Sapiencia12

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TERESINA - PI, JULHO DE 2007


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OPINIÃO TERESINA - PI, JULHO DE 2007

Incentivar é valorizar a ciência A valorização dos pesquisadores se constitui em uma das etapas como parte das estratégias necessárias ao desenvolvimento da ciência de um país. Assimilando as virtudes das práticas americanas e européias, sem imitá-las, o talento científico é estimulado ainda no ensino fundamental e, com acompanhamento qualificado, investimentos, condições de trabalho, bolsas e assistência educacional abrem-se oportunidades para que esse jovem tome o caminho da ciência se constitua num pesquisador qualificado. Partindo desta premissa, a Coréia do Sul deu um salto em relação ao desenvolvimento da pesquisa naquele país e na qualificação de pessoal. No anos 1960, os coreanos estavam muito atrás do Brasil, mas investiram maciçamente na formação de pessoal, institucionalizaram o ensino de tecnologia e fecharam foco na interação com a indústria. Na China, para se modernizar e incentivar novas pesquisas, o governo integrou a comunidade científica à indústria, liberando as empresas dos encargos trabalhistas pagos a cientistas ligados aos processos produtivos, mesmo por tempo limitado. O desafio brasileiro consiste em fazer com que o desenvolvimento das ciências se dê de forma siste-

mática, partindo da percepção de que o investimento em pesquisa deve ser prioritário e urgente. Nesse aspecto, há necessidade de se criar uma relação harmoniosa entre os centros de pesquisa e a comunidade, fazendo com que esses centros trabalhem na pesquisa pura e também na inovação tecnológica, no sentido de haver mais estímulo e incentivo à pesquisa e aos pesquisadores. Embora esta convicção seja hoje consensual no meio científico, ainda não se tem uma política de governo que a materialize, que a torne aplicável. Os maiores órgãos de fomento e incentivo à pesquisadores no país, o CNPq, FINEP e a CAPES, contam com diversas linhas de ações para estimular os pesquisadores. Dentre elas, uma série de programas, prêmios, bolsas e até mesmo divulgação do que esses pesquisadores estão produzindo. No entanto, ainda existem distâncias e discrepâncias a serem eliminadas para que o país possa contar com o conhecimento e as técnicas científicas para o desenvolvimento apoiado nas ações de ciência. A FAPEPI conta também com vários programas que só têm contribuído para o estímulo aos jovens e experientes pesquisadores. Dentre seus programas estão o DCR (Programa de Desenvolvimento Científi-

co Regional), o PPP (Programa Primeiros Projetos), Programa de Bolsas de Mestrado e Doutorado, o PIBIC-Jr (Programa de Bolsas de Iniciação Científica Júnior), entre outros. Mas se ressente da falta de apoio financeiro e amparo político que possa dar resposta às exigências locais e nacionais no tempo e nas condições que as demanda atuais impõem. O próprio SAPIÊNCIA é um canal de divulgação e apresentação para a sociedade sobre o trabalho árduo dos pesquisadores piauienses e em geral. O Informativo faz parte do Programa de Popularização da Ciência, instituído pela FAPEPI, em 2004. A busca de novas ferramentas que venham a dar visibilidade, apoio e incentivo àqueles que produzem ciência tem que fazer parte das metas de órgãos que financiam o desenvolvimento da CT&I. Muito mnais poderia ser feito no país e no nosso estado se contássemos com uma política de valorização do pesquisador e da ciência em moldes mais compatíveis com a necessidade de desenvolvimento do país e do estado do Piauí. Nesta 12ª edição do SAPIÊNCIA, o espaço foi aberto para mostrar que com apoio e estímulo, os pesquisadores conseguem fazer fluir seu talento e contribuir, sobremaneira, para o desenvolvimento do país.

Incentivos a produção científica e tecnológica Acácio Salvador Véras e Silva*

No governo Lula, tivemos imp o r t a nt e s avanços, na legislação brasileira, no que diz respeito à Ciência, Tecnologia e Inovação. Dentre estes avanços destacamos: a Lei de Inovação (2004/2005), a Lei do Bem (2005/2006) e agora a Lei Rounet da Pesquisa (2007). A lei de inovação passa a permitir e incentivar parcerias estratégicas entre as Universidades, institutos tecnológicos e empresas públicas e privadas; a Lei do Bem desonera empresas de diversos impostos e a Lei Rounet da Pesquisa remunera, embora indiretamente, empresas que investem em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Essa nova lei possibilita deduções de no mínimo metade e no máximo duas vezes e meia o valor investido na pesquisa. Essa redução de impostos será inversamente proporcional à participação da empresa na propriedade in-

telectual do produto decorrente da pesquisa. Esse elenco de leis, ora em vigor, representa um importante conjunto de medidas que objetiva “agilizar a transferência do conhecimento gerado no ambiente acadêmico para a sua apropriação pelo setor produtivo, estimulando a cultura de inovação e contribuindo para o desenvolvimento industrial do país”, além de aumentar a produção nacional de ciência e tecnologia, elevar o número de patentes registradas e comercializadas e agregar valor aos bens e serviços exportados. Essa experiência já foi realizada pelo Chile e Coréia do Sul, que, desta forma, conseguiram modernizar seus parques industriais, se tornando um belo exemplo a ser seguido. Agora é possível pessoas jurídicas (empresas, instituições públicas ou privada) obter redução no seu imposto de renda por realizarem pesquisa tecnológica ou desenvolverem projetos de inovação tecnológica. Pode-se, também, obter redução do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, na compra de máquinas e

equipamentos para P&D; redução do Imposto de Renda retido na fonte incidente sobre remessa ao exterior, resultante de contratos de transferência de tecnologia; isenção do Imposto de Renda retido na fonte nas remessas efetuadas para o exterior, destinada ao registro e manutenção de marcas, patentes e cultivares e subvenções econômicas concedidas em virtude de contratações de pesquisadores, titulados como mestres ou doutores, empregados em empresas para realizar atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica. A lei Rounet da Pesquisa prevê, ainda, que as empresas possam comercializar a patente das invenções e receber a renda propiciada pelos royalties. Esta é a primeira vez que, no Brasil, o governo concede às empresas, incentivos fiscais para investimento em pesquisa universitária.

Nº 12 * Ano IV * Julho de 2007 ISSN - 1809-0915 Informativo produzido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí Fone: (86) 3216-6090 Fax: (86) 3216-6092

Presidente da FAPEPI Acácio Salvador Véras e Silva

Conselho Editorial: Acácio Salvador Véras e Silva Francisco Laerte J. Magalhães W elington Lage

Editora-Chefe: Márcia Cristina

Textos: Márcia Cristina (Mtb-1060) Roberta Rocha (Mtb-1856)

Revisão: Assunção de Maria S. e Silva

Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: Cícero Gilberto (86) 8801.9069

Impressão: Grafiset - Gráfica e editora Rêgo Ltda. - (99) 3212.2177

Tiragem: 6 mil exemplares

Críticas, sugestões e contatos: sapiencia@fapepi.pi.gov.br •

* Professor Associado da UFPI Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí acacio@ufpi.br

Fones: (86) 3216.6090 / 3216.6091 Fax: (86) 3216.6092 • www.fapepi.pi.gov.br


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ARTIGO TERESINA - PI, JULHO DE 2007

Silagem de cevada para alimentação animal Arnaud Azevedo Alves*

A alimentação das vacas supera em 50% os custos de produção de leite. Assim, a racionalização da alimentação é fundamental para maior produção de leite/vaca/ dia a baixo custo de produção, o que justifica a busca por alternativas aos alimentos convencionais. A cevada (resíduo úmido de cervejaria) consiste em importante alimento alternativo, no entanto, a elevada umidade deste co-produto das cervejarias limita seu uso, por comprometer o transporte a longas distâncias sob o aspecto

econômico e dificultar a conservação por períodos prolongados, especialmente em regiões de temperatura ambiente elevada, o que demanda conhecimento de formas de estocagem com manutenção da estabilidade do valor nutritivo. A conservação da cevada por ensilagem não revelou variação nos teores de matéria seca e proteína durante o tempo avaliado, por até 30 dias. A partir dos 12 dias de conservação, o pH variou dentro do padrão para silagens bem conservadas, entre 3,8 e 4,2, com o pH da cevada ensilada sempre inferior ao da cevada in natura (4,96), indicando possível crescimento de bactérias produtoras de ácido lático, acréscimo de H+ no meio e redução do pH. Apesar disso, a qualidade fermentativa não deve se fundamentar isoladamente no pH, devido ao efeito inibitório sobre os microrganismos indese-

