APT.LAB
APT.LAB é um campo de experiência que inaugura a parceria entre os artistas Talita Florêncio e Thiago Salas. Advindo de históricos distintos em linguagens como música e dança os artistas encontram nas ações intermidiais a raiz de suas práticas investigativas. APT.LAB se organiza enquanto uma rede de desejos que explora relações entre corpo e objeto em ambientes tecnologicamente mediados. Nas propostas de criação estes ambientes avançam enquanto conteúdos desenvolvidos a partir de técnicas sonoro-coreográfica, hiperpartituras, tecnologias eletrônicas e digitais, conformando possibilidades performáticas.
Í N D I C E
h i s t ó r i c o
(s)cinta
corvina
[página 02]
[página 07]
[página 11]
cristais
dupl•s
[página 05]
[página 09]
devir pelúcia [página 14]
PERCURSO APT.LAB possui em seu histórico trabalhos como “Cristais” (2016), “(S)Cinta” (2016), “DUPL•S” (2016) e materiais em desenvolvimento como “Corvina” (2018), “Devir Pelúcia” (2018), “Gap”(2018) e “Líquido” (2018); APT.LAB já circulou por diversos festivais e espaços culturais apresentando “Cristais” e “(S)Cinta” nos locais: Espaço Sete – Centro Cultural do Contribuinte da Cultura (São Carlos/SP); Barracão Cultural – Secretaria da Cultura (Sorocaba/ SP); Centro de Referência da Dança da Cidade de São Paulo (São Paulo/SP); Museu da Imagem e do Som – MIS (São Paulo/SP) e Fundação Cassiano Ricardo (SJ Campos). Realizou aberturas de processo em dois eventos do Circuito de Improvisação Livre sediados na Trackers em abril e maio de 2016. Integrou o evento “Convergências: Encontro de Práticas Artísticas Experimentais” na FUNARTE em maio de 2016. Participou da Mostra Ensaios Perversos sediada na Casa do Povo no mês de agosto do mesmo ano. Ministrou a oficina TECNOLOGIAS E GESTO SONORO em locais como: Oficina Cultural Sergio Buarque de Holanda (São Carlos/ SP), Barracão Cultural – Secretaria da Cultura (Sorocaba/SP), Centro de Referência da Dança da Cidade de São Paulo (São Paulo/SP), Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (FILE), 2016.
Em 2016 como continuidade de suas pesquisas
Duplos teve sua primeira edição em 2016 e vem
Talita Florêncio e Thiago Salas inauguram uma
estabelecendo uma rede de afetos e de práticas
série de convites integrando outros diversos
artísticas na colaboração entre músicxs e dançarinxs
músicos e bailarinos em realizações com foco
diversos, com distintas formações e trajetórias.
na improvisação. Este projeto vem acumulando
Participaram ao longo deste processo Beatriz Sano,
um conjunto de experiencias em uma
Jorge Peña, Aline Bonamin, Thomas Rohrer, Patricia
plataforma intitulada DUPLOS. Esta plataforma
Bergantin, Paulo Hartmann, Eduardo Fukushima,
se desenvolve na intenção de provocar,
Rogério Costa, Patrícia Árabe, André Damião, Érica
estender, difundir o conhecimento acerca da
Tessarolo, Felipe Merker, Nina Giovelli, Loop B,
improvisação entre linguagens. Os trabalhos
Cristian Duarte, Luiz Galvão, Key Sawao, Jussara
relacionados lidam com questões como acaso,
Miller, Juliana Moraes, Alexandre Zamith, Pedro
indeterminação, interferência. O trabalho conta
Macedo, Manu Falleiros, Ricardo Iazzetta, Flávio
com intenções dde expor em sessões públicas,
Lazzarin, Maurício Florez, Rodrigo Olivério, Isis
suas estratégias de composição em tempo real,
Andreatta, Eduardo Contrera, Danielli Mendes,
o diálogo e os desdobramentos de contornos
Dudude Herrmann, Raul Rachou, Alex Dias, Clarice
que envolvem o sentido de coreografia e
Lima, Flora Holderbaum, Rafaela Sahyoun e
espetáculo.
