e ch’icn wan (“miríades de miríades”). As cartas eram vendidas, pela regra, com quatro decks, assim como com 2, 5 ou 6 cartas soltas conhecidas como “ouros”, “voadores” ou “borboletas”. Essas cartas “ouros” tinham mais ou menos a mesma função que um coringa tem em jogos atuais, e não era preciso usá-las para jogar. Acredita-se que essas cartas também tinham a função de papel-moeda.

Cartas chinesas. Retiradas do livro Chinese Origin Of Playing Cards, 1895

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Outro modelo de cartas de jogar chinesas são as cartas lieh chih, que consistem em um deck com 36 cartas em quatro naipes diferentes - as cartas também vão de Ás a 9. Nos jogos jogados neste modelo de baralho, não apenas os valores das cartas mas também os naipes contavam para se saber qual carta valia mais que a outra.

Cartas de papel moeda; 5 decks com 30 cartas; costa leste da China. Retiradas do site The World of Playing Cards

As cartas chinesas são estreitas, e isso acontece porque na China não se abre o baralho como um leque, como no Brasil, mas como um punho fechado. Mesmo assim, as coincidências entre o baralho europeu e o baralho chinês são muitas, como por exemplo os naipes e as cartas com figuras humanas. Em ambos também existem 3 cartas que não são numéricas. Alguns jogos também são muito similares, como Frusso italiano, Primero e Tarocco.

Cartas chinesas. Retiradas do livro Chinese Origin Of Playing Cards, 1895

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Cartas chinesas. Retiradas do livro The Devil’s Book A History of Playing Cards, 1890

Acima cartas chinesas do naipe das miríades. Retiradas do livro Facts and Speculations on the Origin and History of Playing Cards, 1848

À esquerda alguns exemplos da diversidades das cartas de jogar chinesas. Retirado do livro Os Melhores Jogos do Mundo, 1973

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Com o passar do tempo, os jogos de cartas saíram das fronteiras da China e se espalharam pela Ásia, assumindo diversas formas e jogabilidades diferentes em cada cultura. Existem referências de cartas em diversos países como Japão, Índia e Egito. Mesmo existindo em diversos países, a introdução das cartas na Europa foi mais provavelmente feita pelos árabes. Essa teoria é apoiada pela grande semelhança das primeiras cartas européias e as cartas árabes. Diferente do xadrez, as cartas de jogar não foram inventadas na Índia, mas provavelmente já conheciam as cartas de jogar há muito tempo. As cartas indianas eram pintadas em marfim, redondas e continham sete naipes que são: Sol, Lua, Coroas, Almofadas, Harpas, Letras e Espadas. Em cada naipe existem dez numerais e duas cartas de corte, um soberano e um general. Além dessas cartas, existem também mais 12, aparentemente sem nenhum naipe, que são figuras humanas, alguns homens e outras mulheres. O rei

Cartas indianas. WILKINSON, W. “The Devil’s Book A History of Playing Cards” 1890

estava sempre montado em um elefante e o outro soberano vinha montado em um cavalo, tigre ou touro. As cartas árabes, além do formato muito mais parecido com o que conhecemos, também eram numeradas de 1 a 10, com mais

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três cartas de corte por naipe, totalizando 52 cartas. Existiam 4 tipos de naipes, muito parecidos com os naipes italianos e espanhóis (foi através destes países que o baralho entrou na Europa), algo semelhante à copas, bastões, espadas e moedas. É uma teoria válida que os mouros tenham introduzido as cartas na Itália por volta de 1370, e que a partir disso os italianos evoluíram-nas para cartas mais fáceis de serem identificadas. No entanto a Espanha também estava sob ocupação moura, e portanto o baralho pode ter sido introduzido na Espanha pelos marroquinos. De acordo com WINTLE, 1987, nas crônicas de Viterbo, uma região da atual Itália, em 1379 foi introduzido no local de mesmo nome um jogo de cartas, que na língua sarracena chamava-se nayb. Na língua árabe, “nayb” não significa “cartas de jogar”, mas sim “deputado” ou “vice-rei”. É possível que os italianos não conseguissem pronunciar a palavra árabe para cartas de jogar, que é “kanjifah”, e acharam a palavra nayb mais fácil. Cartas mamelucas do século XV desenhadas e pintadas a mão. Da esquerda para a direita, 7 de espadas, 6 de moedas, 10 de bastões, ás e dez de bastões. Retiradas do site The World of Playing Cards e do livro The Oxford Guide to Card Games, 1990.

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O baralho na Europa

Fontes Bibliográficas: A “Moorish” Sheet Of Playing Cards, 1987 Chinese Origin of Playing Cards, 1895 Facts and Speculations on the Origin and History of Playing Cards, 1848 Os Melhores Jogos do Mundo, 1978 Researches into The History of Playing Cards, 1916 The Devil’s Books - A History of Playing Cards, 1890 The Oxford Guide to Card Games, 1990 The Penguim Book of Card Games, 2008 The World of Playing Cards

T

ambém não se sabe ao certo como a in-

trodução aconteceu das cartas na

Europa. Existem duas teorias: uma delas é sobre um viajante do século XIV que voltou de algum lugar longínquo e tentou recriar as cartas que havia visto em pedaços de papelão; a outra diz que um grupo de viajantes da Ásia ou da África aprendeu um jogo de cartas, individualmente ou como um grupo, e tendo jogado

Cartas de um conjunto do norte da Itália, 1462. Retirada do site The World of Playing Cards

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tal jogo com os habitantes locais, teriam trazido um ou vários pacotes com cartas,

para

que

pudessem continuar jogando em casa Cartas do início do século XV, possivelmente alemãs e exportadas para a Espanha. Retiradas do site The World of Playing Cards