A crise mundial da água Eliana Morais de Abreu*

O processo histórico de utilização dos recursos naturais, em diversas partes do mundo, sempre foi desenhado pelo desperdício e pela ausência de critérios de conservação. Em passado recente, o crescimento populacional e o desenvolvimento industrial atuaram como fatores decisivos no aumento dos níveis de degradação destes recursos, inclusive da água. Atualmente, os níveis da água do planeta vêm sendo comprometidos em função da urbanização e da expansão agrícola. Nos grandes centros urbanos, a poluição e o desperdício agravam seriamente os níveis de qualidade e de quantidade dos reservatórios de água. Além disso, estimase que 40% do volume da água tratada são perdidos ainda na distribuição devido a vazamentos nas tubulações. A situação é agravada ainda pelo lançamento de lixo e de efluentes domésticos em rios e lagos que reduz os estoques de água de qualidade. A poluição já compromete a qualidade das águas superficiais e subterrâneas em diversos países da Europa. Nos países pobres e naqueles em desenvolvimento, a crise é provocada, sobretudo, pela ausência de saneamento básico. Além disso, a irregularidade pluviométrica associada aos efeitos das mudanças climáticas reduz drasticamente os níveis das reservas de água do planeta. O crescente custo da água potável no mundo, é objeto de disputa mundial. A situação é tão grave que o preço de um barril de água importada da Europa pelos países árabes é superior ao de um barril de petróleo exportado. O ritmo acelerado da crise vem alterando o equilíbrio de inúmeros ecossistemas e reduzindo drasticamente a qualidade de vida no planeta. Estudos apontam que o consumo humano de água doce mundial duplica a cada 25 anos. Segundo a ONU, um indivíduo adulto necessita de uma média de 50 litros diários para suas necessidades básicas. Devido à redução da disponibilidade de água doce e ao contínuo crescimento da população mundial, a ONU esti-

ma que no ano 2025 um terço dos países do mundo terá seu desenvolvimento estagnado pela falta de água. No Brasil, apesar da degradação, a disponibilidade de água ainda é abundante. Isso induz a uma parcela da população a utilizar a água como se fosse inesgotável, ignorando as mazelas que tais ações poderão acarretar ao meio ambiente e à sociedade. Porém, em diversas metrópoles brasileiras, incluindo a cidade de São Paulo, a poluição vem tornando impróprias para o consumo as fontes próximas, algumas cidades já captam água de bacias distantes, alterando cursos de rios e a distribuição natural da água na região. No meio rural, além do desmatamento que altera o ciclo hidrológico, o desperdício também é alarmante. Enquanto em Israel são empregados apenas 600 m³ de água para irrigar um hectare por ano, no Nordeste brasileiro são empregados 18.000 m³ de água. No próximo século, a escassez de água tende a ser uma das questões mais preocupantes no tocante aos recursos naturais e uma séria ameaça a alguns setores da economia mundial. Devido à abundância de água no planeta, fica difícil imaginar que este recurso possa provocar conflitos internacionais e ameaças à sobrevivência de inúmeros seres vivos. Porém, estudos revelam que muitas fontes disponíveis de água doce, incluindo águas de chuva apresentam níveis elevados de poluentes, com sérios riscos à saúde pública. Por ser um problema global, a crise de escassez de água transcende aos domínios do homem, devendo ser encarada como uma questão de segurança e de defesa do Estado, e parte integrante do seu planejamento estratégico. Diante disso, a sociedade deve rever seus conceitos sobre o consumo dos recursos naturais, enquanto que o poder público deve estimular a prática efetiva de controle da poluição e de medidas educativas de consumo consciente. Se não frearmos o desperdício e combatermos as causas da escassez, num futuro próximo não saberemos como a humanidade poderá suportar esta crise. * Mestra em Desenvolvimento e Meio Ambiente - Assessora da FAPEPI eliana@fapepi.pi.gov.br

jáveis depender da rapidez com que ocorre seu declínio e, ainda, da umidade da massa ensilada quanto ao poder tampão. O teor médio de matéria seca da silagem de cevada (19,8%) mostrou-se inferior ao mínimo necessário para obtenção de silagens de boa qualidade (25%); no entanto, o pH denota boa conservação anaeróbica, aferida pelas características das silagens obtidas quanto à coloração, odor e ausência de bolor. O aumento do tempo de conservação da cevada por ensilagem resultou em acréscimo no teor de fibra (FDN), da ordem de 0,4% por dia de estocagem, a partir do teor inicial 70,2%, justificado pela correlação positiva deste com o teor de matéria seca, destacando-se a elevada proporção de fibra e a possível utilização de carboidratos solúveis pelos microrganismos durante o processo fermentativo. O

teor de proteína (29,8%) superou o obtido para silagens de gramíneas (aproximadamente 6%), classificadas como alimentos volumosos suculentos, grupo em que se enquadra a cevada. Devido à elevada umidade, a composição do custo da cevada deve considerar a relação do custo do quilo de proteína em relação a alimentos convencionais, com base na matéria seca, podendo ainda a ensilagem funcionar como um procedimento regulador de custos de mercado, por permitir estocagem em períodos de maior oferta deste co-produto pelas cervejarias.

Professor Associado da Universidade Federal do Piauí arnaud@ufpi.br

Ecologia microbiana do solo Ademir Sérgio Ferreira de Araújo*

O solo é um recurso natural vital para o funcionamento do ecossistema terrestre, e representa um balanço entre os fatores físicos, químicos e biológicos. A fração biológica é composta, principalmente por microrganismos (bactérias e fungos), além de minhocas, insetos e nematóides. Os microrganismos realizam diversas funções essenciais para o funcionamento do solo, tais como decomposição da matéria orgânica, liberação de nutrientes em formas disponíveis às plantas e degradação de substâncias tóxicas (Kennedy & Doran, 2002). Além disso, formam associações simbióticas com as raízes das plantas, atuam no controle biológico de patógenos, influenciam na solubilização de minerais e contribuem para a estruturação e agregação do solo. A biomassa microbiana é definida como o componente vivo da matéria orgânica do solo, excluindo-se a macrofauna e as raízes das plantas. A biomassa microbiana é um dos componentes que controlam funções chaves no solo, como a decomposição e o acúmulo de matéria orgânica, ou transformações envolvendo os nutrientes minerais. Representa, ainda, uma reserva considerável de nutrientes, os quais são continuamente assimilados durante os ciclos de crescimento dos diferentes organismos que compõem o ecossistema. Conseqüentemente, os solos que mantém um alto conteúdo de biomassa microbiana são capazes não somente de estocar, mas também de ciclar mais nutrientes no sistema (Gregorich et al., 1994). A atividade da biomassa microbiana é responsável por processos importantes para a produção agrícola e a sustentabilidade ambiental. Dentre es-

tes, citam-se a fixação biológica do N2 (FBN) que é um processo de quebra da tripla ligação do N2 através de um complexo enzimático, denominado nitrogenase. O processo ocorre no interior de estruturas específicas, denominadas de nódulos, onde bactérias do gênero Rhizobium, Bradyrhizobium e Azorhizobium, associadas às raízes de plantas leguminosas, convertem o N2 atmosférico em NH3, que é incorporado em diversas formas de N orgânico para a utilização pela planta. Outro processo importante é a formação de micorrizas que são oriundas da associação de fungos micorrizicos (FMA) e raízes de plantas. As micorrizas são responsáveis pela absorção de P e outros nutrientes do solo e conseqüente disponibilização para as plantas. O grupo de pesquisa “Ecologia microbiana do solo da região Meio Norte” (CNPq/UFPI) vem estudando os principais processos microbiológicos e bioquímicos do solo da região Meio Norte. Os primeiros resultados das pesquisas realizadas pelo grupo serão publicados, neste ano, nos periódicos European Journal of Soil Biology e Australian Journal of Soil Reseach. Estes resultados são oriundos de projeto de pesquisa financiado pela FAPEPI em 2005-2006 (edital de fluxo contínuo). Recentemente, o grupo aprovou um projeto dentro do edital “Programa Primeiros Projetos” (PPP/CNPq/FAPEPI) com o objetivo de diagnosticar as propriedades biológicas do solo do Cerrado do Piauí. Além disso, este grupo de pesquisa promoveu, em 2007, o I ciclo de seminários sobre fundamentos para o manejo do solo do cerrado do Piauí, que contou com a presença dos principais especialistas em ciência do solo do estado do Piauí. Professor Adjunto I, Universidade Federal do Piauí, Campus de Bom Jesus/PI. asfaruaj@yahoo.com.br Líder do grupo de pesquisa “Ecologia microbiana do solo da região Meio Norte” (CNPq/UFPI).


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REPORTAGEM TERESINA - PI, JULHO DE 2007

Pesquisadora da UFPI concorre ao prêmio Capes de melhor tese Foto: Márcia Cristina

