Sapiencia23

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TERESINA - PI, MARÇO DE 2010 n Nº 23 n ANO VI

A cura do câncer Cientistas brasileiros descobrem que o Aveloz, planta bastante encontrada no Piauí, pode matar células tumorais e estabelecer a vida de pacientes terminais Página 4, 5, 6, 7, 8 e 9

TRANSPLANTIO CHINÊS Trazida da China, a técnica que consiste no plantio de mudas adultas, está sendo realizada nas principais avenidas de Teresina

Página 11, 12 e 13


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EDITORIAL

ARTIGO Do mito à pesquisa científica

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estudo científico sobre as propriedades de plantas com fins curativos é uma busca e um desafio para os cientistas da área, visto que várias doenças ainda são uma interrogação no mundo moderno. O interesse pelas drogas de origem vegetal tem sido crescente, tanto que em mais uma edição estamos abordando estudos que visam à descoberta de medicamentos à base de plantas medicinais. Na primeira edição do Sapiência, em 2004, foi destacada uma reportagem sobre as propriedades fitoterápicas do caneleiro, árvore comum no Piauí, cujo estudo envolveu uma equipe do Núcleo de Pesquisa em Plantas Medicinais - NPPM da UFPI. Na edição de nº 10, o tema foi mais aprofundado e apresentou os avanços das pesquisas comprovando as potencialidades terapêuticas do caneleiro. Nesta edição de número 23, a abordagem passa a ser de pesquisas de grandes laboratórios nacionais sobre uma planta medicinal muito comum no Piauí - o Aveloz - mais conhecida, no Estado, como cachorro-pelado.

Ar tigo

Os estudos científicos visando à descoberta de um medicamento seguro e eficiente para o tratamento de muitas doenças, principalmente contra o câncer ainda estão protegidos sigilosamente e nem mesmo publicações relativas aos resultados dessas pesquisas foram apresentadas. A planta aveloz tem o princípio ativo do primeiro medicamento nacional para o tratamento de câncer, como estamos destacando nesta edição, que é o AM10. As pesquisas são recentes, iniciadas há apenas seis anos e os avanços já passam da fase 2, ou seja, em pouco tempo a comunidade internacional divulgará se o mundo contará ou não com o primeiro medicamento oncológico disponível no mercado. Também nesta edição, destaca-se a reportagem sobre a técnica do transplantio chinês, em que Teresina foi pioneira na sua implantação. A técnica consiste no plantio de mudas de plantas adultas e traz como ponto forte o alto nível de sobrevivência. A vantagem desse método é que haverá um ganho de tempo na revitalização da área verde da cidade,

tendo em vista que será suprimido o tempo de crescimento e manutenção da planta, com um ganho médio de seis anos. A ciência tem dado passos cada vez mais largos quando o assunto é o aproveitamento da riqueza vegetal para benefício do homem. Estima-se que 2/3 da diversidade biológica mundial estejam nas zonas tropicais, sendo representada no Brasil por aproximadamente 55 mil espécies de plantas superiores. Dentre estas, os recursos genéticos constituídos pelas espécies de interesse socioeconômico atual e com potencial fitoterápico representam um grande patrimônio nacional. A ciência moderna desmitifica os conhecimentos populares, enraizados no cotidiano da sociedade, por meio da medicina popular e, somado aos conhecimentos tecnológicos que dispõe, passa a transformar o que antes era um mito em resultados científicos promissores. Márcia Cristina e Roberta Rocha

comum, em nosso cotidiano, que conceitos de teorias científicas passem ao vocabulário usual, com sentido distorcido e aplicado de maneira irresponsável, com apoio pressuposto do José Roberto Castilho Piqueira* argumento de autoridade. O caso mais gritante é o do “darwinismo social” que, ao se valer de teoria científica, procura legitimar preconceitos e mecanismos de dominação entre grupos étnicos e sociais. Felizmente, caiu em merecido descrédito, de modo que sua relevância atual é nula, sendo digna de repúdio. Entretanto parece que Darwin hoje incomoda tanto quanto Galileu à sua época. Alguns pretendem dar ao “Criacionismo” status de ciência, colocando-o como teoria alternativa ao “Darwinismo”. Nada mais pobre, do ponto de vista espiritual e intelectual, do que confundir a ciência com a fé. A fé é foro íntimo, de cada um. As diversas religiões devem ser respeitadas, cada uma com seus dogmas. A ciência não é uma alternativa à religião, porém conhecimento de outro tipo. Ciências mudam todos os dias, podem questionar-se, aprimorar-se continuamente. A ciência busca o entendimento da natureza e não há nesse ato qualquer atitude de crença ou descrença em dogmas religiosos.

Assim, Darwin é vítima do obscurantismo, pois suas ideias tendem a ser negadas pelo público, digamos, leigo ou pseudocientífico, como se pertencessem a um lado diabólico da humanidade. Há, entretanto, uma vítima positiva do obscurantismo: Albert Einstein. Lido por poucos, virou lenda e com isso a ele se atribuem ideias estapafúrdias, com frases repetidas à exaustão, em livros de autoajuda. Vamos lá, quer ganhar uma pendenga? Diga sério uma besteira atribuindo a Einstein. Quase todos vão acreditar, porque só poucos verificam. A mais engraçada é a relatividade: “Tudo é relativo”, dizem os leitores descuidados, e um interminável rolo de enganos vai subscrever-se à glória de Einstein. Galileu, que passou maus bocados nas mãos de obscurantistas, entre seus vários trabalhos, enunciou o “Princípio da Relatividade” que diz: “As leis físicas são as mesmas para qualquer referencial inercial.”. Ou seja, o chamado princípio da relatividade fala de invariância de leis, mesmo que os referenciais produzam medições diferentes para certas grandezas físicas. O que Einstein procurava, quando enunciou sua “teoria da relatividade especial”, era salvar o princípio de Galileu, quando aplicado às leis do eletromagnetismo, que haviam sido brilhantemente sintetizadas por Maxwell, durante o século XIX. Parecia, inicialmente, que as leis do eletromagne-

tismo não eram descritas da mesma maneira, quando se mudava de referencial. Ao unificar os resultados de Michelson e Morley sobre o fato de que a luz não necessita suporte material para se propagar com as equações de Lorentz para cálculo de velocidades relativas e com o fato da velocidade da luz independer do referencial, concluiu que as leis do eletromagnetismo também são as mesmas para todos referenciais inerciais. Sabe-se que, como todo ser humano, Einstein, ao longo de sua carreira, errou certas coisas, da mecânica quântica, sobretudo. Seu erro maior, contudo, foi ter mantido o nome de “teoria da relatividade” para seu trabalho e não mudá-lo para “teoria da invariabilidade”. O nome chamaria menos a atenção dos meios comunicativos, mas evitaria o “einsteinismo social”. Todavia, há uma possível analogia entre a noção eisteiniana de “invariabilidade” e os fenômenos sociais. Realmente, há variações de valores de cultura para cultura, mas o que há de essencial para o homem – respeito à liberdade, acesso ao conhecimento e, principalmente, direito à vida com dignidade – independe de qualquer referencial social.

AO LEITOR PARA CRÍTICAS, SUGESTÕES E CONTATO:

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EXPEDIENTE

Valorizando o que não tem valor: aspectos sociais e conservacionistas A

degradação dos recursos ambientais imprime forte influência para a vida e há poucos anos essa questão começou a ser percebida como um problema humano a ser enfrentado com certa urgência. Para a maioria dos pensadores econômicos, a natureza era vista como fonte de bens ambientais e receptora dos restos provenientes do uso de seus produtos. Ademais, os países desenvolvidos Julio M. Monteiro* somam aproximadamente 25% (ou pouco menos) da população mundial, entretanto consomem por volta de 90% (ou talvez mais!) dos recursos naturais e esse mesmo mundo desenvolvido responsabilizase por 70% das emissões de CO2 na atmosfera.

