12 Horas de Abdução

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De modo que, então, um romancista é o mesmo que um jornalista. É isso que o senhor está dizendo? Pergunta feita pelo juiz William J. Rea durante o julgamento do caso MacDonald-McGinniss, 7 de julho de 1987.

Para meu grande amigo Ivo Hugo Dohl e à Margot minha sempre inspiradora


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OS PORQUÊS DESTA OBRA

2

O PRIMEIRO CONTATO

3

A ÚLTIMA ENTREVISTA

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O EPISÓDIO

5

A MENSAGEM

6

AS MARCAS INEXPLICÁVEIS

7

A INVESTIGAÇÃO

8

A MORTE

9

O CASO NO MEIO UFOLÓGICO


1. OS PORQUÊS DESTA OBRA

O peso da evidência e uma afirma o extraordinária deve ser proporcional à sua estranheza. Pierre Simon Laplace


E

screvo sobre o mundo inteiro com suas cores, desenho em alheios, milhões de sorrisos, do sarcasmo à gargalhadas. E no infinito dos meus piores dias é que cada linha demasiadamente se encaixa na outra como se fossem abraços. Certamente eu poderia dividir a carga desse carnaval que é ter de escrever sobre quem nunca vai me lê. Aliás, no descompasso desse samba particular é que eu tropeço na bateria, me aprumo no batuque e recomeço outra vez. Dentro desse descaso funcional ajeito a xícara de café, pulo do seis pro nove o volume da vitrola e retomo aquela inspiração das três da madrugada. Talvez eu não me recorde de meia xícara do que realmente faça sentido. Era julho de 2011, primeiro ano de faculdade e, claro, aquela vivacidade de querer escrever sobre qualquer coisa que fizesse sentido a alguém. Entrei num jornal da cidade, em Xanxerê, cidadezinha pacata do Oeste de Santa Catarina e nos meus precoces 16 anos reportei das mais sensatas às grandes terríveis histórias. Como grande parte dos jornais interioranos, a estrutura era primária. Ah, mas do que importava entre três a quatro mil toques eu expusera os meus mais profundos sentimentos. Ivo era diagramador no jornal. Foi dele que herdei parte de minha decência nas palavras e perdi algumas horas o ensinando onde cada vírgula deveria pernoitar. Entre uma vírgula e outra, o irmão mais velho das estrelas teorizava seus afetos. Eu, cúmplice destas vastas teorias, comecei aguçar minha rotina às poesias e não havia um cálculo científico que me fizesse interpretar qual era o alvo indiscretamente simplificado que os textos dele queriam chegar. Me perguntava todos os dias: mas quem é que segura esse trem bala, esse barco a vela no meio do temporal? Ivo era assim. Descolado do mundo, um anexo, um pedaço de sentimento, que gritava desesperadamente pra sair correndo, feito uma criança que brinca de pique. Travesso e acelerado. Carregava toda a responsabilidade de explicar os porquês ao mundo em mãos desleixadas. Aos 14, o pequeno alemão teve uma experiência que o sintonizou na freqüência anti-horária da Terra. Era interior da cidade de Palmitos também no Oeste de Santa Catarina, e o espaço medido em passos entre a cortina da sala e do quarto onde dormia com seu irmão foi suficiente pra que as horas absortas, deitado no


gramado olhando estrelas fizessem sentido. Era a resposta do desejo inquietante de querer descobrir quem eram os donos das constelações tão admiradas. A experiência impregnou os cantos da casa, desafinou a fala, bagunçou a sala, o fez arrumar a mala e buscar interpretar o que aconteceu naquela madrugada. Ele me contou isso pelo menos uns quatro meses depois que comecei trabalhar com ele no jornal. Era uma experiência íntima. Ele não iria partilhar isso como quem tropeça na rua e pede desculpas ao carteiro pela distração. Ivo legitimamente tinha sido marcado por uma experiência extraterrena, mas foi ter a noção disso perto dos 20 e poucos anos. Foi espontâneo. Enquanto eu arrumava minhas canetas, me falou sobre a experiência, e o contato que teve com um ser extraterreno naquela noite (quando ainda era um jovem). Com um pouco mais de um metro e meio, um ser branco, quase transparente, de olhos negros e arregalados se aproximou dele lentamente e o tocou no umbigo. Por alguns segundos ficou tocando-o de forma circular. Era um contato, alemão não tem dúvidas sobre isso. Talvez, o pequeno ser queria responder a ele que havia sim vida naquelas estrelas. Cansei de ficar por horas olhando às estrelas. Eu sempre pedia um sinal de que se havia alguém que morava nas estrelas, que viesse me responder. Incrivelmente ele lembra-se de cada detalhe. Um clarão invadiu a casa naquela madrugada. Tinha vento, mas as janelas estavam fechadas. Junto do ser um clarão o acompanhava, passou pela cortina da cozinha e foi em sua direção. Alemão não se mexeu, nem conseguia chamar pela sua mãe. Enquanto ele me contava sobre a experiência, eu pude perceber os pêlos de seus braços responderem ao atrito do quão aquilo significara no íntimo de seu âmago. Me soou estranho. Ao mesmo tempo distraidamente engraçado, e dias depois me deu a graça de mais um texto, ali eu pude ver em palavras a mais rara confidência. Me vi imersa naquela história. Me prendi naqueles minutos em que o arranquei, mesmo sem querer, os porquês de toda aquela estranheza e aquelas teorias nada clichês sobre vida extraterrena. Eu estava de posse


de uma grande história, de uma riqueza de detalhes que nem mesmo o mais atual Michells podia conseguir me dar um sinônimo equacional. Depois de contatado, Ivo – alemão inquieto –, tornou-se um portavoz de relatos de sinais, marcas e assuntos relacionados à Ufologia, mais próximo de mim. Ele acabou por aprofundar-se no tema, eu mera ouvinte. E nos meus mais puros devaneios, ouvias suas histórias, suas conexões com mundo e esboçava minhas acepções sobre. Foi numa dessas nossas conversas, que me falou sobre Tasca. Era dezembro de 2011, alemão queria escrever uma matéria sobre os 30 anos que o caso completaria no dia 14. Assim como fizera durante todos os anos depois da morte de seu amigo, ele queria manter viva aquela história. Lembro que pelos minutos em que me contava resumidamente sobre o caso, me pedia pra que prestasse atenção e não fizesse mais nada. Devo ter deixado de lado algum texto de capa, não me lembro bem, mas o que fiz foi fixar-me por alguns segundos em seus olhos e a emoção com que ele se portava a memória do amigo me tomou conta. Tanto que me convenceu. Naquela semana, reservei uma página para que Tasca revivesse na memória dos que o conheceram e vivenciaram com ele também a pressão e a injúria. Eu não o conheci. Mas, depois daqueles minutos, a história de Tasca tornou-se minha sina, minha rima. Nunca me vi tão absorta. Nunca antes, aquele infinito de linhas que Ivo escrevia incessantemente todos os dias fizera tanto sentido. Cada latitude da galáxia parecia unir-se a cada frase mal escrita por ele. Comecei ouvi-lo mais, a questioná-lo incansavelmente sobre Tasca. Se falar em extraterrestre requer reorganizar uma centena de vezes por minuto, informações na mente, confidenciar a abdução de um amigo, então, é mais ou menos como ter de encontrar a hipotenusa entre os catetos num milésimo de um segundo. Mas, alemão era cuidadoso. Emocionado. De uma memória invejável. E ter no currículo a última entrevista de Tasca, antes de sua morte, era mais que um prêmio Esso. Era como uma troca de bastão. Uma continuidade de um legado, iniciado ainda em 1983.