constituição identitária de alguns grupos de jovens de Florianópolis, Santa Catarina, num contexto atual, no qual, como ela afirma, busca evidenciar particularidades das vivências desses grupos ante a experiência moderna (tradicional) e das suas crises contemporâneas. As práticas e as vivências dos sujeitos da pesquisa foram estudadas em seus grupos, inclusive, on e off-line, ou seja, nos seus processos de relacionamentos via internet e fora dele, quando se tratou de grupo dessa natureza. Para Valéria Silva, os jovens estão sem referências para a construção de projetos no seu tempo, construção de identidades. Para ela, “as identidades são recompostas no ritmo das respostas que os jovens precisam dar às suas necessidades concretas e às inseguranças impostas pela realidade que os Profra. Marlúcia Valéria da Silva* cerca”. A pesquisadora atesta que não se A tese de doutorado da profespode mais tratar a identidade jovem (e sora Marlúcia Valéria da Silva foi escoas demais) como algo pronto e acabado. lhida a melhor do Programa de Pós-GraPara ela não há uma identidade, mas produação em Sociologia Política da Unicessos identitários alteráveis. “Os conversidade Federal de Santa Catarina – textos de mudanças, desafios e flexibiliUFSC, em 2006. A tese intitulada “Idendades do mundo atual impõem aos jotidade Juvenil na Modernidade Brasileivens constituições identitárias que se ra: sobre o constituir-se entre tempos, modificam ao longo de suas experiênciespaços e possibilidades múltiplas” está as. Acredito que esse movimento guarconcorrendo ao prêmio de melhor tese da relação estreita com a construção de de doutorado na área de Sociologia pelo um sentimento de confiança e de unidaPrograma da Coordenação de Aperfeide dos sujeitos na sua relação com o çoamento de Pessoal de Nível Superior mundo, com os projetos individuais que do Ministério da Educação (Capes/ delineiam e com o nível de ancoragem MEC). que vão encontrando ou não na realidaO prêmio Capes de Tese foi criade social para tais projetos. Quanto medo em 2005 e premia, anualmente, as nos componentes de ‘segurança’ e melhores teses de doutorado aprovadas quanto mais frágeis respostas os nos cursos reconhecidos pelo MEC. A jovens localizam nesse ‘aberto de primeira concessão foi em julho de 2006, possibilidades’ na sociedade em por ocasião das comemorações do 55º que vivem, maior é o ritmo de muaniversário da Capes. danças quanto a sua identidade”. O Prêmio Capes de Tese, pelo qual A pesquisadora aponta flexibia Profª Drª Valéria Silva está concorrenlidades nas constituições identitárias. do (até a edição do Sapiência a Capes “As experiências dos grupos juvenis de não tinha divulgado o ganhador final afinidades, a propósito do que discudo prêmio), é concedido em cada uma tem alguns dos autores tomados por redas áreas do conhecimento com um referência, são influenciadas pelo desmanpresentante de área nomeado pela Catelamento das seguranças modernas, pes. As teses premiadas nessa modalipela multiplicidade de concretas possidade serão automaticamente inscritas bilidades colocadas, para o Grande Prêembora submetidos mio Capes de Tese, “Os jovens indicaram a alternativas de esque vai escolher uma permanente colha materiais restrês teses, uma de negociação com a qual tritas, e por diversos cada conjunto de eles têm que lidar para se modelos identitários grandes áreas. posicionarem numa disponíveis”. Dr a . Valéria Diante disso, Silva afirmou que só realidade que ora aponta ela acredita que os o fato da sua tese ter para a possibilidade da jovens precisam sido escolhida, denautonomia de seus também de espaços tre tantas outras depassos, ora para a minimamente segufendidas para condesorientação frente às ros para construir correr ao Prêmio, instituições sociais em suas subjetividades, significou um imporcrise” concluiu a Profa. espaços de diferentante reconhecimenDra. Valéria. ciação. “Sem isso, to do seu trabalho. caem num certo ‘va“Obviamente, na zio’ de referências e passam a criar as eventualidade da CAPES escolher a misuas próprias que, muitas vezes, partem nha tese, ficarei muito feliz, porém a esdas fragilidades e desconstruções que colha do meu Programa já oferece um falei antes. Se não conseguem confiar aval indiscutível ao trabalho que realinas referências, como adotá-las para si zei. Destaco que a construção e qualicomo algo válido? Se os adultos não têm dade resultante do mesmo deveram-se mais ascendência, mas são parceiros em também à competência da orientação diversos campos da vida - como nos vaque recebi da Profa. Dra. Janice Tirelli”, lores adotados, na formação, na exprescompletou. são do corpo, no vestuário, no lazer, na O estudo da pesquisadora piauirelação com o mundo do trabalho – como ense foi centrado na investigação da

tê-los como exemplos? Essa confusão coloca os jovens num labirinto de espelhos onde a diferenciação em relação aos adultos fica dificultada e, em muitos casos, se dá pela radicalização das práticas”. A Profª Drª Valéria Silva concluiu que os três grupos de jovens pesquisados “indicaram uma permanente negociação com a qual eles têm que lidar para se posicionarem numa realidade que ora aponta para a possibilidade da autonomia de seus passos, ora para a desorientação frente às instituições sociais em crise”. Para ela, os jovens adotam valores e referenciais ambientados na experiência moderna do país, no poder que o mercado mundial exerce na cultura e modo de viver das pessoas e na fluidez dos parâmetros da vida em sociedade. Para a doutora, o jovem valoriza o experimento, o espa-

UFSC, Valéria Silva afirma que a juventude experimenta cotidianamente os riscos das atuais sociedades complexas como qualquer outra pessoa. Dependendo do segmento onde o jovem se insira, essa realidade se mostra bem mais agravada. “Os jovens se submetem, cada dia mais cedo, a tensões referentes a todos os aspectos da vida em sociedade, ante as quais têm de administrar e fazer escolhas co nsta nte m ent e. Desse modo, a juventude, no geral, se encontra diante da contingência de construir sua experiência em ritmos cada vez mais acelerados, em situaçõe s de a lta complexidade e sem grandes ajudas. Mas os jovens são sujeitos do seu tem po e dele saberão mais do que nós. A nossa e speranç a é que d ecifrem a Esfing e e

Na sua tese, Valéria Silva ressalta que aspectos negativos e positivos são constituintes de quaisquer identidades, e não apenas das juvenis. Dos três grupos de jovens estudados, ela verificou facetas várias das identidades em curso, evidenciando, inclusive que algumas requerem um cuidado maior e urgente por parte da sociedade. “Em decorrência dessa complexidade também encontrei valores como a amizade, a solidariedade, a alegria, a justiça, a união, o coletivo orientando posturas individuais e grupais e influenciando diretamente as práticas e processos identitários juvenis investigados. A sociedade não pode olhar para os jovens como se os mesmos pertencessem a outro mundo e tivessem, subitamente, desembarcado dentre nós. Precisamos entender que eles são parte dos nossos costumes, dos nossos valores, das nossas práticas e ensinamentos cotidianos e refletir sobre isso”. ço aberto e o imprevisto, em detrimento de resultados, planejamento das metas e afirma que os jovens buscam a diferenciação e o sentido de segurança para prosseguirem, com as escolhas que julgam acertadas, os propósitos que defendem. Em artigo publicado no Dossiê Especial sobre Juventude, da revista Política & Sociedade, do Programa de PósGraduação de Sociologia Política da

construam um mundo melhor, apesar dos desafios”, considera. *Profª Drª Marlúcia Valéria da Silva Departamento de Serviço Social da UFPI (86) 3215-5784 valeriasil@uol.com.br


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REPORTAGEM TERESINA - PI, JULHO DE 2007

Foto: Roberta Rocha

Estudo sobre efeitos de vacinas é destacado em evento científico caminhadas aos médicos das respectivas UBS e, posteriormente, foram preenchidas as fichas de notificação e encaminhadas para análise dos casos. Desta forma, a conduta dos profissionais frente aos eventos adversos moderados e graves foi classificada em adequada e inadequada. A Dra. Telma Araújo ressalta que “a despeito ao padrão de segurança das vacinas, a pesquisa demonstra que estas não estão totalmente livres de produzir eventos adversos, porém os riscos de complicações graves são muito menores do que os produzidos pelas doenças contra as quais protegem. Além disso, a investigação insuficiente pelos profissionais de saúde leva-os a atribuir às vacinas muitos eventos que não lhes são próprios ou que têm apenas alguma associação temporal com a sua administração”. Dra. Telma Maria Evangelista de Araújo*

A Doutora em Enfermagem em Saúde Pública e professora da UFPI e da Novafapi, Telma Maria Evangelista de Araújo, recebeu o prêmio Maria Otávia Miranda, durante o Congresso Regional de Enfermagem, realizado em Teresina, no último mês de maio, ao apresentar sua pesquisa intitulada “Análise dos Eventos Adversos Pós-Vacinais ocorridos em Teresina”. Outros trabalhos foram apresentados neste congresso promovido pela Associação Brasileira de Enfermagem – ABEn/PI. O estudo da Dra. Telma Araújo foi financiado pela FAPEPI/CNPq, no ano de 2006. A pesquisa sobre os eventos adversos pós-vacinais ocorridos em Teresina teve os dados coletados mediante a aplicação de formulário em 18 Unidades Básicas de Saúde (UBS) e com os usuários de todas as faixas etárias - aproximadamente dez mil pessoas foram pesquisadas. A coleta foi realizada pelas próprias pesquisadoras e alunos da graduação em Enfermagem da UFPI, após receberem treinamento. Todas as pessoas que receberam vacinas nas UBS em estudo, no período da pesquisa, foram orientadas a procurá-las frente ao aparecimento de algum evento adverso, para que fossem adotadas as condutas necessárias. As funcionárias da sala de vacina também receberam orientações para indagar sobre possíveis eventos ocorridos na última dose de vacina administrada. Para a pesquisadora, as manifestações moderadas e graves apresentadas foram en-

Visando padronização de condutas adequadas diante dos eventos adversos pós-vacinais, as quais consistem em notificação, investigação, acompanhamento e algumas vezes, tratamento do paciente, a pesquisa recomenda frente a qualquer manifestação surgida após o recebimento de uma vacina, uma investigação criteriosa, centrada nos fatores relacionados à vacina, aos vacinados e à via de administração. Os eventos adversos pós-vacinais podem ser divididos em dois grupos: complicações ou reações não imunológicas e imunológicas. As reações não imunológicas são complicações já esperadas, embora sua intensidade e freqüência sejam variáveis, como dor ou convulsão. Outros são em conseqüências das falhas durante o processo de produção das vacinas e das técnicas de aplicação. As reações imunológicas podem ocorrer em pacientes com comprometimento imunológico. Em quaisquer destes casos, estes eventos devem ser diagnosticados mediante os exames clínicos, tratados, notificados e orientados em relação às vacinações subseqüentes. A pesquisadora pôde observar que dentre o total dos eventos adversos associados à vacina tetravalente em 46 crianças, foram mais freqüentes: febre acima de 39ºC (76,0%), episódio hipotônico hiporresponsivo (32,6%), irritabilidade e manifestações locais moderadas

Percentual das vacinas que causaram os eventos do estudo. Teresina-PI - 2007 n= 73

(13,0%). A categoria Outros foi representada por febre até 39ºC, vômitos, dor, rubor, edema e calor local. Dentre os 73 eventos investigados, 14 foram associados ao BCG, dos quais teve destaque a linfadenopatia regional não supurada com 42,8%; seguida de abscesso subcutâneo quente (14,3%), sendo os demais de ocorrência menos significativas. O estudo destaca que é comum a ocorrência de eventos adversos em associação temporal com a vacinação, ou seja, a criança pode estar com algum patógeno, que só veio a se manifestar, coincidentemente, no período em que ela foi vacinada. Observou-se que estas associações temporais tornam-se inevitáveis, especialmente em crianças. O resultado da investigação destaca que a vacina tetravalente pode levar à ocorrência de algunss eventos adversos, principalmente nas primeiras 48 horas após sua aplicação. Porém, na maioria das vezes, são benignos e fugazes. “Registramos, com particularidade, a alta freqüência dos eventos adversos, na faixa etária menor de um ano, em relação às demais, possivelmente porque a imaturidade imunológica contribua para estes valores significativos”, ressalta a pesquisadora. Até completar um ano de vida, a criança recebe na rede básica de saúde sete diferentes tipos de imunobiológicos, sendo que três destes são administrados em três doses, e um em duas doses, isto é, em momentos distintos, perfazendo um total de 13 doses, além daquelas recebidas por ocasião das campanhas de vacinação. Pode-se verificar que as vacinas que mais produziram eventos adversos foram a tetravalente, BCG e DPT, tendo como eventos mais freqüentes: febre, episódio hipotônico hiporresponsivo, irritabilidade e manifestações locais moderadas.

