Mai2015 "Patrimônio"

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Maio de 2015 PatrimĂ´nio


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Arthur Dambros arthur@taglivros.com.br Gustavo Lembert da Cunha gustavo@taglivros.com.br Tomás Susin dos Santos tomas@taglivros.com.br

COMERCIAL

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AO LEITOR

D

epois de enviarmos Neve, no mês passado, com quase quinhentas páginas – e das grandes! –, resolvemos aliviar um pouco. Aliás, quem resolveu aliviar foi Cíntia Moscovich, a quem orgulhosamente anunciamos como a mais nova integrante de nosso time de curadores. Ela aliviou em tamanho, apenas, pois o conteúdo da obra escolhida para o mês de maio pesa toneladas. Um dos maiores escritores da atualidade expõese de maneira inédita, em um dos raros livros de nãoficção de sua longa carreira. Não é, porém, uma obra triste, em tom depressivo. Mesmo estabelecendo como fio condutor a doença de seu pai, o autor, com seu notório humor ácido e impiedoso, conduz-nos pela vida de sua família, em uma narrativa simples e envolvente. Como disse Cíntia Moscovich ao indicar o livro para a TAG, a leitura da obra é urgente! Equipe TAG


Philip Roth


A INDICAÇÃO DO MÊS

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A curadora: Cíntia Moscovich O livro indicado: Patrimônio

ECOS DA LEITURA

18 20 22 24 26

Vai e Volta Filmografia de Philip Roth Rapidinhas Ian McEwan e Philip Roth Mapa de Leitores

A INDICAÇÃO DE JUNHO

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José Pacheco


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Indicação do Mês

A INDICAÇÃO DO MÊS


Indicação do Mês

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A CURADORA: CÍNTIA MOSCOVICH

O ano era 2008. Cíntia Moscovich já havia escrito um terço de seu próximo livro quando recebeu o diagnóstico de um grave câncer nas amídalas, que já apresentava metástase. Essa descoberta obrigou-a a suspender por dois anos não apenas a redação de seu livro, mas também toda a sua vida. Após quatro anos de tratamento, a escritora finalizou seus contos e lançou, em 2012, Essa coisa Brilhante que É a Chuva, seu mais recente livro. E a situação na qual se encontrava durante o momento em que redigiu a obra influenciou o destino dos personagens: “São personagens que passam por situações limite. Mas queria trabalhar isso com humor, brincar com os absurdos da vida”. Inicialmente, o livro conteria traços humorísticos mais marcantes – e é o que se encontra nos contos escritos antes de a escritora descobrir a doença. As outras histórias, porém, sofreram o acréscimo do desafio pessoal, intransferível, solitário. Uma mulher que sofre um ataque cardíaco e tenta buscar socorro, um homem obeso que não consegue livrarse do controle de sua mãe, e uma doceira que encontra no diagnóstico de um câncer o pretexto para dar uma virada em sua vida – difícil não associar com as vicissitudes encontradas pela própria escritora. Retratando o duelo das pessoas contra a fatalidade, Cíntia Moscovich recorre a imagens fortes para retratar a frustrada tentativa humana de controlar o próprio destino, ironizando a suposição de que é possível escolher qual o próximo passo a ser dado.

Passei quatro anos envolvida com a doença. Não só por estar envolvida com o tratamento, mas o próprio câncer provoca uma estafa mental. Percebi que concluir o livro era uma forma de voltar a ser eu. Ser escritora é a única coisa que sou. As pessoas dizem que você nunca volta a ser o mesmo depois do câncer. Isso não é força de expressão, é a verdade. Hoje me emociono com coisas simples, como passar manteiga no pão. -Cíntia Moscovich