2. O PRIMEIRO CONTATO


N

os idos de 89, Ivo trabalhava em uma rádio na cidade de Abelardo Luz, no Oeste de SC. Alemão sempre dominado pelo fascínio de discos voadores, não escondia dos colegas sua estranheza e apreço pelas ‘vidas’ fora da Terra. E foi conversando com um ex-colega de rádio que conheceu a história de Tasca. Em 1983, quando Tasca foi abduzido em Chapecó, o radialista Elodir José o entrevistou na rádio sobre o que aconteceu na noite daquele 14 de dezembro. Seis anos depois, a história reviveu numa conversa com Ivo – que pediu o telefone de Tasca ao colega. Eu sabia do caso dele, mas não sabia como encontrá-lo. Eufórico e desconexo, Ivo parecia ter encontrado alguém a quem confidenciar as horas abortas nas estrelas. E encontrou. Nesse ano, Tasca já tinha ido embora de Chapecó e retornado à Ronda Alta, cidade onde morou e trabalhou por longos anos de sua vida. As ligações tornaram-se, então, o meio mais fácil de os dois trocarem alguns minutos de conversa. A primeira ligação foi entre 1989 e 1990. Tasca era letrado. Quando falei com ele pela primeira vez, já foi como se nos conhecêssemos há muito tempo. Foram longos inseparáveis 16 anos de conversas por telefone. Durante as ligações falavam sobre discos voadores, as famílias, o antes e o depois da abdução. O questionei para me contar alguma história que falavam ao telefone, tudo que alemão se lembra era que davam boas risadas. Os dois sentiam-se deslocados do mundo. Absortos numa realidade não existente. E falar sobre o universo era pauta de todo o script. Tínhamos algo em comum: a Ufologia. Em dezembro de 2006, Ivo arruma as malas e junto de sua esposa, Simone, programa uma viagem à Ronda Alta. No roteiro: levar a esposa


visitar sua avó e encontrar o velho amigo Antonio Nelso Tasca. Assim como fizeram por mais de uma década, a ida à Ronda Alta também foi combinada por telefone. Considerávamo-nos irmãos não só desta existência. Com endereço anotado em um pedaço de papel, ele conversava com a esposa no caminho e chegou a imaginar a casa do amigo: uma mansão, com grandes janelas e andares. Estava enganado. Ao conferir no papel “bairro Santa Helena, Ronda Alta”, ele e a esposa se depararam com uma casa simples, de madeira. Separados por algumas horas de estrada, os dois estavam ansiosos pelo encontro. Afinal, havia muito que se conversar. Depois de quase três horas de viagem, Ivo e a esposa Simone haviam então encontrado a casa de Antonio Nelso Tasca. Sentado numa cadeira de madeira na área de casa, Tasca aguardava a chegada do amigo com um chimarrão nas mãos e um olhar tão longínquo do portão. Alemão parecia não acreditar. Tasca menos ainda. Ele estava com um largo sorriso. Me recebeu com um aperto de mão e um abraço apertado. Um abraço de compreensão de quem também queria dividir uma confidência. Os dois tinham algo em comum: sentiam-se parte de um nada. Apenas um ponto fosco no meio de uma imensidão luminosa e sem emoção. Um ponto perdido no escuro que procurava qualquer tipo essência que virasse lanterna pra uma vida cheia de más intenções. Pertencentes a algum lugar, mas não se viam em lugar nenhum. E assim, ambos rendiam-se a insanidade de ser só. O momento era único. O sol daquele 11 de dezembro de 2006 estava estonteante. Foi ali, na área da casa de Tasca o palco das mais variadas confidências. Ivo e a esposa chegaram à Ronda Alta na sexta-feira e saíram no entardecer de sábado. Como já era de se imaginar, as horas foram esquecidas. Era verão, o tempo estava bom e os dois puderam no pousar do sol observar as estrelas e com elas conversar.


Ele por alguns instantes parou e falou: Será que um dia os reencontrarei? Será que sabem onde estou? O que estou fazendo? Será que Madá e Madana são um casal? Serão dois meninos? Duas meninas? Será que me reconhecem como pai? Ele tinha essas dúvidas. Corretor aposentado, em 2006, Tasca havia contado a Ivo que gostaria de ter ficado em Chapecó, mas disse que praticamente tinha sido expulso da cidade. A forma como a sociedade da época lidou com a notícia de sua abdução havia o deixado profundamente chateado. Ele contou detalhes de sua abdução a Ivo e alemão disse ter se emocionado em vários momentos. Um deles foi quando Tasca falou de como foram alguns momentos dentro da nave e da injúria que havia sofrido em Chapecó. Era um relato que eu já conhecia, mas vindo dele com a entonação de voz destacando os pormenores, me tocou profundamente. Um desses momentos foi quando relatou que achava que tinha sido enterrado vivo, quando estava dentro da nave, depois me falou sobre a superação, os problemas que passou e a forma como saiu de Chapecó. Tasca queria que o casal ficasse por mais tempo, mas a ida à Ronda Alta tinha um propósito: entrevistá-lo para publicar a matéria no jornal Gazeta Regional, onde alemão já trabalhava. A despedida foi com ar de saudade, mas marcamos o reencontro quando lhe entregaria em mãos exemplares do Gazeta com a entrevista publicada, conta.