Em relação às condutas adotadas pelos profissionais de saúde, aproximadamente 80% foram adequadas. Além disso, ficou constatada que a ação de vacinação ainda continua requerendo capacitação constante dos profissionais da área e que os eventos adversos pós-vacinais, na sua maioria, não se constituem em motivos de contra-indicação ou substituição. Ao estudar os efeitos colaterais das vacinas, ficou comprovada, apesar das complicações causadas pelas mesmas, que é vantajosa, se posta na balança, a relação custo-benefício. A pesquisadora considera um risco necessário usar as vacinas na prevenção de doenças, por considerar que a contra-indicação e a diminuição na cobertura vacinal podem apresentar risco para a sociedade, como um todo. A Dra. Telma Evangelista declara que “o uso de cautela é imprescindível antes de se contra-indicar qualquer imunobiológico, em virtude do aparecimento de algum evento em dose anterior, pois, em primeiro lugar, muitos deles não têm associação causal com a vacina recebida e depois a maioria dos eventos ocorridosnão se constitui em contra-indicações para as doses subseqüentes, sendo de fundamental importância para os profissionais de saúde conhecer as manifestações que contra-indiquem o prosseguimento do esquema vacinal, para qualquer vacina”. A pesquisadora Telma Evangelista publicou seu trabalho na Revista Brasileira de Enfermagem, REBEn, que é um dos mais importantes meios de divulgação e publicação da enfermagem brasileira. Para ela, “é de grande relevância o prêmio Maria Otávia Miranda por relembrar uma ilustre representante da enfermagem brasileira, nascida no Piauí, e por receber o reconhecimento da minha pesquisa”. Maria Otávia Miranda foi a primeira enfermeira piauiense a trabalhar no Hospital Getulio Vargas – HGV.

*Telma Maria Evangelista de Araújo Enfermeira e Profª da UFPI e da NOVAFAPI Doutora em Enfermagem e Saúde pública telmalys@yahoo.com.br


ENTREVISTA: Prof. F

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TERESINA - PI, J

Químico recebe prêmio de m

................................................. Nesta edição, o Sapiência abre espaço para o professor Fernando Galembeck, considerado o melhor pesquisador de 2006. O prêmio concedido a ele é o Almirante Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia de 2006, instituído pelo Ministério de Ciência e Tecnologia. Professor titular de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Galembeck é considerando um grande talento. Formado pela USP, onde também fez o doutorado, orientou 28 teses de doutorado e 34 de mestrado, tendo publicado mais de 220 artigos. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e diretor da Academia Brasileira de Ciências, editor da revista Química Nova e participou ativamente da formulação e implementação do PADCT (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Tem forte intercâmbio com empresas industriais. Fernando Galembeck é considerado um pesquisador de excepcional destaque nas aplicações da físico-química à tecnologia industrial. Com pós-doutorado nas universidades da Califórnia e do Colorado (EUA), suas linhas de pesquisa percorrem a subárea da Tecnologia Industrial, trazendo um desenvolvimento crescente para as pesquisas científicas brasileiras. Desenvolveu ainda diversas atividades de pesquisa sobre grande variedade de materiais com aplicações industriais, tais como colóides, polímeros, membranas, pigmentos, adesivos, filmes, vidros e géis. Já sua produção tecnológica compreende seis produtos e 15 processos e técnicas, sendo vários deles desenvolvidos em cooperação com indústrias, tais como a Rhodia, Oxiteno e indústrias de tintas e calçados. Depositou ainda 18 patentes, das quais sete foram licenciadas e dois produtos baseados nessas patentes foram comercializados. Dentre outras premiações, foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico em 2000, recebeu o Prêmio Fritz Feigl em 1997, o Prêmio Abiquim de Tecnologia em 2005, e o Prêmio José Pelúcio Ferreira da Finep em 2006. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências, foi membro titular do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e vice-reitor da Unicamp no período de 1998 a 2002.


ernando Galembeck

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melhor pesquisador brasileiro Sapiência - O que representa para o Senhor o prêmio concedido pelo MCT/ CNPq? FG - Receber esse prêmio me trouxe muita alegria, porque ele é a maior evidência de reconhecimento que um pesquisador pode receber do governo brasileiro. O prêmio me diz que, ao lado de muitos erros, fiz também alguns acertos que alguém achou importantes. Sapiência – O prêmio Almirante Álvaro Alberto é concedido ao pesquisador que tenha se destacado pela realização de uma obra científica ou tecnológica de reconhecido valor. Qual foi a sua maior contribuição para a ciência, em 2006, que o fez receber tão importante reconhecimento? FG - O prêmio não se refere à contribuição feita em um ano específico, já que os pesquisadores de qualquer área só concorrem a cada três anos. Pelo que eu entendi, ouvindo os discursos da cerimônia de premiação e alguns comentários, o que me levou a ser premiado foi o esforço simultâneo de pesquisa, de aplicação dos resultados da pesquisa e de formação de pessoal capacitado para este tipo de trabalho, principalmente no caso do pigmento branco de fosfato de alumínio. Sapiência – Na prática, qual o teor desse estudo sobre pigmento branco de fosfato de alumínio? FG - Foi um trabalho de criação, através de pesquisa e desenvolvimento, de um novo produto industrial: um pigmento branco à base de fosfato de alumínio. Foi desenvolvido um processo de fabricação de partículas com poros fechados, ou seja, partículas ocas. O aspecto que me parece o mais interessante é que uma substância que não é, intrinsecamente, um pigmento branco adquiriu essa propriedade, por ter sido obtida com uma morfologia especial e muito pouco usual. Sapiência – Sua produção científica está registrada nas me lh or es rev istas

especializadas e supera a marca de 180 trabalhos. Quais desses trabalhos o Senhor destacaria? FG - Gosto muito da maioria dos meus trabalhos. Alguns, como os que tratam da modificação de superfícies de polímeros, porque me abriram o caminho para a nanotecnologia; outros, como os trabalhos sobre heterogeneidade de partículas coloidais, porque me permitiram mudar idéias adotadas por muita gente, no mundo todo; os trabalhos sobre borracha natural e nanocompósitos, porque estão mostrando um vasto cenário para a criação de novos materiais e para a valorização de matérias-primas brasileiras. Finalmente, os trabalhos sobre fosfato de alumínio, porque geraram um dos primeiros produtos industriais criados no Brasil. Sapiência – Já sua produção tecnológica compreende seis produtos e 15 processos e técnicas, sendo vários deles desenvolvidos em cooperação com indústrias. Depositou ainda 18 patentes, das quais sete foram licenciadas e dois produtos baseados nessas patentes foram comercializados. Na prática, as pessoas estão utilizando produtos que surgiram do seu campo de idéias? Fale sobre alguns deles. FG - Um produto em cujo projeto trabalhei cooperando com uma empresa no Brasil e que chegou ao mercado há mais de dez anos foi um isolante de cabo elétrico de alta tensão, produzido no Brasil e exportado para vários países. Outros produtos, os nanocompósitos e o pigmento de fosfato de alumínio, ainda não estão sendo vendidos regularmente, mas as empresas que licenciaram as patentes os estão produzindo em lotes piloto fornecidos para clientes, principalmente para que estes os utilizem no desenvolvimento de seus próprios produtos. Nesse momento, as empresas licenciadas ainda não têm instalações produtivas de grande escala para os nossos produtos, mas uma delas já está investindo fortemente, com essa finalidade. Sapiência – Fora o seu grande trabalho como professor titular da Unicamp, bolsista de Produtividade em Pesquisa 1A do CNPq, o Senhor também tem contribuído para a formação de excelentes pesquisadores, seja como orientador, seja como inspiração para outros. Como analisa isso? Essa corrente já chegou ao Piauí? FG - Tive a felicidade de ter excelentes estudantes e colaboradores, que hoje estão em diversos pontos do País, inclusive Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No Piauí, está o Dr. José Machado Moita, um intelectual de peso que fez uma excelente tese sobre látexes poliméricos e ainda prestou uma colaboração fundamental no trabalho sobre géis de polifosfatos da Dra.

