"Mama" TAG Curadoria - Janeiro/2023

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JAN 2023 MAMA

olá, tagger Olá, tagger

Olivro que você tem em mãos é um mergulho profundo na vida de Mildred Peacock, uma mulher negra, mãe de cinco filhos, que, na década de 1960, faz o possível (e o impossível) para garantir a sobrevivência de sua família.

Publicado em 1987, Mama é o primeiro romance da autora norte-americana Terry McMillan. Trata-se de uma obra inédita no Brasil, a qual enviamos a você cheios de orgulho. Além de ser uma indicação de ninguém menos que Itamar Vieira Junior, aclamado autor de Torto arado, o livro foi totalmente produzido em casa: concretizando um sonho de longa data, a TAG assumiu o desafio de encabeçar todas as etapas de sua produção. Esperamos, assim, que você perceba o carinho e o cuidado envolvidos nesse processo. Vale ressaltar, no entanto, que seguiremos trabalhando em parceria com grandes editoras do mercado.

Nas páginas a seguir, você encontra conteúdos que vão tornar esta experiência ainda mais especial: há entrevistas com a autora e com nosso curador, textos de contextualização e aprofundamento dos temas trazidos pelo romance, assim como uma análise crítica da obra.

Boa leitura!

TAG Comércio de Livros S.A.

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QUEM FAZ

Publisher

JÚLIA CORRÊA Editora

BRUNO MIGUELL Designer

LIZIANE KUGLAND Revisora

Impressão Gráfica Ipsis

Capa Mariana Rodrigues Página da loja Lais Holanda

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JAN 2023
sumário posfácio prefácio 24 20 28 Reflexão Entrevista com a autora Terry McMillan Análise Crítica 32 Agenda 10 Entrevista com o curador Itamar Vieira Junior 6 8 14 Por que ler o livro O livro indicado Contextualização 4 Experiência do mês 18 Ilustração do mês

VAMOS LER MAMA

Criamos esta experiência para expandir a sua leitura. Entre no clima de Mama colocando a playlist especial do mês para tocar. É só apontar a câmera do seu celular para o QR Code ao lado ou procurar por “taglivros” no Spotify. Não se esqueça de desbloquear o kit no aplicativo da TAG e aproveitar os conteúdos complementares!

Leia até a página 50

Depois de situados na conturbada rotina de Mildred, é difícil não nos comovermos com o diálogo que ela acaba de ter com Freda, sua filha mais velha. O que você achou do início do livro? Comente lá no app!

Leia até a página 122

Mildred não está nada bem, e Freda precisa demonstrar muita força e maturidade. Sigamos na leitura para descobrir o que vem pela frente!

Leia até a página 201

De volta a Point Haven a convite de Lindinha, Mildred vai à igreja com a filha, mas, por mais que se esforce, é difícil para ela cultivar sua fé. Em meio a tudo isso, Percy não desiste de suas investidas.

Leia até a página 254

Mildred está cansada da Califórnia. Freda, por sua vez, tem tido a rotina prejudicada por seu vício em álcool, e seu relacionamento amoroso está abalado. O que será que o destino reserva às duas personagens?

Leia até a página 284

Uau, que final comovente! Você também se emocionou com esse último diálogo?

PLAYLIST 4 EXPERIÊNCIA DO MÊS
OUVIR

projeto gráfico

A pintura da capa foi desenvolvida especialmente para o livro por Mariana Rodrigues, artista visual e designer baseada em São Paulo, integrante do Nacional Trovoa, um movimento de mulheres racializadas no circuito artístico brasileiro. As composições abstratas da artista vão além de uma compreensão racional — seu processo criativo envolve um verdadeiro ritual, partindo de práticas ancestrais que pressupõem corpo, mente e espírito como uma unidade. A diretriz para a capa de Mama era uma composição que despertasse sentimentos sem ser muito racional ou figurativa. O resultado foi um visual impactante e potente, permeado por sensibilidade e melancolia, tal como pede a obra de Terry McMillan.

mimo

Janeiro só começa quando o planner está nas mãos dos associados! Inspirado na potência de seguirmos em frente e na música “Apesar de você”, de Chico Buarque, o título do planner de 2023 é Amanhã vai ser outro dia. Afinal, a melhor forma de organização pessoal é respeitar o nosso tempo e, claro, criar nosso próprio método. Pensando nisso, sugerimos o miolo como um espaço livre de criação. Já a temática desta vez não poderia ser outra: Literatura Brasileira foi a mais citada em nossas pesquisas nas redes sociais e protagoniza o planner em seções como Teatro, Música e Cinema. A artista Mellina Farias (@eaiiimel) foi a responsável por desenvolver a capa. Através do uso de cores fortes, alegres e cheias de energia, ela honrou suas raízes nordestinas e representou um pouco de cada canto do Brasil, assim como as diferentes fases de nossa literatura.