3. A ÚLTIMA ENTREVISTA


O

propósito de alemão viajar a Ronda Alta estava prestes a ser cumprido quando o amigo o apresentou uma pequena sala, seu escritório onde escrevia suas coisas e guardava seus livros. Foi no escritório que Tasca presenteou Ivo com um exemplar de seu livro “Um homem marcado por ETs” onde relatou sua experiência de abdução. Ele era detalhista. Me pediu que esperasse na área, foi até seu escritório ajeitou um papel na máquina de escrever e em minutos colou uma dedicatória no livro. Enquanto Simone, a esposa fotografava o momento, Ivo então se concentrava na entrevista. Ele falou muito, me ouviu também, quis saber de mim e lhe falei sobre o que acreditava tanto em relação à Ufologia como também espiritual. Tínhamos sempre a companhia do chimarrão, praticamente esquecemos de tudo que nos cercava. Com um gravador na mão, Ivo então aproveita o momento e logo inicia sua primeira e última entrevista com o amigo: Ivo: O senhor sempre acreditou na existência de vida fora da Terra, ETs, UFOs ou foi só a partir de sua abdução? Tasca: Eu sempre acreditava. Tudo começou a ficar ao meu alcance, desde 1954, quando a então revista O Cruzeiro fez algumas divulgações a respeito de casos ufológicos ocorridos nos Estados Unidos, mais propriamente com George Adamski, que acabou desencadeando a chamada história inicial da Ufologia e em outras edições. Eu sempre tive um interesse especial pelo assunto. Ivo: Das 20h do dia 14 até às 6h do dia 15 de dezembro de 1983, quando o senhor esteve no interior da nave nas proximidades da Colônia Cella, algum fato passou despercebido que não foi comentado ainda?


Tasca: Olha, no momento não me ocorre isto. Quanto ao Tasca dentro da nave, eu apenas posso fazer umas referências sobre o que era propriamente da nave: O recinto em que me encontrava estava totalmente às escuras, nada vi, mas quando eu fui despertado em um quarto que se iluminou, logo surgiu a mulher agaliana, que se denominou como Cabalá. Posteriormente houve o ato sexual, a transmissão de uma mensagem que consta no livro e é bastante ampla, composta de seis tópicos e que faz referência a uma série de assuntos de interesse da humanidade ainda hoje. Notadamente quanto às armas, guerras atômicas e outros temas referentes ao comportamento da humanidade. Esse fato me marcou profundamente e de modo especial Cabalá, uma emissária do Mundo de Agalí, uma mulher de pequena estatura, mas de grande envergadura moral, pois exerceu sobre mim que era fisicamente mais avultado que ela, um domínio total que tudo quanto ela tivesse ordenado fazer eu teria feito. Depois do ato sexual, houve a declaração dela que daquele ato nasceriam dois filhos: Mada e Madana. Olha, pelas convenções da nossa língua seriam duas


mulheres. Mas como ela empregou o termo nossos filhos, pode ser um casal, como podem ser dois meninos e que a esta altura então devo dizer que me sinto um tanto emocionado, porque pelo nosso sistema de contagem do tempo na Terra esses filhos estão completando 23 anos de idade. Muitos momentos de minha vida íntima eu fico me perguntando como estarão eles, como serão, conhecerão a história daquele acontecimento de 14 para 15 de dezembro de 1983? Conheceriam eles minha fisionomia, minha história, meu modo de ser? Terão condições de conhecer os sentimentos que eu alimento por eles mesmo sem conhecê-los fisicamente? Assim, a vida de um abduzido como no meu caso tem momentos de muita tristeza. Ivo: Fale sobre o domínio de Cabalá e quantos extraterrestres estavam na nave. Tasca: Enquanto eu me encontrava no recinto escuro, fui manipulado possivelmente por três ou quatro seres que eu não cheguei a ver, mas sempre me senti propenso a dizer “os baixinhos”. Mas nisso havia uma contradição, porque eu diria “os baixinhos” se eu não os vira? O recinto estava escuro e quando eu fui levado para o local em que houve luz eu só via a mensageira Cabalá. Após um tempo lá, sentei e comecei a dar vazão ao pensamento e descobri que se somos transportados por alguém de um ponto para outro e que se esse alguém, essas pessoas, se manifestem via oral, até pela própria expressão, no caso eram grunhidos, como de cachorro, eu me conscientizei que eles falavam a baixa altura acima de mim, concluindo serem mesmo de pequena estatura. Quanto ao contato com Cabalá, fui transportado dentro da nave de um recinto para outro e em instantes houve iluminação. A sala devia ter de três metros por quatro e talvez dois de altura, porque eu meço 1,72 e o teto estava a pouca altura acima de mim. No livro há uma descrição da regressão por hipnose a que fui submetido. Me perguntaram se eu achei a mulher bonita. Eu disse: muito bonita nos olhos, através dos quais fui dominado totalmente. Ela não seria uma miss para nós, mas toda beleza que eu vi estava nos olhos daquela pequena grande mulher. Pequena fisicamente, grande no


poder de domínio e através dos olhos. Ivo: E a marca nas suas costas em forma de “W” ainda pode ser vista? Tasca: Sim. A marca que tanta confusão tem trazido eu a tenho até hoje. Essa marca decorre de um ferimento, aparentemente uma queimadura feita com ferro em brasa que se caracterizaram por algo muito inusitado em termo de queimaduras de acordo com dermatologistas. Eles acreditam que as minhas queimaduras não apresentavam aqueles sintomas naturais das queimaduras em brasa. Ocorre que não houve vermelhidão, vazamento de plasma sanguíneo, não senti febre e, o mais estranho, não senti dor. Dezesseis dias depois do fato a ferida não apresentava mais aquela característica e estava cicatrizada. Após 52 dias fui longamente entrevistado pelo falecido doutor Walter Karl Büller, com mais de 30 anos dedicados à Ufologia. Ele era um médico alemão com passagem pelos Estados Unidos e naturalizado no Brasil, no Rio de Janeiro. Nessa oportunidade ele bateu algumas fotos de aproximação e descobriu um caso muito interessante. Se aquelas queimaduras tivessem sido feitas com um ferro em brasa, naturalmente os pêlos que eu tinha naquele local da queimadura teriam sido queimados. Mas os pêlos estavam intactos, não foram queimados. Quem já marcou gado sabe muito bem que quando lhe é aplicado num determinado lugar um ferro em brasa é porque a queimadura, chegando ao terceiro grau, elimina de uma vez por todas a vida de qualquer sistema piloso no local. Ivo: A marca que eles deixaram foi para mostrar que isso realmente aconteceu? Uma prova da existência de UFOs e outros mundos além do nosso? Tasca: É uma assertiva. Quanto aqueles que não acreditam na existência de discos voadores e conseqüentemente de seres em outros planetas desse nosso infinito universo, eu diria o seguinte: aqueles que não acreditam naturalmente é por falta de informações, ilustração pessoal a respeito. E que busquem informações, pois como sei que existem discos voadores e aqueles que os tripulam e vem com eles até aqui, seres de outros mundos, de Agalí,


