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TERESINA-PI, OUT/NOV/DEZ DE 2011 • Nº 29 • ANO VIII

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ISSN 1809-0915

Informativo Científico da FAPEPI

SAÚDE BUCAL Flúor Água de Teresina apresenta alta prevalência de fluorose

a c s u b m E novo do iso sorr Deficiência Faltam profissionais especializados para atender a pacientes especiais

Assistência CEOs não cumprem metas de atendimento à população


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EDITORIAL Pesquisa: a alternativa para a melhoria da qualidade de vida

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á menos de 30 anos, a Odontologia brasileira já foi considerada ineficaz, ineficiente, de altos custos, mutiladora, enfim, uma área essencial para a saúde era tida como caótica e, por isso, fizeram-se iminentes as mudanças para se atingir uma meta importante: dar uma nova cara e, por que não, proporcionar um novo sorriso a um povo com a saúde bucal comprometida. Desobstruir caminhos até então intransponíveis, facilitar o acesso aos futuros centros de especialidades públicos e gratuitos, enfim, criar um programa de prevenção da saúde bucal foram as primeiras metas traçadas, a partir da criação de políticas públicas, a maioria partindo de ações do Governo Federal para serem efetivadas nos estados. Estas ações, obviamente, não foram específicas para a Odontologia, mas estavam voltadas para a saúde geral. Em 2001, houve a inserção da saúde bucal na Estratégia Saúde da Família e, três anos mais tarde, foi criado o Programa Brasil Sorridente. No entanto, somente a criação de programas e metas não bastam. Os problemas existem e muitas ações vêm sendo feitas em busca de soluções. Nesse sentido, a ciência é a grande alternativa. O Piauí, aos poucos, vem apresentando respostas para muitos problemas regionais. Uma prova é a ampliação do número de projetos de pesquisa e qualificação de profissionais da área e docentes, especialmente, com a criação, em 2011, do primeiro Programa de Pós-Graduação em Odontologia, pela Universidade Federal do Piauí. E, nesta

edição, o Sapiência ressalta a nova visão desenvolvimentista dos pensadores dessa área. O Estado do Piauí conta com 223 municípios e somente três possuem sistema de abastecimento de água à população com adição de flúor: Teresina, Parnaíba e Floriano. Tal ação é considerada uma das mais eficazes no combate à cárie, e pesquisadores admitem que é necessária uma atenção maior das autoridades públicas, no sentido de aplicação de investimentos dessa ação ao restante do Estado. Questões outras são abordadas aqui, como pesquisas nos centros especializados em saúde bucal de Teresina, com crianças e jovens com paralisia cerebral e com Síndrome de Down, bem como o Programa de Prevenção para Gestantes e Bebês, implantado em 1997, que conta com apoio financeiro da FAPEPI. Em um ponto todos concordam - e aí se incluem pesquisadores, governos e iniciativa privada: a prevenção é a melhor ação contra as doenças de saúde bucal e aquela velha recomendação de que, com sucesso, deve-se o mérito das políticas públicas implantadas, continuamente, é de que a escovação com creme dental fluoretado, o uso de fio dental e todas as outras formas de higienização, além da alimentação adequada, são as medidas mais eficazes contra toda essa problemática, destacando-se ainda o papel dos pais e cuidadores, no sentido de estimularem as crianças, desde bebês, a essa prática mais barata que traz excelentes resultados.