Mama pode ter terminado, mas a experiência não!

Aponte a câmera do seu celular para o QR Code ao lado e escute o episódio de nosso podcast dedicado ao livro do mês. No aplicativo, confira também a nossa agenda de bate-papos.

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OUVIR PODCAST 5 EXPERIÊNCIA DO MÊS
“Mama se distingue por sua sensibilidade exuberante... Um belo romance.” The New York Times Book Review “Uma narrativa tocante sobre a força inabalável de uma mãe.” Detroit Monthly “Um romance admirável.” San Francisco Chronicle MAMA 6 POR QUE LER O LIVRO

Por que ler o livro

Primeiro romance de Terry McMillan, Mama é um livro corajosamente honesto sobre as agruras de uma mulher negra nos Estados Unidos dos anos 1960, sobre a luta cheia de fragilidades dessa protagonista para criar sozinha cinco filhos em um país ainda abalado pela segregação racial. A brutalidade de seu meio social reflete-se em uma tensão onipresente nas relações e nos diálogos. A sensibilidade da escrita de McMillan, no entanto, permite que os leitores vislumbrem a profundidade psicológica dos personagens, seus vícios e virtudes. Não por acaso, a autora é associada ao melhor de uma tradição encabeçada por nomes como Toni Morrison e Alice Walker.

7 POR QUE LER O LIVRO

Vulnerabilidade materna

Tensões sociais e raciais permeiam o primeiro romance de Terry McMillan, que mostra a luta de uma mulher para criar sozinha os seus cinco filhos sem sucumbir à insanidade

Ao iniciarmos a leitura de Mama, primeiro romance da escritora norte-americana Terry McMillan, deparamo-nos imediatamente com indícios de que teremos pela frente uma trama marcada por brutalidade. Lemos que “Mildred escondeu o machado debaixo do colchão do catre que ficava na sala de jantar. Derramou soda cáustica diluída em um saco de papel pardo e o enfiou atrás das panelas e frigideiras embaixo da pia da cozinha. Em seguida, verificou todas as três facas de açougueiro para garantir que as lâminas estavam afiadas”. A primeira impressão que temos é de pura determinação da personagem, de que seus planos logo se desdobrarão em um ato obstinado de violência. Ainda nessa primeira passagem, no entanto, descobrimos as sutilezas do romance de McMillan. Afinal, a mulher logo nos é descrita como uma vítima inequívoca de abuso, como alguém que quer se vingar pela situação em que se encontra: “Aos vinte e sete anos, Mildred estava cansada como um burro de carga velho e sentia como se tivesse atravessado uma guerra”. Se não fossem os cinco filhos, informa-nos a voz narrativa em terceira pessoa, ela já teria largado o marido, Crook, esse homem de quem quer se vingar a qualquer custo.

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Tudo isso ocorre no início dos anos 1960. A família de Mildred Peacock vive em Point Haven, uma pequena cidade fictícia no subúrbio de Detroit, no Michigan, cujos habitantes, em sua maioria, nunca tinham ouvido falar de Malcom X, e apenas alguns tinham ideia de quem tinha sido Martin Luther King. As tensões raciais da época, entretanto, permeiam constantemente a trajetória dos personagens: “A maioria dos negros não conseguia encontrar emprego e, como resultado, tinham tanto tempo livre nas mãos que, quando estavam lisos como um azulejo, entediados consigo mesmos ou chateados com tudo porque a vida havia se transformado em uma imensa decepção, sua insatisfação entrava em erupção e a raiva explodia”.

É nesse contexto de vulnerabilidade social e de decadência econômica, portanto, que se desenrolam os eventos de Mama. Após testemunharmos já de início os abusos sofridos por Mildred, acompanharemos, no que configura o cerne da narrativa, a sua luta para criar sozinha os cinco filhos — Freda, Dim-Dim, Lindinha, Boneca e Anjinho. A batalha será árdua e, entre trabalhos que pagam mal, auxílios insuficientes do governo e relacionamentos insatisfatórios, ela terá de desafiar a si mesma para não cair no abismo da insanidade, para encontrar momentos de autocompaixão em meio à sua tumultuada rotina.

Conforme avançamos na leitura do romance, descobrimos ainda uma segunda protagonista. O foco narrativo se desloca para Freda, a primogênita, que, com o passar dos anos, percebe ter herdado diversos traços da mãe. Embora o livro não se detenha apenas em Mildred, seu título, Mama, ainda ressoa sentido: a mãe se mostrará uma figura incontornável na trajetória da filha, que encarna mais do que ninguém a complexidade dos traumas intergeracionais.

Lançada em 1987, a obra logo se tornou um best-seller do New York Times. Entre as distinções que Terry McMillan recebeu pela obra estão o Doubleday New Voices in Fiction Award e o American Book Award, concedido pela Before Columbus Foundation. Na época de sua publicação, o romance recebeu diversos elogios da imprensa.