Relatividade não muito relativa

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Nº 23 Ano VI Março de 2010 ISSN - 1809-0915 Informativo produzido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí - FAPEPI PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL

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TERESINA-PI, MARÇO DE 2010

TERESINA-PI, MARÇO DE 2010

DIRETOR EDITORIAL Acácio Salvador Véras e Silva CONSELHO EDITORIAL Acácio Salvador Véras e Silva Francisco Laerte J. Magalhães Wellington Lage REVISÃO DE TEXTO Assunção de Maria S. e Silva EDITORA Márcia Cristina

REPORTAGEM E FOTOS Márcia Cristina (Mtb -1060) Roberta Rocha (Mtb - 1856) IMPRESSÃO Grafiset Gráfica e Editora TIRAGEM 6 mil exemplares PROJETO GRÁFICO Tony Cesar (86) 8832-5057

*Professor Titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo erika@academica.jor.br

Modelo sistêmico da organização social de produção com utilização dos recursos ambientais (Figura extraída e modificada do livro ‘O valor da natureza’, de Mota, J. A. 2001). O uso desenfreado dos recursos se dá de ma-

neira incompatível com sua regeneração e começa a ser percebido e noticiado em grande escala pela imprensa mundial. O desenvolvimento mundial enfrenta limites físicos. E a capacidade de suporte do planeta em absorver a poluição e o lixo produzido, bem como de fornecer recursos naturais, é findável e deve ser levada em consideração. Questões como o aquecimento global, efeito estufa, desmatamento florestal e extinção de espécies silvestres ganham notoriedade e direcionam ao comprometimento social com o desenvolvimento sustentável. Esse termo, originado de ecodesenvolvimento, difundido na Conferência de Estocolmo e criado por Ignacy Sachs, da escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS) de Paris, é entendido como a capacidade de gerações presentes alcançarem suas necessidades sem comprometer a capacidade de futuras gerações também o fazê-lo. Sobre o atual desenvolvimento econômico, o pesquisador e economista Clóvis Cavalcanti, em seu bom artigo intitulado ‘Uma tentativa de caracterização da economia ecológica’, publicado no periódico Ambiente & Sociedade em 2004, observou que não se pode mais tratá-lo como sinônimo de crescimento, já que a natureza e seus ecossistemas impõem limites à oferta de seus recursos. Com o começo da aceitação da idéia de que os recursos ambientais são finitos, o uso de técnicas para compor um valor para o meio ambiente toma corpo e objetiva preencher lacunas existentes já que tais recursos do meio ambiente não têm valores fixados em nossos mercados convencionais, tornando extremamente

difícil a aplicação de penalidades a um determinado dano ambiental. Um clássico exemplo do sucesso da utilização desse método em propor um valor a um ativo ambiental foi realizado em 1989, quando um grande petroleiro da multinacional Exxon Corporation encalhou no sudeste do Alasca, Estados Unidos, e derramou milhões de litros de óleo cru em suas águas. Milhares de aves, peixes e animais marinhos morreram, trazendo sérios danos ambientais e prejuízos a pescadores locais, além do desconforto causado à população mundial com a divulgação das imagens do desastre. Após instalação de um processo judicial para punir culpados, os advogados ambientalistas, através de método de valoração monetária do ambiente, calcularam o prejuízo do dano ambiental em torno de três bilhões de dólares. Após acordo com a Exxon Corporation, declarada culpada, aceitou o pagamento de 1,1 bilhões de dólares em indenizações além dos custos com a retirada do óleo nos mares e nas praias. Para a época, foi considerado uma ‘vitória ambiental’ sem precedentes. Por fim, pesquisas direcionadas a compor um valor para um bem ambiental (uma mata nativa tropical, uma planta medicinal, ou ainda o lobo-guará ou o urso-panda) podem apresentar-se como eficientes propostas para planos futuros de conservação e manejo sustentados, e dessa forma, diminuir o impacto que tais recursos sofrem com a extração desordenada e frear os processos de extinção. *Prof. Dr. da UFPI – Campus de Bom Jesus juliommonteiro@ufpi.edu.br

Cinema e filosofia: sobre o documentário B

ill Nichols inicia o primeiro capítulo do seu livro Introduction to documentary (2001) com a afirmação a seguir: “Todo filme é um documentário” (NICHOLS, 2001, p. 5). Tal afirmativa que, a meu ver, sustenta um caráter eminentemente filosófico, abre-nos uma possibilidade de pensar o cinema partindo do seu traço documental próprio e comum a todo e qualquer filme. Nesta perspectiva, este artigo Gustavo S. Batista* pretende problematizar o seguinte: lidar filosoficamente com as narrativas cinematográficas requer, antes, uma elucidação do modo como o documental se manifesta; isto é, pensar o cinema significa analisar conceitualmente o quanto de documentário está efetivamente presente nos filmes. A pergunta filosófica pelo documental surge com a elucidação de um elemento comum, ou seja, possibilitado pelo ultrapassamento da distinção tradicional entre ficção e documentário. Esta distinção, discutida por muitos teóricos importantes como, por exemplo, John Grierson, baseia-se na relação estabelecida com o mundo real, ou seja, enquanto o documentário se ocupa com as “cenas vivas”, a ficção, ou melhor, os filmes nos quais a realidade é inventada pelo roteirista, muitas vezes filmado em estúdio, ignora o

“mundo real vivido”. Neste sentido, poderíamos dizer que somente o documentário estaria interessado na vida real; e a ficção, ao contrário, trataria de histórias imaginadas. A afirmação de Nichols supracitada remete-nos a uma dimensão anterior à distinção tradicional entre a ficção e o documentário, pois, no próprio modo de produção dos filmes – independente do tratamento da “vida real” ou da realidade imaginada por algum roteirista – o caráter documental encontra-se presente, pois todo filme estará sempre inserido em um momento histórico, suscetível a variadas apreciações, o que já apontaria uma dimensão genuinamente documental. Neste sentido, a partir do argumento de Nichols, o mundo real no qual vivemos será sempre uma referência para o cinema, seja ele de ficção ou não. Pensar todo filme como essencialmente documental faz justiça a uma tendência cada vez mais comum ao cinema contemporâneo: a fronteira tradicional entre documentário e ficção encontra-se cada vez mais problematizada pelo próprio cinema. Podemos afirmar que, se ainda estivermos ligados à distinção tradicional, não conseguiríamos classificar novas produções nem como documentário e muito menos como ficção; a referência ao mundo vivido é cada vez mais presente no cinema atual. A atual situação do cinema brasileiro serve como

exemplo da condição documental própria de todo filme defendida por Nichols. Poderíamos citar, por exemplo, o filme Central do Brasil (1998) de Walter Salles e sua origem em um outro filme anterior também de Walter Salles, Socorro Nobre (1995). Classificar Central do Brasil como apenas ‘ficção’ seria ignorar alguns elementos essencialmente documentais presentes no mesmo. Entre estes elementos, ressalto um, diversas vezes comentado pelo próprio Walter Salles: não seria possível pensar o filme Central do Brasil sem a herança documental originada em Socorro Nobre. É a história “real” do encontro de uma presidiária (Socorro Nobre) com um artista plástico (Frans Krajcberg) mediado por uma carta que vai orientar o caminho “ficcional” do desencontro das cartas em Central do Brasil. A condição fronteiriça dos filmes atuais (como os de Walter Salles) ilustra e problematiza a afirmação de Nichols, pois, se todo filme é documentário, um elemento central pode ser reafirmado, a partir desta renovada compreensão do cinema: os filmes sempre pretenderão sugerir um novo olhar sobre a realidade, ou seja, o cinema sempre pretenderá discutir e reconstruir nossos modos de ver o mundo vivido. *Professor da UFPI - Campus de Picos gustavosilvano@ufpi.br


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Testes indicam que o aveloz

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REPORTAGEM

extraídos do aveloz estão sendo testados para o tratamento de outras patologias, como as dores de caráter crônico. A expectativa é que até 2011 estejam à venda nas farmácias. Até aqui, estima-se que os investimentos com as pesquisas sejam da ordem de R$ 30 milhões. Estudos iniciais comprovaram que o látex do aveloz possui um grande potencial anticancerígeno. Uma das hipóteses para essa ação seria o seu efeito antitumoral e citotóxico, ou seja, a planta possui mecanismos de reparo das células defeituosas e é capaz de inativar as mutações que formam essas células defeituosas, além de programar a morte dessas células tumorais. Deste modo, substâncias extraídas da planta podem diminuir a frequência de danos ao DNA da célula, impedindo a multiplicação desordenada das células tumorais, liquidando-as, evitando então, a formação do tumor. Nas fases iniciais, foram realizados estudos toxicológicos em camundongos e também em cães. Só depois passaram a ser realizados em humanos. A análise conjunta

combate vários tipos de cânceres

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Dr. Pianowski faz experimentos com o AM10

deste brasileiro, o aveloz, cujo nome científico é a Euphorbia tirucalli. A produção de um medicamento à base da planta já despertou inclusive o interesse da imprensa noticiosa devido aos estudos de mais de seis anos no Brasil, envolvendo uma equipe especializada formada por farmacologistas, químicos, médicos oncologistas, entre outros, que comprovaram que um medicamento, ainda em fase de testes, conseguiu curar pelo menos