Impacto da internação hospitalar sobre os hábitos de higiene bucal

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ambiente hospitalar pode configurar-se em um ambiente traumático e hostil que afeta o processo terapêutico de pacientes internados. A hospitalização pode gerar redução da autoestima, provocando a diminuição da vontade de realizar os cuidados diários de higiene, incluindo os da cavidade bucal (DESLANDES, 2005; SIQUEIRA, 2004). Consequentemente, esta falta de higienização pode promover o acúmulo de microrganismos na forma de biofilme, associados a doenças, como a cárie e as doenças periodontais (CARRILHO NETO, 2011; TEN CATE, 2006). São observados casos de negligência, de desestímulo ou de impossibilidade física, mental ou ambiental que comprometem os cuidados de higiene bucal (FERNANDES et al, 2008). A associação entre periodontite e doenças sistêmicas vem sendo pesquisada, delineando um novo campo conhecido como Medicina Periodontal, que defende que os problemas bucais podem contribuir diretamente para o surgimento ou agravamento de problemas de saúde em outras partes do organismo. Acredita-se na relação entre os problemas bucais e as doenças cardíacas, respiratórias, renais e metabólicas (MORAES, 2001; WEIDLICH et al 2008). A precariedade da higienização bucal acarreta o desequilíbrio da microbiota residente e aumenta a possibilidade de aquisição de doenças infecciosas, comprometendo a saúde integral do indivíduo (PACE et al, 2008). A odontologia hospitalar visa aos cuidados das alterações bucais que exigem procedimentos de equipes multidisciplinares. Porém, existe uma carência na realização da higiene bucal dos pacientes internados, pela equipe de enfermagem e acompanhantes. Há, assim, a necessidade permanente de acompanhamento do paciente

pelo cirurgião-dentista (GODOI, 2009). A pesquisa, aprovada pelo CEP da UFPI, intitulada “Efeito do tempo de internação hospitalar sobre a condição de saúde bucal” foi realizada no Hospital de Terapia Intensiva (HTI), instituição da rede privada na cidade de Teresina-PI, considerada um centro de referência estadual para pacientes das mais diversas enfermidades. Participaram do estudo 160 pacientes, que estavam internados nas enfermarias da clínica médica entre dezembro de 2010 e março de 2011. A maioria dos pacientes (47%) tinha entre 28 e 54 anos de idade. Predominou o gênero feminino (62,5%); 21,3% apresentavam ensino superior completo e 33,8%, ensino médio. A Vinícius Aguiar Lages distribuição da amostra por renda Raimundo Rosendo Prado Júnior Cirurgião-dentista da Fundação Municipal familiar mensal mostrou que 5,6% dos Prof. Dr.dos Programas de Pós-graduação em de Saúde de Teresina e mestrando em Odontologia e Ciências e Saúde da UFPI pacientes tinham renda familiar acima Ciências e Saúde pela UFPI roisendo_prado@ig.com.br de 20 salários mínimos. O impacto da viniciusthe@hotmail.com internação sobre os hábitos de higiene foi evidente, pois a escovação com dentifrício diária foi reduzida de 95,6% também subiu para 34,8% após a internação. A frequência antes da internação para 82,1% durante a estada no de escovação de duas ou mais vezes por dia decresceu de hospital. Da mesma forma, o uso do fio dental caiu de 40,9 87,5 para 41,7%. Não havia nenhuma atenção profissional para 12,2% pelos pacientes após a internação, e a higiene voltada para a promoção de saúde bucal no hospital. É da prótese dentária caiu de 90,7 para 74,3% após a fundamental a supervisão dos pacientes internados por internação. profissionais da Odontologia, já que existe uma bidirecionalidade entre as doenças sistêmicas e doenças da A frequência de higiene oral também diminuiu: boca e, também, porque o paciente internado negligencia enquanto somente 3,8% dos pacientes não escovavam os seus hábitos de higiene orais, ficando mais suscetível às dentes; no hospital, esse número subiu para 23,7%. A infecções orais. porcentagem de pacientes que escovavam uma única vez

AO LEITOR PARA CRÍTICAS, SUGESTÕES E CONTATO:

EXPEDIENTE

sapiencia@fapepi.pi.gov.br - marcia@fapepi.pi.gov.br - www.fapepi.pi.gov.br Av. Odilon Araújo, 372, Piçarra, Teresina-PI. CEP: 64017-280 - ou pelos telefones: (86) 3216-6090 - FAX: (86) 3216-6092 Nº 29 • Ano VIII Dezembro de 2011 ISSN - 1809-0915 SAPIÊNCIA Informativo produzido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí FAPEPI PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL

CONSELHO EDITORIAL: Bárbara Olímpia Ramos de Melo Geraldo Eduardo da Luz Júnior Francisco Laerte J. Magalhães Wellington Lage Adriana Nadja Lelis Coutinho EDITORA: Márcia Cristina REDAÇÃO E FOTOS: Márcia Cristina (MTB - 1060) Roberta Rocha (MTB - 1856)

REVISÃO DE TEXTOS Raimundo Isídio de Sousa IMPRESSÃO Gráfica Apollo TIRAGEM 8 mil exemplares DIAGRAMAÇÃO Invista Publicidade


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ARTIGO Saúde bucal de deficientes visuais

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Luciene de Moura Alves Gomes Cirurgiã-Dentista e Mestre em Ciências e Saúde pela UFPI lucienedemoura@ymail.com Raimundo Rosendo Prado Júnior Prof. Dr. dos Programas de Pós-graduação em Odontologia e Ciências e Saúde da UFPI

número de pessoas com deficiência visual em todo o mundo em 2002 foi superior a 161 milhões, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Países onde os dados são escassos, como é o caso do Brasil, são incentivados a realizar pesquisas de base populacional periódicas. Porém, a escassez da produção sistemática de dados impede o dimensionamento do problema. Estimativas periódicas da magnitude de deficiência visual são essenciais para o uso na definição de prioridades e alocação de recursos (RESNIKOFF et al., 2004). De acordo com o Censo de 2000, há 24,5 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência e 48,1% destes são deficientes visuais. As informações sobre a saúde bucal de pessoas com deficiência e os estudos sobre a autopercepção da saúde bucal de deficientes visuais também são escassos (MAHONEY; KUMAR; PORTER; 2008). A deficiência visual parece não ter efeito direto na saúde bucal, porém os deficientes visuais podem ter dificuldade em detectar sinais das doenças bucais nos primeiros estágios, que são tipicamente reconhecidos por meio da visão (JACCARINO, 2009). Além disso, o deficiente é um cidadão que pode ser acometido de doenças e agravos

comuns aos demais, carece de serviços não relacionados estritamente com a sua deficiência e necessita, portanto, de uma atenção integral à saúde (BRASIL, 2008). Estão assegurados os direitos aos portadores de deficiências, segundo a Constituição Federal de 1988, em diferentes campos e aspectos (BRASIL, 1998). De acordo com a Política Nacional de Saúde da pessoa portadora de deficiência (2008), é necessária a proteção à saúde desse segmento populacional. A saúde bucal e a assistência odontológica são elementos da saúde geral de qualquer indivíduo. A saúde bucal de pacientes especiais ainda é precária. Vários são os motivos para isso, por exemplo, há poucos centros especializados na assistência desses pacientes e a falta de educação, motivação e interesse da família em relação à saúde bucal (AGUIAR et al., 2000). Estudos sobre a saúde bucal de deficientes no Brasil, especialmente deficientes visuais, mostram que essas pessoas são expostas a uma prática odontológica predominantemente curativa, com alta ocorrência de perda dental, problemas periodontais, associados a uma higienização bucal precária (CERICATO; FERNANDES; 2008; MACIEL et al., 2009). Existe também a necessidade de motivação e prevenção da higiene bucal (ABREU et

al., 2005; BATISTA et al., 2003; CARVALHO et al., 2010) e a saúde bucal autopercebida foi avaliada em poucos estudos (GOULART; VARGAS, 1998; SOUZA FILHO; NOGUEIRA; MARTINS, 2010). O grupo de pesquisa do Centro de Ciências da Saúde (Programa de Mestrado em Ciências e Saúde/Departamento de Odontologia Restauradora) da Universidade Federal do Piauí, que avalia o estado da saúde bucal de deficientes visuais na Associação dos Cegos do Piauí (ACEP), em Teresina, realizou um levantamento sobre a condição e a autopercepção da saúde bucal desse público. O estudo foi do tipo transversal, do qual participaram 103 pessoas selecionadas aleatoriamente, entre 15 e 74 anos de idade. Dados sobre características sóciodemográficas, condições clínicas da cavidade bucal e autopercepção da saúde bucal foram coletados. A boa autopercepção de saúde bucal da população de deficientes visuais do estudo contrastou com as inadequadas condições clínicas, com os resultados dos índices de saúde bucal mensurados e com a necessidade de cuidados odontológicos preventivos e curativos. Isso demonstra que há falta de informação sobre o real estado de sua saúde, o que configura um obstáculo para a mudança da realidade.