O LIVRO INDICADO 9

“Mama nos permite refletir sobre a vida da mulher negra em nossa sociedade”

Curador do mês, o escritor Itamar Vieira Junior explica por que indicou a obra de Terry McMillan ao nosso clube, comenta o sucesso de Torto arado e fala sobre novo romance

ENTREVISTA COM O CURADOR 10

Onosso curador desta edição é o nome por trás de um verdadeiro acontecimento do mercado editorial brasileiro. Nascido em Salvador, em 1979, Itamar Vieira Junior publicou em 2019, pela Todavia, o romance Torto arado, que lhe rendeu prêmios como o Jabuti e o Oceanos e se tornou um fenômeno de vendas — registros apontam que o livro chegou à casa dos 200 mil exemplares comercializados. Para além dos números, a obra conquistou os leitores com uma poderosa narrativa centrada nas feridas do passado escravista do país.

Geógrafo, doutor em Estudos Étnicos e Africanos pela UFBA, Vieira Junior é também autor dos livros Dias (2012), A oração do carrasco (2017) e Doramar ou a odisseia (2021). Na entrevista a seguir, além de salientar as qualidades de Mama , romance indicado à TAG, ele fala sobre a recepção de sua obra pelo público, adianta o tema de seu próximo livro e menciona algumas de suas leituras recentes.

ENTREVISTA COM O CURADOR
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Itamar Vieira Junior Crédito:

O autor lançará novo romance em breve.

Crédito: Valdizio Soares

Como você entrou em contato com Mama? Poderia nos contar como foi a sua experiência de leitura?

A edição da TAG é a primeira que temos no Brasil, não há uma edição anterior. Eu costumo ler artigos literários de outros países e me interessei pela sinopse do romance. Tempos depois, encontrei um exemplar publicado em 1996, na Espanha, pela editora Anagrama. Foi paixão à primeira vista.

Quais você considera as principais qualidades do romance? Por que decidiu indicá-lo ao nosso clube?

É uma história muito humana. São personagens que poderiam ser nossos vizinhos ou familiares. Acho que essa identificação, aliada à força da escrita de Terry McMillan, me fez pensar nesse livro quando me convidaram para a curadoria da TAG.

Em entrevistas para a imprensa, você já comentou sobre a força das mulheres de sua família, sobre o fascínio que essa força exerceu em você durante sua infância… Pensando nisso e na obra de Terry McMillan, como você enxerga a trajetória de Mildred, a protagonista do romance?

O que vou dizer pode parecer clichê, mas Mildred é uma força da natureza. Não se trata de uma personagem que tradicionalmente foi chamada de heroína por conta de suas virtudes excepcionais. O que me interessa nela é sua profunda humanidade, sua capacidade de errar, de acertar, de ser contraditória sem perder sua essência.

ENTREVISTA COM O CURADOR
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Ainda que situado nos EUA dos anos 1960, em que medida você acredita que o romance de Terry McMillan pode nos ajudar a refletir sobre o Brasil de hoje?

É um romance que aborda questões importantes sobre a formação social americana, que, por sua vez, não é muito diferente da brasileira: as desigualdades de raça, classe e gênero. Tendo esses temas ganhado grande relevância no debate público nos últimos anos, Mama nos permite refletir sobre a vida da mulher negra em nossa sociedade.

Torto arado é um verdadeiro sucesso — conquistou um público amplo e variado, recebeu elogios da crítica e bateu recordes de venda em um momento desafiador para o mercado editorial brasileiro. Passados três anos do lançamento, como você se sente com a recepção de seu romance?

Foi uma recepção excepcional. Algo nunca projetado, mas que mostrou a vontade dos leitores brasileiros de conhecer a própria história. Sempre é motivo de alegria para um escritor se conectar com os leitores a partir de seus escritos.

Doramar ou a odisseia é seu lançamento mais recente. Você tem planos de publicar novas obras em breve? Está envolvido em algum projeto atualmente?

Sim, tem um romance a ser lançado em breve. Eu retorno à relação de mulheres e homens com a terra, história que guarda profunda conexão com nosso passado colonial.

Pode nos contar de suas leituras atuais? Quais têm sido os seus principais interesses literários no momento?

Se antes escolhia minhas leituras por vontade própria, hoje sou desafiado a ler para escrever prefácios e artigos. Ao longo da vida, li sobre tudo e espero continuar com o mesmo interesse. Para destacar algumas leituras que reverberaram nos últimos anos, gostaria de citar algumas autoras da América Central, como Maryse Condé, Yanick Lahens e Jamaica Kincaid. Suas abordagens sobre os traumas do colonialismo nas Américas me interessam sobremaneira e se tornaram importantes para minha compreensão do Brasil.