nente africano, que se propagou por todas as regiões tropicais do planeta. Na Índia, por exemplo, é usada para tratar asma, dor de cabeça, neuralgia, reumatismo e dor de dente. Na medicina tradicional brasileira, o látex da E. tirucalli é usado para tratar diferentes tipos de cânceres, incluindo carcionmas, leucemia, câncer de próstata e de mama. Em vários municípios piauienses, a planta é facilmente vista e atualmente chega a ser cultivada para efeito de estudos. Sua importância para a ciência é que tem sido popularmente utilizada no tratamento de úlceras, cânceres, tumores, verrugas e outras doenças. Vários relatos indicam a presença de efeitos tóxicos nesta planta. Muitas espécies da família Euphorbiaceae, assim como o aveloz, secretam um látex que é rico em terpenos, como os ésteres de phorbol, euphol e ingenóis, sugerindo que dentre os seus constituintes químicos, a planta pode apresentar tanto efeitos tóxicos, como um grande potencial terapêutico. Quanto à toxicidade, os ésteres de phorbol presentes na planta são extremamente irritantes e têm sido documentados clinicamente que promovem tumores, induzindo a formação do linfoma de Burkitt e carcinoma da nasofaringe. A planta possui componentes químicos como os diterpenos (ingenóis), que de acordo com a literatura, possuem ação anticancerígena, mostrando significativa inibição da proliferação celular de uma proteína chamada quinase C (PKC), resultando em um efeito antiproliferativo e proapoptótico em várias células humanas de câncer. Doses elevadas de aveloz podem induzir a coagulação sanguínea. O látex da planta pode ser irritante e cáustico à pele. Se o látex atingir os olhos, pode destruir a córnea. O uso excessivo da planta pode provocar vários efeitos, incluindo intensa queimação, pálpebras inchadas, dor ardente do globo ocular, visão borrada, erosão do epitélio córneo, acuidade visual diminuída, fotofobia e cegueira temporária.

Os pesquisadores - Luiz Pianowski Filho, Ana Flávia Rabay, Luiz Pianowski e Thais Barbizan

AM10 - medicamento deve chegar ao mercado em 2011 A

caracterização dos efeitos produzidos pelos compostos isolados de aveloz pode demonstrar quais constituintes químicos presentes na planta poderiam apresentar potencial terapêutico para o tratamento de inúmeras patologias, incluindo principalmente o câncer e os processos inflamatórios crônicos as-

Células cancerígenas

sociados à dor. Sendo assim, Amazônia Fitomedicamentos em parceria com o laboratório Pianowski & Pianowski pesquisaram e desenvolveram o produto AM10 destinado ao tratamento do câncer. Com investimentos da iniciativa privada, as investigações são promissoras e novos produtos fitoterápicos também

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Estudos comprovaram que o látex da Aveloz possui grande potencial anticancerígeno, ou seja, mecanismos de reparo de células defeituosas

uma paciente que estava em estado terminal, vítima de câncer, após ser submetida a testes com a droga. Estudos bastante adiantados com medicamentos à base do aveloz mostraram que a planta, bastante conhecida no Piauí, onde recebe o nome popular de cachorro-pelado, possui mecanismos de reparo das células defeituosas, sendo capaz de inativar as mutações que formam essas células defeituosas; além disso, os medicamentos mostraram ser capazes de programar a morte celular de células tumorais. Deste modo, a planta diminui a frequência de danos ao DNA da célula, impedindo a multiplicação desordenada das células tumorais e liquidando-as, evitando então, a formação do tumor. A Euphorbia tirucalli é uma planta arbustiva, originária do sul do conti-

ILUSTRAÇÃO

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ada vez mais a ciência vem tentando descobrir na natureza medicamentos visando ao tratamento eficaz e até a cura de doenças em animais e em humanos. Esta edição do Sapiência vem apresentar um pouco do andamento de algumas investigações a respeito do que vem a ser um grande desafio para os cientistas: a cura de doenças que ainda são uma incógnita para o homem. Ainda envolto em sigilo que a ética e o rigor científico exigem nas diversas fases das investigações, um estudo em especial, vem despertando a atenção dos pesquisadores e também da sociedade: a produção de um medicamento eficaz no tratamento e cura de doenças graves, como o câncer, oriundo do látex de uma planta muito comum no Nor-

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dos resultados demonstrou que o AM10, quando administrado agudamente pela via oral em camundongos de ambos os sexos, apresenta boa tolerabilidade e reduzido efeitos tóxicos agudos importantes. O chefe das pesquisas com o AM10, que já foi patenteado por ele e sua equipe de pesquisadores, Dr. Luiz Francisco Pianowski, farmacêutico com doutorado em Tecnologia Farmacêutica pela Universidade do Porto, disse que o Projeto AM10 é a fração farmacologicamente ativa, extraída do látex do aveloz, padronizada em 70 – 80% do triterpeno pentacíclico euphol. Em outras palavras, o AM10 é o medicamento quimioterápico que pode tratar e possivelmente curar alguns tipos de cânceres. É a descoberta mais importante da pesquisa, iniciada há cerca de seis anos. Os estudos já realizados comprovaram que a planta, muito utilizada pela medicina popular, ingerida na forma de garrafada para tratamento de várias doenças, tem ação citóxica, porém o AM10 foi mais potente que a garrafada.

Aveloz e o combustível ç Euphorbia tirucalli é um cactus suculento que pode chegar a crescer cerca de 10m. Introduzida da África como uma planta de jardim, agora é naturalizada em áreas tropicais e florestas na Amazônia, Madagáscar e África do Sul. O tronco principal e ramos são lenhosos e marrons, mas os ramos mais novos são verdes e cilíndricos, parecendose muito com lápis e ganhando por isso o nome comum de árvore-dolápis. Também chamada de “petróleo verde" por produzir a substância – hidrocarboneto, como a gasolina. Esta planta está sendo estudada pela Petrobras, visto que os hidrocarbonetos produzidos por ela poderiam ser usados diretamente nas refinarias. Há estimativas de produção de 10 a 50 mil barris de óleo por hectare cultivado com custo de US$ 3 a 10 por barril.


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Farmacologista com doutorado pela USP, João Batista Calixto, possuidor de várias patentes no Brasil e no exterior, integra a equipe de Pianowski na pesquisa com AM10. Seu trabalho foi a avaliação dos estudos toxicológicos agudos e crônicos do produto AM10 em roedores, estudos pré-clínicos. “Realizamos estudos para tentar esclarecer o mecanismo de ação antitumoral do produto e em segunda descobrimos outra ação farmacológica do mesmo, uma importante atividade analgésica. Quanto a esse último efeito, concentramos nossos esforços para avaliar o mecanismo de ação e também o composto responsável pela analgesia. Esses estudos continuam em andamento e estamos finalizando um trabalho para ser divulgado em revista internacional com essa descoberta (analgesia)”, destacou Calixto, que é professor do Depto. de Farmacologia da Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC. A princípio foram feitos testes para verificar a ação analgésica do Euphol (ou AM11) e do AM10. Foram feitos modelos experimentais para avaliar a nocicepção (dor) nos animais, conforme explica a farmacêutica da Amazônia Medicamentos, Denise Mollica Marotta. “Três grupos de animais foram tratados localmente (na pata direita e traseira) com algum mediador inflamatório para induzir a dor inflamatória, podendo ser aguda ou crônica, três grupos de animais também foram submetidos a uma cirurgia no nervo ciático para a indução de dor neuropática que sempre é crônica, três grupos de animais foram inoculados com algum tipo de células tumorais na pata para induzir o tumor e então poder avaliar a dor causada pelo câncer nesses animais. Após a instalação da dor, sendo ela inflamatória crônica ou aguda, neuropática ou pós-câncer, um grupo de animais foi tratado com Euphol na dose 30 mg/kg via oral e outro grupo com AM10 na dose de 100 mg/kg via oral, e o terceiro grupo não recebeu nada, só foi usado como grupo controle. Então os animais foram avaliados em diferentes intervalos de tempo para verificar se os tratamentos com Euphol e AM10 foram capazes de diminuir ou até mesmo inibir a dor dos animais”, explicou a pesquisadora. Os estudos realizados com cães da raça Beagle para possíveis efeitos tóxicos do produto AM10 utilizaram doses de cápsulas em 32 animais, durante um período de 90 dias. Foram feitas observações clínicas, oftalmológicas, patologia clínica, mensuração do peso corpóreo e peso dos órgãos, necropsia e micropatologia. Foi constatado que o produto não causou efeito adverso nos animais.

