Setembro de 2015 Noite do Orรกculo
REDAÇÃO
Arthur Dambros arthur@taglivros.com.br Gustavo Lembert da Cunha gustavo@taglivros.com.br Tomás Susin dos Santos tomas@taglivros.com.br
COMERCIAL
Álvaro Scaravaglioni Englert alvaro@taglivros.com.br Guilherme Rossi Karkotli guilherme@taglivros.com.br Pablo Soares Valdez pablo@taglivros.com.br
REVISÃO ORTOGRÁFICA
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PROJETO GRÁFICO
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ILUSTRAÇÃO DA CAPA Laura D. Miguel lauradep@gmail.com
IMPRESSÃO
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AO LEITOR “Me senti acolhida e motivada a mergulhar em mundos novos. E me senti que nem criança abrindo o pacote para descobrir o livro surpresa. Saindo na zona de conforto literária em 3, 2, 1…”, foi o que escreveu Raquel, uma de nossas associadas, junto à foto da caixa sendo aberta. Essa é uma das coisas que mais valorizamos: a diversificação da experiência literária, o descobrir de novos mundos, o sair da zona de conforto. Mas se nós, da TAG, queremos proporcionar isso a você, temos também que experimentar essa sensação, certo? É por isso que nossos curadores são peças essenciais à TAG. Eles fazem com que cada mês seja, também para nós, uma surpresa! Temos um carinho e um orgulho especiais por nossos curadores, e por isso os escolhemos a dedo. Afinal, são apenas doze por ano – doze curadores, doze livros, de uma infinidade. Já falamos, e repetimos: eles não são escolhidos por suas ideologias ou opiniões. Convidamos por sermos admiradores de seus trabalhos, curiosos de suas indicações, e por entender seu peso e relevância no cenário intelectual e literário. Depois de Mario Sergio Cortella, Frei Betto, Patch Adams e tantos outros, Gregorio Duvivier é mais um que nos enche de orgulho! E quanto à obra que ele indicou? Mais ainda! Esperamos passar a vocês um pouco desse sentimento todos os meses! Equipe TAG
A INDICAÇÃO DO MÊS
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O curador: Gregorio Duvivier O livro indicado: Noite do Oráculo
ECOS DA LEITURA
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A Boneca Russa Paul Auster, o ilusionista. Como Chico conquistou Paul Auster Paper Palace e o caderno azul Auster, Roth e o fim da ficção
A INDICAÇÃO DE OUTUBRO
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Marcelo Gleiser
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Indicação do Mês
MENDIGO
Recentemente, Gregorio Duvivier escreveu um esquete humorístico para o canal Porta dos Fundos intitulado Mendigo. O vídeo foi ao ar com a seguinte descrição/nota explicativa: “Nós os vemos pelas ruas da cidade quase todos os dias. Sujos, com fome e sem abrigo, eles circulam entre nós quase invisíveis fazendo de tudo para sobreviver dignamente. E quem é você para julgar se ele revira o lixo ou depende da caridade dos outros?”. O vídeo começa com uma cena mais ou menos assim: um mendigo está sentado no chão da calçada ao lado de um cachorro. Uma mulher, que passa pela rua, comove-se com a situação e para em frente aos dois. Olha para o mendigo, aponta para o cachorro e, com uma voz carregada de dó e tristeza, pergunta ao homem:
Oi, desculpa, mas está tudo bem com ele? Acho que tá. Mas o que ele está fazendo na rua, moço? Ah, ele mora comigo. Lugar de cachorro não é na rua. Mas é que eu moro na rua. Mas é que você é mendigo. É, eu sei. Nenhum cachorro merece essa vida. É verdade. Ele dorme no chão mesmo? Dorme. E quando chove? A gente vai ali pra baixo da marquise. Não pode... um cachorro lindo desses! Vem cá, ele tem o que comer? Ah, depende né, tem dias que sim, dias que não. Você leva ele no veterinário? Não tenho dinheiro para isso não. Ah, então eu vou te dar tudo que eu tenho... aqui, ó. Por favor, leve ele no veterinário, compre uns brinquedinhos para ele. Não vai comprar comida pra você, hein! Tem uma marca de ração, que é gourmet, chama Pet Cousine, que ele vai adorar. Por favor, repete para mim, só para saber se você entendeu. Pet co-u-si-ne. Compra também uma caminha pra ele, porque ninguém merece dormir nesse papelão nojento, tá? E me desculpa, viu? Eu tô meio envergonhada, fui levada pelo momento, terminei nem perguntando como você está, né? Ah, a gente vai levando, a vida às vezes é meio difícil, mas... Ah, não, desculpa, eu tô falando com o cachorro.
