Donatella Di Pietrantonio
O retorno Criada em um lar abastado, uma garota de 13 anos é atirada em uma casa pobre onde, dizem, vive sua família biológica. É com a vida virada de cabeça para baixo que a narradora de A retornada precisa encontrar a resignação para seguir em frente. Além de enfrentar um abandono cuja razão não consegue entender, ela precisa conhecer seus pais e driblar a desconfiança dos irmãos, conscientes de sua criação elitizada.
Raízes italianas Donatella Di Pietrantonio nasceu em Arsita.
Atualmente vive em Penne, onde trabalha como dentista pediátrica. Sempre escreveu histórias, fábulas e poemas. Em 2011, estreou na literatura com Mia madre è un fiume, que recebeu os prêmios Tropea e John Fante. A retornada é seu terceiro romance e o primeiro traduzido para o português.
O livro deste mês Teve 170 mil cópias vendidas até janeiro de 2018, com tradução para
14 idiomas
Está em adaptação para o cinema com direção do italiano
Giovanni Bonito
Foi finalista dos prêmios italianos Strega e Campiello
Campiello: são escolhidos, em uma audiência pública na cidade de Veneza, os cinco melhores livros do ano. Em 2017, o livro que você tem em mãos recebeu o primeiro lugar.
Strega: é concedido anualmente desde 1947 para o melhor trabalho de ficção em prosa de um autor italiano. Em 2018, o livro vencedor foi “La ragazza con la Leica”, da ítalo-alemã Helena Janeczek.
Abruzos, mar e montanha A protagonista desenvolve uma profunda relação com a praia após numerosos veraneios na infância. Assim como a autora do livro, a narradora cresceu nos Abruzos, região da Itália central que se divide em quatro províncias: Áquila, Pescara, Chieti e Teramo. Abraçada por montanhas e colinas, a costa dos Abruzos é banhada pelo mar Adriático. Rico em particularidades arquitetônicas, culinárias e naturais, o local também tem seu próprio dialeto.
Recurso dramático Durante a leitura, você vai perceber que, aos
Caldeirão linguístico Dialeto é a forma como uma língua é falada em uma região específica – uma variante linguística. Na Itália, existem cerca de 11 mil dialetos. É por isso que, mesmo separados por poucos quilômetros dentro do mesmo país, os personagens deste romance falam de modo diferente entre si. O título original da obra é L’Arminuta, palavra do dialeto dos Abruzos que significa “la ritornata” em italiano, ou “a retornada” em português.
poucos, a narradora desenvolve laços com seus parentes, principalmente com Adriana e Vicenzo, seus irmãos. Ela nos apresenta esses personagens ao mesmo tempo em que conta sobre sua vida – mas nunca revelando seu próprio nome. A ausência deste pode ser entendida como recurso dramático para retratar uma condição social, já que a protagonista enfrenta um conflito existencial, sentindo-se solitária e invisível no ambiente que a cerca. Outros livros com na rradore s sem nom e
Clube da luta Chuck Palahniuk
Homem invisível Ralph Ellison
Rebecca, a mulher inesquecível Daphne du Maurier
Semelhanças e influências
A playlist do mês Ouça uma playlist inspirada em A retornada no link http://bit.ly/playlistmarço
Donatella Di Pietrantonio é frequentemente
comparada à enigmática escritora da Tetralogia Napolitana, conhecida pelo pseudônimo Elena Ferrante. A criadora das personagens Lila e Lenu também descreve o dialeto da província de Nápoles e os conflitos que cercam os anos de formação de jovens mulheres. Leia também:
A amiga genial (2011) – Elena Ferrante
Veja Quer saber o que a booktuber Duda Menezes achou do livro do mês? Assista ao vídeo em http://bit.ly/ResenhaARetornada
Relações familiares A retornada narra a busca da narradora por pertencimento e por identidade em um ambiente familiar difícil. A escritora Natalia Ginzburg (Palermo, 1916–1991) também aborda a temática em Léxico Familiar (1963), um romance autobiográfico sobre sua infância como parte de uma família judia numerosa e repleta de personalidades conflitantes. Conforme o fascismo avança na Itália e a Segunda Guerra Mundial se desenha, Natalia mostra como o grupo lida com suas diferenças sentimentais e ideológicas para fugir do perigo.
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