(e quando as cartas que haviam trazido se acabaram, fizeram outras). Mas o mais provável é que algum Sarraceno tenha introduzido um jogo árabe e levado as cartas para a Europa. Todas as teorias acima são consideradas válidas. Na Idade Média, principalmente no período Gótico, do século XII ao XIV, a Europa presenciou muitas mudanças econômicas e religiosas. Havia uma grande teia de rotas de comércio, e isso fez com que uma nova forma de economia evoluísse, baseada na proporção de venda e troca, na qual artesãos e comerciantes tiveram papéis importantíssimos. Universidades foram construídas, feudos se transformaram em cidades, livros foram produzidos... A invenção de Gutenberg dos tipos móveis fez com que livros e outros tipos de impressos fossem produzidos mais rapidamente. Os jogos de baralho sempre tiveram dois propósitos: as apostas e jogos que exigem habilidade. A introdução das cartas providenciou um novo jeito de apostas, e também permitiu uma nova maneira de se prever o

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Cartas do pacote “I Tarocchi dei Visconti” publicado por Dal Negro, Treviso, Italy. 1445. Fonte site The World of Playing Cards


futuro. Nos primeiros jogos, o baralho era utilizado de forma aleatória, assim como um dado ou uma roleta. Em jogos de habilidade, o fator chance diminui por conter regras mais sofisticadas e a habilidade em si é o maior fator de ganho. A proibição de baralhos mostrou como os jogos de apostas eram populares pela Europa. Desvios emocionais e má educação por causa da perda eram vistos como imorais. Documentos indicam que o baralho foi introduzido primeiramente na Itália, que foi o primeiro país a possuir um registro oficial do baralho, e foi se espalhando pelo resto da Europa. Em 1376, em Florença, um jogo chamado “nayb” foi proibido em um decreto no dia 23 de maio. A partir da Itália, o baralho atravessou os alpes para Alemanha e Suíça, e caminhou em direção oeste até França e Espanha. As primeiras referências ao baralho na Europa vêm da Catalunha (Espanha), Florença, Siena, Viterbo (Itália), sul da Alemanha,

Cartas Hofämterspiel, demonstram relações políticas na Europa central no meio do século XV. Cada naipe representa o brasão da França, Alemanha, Hungria e Boémia. Retirada do livro The Oxford Guide to Card Games, 1990

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Mapa da Europa no século XIV. COLBECK,C. “The Public Schools Historical Atlas” 1905. Fonte University of Texas Libraries

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Suíça e Brabant (Bélgica). Tudo indica que essas cartas eram pintadas em ouro com várias cores, o que sugere muito luxo. As cartas mais antigas que sobreviveram aos anos são do século XV. Com a popularização das cartas de jogar e o crescimento da demanda, era necessário inventar novos e mais rápidos meios de produção: xilogravura, tipos móveis, papel ao invés de pergaminho, múltiplas cópias. A pro-

As Cartas Pintadas de Stuttgart, 1430 (Stuttgarter Kartenspiel). Com naipes de falcões, patos, cães e cervos, o deck continha 52 cartas. Retirada do site The World of Playing Cards

dução foi acelerada por estes processos alternativos, incluindo até cartas feitas à mão, impressas com matrizes de madeira e pintadas com estêncil, ou outras maneiras improvisadas. A gravura em metal era o tipo de impressão mais caro, e cartas produzidas assim eram presentes luxuosos para casamentos e outras ocasiões especiais. As imagens que os artesãos obtinham para imprimir eram de animais, plantas, pássaros e flores. Normalmente as temáticas faziam alusão a torneios recreativos, crianças ou batalhas de faz-de-conta, animais. Os ar-

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tistas também eram influenciados por textos e histórias moralizantes. Plantas da flora, animais bestiais, pássaros e insetos do Livro de Horas, tudo sugerindo um simbolismo das crenças populares. Por volta de 1500, três padrões de baralhos tinham evoluído: o paGravura de Diderot e Alembert’s Dictionnaire raisonné de 1751-2. Retirada do livro The Oxford Guide to Card Games, 1990 Cartas do artesão alemão conhecido por O GRAVURISTA do sul da Alemanha, 1496. Retirada do site The World of Playing Cards

drão latino, incluindo Itália, Espanha e Portugal; o padrão germânico, incluindo Alemanha e Suíça; e o padrão francês, que viria a ser conhecido como o padrão angloamericano, o mais comum do mundo. Os padrões não mudaram muito ao longo dos séculos, o que preservou seu estilo medieval. Mas com a tecnologia e o baixo custo de produção, atualmente é mais fácil para um designer criar um novo tipo de padrão - o problema é que o mundo já está acostumado com os existentes. Entre as cartas medievais, as cartas alemãs eram as mais criativas. Existiam variações de naipes e cores, além de decorações exuberantes, com cenários vivos e desenhos de caricaturas. O fato da Alemanha ser composta por diversos estados refletiu também no design das cartas de baralho. Portanto, não existia apenas um padrão, e sim vários. No padrão germânico, estipulado posteriormente, não existe a Rainha, apenas o Rei,

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o Cavaleiro e o Valete, além de quatro naipes estabelecidos: Eichel (noz do carvalho), Laub (a folha de outono), Herz (copas) e Schellen (um tipo de sino de igreja). O baralho germânico era colorido, diferente do Francês, que tinha apenas 2 cores, por isso o padrão francês era mais fácil de identificar, com dois naipes vermelhos e dois naipes pretos. Esse naipes eram reproduzidos com um pincel com tinta sobre um estêncil.