Indicação do Mês
O humor do Porta dos Fundos é um humor a ser levado a sério. Não há, nos esquetes, a busca pela comicidade pura, que alguns chamam de riso fácil. Não há nada de errado no riso fácil. No entanto, o Porta busca não somente fazer rir mas, ao mesmo tempo, provocar reflexões. O humor é a melhor maneira de abalar as certezas e os preconceitos do espectador. GREGORIO DUVIVIER
Cena de Mendigo, do Porta dos Fundos
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Indicação do Mês
A INDICAÇÃO DO MÊS
FOTO: PEDRO BOTTON
Indicação do Mês
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O CURADOR: GREGORIO DUVIVIER
Certa vez, o escritor Antônio Prata, filho de Mário Prata, nosso curador de julho, perguntou a Gregorio Duvivier: “Se alguém apontasse uma arma à sua cabeça e pedisse para você decidir: ator, roteirista, poeta ou cronista, o que você diria?”, ao que vem a resposta: “Cara, abaixa essa arma”. Ator ou autor, na poesia ou na prosa, no texto ou na tela, Gregorio Duvivier é cada uma dessas coisas, e todas elas, ao mesmo tempo. Com respostas improvisadas e textos inteligentes, Duvivier vem despontando na cena contemporânea como um dos mais influentes comunicadores do país. Essa confluência de gêneros e estilos começou com seus pais. Filho do músico e artista plástico Edgar Duvivier e da cantora Olivia Byington, Gregorio nasceu em 1986, no Rio de Janeiro, cercado por expressões artísticas. “Eu tive a sorte de conhecer o Millôr Fernandes quando eu era ainda muito pequeno”, conta Gregorio. “Sempre fui seu fã, desde criança, porque eu tinha um livro lá em casa que se chamava Millôr Definitivo, uma coletânea de frases do autor que eu sabia de cor. Eu adorava, era como um dicionário para mim. Um dia, minha mãe chegou em casa com um amigo, e me chamou. ‘Gregorio, vem aqui!’, ela disse, ‘Esse aqui é o Millôr.’ E aí eu respondi: ‘O definitivo?’”. Aos nove anos de idade, chegou a vez do teatro somar-se à literatura. Por sugestão dos pais, que perceberam a timidez do filho, Gregorio entrou na Tablado, famosa escola de teatro carioca, onde permaneceu por uma década. Quando tinha dezessete anos, prestes a ingressar no curso de Letras na PUC-Rio, formou, com Marcelo Adnet, Fernando Caruso e Rafael Queiroga, o Z.É. Zenas Emprovisadas, peça humorística há onze anos em turnês pelo país. Desde então, já participou de séries de televisão como A Grande Família, de filmes como Apenas o Fim (2009) e encenou diversas
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Indicação do Mês
peças, entre elas Uma Noite na Lua, com a qual venceu o prêmio APTR de melhor ator em 2012. Em 2008, no mesmo ano em que se formou em Letras, lançou seu primeiro livro, a coletânea de poemas A Partir de Amanhã Juro que a Vida Vai Ser Agora, que foi elogiado pelo próprio Millôr: “Um livro para ser lido como o Gregorio escreveu: com emoção e perspectiva”. Em 2012, veio seu segundo livro de poemas, Ligue os Pontos, que consolidou Duvivier na cena literária.
Descobre-se uma nova e intensa estrela no horizonte da poesia brasileira. -Marcelo Coelho, escritor Gregorio tornou-se conhecido pelo grande público quando, ainda em 2012, foi um dos idealizadores do Porta dos Fundos, canal de vídeos humorísticos para a internet, em que trabalha como roteirista e ator. Já em suas primeiras publicações, o canal ultrapassou a marca de cinco milhões de visualizações, equiparando-se à audiência de grandes redes televisivas. No ano seguinte, Gregorio aceitou o convite para ser colunista da Folha de São Paulo, mais uma vez exercendo sua capacidade de dialogar com diferentes públicos em diferentes veículos. Em 2014, misturou tudo isso e publicou seu mais recente livro, Put Some Farofa, de onde foi extraído o primeiro parágrafo desta seção. A farofa, do título, representa o estilo de humor do autor: aceita tudo – ovo, banana, bacon – e é servida com qualquer acompanhamento, característica muito brasileira. Seu livro é dessa forma, misturando crônicas com esquetes, textos do jornal Folha de São Paulo com roteiros do Porta dos Fundos.