ENTREVISTA COM O CURADOR
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Detroit: de ‘motor dos EUA’ a cidade fantasma

EDUARDO PALMA

Conheça mais sobre Detroit, cidade cujo subúrbio é pano de fundo do romance de Terry McMillan

Ela já foi uma das cidades mais ricas do mundo. O berço da revolução automobilística. Era sinônimo de boa qualidade de vida para uma classe média ascendente. Foi onde Henry Ford instalou e aperfeiçoou a primeira linha de montagem de veículos moderna. Com o sucesso da Ford, recebeu milhares de novos moradores norte-americanos e estrangeiros.    Fábricas e empresas de componentes de veículos que orbitam o universo dos carros não podiam perder a oportunidade de estar naquele polo, que atraiu grandes companhias, como General Motors, Dodge e outras, como a Packard, que já não existem mais. Detroit, a maior cidade do estado de Michigan, no centro-oeste dos EUA, era o Vale do Silício do século passado. O progresso fez a população sair de 285 mil, em 1900, para 1,5 milhão, em 1930, e 2 milhões de pessoas, perto de 1950. Detroit também se converteu em um polo cultural, terra da gravadora Motown (abreviação de Motor Town), que lançou artistas como The Jackson 5, Diana Ross, The Supremes e Marvin Gaye.   Mas, por volta dos anos 1960, o progresso arrefeceu. A competição com empresas do Japão e da Coreia do Sul, o avanço da globalização e a pulverização geográfica da produção de automóveis e componentes tiraram força da região. Com o fechamento de empresas, como a icônica Packard (hoje um nostálgico ponto turístico), fábricas foram abandonadas e, em consequência disso, casas, edifícios, centenas de comércios e bairros foram deixados para trás, já que milhares de trabalhadores perderam seus empregos. Desde então, Detroit perdeu mais de 60% da população. Tem hoje cerca de 700 mil habitantes, altos índices de desemprego, e luta para superar a estagnação econômica. Por isso, é chamada de ghost town (cidade fantasma).

CONTEXTUALIZAÇÃO 14

Conflitos raciais

No século passado, a cidade recebeu muitas ondas de migrantes negros vindos do sul dos EUA em uma época de conflitos raciais. Em 1967, Detroit vivencia um dos episódios mais sangrentos de sua história: uma rebelião contra a discriminação e o abuso da força policial durou cinco dias e deixou um rastro de destruição. Na ocasião, a polícia invadiu um clube que dava uma festa tarde da noite para comemorar a volta de dois soldados negros da Guerra do Vietnã. Todos os presentes, quase 100 pessoas, foram presos. Moradores que viram a ação protestaram e se revoltaram.

CONTEXTUALIZAÇÃO
Sede da Ford em Detroit (década de 1910). Crédito: Library of Congress Rebelião de 1967.
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Crédito: Keystone Pictures USA

Foi a gota d’água com a discriminação e os abusos policiais, causando uma rebelião gigantesca. De acordo com o jornal Detroit Free Press, 7.231 pessoas foram presas, 1.189 ficaram feridas e 43 morreram durante a rebelião. A cidade convocou a Guarda Nacional e o Exército para resolver a situação, mobilizando 17 mil soldados e policiais.

Ainda segundo o jornal, 2.509 estabelecimentos foram saqueados ou incendiados, incluindo 611 mercados, 537 lavanderias e 285 lojas de bebidas. E 700 edifícios foram destruídos. A maioria nunca foi reconstruída. Depois disso, muitos moradores, sobretudo os brancos, passaram a fugir da cidade.

“Em 1967, centenas de revoltas circularam pelas cidades americanas, com poder e intensidade sem precedentes. Quase sempre o estopim era a violência policial racista — desde prisões até espancamentos e tiroteios”, escreveu o pesquisador Jordan Camp, do Centro de Estudos de Raça e Etnia na América. “A geografia em expansão das insurreições urbanas dos anos 1960, em meio à crescente resistência à guerra dos EUA no Vietnã, fez aumentar a atenção às condições materiais dos pobres, da classe trabalhadora e da população negra tanto no país como no exterior.”

No âmbito nacional, foi uma época em que o movimento negro começa a ter importantes vitórias. Uma das principais foi a Lei dos Direitos Civis, que pôs fim às leis de segregação racial norte-americanas. Com isso, negros e brancos poderiam frequentar os mesmos espaços. Nesse período, ganham projeção lideranças do movimento afro-americano, nomes como Martin Luther King, Malcolm X e os Panteras Negras.

Consequências

Relevante e emblemática, a rebelião de 1967 acabou impactando a configuração da cidade. Segundo Coleman Young, primeiro prefeito negro de Detroit, o período seguinte foi marcado pela desolação econômica (com consequências como o desemprego) e também pelo êxodo da população.