mais do que nunca, eu mais do que ninguém, defendo a unhas e dentes a existência de seres pelo menos num local do mundo. Infelizmente a ocasião não me permitiu fazer perguntas à emissária como onde realmente se coloca astronomicamente o mundo de que ela provém, que estaria 180 m abaixo do nível do mar. A entrevista foi publicada na íntegra no jornal. E no Natal de 2006, alemão e a esposa retornaram a Ronda Alta entregar o exemplar em mãos ao velho amigo. A esposa de Tasca, a saudosa Salete preparou mondongo para os quatro no jantar e essa foi à última vez que alemão o viu. E hoje, 31 anos depois do caso, Ivo esboça um sentimento profundo de continuidade desta história. Numa de nossas conversas enquanto eu ainda trabalhava no Gazeta, me falou que tem certeza de que ele conheceu o velho Tasca para reviver a memória do ex-corretor ano após ano. Tenho certeza de que ele veio antes, passou por essa abdução e eu fiquei para manter viva sua memória e sua história verídica. Contar de 1989 até hoje são alguns anos de convivência e amizade. Ainda penso nele, através de oração falo com ele. Quando fito olhar nas estrelas penso e reflito onde ele estará?!


4. O EPISÓDIO


D

urante três anos e meio fiquei ouvindo Ivo me contar sobre Tasca. Aos poucos, o alemão inquieto foi me convencendo de estudar o assunto pra que de certa forma conseguíssemos discutir em relação aos assuntos planetários que nos circundam. A minha saga por informações iniciou ainda em 2011. O caso do pacato corretor me chamou atenção não somente pela alta complexidade dos fatos – que até hoje são incontestáveis – mas também por ter sido comparado com o caso Villas-Boas. Mais famoso dos casos ufológicos brasileiros. Villas-Boas é o primeiro registro de abdução no mundo de contato de quinto grau, que aconteceu em 1957, em uma fazenda de São Francisco de Sales (MG). O relato só foi publicado na edição de janeiro de 1965 do periódico estadunidense Flying Saucer Review. Assim como Villas-Boas, o caso de Tasca também é considerado um dos casos ufológicos mais complexos da casuística brasileira. Imersa na história procurei me indagar sobre o caso, questionar Ivo e contatar ufólogos da Revista UFO. Durante esse período em que trabalhei com Ivo, ele me falou sobre um livro que Tasca havia escrito, onde relatava alguns episódios de sua adolescência e contou detalhes de sua abdução. Naufragada comecei a ler o livro, fazer minhas acepções sobre os fatos e era como se aquele pacato corretor de imóveis conseguisse demasiadamente me transportar para cada linha daquele relato. Eu podia por alguns segundos esboçar tamanha estranheza em sentir o frio que sentia e ouvir os grunhidos dos cachorros. Rico em detalhes, ele conta que noite de 14 de dezembro de 1983, dirigia sua Brasília branca em direção a casa de um amigo: Pedro Cella. A visita daquele daquela noite era para conversar com o amigo sobre a venda de alguns terrenos e fazendas, na Bahia. A casa de seu Pedro ficava às margens da BR-282, há mais ou menos uns 10 km de Chapecó. Tasca não encontra o amigo em casa. Vestindo uma calça social marrom e uma camisa amarela clara, Tasca então retorna para casa, por volta das 20h. Ao se aproximar de uma fábrica da Coca-cola, que existia naquela época, em torno de 6 km de Chapecó, o corretor sai do asfalto e entra numa estradinha de terra, à direita da rodovia, que dava acesso à granja dos Tozzo. Confuso e desconfiado do porque teria mudado o percurso, Tasca relata em sua descrição aos ufólogos Daniel Rebisso Giese,


então presidente do Centro de Investigação e Pesquisa Exobiológica (CIPEX) e Walter Karl Bühler, da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores (SBEDV), que permanece dirigindo ainda por cinco minutos e depois para. Ali Tasca se depara com objeto esverdeado, com aproximadamente 10 metros de comprimento por 3 metros de altura, pousado logo à sua frente. Ele pára o carro a mais ou menos uns 30 metros do objeto, que se parecia muito com ônibus. Curioso desliga os faróis e o motor do carro. Tenta se aproximar do objeto e consegue em poucos segundos contar 10 janelas. Fascinado ele vê que aquele veículo – que parecia um ônibus – flutuava. Não tinha rodas, nem pneus. Timidamente ele se aproxima do objeto e sente uma forte onda de calor. Apreensivo, ele se afasta do objeto e retorna para sua Brasília, 81. Quando toca na maçaneta do carro, um feixe luminoso que saia do objeto aparece. Era como uma faixa de luz brilhante, de cor amarela, como um tapete lustroso, com aproximadamente um metro de largura, que se estendeu velozmente embaixo do objeto. Fazia frio. Era noite, já estava escuro e nesse momento o tapete luminoso passa por baixo de seus pés e muda repentinamente de sentido. Antes a luz vinha do objeto em direção à luz. Agora, o feixe de luz seguia em direção ao objeto, desta vez puxando- sem tempo de reagir, ou mesmo desequilibrar-se. Com a aproximação repentina, ele percebe que a cor real do objeto era cinza, ao invés de verde. Em segundos Tasca perde os sentidos. Tasca, indicando no local do sequestro, detalhes do começo de sua experiência. Na fotografia acima ele indica a largura do feixe de luz, emitido pelo objeto, que o puxou em direção ao objeto. Ao fundo, o carro de Tasca, estacionado no exato local onde ficou estacionado na noite da experiência. Ao acordar, ele percebe que estava em outro ambiente, mais frio e em total escuridão. Ele não conseguia mexer seus braços. Em suas regressões de hipnose e também nos relatórios ao CIPEX, o corretor disse que seus braços pareciam estar colados ao corpo. E suas pernas, cola-