Nem todo bom humorista é um bom cômico, nem todo bom comediante é um bom ator e nem todo bom roteirista é um bom cronista. Gregorio Duvivier é tudo isso ao mesmo tempo e vice-versa. É econômico – você paga por um Duvivier e leva seis. -Luis Fernando Verissimo
Indicação do Mês
1 no princípio era o verbo uma vaga voz sem dono vagando pela via láctea. depois veio o sujeito e junto com ele todos os erros de concordância. Poema Gênese II, do livro Ligue os Pontos
2 a palavra para que antes fazia as pessoas pararem agora já não tem acento igual à palavra para que indica que as pessoas estão indo para algum lugar geralmente sem parar isso é um sinal dos tempos o que antes parava agora não para não Poema não para não para não para não, do livro Ligue os Pontos
3 enquanto você dormia liguei os pontos sardentos das suas costas na esperança de que a caneta esferográfica revelasse a imagem de algum ser mitológico de nome proparoxítono o mapa detalhado de algum tesouro submerso formasse quem sabe alguma constelação ruiva oculta na epiderme e me deparei com o contorno de um polígono arbitrário que não me fornecia metáforas não apontava direções simplesmente dizia: você está aqui. Poema Ligue os pontos, do livro Ligue os Pontos
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Entre tudo isso, um denominador comum: o humor. “Mas se o humor é a linguagem, o que ele comunica?”, perguntamos a Gregorio. “O humor, assim como a poesia, é o que faz a vida valer a pena. Uma boa piada explica a vida, assim como um bom poema. Acredito muito no poder revelador do humor, e da arte de modo geral. As verdades estão escondidas, soterradas atrás dos nossos preconceitos e certezas: a arte limpa e dá a ver a verdade, que para mim é sinônimo de beleza”. Acima de todos os seus estilos literários ou rótulos profissionais, Gregorio é um artista, um poeta, no sentido amplo e profundo da palavra, que expressa e evidencia a beleza da condição humana. E o melhor: faz isso da forma mais agradável que existe, rindo e provocando o riso.
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ENTREVISTA Quando questionado sobre seus livros favoritos, e desafiado a escolher um deles para enviar aos associados da TAG, Gregorio selecionou Noite do Oráculo, de Paul Auster. Trouxemos um trecho da entrevista realizada com o humorista, para que você possa entender melhor os motivos da indicação deste mês!
Por que o livro Noite do Oráculo merece ser lido? O que você diria aos associados da TAG, que logo estarão com a obra em mãos, prestes a começar a primeira página?
Noite do Oráculo fala do poder da literatura. Toda narrativa é transformadora, para quem escreve e para quem lê. O que você espera da literatura é que ela seja melhor que a vida. Esse livro fala sobre o que se espera de um livro - e o que ele acaba nos dando.
Gregorio lendo Noite do Oráculo configura situação interessante: um escritor lendo a história de um escritor sobre um escritor. Quais os sentimentos, reflexões e paralelos que surgiram nessa sobreposição de escritores?
Os livros do Paul Auster me tocam especialmente porque usam a ficção para falar da ficção. Todo livro dele fala do poder de um livro, e metalinguisticamente, acabam exercendo um poder sobre a minha vida. Gosto muito desse jogo de espelhos em que você não sabe discernir o que é ficção e o que é a realidade. Noite do Oráculo parece uma boneca russa. Dentro de cada narrativa se esconde outra narrativa - e muitas vezes o que é narrado acaba assumindo as rédeas da narração. A vida imita arte que imita a vida e no fundo talvez tudo seja a mesma coisa.
Proust dizia que cada grande escritor escreve em uma língua estrangeira. Qual a “língua estrangeira” de Paul Auster? O que sua escrita tem de particular?
Paul Auster escreve limpo, sem firulas. Gosto muito do estilo seco, que flerta um pouco com o romance policial. Ele diz o essencial, o que precisa ser dito. É um estilo muito narrativo e pouco descritivo: a descrição, como no cinema, se dá através da ação eventualmente, dos diálogos. O humor aparece quase sem querer, em decorrência dos acontecimentos.
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Querido Paul, desculpe qualquer coisa. Don’t mind the mess.
Se você soubesse que Paul Auster está para receber a versão traduzida do Put Some Farofa. O que você diria para ele, antes que comece a leitura?
Querido Paul, desculpe qualquer coisa. Don’t mind the mess. Não repara a bagunça. I admire you as much in the personal as in the professional. We are together, tamo junto, é nós, it’s us.
Hemingway dizia: escreva bêbado, edite sóbrio. Kerouac escreveu On the Road à base de drogas. Muitos escritores consagrados tiveram relação íntima com vícios desse tipo, como o próprio Auster, que deixa isso claro em seu Diário de Inverno. Você vê relação entre o processo criativo e a utilização de substâncias que alteram nosso estado de consciência?
Gosto de pensar que o autor escreveu bêbado, ou com o estado de consciência alterado. Mas para mim isso é mais uma ficção produzida pelo autor. Uma ficção que ajuda a ler a obra, conferindo legitimidade. No entanto, acho difícil que a escrita tenha se dado num momento lisérgico. Não sou contra as drogas, muito pelo contrário: acho que elas expandem a consciência e, na medida certa, podem ser potencializadoras da criatividade. Mas a arte é um exercício muito cerebral. Escrever um livro é como correr uma maratona, não combina muito com álcool, ou com maconha - pelo menos para mim. Outras drogas, como a cocaína ou a ritalina, aceleradoras da consciência, parecem mais produtivas. Mas com essas nunca tentei.