Cartas de baralho espanhol, fabricado por Camps é Hijos, Barcelona, c. 1840. Retirados do livro O Design Brasileiro antes do Design, 2005

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Acima sequência evolutiva do padrão francês. Da esquerda para a direita: Baralhos produzidos por Hall (Reino Unido, 1820), Samuel Hart & Co. (EUA, dois modelos de 1865) e De La Rue & Co. (Reino Unido 1870-1880). Retirados do livro O Design Brasileiro antes do Design, 2005

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Abaixo cartas anglofrancesas produzidas em Rouen durante o século XVI. Retirada do site The World of Playing Cards


As Cartas na Europa

A

s cartas na Europa foram evoluindo para

Fontes Bibliográficas: A “Moorish” Sheet Of Playing Cards, 1987 Chinese Origin of Playing Cards, 1895 Facts and Speculations on the Origin and History of Playing Cards, 1848 Os Melhores Jogos do Mundo, 1978 Researches into The History of Playing Cards, 1916 The Devil’s Books - A History of Playing Cards, 1890 The Oxford Guide to Card Games, 1990 The Penguim Book of Card Games, 2008 The World of Playing Cards

os padrões que conhecemos atual-

mente. Em cada país foi desenvolvido um estilo a partir do que foi introduzido na Itália no século XIV. Por isso existiu uma diversidade de baralhos devido aos contextos culturais de cada país.

Cartas espanholas impessas com xilogravura e pintadas com stencil. Feitas por Agostino Bergallo, retiradas do site The World of Playing Cards

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Pedaço de papel com cartas inglesas não recotadas e não pintadas, aprox. 1650. Retiradas do site The World of Playing Cards

Primeiro vieram os baralhos chamados latinos, que ainda estão em uso na Espanha, América do Sul (exceto o Brasil), Itália, Filipinas, algumas partes da França e norte da África. As cartas germânicas, incluindo as suíças, evoluíram com diferentes combinações de naipes. E, finalmente, o padrão francês foi inventado como uma inovação técnica na qual as cartas numéricas foram simplificadas e se tornou o sistema mais utilizado no mundo. As referências ao Oriente foram descartadas nos baralhos europeus; apenas os baralhos latinos ainda mantêm naipes parecidos com os dos baralhos árabes. Pode-se dizer que os baralhos latinos são mais militares, os baralhos germânicos rústicos e os baralhos anglo-franceses têm mais referências à corte.

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Cultura Naipes franceses

Naipes

(copas)

(ouros)

(Herz, Rot)

(Schellen, Kule)

(Rosen)

(Schellen)

(Eicheln)

(Schilten)

(Copas)

(Oros)

(Bastos)

(Espadas)

(paus)

(espadas)

Naipes alemães (Eichel, Žaludy)

(Laub, Gras, Blau, Grün, Blatt, Zelený)

Naipes suiços

Naipes espanhóis

Naipes italo-espanhois (Coppe / Copas)

(Denari / Oros)

(Bastoni / Bastos)

(Spade / Espadas)

(Coppe)

(Denari)

(Bastoni)

(Spade)

Naipes italianos

Tabela com os diferentes naipes e nomenclaturas em diferentes culturas

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O primeiro documento que registra as cartas de jogar na Europa é italiano, do final do século XIII, e está preservado junto aos documentos de Viterbo. Na Itália, os naipes são chamados de Coppe (copas), Spadi (espadas), Denari (dinheiro) e Bastoni (bastões), e estas continuaram sendo as marcas mais comuns. Assim como na Espanha, são utilizados os mesmos naipes desde o aparecimento das cartas até hoje em dia. O baralho latino preservou alguns itens do baralho árabe, como por exemplo os naipes, que foram uma pequena evolução do baralho introduzido na Europa. Os italianos produziram uma variedade de cartas de jogar; os baralhos de tarô pintados à mão, por exemplo, continham 78 cartas. Atualmente as cartas italianas contém ou 52 ou 40 cartas com Rei, Cavaleiro e Soldado, numerais de 1 a 7 nos baralhos com 40 cartas e de 1 a 10 nos baralhos com 52 cartas. As cartas espanholas utilizadas hoje em dia contém 48 ou 40 cartas com Rei, Cavaleiro e Valete, numerais de 1 a 6 nos baralhos com 40 cartas e de 1 a 9 nos baralhos com 48 cartas. Ambos padrões de cartas contém 4 naipes, iguais a todos os outros sistemas. As cartas chegaram na Alemanha, sem dúvidas, pela Itália, e perderam Cartas inglesas, aprox. 1750. Retiradas do site The World of Playing Cards

as propriedades sarracenas e orientais quase que imediatamente. Os alemães nunca chegaram a chamar as cartas de nayb ou qualquer outra palavra parecida. As primeiras menções às cartas na Alemanha são chamadas de Briefe, que significa “cartas”. Os alemães criaram os naipes para suas cartas inspirados no simbolismo e no mundo vegetal. Descartaram as armas do Oriente, assim como o dinheiro e o copo, e selecionaram os pequenos guizos, que eram um símbolo de nobreza. Alguns baralhos antigos da Alemanha são notáveis não apenas pela beleza, mas também pelo fato curioso de conter 5 naipes, divididos em lebres, Cartas alemãs de um deck produzido por Peter Flöttner of Nuremberg, aprox.1545. Retiradas do site The World of Playing Cards

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papagaios, flores, rosas e concubinas, com as cartas nobres normais: Rei, Dama, Cavaleiro e Valete. Os baralhos utilizados na Alemanha atualmente possuem 36 ou 32 cartas, com Rei e dois oficiais (um superior e um inferior). As cartas suíças são divididas em naipes de escudos, nozes, sinos e flores. Não existe a carta 10; ela é tratada como um painel e tem a função de Às. Por ter inspiração nas cartas germânicas, também possui o Rei com dois oficiais, um superior e um inferior. Seu deck é composto por 48 ou 32 cartas; de 2 a 9 mais a carta painel, e com 2, 6 a 9 e a carta painel para o deck com