das uma à outra. Com a lembrança vívida do episódio ufológico, Tasca pensa que tinha sofrido morte aparente, tendo voltado do período de letargia já dentro de um túmulo. Sua respiração então fica ofegante, ao mesmo tempo em que o ambiente tornava-se ainda mais frio, a ponto de seu corpo tornar-se insensível. Ele descreve que sentia intensa falta de ar, mas não conseguia gritar por socorro. Era uma agonia cruel. Ele então chora em silêncio. Tasca não sabia o que estava acontecendo, onde estava e porque teria parado naquele lugar. Quando ele começa a sentir suas lágrimas, a temperatura aumentou, o ar voltou a fluir no ambiente e sua sensibilidade do corpo voltou ao normal. Em frações de segundo, Tasca ouve passos abafados, que pareciam três ou quatro pessoas que caminhavam à sua direita. Um deles se posiciona à sua esquerda e começam analisar suas pernas e a se comunicar em uma linguagem desconhecida. Para ele eram grunhidos de cachorros, ora mais longos, ora mais curtos, variavam de timbre, mais alto ou mais baixo. Depois, os tripulantes examinam a parte dos joelhos e das pernas inferiores. Eles o erguem do chão e o levam para outro compartimento, onde o colocaram-no de novo no chão e se afastam. Com isso, a luz acende e Tasca pôde perceber que estava completamente nu. Ele se recorda que o ambiente não era muito grande. Tinha em torno de uns 3 metros de altura por 3 metros de largura e os cantos arredondados. Por dentro do ambiente ele não conseguia enxergar portas ou janelas visíveis. Era apenas uma sala, branca e fria. Tasca então corre os olhos pela sala e vê à sua direita suas roupas e calçados, em um montículo. Pela primeira vez, desde que tinha sido raptado, ele consegue levantar-se, apalpa as paredes e pode perceber que elas eram polidas e tinham cor de alumínio. Em seguida, uma porta se abre. Uma moça de aproximadamente 1,20 metros, de cabelos claros caindo até o ombro aparece na porta. De pele clara e fina, olhos azuis amendoados eram afastados entre si e chegavam a alcançar a parte lateral do rosto. Ela estende a mão para Tasca, num gesto amistoso, de aparente saudação. Durante esses movimentos, ele ouve uma melodia que lhe trouxe um sentimento de paz, alegria, saudade e sensações às cores. Ele pensa em perguntar à tripulante quem era ela e de onde vinha, mas mesmo antes de formular sua pergunta, oralmente, a resposta surge:


- Sou Cabalá. Mensageira do Mundo de Agali. Venho em missão de paz e amor! Em seguida, Tasca pergunta: - Onde estamos? Novamente a resposta surge em sua mente, antes que ele fizesse a pergunta oralmente: - Estamos no oceano, a 180 metros abaixo do nível do mar. Tasca sente, nesse momento, uma sede intensa e confusão mental. Ele até pensa em pedir água e comentar sua confusão mental: - Estou com muita sede e estou muito confuso. A senhora transmite paz e amor, mas, também confusão que eu não posso dominar. Acho que é a sua beleza a causa. Imediatamente a resposta vem à sua mente: - Você vai beber agora mesmo e sua sede passará, bem como seu estado de confusão. Acima, representação de Cabalá em arte de Luiza Ribas. Tasca percebe que na parede havia um objeto, de mais ou menos um metro de comprimento, por 15 centímetros de altura e quatro ou cinco centímetros de profundidade, com 10 botões avermelhados. Cabalá aperta um destes botões e uma gavetinha se abre. Dentro do recipiente duas bisnagas com pouco mais de seis centímetros. Ela puxa o trinco de um deles e abre a bisnaga. Oferece a Tasca que bebe aquele líquido incolor e inodoro. O líquido era mais leve que a água. Ela então oferece o segundo frasco ao corretor. Desta vez, o sabor era semelhante ao de amoras brancas, levemente ácido. Cabalá diz a Tasca: - Agora não vai sentir sede nem confusão diante de mim. É hora de cumprirmos missão de muita importância, para a qual fomos escolhidos. Fique calmo... Tasca pergunta: - Depois disso serei devolvido ao meu mundo?



Ela responde: - Sim, mas tem hora certa para isto. Caso contrário, você será colocado num lugar muito distante daqui (onde mora). Ela explica a Tasca que ele havia sido escolhido para transmitir mensagem aos seus co-cidadãos de todo o globo terrestre. Ele a questiona porque razão. Cabalá responde: - Sempre acreditou na existência extraterrestre e já havia desejado tal encontro. Ele começa a sentia uma profunda sensação de desejo pela tripulante. Cabalá se aproxima de Tasca quase ao mesmo tempo em que uma espécie de divã surge da parede da sala. O objeto media aproximadamente 1,30 metros de comprimento, por um metro de largura. Não havia encostos nem braços ou pernas de suporte. Havia apenas uma extremidade fixada à parede, como se fosse uma peça fundida. Ela se afasta, levanta seu vestido e deita sob o divã, olhando para Tasca. Os dois então, tem uma breve relação sexual, normal. Depois do ato, Cabalá fala pela primeira vez, sem o uso de meio telepático. Ela pronuncia a palavra amor, com um sotaque: “Amór” e sorri. Mesmo assim o olhar da tripulante era de imensa tristeza. Ao sorrir, Tasca percebe dentes brancos e delicados, como os de uma criança na pequena tripulante. Minutos depois, já recompostos, Cabalá posiciona-se à frente de Tasca e o informa que ele seria um porta-voz, transmitindo uma mensagem ao povo da Terra. Surpreso, Tasca alega que sua memória era fraca e que não estaria apto para a missão: - Senhora, ao sair daqui minha mente vai falhar e eu lembrarei apenas alguns trechos da mensagem! Cabalá aperta então outro botão naquele instrumento preso à parede e uma divisão maior se abre de onde ela tira uma espécie de diadema. Coloca na cabeça de Tasca, dizendo: - Com isto na sua cabeça, você me ouve duas vezes a dizer-lhe a mensagem e nunca mais esta lhe sairá da memória.



5. A MENSAGEM


Cabalá ajusta a diadema e transmite a mensagem: Advertência da mensageira Cabalá, do mundo de Agali, para todos os povos da terra: É preciso que sejam imediatamente desativadas as armas de guerra, capazes de acabar com qualquer espécie de vida aqui existente. Além de toda sua apavorante e mortífera devastação, uma guerra nuclear total colocará a terra fora de sua rota celeste e causará graves distúrbios à vida de mundos vizinhos, alguns em dimensões que o homem terrestre ainda desconhece. É preciso que sejam abolidas as dominações políticas, econômicas e financeiras de nações sobre nações. O imperialismo contraria o direito de igualdade dos povos e se constitui numa nova e solerte modalidade de escravização. É preciso que sejam preservadas a essência da vida humana e as suas funções naturais de reprodução. Em estrelas próximas e noutras inatingíveis ao homem atual a vida surgindo sopro do eterno espírito criador de todas as coisas-Deus, razão pela qual não deve ser objeto de experiências imponderáveis, porque estas terminarão em desastre genético irreversível. É preciso que, dentro do mais rigoroso critério de justiça e moral, com vistas para a solução dos problemas sociais resultantes da prolificação humana desordenada, sejam instituídos órgãos que, por vias científicas naturais, planejem e executem programas de controle populacional e de melhoramentos biológico do homem. É preciso que o homem conquiste outros mundos do universo e ali encontre lugares adequados para as suas futuras emigrações e novas fontes de energia e subsistência, mas antes deve conquistar seu próprio mundo, desvendando-lhe os enigmas que ainda existem na terra, no mar e no ar; conservando-lhe os elementos naturais de vital importância, defendendo-o da sutil pirataria do exterior e curando-lhe as imperfeições humanas do corpo, da mente e do espírito. É preciso que, atendidas estas exortações, a humanidade esteja preparada para o período de extraordinários acontecimentos de que a terra será palco, dentro de pouco tempo. Os grandes eventos serão prenunciados por estranhas manifestações telúricas e sinais celestes de magní-