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Indicação do Mês

Nascida em 15 de março de 1958 na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Cíntia Moscovich é escritora, jornalista e mestre em Teoria Literária, tendo exercido atividades de tradutora, consultora literária, revisora e professora. Dentre inúmeros prêmios literários conquistados, destaca-se o primeiro lugar no Concurso de Contos Guimarães Rosa, instituído pelo Departamento de Línguas Ibéricas da Radio France Internationale, de Paris – ao qual concorreu com mais de mil outros escritores de língua portuguesa - e o Prêmio Jabuti pela categoria Contos, em 2005. Em 2013, recebeu os prêmios Portugal Telecom e Clarice Lispector. Em seus cursos de escrita criativa, um dos temas recorrentes é a tentativa de fugir dos clichês. “É a obviedade, a banalidade, a fórmula pronta. O que o personagem faz quando o autor não sabe o que fazer com ele? Olha pela janela. Se for uma história de amor, ele vai ver um casal de namorados. Mas pode ser pior. Nosso herói vai para a janela e não passa ninguém. E ele fica o quê? Meditativo. Ou ainda pior: fica ‘perdido em seus pensamentos’.” Seu primeiro livro, Reino das Cebolas, foi publicado em 1996, indicado ao Prêmio Jabuti. Desde então, publicou seis livros e participou de diversas antologias, das quais se destacam Os Melhores Contos Brasileiros do Século e 25 Mulheres que Estão Fazendo a Nova Literatura Brasileira. Frequentemente comparada a Clarice Lispector, Moscovich admite ser leitora voraz da escritora desde jovem, e não esconde as influências da ucraniana-brasileira em sua formação, assim como Isaac Bashevis Singer, prêmio Nobel de Literatura. É de Moacyr Scliar, porém, que a escritora é considerada sucessora, que também se valia de sua origem judaica na cidade de Porto Alegre para ambientar muitas de suas histórias, explorando o choque entre tradição e vanguarda, entre a velha e a nova geração, entre os preceitos dos velhos e os preconceitos dos jovens.


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Os leitores não encontrarão cenas de violência, tragédia ou aventura em suas obras: Cíntia Moscovich foca nas angústias inerentes ao ser humano, retratando a sensibilidade de homens e mulheres para lidar com suas rotinas, frustrações e alegrias. Simplicidade que já conquistou leitores na Itália, Estados Unidos, Argentina e Espanha.

As duas formas de vida ideais, para mim, é quando eu estou sentada lendo ou escrevendo. -Cíntia Moscovich


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PATRIMÔNIO, DE PHILIP ROTH, foi o livro indicado por Cíntia Moscovich à TAG.


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POR QUE LER PATRIMÔNIO?

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EM PRIMEIRO LUGAR, PORQUE PHILIP ROTH É UM DOS MAIS IMPORTANTES AUTORES DA CONTEMPORANEIDADE – E, COM MÁXIMA CERTEZA, DE TODOS OS TEMPOS. DEPOIS, DEVE-SE LER ROTH POR CAUSA DE SUA RARA SENSIBILIDADE PARA O DRAMA HUMANO. NESSE LIVRO, EM PARTICULAR, A HISTÓRIA DA DECADÊNCIA FÍSICA E MORTE DO PAI DO PROTAGONISTA/AUTOR É CONTADA DE UMA FORMA CRUA, MAS AO MESMO TEMPO BELA: A DIGNIDADE DO PAI E A DO FILHO DIANTE DO PAI SE JUSTIFICAM E SE MANTÊM EXCLUSIVAMENTE PELO AFETO. GRANDE LIVRO DE UM GRANDE AUTOR.

É URGENTE LER JÁ. CÍNTIA MOSCOVICH


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Philip Roth com seu irmão e seu pai


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O LIVRO INDICADO: PATRIMÔNIO Quando pensamos sobre como deve ter sido o início de carreira de um escritor do tamanho de Philip Roth, dificilmente imaginamos que foi amarga, temperada com inúmeras críticas e polêmicas. Não poderíamos estar mais longe da verdade. Nascido em 1933, em Newark, New Jersey, Philip Milton Roth publicou seu primeiro texto em 1958, para a revista americana The New Yorker. No dia do lançamento da edição, a cada meia hora corria à banca para verificar se já tinha sido lançada, ansioso por ver seu texto publicado. Quando finalmente conseguiu comprála, leu dezenas de vezes o texto, cada vez mais feliz de ver seu trabalho impresso, sua maior conquista. No dia seguinte, porém, a The New Yorker passou a receber inúmeras cartas indignadas de assinantes judeus, que pediam o cancelamento de sua assinatura por sentiremse ofendidos com o texto, enquanto Philip Roth recebia dezenas de telefonemas e cartas chamando-o de nazista e anti-judeu. “Como eu poderia ser algo que odeio?”, questionou, na época, sem imaginar que aquelas críticas seriam as primeiras de muitas que o acompanhariam ao longo de sua polêmica trajetória, culminando em ser um dos nomes mais cotados para o próximo Nobel de Literatura. Intitulado O Defensor da Fé, o texto escrito para a The New Yorker foi posteriormente incorporado ao seu primeiro livro, Adeus, Columbus (1959), composto por uma novela e cinco contos. Nas palavras do escritor Saul Bellow, “é um livro de estreia, mas não de principiante” – não é à toa que venceu o National Book Award.