É imersa nesse cenário de contradições e dificuldades que a personagem Mildred Peacock, uma jovem negra, mãe de cinco filhos, tenta sobreviver e cuidar de sua família na fictícia Point Haven, subúrbio de Detroit, em um período de evidente crise social e econômica.

CONTEXTUALIZAÇÃO
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Ilustração do mês

Gabriel Renner é ilustrador freelancer e designer. Passou pelas redações de Zero Hora, Diário Gaúcho, ND Notícias e Grupo Editorial Sinos, além de ter ilustrado para as revistas Superinteressante, Mundo Estranho e Sexy. @rennergabriel

A pedido da TAG, o artista interpretou uma passagem do livro do mês: “E, no caminho para casa, Freda tentou descobrir a melhor maneira de dizer à mãe que um dia, se ela pudesse fazer alguma coisa, pouparia Mildred de tanto trabalho para conseguir tão pouco. — Mama, adivinha — disse ela, enquanto dirigiam pela estrada sinuosa ao longo do rio. Era uma tarde clara de outono, do tipo em que as crianças ficam ansiosas para sair e brincar, e voltam para casa fungando e famintas, com os dedos endurecidos demais para desabotoar o próprio casaco.

— O quê? — respondeu Mildred, quase sem prestar atenção.

— Vou ser rica quando crescer e vou comprar uma casa melhor e maior que a dos Hale, e você não vai ter que esfregar chão pra branco nenhum. [...] Mildred parou em um semáforo e puxou a bolsa para pegar um cigarro. O farol mudou para verde, então ela entregou a bolsa a Freda.

— Acende um cigarro pra mim? Freda encontrou o maço de Tareyton (Mildred largou o L&M logo depois que ela e Crook terminaram, porque a lembrava dele) e acendeu um cigarro. Ela pensou em inalar a primeira baforada, mas desistiu de fazê-lo. Freda o entregou a Mildred. [...] Começaram a ver casas menores adiante. Freda não gostava de Point Haven e sonhava em ir embora depois de se formar. Ela não tinha ideia para onde iria, mas sabia que precisava existir um lugar melhor para se viver do que ali. Mildred nunca havia pensado em morar em qualquer outro lugar”.

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POSFÁCIO

Se você ainda não leu o livro, feche a Revista nesta página.

A seguir, você confere conteúdos indicados para depois da leitura da obra.

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Terry McMillan fala à TAG sobre a concepção de Mama, comenta o retorno que recebeu de leitoras que se identificam com a sua protagonista e revela o que mudou em sua atividade como escritora desde a publicação do romance

O que a motivou a escrever Mama? Pode nos contar dos principais desafios que você enfrentou ao longo da produção do romance?

Bem, foi meu primeiro romance e não foi intencional — não era algo que eu planejava escrever. Tudo o que sei é que havia perdido minha mãe, meu filho Solomon tinha acabado de nascer, e percebi que as mães deveriam receber milhões de dólares pelo que fazem. Se fosse possível pagar por isso. Minha mãe teve cinco filhos e não sei como ela conseguiu. Tínhamos tantas regras; tínhamos de estar, por exemplo, no quadro de honra da escola. Ela costumava nos dizer: “Não estou criando idiotas”. Quando saí de casa e envelheci, fui capaz de olhar para trás e pensar: como diabos ela fez isso? Eu só queria saber de onde ela tirava sua energia. Então escrevi o romance para tentar entender a maternidade.

Mildred é uma personagem forte e vulnerável ao mesmo tempo. Como foi o processo de construção dessa personagem, considerando toda a sua complexidade, suas imperfeições e virtudes?

Muitos detalhes de Mildred foram baseados em minha própria mãe” ENTREVISTA COM A AUTORA
Mildred não se desculpa por quem ela é. Muitos detalhes da personagem foram baseados em minha própria mãe, e acho que, mais do que tudo, o que aprendi enquanto escrevia foi o quão forte minha mãe era. Eu apenas pensei nela como uma mágica. Desenvolver Mildred foi uma boa maneira de explorar

a maternidade, a paternidade, o amor — e o quanto algumas mulheres estão dispostas a dar. Às vezes você acha que elas não estão ganhando nada com isso... Mas estão.

Freda, em princípio, consegue romper com o universo de Point Haven. No entanto, carrega uma série de emoções perturbadoras do passado familiar. Com isso, passamos a notar semelhanças entre ela e Mildred. Como você avalia a questão dos traumas intergeracionais, que Freda parece encarnar tão bem?

Isso pode ter aparecido enquanto eu escrevia o livro, mas nem sempre chego ao romance com um plano. Às vezes você escreve um romance como uma forma de entender. É uma exploração. Quando você escreve um romance, especialmente se for um tanto autobiográfico (como Mama foi), você não sabe até depois de lê-lo o quanto dele pode realmente ser a sua vida. É uma maneira de entender as coisas — coisas que você pode não ter se permitido ver antes.