fico esplendor e inquietante beleza. Mestres da suma sabedoria tornarão a vir à terra, renovarão ensinamentos maravilhosos e ajudarão a estabelecer nova sociedade política. Renascerá o paraíso terrestre, pleno de luz e amor. Então, através de meios e energias ora sequer supostos, o homem conhecerá os côncavo-convexos dimensionais da terra, viajará às profundezas do universo e não sentirá a canseira do tempo. E, como sublime conquista da capacidade criadora humana, será posta em ação a máquina do poder absoluto, engenho que, entre muitos outros prodígios, dará à humanidade visão mais feliz e assombrosa de toda a sua história: a ressurreição dos mortos na faixa dos quatro xis. Após transmitida a mensagem, Cabalá retira a diadema da cabeça de Tasca e guardou-o de novo no console, que fechou-se imediatamente. A mensageira encara Tasca, repetindo a mesma saudação emitida no momento inicial da conversação, cruzando, em seguida, o braço esquerdo sobre o peito e levantando a mão direita sobre o ombro. Tasca receba mensagem “paz e amor”. Ela então recua de costas, lentamente em direção à porta de entrada que havia se aberto na parede. Após a passagem da moça, a porta se fecha hermeticamente, deixando em Tasca uma sensação de solidão e de abandono. A iluminação na sala diminui, restando uma escuridão plena no local. Tasca ouve passos e sente novamente a presença de pequenas criaturas ao seu redor que, puxando-o para outra sala, indicavam para que deitasse. Tasca reconhece o lugar como sendo o mesmo local gélido e assustador em que esteve no começo de sua experiência. A temperatura cai gradativamente até o momento em que ele perde os sentidos.

NA CASA DE TASCA Enquanto Tasca estava sob o domínio da mensageira Cabalá, sua família vivia momentos de angústia e apreensão com seu desaparecimento. Ele era esperado às 19h para o jantar em família, mas sua demora despertou preocupação em todos os familiares. Era



meia noite, quando estavam reunidos na sala esperando a chegada do patriarca. As expectativas eram das mais variadas: Um acidente? Um pneu furado? Será que se perdeu? Hospital? Delegacia? Já tentaram no IML? Apegado à família, o sumiço repentino do corretor causou estranheza e profunda preocupação em todos os familiares. Ele não havia ligado nem para avisar se iria se atrasar. Seus pais, sua esposa e sua filha gastaram alguns minutos ao telefone ligando para delegacias de Chapecó e cidades próximas. Estava tudo muito estranho, aquilo não podia estar acontecendo. Não era do feitio de Tasca nem demorar, tampouco se atrasar ou deixar de avisar. Na sala, a espera demorou pelo menos mais duas horas, quando por volta das 2h30 da manhã, cunhados de Tasca resolvem então sair a procura do corretor pelas ruas de Chapecó, em busca de pistas, sinais de pelo menos saber onde estava o carro do cunhado. Enquanto isso, outros familiares também foram avisados do desaparecimento do corretor e foram até a casa de Tasca para confortar a família. Foi uma noite inteira em claro esperando por notícias. Ao lembrar-se de que ele havia saído para ir à casa de Pedro Cella, alguns familiares foram até a estrada de acesso ao trevo da BR-282, onde na época funcionava um posto policial. Mesmo antes de chegar ao posto, eles avistaram o carro de Tasca, parado na estrada de terra, que dava acesso à granja dos Tozzo. O carro estava intacto, fechado, sem qualquer resquício ou sinal de anormalidade. Eles ligam na mesma hora para à delegacia de polícia solicitando um investigador para acompanhar o incidente. O carro foi encontrado, mas Tasca não.

PÓS-ABDUÇÃO Ao acordar, Tasca se vê deitado em um capinzal, em um morro rochoso, às margens da BR-282, há uns 3 km à direita do trevo de acesso da cidade de Chapecó. Pela posição do sol, Tasca estima ser aproximadamente 6h da manhã, embora seu relógio de pulso indicasse 10h15. Seus braços e pernas estavam travados, embora ouvisse e enxergasse


perfeitamente. Ela leva aproximadamente 2h para conseguir recuperar os movimentos. Quando consegue andar, ele desce a estrada e anda a pé, por aproximadamente 2 km, até chegar à Eletrodíesel Batistela, onde é atendido por duas moças. Ali Tasca telefona para casa e avisa sua família. Isso já era passado de 9h da manhã. O corretor foi então informado da grande agitação e agonia que se abateve sobre sua família, do carro abandonado que fora encontrado na estrada de terra e da mobilização de um investigador de polícia para o seu desaparecimento. Então, ele segue rapidamente para casa, mas antes é encontrado por seu filho, Maximino Tasca, que chegava à cidade naquele exato momento.


6. AS MARCAS INEXPLICÁVEIS


U

m pai simples, dotado de inteligência nata, gostava das coisas que ao homem era cativante e desconhecida, Tasca sempre acreditou na existência de mundos habitados sem definir a forma. Seu filho, Maximino Tasca, se recorda que a estranheza do pai já nasceu consigo: Lembro de que quando menino eu o ouvia tecer alguns comentários sobre a possibilidade de outras civilizações mundo afora. Mesmo quando garoto, Maximino sempre definiu seu pai como um sujeito avesso que vivia quase agnóstico ou ateu, mas que no fundo tinha a convicção da existência de uma força suprema bem diferente daquela professada nos bancos de igrejas. Na noite de 14 de dezembro de 1983, Maximino estava trabalhando num hotel em Mondaí quando recebeu uma ligação da família por volta das 6h30, relatando que seu pai poderia ter sido seqüestrado por não ter dormido em casa, nem ligado, tampouco dado notícias. Como meu pai nunca teve hábitos noturnos nocivos – bebida, farra, mulheres – o fato chamou a atenção ao inesperado desaparecimento dele durante à noite, pois ele havia dito em casa que voltaria do trevo antes do escurecer. Assim que recebeu a notícia, Maximino pega emprestado o carro do trabalho junto de um colega que trabalhava na Telesc e foi a Chapecó. Ao chegar ao trevo, logo abaixo onde dá acesso à casa da família de Pedro Cella, ele vê seu pai à beira do asfalto, andando de forma estranha e inusitada. Os dois param o carro e por alguns segundos, Maximino avista seu pai e percebe que havia acontecido algo de anormal com ele. Os dois embarcam novamente no carro e logo adiante, em torno de 1km a frente estava a Brasília branca que Tasca usava. Paramos porque havia muitas pessoas por lá indagando sobre o ocorrido, Parentes, amigos, policiais...