Já na Fase I, com testes em humanos, o Dr. Pianowski atesta que o medicamento AM10 foi eficaz nos primeiros testes, em pacientes terminais de câncer. A primeira fase do teste em humanos foi feita no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, há cerca de um ano. O estudo clínico incluiu pacientes com idade acima de 18 anos, capazes de tomar a medicação oral, com diagnóstico histológico de tumores sólidos que progrediu após tratamento convencional e que teve performance status ECOG na escala menor ou igual a dois e uma expectativa de vida de pelo menos três meses. O ensaio que incluiu seis pacientes com câncer confirmou os estudos pré-clínicos toxicológicos, demonstrando novamente que o AM10 foi relativamente seguro quando usado por via oral até a dose de 9 mg por dia. Alguns pacientes afirmaram que após receberem doses do AM10 alegaram sentir menos dores e até tiveram melhoras clínicas, o que comprova também as suas atividades antiinflamatórias. “Sabe-se pela literatura que a planta possui ação anticancerígena. Nós estamos buscando provar essa possibilidade, o que vem se confirmando. Temos comprovado apenas um caso de uma paciente terminal, que foi curada com o medicamento produzido à base do aveloz”, disse

DIVULGAÇÃO

Testes preclínicos foram satisfatórios em camundongos e cães

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Aveloz na região Nordeste

o pesquisador paulista. Pianowski explicou que a droga tem o potencial para, caso não haja a regressão da doença, pelo menos conter ou reduzir o avanço. Diferentemente do tratamento com outros medicamentos e da quimioterapia, a forma convencional, que destroem células doentes e sadias, o AM10 se propõe a atuar direto nas células doentes, sendo, portanto, menos prejudicial e traumático ao paciente. A fase seguinte do estudo será testar o medicamento em pacientes que não estejam em estado terminal com alguns tipos de câncer. Denise Marotta detalhou que já começou o estudo clínico da fase II, que tem como objetivo avaliar a ação do medicamento no combate ao câncer de mama em mulheres. Esse estudo será multicêntrico, realizado em cinco centros de pesquisas diferentes, sendo um deles o Hospital Albert

Einstein e a Benficiência Portuguesa. Foram selecionados para esses estudos pacientes com câncer de mama em um estágio específico da doença e que já tinham sido submetidas a outro tipo de tratamento. A equipe que vem realizando a pesquisa com o AM10 tem além do coordenador Dr. Luiz Francisco Pianowski e do Dr. João Batista Calisto (UFSC), também o Dr. Dagoberto Brandão (PHC Brasil), o Dr. Auro Del Giglio (oncologista do Hospital Albert Einstein), o Dr. Odorico Moraes (UFCE), o Dr. João Ernesto (Unicamp), a Drª. Maria Lucy Queiroz (Unicamp) e os farmacologistas ligados diretamente ao laboratório Pianowski&Pianowski Ana Flávia Bacchi, Thais Barbisan, Luis Francisco Pianowski Filho, além de Denise Mollica Marotta (Amazônia Fitomedicamentos).

Luiz Francisco Francisco Pianowski Pianowski Luiz Coordenador da Pesquisa com o eAM10 Coordenador da Pesquisa com o AM10 AM11e AM11 luiz@pianowski.com.br

Uso medicinal do aveloz África

Antiparasita, impotência sexual, picada de cobra, sífilis e tumores.

Asia

Para os ossos quebrados, hemorróidas, dor, inchaço e ulceração.

Brasil

Para o abcesso, asma, infecções bacterianas, câncer, constipação, infecções fúngicas, reumatismo, picada de escorpião, cobra, espasmos, sífilis, tumor, os vírus, verrugas, e como um expectorante e irritantes.

Holanda

Para dores ósseas, hemorróidas, lepra, úlceras do nariz, paralisia e espinhos.

Índia

Para o abscesso, asma, cólicas, constipação, tosse, dor de ouvido, gastralgia, nevralgias, reumatismo, sífilis, dor de dente e verrugas.

Peru

Abscessos, asma, câncer, cólica, tosse, dor de ouvido, nevralgias, reumatismo, dor de estômago e dor de dente.


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Aveloz: uma esperada cura para o câncer raduado em Farmácia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (1979) e Doutorado em Tecnologia Farmacêutica pela Universidade do Porto, Portugal, 2001, o PhD Luiz Francisco Pianowski é um investigador nato de plantas e suas propriedades farmacêuticas. Desde a graduação tinha o interesse pela descoberta de fitomedicamentos que pudessem promover a cura de vários males humanos, o que o levou, há mais de 20 anos, trabalhar em laboratórios farmacêuticos e de pesquisa. Proprietário da empresa de pesquisa e desenvolvimento farmacêutico Pianowski & Pianowski, em suas consultorias, o pesquisador atende grandes laboratórios como os: Catarinense, Neo Química e Amazônia Fito medicamentos (Grupo Ypioca). Dr. Pianowski já foi diretor industrial dos laboratórios Hebron, P&D e Aché. Como pesquisador, sua atividade principal é o desenvolvimento de fitoterápicos que já se encontram no mercado; também faz palestra em território nacional e internacional. Possui patentes registradas no Brasil e no exterior e coordena a pesquisa de uma droga anti-neoplásica, hoje em estudo clínico. Tem livros publicados e participação em bancas de mestrado e de doutorado.

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utilizada na medicina popular, mas, qual a visão da ciência sobre a planta. Ela realmente é capaz de curar doenças?

FOTOS: ROBERTA ROCHA

Pianowski – A ciência só se manifesta quando tem provas. Essas provas são trabalhos científicos, e eles estão sendo escritos com muita informação que fará com que os cientistas a aprovem. A ciência não tem dificuldades de aprovar aquilo que a cultura popular elegeu. Para câncer temos produtos que estão entre os melhores como o taxol, a vincristina e vinblastina, entre outros. Sapiência – O que é o AM10? Pianowski – O AM 10 é um

extrato padronizado com os ativos internos mensurados e controlados. A partir dele estabilizado e padronizado, fizemos todos os estudos pré-clinicos e hoje os clínicos. Sapiência – A Amazônia Fitomedicamentos em parceria com o seu laboratório estão desenvolvendo outros medicamentos à base do aveloz visando ao tratamento de câncer e outras doenças crônicas. Em que estágio está esses estudos e quais as esperanças desses para um tratamento eficaz de doenças praticamente ditas sem cura? Pianowski – Sim, estamos estudando atividades antiinflamatórias e analgésicas. Essas ações melhorarão a vida de milhares de pessoas com artrose, artrites, fibromialgias. Outros estudos estão em andamento, mas hoje ainda é prematuros falarmos sobre isso. Sapiência – Estudos dizem que além de tumores cancerígenos, o aveloz também tem a capacidade de tratar doenças crônicas. Quais seriam elas?

Sapiência – Sabe-se que já existem testes sendo realizados com humanos. Já existe algum resultado promissor? Estas pesquisas já resultaram em patentes?

O grande problema é que o que mata a célula cancerígena mata também a saudável. Espero que o AM10 seja uma ferramenta importante para mitigar os sofrimentos com essa doença

Pianowski – Os testes da fase II começaram agora em janeiro, porém não temos como saber ainda. Creio que março será um mês que poderemos conhecer alguns resultados e espero que sejam bons. Sapiência – Sendo uma planta altamente tóxica, capaz de provocar vários efeitos maléficos no organismo humano, inclusive cegueira, como se ex-

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plica que pessoas leigas, sem o auxílio da tecnologia de ponta que a ciência moderna dispõe, há muito tempo atrás, já tenha descoberto os benefícios de remédios curativos produzidos a partir da planta?

ENTREVISTA

Sapiência – A Euphorbia tirucalli ou o aveloz tem uma série de propriedades contra doenças, tanto que é bastante

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Pianowski – De uma maneira empírica não deixou de ser um teste, onde creio que nos séculos atrás muitas se queimaram, perderam a visão e outras morreram. Mesmo assim aqueles que a usam dessa maneira podem ter problemas, pois na mesma planta que tem a cura, possui moléculas que causam o câncer.

Sapiência – Quando poderemos ver no mercado um medicamento eficaz produzido à base do Aveloz, que venha, possivelmente, ser uma cura contra doenças perigosas, como o carcinoma? Pianowski – Sendo muito otimista esse ano, e pessimista o ano que vem. Sapiência – A indústria farmacêutica movimenta bilhões de dólares em pes-

Pianowski – Artrites reumatóides, artrose, fibromialgias. Sapiência – Já se tem notícia no Piauí de que pessoas em estágio já avançado de câncer receberam tratamento à base de fitomedicamentos que contém o aveloz e tiveram a saúde restabelecida. O Sr. atesta essa informação? Pode citar exemplos? Pianowski – Eu conheço somente o Sr. Tapajós (compositor- que mora em Teresina). Ele alega ter sido curado de uma metástase de melanoma que o havia deixado em cadeira de rodas, faz mais de 20 anos. Atestar eu não posso, mas crer sim. Sapiência – O Sr. já visitou o Piauí e um dos motivos seria a produção de fitomedicamentos à base de aveloz. Poderia falar mais sobre seus objetivos nessa região? Pianowski – A indústria de fitomedicamentos vai depender dos donos do projeto, entre eles o Sr. Everardo Teles e o Auro Costa aí de Teresina. O que está praticamente certo é eu colocar a indústria de produção da matéria-prima em Teresina, pois tenho o contrato de exclusividade para tal. Foi onde tudo começou e há uma quantidade de aveloz razoável na região.