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Paul Auster
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O LIVRO INDICADO: NOITE DO ORÁCULO Em fevereiro de 1947, quando o célebre escritor Philip Roth ainda era um menino de quatorze anos que brincava nas ruas de Newark, New Jersey, nasceu, na mesma cidade e também descendente de imigrantes judeus, outro grande personagem da literatura contemporânea: Paul Benjamin Auster. Primeiro filho do casal de classe média Samuel e Queenie Auster, Paul teve uma infância conturbada, presenciando as constantes brigas do infeliz matrimônio de seus pais. Quando tinha oito anos de idade, descobriu que sua irmã, então com apenas cinco anos, passou a apresentar sérios distúrbios psicológicos. Com a irmã mentalmente debilitada e os pais em frequentes desavenças, Paul iniciou o que denomina de seu “exílio interior, sentindo-se um estranho em sua própria casa”. Nesse exílio, graças a seu tio Allen, descobriu os livros. Allen Mandelbaum era um conceituado tradutor que, antes de viajar à Europa, solicitou aos Auster que acolhessem sua biblioteca pessoal na residência deles. Para a felicidade de Paul, seus pais aceitaram, e o garoto mergulhou nos livros. Durante a adolescência, arriscou seus primeiros poemas, entregando-os ao seu tio Allen, que já estava de volta e servia como seu crítico literário. Aos dezoito, decidiu estudar Literatura Inglesa na Universidade Colúmbia, na cidade de Nova York, período em que passou não somente a estudar os clássicos norte-americanos, mas em que também se apaixonou pela literatura francesa. Graduou-se em 1970 e, seguindo os passos do tio e os rastros dos autores que admirava, atravessou o Atlântico para residir na França e traduzir escritores como Stéphane Mallarmé, Joseph Joubert e Jean-Paul Sartre. A tradução, afirma Auster, era não somente o meio de que dispunha para ganhar algum dinheiro, mas também de penetrar com toda a profundidade nas sutilezas literárias dos grandes escritores. Voltou para os Estados Unidos quatro anos depois, para enfrentar o período mais difícil de sua vida.
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Em 1974, casou-se com Lydia Davis, também escritora e tradutora, com quem teve um filho, Daniel. Publicou os poemas que havia escrito até então em três livros: Unearth (1974), Wall Writing (1976) e Fragments From the Cold (1977). A renda que deles provinha, porém, era insuficiente até mesmo para pagar o aluguel do pequeno apartamento em que moravam. Em uma tentativa desesperada, semelhante aos esquemas mirabolantes de James Joyce para arrecadar dinheiro (reza a lenda que uma vez o escritor irlandês candidatouse a um concurso de quebra-cabeças, intencionando arrematar o prêmio de 250 dólares), Auster elaborou e desenvolveu um jogo de cartas que havia concebido ainda durante a infância. Quando a tentativa fracassou, o autor abandonou as cartas, e também os poemas, para buscar algo que fosse comercialmente mais atrativo. Dedicou-se por seis semanas a um romance intitulado Squeeze Play, mas sentiu-se envergonhado com o resultado, e preferiu publicá-lo utilizando o pseudônimo Paul Benjamin – “afinal, não era eu quem estava escrevendo, mas alguém que precisava de dinheiro” (mesmo assim, quando foi publicado, rendeu-lhe menos de mil dólares). Somando-se a tudo isso, seu casamento começou a sucumbir à pressão financeira, e Auster acabou divorciando-se de Lydia.
Foram anos realmente muito difíceis. A necessidade de proporcionar condições financeiras mínimas à minha família tomava todo o meu tempo. Passei um ano inteiro sem poder escrever uma única palavra. Pensei que estava acabado como escritor. -Paul Auster Então, em 1978, veio o ponto da virada. Auster encontrou um tempo para escrever e, quando baixou a cabeça, surpreendeu-se concebendo “um texto estranho, algo entre a poesia e a prosa”, afirmou o autor. Quando finalizou o texto, chamado Espaços Brancos, às duas horas da manhã de um sábado, foi dormir extremamente satisfeito por ter concluído algo significativo após tanto tempo. Às sete horas da manhã, o telefone toca. Era um
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de seus tios, informando a morte súbita e inesperada de seu pai. “Que sentimento estranho! Era como se eu estivesse voltando à vida e, na mesma hora, meu pai morreu. Sem realmente pensar sobre isso, uns dez dias depois da notícia, comecei a escrever sobre meu pai, e esses escritos transformaram-se no meu primeiro livro de prosa, A Invenção da Solidão (1982)”. A obra foi um marco divisório na carreira de Auster, encerrando a fase lírica do autor, que foi fisgado pela prosa de tal modo que nunca mais escreveu poemas – “só alguns particulares, em homenagem a amigos aniversariantes”. Sua produção, porém, permanece enaltecida pela crítica, e seus poemas – incluindo Espaços Brancos – foram recentemente publicados em Todos os Poemas (2013), pela Companhia das Letras.