Emília Lima, que hoje é professora na UFG. Sapiência - Recentemente, Teresina foi sede do I Congresso Internacional de Agroenergia e Biocombustíveis, no qual pesquisadores de vários países discutiram estudos na área de biocombustíveis O Senhor acredita que o setor pode estimular mais investimentos em pesquisas nas universidades, principalmente na área de química? FG - Se nós brasileiros tivermos um pouco de juízo, não vamos desperdiçar essa grande janela de oportunidade que se abriu para o Brasil, no início do século 21. De fato, o Brasil se preparou muito bem para essa situação, desde os anos 70, tornando-se líder global em agroenergia – no momento em que o mundo tenta passar para a era do pós-petróleo. Os investimentos privados estão ocorrendo, inclusive a partir do Exterior. Entretanto, ainda não vejo um programa nacional bem articulado para que essa situação crie muitos benefícios para todos, minimizando ao mesmo tempo as inevitáveis perturbações trazidas por toda e qualquer mudança. Sapiência – Em sua opinião, os órgãos federais de fomento devem estabelecer diretrizes estratégicas apoiando os grupos de pesquisa consolidados ou terem a preocupação com a inclusão de grupos de pesquisa emergentes? FG - Estou propondo, há vários anos, a revogação da preposição “ou”, em tudo que diga respeito à política científica. Precisamos de todos, colaborando com elevado espírito de cidadania, para criarmos e executarmos políticas abrangentes, que beneficiem cada brasileiro e brasileira. Cada um tem de poder contribuir, à sua maneira e da melhor forma possível, para o bem geral. Sapiência – Um cientista, na sua posição, não deixa de ter uma visão também política sobre a condução da ciência no Brasil. Nosso país está no rumo certo no que se refere a investimento em Ciência e Tecnologia? O que nos falta para alcançarmos níveis de primeiro mundo? FG - Houve acertos e desacertos importantes, na última década. A criação dos Fundos Setoriais foi um acerto, o virtual seqüestro de grande parte dos seus recursos é um desacerto. A recente gestão do presidente Erney Camargo, no CNPq, colecionou muitos acertos. Por outro lado, estou vendo mais discursos sobre o programa nacional de ciência e tecnologia do que propostas concretas, pertinentes e sólidas. A partir de 2004, e em que pese à dedicação de alguns funcionários da coordenação de nanotecnologia do MCT, a execução das políticas de nanotecnologia foi decepcionante devido a algumas decisões da cúpula. Felizmente, a atividade de empresas nesta área está sendo vigorosa e tem conseguido, ainda que a duras penas, contrabalançar alguns equívocos do governo. No meu entender, o Brasil já mostrou que sabe fazer bons programas de desenvolvimento científico e tecnológico, como foi o PADCT que atravessou vários governos nos anos 80 e 90. No momento, as autoridades ainda não acertaram o passo.


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REPORTAGEM TERESINA - PI, JULHO DE 2007

Foto: Roberta Rocha

Trabalho piauiense é destaque em encontro nacional de dentística

Prof. Diogo Lustosa Neto.

do de 06 a 09 de junho, em Gramado (RS). Durante o encontro, o professor apresentou seu trabalho (pôster) que lhe rendeu prêmio de segundo lugar na categoria Ensino e Extensão. Foram 113 trabalhos apresentados, sendo que o pôster do professor Diogo foi o único do Norte-nordeste que foi premiado. “Foi a minha primeira participação no evento e com um resultado positivo. Foi importante ser premiado porque este é o evento que reúne especificamente os professores da disciplina de Dentística, da qual sou professor na NOVAFAPI. Além disso, esta foi uma pesquisa inédita no Brasil (dentro do PSF) que provavelmente servirá de referência para futuras pesquisas tanto no Piauí quanto em outros estados”, declarou Diogo. O encontro do GBPD é importante para o profissional da Odontologia porque através dele são discutidas as diretrizes que devem ser seguidas pelos professores em todas as faculdades de odontologia do país, ou seja, há uma uniformização no que diz respeito às condutas a serem adotadas frente às várias situações clínicas apresentadas tanto quanto ao procedimento a ser realizado bem como ao material a ser utilizado. Diogo Lustosa ressaltou, ainda, que o destaque na participação no re-

Verificou-se,também, que a retirada somente da parte deteriorada da restauração, apresenta uma economia de tempo,material e de mão-de-obra, além disso, observou-se que há uma tendência de mudanças das restaurações de amalgama que são escuras pelas de resina que são mais claras. A importância da pesquisa de Diogo Lustosa foi reconhecida no XVII Encontro do Grupo Brasileiro de Professores de Dentística (GBPD), realiza-

ferido evento deve-se ao apoio em especial aos professores orientadores do Mestrado Raimundo Rosendo Prado Júnior, a Regina Ferraz Mendes e a instituição no qual trabalha.

Foto: Arquivo Pessoal

Graduado em Odontologia pela Universidade Federal do Piauí, especializado em Prótese Dental pela Sociedade de Promoção Social do Fissurado Lábio Palatal e aperfeiçoado em Dentística Restauradora e em Prótese Removível Parcial e Total, além da experiência na área de odontologia, com ên-

Através de formulário foram cofase em Dentística, atuando principalletados, durante 04 meses, os procedimente na odontologia Restauradora, no mentos realizados em 06 postos de 03 Programa Saúde da Família e na promozonas do PSF, sendo analisado um toção de Saúde, Diogo Lustosa Neto tem tal de 12 dentistas. Desta forma, a pesdado sua contribuição à ciência. quisa obteve uma taxa de resposta de Os procedimentos restauradores 100%, tendo em vista que todos os profoi o tema que despertou interesse do fissionais participaram da análise. professor Diogo Lustosa, tendo sua Para Diogo Lustosa, a pesquisa pesquisa resultado da dissertação de possibilitou repensar a metodologia mestrado defendida no Curso de Mesutilizada para remoção de restaurações trado em Ciências e Saúde, pela Uniantigas por novas, versidade Federal ou seja, o profissido Piauí. O tema esona l, ao invés de colhido foi o “Perfil “Deve-se repensar a trocar a restauração da Dentística do metodologia de remoção pode repará-la, eviPrograma Saúde da ta ndo o desgaste Família (PSF) em Tede restaurações antigas do dente. Algu ns resina/Piauí”. por novas” afima o Prof. dos procedimentos A pesquisa Diogo Lustosa. analisados, sem a delineou um levanreparação, podem tamento dos procedetectar tecidos cadimentos restaurariados remanescentes, enquanto que ao dores diretos, ou seja, realizados na caserem repolidas, na maioria não consdeira do dentista, através das equipes tava cárie. Diante disso, o pesquisador de saúde bucal do PSF, no que tange pode constatar que ganha tanto o serao tipo de procedimento, material resviço público, com economia de custos taurador utilizado, motivos que levaram quanto o paciente que evita o desgasa realização do procedimento, dentre te do dente e esclarece que “os resuloutros. tados desta pesquisa são semelhantes aos encontrados na literatura, inclusive internacional, e também quanto às tendências de utilização de novos materiais”.

Prof. Diogo Lustosa, ao lado do banner que lhe rendeu prêmio

*Diogo Lustosa Neto Professor na área de Dentista da Novafapi Mestre em Ciências e Saúde dneto@novafapi.com.br dlneto@oi.com.br


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REPORTAGEM TERESINA - PI, JULHO DE 2007

Foto: Arquivo pessoal

Mestranda da área de Zootecnia ganha prêmio no I encontro de Pós-Graduação da UFPI inadequadas e sem muitas inovações mesmo sendo separados da mãe, se dedentro de sistemas de criação predomisenvolvem somente com a suplementanantemente extensivos, fica em evidênção alimentar para suprir o leite matercia o baixo potencial genético desses no. Da mesma forma, ao medir os testíanimais para a carne e leite. culos, o estudo revelou que os animais Por meio de exame visual e tátil, a cruzados são bons reprodutores. pesquisadora buscou estimar a quantiNa busca da idade ideal para o dade de tecido musabate, melhoria da cular e adiposo dequalidade de carcapositado no esqueça e consequenteA pesquisa consiste em leto do animal, determente, por melhores cruzamentos das raças de minar indiretamente resultados econômicaprinos para a produção a qu antidade de cos, a introdução de de carne, através de energia armazenada raças de corte premedidas morfométricas. em seu organismo coce e o uso de esna forma de tecidos tratégias de suplede reserva, princimentação alimentar palmente gordura e ainda, facilitar o foram utilizados recursos recomendados manejo dos rebanhos, tendo como obpor orientação técnica, opondo-se aos jetivo, avaliar a relação entre pesos e sistemas tradicionais de terminação a medidas morfométricas e testiculares em pastos, sendo que a idade de abate incaprinos até 180 dias de idade. fluencia diretamente nas características A pesquisa delineou 48 animais, quantitativas da carcaça, o rendimento, com igual número de macho e fêmeas a proporção de componentes não-carAnglonubiano e F1 Boer-Anglonubiacaça, o teor de gordura e a proporção de no, os pesos ao nascer e ao desmame, ossos. Pode-se constatar que a carne perímetro, profundidade torácico, comproveniente de animais jovens apresenprimento do corpo e da garupa, circunta menos gordura, maior maciez e até ferência e comprimento escrotal, dentre mesmo um aroma mais suave que os outras avaliações. animais velhos. Através da pesquisa, constatouDe acordo com a pesquisadora se que os animais com boa genética, Mara, “as correlações entre peso ao des-

A realização, em 2006, do XV Seminário de Inscrição Científica da UFPI simultaneamente com o I Seminário de Pesquisadores do Meio-Norte e o I Encontro de Pós-Graduação da UFPI abordaram a temática, Ciência, Tecnologia e Inovação para o desenvolvimento do Meio-Norte como resultado de uma ação da Universidade Federal do Piauí. O objetivo do evento visava criar um espaço de discussão, de âmbito regional, com a comunidade científica, representantes de órgãos de fomento e Fundações de Amparo à Pesquisa, tendo a pesquisa como indutora do desenvolvimento regional, a pós-graduação, inovação tecnológica e propriedade intelectual. Nesta 1ª edição conjunta do evento que aconteceu no último mês de novembro, foram apresentados trabalhos, em forma de pôsteres e comunicação oral, além de conferências, palestras, mesas redondas e mini-cursos sobre elaboração de artigos científicos. Na oportunidade, Mara Ramel de Sousa Silva, mestranda em Ciência Animal – CCA/ UFPI apresentou sua pesquisa que consiste em cruzamentos das raças de caprinos para a produção de carne, através de medidas morfométricas, na qual ganhou o prêmio de melhor trabalho apresentado. O tema do trabalho de Mara Ramel foi intitulado “Correlações entre medidas morfométricas corporais e testiculares de caprinos Anglonubianos e F1 Boer – Anglonubiano, durante a fase de crescimento”. De acordo com a pesquisa, mesmo a caprinocultura sendo praticada com pouca tecnologia e baixo investimento, não é uma prática rotineira o criador utilizar mensurações simples com o animal vivo para dizer o desempenho em características qualitativas, rendimento e conformação ou ainda, facilitar o manejo do rebanho. Para Mara Ramel, a caprinocultura representa considerável importância econômica e social para o Brasil, principalmente para o nordeste, na qual constitui-se em alternativas para a produção de carne , leite e couro. Entretanto, como as opções de manejo são, geralmente