Dr. Pianowski, ministrando palestra na área de farmacologia em Paris, em encontro que reuniu Brasil e França, 2007

quisas contra muitas doenças. Mas por que milhões de pessoas ainda morrem no mundo inteiro vítimas de vários tipos de câncer, muitas passando pelos melhores tratamentos que a medicina dispõe? Pianowski – A verdade é que se conhece muito sobre o câncer, mas não o sufi-

ciente. Ano após ano vemos novas descobertas, e principalmente no mecanismo de ação ainda é preciso trabalhar muito. O grande problema é que o que mata a célula cancerígena mata também a saudável. Espero que o AM10 seja uma ferramenta importante para mitigar os sofrimentos com essa doença.

Aveloz

ç A Euphorbia tirucalli (Aveloz) é uma planta da família Euphorbiaceae, popularmente denominada aveloz, almeidinha, árvore-de-são-sebastião, árvore-do-coral-de-são-sebastião, árvore-do-lápis, cassoneira, coroa-decristo, cachorro pelado, dente outros. É uma planta utilizada na medicina popular como antiescorpiônico, antirreumático, antiasmático, antiespasmódico, antibacteriano, antivirótico, antissifílico, cauterizante de verrugas, expectorante, fungicida, purgativo e resolutivo no tratamento de carcinomas e epiteliomas benignos. O aveloz é uma planta arbustiva, originária do sul do continente africano, que se propagou por todas as regiões tropicais do planeta e adaptou-se bem em lugares de clima

quente, especialmente no Nordeste do Brasil. Tem sido popularmente utilizada na América do Sul no tratamento de úlceras, cânceres, tumores, verrugas e outras doenças. Vários relatos indicam a presença de efeitos tóxicos nesta planta. Muitas plantas da família Euphorbiaceae, assim como o aveloz, secretam um látex que é rico em terpenos, como os ésteres de forbol, euphol e ingenóis, sugerindo que dentre os seus constituintes químicos, a planta pode apresentar tanto efeitos tóxicos, como um grande potencial terapêutico. Doses elevadas do aveloz podem induzir a coagulação sanguínea. O látex da planta pode ser irritante e cáustico à pele. Se o látex atingir os olhos, pode destruir a córnea.


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TESES

REPORTAGEM Estudo das estratégias da Rede Globo de Televisão na esfera da cidadania

Taxa de sucesso legislativo do executivo no processo bicameral: comparando os governos FHC e Lula (1995-2006)

Jane Bezerra de Sousa Defesa: Univ. Federal de Uberlândia, 2009 jane_bezerrasousa@yahoo.com.br

Jacqueline Lima Dourado Professora da Faculdade CEUT Defesa: Unisinos 2009 jacdourado@uol.com.br

Márcio Grijó Vilarouca Professor Adjunto da UFPI Defesa: IUPERJ, 2007 grijo72@gmail.com

Esta tese é um estudo em História da Educação cujo objetivo é investigar o ser e o fazer-se professora no Piauí no século XX, por meio da história de vida da professora normalista Nevinha Santos, que escreveu suas memórias em caderno de anotações e as publicou em forma de artigos no Jornal Meio Norte, de Teresina-PI. Outras fontes foram utilizadas e cruzadas com as memórias de Nevinha, como entrevistas de ex-alunos, familiares e contemporâneos, bem como mensagens governamentais e discursos da imprensa, com o intuito de conhecer as possibilidades históricas, sociais e culturais que permitiram compreender o sentido da função de ser professor no Piauí do século XX. A partir da história de vida da professora Nevinha Santos, foi definido o recorte cronológico e a estrutura da tese, que se constitui em três fases, partindo das seguintes questões: Por que valorizava ser professora primária? Por que, ao final de sua vida, se indignava ao ler notícias de jornais sobre professores com salários atrasados e na luta por melhorá-los? Diante dos questionamentos foram definidos os seguintes momentos: o primeiro, de 1922 a 1928, o segundo, de 1929 a 1957, o terceiro, de 1957 a 1997. A análise desses períodos possibilitou a compreensão de que, no primeiro momento, ser professor tinha significado associado a missão, vocação, sacerdócio, tendose a normalista como símbolo de um profissional competente cuja tarefa primordial era salvar os indivíduos do analfabetismo. No segundo momento, o professor é concebido como representante da disciplina, civismo e amor à pátria, tornando-se disseminador das ideias do Estado novo, período de um governo que se apega às ideias de abnegação e amor à profissão para manter professores em salas de aulas com condições péssimas de trabalho. Na terceira fase, a proletarização da profissão impulsionou a formação dos sindicatos e a luta pela profissionalização, que garantiria um estatuto respeitoso, melhores rendimentos e autonomia profissional. A análise da pesquisa tem principalmente como referencial teórico-metodológico a Nova História. A tese tem sua relevância para a profissão docente por compartilhar as experiências de uma professora e dessa forma promover reflexões que elevem o grau de respeito ao magistério.

A tese trata das questões enfrentadas pela Rede Globo na construção dos conteúdos de cidadania, como eles estão representados na programação da emissora. O foco da análise são os objetivos que a emissora quer alcançar, quando insere temas sociais por meio de ações de marketing ou merchandising social, nos quais a temática dos direitos, dos deveres para com o próximo, com o meio ambiente, com a diversidade, com o respeito às diferenças e às individualidades, está presente. O tratamento dado a essas questões, por parte da mídia, é de ordem específica. A televisão, lócus escolhido para esta pesquisa, tem um lugar concreto, a programação, a qual expõe e dispõe não só sua concepção, mas também seu poder de imposição de uma dada ordem social e política e de certo tipo de ser e de agir. A televisão elabora, legitimiza e institui, por meio de tratamentos específicos ao campo das mídias e dos conteúdos de cada programa que vai ao ar, o modelo de sociedade e de homem que deseja construir ou impor. A pesquisa desenvolvese a partir da Economia Política da Comunicação, (EP C), no estudo de cidadania, mídia, particularmente a televisiva, marketing e relação entre Estado, mercado e sociedade como influenciador da construção da cidadania. A Rede Globo arrola estratégias para não perder participação de mercado, mantendo-se à frente dos índices de audiência, mostrando ações que incluem a diversificação de operações, para além do espaço da TV aberta, e a dinamização da programação. Assim, motivada pelo crescimento da concorrência, que, a cada dia, cria iniciativas para conquistar terreno de forma dinâmica, espetacular e tematizada, vê-se ganhar corpo o direcionamento da Rede Globo em inserir, nos últimos anos, temas específicos, por meio de ação de marketing e merchandising sociais. Isto se justifica também pelos redimensionamentos do espaço privado e do espaço público, que cobram da emissora um novo posicionamento, em virtude das novas configurações de cidadania, a partir da própria Constituição Brasileira, denominada Constituição Cidadã.

Por meio da análise do processo de tramitação de Projetos de Emendas Constitucionais e Projetos de Lei Complementar - proposições que requerem quorum qualificado - nos dois mandatos de FHC e no governo Lula, avaliamos a hipótese de que o tamanho e o grau de heterogeneidade das coalizões afetam o desempenho legislativo dos governos. Todavia, partimos do pressuposto de que o recurso ao clássico indicador taxa de sucesso é insuficiente para dar inteligibilidade às diferenças entre os governos, seja porque encobre os custos de negociação necessários à aprovação das leis, seja porque ignora a participação de cada câmara no output legislativo. Neste sentido, para superar a limitação supracitada, utilizamos alguns indicadores adicionais - tempo de tramitação da matéria, número de substitutivos apresentados em cada câmara legislativa e de vetos presidenciais, – que nos ajudaram a acentuar o contraste entre os diversos governos. Outro indicador relevante para a compreensão do desempenho legislativo dos governos é aferido por meio da capacidade que têm o presidente e os líderes da coalizão de aprovar suas leis sem a dependência de votos extracoalizão. Quando tal dependência se concretiza torna-se provável que a lei aprovada se distancie das preferências iniciais do presidente. A utilização destes indicadores foi complementada pelo estudo qualitativo da modificação das leis em cada câmara. A título de conclusão, pudemos observar que as taxas de sucesso dos governos são muito semelhantes, no entanto, o que demonstra o acerto de nossa abordagem, ao incluirmos os novos indicadores foi possível verificar o contraste entre os dois mandatos de FHC em relação ao governo Lula, marcado este por coalizões heterogêneas e por sua condição minoritária no Senado. Com isso, no governo Lula, os custos de negociação foram sempre altos, suas coalizões instáveis e por consequência, menor foi sua capacidade de legislar se comparado ao seu antecessor. Em termos teóricos concluise, com base na análise da agenda legislativa dos governos, que o sistema político brasileiro não é propenso a ingovernabilidade, como se pressupunha no início da década de 90, mesmo no cenário não majoritário, portanto, menos promissor ocorrido no governo Lula.