Juventude rural de Pedro II

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pesquisa sobre juventude rural do município de Pedro II, localizado ao Norte do Piauí, foi fruto de uma parceria entre a Fundação Santa Ângela, mantenedora da Escola Família Agrícola Santa Ângela (EFASA), a Universidade Estadual do Piauí, por meio do projeto extensionista “Humanismo Caboclo” e a FAPEPI (Programa PIBIC- Jr.), tendo transcorrido no período de julho de 2010 a junho de 2011. A pesquisa teve como universo empírico os jovens de uma importante comunidade rural (Lagoa do Sucuruju). Partiu-se da constatação dos jovens pesquisadores (a pesquisa foi construída coletivamente), também moradores da comunidade, da ausência dos jovens nos diversos movimentos da comunidade (políticos e religiosos). Então, surgiram as questões iniciais que motivaram a pesquisa: afinal, a que se deve essa ausência dos jovens? O que estará afastando os adolescentes e jovens da vida comunitária? A partir dessas questões motivadoras iniciais, trilhou-se o percurso da pesquisa: 1) revisão de bibliografia para compreensão conceitual e teórica do fenômeno social “juventude”; 2) caracterização inicial da juventude da comunidade (total da população, população masculina e feminina jovem, número de imóveis da comunidade com projeção do número de famílias etc.); 3) elaboração de questionário que levou em conta seis grandes temas:

como os jovens concebem a juventude, a família, os estudos, as políticas públicas, o trabalho e a cidadania; 4) teste do questionário que o levou a sofrer novas alterações (ao final, o questionário ficou com 50 questões divididas nos mesmos seis grandes temas); 5) aplicação do questionário com 79 jovens entre 14 e 29 anos de um total aproximado de 90 jovens residentes, naquele momento, na comunidade (janeiro e fevereiro de 2011); 6) análise do questionário com a posterior interpretação dos dados tabulados e 7) a redação final. Algumas conclusões da pesquisa são bastante reveladoras da juventude da comunidade Lagoa do Sucuruju, apresentando similitudes entre jovens de outras comunidades rurais do Nordeste, tais como: 1) a divisão sexual é bastante determinante no comportamento dos jovens e na formação de seus projetos de vida; 2) as mulheres dedicam mais tempo aos estudos, mas, contraditoriamente, casam mais novas que os homens e, geralmente, tornam-se donas de casa; 3) os jovens maiores de idade do sexo masculino frequentemente se deslocam para São Paulo, o que faz com que a comunidade tenha uma população feminina maior que a masculina entre 19 e 29 anos (há migração feminina, mas em menor número); 4) os jovens consideram a organização política importante, mas a sua grande maioria não tem participação ativa nos grupos organizados da comunidade; 5) ambos os gêneros demonstram pequeno interesse pelas atividades agrícolas e pecuárias.

Luciano de Melo Sousa Cientista social e Prof. Msc. da UESPI lucianomelo.s@bol.com.br