Alguma coisa acontece, e a partir do momento em que começa a acontecer, nada mais pode ser a mesma coisa. -Espaços Brancos, Paul Auster Em 1981, em um encontro literário, Paul conhece Siri Hustvedt, escritora e crítica de arte, com quem vem a se casar e ter uma filha, Sophie Auster. “Siri gosta de dizer que foi amor à primeira vista, mas devo dizer que não foi assim”, afirma Auster. “Para mim, o amor levou... oh, não sei... talvez uns dez minutos”. Apesar do crescente reconhecimento, a situação financeira permanecia difícil. Em 1985, escreveu o romance policial Cidade de Vidro, que enfrentou dezessete rejeições antes de ser aceito por uma editora. Porém, assim que chegou às livrarias, foi grande sucesso, e o livro rendeu a Auster o Prêmio Edgar de mistério (premiação em homenagem ao escritor americano Edgar Allan Poe, um dos ídolos literários de Auster). A obra teve duas sequências: Fantasmas (1986) e O Quarto Fechado (1987), que juntas formam a aclamada Trilogia de Nova Iorque. A partir de então, cada nova publicação engrandecia seu nome como um dos principais escritores da contemporaneidade, tendo sido traduzido para mais de quarenta línguas. A Música do Acaso (1990), Leviatã
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(1992), Mr. Vertigo (1994), Timbuktu (1999) e O Caderno Vermelho (1999), foram suas principais publicações na década de noventa. Em 1998, Auster, que já havia escrito alguns roteiros cinematográficos, aventurou-se dirigindo um deles, O Mistério de Lulu, bem recebido pela crítica. Recentemente, publicou os romances Invisível (2009) e Sunset Park (2010); as narrativas autobiográficas Diário de Inverno (2012) e Report From the Interior (2013); e Here and Now: letters (2013), um compilado de correspondências que trocou com J. M. Coetzee, escritor sul-africano vencedor do Nobel de Literatura. Noite do Oráculo, indicado por Gregorio Duvivier à TAG, é o décimo segundo romance de Auster, lançado em 2004. O livro traz a história de Sidney Orr, um escritor que, após sofrer grave acidente e permanecer por meses internado, contraria todos os prognósticos médicos e volta à vida. A história é narrada pelo próprio personagem, vinte anos depois. Tudo começa “no dia em questão, 18 de setembro de 1982”, pouco depois de Sid sair do hospital. Durante um passeio pelas ruas do Brooklyn, resolve comprar um caderno azul em uma papelaria do bairro, em uma tentativa de voltar a escrever. Magicamente, quando chega em casa e abre o caderno azul, as palavras voltam a fluir com espantosa facilidade. Passamos, então, a acompanhar o desenrolar dessa outra trama, da qual Sidney Orr é o autor. Outro protagonista entra em cena – Nick Bowen. “Ele tem por volta de trinta e cinco anos, trabalha como editor de uma grande editora de Nova York, e é casado com uma mulher chamada Eva”, explica Sid, sobre o personagem que havia criado. Certo dia, ao chegar a seu trabalho, uma encomenda está aguardando Nick. É um manuscrito intitulado Noite do Oráculo, e assim entra em cena mais uma história.
Noite do Oráculo parece uma boneca russa. Dentro de cada narrativa se esconde outra narrativa. -Gregorio Duvivier
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Enquanto Sidney Orr escreve sobre Nick Bowen e seu manuscrito Noite do Oráculo, começa a perceber uma estranha relação entre essas histórias e sua própria vida, que passa então a tomar rumos inesperados – “Eu sabia de alguma coisa que não sabia que sabia. O futuro estava dentro de mim, e eu me preparava para o desastre que estava por vir”. E assim, como em uma montanharussa, somos preparados para a queda que há de ocorrer a qualquer momento, sem poder antecipar sua violência até estarmos caindo. Noite do Oráculo é uma história engenhosa, mas de leitura simples e envolvente, que faz com que o leitor mergulhe no emaranhado da trama sem que se perca em momento algum. Deleite garantido aos amantes da escrita, que acompanharão não somente uma irresistível narrativa, mas também as nuances de um escritor em processo de escrever, e se encantarão com a capacidade de Auster de fundir ficção com realidade e tecer os distintos enredos que compõem a narrativa. São livros e mais livros, por todos os lados – o protagonista é escritor, que escreve sobre um editor, que conhece um taxista dono de uma biblioteca secreta e até os assaltantes têm interesses literários! É uma obra escrita por um apaixonado por livros, para quem é também apaixonado por eles, e encontrará nos associados da TAG seus leitores perfeitos.