No Brasil, não é difícil encontrar mulheres parecidas com Mildred, que precisam cuidar sozinhas do sustento de suas famílias. Quando publicou Mama, você recebeu muitos retornos de mulheres que se identificavam com a trajetória de sua protagonista?

Ah, sim! O que eu realmente me lembro é como era comum, especialmente naquela época, as mulheres serem mães solteiras. Onde eu cresci, todo mundo bebia. Minha mãe tinha problema com bebida, meu pai tinha problema com bebida, quase todo mundo que eu conhecia tinha problema com bebida.

ENTREVISTA COM A AUTORA
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Terry McMillan Crédito: Matthew Jordan Smith

Havia mulheres que basicamente criavam seus filhos e seus maridos. Eu costumava ouvir leitoras que me diziam: “Garota, você está falando de nós. A minha família é assim”. Até hoje ouço isso o tempo todo. Acho que parecia familiar para muitas pessoas, embora eu não soubesse disso na época.

Mama é o seu primeiro romance. Você já publicou muitos outros livros nos anos seguintes. O que permanece em você da autora que escreveu Mama e o que mudou desde então?

Acho que ainda sou curiosa pra caramba. Eu quero saber o porquê e vou cavando a resposta. Escrevo porque quero entender e quero ser justa — para fazer isso, preciso sair da minha própria pele e criar personagens que eu não compreendo. Como resultado, isso me torna mais empática. Quanto a como mudei, tenho um pouco mais de convicção daquilo que estou fazendo. A beleza disso é que todo livro é uma jornada, uma forma de escavação. Estou um pouco mais segura de mim agora porque sei escavar, sei quando estou mentindo para mim mesma. Eu sei quando estou tentando me exibir, e assim posso recuar. Mas não presumo que já saiba das coisas — sempre escrevo porque há algo que quero entender.

Quem é Terry McMillan?

Nascida em Port Huron, no Michigan, em 1951, a autora norte-americana é filha de pais da classe trabalhadora. Formou-se na Universidade da Califórnia, Berkeley, e na Universidade Columbia. Ela relata ter descoberto o seu amor pela literatura ao desbravar as estantes da biblioteca de sua cidade. Lançou-se no cenário literário em 1987, com Mama, e publicou, ao longo dos anos seguintes, quase uma dezena de outros livros. Entre eles, Falando de amor, de 1992, ganhou uma aclamada adaptação para o cinema estrelada por Whitney Houston e Angela Bassett. O mais recente, ainda sem edição no Brasil, é It’s Not All Downhill From Here, cuja protagonista é uma mulher de meia-idade que busca se reinventar. Em 2008, a escritora foi agraciada com o Lifetime Achievement Award.

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Terry McMillan
ENTREVISTA COM A AUTORA 23
Crédito: Matthew Jordan Smith

Um exército de Mildreds

Seja nos Estados Unidos, seja no Brasil, uma leitura atenta de Mama permite a identificação de paralelos com a realidade atual de uma grande parcela de mulheres negras

"Há várias coisas belas no mundo que não é possível descrever-se. Só uma coisa nos entristece: os preços, quando vamos fazer compras. Ofusca todas as belezas que existe", disse a escritora negra brasileira Carolina Maria de Jesus em uma das passagens do seu livro Quarto de despejo, publicado em 1960. Mais de 60 anos separam esse escrito dos tempos atuais no Brasil, entretanto, não se altera a realidade das mulheres negras, que chegam a receber 57% menos do que os homens brancos, segundo o Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE), e continuam sendo aquelas que têm a mira apontada para sua cabeça quando falamos em desigualdade socioeconômica.

O racismo atrelado ao machismo empurra essa parcela populacional ainda mais para as margens, em direção à vulnerabilidade social. O dinheiro parece repelir essas mulheres que, muitas vezes, são as responsáveis pelo sustento de famílias inteiras e que, em função disso, lutam eternamente contra uma conta que não fecha. Conforme dados mais recentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o percentual de domicílios brasileiros comandados por mulheres passou de 25%, em 1995, para 45%, em 2018.

Esses números ajudam a elucidar o quanto famílias negras e pobres enfrentam — além do racismo, obviamente — uma série de fatores limitantes. Lutam contra dois obeliscos de estruturas socioeconômicas que visam a barrar, impedir, proibir que elas se desloquem, cresçam, se emancipem ou, simplesmente, sonhem. Imaginar atualmente a vida de um núcleo familiar nos moldes citados já implica uma série de percalços que esses indivíduos enfrentarão. Agora, imagine a vida dessas pessoas ambientada nos EUA entre as décadas

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Marcha por direitos civis em Washington, D.C. (1963).
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Crédito: Library of Congress

de 1960 e 1970. Pois aí está desenhado o panorama do romance Mama, de Terry McMillan.