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REPORTAGEM Mestrado celebra os 50 anos da graduação em Odontologia curso de Odontologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI) obteve a aprovação, em 2011, junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES/MEC), do primeiro Programa de PósGraduação stricto sensu do Piauí em nível de Mestrado Acadêmico em Odontologia, com área de concentração em Clínica Odontológica, para coroar a comemoração dos 50 anos do curso. O novo mestrado da UFPI abrange duas linhas de pesquisa: Análise de situação de saúde em Odontologia e Estudo de materiais e técnicas odontológicas, sendo destinadas 10 vagas para profissionais em Odontologia na primeira turma. A primeira linha tem como objetivo pesquisar eventos biológicos e epidemiológicos que acometem o complexo buco-maxilo-facial, bem como traçar estratégias de promoção de saúde, sob uma perspectiva analítica e reflexiva. A ênfase recai sobre: etiopatogenia, características clínicas, radiográficas e histopatológicas e métodos laboratoriais avançados de diagnósticos e tratamento. Um objetivo secundário é conduzir revisões sobre padrões de doenças e de tratamento e obter estimativas da prevalência de doenças menos comuns. A segunda linha de pesquisa tem como finalidade pesquisar o uso e o desempenho laboratorial e clínico dos materiais, substâncias, instrumentos e técnicas utilizados em Odontologia, na rotina da prestação de cuidados de saúde oral e contribuir para a solução de problemas e desafios na prática clínica. A aula inaugural do Mestrado em Odontologia aconteceu no dia 15 de Agosto de 2011 e foi ministrada pela Profª. Drª. A l t a i r D e l B e l C u r y, renomada pesquisadora brasileira. A Profª. Drª. Lúcia de Fátima Almeida de Deus Moura coordena o Mestrado, que iniciou com

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10 professores orientadores e já selecionou oito candidatos ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia para ingresso em março de 2012. Em comemoração aos 50 anos de fundação do curso de Odontologia da UFPI, Teresina sediou, pela primeira vez, a XIII Reunião da Sociedade Nordeste Norte de Pesquisa Odontológica. O evento, que teve como tema "A Pesquisa Odontológica na Qualidade de Vida", ocorreu em novembro passado. O encontro teve organização conjunta das Instituições de Ensino Superior (IES) do Piauí (FACID, NOVAFAPI, UESPI e UFPI) por meio dos seus cursos de Odontologia. Os principais objetivos da Sociedade Nordeste e Norte de Pesquisa Odontológica são promover a integração regional em pesquisas e sua divulgação e realizar anualmente a reunião itinerante da sociedade. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Piauí (FAPEPI) esteve representada pela presidente, a Profª. Bárbara Olímpia Ramos de Melo, que participou da programação do evento e de uma mesa redonda que reuniu os órgãos de fomento para pesquisa: CAPES, representada por Isabela Pordeus, e o Programa RENORBIO, representado por Maria Acelina Martins de Carvalho. A mesa debateu as ações de Odontologia

relacionadas à pesquisa científica. O evento foi um fórum de divulgação das variadas atividades científicas desenvolvidas nos cursos de graduação e programas de pósgraduação existentes nas regiões Norte e Nordeste. Entre os pesquisadores que tiveram suas pesquisas fomentadas pela FAPEPI na área da Odontologia, destacaram-se Maria Ângela Arêa Leão Ferraz, que apresentou a pesquisa “Avaliação da resolubilidade nos centros de especialidades odontológicas em TeresinaPiauí”; José Roberto de Souza de Almeida Leite, que trabalhou a elaboração de dentifrício fitoterápico contendo óleo nim indiano (Azadirachta Indica) e a avaliação clínica de sua efetividade na melhoria da saúde bucal em indivíduos de Parnaiba-PI e Lucia de Fátima Almeida de Deus Moura, que avaliou a correlação entre o grau de saúde periodontal de gestantes atendidas no Instituto de Perinatologia Social do Piauí com o nascimento de bebês prematuros e\ou com baixo peso ao nascer, dentre outros pesquisadores. Por Roberta Rocha


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REPORTAGEM

* Marcoeli Silva de Moura Profª Drª do Depto. de Patologia e Clínica Odontológica da UFPI marcoeli-moura@uol.com.br * Camila do Vale Matos Acadêmica e bolsista do curso de Odontologia da UFPI