Philip Roth é uma lenda. -Ian McEwan, autor de Solar, enviado em fevereiro pela TAG.


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Curiosamente, apesar das premiações e elogios que começaram a acompanhar sua carreira, Roth só obteve estrondoso sucesso no momento em que atingiu o máximo do escândalo: em 1969, com a publicação de seu quarto livro, intitulado Complexo de Portnoy, que retrata a história de um garoto acometido por um vício em masturbação. À época, tratar de um assunto como esse de maneira tão aberta foi considerado um escândalo. “Vergonha não é para escritores. Você tem de ser semvergonha. Na verdade, você não quer ser indecoroso, mas tem de ser.” Por explorar desconfortáveis problemas culturais e familiares, dos aspectos religiosos do judaísmo à masturbação, Roth foi considerado por muitos críticos como um “encrenqueiro literário”. Desde então, Roth tem conquistado leitores de todas as idades ao redor do mundo – em 2009, foi fundada a Philip Roth Society, instituição criada apenas por fãs, a fim de discutirem suas obras e manteremse informados a respeito do escritor. Composta por professores universitários de diversos países, a PRS ainda possui uma revista anual. Nascido em uma família judia não-religiosa, Philip Roth emprega diversas cenas de sua infância para dar vida aos personagens. O bairro Weequahic, em Newark, é um frequente cenário para suas histórias, bem como a escola em que estudou quando pequeno e locais comunitários das redondezas. Apesar das cenas em comum, cada livro contém seus próprios ingredientes, tornando a história única: em Complô Contra a América, por exemplo, que também se passa em Newark, Roth imagina um passado americano alternativo, no qual Charles Lindbergh, herói da aviação, assume a presidência americana em 1940 e passa a negociar com o governo alemão para instituir um programa nazista nos Estados Unidos. Outra grande influência em sua carreira foi a trágica morte de sua ex-mulher, Margaret Martinson, em um acidente de carro, em 1968. Após seu falecimento, Martinson inspirou diversas personagens femininas das obras que foram lançadas nos anos subsequentes ao acidente. A maior parte de seus livros envolve temas autobiográficos – especialmente quando a história é


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narrada por seu alterego Nathan Zuckerman, presente em nove obras. Essas “vozes ficcionais” criam um complexo e enganoso retrato do autor, que insiste na divisória entre sua ficção e a realidade.

Eu escrevo ficção e dizem que é autobiografia. Eu escrevo autobiografia e dizem que é ficção. Então, como eu sou tão estúpido e eles tão inteligentes, deixo que eles decidam o que é e o que não é. -Philip Roth

Muito mais do que um artesão de enredos, capaz de mesclar a história dos Estados Unidos e o vício em masturbação como tema para seus livros, Roth é um exímio analista do cotidiano. Para descrever uma cena em um estúdio de taxidermia – popularmente conhecido como o local onde “empalham” os animais – em Casei com um Comunista, conta que teve de visitar um especialista para entender como funcionava. As joalherias retratadas em O Homem Comum são frutos de caminhadas pela Broadway, atentando para tudo o que estava ao seu redor e visitando as lojas que despertavam seu interesse.

Preciso juntar dois gravetos de realidade para poder formar uma fogueira real – algo com que as pessoas se identifiquem. -Philip Roth O Teatro de Sabbath (1995), escolhido por Roth como seu livro preferido, rendeu-lhe outro National Book Award, enquanto Pastoral Americana (1997) recebeu o Prêmio Pulitzer. Este último, junto a Casei com um Comunista (1998) e A Marca Humana (2000), foi considerado por Roth sua “trilogia americana”: cada uma dessas novelas retrata o pós-guerra, em uma nostálgica lembrança de Nathan Zuckerman sobre sua infância. Após décadas retratando problemas em famílias similares à sua, em Patrimônio (1991) Roth depara-se com um drama real: com um início de paralisia facial, seu pai descobre um tumor no cérebro, e necessita dos


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cuidados do filho durante o tratamento. Indicado por Cíntia Moscovich à TAG, esse é um dos poucos livros de não-ficção escritos pelo americano. Mesmo partindo de um episódio sombrio, Roth evita o tom depressivo tão recorrente nesse tipo de narrativa.