Nossa protagonista está quebrada financeiramente, vive em um bairro pobre — na localidade fictícia de Point Haven, no Michigan — e em uma casa que ela busca colocar sempre em ordem, apesar de o próprio lar já dar sinais de vencimento de seu funcionamento. Após mais um episódio traumático de violência doméstica, Mildred Peacock, aos 27 anos, se vê sozinha com os cinco filhos nos braços, sendo mais uma mulher negra contra o mundo.

Ela é a grande heroína da narrativa, mas não uma heroína nos moldes clássicos, com conduta ilibada. Mildred habita uma área cinzenta, a mesma que todos nós ocupamos pelo simples fato de sermos humanos. Nossa conduta é permeada por erros e acertos, assim como a dela. Entretanto, é possível notar que a personagem se aproxima dos heróis quando ela conta com seus próprios atributos para superar, de forma excepcional, um determinado problema ou situação. Mildred é agridoce, dura e engraçada, uma sobrevivente que faz qualquer coisa para manter unida sua família, formada por ela e os filhos — Freda, Dim-Dim, Lindinha, Boneca e Anjinho.

Mama é uma história honesta ao retratar a luta que é exercer a maternidade. Mas também a de uma mulher destemida, que não se permite habitar as sombras quando algo dá errado e que se mostra aberta para a vida, sem medo de viver grandes transformações. Em meio a todo esse caldeirão vivido por Mildred, somos mergulhados nas tensões vividas pelos filhos da protagonista, que trilham caminhos distintos e que nunca deixam de ser uma preocupação na cabeça dessa mãe.

A escrita da autora é dramática. Em muitas passagens, nos vemos encurralados e com a respiração ofegante como a das crianças durante os episódios de abuso. Somos lançados para dentro de um tabu que é a questão da saúde mental na população negra. Tabu, porque, além da falta de recursos para procurar um tratamento adequado, a população mais pobre — que concentra, em sua maioria, negros — também passa pela ridicularização, já que muitos recebem rótulos de “homem forte” e “mulher negra guerreira”, que precisam aguentar tudo. Tais estereótipos são assimilados, e as doenças mentais, por sua vez, são mascaradas,

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Mulher com criança no colo participa de protestos antirracistas nos EUA (2020).

Crédito: Clay Banks

principalmente, com o abuso do consumo de álcool. E, conforme nota-se no decorrer das páginas, se esse tipo de padrão comportamental não for identificado, as chances de ser repetido pelas próximas gerações são muito elevadas.

Em entrevistas, Terry McMillan revela que a obra foi inspirada em eventos de sua infância e personagens de Port Huron, Michigan, localidade onde ela cresceu. Contudo, o enredo não é uma autobiografia: a estrutura é retirada do passado, mas os detalhes são fruto da ficção, conta a escritora. De todo modo, o livro acaba sendo sobre a vida de alguém ou de várias pessoas. Porque é para um grande vazio que milhares de pessoas são empurradas, como os Peacock quase foram, quando o terreno é escasso em oportunidades e políticas públicas consistentes. Essas condições — vistas em todo o mundo, já que a sociedade moderna é amplamente calcada no racismo — ajudam a formar um exército de Mildreds. Mulheres negras cansadas de lutar, mas que permanecem nessa posição, pois é a única forma de sobreviver e manter vivos seus filhos.

REFLEXÃO
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A mentira que nos ensinaram a contar

YASMIN SANTOS

A trajetória errática de Mildred Peacock, protagonista de Mama, é fruto do mito da mulher negra forte

“Tenho vinte e sete anos e estou farta”, confessa Mildred a si mesma logo nas primeiras páginas de Mama. Os motivos de sua exaustão são muitos: os desaforos no trabalho, as contas por vencer, as cinco bocas para alimentar, os ciúmes excessivos de um marido infiel. Frágil e insegura como qualquer ser humano em sua situação, esconde quem é por trás de uma carcaça rígida.

Sua trajetória errática é fruto de um mito que a persegue: o da mulher negra forte. Nunca demonstrava muito carinho porque fazia com que se sentisse fraca. E odiava se sentir vulnerável. O único momento em que chorava sozinha era quando descascava cebolas. Apoiada numa autossuficiência inexistente, desmorona o tempo todo de forma silenciosa.

Ter colocado cinco crianças — Freda, Dim-Dim, Anjinho, Lindinha e Boneca — no mundo a fazia sentir-se como se realmente tivesse feito algo significativo da vida. E, ao mesmo tempo, era a certeza de que não seria atormentada pela solidão. Era a certeza de um futuro. Haveria sempre alguém por quem ela pudesse zelar.