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as últimas décadas, a cárie dentária, principal problema de saúde bucal no Brasil, vem diminuindo em prevalência e severidade em todo o mundo, mesmo em países de economia de mercado não estabilizada. Tal fato está diretamente relacionado ao uso de fluoretos em suas diversas formas; dentre elas, destacam-se a fluoretação das águas de abastecimento público e os cremes dentais fluoretados. A fluoretação da água de consumo público tem sido considerada a medida de saúde pública mais próxima do ideal no controle da cárie dentária, sendo reconhecida como uma das dez maiores medidas de saúde pública do século passado, mas, para isso, é necessário que a concentração da fluoretação seja contínua e sem interrupções. Pesquisas para melhorar essas questões vêm sendo desenvolvidas. A pesquisadora Marcoeli Silva de Moura, Profª. Drª. do Depto. de Patologia e Clínica Odontológica da Universidade Federal do Piauí, desenvolve um estudo que visa monitorar, mensalmente, durante dois anos, a concentração de fluoreto na água de abastecimento público de municípios piauienses que possuem sistema de fluoretação da água (Floriano, Parnaíba e Teresina). O estudo objetiva também validar a importância do heterocontrole, que consiste na vigilância sanitária das concentrações de flúor realizada na empresa responsável pelo tratamento e pela fluoretação, no caso do Piauí a Companhia de Água e Esgoto do Piauí S/A – Agespisa, bem como prevenir a toxicidade crônica pela ingestão de doses maiores que a recomendada, o que vem a provocar defeito de desenvolvimento do esmalte dentário denominado fluorose dentária (distúrbio de desenvolvimento dentário que ocorre quando o flúor está presente em excesso no organismo, durante a formação dos dentes). Marcoeli Moura revela que poucas cidades da região Nordeste têm um sistema de heterocontrole presente. A linha de pesquisa teve como observação o controle da fluoretação da água de Teresina e a realização das análises da água em convênio com o Departamento de Bioquímica da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP, onde as amostras de água eram analisadas, sob a

coordenação do Prof. Dr. Jaime Aparecido Cury, pioneiro no estudo do flúor no Brasil e pesquisador conceituado internacionalmente sobre o tema. Somente em 2010, foi possível desenvolver a análise no Piauí, a partir da aquisição de um eletrodo específico e de um analisador de íons, por meio do Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde – PP-SUS, através de um edital de financiamento da FAPEPI. “Em 2004, realizava a pesquisa sobre o controle de fluoretação da água de Teresina, mas não havia o aparelho necessário para realizar a medição da quantidade de flúor na água; em laboratório de Piracicaba, constatou-se que não havia um controle efetivo por parte da Agespisa. Diante desse fato, a pesquisa visa fazer o heterocontrole, que consiste no controle externo da empresa de abastecimento para saber se, de fato, o flúor está sendo inserido adequadamente e se esse benefício está sendo oferecido à população, pois, para que o flúor tenha o efeito almejado, é preciso que esteja presente numa certa concentração diariamente”, explica. Com os dados, foi possível montar, na UFPI, um serviço de monitoramento da concentração de flúor nas águas de abastecimento dos municípios piauienses que disponibilizam esse beneficio à população, como medida de vigilância sanitária. “Assim, é possível trabalharmos para que a medida exerça o maior impacto possível na prevenção e controle da cárie sem aumentar a prevalência de fluorose”, aponta. Dados mostram que o Piauí é o penúltimo no Índice de Desenvolvimento Humano - IDH entre os estados brasileiros, sobrepondo apenas o Maranhão, fato que expõe a população a privações sociais e a fatores de risco. No Piauí, a fluoretação de águas existe desde 1978, quando iniciou o benefício à população da capital, utilizando-se o Fluorsilicato de Sódio. Em 1986, a fluoretação foi interrompida e reiniciada apenas em 1997, com a utilização de ácido fluorsilícico. Nos municípios de Parnaíba e Floriano, não existem documentos públicos disponíveis sobre a implantação do flúor na água e nem registros científicos sobre o tema. Para desenvolver a pesquisa, foi necessária a coleta das amostras que compõem os municípios contemplados com fluoretação da água. A coleta foi realizada nos bebedouros de escolas públicas da rede municipal de ensino, sendo proveniente diretamente da rede de abastecimento e não de caixas d'água, refletindo a fluoretação do dia. As coletas são realizadas mensalmente, e as análises executadas utilizam eletrodo específico, acoplado a analisador de íons. Durante os meses de agosto a outubro de 2011, verificou-se, a partir da análise dos resultados parciais da pesquisa, que do total de 15 amostras avaliadas da água de abastecimento de Parnaíba nenhuma apresentou valor aceitável de flúor para o controle da cárie dentária; Segundo documento