Própolis vermelha do litoral de Pernambuco: caracterização, atividade biológica e proposta de gel vaginal

Sistemas de vetorização do benznildazol para o tratamento da doença de chagas

Segmentação de planos baseada em homografia afim, fluxo óptico e reconstrução métrica

Lívio César Cunha Nunes Professor da UFPI Defesa: Univ. Federal de Pernambuco, 2009 liviocesar@hotmail.com

José Lamartine Soares Sobrinho Professor da UFPI Defesa: Univ. Federal de Pernambuco, 2009 joselamartine@hotmail.com

Kelson Rômulo Teixeira Aires Professor Adjunto I do DIE-CCN-UFPI Defesa: Univ. Federal do Rio Grande do Norte, 2009 kelson@ufpi.edu.br

A própolis é uma substância balsâmica de origem vegetal, coletada e transportada pelas abelhas dos ramos, flores, brotos, polém e exudatos de árvores, acrescentada de secreção salivar. Tem por objetivo proteger a colmeia vedando frestas e inibindo a proliferação microbiana, tornando o interior da colmeia tão asséptico quanto uma sala cirúrgica. É composta por uma infinidade de substâncias de acordo com sua origem, época de coleta e características das abelhas, sendo caracterizada mais de 300 substâncias. É utilizada pelo homem desde a antiguidade por apresentar propriedades terapêuticas como: bactericida, fungicida, virocida, anti-inflamatória, imunoestimulante, antioxidante, cicatrizante, dentre outras. As amostras de própolis brasileiras podem ser classificadas em 13 grupos, dos quais o grupo mais estudado é o da própolis verde, mais comum no sudeste, e o menos estudado é o grupo da própolis vermelha, que ocorre no litoral nordeste. A ocorrência da própolis vermelha já foi citada na literatura, ocorrendo desde o litoral do Estado da Bahia até o litoral da Paraíba. O presente estudo caracterizou uma amostra de própolis do litoral de Pernambuco do ponto de vista da composição química e das atividades biológicas, bem como realizou o desenvolvimento farmacotécnico de formulações semi-sólidas, para uso vaginal. A caracterização química mostrou como constituintes voláteis majoritários os compostos trans-anetol, a-copaeno e o metil cis-isoeugenol, apresentando atividade tóxica contra Artemia salina, com CL50 de 18,9 µg/mL, antioxidade, tanto no modelo in vitro, quanto in vivo, atividade antigenotóxica, assim como atividades antiinflamatória e antifúngica. O extrato hidroalcoólico se mostrou compatível em formulações de gel mucoadesivo, apresentando boas características físico-químicas. Conclue-se que, complementando-se com testes clínicos, o gel desenvolvido pode tornar-se um grande aliado no combate às vaginites inespecíficas, que acometem milhares de mulheres.

A obtenção de compostos mais solúveis é um objetivo sempre perseguido para os pesquisadores da química medicinal, porém mesmo havendo tal preocupação, a grande maioria dos compostos que demonstram atividade biológica possuem um entrave biofarmacêutico importante, a baixa solubilidade aquosa. A tecnologia farmacêutica por meio de sistemas como dispersões sólidas e a obtenção de complexos de inclusão utilizando ciclodextrinas surge como ferramenta útil na vetorização de fármacos de baixa solubilidade. Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi a obtenção e caracterização do benznidazol, dispersões sólidas, de complexos de inclusão e multicomponentes no estado sólido, visando o incremento da velocidade de dissolução do fármaco. Foram utilizados polímeros hidrofílicos, ciclodextrinas naturais (alfa, beta e gama) além de derivados da beta ciclodextrina como metilada e sulfobutil eter. Malaxagem, rota evaporação e liofilização foram as tecnologias utilizadas na obtenção dos sistemas. Na caracterização foram utilizadas as ferramentas de IV, Raman, DSC, MEV, R-X e perfil de dissolução. Os sistemas obtidos (dispersões sólidas, complexos de inclusão e multicomponentes) no estado sólido apresentaram via de regra bom incremento de velocidade de dissolução frente ao BNZ isolado, fato confirmado nos cálculos de eficiência de dissolução, com destaque para os compostos obtidos pelo processo de rota evaporação e liofilização. Pode-se concluir que a utilização da tecnologia farmacêutica para a obtenção desses sistemas com o BNZ é uma alternativa promissora para uma forma farmacêutica mais segura e eficaz para o combate a doença de Chagas.

Planos são importantes componentes geométricos e podem ser utilizados em uma larga variedade de tarefas de visão como reconstrução de cenas e navegação de robôs. É proposto neste trabalho um sistema de segmentação de planos baseado no cálculo de homografias, na estimação do fluxo óptico e na reconstrução métrica. Primeiramente, usando duas imagens de uma sequência monocular, um conjunto de pares de pontos de interesse correspondentes é obtido. Um algoritmo foi desenvolvido para agrupar pontos de interesse pertencentes ao mesmo plano baseado no erro de reprojeção da homografia afim. Em seguida, a informação do fluxo óptico estimado é utilizada na expansão e identificação dos planos detectados. Um novo método de estimação de fluxo óptico, baseado na informação de cor, é proposto. O próximo passo consiste na extração da geometria epipolar da cena. A matriz fundamental é estimada utilizando um procedimento iterativo para descartar correspondências espúrias. Assumindo o sistema calibrado a priori, as matrizes da câmera são computadas a partir da matriz essencial. Finalmente, os pontos são triangulados e a reconstrução métrica dos principais planos da cena é obtida. Testes foram executados em diferentes sequências de imagens capturadas em ambientes internos e externos, e os resultados são apresentados e discutidos.

Com essa mudança permanecerá o compromisso dos futuros gestores no que diz respeito ao cuidado com a arborização.

O VERDE DE TERESINA pela técnica chinesa de transplantio A

relação de Teresina com o verde vem de muito tempo. O poeta ambientalista maranhense Coelho Neto, no final do século XIX, impressionado pelo verde da cidade, chamou Teresina de “cidade verde”. O verde caracteriza a cidade, por suas praças e parques arbori-

ROBERTA ROCHA

Ser e Fazer-se professora no Piauí no século XX: a história de vida de Nevinha Santos Professor da UFPI

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TERESINA-PI, MARÇO DE 2010

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zados com grande variedade de espécies. Além disso, as árvores ajudam a amenizar o calor da cidade, pois o clima é quente, com verão o ano inteiro. Entretanto, Teresina passou a sofrer impactos ambientais decorrentes da urbanização e da falta de uma educação ambiental, provocando uma interferência grande em suas áreas verdes. Pensando nisso, foi criado em

Transplantio na Avenida Presidente Kennedy, zona Leste de Teresina

2006, pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, o Programa de Arborização para a cidade de Teresina. Por meio dele já foram distribuídas milhares de mudas e sua atuação é permanente na arborização de avenidas, praças, parques, bosques e comunidades. O objetivo, além de manter o título de Cidade Verde, é trazer mais benefícios e uma melhor qualidade de vida

aos teresinenses, além de revitalizar a área verde da cidade. O projeto cresceu e em 2009 foi transformado pela Câmara Municipal, em “Programa Teresina: Verde Que Te Quero Verde”. Com essa mudança permanecerá o compromisso dos futuros gestores no que diz respeito ao cuidado com a arborização. O Programa é movido especialmente por uma técnica, fruto de pesquisas desenvolvidas na China, importada para Teresina e socializada com a comunidade. A técnica é conhecida por ‘transplantio chinês’ e consiste no plantio de mudas adultas (entre seis a oito anos) e traz, como ponto forte, o alto nível de sobrevivência das plantas que, ao contrário dos 40% do transplantio tradicional, atinge aproximadamente 85% de sobrevida e promove um ganho real de seis anos de gastos e manutenção. De acordo com o método chinês, as árvores são transplantadas já em idade adulta, com torrão e envoltas em sisal ou estopa, com tempo de brotação de apenas 15 a 20 dias. A utilização de transposição de árvores já na fase adulta diminui os gastos com irrigação e aumenta as chances de sobrevivência das plantas. Essas árvores jovens são retiradas de reservas nativas particulares, sendo utilizadas árvores secundárias de forma a não quebrar a cadeia e prejudicar o meio ambiente. A técnica se divide em três passos fundamentais e tem como base o corte das raízes com a permanência do torrão, que corresponde à parte da terra que se agrega em torno da raiz. As raízes das plantas se alimentam


