Talents web edition 01

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ANO I Nº 01 TRINITY EDIÇÕES




autor veterano, postado em uma rede social, aos códigos e símbolos presentes nos mangás. Mas que raios de códigos são estes? Códigos são conteúdos subliminares, ocultos em uma determinada obra. Não apenas nos mangás, mas em quaisquer outras mídias, destacadamente as de entretenimento. O objetivo destes códigos é promover interações, de maior ou menor intensidade, com os expectadores de determinada obra. Quer exemplo disto? A aclamada Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons, é recheada de códigos e símbolos, tendo suas páginas permeadas pela Teoria do Caos, conceito científico hoje famoso. Pensando em algo mais próximo dos mangás e animes, recordo-me do anime Dragon Ball, quando um ainda garoto Goku enfrenta um andróide da organização Red Ribon. Este adversário robótico do protagonista é escarrado e cuspido a imagem do ator Arnold Schwarzzennegger, então na pele do ciborgue T-800, nos filmes da série Terminator, o Exterminador do Futuro. O que o leitor japonês enxerga desta cena? O personagem Goku, herói local, enfrenta um ícone estrangeiro, transportado do cinema para aquela realidade em particular, a da mídia impressa dos mangás. Quer um exemplo inverso, mas plenamente válido? Nas edições 8 e 9 do comics Punisher, de 1987 (no Brasil, publicadas nas edições 90 e 91 da revista Superaventuras Marvel, da Editora Abril), o personagem Punisher encara um alto-executivo japonês psicótico, acostumado a mutilar moradores de rua, por mero hobby.

Tendo como base o fato histórico de empresas japoneses terem tomado de assalto fatias do mercado consumidor norte-americano - com destaque para as indústrias automobilística e de eletro-eletrônico - nada mais interessante para o leitor médio estadunidense ver um (anti)herói local "detonar os japas invasores".

Percebe-se como o leitor se rende - ainda que inconscientemente - a estes símbolos e códigos e signos presentes nas hq´s? Pois é.

o leitor médio estadunidense ver um (anti)herói local "detonar os japas invasores". Percebe-se como o leitor se rende - ainda que inconscientemente - a estes símbolos e códigos e signos presentes nas hq´s? Pois é. A cooptação, a diversão, a valorização, bem como a fidelização de leitores a uma determinada série ou mesmo aos próprios autores depende do uso correto e competente de tais códigos. E isso por parte dos autores. E você achando que só precisava colocar dois ou mais personagens se digladiando, e já estaria bom...

Punisher tretando com japa: Exemplo de herói local enfrentando arquétipo estrangeiro. Tendo como base o fato histórico de empresas


Percebe-se como o leitor se rende - ainda que inconscientemente - a estes símbolos e códigos e signos presentes nas hq´s? Pois é. Podem acontecer falhas na própria caracterização dos personagens estrangeiros com suas contrapartes do “mundo real” – como os ninjas na hq do Punisher terem um porte físico igual ao dos sumotoris, os lutadores de sumô, que nada têm a ver com uma compleição muscular mais ágil e esguia, mais adequada aos praticantes do sistema marcial ninjutsu. Difícil afirmar em que níveis operam sentimentos mais subentendidos, como preconceito e mesmo uma xenofobia mais implícita. Para outros povos, como discutido anteriormente, a quantidade de compreensão destes códigos pode ser maior ou menor, mas continuam sendo assimilados. A cooptação, a diversão, a valorização, bem como a fidelização de leitores a uma determinada série ou mesmo aos próprios autores depende do uso correto e competente de tais códigos. E isso por parte dos autores.

Como se percebe, a produção da mídia Quadrinhos, e de outras com foco no entretenimento, passam de maneira obrigatória, pelo crivo da qualidade e de alguma elaboração. E você achando que só precisava colocar dois ou mais personagens se digladiando, e já estaria bom... Pois é!

Acima: Goku embolacha a versão local do T-800 de O Exterminador do Futuro. A Esquerda: o Punicheiro da Marvel Comics prestes a tomar uma “katanada” do japa. Abaixo: Caboclo é ou não é a cara do Xuazeca?!















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