Maximino se lembra que encontrou o pai em estado de choque. Estava perturbado e os prantos eram incessantes. Os dois então resolvem levá-lo ao Pronto Socorro do Hospital Santo Antonio – que hoje não existe mais. Naquela noite, o médico plantonista era o doutor Júlio Zavadski. Tasca foi medicado e liberado em questão de quatro horas e a causa do estado de choque fora dada como sequestro. Até aí, ninguém sabia de nada. Quando ele regressou para casa, nos chamou a atenção a sede insaciável que ele sentia. Ele aparentava estar bem, mas algo o atormentava no seu espírito e corpo. Quase não falava. Como a notícia era de que Tasca havia sido sequestrado, alguns parentes estavam esperando por informações de seu paradeiro. Maximino se lembra de que o pai queria tomar um banho e ao tirar a camisa com a ajuda de um dos parentes, uma marca sobre as costas do ex-corretor soou estranho e intrigante à família. Ele conta que o pai nada sentia a até se assustou ao vê-la de dois espelhos. Ao perceber, Tasca fica cabisbaixo e preocupado, mas não sabia a origem nem como aquela marca havia aparecido ali. Depois do banho, sobre a cama ele só bebia água e mais água. Foi se alimentar somente no segundo dia depois do ocorrido. Como o pai não contava nada sobre o que havia acontecido, Maximino resolve então indagá-lo no mesmo dia (15/12/1983). Ele me disse não haver condições para tanto e que logo o tivesse contaria. Eu fui o primeiro a saber dos fatos e fiquei pensando se meu pai não havia ficado maluco. Sempre procurei nele a mais pura veracidade dos fatos, pois se ele os tivesse criado, eu mesmo me incumbiria de questioná-lo ao ponto do ridículo. Para minha surpresa, nunca houve fatos para tanto. A marca na coluna vertebral do pai era um fato inquestionável de algo sobrenatural. Assim que viu o ferimento, Maximino liga para o doutor Júlio e expõe o fato. O médico, por sua vez pede para que o


levasse o quanto antes fosse possível. Ao chegar no hospital, o filho se recorda que haviam diversos médicos que estavam curiosos para ver o ferimento nas costas de Tasca. Ele lembra-se de uma jovem médica do Rio de Janeiro, amiga dos plantonistas e que era perita em doença de pele, se admirar e indignar-se com aquela marca estranha. Ela dissera nunca ter visto nada igual, nem no seu mestrado nos EUA. Como a junta médica não soube explicar a origem e nem a causa do ferimento, o doutor Júlio disse a Tasca que aquele ferimento deveria estar muito dolorido – se fosse normal – e que no mínimo, a febre estaria em torno de 39 graus. Mas o fato instigante permeava a família. Tasca nunca sentiu dor alguma, a não ser na cicatrização quando a casca se desprendia do ferimento. Em 16 dias estava tudo sarado sem que Tasca precisasse tomar um medicamento sequer. As sequelas advindas do pós incidente, tornou Tasca um pai mais circunspecto, mais ameno ao mundo em que vivia, e principalmente mais voltado à crença da existência de um ser supremo. Por todo o trauma que ele passou do incidente, disse-me ele um dia: “posso ser um humano privilegiado, mas não gostaria de um outro encontro sobrenatural da forma como eu vivi”.


7. A INVESTIGAÇÃO


D

epois do reaparecimento de Tasca, alguns pesquisadores ficaram sabendo da notícia através da imprensa. A partir daí, iniciou-se a investigação sobre a veracidade dos fatos contados pelo corretor. Um dos primeiros a investigar o caso foi o ufólogo Daniel Rebisso Giese, presidente do Centro de Investigação e Pesquisa Exobiológica (CIPEX). Durante sua investigação, o ufólogo produziu um minucioso relatório do caso, interrogou Tasca e procurou encontrar falhas em seu depoimento. Os dois percorram pelos locais, onde o corretor disse ter sido abduzido. Depois, o ufólogo Walter Karl Bühler, da SBEDV, foi até Chapecó, onde entrevistou Antonio Nelso Tasca e seus familiares. Ele também esteve nos locais da abdução e devolução, associados ao caso, onde realizou medições de eletromagnetismo e radioatividade, além de obter diversas fotografias. Através desta pesquisa, Buhler descobriu que duas pessoas, em pontos próximos ao local do sequestro, avistaram um objeto voador luminoso, no mesmo horário em que ocorreu o sequestro. Parte do relatório de sua investigação foi publicado no Boletim da SBEDV, no ano de 83 edição 158/161: Foi-nos gratificante, no começo de uma noite, privarmos de momentos com a grande e alegre família de três gerações dos Tasca, uma dúzia ou dúzia e meia de pessoas. Todas elas rindo e falando ao mesmo tempo, característica do gênio afável de descendentes de italianos, reunidos no centro ocupado por jardim entre suas casas, lá no bairro do Palmital, em Chapecó (SC). Procuramos entrevistar ainda as duas moças na empresa “EDIBA”. Contudo não tivemos sorte em ambas as tentativas nossas, quando elas faltaram ao escritório. Aconteceu assim também, com mais duas pessoas que, de longe, teriam avistado objeto luminoso na hora e direção onde se deu o sequestro e respectiva volta de Tasca à Terra. Na ocasião, ignoramos que teríamos de indenizar antecipadamente a diária dessas humildes pessoas, diaristas de trabalho no campo. Entretanto, foi especialmente gratificante para nós a pesquisa no carro de Tasca. Queríamos saber se o veículo




havia sofrido indução magnética, como é comum em peças de aço de nossas máquinas quando expostas aos intensos campos eletromagnéticos com os quais os discos voadores parecem servir-se em sua locomoção. Assim, as palhetas dos limpadores de pára-brisas do carro de Tasca acusaram 5 Gauss e, um tanto, os pára-choques dianteiro e posterior. Todavia, curioso para nós foi observar a inversão, negativo e positivo, do lado direito e o respectivo esquerdo. E, da mesma forma, houve entre o pára-choque posterior e o anterior, quando comparados os valores do mesmo lado. Uma vez que acusasse também magnetismo de 5 Gauss um cabo de aço cravado no chão, com a finalidade de dar apoio a poste de alta tensão, e que teria ficado em local próximo ao objeto voador, vaticinamos “a posteriori” que o aparelho, a uns 30 metros do carro de Tasca, posteriormente tenha sobrevoado o automóvel, para causar imantação de mesma intensidade que o cabo de aço; que se encontrava muito mais perto do disco voador. Foram ainda os filhos de Tasca e este em pessoa quem, em Chapecó, nos descreveram o defeito na ignição do carro da testemunha. Antes, eram exigidas várias tentativas, até dez ou mais, para se conseguir pôr o motor em movimento. Todavia, após o evento ufológico, durante dois dias o motor imediatamente respondia certeiro à primeira tentativa. Mas do terceiro dia em diante ressurgiu o velho defeito. Ainda em contato com o magnetômetro de Pierrejaquet, a fivela e grampo do cinto de Tasca, assim como a pulseira do relógio usado no episódio ufológico, acusaram imanização de aproximadamente dois Gauss e meio.