Eles vivem em uma cidade composta de palavras, e não tijolos, de frases, e não vigas de aço, onde até os assaltantes têm afeição à literatura: quando o apartamento de Orr é invadido, são suas edições exclusivas e autografadas que são roubadas. -The Guardian
Percebendo a ousadia da ficção de invadir a realidade, Sidney Orr conclui que “as palavras podiam alterar a realidade e, portanto, eram demasiado perigosas para serem confiadas a um homem que as amava acima de tudo”. Esse alerta é dado agora ao leitor. Aproveite a leitura! Mas cuidado: as palavras são perigosas!
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ecos da leitura
Ecos da Leitura
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Paul Auster escreveu um livro repleto de escritores, personagens que criam outros personagens que se misturam todos em uma mesma narrativa. O primeiro eco traz alguns deles para representar os diversos planos ficcionais da trama. Se Noite do Oráculo é uma boneca russa, devese ao poder ilusionista que Paul Auster consegue impor à sua narrativa. No segundo eco, mostramos algumas técnicas que o autor utiliza para escrever sua obra. Em 2005, Auster encontrou-se com Chico Buarque para conversar sobre Budapeste, romance que o brasileiro havia lançado dois anos antes. Nosso terceiro eco traz um pouco dessa conversa. Você sabia que existe, em Portugal, um caderno azul igual ao que Sidney Orr comprou? O quarto eco explora algumas curiosidades referente ao misterioso caderno português. Os conterrâneos discordam: Philip Roth profetiza a morte dos romances; Paul Auster acredita que nunca morrerão. O quinto eco traz as opiniões de cada um deles, e quer saber a sua também! Equipe TAG contato@taglivros.com.br
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A BONECA RUSSA GREGORIO DUVIVIER Escritor, tem como um de seus livros favoritos Noite do Oráculo, obra que indicou à TAG. PAUL AUSTER A história, escrita pelas mãos de Paul Auster, tem como personagens principais os escritores Sidney Orr (narrador e protagonista) e seu amigo John Trause.
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O kit deste mês também é uma boneca russa: tudo começa com Gregório, o primeiro personagem, que indicou Noite do Oráculo e, assim, trouxe todos os outros aos associados da TAG. Então entra em cena Paul Auster, autor do livro indicado. Auster cria Sidney Orr, que escreve um conto em que o personagem principal é Nick Bowen. Nick, por sua vez, lê um livro escrito por Silvia Maxwell. São personagens que criam personagens que criam personagens – para ilustrar esses diversos planos ficcionais, elaboramos este eco.
SIDNEY ORR Depois de meses internado em estado grave, sai do hospital e começa a escrever um conto sem título, que tem Nick Bowen como seu protagonista. JOHN TRAUSE Amigo de Sidney Orr, John é um escritor renomado e amigo de longa data de Grace, mulher de Sidney.
NICK BOWEN Personagem criado por Sid, Bowen é um editor, que recebe em sua mesa um manuscrito chamado Noite do Oráculo. ED VICTORY Amigo de Nick, Ed não é escritor, mas taxista. Guarda, porém, uma biblioteca secreta escondida no subsolo.
SILVIA MAXWELL É a autora de Noite do Oráculo, romance que chega para Nick Bowen analisar em sua editora.
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PAUL AUSTER, O ILUSIONISTA Quando um mentiroso admite uma pequena mentira, passa-se por honesto, e assim fornece a si mesmo a credibilidade para que possa enganar novamente. É mais ou menos o que faz Auster, ao criar um segundo plano ficcional. A história inicia em seu primeiro plano: o universo de Sidney Orr, com sua doença e seus passeios pelo Brooklyn. Quando o personagem senta-se a sua mesa e passa a narrar a história que está escrevendo, Auster cria um segundo plano: o universo de Nick Bowen, com seu emprego em uma grande editora e seu manuscrito Noite do Oráculo. Ao chamar esse segundo plano de ficcional, Auster confere ao primeiro plano características de realidade. Enquanto Sidney Orr está escrevendo em seu caderno azul, ele deixa de ser um personagem para tornarse o autor. Auster sai de cena, temporariamente, e Nick Bowen assume o papel de protagonista. Acompanhamos os passos de Nick e, quando estes cessam, no momento em que Sidney Orr para de escrever e volta à sua vida, pensamos: “Ok, saímos da história e voltamos à realidade”, mas essa realidade, evidentemente, é ainda ficcional, visto que a história da qual saímos era, na verdade, uma história dentro de uma história. Auster domina a ficção de tal forma que nos joga para dentro dela, camuflando-a com tonalidades de realidade e logrando nos iludir a partir de uma série de artifícios, em especial as notas de rodapé. O dramaturgo Noël Coward disse certa vez que “encontrar uma nota de rodapé é como ter que descer as escadas para atender à campainha enquanto você estava fazendo amor”. Não no caso das notas em Noite do Oráculo, que são mais do que meras interrupções, mas um universo à parte. Não pode ser dito simplesmente que é seu estilo de escrita, visto que notas assim não são encontradas nos outros livros de Auster. Mas por que isso, e o que elas significam?
