MARIANA LEKY
O dia em que Selma sonhou com um ocapi
Alguém do vilarejo sempre morre no dia após Selma sonhar com um ocapi. Os sonhos, no entanto, jamais revelam quem vai morrer. Como é de se esperar, o intervalo entre a visão de Selma e a morte deixa seus vizinhos de Westerwald em estado de emergência: a neta da personagem, Luise, narra o medo que eles sentem e todas as verdades entaladas em suas gargantas. Embora a premissa do livro faça parecer que seu tema central é a morte, não se engane: o cerne desse romance é o amor, que une a comunidade, impedindo que o desespero tome conta dos residentes mesmo quando todos sabem que uma tragédia se aproxima.
“Mariana Leky cria um universo magico onde o amor e a morte andam de maos dadas.” – La Vanguardia
©Franziska-Hauser
Bem-vindo a Westerwald
A autora Mariana Leky é uma sensação da literatura alemã. Seu talento e a originalidade da obra do mês lhe renderam o triplo reconhecimento dos livreiros da Alemanha em 2017: ela recebeu o Prêmio dos Livreiros Independentes, o de Melhor Romance e o de Melhor Autora do Ano. Sua popularidade também é imensa – Mariana permaneceu na lista de mais vendidos do jornal Der Spiegel por quase dois anos ininterruptos. Ela nasceu na cidade de Colônia, em 1973, mas hoje mora em Berlim. Formou-se em Jornalismo e, como Luise, uma das protagonistas do livro, já trabalhou em livrarias.
Iconologia Ocapi: Ainda que possua as marcas listradas de uma zebra, o animal que domina os sonhos de Selma é o parente mais próximo da girafa. Esses mamíferos têm entre 200 kg e 350 kg e podem chegar a dois metros de altura. São originários do nordeste da República Democrática do Congo e atualmente estão ameaçados de extinção. Ao chegarem na África, os europeus muito ouviam falar de um animal que chamaram de “unicórnio africano” – tímido e desconfiado, o ocapi se escondia tanto dos exploradores que acabou sendo catalogado apenas em 1901.
Budismo: Ao longo da história, Luise conhece um peculiar monge budista. Eles discorrem acerca da filosofia fundamentada nas ideias de Siddhartha Gautama, conhecido como Buda Sakyamuni. Concebido há aproximadamente 2,5 mil anos, o Budismo é a quarta religião mais praticada no mundo, com cerca de 500 milhões de seguidores concentrados principalmente no Japão, China, Tibete e Tailândia.
Rudi Carrell: Nome artístico de um ator e cantor holandês com quem Selma é fisicamente comparada pelos personagens deste livro. Trabalhou como artista de televisão, tendo o seu programa, Rudi Carrell Show, rodado primeiro nos Países Baixos e depois na Alemanha por muitos anos.
Realismo magico Muito se fala da literatura de Mariana Leky como “realismo mágico”. Mas o que é isso exatamente? Assim como Gabriel García Márquez e Jorge Luis Borges fizeram no passado, Mariana mescla o irreal no real. Latino-americano por excelência, o gênero literário surgiu no início do século XX, misturando elementos fantásticos ao cotidiano. Dessa forma, situações mágicas, como pessoas que flutuam, imortalidade e animais falantes podem ser encarada como parte da realidade da narrativa. Em entrevista ao La Vanguardia, Mariana conta sua admiração por Gabriel García Márquez e concorda que Westerwald pode ser vista como uma espécie de Macondo germânica – Cem anos de solidão (1967), obra realista-fantástica do escritor colombiano, situa-se em Macondo, uma aldeia também fictícia que é vista por muitos como uma expressão simbólica da América Latina. Segundo a autora, porém, a maior semelhança entre os dois livros são os personagens:
“Sao claramente imaginarios, mas projetam sentimentos sinceros e completamente comparaveis aqueles que as pessoas tem na realidade.” – Mariana Leky
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Resenha Quer saber o que a booktuber Duda Menezes achou de O dia em que Selma sonhou com um ocapi? Assista ao vídeo em http://bit.ly/ResenhaOcapi
Trilha sonora Narrado com ternura e repleto de passagens emocionantes, o livro do mês vai fazer você sorrir e pensar na vida. Leia ao som de uma playlist inspirada na história: http://bit.ly/PlaylistOcapi
Papo de livro Como água para chocolate, de Laura Esquivel
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