Henrique Iwao. Foram realizadas cinco edições com performances nas unidades, Sesc Pompéia, Sesc Vila Mariana, Sesc Campinas, Sesc Interlagos e Sesc Consolação. Em 2017 foi apresentado na Casa da Luz a primeira versão do experimento intitulado Múltiplos. Em 2018 a Editora Leviatã realizou uma exposição dos materiais de registro das performances. No mesmo ano, o projeto realizou uma residência artística ao longo de três meses no Sesc Santana, elaborando possíveis formatos de continuidade na pesquisa sobre improvisação entre linguagens.
CRISTAIS
descrição do objeto: duas pequenas lâminas sobrepostas e achatadas que variam entre 27mm e 35mm de diâmetro; a lâmina central é branca, frágil, de finíssima espessura em porcelana, acoplada ao centro, configura-se enquanto um cristal que contém propriedade piezoelétrica. A outra, de maior diâmetro, em cobre, dourada.Todo o composto remete ao universo sutil e enigmático de pequenas jóias. São utilizadas durante a performance nove destes itens acoplados por pequenos fios em diferentes partes do corpo.
Dispostos estrategicamente sobre o corpo, estes
segundo a segundo entre corpo e som. Nesse
cristais tornam-se ferramentas extensoras ao criar
percurso, anima-se de potência estes frágeis
prolongamentos de partes anatômicas de onde
objetos que ao produzir uma massa sonora de
partem os fios.No mapeamento destas regiões
diversas intensidades, modela, delineia e decide o
corporais as mãos são deliberadamente
caminho percorrido pelo corpo. Em outros
ausentadas, de modo a impossibilitar o uso direto,
momentos o corpo rege, como resposta a
viciado e invasivo desta estrutura corporal que é
transformação física proposta pela imposição do
naturalmente acionada por memória e reflexo do
som. Nesse diálogo entre objeto e sujeito,
nosso aprendizado.
visualizamos no corpo do performer não mais seu
Estes cristais de porcelana são capazes de
indivíduo, mas o objeto tornando-se em sujeito. O
responder a mínimas transformações e variações
corpo que percorre esse trânsito torna-se então
de pressão em sua estrutura. A cada variação de
matéria por onde as forças invisíveis escapam, e
movimento, estes sensores amplificam estímulos
tomam formas visíveis.
gerando sonoridades marcadas por uma dimensão intensa e rudimentar. Estas características sonoras são antagônicas se comparada à fragilidade estrutural do material. O corpo que surge e se transforma na relação com estes objetos é um corpo formado pela mesma dualidade encontrada nas dimensões visuais e sonoras do objeto. Este corpo se investe de uma abrupta variação entre delicado e agressivo, modulando em ritmo, intensidade e pressão.Nesse ciclo de retroalimentação contínuo o movimento não se dá com intenções formalistas ou com foco simplesmente ao desenho corporal. A relação sonoro-coreográfica ocorre por meio da atenção a produção sonora gerada a cada micro movimento, deslocamento ou respiração. As características sonoras revelam a dimensão processual que ocorre na relação de transdução entre a ação e a escuta. Nesse circuito de percepção, o posicionamento do agente condutor desse processo é transformado
https://youtu.be/B4YYgR6VGzY https://youtu.be/Ki96g2I_Hi4 https://youtu.be/CjwQyeHZZ5E https://youtu.be/QDF_bUEiBi8
CINTA
descrição do objeto: cinta de aço rígido, circular, dois metros de comprimento, largura de cinco centímetros e espessura de dois milímetros. Sua maleabilidade é média, oscilando de tensão a partir da forma que é posicionada. A este objeto é acoplado um captador de contato de onde saem três metros de fio
L I N K
https://youtu.be/2oCL8uE5g9Y
O corpo que se relaciona com este objeto é um corpo rasteiro e pouco articulado. O deslocamento coreográfico acontece no nível médio e baixo em relação ao chão. A proposição imagética de acoplamento ao corpo se dá pelo centro, como se uma linha conectora unisse ventre e arco. O captador de contato acoplado à cinta permite revelar, como uma espécie de fala, o som interno deste objeto. Cada micro tensionamento, modulação e acionamento na direção de sua forma produz uma sonoridade que responde na mesma proporção e tempo à este estimulo. As mãos da performer tomam aqui a posição inversa de Cristais, e funcionam como o sensor de mediação entre as micro-deformações do objeto, sua massa e seu som, sendo responsável por perceber, detectar e conduzir a informação ao restante do corpo. A imagem coreográfica se desenvolve na responsabilidade mútua de conexão entre corpo e objeto, em uma interdependência real onde move-se junto, pausa-se junto, modula-se junto. O corpo ao se deslocar busca as micro deformações que o objeto propõe, ao passo que o objeto toma outras formas a partir desta resposta. Objeto e corpo ocupam uma unidade simbiótica, um híbrido de deformações conjuntas.