Li o livro deliciada com as tiradas de humor ácido, com a ironia sem concessões, com a delicadeza despida de falsidades e exageros. Garanto que jamais se lerá algo tão tocante sobre a morte de um pai e sobre o entendimento de um legado. -Cíntia Moscovich

Patrimônio descreve a relação de um filho com o pai à beira da morte – mas não um filho qualquer. Philip Roth, considerado recluso e rabugento por muitos críticos, abre seu coração em relatos íntimos, admitindo dar vazão às emoções que sentia sem antepor a fachada viril, madura ou filosófica: sozinho, chorava compulsivamente ante a situação em que se encontrava seu pai. Herman Roth, vendedor de seguros aposentado, não luta apenas contra um tumor, mas também contra a velhice e o esquecimento, enquanto Philip acompanha-o pelo estágios finais da vida com dedicação e carinho, assombrado com sua persistente vontade de viver. Para entendermos a personalidade de seu pai e o relacionamento dele com a família, embarcamos nas memórias de Philip Roth desde a infância até os dias atuais. As diferenças geracionais entre pai e filho são exploradas ao longo da história, com uma análise do escritor sobre o papel que o acesso à educação teve na sua vida, reconhecendo e enaltecendo o esforço paterno em prover o necessário para que Roth pudesse ser quem ele é.


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Cada livro sublinhado, de margens anotadas, cada disciplina cursada e cada ensaio escrito expandiam a divisória mental que vinha se tornando cada vez maior entre nós desde que eu, prematuramente, entrara no colegial aos doze anos, mais ou menos na mesma idade em que ele abandonara a escola para sempre para ajudar seus pais imigrantes e todos seus irmãos. -Trecho retirado do livro Único autor vivo a merecer uma edição de suas obras na editora The Library of America, dedicada a escritores altamente consagrados, Philip Roth produziu mais de trinta livros ao longo de sua carreira. Seu último lançamento foi em 2010, com Nemesis. Em 2012, anunciou que sua carreira chegava ao fim, e solicitou que não mais o convidassem para aparições públicas. Difícil imaginar que alguém com um relacionamento tão íntimo com os livros deixará de lado a letra impressa para sempre.


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ecos da leitura


Ecos da Leitura

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Philip Roth teve um fim de relacionamento conturbado com a atriz Claire Bloom, que acabou sendo matéria para a história de dois livros. Vai e Volta, o primeiro Eco deste mês, apresenta o que cada um dos dois fez após a separação. Reunimos todos os livros do autor de Patrimônio que foram levados à telinha em uma Filmografia de Philip Roth, com o elenco e uma breve sinopse de cada um deles. Toda vez que pesquisamos o escritor do livro do mês, descobrimos diversas curiosidades a respeito de sua vida. Algumas contam uma história com tamanho suficiente para um Eco, enquanto outras são curtinhas, mas não menos interessantes. Neste mês, reunimos algumas Rapidinhas, com fotos e curiosidades de Roth, que não podiam ficar de fora! Frequentemente, grandes escritores tornam-se amigos, e debatem ideias para a construção de futuros livros. Ian McEwan, autor já enviado pela TAG, é amigo pessoal de Philip Roth, e conta um caso de uma discussão com o americano sobre uma obra que estava escrevendo. Ao mesmo tempo em que você abre a sua caixinha, outros associados fazem o mesmo em diversos e longínquos lugares do país. Vocês sabem onde estão os demais associados da TAG? Para finalizar os ecos deste mês, desenhamos um Mapa de Leitores e marcamos os estados onde vocês se encontram! Equipe TAG contato@taglivros.com.br


18 Ecos da Leitura

VAI E VOLTA Em Patrimônio, Philip Roth cita seu relacionamento com a atriz Claire Bloom, sua segunda esposa, companheira por dezoito anos, com quem veio a se casar em 1990. Quatro anos mais tarde, porém, eles se separaram, e em 1996 Bloom publicou um livro de memórias intitulado Leaving a Doll’s House, no qual retrata com detalhes a vida íntima do casal, expondo uma faceta – depreciativa – de Philip Roth até então desconhecida do público. No livro, Bloom atesta que Anna, sua filha, foi expulsa de casa porque Roth não a aturava, e teria posto como condição para o casamento que ela não estivesse morando com o casal. Quando Anna pediu para morar três meses com a mãe, em Nova York, para participar de um curso, Bloom escreve que Roth teria dito que acabaria o casamento se a menina vivesse com eles durante esse tempo. Então, em 1998, Roth lançou o romance Casei com um Comunista, no qual insere a personagem Eva Frame, a ex-mulher do protagonista, descrita como uma atriz de cinema que acaba com a carreira de seu marido, e que escreve um livro de memórias criticando seu casamento. Na história, Roth questiona “Será que ela imaginou que o esquentadinho não ia fazer nada em resposta?” Se o questionamento foi direcionado a Frame, a resposta foi para Bloom.