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Funcionários da PMT transplantam árvores em avenida da zona Sudeste de Teresina

através do processo chamado de percolação, ou seja, ela percorre e se cola ao terreno de onde retira a alimentação. O princípio básico é a permanência do torrão que tem em torno, no mínimo, de 80 cm de diâmetro por um metro de extensão. Esse torrão tem que ser retirado intacto, assim se evita dois traumas à planta: primeiro, a exposição da raiz ao sol para não queimar as radículas; segundo, a questão da alimentação que deve continuar com as raízes que permanecem. O outro passo é uma poda drástica das folhas e galos para que a planta não se desidrate durante a mudança para outro local. O terceiro ponto é o envolvimento do tronco da planta com material poroso, neste caso, é utilizado o saco de estopa que é constituído de material vegetal, que envolve o tronco da árvore para que se mantenha o equilíbrio da planta com o meio ambiente e também para que não se desidrate através da transpiração e respiração pelo caule. O processo tem como finalização o plantio nas avenidas, em uma abertura da cova com1metro de profundidade por 1 metro de largura. O aguamento deve ser constante sobre o material poroso que envolve o tronco e é colocado anteparos de sustentação na planta de forma quadrangular ou triangular. A importância do aguamento de cima para baixo tem como finalidade manter o equilíbrio térmico entre a planta e o meio ambiente. Além disso, a sustentação é utilizada, primeiro para segurar a planta; segundo, para deixar as raízes em descanso para que nasçam as novas raízes (radículas). “Segundo a tradição chinesa, esta sustentação só pode ser feita com bambus porque atraem bons fluidos e quem somos nós para contrariar uma tradição milenar”, destacou Clovis. O Secretário Municipal do Meio Ambiente e Enge-

FOTOS: ROBERTA ROCHA

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FOTOS: ROBERTA ROCHA

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Transplantio na Avenida Marechal Castelo Branco, zona Norte de Teresina

nheiro Agrônomo, Clóvis Freitas, responsável pela implantação do projeto na capital, revela as vantagens do uso da técnica: “Primeiro, porque são levadas árvores no estado semiadulto para um ambiente em que irão sofrer uma série de traumas por conta do ambiente difícil, que é uma avenida da cidade. As árvores são plantadas com um porte de 2 a 3 metros de altura. Em segundo lugar, essas árvores transplantadas se recompõem no espaço de dois anos, ou seja, temos um ganho de seis anos. Na verdade temos uma planta de oito anos, que leva dois anos para se recompor, ou seja, temos um ganho real de seis anos de uma arborização na avenida”, explicou Clovis Freitas. O Programa trabalha com as espécies nativas que são mais resistentes ao clima e adaptadas à região. Destaque para o caneleiro, árvore símbolo da capital, os ipês ou pau-d’arco roxo e amarelo, sapucaia, mangueiras e outras. Por exemplos, os ipês, com dois anos de transplantados, já floram e caneleiros floram com apenas um ano. Além do Eng. Clóvis Alves, o grupo de estudo é composto pelo Eng. Agrônomo Alexandre Machado, a bióloga Roseli Machado e dois técnicos de nível médio. Clovis Freitas explica que, a princípio, o custo da técnica é maior, mas tem suas vantagens. O custo do transplantio chinês de uma árvore jovem está em torno de R$ 180,00, enquanto uma muda nos moldes tradicionais sai em torno de R$ 80,00. Embora este custo inicial seja barato, a manutenção se sobrepõe ao transplantio chinês, pois há uma perca de 40% das plantas, além de necessitar de cuidados por pelo menos 5 anos, enquanto que, pelo transplantio chinês, a manutenção se dar somente por dois anos com uma perca de apenas 15%. A primeira região da capital que recebeu a técnica foi o bairro Mocambinho, em 2007. Ao todo foram 25 avenidas e oito praças que receberam o transplantio de aproximadamente 5 mil árvores. Clóvis Freitas destaca ainda que até 2007 não havia conhecimento da aplicação dessa técnica no Brasil. Desta forma, o Piauí foi pioneiro na implantação. Ainda hoje existe muito pouca literatura abordando este tipo de transplantio, por isso foi realizado um levantamento de cerca de 50 espécies para definir que tipo de arborização era tecnicamente possível de ser utilizada, levando em consideração sua resistência, comportamento e reação favorável e se chegou às àquelas que estão sendo utilizadas na arborização.

Árvores adultas transplantadas em avenida de Teresina: 85% de chances de sobrevida

Luiz Francisco Secretaria Municipal de Meio Ambiente e RecursosPianowski Hídricos Coordenador da Pesquisa com-o(86) AM10 e AM11 SEMAM 3225-6555

Clóvis Freitas, secretário municipal do Meio Ambiente

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REPORTAGEM

Núcleo de Plantas Medicinais investiga novas espécies O

DIVULGAÇÃO

Núcleo de Pesquisas em Plantas Medicinais (NPPM) do Centro de Ciências da Saúde e o Laboratório de Produtos Naturais (LPN) do Departamento de Química do Centro de Ciências da Natureza da Universidade Federal do Piauí têm se destacado na realização de pesquisas com plantas medicinais que são coordenadas pela Professora Dra. Fernanda Regina de Castro Almeida (NPPM) e pela Professora Dra. Mariana Helena Chaves (LPN). Espécies vegetais, tais como a Cenostigma macrophyllum Tul. var. acuminata Teles Freire (Caesalpinoideae-Leguminosae)(caneleiro), Combretum leprosum Mart. & Eicher (Combretaceae) (mofumbo, mufumbo), Protium heptaphyllum March. (Burseraceae) (almécega) já vinham sendo objeto de estudo de dissertações do mestrado em Farmacologia e doutorado em Biotecnologia do RENORBIO (Rede Nordeste de Biotecnologia). Na edição de número 10, o Sapiência divulgou pesquisas realizadas no NPPM com a espécie Cenostigma macrophyllum, conhecida como Caneleiro. Os trabalhos com esta espécie vem sendo intensificados com estudos de mecanismos e identificação de substâncias. Mesmo com a continuidade daquelas pes-

quisas, a Dra. Fernanda Almeida revela que outras espécies foram recentemente incluídas em estudos e enfatiza que quatro outras espécies de plantas são motivos de dissertações de mestrado e teses de doutorado. São elas: Zanthoxylum rhoifolium Lam., Parkia platycephala,

Sida santaremnensis e Lecythis pisoni. Fernanda Almeida destaca a importância das pesquisas com as plantas para comprovar suas propriedades laboratoriais. “Inicialmente, a escolha das espécies ocorrem em duas vertentes: ou pelo estudo químico ou uso da medicina popular, pois a par-

tir daí vamos confirmar ou não se o uso dessas espécies é crença popular ou se detém alguma atividade. Além disso, é possível estudarmos a farmacologia das propriedades e desenvolver novos fármacos para que a população possa fazer uso deles, como também, vislumbrar no futuro o uso das plantas em uma preparação com uma ação mais rápida”, explicou a pesquisadora. A Zanthoxylum rhoifolium Lam. é uma planta popularmente utilizada como antimicrobianos, no tratamento da malária e de inflamações. Popularmente conhecida como mamicade-cadela, mamica-deporca, é uma árvore originária do Brasil, pertencente à família Rutaceae, encontrada em quase todo o país, principalmente com distribuição na mata pluvial e atlântica.

Na medicina popular, utiliza-se a casca do caule sob a forma de chá (infusão) no combate a uma grande variedade de doenças inflamatórias, dores de dente e ouvido, como febrífugo, estomáquico e no tratamento das dispepsias e cólicas. A casca tem sabor amargo, possui propriedades tônica e excitante. É aromática e contem “xantophicrita”, que é uma substância amarga cristalina, na qual se atribuem virtudes medicinais como oftálmica e útil contra o corrimento dos ouvidos e dor de dente. Para se ter uma ideia do potencial desta espécie, o uso das propriedades da Z. rhoifolium atribuídas ao suco das folhas e da raiz é útil contra mordidas de cobras. E as virtudes desta espécie não para por aí, a mesma apresenta atividades farmacológicas importantes, tais como: antitumoral, antimicrobiana, ação cardiorespiratória, entre outras. No NPPM, duas dissertações foram desenvolvidas com base em investigações sobre a mamica-de-porca. O in-

Parkia platycephala

FOTOS: DIVULGAÇÃO

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Zanthoxylum rhoifolium

teresse no estudo das atividades gastroprotetora e antinociceptiva de Z. rhoifolium deve-se principalmente às

atividades farmacológicas previamente demonstradas, como antimalárica, antimicrobiana e antitumoral, além do

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seu emprego na medicina popular. O extrato etanólico da casca do caule de Z. rhoifolium apresenta proteção da mucosa gástrica em modelos agudos de úlcera, como etanol absoluto, etanol acidificado, úlcera induzida por indometacina e por estresse e retenção a frio. Numa outra série de experimentos, demonstrou atividade antinociceptiva em vários modelos de nocicepção química em camundongos. A Profa. Dra. Fernanda Almeida explica que o estudo abordou a parte analgésica antinociceptiva, que é reduzir a sensibilidade a estímulos dolorosos, pois o animal apresenta nocicepção e não a dor especificamente. O estudo fitoquímico realizado a partir da espécie coletada no Piauí sugere que as substâncias majoritárias presentes no extrato são de natureza terpenoídica, mais especificamente triterpenos pentacíclicos do tipo lupano, aos quais podem ser parcialmente atribuídas as atividades evidenciadas, pois os estudos ainda não foram finalizados.