Cinco cartas suíças feitas em Basileia em aprox. 1530, reimpressas em 1998 em celebração aos 20 anos da Cartophilia Helvetica (Associação de Colecionadores de Baralhos da Suíça). Retiradas do site The World of Playing Cards

mais cartas. Apenas na França foi criado o sistema de identificação dos naipes por cores, para facilitar o reconhecimento das cartas. Assim como o padrão de cores, o padrão dos naipes também foi criado para facilitar às pessoas memorizarem as cartas mais facilmente. Os métodos de produção dos outros sistemas de cartas era muito demorado, portanto os impressores franceses inventaram uma maneira de imprimi-las com xilogravura e depois pintá-las por cima de um estêncil, agilizando muito o processo. Os ingleses adaptaram as cartas francesas e as espalharam pelo mundo, e por causa da sua facilidade de reprodução e de serem decoradas, tornaram-se as mais utilizadas e propagadas. O padrão anglo-francês contém 52 cartas com Rei, Dama, Valete e Ás, e numerais de 2 a 10. É o padrão mais facilmente encontrado no Brasil, o mais comum. Carta moura do século XIII. WINTLE, S. A “Moorish” Sheet Of Playing Cards , 1987

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Uma curiosidade notada, é que apesar de não utilizarmos a nomenclatura dos naipes franceses, usamos a nomenclatura dos naipes espanhóis. Isso se deve ao fato de, apesar de termos sido colonizados por portugueses, os baralhos comercializados no Brasil na época eram do padrão francês. Por isso temos a nomenclatura espanhola ao invés da francesa, que seria assim: Coração (copas), Diamantes (ouros), Plantas (paus) e Espadas, que continuaria como Espadas.

Cartas espanholas datadas em 1786 produzidas pela Real Fábrica de Macharaviaya (Málaga), para serem exportadas para o méxico. do século XVIII. Da esquerda para a direita: Valete, Rei, Cavaleiro e Ás de copas. Ás de moedas, Ás de bastões e 4 de copas. Retiradas do site The World of Playing Cards.

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O Tarot

Fontes Bibliográficas: Curso Completo de Tarô, 2009 Facts and Speculations on the Origin and History of Playing Cards, 1848 Researches into The History of Playing Cards, 1916 The Devil’s Books - A History of Playing Cards, 1890 The World of Playing Cards

O

tarô não mudou muito se comparado

com a evolução do baralho. Mesmo tendo evoluído de uma maneira par-

ticular, ainda é muito similar aos primeiros baralhos, os Tarocchi, usados em um jogo similar ao Bridge. O tarô nasceu na Itália, onde foram introduzidos os primeiros baralhos na

Cartas da Cary Collection of Playing Cards. Cartas do tarot de Visconti por Bonifacio Bembo, c. 1445. Retiradas do site Beinecke Rare Book & Manuscript Library.

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Europa. A origem da palavra “tarô” pode ser um derivado da palavra árabe turuq, que significa “quatro direções”. O tarô moderno possui 78 cartas, divididas em dois grupos: 22 cartas do “Arcano Maior” e 58 cartas do “Arcano Menor”, que são as cartas mais similares às cartas do baralho de jogar. Essa estrutura é derivada dos tarôs venezianos ou piemonteses. Assim como o baralho, antigamente o tarô não tinha um padrão. Alguns tinham 97 cartas, outros 50 e alguns apenas 30 cartas. Os primeiros tarôs apareceram na Itália, entre 1420 e 1440. Esses decks de cartas eram obras de arte caríssimas, pintadas à mão e decoradas com folhas de ouro. Eram utilizados pelas classes mais altas (devido ao custo) para jogar um jogo complexo, parecido com o Bridge. A estrutura do jogo era parecida com a estrutura moderna da maioria dos tarôs. Os tarôs também não tinham nome nem numeração - somente a partir do século XVI começaram a surgir os nomes das cartas em alguns deles. Assim como o baralho, com a invenção da prensa por Gutenberg, o tarô pôde ser produzido de maneira mais rápida e barata, fazendo com que as classes mais baixas também pudessem jogar. A prensa também ajudou a padronizar os nomes e números das cartas. Somente em 1781 foi feita a primeira referência ao tarô de forma simTarot de Marseille de N. Conver, 1760. Retirado do site The World of Playing Cards.

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bólica e oracular, por Court de Gebelin e Comte de Mellet em “Le Monde Primitif” (O Mundo Primitivo), publicado na França. Sete anos depois deste artigo, foi feito o primeiro tarô com funções específicas para adivinhações, trazendo aspectos egípcios.


2

Estrutura do Baralho

U

ma carta de jogar é um pedaço retan-

gular de papel cartão, cartolina ou plástico fino, cortada de forma re-

gular e usada em um conjunto para jogar. Na frente estão impressos os

números e as figuras. No outro lado, alguma imagem, normalmente um arabesco, reproduzido em todas as cartas de forma idêntica.

♥♠♦♣

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O baralho, no padrão internacional, também conhecido como modelo francês, é composto por um grupo de 52 cartas de jogar, divididas entre quatro naipes chamados de Copas, Espadas, Ouros e Paus (♥♠♦♣). Cada naipe

contém numerais de 1 a 10, seguidos por três figuras da corte, chamadas de Valete, Dama e Rei. A carta número 1 é chamada de Ás. A maioria dos pacotes vem com uma ou duas cartas adicionais, chamadas de curinga. Eles não pertencem a nenhum naipe, e são utilizados de maneiras diferentes em cada tipo de jogo. Este específico grupo de cartas foi inventado na França, modificado na Inglaterra, e é o padrão mais conhecido mundialmente. A universalidade surge de dois fatores. O primeiro é que, por possuir um design mais simples, tornando o custo de produção mais barato, faz com que novos jogadores assimilem as cartas mais facilmente. O segundo fator é cultural: este grupo de cartas ajudou a popularizar jogos conhecidos mundialmente, como Pôquer, Canastra, Paciência e Bridge. Outro aspecto importante da internacionalidade deste padrão foram as colônias dos dois países, que se familiarizaram com tal estilo de cartas de jogar por conta de seus colonizadores.