DUPL•S
Duplos surge como possibilidade de re-entender o sentido de espetáculo e a valorização da composição sonoro-coreográfica que acontece no instante através de corpos que se atiram sobre o risco, movidos pelo desejo de estar presentes na experiência adaptativa da criação conjunta. Trata-se aqui da poesia envolvida entre corpos que se moldam e são conduzidos sem a segurança e a garantia de que algo determinado aconteça, mas pela certeza de que o encontro possibilita a emergência das diversas camadas de uma relação, produzindo imagens, sons, movimentos, procedimentos e intensidades. Propõe-se neste projeto a construção de uma gramática provisória que se concretiza e desfaz entre-linguagens, desenvolvendo-se a partir dos estímulos e acordos estabelecidos durante uma presença intensificada. O trabalho se organiza em pequenas sessões de improvisação, criação de estratégias composicionais, reflexões e práticas sobre conceitos como o acaso, o provisório, o indeterminado, sendo esses, recursos de uma criação artística conjugada entre o corpo e o som.
Duplos teve sua primeira edição em 2016 e vem estabelecendo uma rede de afetos e de práticas artísticas na colaboração entre a músicos e a dançarinos diversos, com distintas formações e trajetórias. Participaram ao longo deste processo Beatriz Sano, Jorge Peña, Aline Bonamin, Thomas Rohrer, Patricia Bergantin, Paulo Hartmann, Eduardo Fukushima, Rogério Costa, Patrícia Árabe, André Damião, Érica Tessarolo, Felipe Merker, Nina Giovelli, Loop B, Cristian Duarte, Luiz Galvão, Key Sawao, Jussara Miller, Juliana Moraes, Alexandre Zamith, Pedro Macedo, Manu Falleiros, Ricardo Iazzetta, Flávio Lazzarin, Maurício Florez, Rodrigo Olivério, Isis Andreatta, Eduardo Contrera e Danielli Mendes.Foram realizadas quatro edições com performances nas unidades, Sesc Pompéia, Sesc Vila Mariana, Sesc Campinas e Sesc Interlagos. Em 2017 foi apresentado na Casa da Luz a primeira versão do experimento intitulado Múltiplos. Em 2018 a Editora Leviatã realizou uma exposição dos materiais de registro das performances. Em 2018, o projeto realizou uma residência artística ao longo e de três meses no Sesc Santana, elaborando possíveis formatos de continuidade na pesquisa sobre improvisação entre linguagens.
CORVINA [e m
p ro c e ss o ]
descrição do objeto: quatro pedras brutas na cor cinza - cascalho de asfalto. Duas faixas rígidas em algodão na cor azul e telha.