Outra espécie estudada é a Parkia platycephala, comum no Ceará, Piauí e Maranhão possui potencial forrageiro de alto valor nutritivo na vagem de faveira. Os frutos de Parkia platycephala são empregados na pecuária como alimento para o rebanho, e algumas espécies do gênero Parkia apresentam atividades farmacológicas de grande importância, como anti-infecciosa, antidiabética, anti-hiperlipidêmica, analgésica e anti-inflamatória. Estudos fitoquímicos realizados com essa espécie indicam a presença de terpenóides e colesteróis. A avaliação farmacológica mostrou, até o momento, efeito gastroprotetor nos modelos experimentais de lesões gástricas induzidas por etanol absoluto e etanol acidificado em camundongos, atividade inibitória da secreção gástrica, além de atividade antinociceptiva em vários modelos experimentais de nocicepção química. Segundo a pesquisadora, a Parkia também chamou atenção devido a algumas atividades relacionadas a alteração da reprodução do gado quando consumia o fruto. “Pretendemos nos aprofundar nos estudos da Parkia no que se referem a reprodução, pois já encontramos diversas referências da espécie na literatura para várias tipos de atividades como, por exemplo, anti-inflamatória, analgésica, mas a reprodução é o que vem chamando atenção do grupo de estudos, principalmente, porque é uma planta bastante comum na nossa região”. Fernanda acrescenta que a pesquisa é importante para se avaliar o ponto de vista toxicológico da espécie, pois os pesquisadores querem saber se existe alguma ação que interfira na fisiologia do animal. “Ainda não temos dados científicos confirmados de como a Parkia altera a reprodução e qual seria a sua ação, talvez ela interfira nos níveis de hormônio do gado”, explica a pesquisadora. Paralelamente, a esta pesquisa, a Parkia também vem sendo estudada com base na indução de dor por estímulo químico de algumas substâncias, apresentando atividades durante os testes. Esta pesquisa é coordenada pela professora e doutora em Bioquímica, Salete Maria da Rocha Cipriano Brito e aborda a neuropatia diabética crônica que aparece em animais e seres humanos diabéticos.

A Sida santaremnensis, popularmente conhecida como vassourinha, é outra espécie estudada no NPPM. Várias espécies do gênero Sida são comuns no nordeste do Brasil, mas S. santaremnensis ainda não possui muitos estudos. A literatura apresenta trabalhos mostrando que espécies do gênero Sida apresentam atividades farmacológicas como hipotensora, bradicárdica e vasorrelaxante em ratos. Nos estudos realizados no NPPM, o extrato etanólico das partes aéreas de S. santaremnensis promoveu efeito vasorrelaxante em anéis de artéria mesentérica e demonstrou ação gastroprotetora, sendo eficaz em modelos de úlcera gástrica experimental, mas outras investigações encontram-se em andamento com tal espécie. “Inicialmente, realizamos estudos in vitro, mas com a constatação desta atividade vasorelaxante será possível realizar estudos mais aprofundados que podem ser importantes no tratamento da hipertensão ou outros problemas cardiovasculares, mas ainda precisamos de estudos complementares”, explica Fernanda Almeida.

Sida santaremnensis


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Estudos revelam que a Sapucaia apresenta ação analgésica e antipruriginosa

DIVULGAÇÃO

Já a Lecythis pisonis, também conhecida como Sapucaia, trata-se de uma árvore frondosa, de casca grossa e que se tornou objeto de estudo do NPPM. As cascas da espécie são adstringentes, em cozimento e infusão, no tratamento de diarréias, enquanto as folhas em chá ou infusão são usadas como tonicardíacas e diuréticas e podem ser usadas no banho contra coceira.

A Professora Fernanda Almeida esclarece que a espécie Lecythis pisonis ainda não possui estudos químico-farmacológicos, mas que na medicina popular o decocto (infusão na água) da casca é tônico e diurético e as sementes são tidas por afrodisíacas. A água, posta para ferver dentro do fruto vazio, chamado pelo povo de cumbuca, é usada 12 horas depois, sendo muito apreciada contra as doenças do aparelho urinário e, em lavagem, para livrar o rosto de manchas e empigens. Estudos iniciais com esta espécie mostram atividade citoprotetora e inibitória do prurido induzido por substâncias químicas em animais, o que também se observa no uso popular desta espécie. A avaliação da atividade analgésica de L. pisonis é também objeto de outro projeto de pesquisa em desenvolvimento no NPPM. “O estudo com a Sapucaia iniciou a partir do uso popular em banhos para tratar os casos de coceira e vem apresentado resultado preliminar com atividades antipruriginosas comprovadas em modelos de animais com prurido e se mostrando eficiente. Além disso, a ação do prurido pode vir a ser uma ação analgésica, o que já está sendo motivo para novas pesquisas com a planta”, destacou a pesquisadora. Profª e Drª em Ciências Biológicas Luiz Francisco Piafernandaalmeida@yahoo.com.br nowski

Lecythis pisonis

Crônicas Acadêmicas

Livros

Autor: José Machado Moita Neto R$ 25,00 193 páginas jmoita@ufpi.edu.br O conjunto de crônicas deste livro nasceu da necessidade do autor de comunicar, de maneira simples alguns assuntos que o interessam como professor e pesquisador da Universidade Federal do Piauí. O gosto pela divulgação científica nasceu na adolescência do pesquisador teresinense, hoje com pós-doutorado em Química. Escrever para o público veio junto com a concepção do informativo científico da FAPEPI, em 2003. A divulgação científica e as primeiras experiências de escrever sobre ciência para o grande público o instigaram. As crônicas têm temas variados e refletem o interesse acadêmico do autor, como metodologia da pesquisa, política científica, estatística, filosofia da ciência, educação e química.

Constituionalismo, Direito e Democracia

Psicologia do Envelhecimento Organização: Deusivania V. da Silva Falcão e Ludgledson F. de Araújo R$ 32,00 220 páginas

araujolf@hotmail.com O livro focaliza as relações sociais e o bem-estar subjetivo, abordando a velhice e o envelhecimento em contextos diferenciados. Por meio de pesquisadores (em sua maioria, psicólogos) renomados em suas áreas de atuação e oriundos das mais diversas regiões brasileiras, esta obra oferece ao leitor a oportunidade de refletir a temática em pauta, a partir de realidades distintas, tais como, pessoas que envelhecem na zona rural, nas instituições de longa permanência para idosos e nas comunidades ribeirinhas.

A regulação dos Recursos Hídricos

Autores: Francisco Meton Marques de Lima e Robertônio Santos Pessoa R$ 50,00 106 páginas robertoniopessoa@uol.com.br

Autor: Marcos Airton de Sousa Freitas R$ 30,00 174 páginas marcosfreitas@ube.org.br

O livro registra os temas discutidos durante a I Jornada de Estudos Jurídicos da UFPI, realizada em 2008 e, que teve como tema “20 Anos da Constituição de 1988 – Retrospectos e Perspectivas”, que analisou e registrou os avanços efetivados nos diversos setores da sociedade brasileira por força da Constituição de 1988, após seus vinte anos de vigência. A obra sintetiza o pensamento de experientes professores sobre três grandes temas e ainda resgata as principais temáticas discutidas no evento.

Este livro trata da análise do modelo vigente de gestão de recursos hídricos, com seus avanços e problemas de implementação, visando a apresentar proposições ao seu aprimoramento. Discute-se o atual modelo de gestão da água com ênfase nos aspectos de regulação e de controle social. Analisa-se a temática a partir de uma abordagem teórico-histórica da regulação (modelos de administração da água e gênese das agências reguladoras) e da gestão participativa dos recursos hídricos, envolvendo a relação do Estado e da esfera pública, em especial, no âmbito dos comitês de bacias.

Jenipapo - Riacho Irrigado com Sangue da Esperaça

Capoeira - O preconceito ainda existe

Autor: Antônio Fonseca dos Santos Neto Distribuição Gratuita 63 páginas fnetopf@gmail.com

Robson Carlos da Silva R$ 20,00 252 páginas bobraizes@hotmail.com

A obra vem com objetivo de abordar outros sentidos na Batalha do Jenipapo, uma luta do povo na construção do seu destino. O autor faz questionamentos sobre as significações insistentes até aqui formuladas acerca de tão importante episódio da história piauiense.

O livro do professor da UESPI e mestre de capoeira é fruto de sua dissertação do mestrado em Educação pela UFPI e busca apresentar uma história de identidade, pluraridade e diversidade cultural, sempre colocando à tona a capoeira na política cultural dos espaços escolares, relacionando estudos culturais, livros didáticos de história do Brasil do ensino fundamental. Ele trata que o preconceito cultural ainda existe, mas que precisa ser superado.


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