Sete de espadas, Dama de Ouros e Ás de espadas do baralho 139 Truco da Copag. O modelo 139 é o mais comum no Brasil.

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O Baralho no Brasil

N

o Brasil colonial, Portugal censurava

Fontes Bibliográficas: O Design Brasileiro antes do Design, 2005 Os Melhores Jogos do Mundo, 1978 Playing Cards in Brazil - An Introduction, 2002

a imprensa e era proibido possuir uma prensa particular. Porém, existiam gráficas ilegais em Recife e no Rio de Janeiro. A produção de cartas de jogar também estava sob posse do governo português: a “Real Fábrica de Cartas de Jogar” era um anexo à Impressão Régia que ficava em Portugal.

Sequência de cartas do modelo 1039 lançados pela Copag em 1925. Retirada do livro O Design Brasileiro Antes do Design, 2005

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Quando a família real fugiu de Napoleão e veio ao Brasil, Dom João XI introduziu a “civilização” no país, que ainda era muito precário. Em maio de 1808 foi estabelecida no Rio de Janeiro uma gráfica similar à de Portugal, também chamada de “Real Cartas de Jogar”. E 1811, esta gráfica foi fundida à Impressão Régia. Grandes imigrações na metade do século XIX de pessoas da Alemanha, Japão e Itália para o Brasil também poderiam ter introduzido diferentes cartas de sua cultura, assim como diferentes jogos. Em Portugal, um deck é chamado de “cartas de jogar”, enquanto no Brasil é chamado de “baralho”, relacionado à palavra baralha, acepção arcaica para briga, luta. Ambos países não utilizam o padrão latino (português), mas sim o padrão francês, com o mesmo nome dos naipes, mas sem o significado original.

Baralho impresso pela Azevedo & Cia. (Fábrica de Caixas), provavelmente da década de 1920. Retirada do livro O Design Brasileiro Antes do Design, 2005

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Naipes Latinos

Designação em Português

Naipes Franceses

Moedas

Ouros

Diamantes

Copos

Copas

Corações

Swords

Espadas

Espadas

Batons

Paus

Clubs


Outra diferença do baralho português, são as cartas “dragão”, uma identidade das cartas impressas em Portugal. Os Ás de cada naipe tinham um dragão ou uma serpente desenhados. Tais cartas “dragão” eram produzidas em Portugal até o começo do século XIX, mas como o país tinha muito comércio, as cartas dragão acabaram se internacionalizando. As cartas espanholas nunca fizeram muito sucesso no Brasil. Hoje em dia, a COPAG tem dois modelos espanhóis para venda no mercado argentino. Em algumas regiões do interior de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul este tipo de carta é utilizado, assim como lugares que são pontos turísticos para uruguaios e argentinos, como o litoral de Santa Catarina. O Brasil era um grande importador de cartas da Alemanha, principalmente no padrão Wüst, que foi muito popular. Pacotes com “X” para os 10s, cartas tamanho-criança e outras variações eram importadas pela COPAG. Cartas de baralho espanhol produzidas pela Impressão Régia entre 1811 a 1818. Retiradas do livro Breve História da Xilogravura Brasileira, 2003

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O pacote “Trophy Whist #39” foi primeiramente importado e depois manufaturado pela COPAG. Ele acabou se tornando um dos designs mais populares dos baralhos nacionais do último século. As cartas com índices grandes, margens largas e um espaço pequeno para a parte desenhada ficaram conhecidas internacionalmente e foram muito bem aceitas pelo público. Cartas espanholas impressas no Brasil. Retiradas do artigo Playing Cards in Brazil an Introduction, 2002

Cartas impressas pela Azevedo & Cia. (Fábrica de Caixas), provavelmente da década de 1920. Retiradas do artigo Playing Cards in Brazil an Introduction, 2002

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O Baralho da COPAG

Fontes Bibliográficas: O Design Brasileiro antes do Design, 2005 Os Melhores Jogos do Mundo, 1978 Playing Cards in Brazil - An Introduction, 2002

A

tualmente, a COPAG é a maior produtora

de baralhos da América Latina. A empresa foi fundada em 1908 por Albino Dias Gonçalves e é a fábrica mais antiga de baralhos ainda em atividade no Brasil. Porém, quando a empresa foi criada, a fabricação de baralhos não era o foco, e sim itens

Catálogo de tipos impresso em 1914. Retirada do livro O Design Brasileiro Antes do Design , 2005

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de papelaria. A Albino Gonçalves & Cia. na verdade importava e distribuía baralhos, e só a partir de 1918 começou a produzir seus próprios baralhos. Após dois anos produzindo baralhos resolveu mudar seu nome para “Companhia Paulista de Artes Graphicas” (COPAG). Seus baralhos eram impressos em litografia, e somente por volta de 1930 passaram ao offset. Foi neste período que a empresa assumiu a liderança na produção Acima cinco e quatro provavelmente pertencentes ao baralho 312 de 1920. Retirada do livro O Design Brasileiro Antes do Design Frente dos primeiros baralhos lançado pela Copag, por volta de 1920. Retirada do livro O Design Brasileiro Antes do Design

de baralhos no Brasil, e nem mesmo a proibição em 1946 de jogos de azar e cassinos fez com que desistisse do negócio. Em 1954, a COPAG passou a se dedicar exclusivamente à produção de cartas de jogar, e atualmente é líder do segmento na América Latina. Os documentos mais antigos indicam a composição de preços para a fabricação de baralhos e embalagens entre 1920 e 1921 [...] e registram a presença de diversos modelos de baralhos nos estoques da empresa no mesmo período (“Livro de Stock”). Em 1934, amostras de baralhos foram encontradas em catálogos antigos, sendo essenciais para a reconstrução da história da empresa e, por conseguinte, para a construção de uma história do design de cartas de jogar no Brasil. (FARIAS em CARDOSO, 2005, p. 273). Segundo os registros encontrados, a produção de baralho em 1920 era pequena, com apenas 9 modelos, diminuindo no decorrer da década, porém aumentando na década seguinte. Graças à produ-