FOTO: DIVULGAÇÃO

FOTO: ROBERTA ROCHA

Concentração de flúor na água do Piauí não apresenta doses recomendadas


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Grau severo de cárie

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

aprovado no Seminário de Fluoretação do Ministério da Saúde, em julho de 2011, para cidades nas quais a média das temperaturas máximas é superior a 32,5o, a concentração de flúor deve ser de 0,45 a 0,74 ppmF (partes por milhão de flúor). No caso do município de Floriano, a análise dos resultados parciais da pesquisa mostrou que, do total de 9 amostras avaliadas da água, três (33,3%) apresentaram valores aceitáveis de flúor para o controle da cárie dentária, três (33,3%) tiveram valores acima do recomendado para o município e três (33,3%) tinham valores abaixo do recomendado. Já, em Teresina, a análise dos resultados parciais constatou que, do total de 15 amostras avaliadas da água de abastecimento de Teresina, 12 (80%) continham valores aceitáveis de flúor para o controle da cárie dentária, uma (6,7%) teve valor acima do recomendado para o município e duas (13,3%) revelaram valores abaixo do recomendado. Marcoeli Moura ressalta que o uso de um teor ótimo de flúor na água depende do clima da região e deve seguir um valor padrão. Em Teresina, a temperatura mínima registrada é 22o C, com concentração de flúor recomendada de 0,7 ppm, com variação para controle entre 0,6 e 0,8. Discussões realizadas no Seminário de Fluoretação do Ministério da Saúde, em julho de 2011, atualizaram essas medidas para uma variação de 0,45 a 0,74 ppmF, em virtude de climas quentes propiciarem uma maior ingestão de água. Dessa forma, o principal objetivo da utilização do flúor é maximizar seus benefícios, minimizando seus riscos e a existência de mecanismos que viabilizem sua adequada concentração na água, para que a medida exerça o maior impacto possível na prevenção e no controle da cárie, sem aumentar a prevalência de fluorose, que ocasiona alterações nos esmaltes dos dentes em desenvolvimento.

Forma de escovação

Higienização em crianças com dentes em fase de formação

Prevalência de fluorose em crianças não acarreta prejuízo estético Paralelo à pesquisa sobre concentração de fluoreto na água de abastecimento público, Marcoeli Moura avaliou a prevalência e a severidade de fluorose dentária em crianças de 12 anos, de Teresina-PI. A fluorose dentária é um defeito de desenvolvimento do esmalte dentário quando exposto ao flúor durante a formação do dente. A fluorose se caracteriza por manchas que, na forma leve, são esbranquiçadas e aparecem nos dentes por excesso de flúor ingerido, podendo acometer crianças que estão em fase de formação dentária, de um a seis anos de idade. Segundo a pesquisadora, clinicamente, observa-se o esmalte opaco e/ou com manchas de diferentes colorações, que variam de branco opaco ao castanho-escuro (fluorose severa). Tal variação depende do grau de severidade e distribuição da fluorose. Com o uso controlador no desenvolvimento da cárie, o flúor vem sendo utilizado cada vez mais pelos municípios em seu sistema de abastecimento e pela população por meio de cremes dentais fluoretado. Mesmo não sendo capaz de interferir na formação de placa dental bacteriana (agente etiológico da cárie dentária) e na transformação do açúcar em ácidos pelas bactérias bucais, o flúor é capaz de controlar o processo de desmineralização e de remineralização do esmalte dentário. Por outro lado, a doutora considera necessário revisar os níveis de flúor colocados na água e o controle da quantidade de cremes dentais fluoretados utilizados por crianças menores de seis anos. “Quando surgiu o flúor na água para se beber e controlar a cárie, pouca importância era dada para