*Mara Ramel de Sousa Silva Mestrda em Ciência Animal - CCA/UFPI ramelmathias@hotmail.com

Foto: Depto. Zootecnia da UFPI

Pesquisadora Mara Ramel.

mame com as medidas biométricas foram elevadas. Como também, pode-se constatar que as medidas testiculares correlacionaram positivamente com o maior desenvolvimento corporal e, em decorrência da facilidade de mensuração da circunferência escrotal, sua indicação para programas de seleção de reprodutores ganha importância”. Com a premiação, a pesquisadora Mara Ramel, junto com o seu orientador, Prof. Dr. José Elivalto, irão participar da 44ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, na cidade de Jaboticabal, em São Paulo, no período de 24 27 de julho deste ano. O encontro, que reúne mais de dois mil profissionais da área, de todos os estados brasileiros e, também de outros países, inclui um simpósio temático sobre agricultura. Na oportunidade, a pesquisadora apresentará um novo trabalho e considera que “este congresso é uma referência na área de zootecnia e é um incentivo muito grande a continuar produzindo pesquisa no Piauí”.

Caprino da raça anglonubiano. No detalhe, testículo característico da genética do animal


RESUMO DE TESES

10 TERESINA - PI, JULHO DE 2007 Análise da variabilidade genética dentro e entre espécies de cinco seções do gênero Arachis L. por meio de RAPDs

MODEST: Um método de teste baseado em modelos

Resistência induzida a Xanthomonas vesicatoria em tomateiro e Verticillium dahliae em cacaueiro por extratos naturais: caracterização bioquímica, fisiológica e purificação parcial de eliciadores protéicos

Sérgio Emílio dos Santos Valente Prof. Adjunto I - UFPI Defesa: Universidade Estadual Paulista, 2000 svalente@ufpi.br

Pedro de Alcântara dos Santos Neto Professor Adjunto da UFPI Defesa: Universidade Federal de Minas Gerais, 2006 pasn@ufpi.br

Fabio Rossi Cavalcanti Professor Adjunto/UFPI/Campus de Bom Jesus Defesa: Universidade Fe deral de Lavras, Minas Gerais, 2005 rossi@ufpi.br

Algumas espécies do gênero Arachis são extensamente usadas como plantas comerciais. Dessas espécies, A. hypogaea é cultivada por fornecer altos teores de proteína e um óleo de excelente qualidade, enquanto A. Pintoi e A. glabrata têm sido comercializadas para uso forrageiro. O germoplasma da maioria das espécies do gênero Arachis está disponível em bancos de germoplasma. Porém, este germoplasma é pouco conhecido, principalmente sobre a variabilidade genética existente, o que é muito importante para sua manutenção. Recentemente, as metodologias mais utilizadas para analisar-se a variabilidade genética têm sido os marcadores moleculares, tais como RAPD (Polimorfismo de DNA Amplificado ao Acaso). Neste trabalho, utilizou-se a técnica de RAPD, para analisar-se a variabilidade genética dentro e entre 48 acessos de 20 espécies descritas de cinco seções do gênero Arachis e estabelecer as relações genéticas entre estes acessos. Dez, de 34 “primers” testados, foram selecionados para as reações de amplificação de DNA, por gerarem um maior número de loci polimórficos. Um dendrograma foi construído, baseado nos dados destes 10 “primers” selecionados. Foram analisados oitenta marcadores RAPD entre os acessos estudados. As relações entre as espécies, baseadas na técnica de RAPD, foram semelhantes a estudos prévios baseados na morfologia, citologia e a dados de cruzamento; demonstrando que a técnica de RAPD pode ser utilizada para se determinar as relações genéticas entre espécies de diferentes seções do gênero Arachis. O conhecimento gerado com as dissertações e teses, que estudaram o gênero Arachis, permitirá que uma classificação sólida seja produzida. Em geral, uma alta variação foi encontrada entre os acessos de espécies diferentes, enquanto que uma baixa variação foi detectada dentro dos acessos, embora poucos acessos tenham sido representados por dois ou mais indivíduos. Isso indica que há variação relacionada ao sistema de cruzamento no gênero Arachis; dessa forma, cada espécie deveria ser analisada ao se formar uma coleção de germoplasma, bem como na escolha da estratégia da sua manutenção.

Neste trabalho apresentamos contribuições relacionadas à melhoria das atividades de teste, em particular, apresentamos um método de Teste Baseado em Modelos, denominado MODEST, que foi concebido para utilizar informações simples sobre o comportamento do Sistema Sob Teste. O uso do MODEST pode reduzir o custo do desenvolvimento, em função da redução do esforço exigido durante a construção do software. Embora o uso do método aumente o tempo para desenho, ele reduz o esforço exigido nas atividades de teste. Essa redução propicia uma diminuição geral no tempo de desenvolvimento, que normalmente acarreta em ganhos em termos de custos. O uso do método também pode trazer uma maior capacidade de detecção de falhas. Isso foi evidenciado em um estudo experimental, que mostrou que os testes gerados automaticamente, utilizando a ferramenta baseada no método, foram mais eficazes na detecção de falhas que os testes manualmente produzidos pelos participantes do estudo. Durante a criação do MODEST identificamos uma série de requisitos associados ao Teste Baseado em Modelos. Agrupamos esses requisitos na forma de um catálogo e o estendemos a partir da realização de oficinas de requisitos com diversos profissionais relacionados ao desenvolvimento de software. O catálogo de requisitos desenvolvido captura as necessidades, expectativas e restrições dos trabalhadores relacionados ao desenvolvimento de software considerados. Apesar desse catálogo ter sido influenciado diretamente por nosso conhecimento prévio no desenvolvimento de sistemas de informação, ele também pode ser útil para outros domínios. Os requisitos existentes no catálogo podem ser utilizados como guia para o desenvolvimento de novos métodos e ferramentas, assim como pode servir de base para a avaliação de métodos e ferramentas para o Teste Baseado em Modelos.

A eficiência de extratos naturais e formulações comerciais sobre a indução de resistência em plantas de tomateiro (Lycopersi con esculentum) e cacaueiro (Theobroma cacao), infectadas, respectivamente, com Xanthomonas vesicatoria (Xv) e Verticilium dahlliae (Vd), foi avaliada. Plantas foram submetidas aos seguintes tratamentos: pulverização foliar com suspensões heterogêneas de quitosana, filtrados de micélio de Crinipellis perniciosa, extratos aquosos de tecido necrótico de ramos de lobeira (Solanum lycocarpum) infectado por C. perni ci osa, Acibenzolar-S-metil (ASM), Ecolife®, dentre outros. Plantas foram pulveriza das previamente com os tratamentos e depois inoculadas com os respectivos patógenos. Tratamentos mostraram-se efetivos na proteção das plantas de tomateiro e cacaueiro, destacandose ASM e extratos a quente e a frio de pó de vassoura de lobeira. Plantas de tomate e de cacau submetidas aos tratamentos também mostraram alteração da atividade de peroxidases (POX) e oxidases de polifenóis (PPO), bem como significante aumento na deposição de lignina, redução nos valores de fenóis totais e aumento na atividade de b1,3-glucanases (GLU) e quitinases (QUI). Plantas de tomate tratadas mostraram aumento na atividade de dismutases de superóxido (SOD), catalase (CAT) e peroxidases de ascorbato (APX). As plantas de tomate não submetidas aos tratamentos mostraram declínio na assimilação de CO2, na taxa de transpiração, na eficiência de carboxilação e na taxa fotossintética e apresentaram alteração na eficiência do uso de água e eficiência de carboxilação. Dentre os tratamentos capazes de promover redução da mancha foliar em tomate, o extrato a frio de vassoura de lobeira, foi fracionado com sulfato de amônio e as frações foram então submetidas à cromatografia de troca catiônica. O pico retido em CM-celulose e o pico retido em DEAE-celulose quando aplicados em plantas de tomate acarretaram um forte aumento da atividade de peroxidases.

Estudo genético e epigénetico em adenocarcinoma gástrico

Poesia Negra das Américas: Solano Trindade e Langston Hughes

Identidade Juvenil na Modernidade Brasileira: sobre o constituir-se entre tempos, espaços e possibilidades múltiplas.