Corvina é a recente pesquisa dos artistas em torno da capacidade piezoelétrica de comunicação, relação e afeto dos peixes em fundo mar. Corvina são peixes que podem atingir 2m de comprimento, têm o corpo alongado e comprimido, de tonalidade prateada a marrom, dorso mais escuro e ventre esbranquiçado, estrias escuras e oblíquas no dorso e flancos que se prolongam até a linha lateral sinuosa, pequenos barbilhões abaixo da mandíbula. O interior da boca é amarelo-alaranjado. Possui fiadas de dentes caninos conspícuos. Também são conhecidos pelos nomes de cascudo, corvina-crioula, corvina-de-linha, corvina-de-rede, corvina-marisqueira, corvineta, cupá, cururuca, guatucupá, marisqueira, murucaia, tacupapirema, ticopá e ticupá. Quando esta espécie está próxima de cardumes de muriçocas elas batem com a cabeça na pedra para intimidar as prezas, tornando assim ainda mais fácil a pesca da mesma, pois é possível escutar de longe as batidas. Uma curiosidade é que essa espécie de peixe possua duas pedras acima dos olhos, uma pedra acima de cada olho.
o t ó l i t o s Otólitos são concreções de carbonato de cálcio presentes dentro de câmaras no aparelho
para cima. Esse controle se da através da sincronização das nadadeiras. Outra função dos
vestibular do ouvido interno dos vertebrados e que têm a função de controlar a posição do corpo do animal, ou seja, manter o equilíbrio postural. Os peixes ósseos possuem três pares de otólitos: sagita, lapílo e asterisco, cada um deles localizado
otólitos esta relacionada com as propriedades piezoelétricas (do grego, piezis = pressão), ou seja, quando submetidos a variações de pressão, liberam cargas elétricas que "informam" o peixe a respeito da profundidade em que ele se encontra.
em sua câmara própria do aparelho vestibular. Seu crescimento se dá pela aposição concêntrica de uma matriz proteica chamada otolina e carbonato de cálcio, formando anéis de crescimento que podem ser observados ao se analisar um corte
Localizados no ouvido interno, na base do crânio, existem três pares de otólitos imersos num meio Iíquido. Destes, apenas um par é mais facilmente encontrado em função de seu tamanho e localização - dentro do labirinto, numa região
transversal da estrutura. Em peixes adultos, os anéis de crescimento podem ser anuais ou com outra periodicidade, o que permite a determinação da idade de um peixe que se capture na natureza. “Essas pedras, encontradas na cabeça de todos os
chamada sáculo.Os otólitos auxiliam na determinação da idade do peixe, pois essas pedras são formadas por carbonato de cálcio e proteínas depositados em faixas. O numero e a espessura dessas faixas estão associados aos períodos de
peixes ósseos, são chamados otólitos. Fazem parte do sistema responsável pelo equilíbrio do peixe, impedindo que ele vire de lado ou de barriga
crescimento do peixe.” - Magaly T. dos Santos
DEVIR PELÚCIA [ e m
p r o c e s s o ]
descrição do objeto: um urso de pelúcia rosa de um metro e cinquenta centímetros de comprimento.
Até o momento esta investigação tem percorrido universos que circulam por palavras como: pele, sintético, tato, pêlo, superfície, oposição, Devir Pelúcia surge do interesse em pensar o órgão
colagem, sobreposição, futuro. “Devir Pelúcia”
da pele a partir de suas características fisiológicas, e
é um projeto de parceria entre os artistas
como estrutura componente do sentido do tato e da
Thiago Salas, Flávio Lazzarin e Talita Florêncio
experiência da tatilidade. A partir do sentido de
a partir da idéia de textura; conceito percorrido
textura - entendido e aplicado de formas distintas pelas linguagens artísticas aqui pesquisadas (dança e música) - esta investigação se propõe criar cruzamentos, sobreposições e colagens a partir dos amplos significados envoltos por esta palavra. Desta
de formas distintas entre as linguagens da música e da dança. Nesse encontro proposto, os artistas cruzam suas bagagens para pensar um projeto artístico interdisciplinar onde suas
forma esta performance propõe criar um ambiente
linguagens iniciais correm ao encontro de
onde as idéias de texturas entre os ambientes do
produzir uma performance híbrida sobre o tema.
corpo e do som venham a se cruzar na construção
Esta investigação tem como linha central
de um ambiente imagético ficcional envoltos pelos
desvendar as possíveis relações da pele com
sentidos carregados por estas imagens do corpo e
alguns materiais, a partir da justaposição de
por estes universos propostos.
texturas táteis e sonoras.