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Geralmente, notas são comentários do autor – respiros da ficção para pontuá-la com referências e explicações provenientes do mundo real. Quando você lê cada uma delas, pensa estar pisando em solos firmes – afinal, referências são isso! –, mas não está. Algumas notas possuem detalhes verídicos, como na página 106, em que cita o livro From the Ruins of the Reich, de Douglas Botting. Essas pequenas verdades dão credibilidades às notas, fazem-nas soar verdadeiras, e com isso acabamos esquecendo de que, no caso excepcional do Noite do Oráculo, as notas não pertencem ao autor Paul Auster, mas ao narrador Sidney Orr. Escolhas textuais brilhantes, que produzem no leitor efeito semelhante ao que se passou com Sidney Orr, quando, em determinado momento, não conseguia deixar de imaginar que estava dentro de seu próprio conto. Nós, sujeitos aos ilusionismos literários de Auster, também não podemos ter certeza de onde termina a ficção e começa a realidade. Algo que está à altura de poucos. Entre eles, o mestre Paul Auster.
Gosto muito desse jogo de espelhos em que você não sabe discernir o que é ficção e o que é a realidade. -Gregorio Duvivier
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COMO CHICO CONQUISTOU PAUL AUSTER
Em 2005, em Nova York, Paul Auster sentouse no palco da primeira edição do Pen World Voices Festival, um festival literário de livre expressão que reúne grandes escritores para debater literatura com o público geral. Ao seu lado, para ser entrevistado, estava sentado um conhecido nosso: Chico Buarque.
Eu li a tradução para o inglês de Budapeste e devo dizer que é um romance maravilhoso, que recomendo enfaticamente. -Paul Auster Após o elogio introdutório a Budapeste, romance que Chico havia publicado dois anos antes, o escritor brasileiro contou como se dava seu processo de escrita. “Eu acho que eu escrevo meus romances como um músico, como se uma trilha sonora estivesse constantemente embalando meus pensamentos, e talvez eu tenha uma necessidade inconsciente de escrever de uma forma musical, como se escolhendo as palavras para uma melodia que eu havia criado. Escrevo e reescrevo até encontrar o ritmo correto”. Nessa hora, Auster interrompe em concordância, e ratifica que percebe na escrita de Chico Buarque não somente sensações intelectuais, mas quase físicas, como a vibração de um instrumento passando pelo corpo. Quem quiser acatar a recomendação de Auster e conhecer a obra literária de um de nossos principais músicos, pode começar por Budapeste (2003) ou o recente O Irmão Alemão (2014), dois de seus mais aclamados sucessos.
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PAPER PALACE E O CADERNO AZUL Quando Sidney Orr, protagonista de Noite do Oráculo, entrou na papelaria do senhor Chang, no Brooklyn, para comprar o caderno azul, Paul Auster já havia passeado diversas vezes pelas ruas de Lisboa, tirado uma foto na estátua de Fernando Pessoa, no bairro de Chiado, e possivelmente descoberto os cadernos azuis, encadernados com pano, da Firmo, empresa que começou a produzi-los em 1951. Há até, em Lisboa, uma papelaria homônima à Paper Palace do senhor Chang, referida no livro – é a Palácio de Papel, no Largo do Calhariz, Lisboa, que também vende os cadernos. “Eu costumava comprar esses cadernos quando ia a Lisboa. São muito bons, muito resistentes. A partir do momento em que começamos a escrever neles, nunca mais nos apetece escrever em coisa nenhuma”. Quem afirma é John Trause, amigo de Sidney Orr, em Noite do Oráculo. Como em relação a tudo do livro, não se pode ter certeza, mas é possível que tenha sido com a imagem dos cadernos da Firmo na cabeça que Auster redigiu essas palavras – e talvez tenha até sido em um deles que Auster redigiu o manuscrito do Noite do Oráculo. O fato é que agora você também tem o seu!
