Nos arredores de Blackheath O livro do mês desafia até mesmo o mais calejado leitor de mistérios: nessa história, nada –nada mesmo – é o que parece. Durante um baile de máscaras, Evelyn Hardcastle é assassinada. Mas ela não morrerá apenas uma vez – a personagem está destinada a viver o dia da sua morte repetidamente. A única forma de quebrar o ciclo é descobrir o culpado pelo crime. É aí que entra Aiden, um dos visitantes chamados a Blackheath para a festa, e que está disposto a decifrar o enigma. A cada dia que amanhece, porém, ele acorda no corpo de um convidado diferente... e há alguém determinado a aprisioná-lo para sempre na mansão.
Um autor ecletico Stuart Turton pode se considerar uma pessoa de aptidões e gostos variados. Aos 21 anos, colocou uma mochila nas costas e viajou ao redor mundo em busca de um propósito na vida. Já trabalhou em livrarias, aeroportos, revistas de tecnologia, fazendas de cabras e como faxineiro. Turton é formado em Inglês e Filosofia, mas dedica-se à escrita – além de escrever livros, trabalha como jornalista freelancer. O autor cresceu em Widnes, na Inglaterra, e atualmente mora em Londres com a família. As sete mortes de Evelyn Hardcastle é o seu primeiro romance publicado.
Processo de escrita Os livros de Agatha Christie inspiraram Stuart Turton – com apenas oito anos, ele decidiu que iria escrever um romance de mistério digno das narrativas da escritora. Aos 21, porém, a primeira tentativa de concretizar o plano foi um fracasso, e, por isso, pensou em deixar a ideia de lado por um tempo. O autor só viria a se dedicar novamente ao projeto mais de 12 anos depois – ele estava trabalhando em Dubai quando finalmente imaginou o enredo. Turton soube na hora que precisava retornar à Inglaterra e se deixar levar pela obra. Tanto trabalho e demora parecem ter valido a pena.
O livro do mês é... … Um best-seller do Sunday Times. ... Um dos melhores livros de 2018 segundo o The Guardian. ... Vencedor do Costa Book Awards na categoria de melhor livro de estreia.
A linha do tempo As ações de cada convidado em cujo corpo Aiden acorda precisam ser perfeitamente orquestradas para que caibam em um dia. Não à toa, o autor passou três meses planejando todas as reviravoltas antes de escrever: ele criou uma planilha gigante detalhando o dia, as ações, os segredos e as características dos personagens; depois, colocou cada um em um enorme mapa da mansão Blackheath e seus arredores, para ter certeza de onde e quando eles estavam durante os acontecimentos. E foi assim que o livro nasceu!
A atmosfera sombria Este livro poderia ser facilmente confundido com um romance inglês do início do século XX: o enredo se passa no interior remoto da Inglaterra logo após a Primeira Guerra Mundial, em meados de 1920. A história inteira acontece ao redor de uma labiríntica mansão gótica: há escadarias, jardins, um lago, um cemitério, estábulos e muitos personagens suspeitos. Toda essa atmosfera dá um tom sombrio e ao mesmo tempo elegante ao cenário da obra, que lembra o clima das narrativas protagonizadas por alguns dos mais clássicos detetives da literatura, como Hercule Poirot e Sherlock Holmes.
CaldeiRAo de referencias Você vai se sentir em Assassinato em Gosford Park (2001), filme que empresta seu charme de época e mistério para o livro do mês. O casarão luxuoso de Downton Abbey (2010-2015) também evoca a mansão de Blackheath – a série britânica aborda a rotina de uma família rica e seus empregados em 1912. Há quem diga que Feitiço do tempo (1993), filme de comédia estrelado por Bill Murray, inspirou o conceito de loop temporal. Agatha Christie, é claro, não poderia faltar nas referências: os múltiplos personagens, o crime a ser desvendado e as reviravoltas a cada página deixam clara a influência da autora.
Gostou do livro? Leia esses outros: O assassinato de Roger Ackroyd (1926) de Agatha Christie Os assassinatos da rua Morgue (1841) de Edgar Allan Poe
Resgate ficcional Assim como o livro do mês, outros best-sellers contemporâneos retratam épocas passadas: Outlander (1991), de Diana Gabaldon, inicia sua história em 1945 e depois transporta a protagonista para meados de 1700. Apesar de diferentes das obras realmente escritas durante um determinado momento histórico, essas narrativas também apresentam similaridades. Também em meio a flashbacks e flashforwards, Virginia Woolf descreve uma socialite que se apronta para uma noitada no clássico Mrs. Dalloway (1925), romance com um pano de fundo temporal similar ao de As sete mortes de Evelyn Hardcastle.
O mistério do quarto amarelo (1907) de Gaston Leroux PLAYLIST TEMÁTICA As sete mortes de Evelyn Hardcastle é um daqueles suspenses de tirar o sono. Curta a leitura ao som de uma playlist inspirada na história acessando o link: http://bit.ly/PlaylistEvelyn PAPO DE LIVRO Mais do que ler a obra do mês, você também pode ouvir o Podcast da TAG – Papo de livro. É só procurar pelo nome no Spotify e acompanhar os episódios sobre literatura no canal.
nov/19