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Embalagens para baralhos produzidas pela Copag entre 1940 e 1960. Retiradas do livro O Design Brasileiro Antes do Design

ção de baralhos feitos sob encomenda para cassinos, associações, empresas e baralhos fantasia, a produção chegou a 20 modelos diferentes nos anos 40. O baralho mais famoso e produzido até hoje é o modelo nº 139, criado em 1923. Não se sabe ao certo porque o baralho 139 tem esse nome. Existem várias histórias: algumas pessoas dizem que é o número da sorte da Copag, 13, a soma dos números 1+3+9 = 13. Outros dizem que foi na 139ª tentativa que o baralho saiu perfeito, como é hoje. Os primeiros baralhos, modelos 13, 113, 213, 215, 220 e o infantil, foram impressos em cinco cores (preto, vermelho, amarelo, azul e rosa), com bordas douradas e índices no formato “X” para “10”, e “V”, ”D”, ”R” para Valete, Dama e Rei. As figuras são obviamente baseadas nos baralhos alemães fabricados por C. L. Wüst. Na segunda metade de 1920 a Copag lançou mais três modelos: 239, 312 e 260. Os modelos 239 e 260 traziam desenhos bem diferentes daqueles da primeira série, e foram classificados como “padrão Paris” (260) e “variante do padrão Paris” (239). Eram cortados em formato

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menor – 9,0 x 5,2 cm (239) e 5,8 cm (260). O modelo “Paris” trazia índices no padrão “V”, “D”, “R”, e o “variante do padrão Paris” no padrão “J, Q, K” - que viria a se tornar o padrão mais comum.

Curingas utilizados pela Copag entre 1920 e 1950 Retirada do livro O Design Brasileiro Antes do Design , 2005

Frente de baralhos lançados pela Copag durante a década de 1920: sequência dos baralhos 1039 (1925) e 139 (1923). Retirada do livro O Design Brasileiro Antes do Design , 2005

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3

A arte em cartas de jogar

O

baralho é uma peça que traduz muitos

Fontes Bibliográficas: A “Moorish” Sheet Of Playing Cards, 1987 Chinese Origin of Playing Cards, 1895 Facts and Speculations on the Origin and History of Playing Cards, 1848 Os Melhores Jogos do Mundo, 1978 O Design Brasileiro antes do Design, 2005 Playing Cards in Brazil - an Introduction, 2002 Researches into The History of Playing Cards, 1916 The Devil’s Books - A History of Playing Cards, 1890 The Oxford Guide to Card Games, 1990 The Penguim Book of Card Games, 2008 The World of Playing Cards

aspectos culturais. Nos primeiros

baralhos era até mais claro saber de

que país aquele baralho veio, pelos traços e pela temática das cartas. Os

artistas da época faziam cartas que eram peças de arte, lindas, para ocasiões especiais, como presentes de casamento ou peças encomendadas por reis.

Carta do Hunting Pack, c.1440 de Konrad Wits, pintada à mão. Retirada do site the World of Playing cards.

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Como não existia um padrão de como as cartas tinham que ser, algumas cartas não possuíam nem índices, os artistas podiam criar livremente. As cartas eram pintadas à mão e tinham também como objetivo serem objetos maravilhosos. Elas eram pintadas em diversas cores e decoradas com vários tipos de ornamentos. Por séculos artistas escolheram as cartas como telas de pintura, expressando cultura e momento histórico. Desde as cartas mamelucas que era decoradas com ouro e pintadas à mão, a arte nas cartas de jogar é algo evidente. As primeiras cartas da Europa seguiam o padrão mameluco e também eram pintadas à mão com muitos detalhes, porém sem muito padrão nas cartas. Assim como os artistas renacentistas da Itália, os artistas de cartas também eram instruidos à pintar temáticas parecidas com as de afrescos, como as temáticas de natureza e do homem. Estas cartas eram caras e luxuosas, somente pessoas de alto poder aquisitivo poderiam adquiri-las. As cartas também passaram pelas transformações tecnológicas que ocorreram na Europa na idade Média.

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No Topo, detalhe do Quadro A Anunciação e cenas da Divina Comédia de Dante, de Gherardo di Giovanni, c 1474. Retirada do livro The Story of Art. Abaixo cartas mameluca do século XV, retirada do livro The Oxford Guide to Card Games. Carta do pacote “I Tarocchi dei Visconti” publicado por Dal Negro, Treviso, Italy. 1445. Fonte site The World of Playing Cards


As cartas eram feitas com técnicas de gravura para agilizar o processo. Baralhos foram impressos de diversas maneiras e técnicas, e isso foi aprimorando e simplificando os baralhos, para a facilidade de impressão e jogabilidade. As cartas que permitem mais liberdade de criação no padrão Francês, são os curingas. Os curingas são cartas que são utilizadas apenas em alguns jogos, não fazem parte do deck. Acredita-se que o curinga foi inventado por volta de 1860, para um jogo. Outras cartas que permitem mais liberdade, são as cartas de corte e os ás. No baralho comercilizado pela Copag, o Ás de espadas que contém informações sobre o fabricante, no baralho espanhol as informações costumam vir no 4 de copas. Os ás na maioria dos baralhos no padrão Francês, possuem um desenho diferente. Assim como a frente da carta, o verso da carta também é uma área a ser explorada por designers e artistas. O verso da carta normalmente apresenta

Quatro de ouros e de copas do baralho Hespanhol da Copag, lançado entre o final da década de 1930 e o início da década de 1940. Retiradas do livro O Design Brasileiro Antes do Design.

um arabesco, por conter muitos detalhes e portanto ser mais difícil para fazer marcas nas cartas. Mas no verso das cartas pode existir qualquer desenho, porém o desenho deve conter vários elementos, para dificultar que as cartas sejam marcadas.