8. A MORTE


F

ilho de italianos, Antonio Nelso Tasca nasceu em Garibaldi (RS) e até nove anos de idade só sabia falar a língua paterna. Foi criado dentro da fervorosa igreja católica, tanto que quase se tornou padre. Mas acabou casando-se com a bondosa Thereza, como descrevia sua primeira esposa, com quem teve seis filhos. Na época de sua abdução Tasca tinha 49 anos e morava em Barreiras, na Bahia, mas visitava familiares e amigos em Chapecó. Em agosto de 2007 Tasca sofreu um acidente de carro, em Sarandi, no Rio Grande do Sul e veio a falecer dia 30 de janeiro de 2008, depois de ficar quase seis meses na UTI do hospital São Vicente em Passo Fundo. Ele completaria 75 anos em 5 de fevereiro de 2008, dias depois de sua morte. Um mês antes, Tasca escreveu uma mensagem à sua família. Digitado na máquina de descrever, Tasca falou em versos sobre a velhice, a dor e a morte. A mensagem chegou às mãos de Ivo através do filho de Tasca, Maximino.


ANTテ年IO NELSO TASCA RONDA ALTA/RS, 07 E 08/07/07


Ó meu Deus, por que fizestes

Mais três coisas, ó meu Deus,

Tão diárquico este mundo,

Não devíeis ter criado,

Com o Bem e o Mal no fundo

No sexto dia sagrado,

Da vida de todos nós?

Quando o homem teve aporte

E por que não nos dais Vós

E, ao mesmo tempo, a má sorte

A Vossa imensa guarida

De ver-se sempre envolvido

Como, no início da vida,

Nestes males mais temidos:

Destes aos nossos avós?

A VELHICE, a DOR e a MORTE!...

Mas quem sou eu, Grande Deus,

A VELHICE, Deus Sapiente,

Pra me opor – que veleidade! –

Por mais que me dê revolta,

À Vossa Santa Vontade

É um mal que não tem volta…

Nos Atos da Criação?

Nem se a Vós eu me ajoelho,

Perdoai-me a pretensão:

Nem se Vos beijo o Evangelho

Há quatro coisas erradas

Que contém as Vossas Leis

Naquelas vitais sopradas

E quem diz que Vós sabeis

Com que criastes Adão.

Como é triste ficar velho!...

Um dos erros – perdoai-me,

A DOR, Deus Onipotente,

Se com isto vos ofendo! –

É a mais triste sensação

É aquilo que não entendo:

Dum ser vivo em situação

Um mundo cada vez mais

De doente ou machucado,

Tomado de intensos ais,

Mas quem mais a tem provado

Com mil diabos que desandam

Foi Alguém, de amor profundo,

E que parece que mandam

Que, para salvar o mundo,

Tanto quanto vós mandais!

Sucumbiu crucificado.

Ao criardes este mundo,

Quanto à MORTE, Grande Deus,

Por que ficastes Vós

Por que Vós a instituístes,

Com plena ação sobre nós,

Se só tem efeitos tristes

Pra nossa felicidade,

E até mesmo aterradores?

Já que a Vossa Autoridade

Afastai-nos essas dores

Podia, sem menoscabo,

E a MORTE substituí-nos

Tirar das garras do Diabo

Por Vida Eterna e por hinos

Seu império de maldade?

Que falem de amor e flores!


9. O CASO NO MEIO UFOLÓGICO


As roupas e pertences que Tasca utilizava na noite da abdução estão expostos no Museu Internacional de Ufologia, História e Ciência “Victor Mostajo”, em Itaara no Rio Grande do Sul

R

eferência no Oeste catarinense, ufólogos de todo o País visitaram Chapecó para conhecê-lo. Tasca participou de vários eventos como palestrante e resultou no seu livro que traz sua própria narrativa sobre a abdução. Em 2011 conheci também o ufólogo de Curitiba, Ademar Gevaerd. Com ele mantenho contatos via e-mail e já participamos de alguns seminários de contatados. De um espírito invejável, em 2013 em Ipuaçu, Gevaerd me falou pela primeira vez sobre o Tasca. O sentimento que percebo da Comunidade Brasileira de Ufologia (CBU) é de gratidão a tudo que Antonio Nelso Tasca conseguiu transformar, recontar e definitivamente mudar a história ufológica do Brasil. Depois de tanta insistência e ligações, consegui o depoimento de dois colegas da Revista UFO que conheceram Tasca e falaram sobre a índole deste pacato corretor de imóveis. O caso de Antonio Nelso Tasca é um dos mais importantes da história da Ufologia Mundial, em especial a brasileira, por ter inúmeros aspectos de elevada credibilidade, a começar pela incontestável idoneidade da testemunha, que foi levada para bordo de uma nave alienígena durante um processo conhecido na Ufologia como “abdução alienígena”. Tasca, ao ser devolvido pelos tripulantes e relatar seu episódio a familiares e amigos, e assim o fazendo por décadas, manteve sempre inalterada sua história, atestando sua legitimidade. Entre todas as nuances do assim chamado Caso Tasca, um que evidencia ainda mais as condições a que foi submetido está nas sequelas físicas que trouxe de sua experiência, assim como uma profunda mudança interior, fazendo-o transformar-se em um indivíduo que buscou de maneira serena a explicação para o que passou. Antonio Nelso Tasca conta com a confiança e tem reputação ilibada perante todos os ufólogos brasileiros que o conheceram e acompanharam seu caso, a exemplo de mim, que publiquei seu livro “Um Homem Marcado por ETs” em duas versões e atesto sua franqueza. Estive pessoalmente em alguns eventos com o Antonio Nelso Tas-


ca e pude conferir a sua sinceridade quando relatava a sua experiência, inclusive chegando a se emocionar sempre que falava sobre seu contato com a extraterrestre Cabalá. Um caso que deixou evidências físicas na testemunha que teve suas costas marcada, dando uma maior credibilidade a sua história.




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