Ecos da Leitura

Philip Roth e Claire Bloom

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FILMOGRAFIA DE PHILIP ROTH

20 Ecos da Leitura

REVELAÇÕES (2003) Com Anthony Hopkins e Nicole Kidman, o filme foi baseado no livro A Marca Humana, lançado em 2000. Um pacato professor de uma cidade interiorana tem um caso escondido com sua empregada doméstica, e a descoberta pode trazer à tona um segredo que ele esconde há mais de cinquenta anos.

FATAL (2008) Ben Kingsley interpreta David Kepesh, professor de Literatura que tem sua vida virada de cabeça para baixo quando começa a se envolver com a jovem Consuela Castillo, interpretada por Penélope Cruz. Este filme foi baseado em O Animal Agonizante, lançado em 2006.


Ecos da Leitura

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Diversos livros de Philip Roth já foram adaptadas para a telinha. Selecionamos aqui os mais recentes, para que você possa assistir no conforto de sua casa - após ter lido os livros que os inspiraram, é claro.

O ÚLTIMO ATO (2014) Lançado no final do ano passado, este filme foi baseado no livro A Humilhação, de 2009. Aos 65 anos, Simon Axler (Al Pacino), um renomado ator de teatro, constata que não sabe mais atuar. De uma hora para outra, toda sua autoconfiança se esvai, e sua vida entra numa espiral de perdas: sua mulher vai embora, o público o abandona e seu agente não consegue convencê-lo a retomar o trabalho. Obcecado com a ideia do suicídio, Simon interna-se numa clínica psiquiátrica.

PASTORAL AMERICANA (2016) Está previsto para o próximo ano o lançamento do filme Pastoral Americana, baseado no livro homônimo agraciado com o Prêmio Pulitzer, com elenco composto por Ewan McGregor e Dakota Fanning. A história narra os esforços de Seymour Levov para manter de pé um paraíso feito de enganos, ao mesmo tempo em que sua filha revolta-se com a invasão americana no Vietnam e decide tornar-se terrorista.


22 Ecos da Leitura

RAPIDINHAS ROTH E A TECNOLOGIA “Escrevo em computador, como fiz antes com a máquina de escrever. É óbvio que as máquinas facilitam a finalização de um texto. Só que as coisas estão se transformando muito rapidamente para meu gosto. Não consigo achar graça em ler livros em formato eletrônico e em e-reader. A cultura literária como conhecemos vai acabar em 20 anos. Ela já está agonizando. Obras de ficção não despertam mais interesse dos jovens, e tenho a impressão de que não são mais lidas. Hoje, a atenção é voltada para o mais novo celular, o mais novo tablet.” Não que não achemos graça nos livros eletrônicos – afinal, todas as formas de leitura são válidas. Em um ponto, porém, a TAG concorda com Roth: nada substitui o cheirinho do papel impresso e a construção de uma biblioteca pessoal! Por isso, assim como Roth, desejamos que o livro físico permaneça – e, ao contrário das tristes previsões do autor, cresça! Você também acha o e-reader sem graça? E que o jovem de hoje em dia não lê? Conte-nos sua opinião: contato@taglivros.com.br

PHILIP ROTH DESMASCARADO Recluso e desconfiado, Philip Roth é conhecido por conceder muito poucas entrevistas. No entanto, em 2013, pela primeira vez, permitiu que um jornalista passasse dez dias em sua companhia, filmando suas longas conversas. O resultado foi um documentário de noventa minutos, intitulado Philip Roth Unmasked, em que o escritor discute livremente aspectos íntimos de sua vida e profissão.


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“VOCÊ SABE QUE LI UM ÚNICO AUTOR BRASILEIRO? É A IMAGEM QUE TENHO DO BRASIL. NÃO ME RECORDO DO NOME DELE, MAS É UM ROMANCE IRÔNICO, DE NARRATIVA DESCONTÍNUA, SOBRE UM HOMEM MORTO QUE CONTA SUAS PAIXÕES E CONFUSÕES EM PRIMEIRA PESSOA. ADOREI...” –Philip Roth

E aí, descobriu que livro é esse? Se você pensou em Memórias Póstumas de Brás Cubas, acertou! Saudoso Machado, representando a literatura brasileira mundo afora...