Ás de espadas do modelo 212 da Copag, ás de espadas de Charles Goodall de 1864-68 e ás de espadas de James English de 1867. Retiradas do livro O Design Brasileiro Antes do Design 2005 e do site The World of Playing Cards

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Versos de baralhos da Copag. Retiradas do livro O Design Brasileiro Antes do Design, 2005

Versos de baralhos da W. H. Willis & Co. (Londres) 1870-1880. Retiradas do site The World Of Playing Cards

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Designers gráficos e o baralho

V

ários designers gráficos ao redor

do mundo já fizeram baralhos diferentes do padrão francês, porém eram baralhos no mesmo padrão, com 52 cartas para jogar. O que muda, dependendo do design, são os naipes, as imagens de reis, rainhas e valetes e as vezes até o formato das cartas, que deixa de ser o formato retangular.


Um baralho feito no Brasil recentemente por José Ribamar Lins S. Junior, é o projeto entitulado de: O dia em que o cangaço virou baralho. No qual o designer quis transmitir a história do cangaço atravez de um baralho e um livreto com contos de cordel, que acompanha o baralho. Esse baralho transimite a cultura nordestina do país em forma de cartas para jogar e o baralho possuí personagens típicos dessa cultura, Lampião (Rei), Maria Bonita (dama) e os cangaçeiros (valetes). Outro aspecto cultural é o estilo das ilustrações ser xilogravura, que é um estilo que acompanha muitos contos de cordel, e está presente em todo o baralho. No verso do baralho é representado a caatinga, duas imagens diferentes, uma em cada deck.

Brasil Baralho de José Ribamar Lins. Imagens do livro Anatomia Do Design, 2009

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Outro baralho brasileiro, de 2010, é o baralho com nome de Projeto 54, que foi organizado pela loja de roupas El Cabriton. Esse projeto juntou 54 artistas brasileiros diferentes, para cada um fazer uma carta, esse baralho tem ilustrações lindas, porém não é um baralho muito jogável, pois não existe um padrão. Algumas cartes tem índices, outras não tem, assim como algumas cartas é fácil de indetificar o naipes, porém em algumas cartas não se sabe ao certo o naipe. Esse tipo de baralho Brasil Baralho produzido por El Cabriton e Copag, 2010 com 54 cartas, sendo cada uma feita por um artista diferente.

é mais uma peça de arte, de colecionador, do que um set para jogar.

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Outro baralho nacional que homenageia os 200 anos da chegada da Família Imperial Portuguesa no Brasil, foi lançado em 2008. O baralho foi feito pelos designers Alvaro Guillermo e Meire Vibiano. As cartas desse baralho possuem um formato diferente, mais estreito que o formato mais comum e com as bordas mais arredondadas que facilitam o manuseio. Um baralho feito por uma designer chamada Michelle Lam no Canadá tem como tema a tipografia e como objetivo, descrito pela autora, inspirar outros designers. Cada carta mostra como cada área da tipografia é importante, o naipe de espadas mostra a importância da anatomia de uma fonte, o naipe de copas a classificação, o naipe de paus mostra a importância dos glifos, que são os caracteres na tipografia que expressam um símbolo, e o naipe de ouros dá enfâse na formatação do texto. As catartas vem com pequenos textos sobre tipografia com enfâses em cada assunto tratado por cada naipe. Brasil Cartas do Baralho Brasileiro por Alvaro Guillermo e Meire Vibiano.Retiradas do site Mais Grupo

Canadá

Cartas do baralho Graphos.Retiradas do site Michelle Lam.

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Outros baralhos interessantes são os baralhos feitos por Tauba Auerbach chamado de “One Deck of Playing cards”. Os baralhos são é baseado em funções matemáticas e formas geométricas. No baralho com as funções matemáticas os naipes foram traduzidos para + - x ÷, as cartas da corte se

Estados Unidos

transformaram em sólidos platônicos e os coringas são ≠ e ∞. Ao invéz de

Cartas do baralho One Deck of Playing Cards.Retiradas do site Design Boom.

utilizar a cor vermelha para a identificação dos naipes, a autora utilizou naipes pretos com fundos brancos ou naipes brancos em fundo preto, portanto as cartas do deck são metade pretas e metade brancas. No baralho das formas geométricas são utilizados quatro formas para representarem os naipes franceses. Os naipes são impressos em duas cores, vermelho e preto, e assim como o baralho das funções matemáticas, as cartas de corte são figuras geométricas. Coringas são representados por rabiscos e amebas.

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52


4

O Movimento Armorial

A

riano Suassuna em 1970 fundou o mo-

vimento armorial, em Recife, de acordo com Santos, 1999, o movi-

mento envolve vários artistas como poetas, gravadores, músicos, escritores,

pintores,

homens de teatro, ceramistas e bailarinos projeto

num

cultural.