Eleonidas Moura Lima Professor Adjunto UFPI Defesa: Universidade de São Paulo – Campus de Ribeirão Preto, 2006 eleonidasmoura@ufpi.br

Professor adjunto da UESPI Defesa: UNIVERSADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2006 elioferreir@yahoo.com.br

Marlúcia Valéria da Silva. Professora Adjunto da Universidade Federal do Piauí. Defesa: Universidade Federal de Santa Catarina, 2006. valeriasil@uol.com.br

O câncer gástrico é o terceiro mais freqüente tumor maligno no mundo. No Brasil foram estimado 23.200 caso em 2006. Segundo a classificação de Laurén, eles são divididos em: adenocarcinoma gástrico tipo intestinal e tipo difuso. Estudos sugerem que há duas vias para a carcinogênese gástrica envolvendo classes de genes que sofrem alterações genéticas e epigenéticas: a via mutadora, que envolve genes relacionados direta ou indiretamente com mecanismo de reparo do DNA, e a via supressora, que engloba genes relacionados com mecanismo de supressão tumoral. O estudo avaliou alterações genéticas e epigenéticas em câncer gástrico. A avaliação genética consistiu na triagem mutacional por PCR-SSCP do gene PTEN e seqüenciamento. O gene PTEN é considerado um gene supressor de tumor, portanto participaria da via supressora. Porém os resultados corroboram a hipótese, que alterações somáticas no gene PTEN são eventos raros em câncer gástrico. A avaliação epigenética foi realizada por meio do estudo do padrão de metilação do DNA dos genes DNMT3A, DNMT3B, DNMT3L, MLH1, PMS2, MSH2, MSH6, ANAPC1, RUNX, TP53 e P16 por Metilação PCR Específica e seqüenciamento para controle positivo. Analisamos e correlacionamos o perfil de metilação das DNAmetiltransferases de novo com alteração no padrão de metilação do DNA dos demais genes estudados e os prováveis genes participantes da via mutadora e via supressora para testar a aplicabilidade desse modelo em relação ao fenômeno epigenético Os resultados sugerem a ausência da associação entre o perfil de metilação das DNA-metiltransferases de novo e o perfil de metilação dos genes estudados, a não aplicabilidade do modelo em relação ao fenômeno epigenético. Os resultados sugerem que o gene RUXN3 pode ser utilizado como marcador genético na distinção entre adenocarcinoma gástrico tipo intestinal e tipo difuso. A caracterização das alterações genéticas e epigenéticas nos genes envolvidos na carcinogênese gástrica é relevante para uma apropriada intervenções terapêuticas.

Esta tese prioriza o estudo da poesia negra do brasileiro Solano Trindade (1908-1974) e do norte-americano Langston Hughes (1902-1967). Minha pesquisa também freqüenta a obra de outros poetas como Countee Cullen (dos E.U.A.), os caribenhos Nicolás Guillén (de Cuba), Aimé Césaire (da Martinica) e de alguns poetas brasileiros, romancistas; além de narrativas escravas, canções, lendas, ritos religiosos da cultura afro-descendente. Analiso a poesia dos precursores e fundadores da literatura do negro brasileiro. Faço uma leitura comparativa entre a épica clássica do colonizador europeu e a épica quilombola “Canto dos Palmares”, de Solano Trindade. Relaciono a literatura negra com a música das Américas, a performance do griot, poeta da antiga tradição africana, e de outros mestres de cerimônia da Diáspora. Enfoco a memória pessoal e coletiva no discurso poético, a construção da identidade negra, o discurso engajado da negritude marxista, a história da escravidão, a violência, o exílio social do negro, a cultura e suas estratégias de resistência. Conto minhas memórias de infância, falo sobre o Boi da minha cidade - o nascimento do Bumba-meu-boi no Piauí e sua transferência para o Maranhão. Relaciono os poemas de Hughes à alegria de ser negro, à reivindicação dos direitos civis e da América também para os negros, denunciando a ação terrorista da Ku Klux Klan. Analiso a poesia de Hughes que traduz os motivos temáticos, filosóficos e estéticos das canções de blues/ jazz. Destaco a estética, a temática e a função social da poesia negra, do jazz, da capoeira. Abordo a poesia de Hughes e de Solano, a partir da perspectiva da memória pessoal, autobiográfica e coletiva desses autores, em relação com os contos populares e as narrativas de experiência dos ancestrais negros. Retomo minhas considerações acerca da tradição africana, da identidade negra e as experiências da vida moderna na Diáspora, que resultaram na Negralização das culturas das Américas. Faço ainda a tradução de catorze poemas de Langston Hughes, da língua inglesa para a portuguesa.

Compreender a constituição identitária juvenil na modernidade brasileira foi o esforço geral empreendido na investigação. Entendendo a identidade como efetivada num espaço relacional, a análise tomou como sujeitos grupos juvenis da cidade de Florianópolis-SC, enfocando nesses ambientes as práticas e discursos, por entendê-los como tradutores de um processo identitário em curso. Contextualizando as experiências juvenis num espaço relacional mais amplo, a investigação retomou o atual contexto da modernidade brasileira, evidenciando suas particularidades diante da experiência moderna como um todo e do atual particular momento de sua crise. O principal foco da análise foi explicitar a constituição identitária juvenil junto aos grupos escolhidos quanto a presenças, imbricamentos e tensões dos aspectos atinentes à atual expressão moderna brasileira observados no cotidiano de práticas e elaborações discursivas grupais. A observação, a entrevista grupal, o questionário e o registro fotográfico foram os caminhos adotados para a aproximação com o real estudado e aquisição das informações que substanciaram as análises. Foram assim escolhidas tendo em vista as intenções da investigação e a especificidade dos sujeitos que tecem suas vivências em redes capilares do cotidiano onde constituem ‘identidades abertas’. Em estreita interação com o contexto que os cerca os jovens formulam e experimentam suas primeiras interações num meio marcado pela contingência, num mundo sem fronteiras e amorfo, relacionando-se com todas as tensões e incertezas daí advindas. Além disso, vivenciam intensamente os aspectos históricos constantes da experiência moderna brasileira, o que os configura vivendo uma situação caleidoscópica e sem referências estáveis a partir das quais construam um ‘lugar’ juvenil no seu tempo. Desse modo, as identidades juvenis se mostram enquanto inacabadas, sendo recompostas cotidianamente no ritmo das respostas que os jovens são instados a oferecer às alterações impostas pelo real fluido que os cerca. Palavras-Chave: Juventude. Identidade. Modernidade brasileira.


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REPORTAGEM TERESINA - PI, JULHO DE 2007

Pesquisador de destaque na área de nanotecnologia e eletroquímica traça parceria com a UFPI Fotos:Roberta Rocha

patrocinada pelo projeto nacional “Instituto Multidisciplinar em Materiais Poliméricos” do CNPq, cuja coordenação local estava a cargo do Prof. Dr. Helder Nunes da Cunha, do Departamento de Física e diretor do Centro de Ciência da Natureza. ”O objetivo das palestras é despertar nos alunos a importância da nanotecnologia e das técnicas eletroquímicas no desenvolvimento de produtos e serviços”, diz o Prof. Dr. Welter Cantanhede, organizador das palestras. Frank Crespilho tem uma grande experiência na área. Embora seja considerado pesquisador muito jovem (28 anos), Crespilho possui mais de vinte artigos publicados em revistas nacionais e internacionais com alto impacto científico; dois capítulos em livros; inventor de duas patentes e, também, * Dr. Frank Nelson Crespilho pesquisador do projeto “Tecidos Inteligentes”, ligado à área têxtil. O pesquisador Doutor do InstiDentre os artigos científicos pututo de Física de São Carlos – IFSC/USP, blicados, entre outubro de 2006 a marFrank Nelson Crespilho, visitou a Uniço de 2007, apreversidade Federal senta novos horido Piauí, a convite zontes em estudos do Departamento de Em recente artigo de biomoléculas em Química, e realizou científico publicado o eletroquímica e palestras no último pesquisador apresenta ocupa o quarto lumês de maio. Os tegar no ranking dos mas abordados fonovos horizontes em TOP 25 Hot Papers ram “Filmes Nanoestudos de biomoléculas na revista Eletroestruturados: Desde em eletroquímica e chemistry Commua Síntese de Nanonication entre os estruturas aos Desaocupa o quarto lugar no mais lidos. Crespifios e Aplicações” e ranking dos TOP 25 Hot lho também publi“Recentes Avanços Papers na revista cou outros artigos em Eletroquímica de Eletrochemistry nessa conceituada Sistemas Nanoesrevista de eletrot r u t u r a d o s Communication entre os química. Automontados”. O mais lidos. O tra balho evento foi destinado pesquisador esdo a alunos de gratuda os fenômenos duação, biomoleculares em sistemas nanoestrupós-gra du aturados e lhe rendeu convites para ção de quírealizar o pós-doutorado no exterimica e áreor e para escrever em várias reas afins. vistas científicas, na Europa e A vinda nos Estados Unidos. Apedo pessar de receber propostas quisapara ir para exterior, dor é Crespilho garante que no momento fica no Bra sil, onde tem seus

trabalhos suportados financeiramente pela FAPESP. Sua vida acadêmica sempre foi dedicada a novas descobertas, motivada pela parte da pesquisa na iniciação científica e tendo contato com várias áreas da química, física e engenharia de materiais. Em princípio, Crespilho desenvolveu métodos alternativos de descontaminação ambiental, utilizando a Eletroquímica, a partir de sensores para análise de inseticidas no meio-ambiente, em seguida partiu para desenvolver a eletroflotação, técnica que aplica uma corrente elétrica em duas placas metálicas, geralmente de alumínio ou ferro (eletrodo) para liberação de um agente coagulante. Com esta técnica seria possível remover a sujeira ou a contaminação ambiental do sistema aquático. Crespilho acrescenta: “trata-se de tratamento de efluentes e resíduos industriais, tratamento de esgoto urbano e industrial, e por meio desta técnica obtivemos excelentes resultados que nos rendeu uma patente junto a Universidade de São Paulo com o Instituto de Quí-

mica de São Carlos, além da publicação de um livro”. Para Crespilho, o livro “Eletroflotação: Princípios e Aplicações”, resultado da sua dissertação de mestrado, foi bastante estimulante porque, pela primeira vez, pode mostrar para o público que é possível desenvolver no Brasil pesquisas em tecnologias mais limpas e promissoras na área de descontaminação ambiental. Já no doutorado, o pesquisador relata que teve a oportunidade de trabalhar com grandes cientistas e instituições, como o professor Dr. Francisco Carlos Nart, morto na queda do avião da Gol em setembro do ano passado; o grupo do conceituado físico Professor Dr. Oswaldo N. Oliveira Junior, do Instituto de Física de São Carlos e na Universidade de Coimbra, em Portugal, com o renomeado pesquisador Prof. Dr. Christopher M.A. Brett, atual presidente da International Society of Electrochemistry. Na ocasião, as pesquisas foram realizadas por meio de ferramentas eletroquímicas. O estudo remeteu ao comportamento de alguns sistemas biológicos, quando em contato com nanopartículas, área da ciência conhecida internacionalmente como bionanoeletroquímica. Por ser uma área muito recente na ciência do Brasil, isso o estimulou de forma que defendeu o doutorado em dois anos e meio e a partir disso, publicar cerca de dez trabalhos científicos internacionais em revistas de alto impacto. Com o doutorado, Frank Crespilho busca uma nova patente na área de biosensores desenvolvendo um sistema de membranas eletroativas nanoestruturadas e tem como função acomodar algumas enzimas em sup e r fí c i e s sól i das, podendo, por exemp l o , monitorar a quan-