24 Ecos da Leitura

IAN MCEWAN E PHILIP ROTH O escritor britânico Ian McEwan, autor do livro Solar, enviado pela TAG em fevereiro, é amigo pessoal de Philip Roth. Para matar a curiosidade sobre como deve ser uma conversa entre esses ícones da Literatura contemporânea, segue uma breve história contada pelo próprio McEwan ao jornal inglês The Guardian.

“Philip veio ao meu apartamento, em Londres, uma vez, em uma época em que nos víamos com frequência, e eu acabava de finalizar Jardim de Cimento. Philip pediu para ler o rascunho. Quando voltou para minha casa, ele estava muito animado, e espalhou todas as páginas pelo chão. ‘Isso é ótimo!’, ele exclamava. ‘A segunda metade, porém, não está tão boa. O que eu faria é o seguinte...’, e começou a descrever o que deveria acontecer na história. Enquanto ele falava, eu percebi: estou diante de um brilhante romance de Philip Roth! Simplesmente não podia usar nada do que ele estava sugerindo.”


Ecos da Leitura 25

ESPAÇO DO LEITOR

A cada mês que passa, mais associados enviam suas percepções dos livros, das revistas, e dizem-se curiosos para saber o que os outros têm achado das leituras. Decidimos, então, criar uma seção Espaço do Leitor, que estará presente em todas as revistas a partir do próximo mês, e que servirá para trazer as impressões dos nossos associados quanto aos kits recebidos, histórias individuais, fotos pessoais ou de bibliotecas compartilhadas pelos leitores – enfim, um espaço aberto para que cada um possa contribuir com o que achar relevante.

O QUE VOCÊ TEM PARA FALAR SOBRE SUAS LEITURAS? Por favor, não deixe de enviar os seus comentários sobre os livros ou sobre o clube para associado@taglivros.com.br!


26 Ecos da Leitura

MAPA DE LEITORES

A partir do próximo mês, vocês começarão a interagir mais, com um Espaço do Leitor nas revistas. De onde são, então, as pessoas com quem vocês estarão interagindo? Apesar de a TAG ainda ser um clube em crescimento, percorrendo o tortuoso caminho das iniciativas literárias no Brasil, ficamos felizes de ver que existem leitores apaixonados ao redor do país inteiro. Quase um ano depois de termos iniciado a TAG, decidimos listar em quais estados deste país continental estamos presentes. Ao mesmo tempo em que você recebe nosso kit, diversas pessoas, de diferentes culturas, espalhadas pelo nosso país, estarão abrindo a mesma caixa, e iniciarão sua experiência literária mensal.


Ecos da Leitura 27

92 CIDADES 21 ESTADOS


28 Indicação de Junho

A INDICAÇÃO De JUNHO

A obra selecionada para o mês de junho, escrita pelo autor alemão mais traduzido do século XX, narra a história de um jovem brâmane, classe sacerdotal hindu, que rompe com a família e aventura-se pelo mundo para escrever sua própria história. O leitor acompanha não apenas o longo caminho trilhado pelo personagem, mas também sua maturidade e crescimento intelectual ao longo do tempo. Carregada de fortes traços autobiográficos, a aventura inquieta do personagem é reflexo do temperamento do próprio autor, que logrou transformar em literatura seus sofrimentos e experiências.


Indicação de Junho 29

O CURADOR: JOSÉ PACHECO

Eu tenho a minha trilogia, que fica na minha cabeceira, para onde eu frequentemente retorno em diferentes momentos da minha vida. O livro selecionado está nela.

O professor português José Pacheco é do tempo do giz, mas apagou do quadro nego a ignorância de um sistema educacional retrógrado. Fundador da revolucionária Escola da Ponte, Zé transformou em realidade os sonhos de pensadores como Jean Piaget e Paulo Freire, e tornou-se um dos principais educadores do mundo. Radicado no Brasil há mais de dez anos, Pacheco é também autor de diversas obras, entre elas Para Alice, com Amor (2008) e Diálogos com a Escola da Ponte (2014).

Informações completas a respeito do curador do mês e do livro recomendado podem ser encontradas em www.taglivros.com.br ou então na revista do próximo mês. Caso já tenha lido o livro, envie e-mail para contato@taglivros.com.br para conhecer as alternativas.


contato@taglivros.com.br www.taglivros.com.br facebook.com/taglivros @taglivros

-Mario Quintana-


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