De acordo com o fundador do movimento

a

arte

armorial é: A Arte Armorial Brasileira é

Gravura de Gilvan Samico, O Boi Mandingueiro e o cavalo Misterioso. Retirada do livro Em Demanda da Poética Popular

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aquela que tem como traço comum principal a ligação com o espírito mágico dos “folhetos do Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura de Cordel), com a Música de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus “cantares”, e com a Xilogravura que ilustra suas capas, assim como o espírito e a forma das Artes e espetáculos populares com esse mesmo Romanceiro Relacionados. (SUASSUNA em SANTOS, 1999, p.13). O Movimento armorial tem uma relação com a literatura popular do nordeste brasileiro, assim como o fundador exemplifica, é um movimento envolvendo toGravura de Gilvan Samico, Juvenal e o Dragão. Retirada do livro Em Demanda da Poética Popular

das as artes, unindo-as. Mas Suassuna não esperava unir todas as artes em vão, ele esperava que com a união das artes a arte popular nordestina se valorizasse. A arte armorial deveria se transformar em uma arte brasileira, e assim as raizes populares do nordeste se ampliassem para o Brasil e para o mundo. A palavra Armorial, de acordo com o Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa Michaelis, é um adjetivo referente à heráldica ou a brasões, quando utilizado como substantivo significa o Livro de registro dos brasões.

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Por isso Suassuna escolheu essa palavra como designação para o movimento, também porque nada mais popular do que um conjunto de bandeiras de um povo, a ligação com as raizes populares. De acordo com Ariano Suassuna, a palavra Armorial também é sonora, uma palavra “sagrada”, portanto como o movimento envolve também a música, o nome deve ser sonoro e belo. A literatura de cordel é um grande fonte de inspiração para os artista armoriais, ela é popular, alem de expressar o desejo e espírito do povo brasileiro, os folhetos do romanceio popular brasileiro também une três tipos de artes, a xilogravura, a poesia e a música. A xilogravura ilustra as capas dos contos, as narrativas são feitas em forma de poesia e seus versos são cantados acompanhados de uma viola ou uma rabeca. Por ser um movimento que aconteceu no nordeste brasileiro, muito da temática abordada pelos artistas são temáticas nordestinas, como o bumba-meu-boi, cangaceiros, cavalos encantados, touros endiabrados,

loucos,cantos,

reis,

bispos, diabos, juizes, dançarinas,

Gravura de Ariano Suassuna, O Grande Pássaro. Retirada do livro Em Demanda da Poética Popular

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palhaços, negros, vermelhos, mestiços, reis magos e pastores. Mesmo tendo como grande inspiração os romanceiros, que vem de um conjunto amplo e diversificado de práticas culturais, Ariano recusa o espírito mágico do movimento, com qualquer semelhança com os contos de cordel da Europa. Gilvan Samico é um dos grandes gravuristas do movimento armorial, influenciado por dois mestres, Abramo e Goeldi. Samico se dedica à gravura em madeira, colorida como seu mestre Goeldi lhe ensina, colocando cor sobre bichos e plantas em suas gravuras. Com temáticas de monstros e animais lendários, sempre seguindo a inspiração literária. Samico caracteriza-se como estilista, com uma criação pura e despojada, mas não deixa de ser um artista de inspiração literária, orientando sua arte para o poético, o filosófico, o satírico, o macabro e o fantástico.(SANTOS, 1999, p. 195).

A Viagem da Paloma gravura de Gilvan Samico. Retirada do CD Movimento Armorial Regional e Universal.

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O Baralho Armorial

O

Baralho armorial será um baralho

que, assim como as gravuras armoriais, será feito com a técnica da xi-

O Retorno gravura de Gilvan Samico. Retirada do CD Movimento Armorial Regional e Universal.

logravura. O movimento armorial busca uma arte popular e brasileira, agrupando vários tipos de arte. Este movimento foi explorado em uma época específica, na década de 1970.

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Foi resolvido resgatar o movimento armorial por se tratar de um manifesto com profundas raizes populares que agrega imagens folclóricas importantes e um valor da cultura popular brasileira do nordeste que é identificada no país inteiro, como por exemplo o bumba-meu-boi ou a literatura de cordel. Resgatando as ideologias armoriais o baralho expressara a cultura popular brasileira para um público maior e mais amplo, será um baralho tipicamente brasileiro. O baralho transmitirá uma brasilidade e originalidade folclórica que até então não existe expressa em cartas de jogar. Ariano Suassuna propõe a união das artes.

O Sagrado gravura de Gilvan Samico. Retirada do CD Movimento Armorial Regional e Universal.

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Referências Bibliográficas CHATTO, W. Facts And Speculations On The Origin And History Of Playing Cards. Londres: C. And J. Adlard, Bartholomew Close, 1847 COSTELLA, A. Breve História Ilustrada da Xilogravura. 1. Ed. Campos do Jordão: Editora Mantiqueira, 2003 FARIAS, P. Os baralhos da Copag entre 1920 e 1960. In: CARDOSO, R. (Org.). O Design Brasileiro: antes do design. São Paulo: Cosac Naify, 2005. p. 260-295. GOLDSMID, E. Explanitory Notes on a Pack of Cavilier Playing Cards.Edinburg: E & G Goldsmid, 1886 NAIFF, N. Curso completo de Tarô. 2. Ed. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009. PARLETT, D. The Oxford guide to card games. Oxford: Oxford University Press, 1990

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Disponível em < http://www.wopc.co.uk/>. Acesso em: 15.11.2010

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Glossário Sarraceno – forma como os cristãos da idade media chamavam os árabes ou muçulmanos Mameluco – escravos turcos e egípcios que serviam de soldados Deck – uma coleção de cartas de jogar Mouros – povo árabe Litografia – tipo de gravura envolvendo a técnica de marcas sobre uma matriz de pedra Xilogravura – tipo de gravura envolvendo a técnica de marcas sobre uma matriz de madeira Offset – tipo de impressão indireta, pela qual a tinta passa de um cilindro para atingir a superfície Renascentismo – período da Historia da Europa entre o fim do século XIII e o século XVII Estêncil – técnica usada para pintar um desenho através do corte do papel, onde o papel for recortado será pintado Arabesco – elemento da arte islâmica, combinação de formas geométricas Afrescos – obra pictoria feita sobre parede

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