De Mildred, ninguém cuidava. Parece que o colo que nega aos filhos é o mesmo que lhe é negado ao longo de sua vida conturbada. Finge ser forte porque ninguém nunca lhe ensinou a viver de outra forma. Sofre violência doméstica dos muitos maridos que teve, mas não parte (ou os manda embora) sem antes revidar; dispara tiros contra um estuprador. Passiva, Mildred nunca foi. Parece inconsequente, mas é movida por paixões.

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Não é ingênua. Os riscos que corre são fruto de suas escolhas, que quase sempre não são motivadas por razões nobres. Mildred não quer ser idealizada por sua pureza. É completamente humana. Quer ter sobrancelhas bem-feitas, sutiãs de renda e um corpo para aquecê-la à noite. Seus filhos lhe dão propósito, mas bem sabe que não se resume à figura de mãe.

“Amor não é afeto, não é um sentimento, é uma ação que pode ser demonstrada pelo respeito à individualidade do outro, pela escuta, pela partilha.”

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Terry McMillan constrói personagens negras que gozam. São senhoras de suas próprias vidas. Rompem as amarras que poderiam prendê-las a um homem, a um patrão/uma patroa, a uma moral ou a um bem físico. Mildred não mede esforços em busca do próprio prazer, por mais passageiro que possa ser.

Foi mãe aos 17 anos e logo entendeu que a maternidade significava tudo para ela. Mas queria criar sua prole nos seus próprios termos. Quando engravidou pela segunda vez, a grana estava curta, não titubeou e recorreu a um aborto caseiro. Uma semana depois, era como se nada tivesse acontecido. Não havia do que sentir culpa.

O lar da família Peacock é disfuncional. Ninguém ali foi alfabetizado na linguagem do amor. E, salvo engano, “amar” não é um verbo sequer utilizado em casa. Há cuidado, zelo, preocupação, mas não há a honestidade que o amor exige. Amor não é afeto, não é um sentimento, é uma ação que pode ser demonstrada pelo respeito à individualidade do outro, pela escuta, pela partilha. O amor não cede lugar à violência. Como escreve a feminista norte-americana bell hooks (1952–2021), “o amor é o que o amor faz”.

A relação entre a matriarca e sua primogênita, Freda, talvez seja a mais comovente. A menina tratou de envelhecer mais rápido para poder cuidar dos irmãos. Na ausência de Mildred, era ela a guardiã. As muitas responsabilidades lhe tomaram a infância. Aprende a ser forte como a mãe e, como ela, a descontar as agruras da vida no álcool — “a única fonte mais confiável de entretenimento” para os negros.

Um vazio parece perseguir a trajetória das personagens em Michigan, na Califórnia ou em Nova York. Atravessam o país em busca de algo de que não sabem o nome. É por ambição, têm desejos, objetivos e vontades. Mas há uma parte que falta que sexo nenhum preenche. Querem colo.

E encontram abrigo, décadas depois, uma na outra. A primogênita, única capaz de romper a hierarquia mãe-filha para desferir-lhe um tapa, é também a única que afaga seus cabelos e beija sua testa. Curam juntas suas feridas. É como se Freda ensinasse Mildred a parir, retirando-lhe o peso da maternidade dos ombros. É quando pode respirar aliviada e sentir que não anda só. E se permitir dizer, talvez pela primeira vez: “Eu te amo”.

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encontros TAG:

Guia de perguntas sobre Mama

1. Que reflexões sobre a maternidade podemos ter a partir da história de Mildred?

2. Você gostou da escrita de Terry McMillan? O que pensa da estrutura da narrativa e da linguagem empregada no romance?

3. Quais as suas impressões sobre as trajetórias dos filhos de Mildred, especialmente a de Freda? Reflita sobre os traumas da personagem e o modo como ela conduz a sua vida.

4. Leia a matéria da página 24 e compare a trajetória de Mildred com a de mulheres da vida real. Discuta possíveis paralelos com a realidade brasileira.

5. O que você achou do final? Acredita que tenha sido um destino justo para as protagonistas?

fevereiro março

Aposta da TAG, o livro de fevereiro foi escrito por uma autora australiana. Entre distopia e romance psicológico, a obra gira em torno de uma mulher fascinada por pássaros que entra em uma embarcação para acompanhar a última migração de andorinhas do Ártico para a Antártida. Durante essa viagem, segredos e traumas de seu passado vêm à tona.

Para quem gosta de: distopias, ficção contemporânea, jornadas de autodescoberta Indicado pela escritora luso-brasileira Tatiana Salem Levy, o livro de março é assinado por uma autora francesa contemporânea. Contemplando temas como imigração, feminismo, escândalos sexuais e midiáticos, a trama mostra uma grave acusação que paira em torno de uma família aparentemente perfeita.

Para quem gosta de: ficção contemporânea, literatura francesa, sátiras sociais

AGENDA
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“Foram os livros que me ensinaram que as coisas que mais me atormentavam eram as mesmas coisas que me conectavam com todas as pessoas que estavam vivas, que já estiveram vivas.”

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