26 Ecos da Leitura
AUSTER, ROTH E O FIM DA FICÇÃO Philip Roth e Paul Auster têm traços em comum. Ambos nasceram em Newark, New Jersey, são descendentes de judeus imigrantes e estão entre os maiores nomes da literatura norte-americana. Em um ponto, porém, divergem. Quando questionado sobre o futuro dos romances, Philip Roth proferiu sua sentença: em vinte e cinco anos, a parcela de leitores que os continuarão lendo será tão reduzida quanto, hoje, são os leitores de poesia. O motivo é que a leitura “exige um hábito mental que está desaparecendo”, conforme a frase inserida na bolacha enviada como mimo no mês de maio aos associados. Para Roth, esse hábito não resistirá à competição dos filmes, séries televisivas e computadores. Paul Auster não é tão pessimista. “Eu discordo enfaticamente”, afirmou o autor. “Philip vem falando isso há décadas, mas o fato é que ele permanece vendendo, e as pessoas, lendo”. Auster afirma que seres humanos precisam de histórias, e que daremos um jeito de fazêlas permanecerem vivas através dos livros. E você, com quem está? Compartilhe sua opinião no grupo dos associados do Facebook. Se você ainda não é membro, envie um email para contato@taglivros.com.br solicitando participação!
ESPAÇO DO LEITOR Falando no grupo do Facebook, é lá que alguns associados contribuem com suas opiniões a respeito dos livros enviados. Selecionamos, para este Espaço do Leitor, duas contribuições sobre Sidarta, de Hermann Hesse, livro enviado em junho. Quem ainda não estava no clube e quiser adquirir o kit, basta enviar e-mail para contato@taglivros.com.br.
Literatura budista Jeferson, de Lajeado, que já era adepto do budismo, aproveitou para sugerir outra obra àqueles que se interessarem pela temática. “Atualmente, já estamos (ou imagino que sim) acostumados ao tema budismo, coisa que, naquela época, mil novecentos e alguma coisa, era ainda um tabu. Poucos se aventuravam à Índia ou China para conhecerem o tema. Um que fez isso com maestria (para mim, claro) foi Alan Watts, no livreto “O Espírito do Zen”; surpreende ainda mais que escreveu este ensaio aos vinte anos de idade.”
Inspirando a banda Yes A Viviane, de Curitiba, ao contrário, não é adepta do budismo, mas do Rock’n’Roll, e contou aos associados uma curiosidade que poderia ter sido um Eco da revista!
“Sidarta, pra mim, foi apenas uma indicação de leitura, e o li como tal, já que não tenho o mínimo interesse no budismo, que acho um pouco entediante. Acredito que por isso gostei do livro, exatamente porque ele não me fez sentir entediada. Em uma sentada dá pra ler, absorver e passar um tempo agradável. Esqueci de comentar aqui antes: a faixa-título Close to the Edge, do Yes, foi composta em homenagem a esse livro! Pra quem gosta de rock assim, é um dos melhores álbuns já feitos.”
28 Indicação Ecos da Leitura de Outubro
A INDICAÇÃO De OUTUBRO Em seus contos, o autor cria mundos fantásticos, com personagens sofridos, ligando nossa realidade a uma realidade paralela e inóspita. Em sua ficção, encontrei uma exploração do impossível, um encontro com outra realidade. MARCELO GLEISER Nascido há mais de dois séculos, o autor da obra escolhida para outubro é considerado o precursor dos contos de mistério e detetive – “onde estavam as histórias de detetives antes dele soprar o sopro da vida nelas?”, questiona Sir Arthur Conan Doyle, que criou Sherlock Holmes inspirado pelo autor indicado por Marcelo Gleiser. Seus contos revelam mistérios, assassinatos, enterros, torturas, medos e aflições – sentimentos vividos por protagonistas paranoicos, que revelam suas angústias geralmente a partir de uma narração em primeira pessoa, em contos concebidos com a intensidade delirante de um louco e o rigor de um matemático, onde a primeira palavra é colocada já sabendo qual será a última. “O chefe da escola da estranheza”, nas palavras de Júlio Verne, é talvez o principal contista da América, e um dos expoentes da história da Literatura. Para o próximo mês, Gleiser selecionou um compilado de seus melhores contos, em uma especialíssima edição que traz em suas páginas e ilustrações toda a grandiosidade do autor para a biblioteca dos associados. Informações completas a respeito do curador do mês e do livro recomendado podem ser encontradas em www.taglivros.com.br ou então na revista do próximo mês. Caso já tenha lido o livro, envie e-mail para contato@taglivros.com.br para conhecer as alternativas.
Ecos da Leitura 29
Esse foi o kit de outubro de 2014, que contou com a participação do poeta colombiano Javier Naranjo. Em homenagem ao Dia das Crianças, Naranjo indicou o livro que mais marcou sua infância! Caso queira adquirir algum de nossos kits passados, envie e-mail para contato@taglivros.com.br!
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