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12 tidade de glucose e de uréia no organismo. Essas membranas acabam auxiliando os sensores na detecção dessas substâncias. Mais recentemente, o pesquisador recebeu um prêmio da Metron Autolab como melhor trabalho em eletroquímica no Brasil e este foi apresentado em uma das edições do Simpósio Brasileiro de Eletroquímica. Além disso, participa de um projeto com a Santista Têxtil, uma das maiores empresas de tecido, desenvolvendo tecidos inteligentes, ou seja, sistemas nanoestruturados para tecidos bactericidas, auto-limpantes, dentre outras funções. Quando o assunto é investimentos para pesquisa, Frank declara que no Brasil ainda se tem uma mentalidade de pouco investimento do setor industrial na área de pesquisa, quando comparado com outros países. “Até o presente momento não temos nenhuma evidência nacional de investimento em potencial no ramo industrial. O que vem acontecendo são alguns grupos isolados fazendo acordos com algumas indústrias, mas com financiamento partindo da iniciativa privada ainda muito baixo. Geralmente, há financiamento dos órgãos de fomento como o CNPq e FAP’s. O que acredito é que se nós não corrermos atrás desta tecnologia agora, vamos ficar atrás de países que já vem desenvolvendo.”, ressalta Crespilho. De acordo com Crespilho, o professor Dr. Welter Cantanhede, da área da química inorgânica da UFPI, possui uma facilidade de interpretação de fenômenos em nanoescalas, devido a sua for-

mação acadêmica, cujo doutorado foi realizado na área de química inorgânica. Desta forma, surgiu a possibilidade de serem feitas pesquisas no Piauí e criar um projeto em parceria com o laboratório de São Carlos. Tendo em vista isso, o professor Welter aceitou o desafio para marcar uma nova linha de pesquisa na UFPI. “Começamos a fazer alguns experimentos na UFPI para estudar fenômenos com moléculas que têm comportamentos diferenciados quando organizados e interpretados em escalas nanométricas. Para nossa surpresa, esta experiência, pela primeira vez relatada na literatura internacional, levou-nos a descobrir que é possível explorar diferentes propriedades de uma mesma molécula, sendo essas propriedades dependentes do ambiente nanoestruturado em que a molécula se encontra.”. Destas pesquisas resultou um trabalho que está sendo publicado em uma revista de alto conceito internacional. A parte experimental e de conceitos das idéias envolvidas neste trabalho foram desenvolvidas aqui no Piauí. Além disso, este trabalho recebeu um prêmio, por um aluno de iniciação científica orientado pelo professor Dr. Welter Cantanhede. Crespilho declara: “unimos conhecimento e geralmente quem ousa mais terá mais resultados positivos. Esse é o principal objetivo quando se trabalha em grandes redes de pesquisa, um conceito científico que é atualmente adotado pelos maiores cientistas do mundo. No caso do professor Welter, sem sombra de dúvidas, hoje e aqui no nordeste, ele é um dos mais promissores pesquisado-

Foto: Arquivo pessoal

TERESINA - PI, JULHO DE 2007

Prof. Dr. Welter Cantanhede, pesquisador na área de nanotecnologia

res que conheço para essa área e ainda tem muito a contribuir”. As principais contribuições desta pesquisa seriam na aplicação de alguma área de nanotecnologia que venha contribuir com o ecossistema para armazenamento e conversão de energia. Evitando, assim, usinas hidrelétricas e outros impactos ao meio ambiente. Cita-se como exemplo, o clima favorável do estado do Piauí para conversão de energia solar em elétrica. Ao mesmo tempo, estaria gerando energia limpa e evitando outros meios de produção de energia que possam agredir o meio ambiente. Outro ponto interessante é monitoramento ambiental, através de sensores em rios e lagos para a detectação de um contami-

nante e para a própria preservação ambiental. Frank ressalta que “para isso vamos precisar de um trabalho muito grande em equipe, numa multidisciplinariedade, porque são projetos que já estão engatilhados, sendo necessário um financiamento realmente considerável e uma maior participação do governo no investimento de infra-estrutura porque são trabalhos com resultados promissores”. *Prof. Dr. Frank Nelson Crespilho Doutor em Físico-Química do Instituto de Física de São Carlos IFSC/USP fcrespilho@yahoo.com.br

LIVROS Justiça, Virtude e Democracia

Cadeia produtiva da cera de carnaúba: diagnóstico e cenários.

Organizador: Daniel Tourinho Peres R$: 25,00 322 páginas hbac@ufpi.br

Organizadores: Jaíra Maria Alcobaça Gomes, Karla Brito dos Santos e Marcos Soares da Silva R$ 10,00 190 páginas jairamag@uol.com.br

O livro reúne as contribuições do Colóquio Justiça, Virtude e Democracia, realizado pelo Mestrado em Filosofia da UFBA, em parceria com o Núcleo Direito e Democracia do CEBRAP (Projeto Temático FAPESP). A aparente disparidade dos temas tratados, que incluem questões de lógica, metafísica, teoria das ciências humanas, sempre vinculadas, mais ou menos, diretamente à filosofia política e à temática do Colóquio, bem como pelo amplo espectro da história da filosofia recoberto pelos trabalhos presentes na obra, dão prova da imbricação dos temas, por conseguinte, de sua quase constante recorrência.

O livro constitui uma coletânea de 11 artigos que partem de uma análise diagnóstica, na qual procura identificar os aspectos tecnológicos da cadeia produtiva da cera de carnaúba de acordo com as seguintes características: padrão tecnológico, canais de comercialização, custo de produção, competitividade, barreiras econômicas e ambientais. Permitindo agrupar os principais fatores críticos, suas forças restritivas e propulsoras, favorecendo a construção de um cenário de sustentabilidade e do outro de desarticulação.

Leitor formado, leitor em formação: leitura literária em questão Organizadoras: Maria Zaíra Turchi e Vera Maria Tietzmann Silva R$ 32,00 252 páginas dbuenosaires@uol.com.br A formação do leitor, o contexto da leitura e a produção literária para crianças e jovens no Brasil são as questões centrais desta coletânea. Os artigos se agrupam em cinco blocos temáticos: reflexões sobre a leitura literária; histórias de leitura; o professor como um leitor que forma leitores; estudos críticos sobre a literatura infantil e juvenil; a literatura e outras linguagens. Além das organizadoras, entre os autores figuram Jacques Leenhardt (EHESS), Marly Amarilha (UFRN), Verbena Cordeiro (UNEB), Fabiane Burlamaque (UPF) e Diógenes Buenos Aires de Carvalho ( UEMA)

Vôo de Ícaro

Atlas Escolar do Piauí – Geo-Histórico e Cultural Organizador: José Luis Lopes Araújo R$ 45,00 202 páginas jlopesaraujo@uol.com.br Este Atlas foi elaborado com a finalidade de oferecer subsídios ao conhecimento da realidade piauiense, em linguagem acessível ao público, em especial estudantes e professores. Compõe-se de mapas, textos, gráficos, tabelas e fotos que expressam temas e informações sistematizadas sobre a dinâmica da organização do território piauiense. É, portanto, valioso instrumento de apoio a estudantes, professores, pesquisadores e demais interessados em leituras, consultas, reflexões e trabalhos de pesquisa sobre a realidade piauiense, em suas diversas dimensões.

Jovens e Crianças: Outras Imagens

Autor: Marcos Vilhena R$ 20,00 208 páginas marcos.vilhena@uol.com.br

Organizadoras: Kelma Socorro L. de Matos, Shara Jane H. Costa Adad e Maria D’Alva F. Macedo. 20,00 reais 218 páginas shara_pi@hotmail.com

A obra é uma reprodução da dissertação de mestrado apresentada pelo autor, na UFPI, a qual retrata o contexto histórico em que viveu o engenheiro Antônio José de Sampaio, piauiense e fundador de uma fábrica de laticínios, em pleno sertão, em Campinas do Piauí, no final do século XIX. A fábrica era bastante equipada e moderna, algo impossível de se imaginar naquele período por aqui. O livro resgata os dramas de um homem que ousou em pensar e agir além dos padrões de sua época.

Este livro reúne 17 trabalhos sobre jovens e crianças. Seus autores são de diversas universidades brasileiras (UESPI, UFPI, UFC, UFSE, UFES, UECE e UFSC). Os artigos mostram que há juventudes e enfatizam práticas positivas dos jovens ao trazer as suas criações na dança, na música, nas artes plásticas, nos seus meios de comunicação como os fazines e no modo atual de amar e ficar. Discute também sobre parentalidade entre jovens, trabalho, consumo, políticas públicas, crianças com síndrome de down, experiências de alfabetização, a dignidade das crianças e ainda sobre a juventude da década de 60.


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