a fluorose, pois era melhor ter um dente com algumas manchas brancas do que com cárie; entretanto, hoje a população apresenta menor prevalência de cárie e as manchas começam a incomodar. Para avaliar o fato, realizamos um levantamento sobre fluorose em Teresina. A pesquisa selecionou por sorteio 374 alunos da rede municipal de ensino”, citou. Cada criança teve os seus dentes limpos e secos com gaze e, em seguida, foi aplicado o índice Thylstrup e Fejerskov (TF) para determinar a presença e a severidade de fluorose dentária. Além disso, os alunos foram questionados quanto ao número de escovações diárias, à última visita ao dentista e à satisfação em relação à aparência do sorriso. A partir dos exames clínicos, constatou-se que a prevalência de fluorose foi 61,5% e que não houve diferença entre gêneros. A maioria das crianças apresentou: TF = 1 (70,9%), que equivale à fluorose leve diagnosticada apenas pelo cirurgião dentista, e apenas TF = 4 (1,7%) tiveram casos de fluorose moderada, o que corresponde a manchas brancas em quase 100% da superfície dentária e a um desgaste observado junto a pequenas manchas acastanhadas. Além disso, o dente menos afetado foi o primeiro molar, e os mais afetados foram os premolares, segundos molares e incisivos superiores. Outro ponto importante da pesquisa revelou que apenas 5% dos escolares nunca haviam visitado cirurgião-dentista e que 63% o fizeram no ano anterior. Quanto à frequência de escovação, 30,3% das crianças afirmaram escovar os dentes duas vezes ao dia e 57,5% três vezes. A fluorose dentária, nos graus de severidade encontrados, não teve impacto na satisfação com a aparência do sorriso. Apesar da prevalência de fluorose ter alcançado altos níveis entre os alunos, o grau de severidade foi baixo, fato que sugere que a fluorose dentária não caracteriza um problema de saúde pública na amostra avaliada. “A alta prevalência da fluorese não acomete prejuízo estético, mostrando que a medida está sendo efetiva no controle da cárie”, afirma a pesquisadora.

Índices de Fluorese (TF) em crianças com 12 anos de idade Gráfico dos resultados da fluorese dentária em alunos de escolas municipais de Teresina

FOTO: DIVULGAÇÃO

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Programa de atenção ao grupo maternoinfantil avalia fluorose dentária em crianças Gestantes e crianças recebem orientação sobre higiene bucal

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atenção odontológica maternoinfantil tem-se consolidado como uma iniciativa eficiente no controle das doenças bucais, que depende da adoção de medidas simples, mas que necessitam ser realizadas com frequência e disciplina. Para que essas ações sejam incorporadas à rotina familiar, é preciso conscientização e adoção de hábitos de higiene e dietéticos desde a infância. Nessa perspectiva, um grupo de professoras do curso de Odontologia da UFPI implantou, em 1997, um projeto de extensão universitária – Programa Preventivo para Gestantes e Bebês (PPGB) -, cujas metas estão centradas na recuperação e na manutenção da saúde bucal de gestantes e de crianças na faixa etária de 0 a 36 meses. As ações do programa são desenvolvidas no Instituto de Perinatologia Social do Piauí, ambulatório integrado de saúde, por alunos do curso de graduação em Odontologia da UFPI, sob a supervisão da Drª Lúcia de Fátima Almeida de Deus Moura e orientação das professoras da instituição. O objetivo do estudo foi determinar a prevalência de fluorose dentária em crianças que frequentaram um programa odontológico de atenção materno-infantil, no qual pais e responsáveis eram orientados desde o nascimento dos primeiros dentes à utilização de cremes dentais fluoretados, em cidades que tém água de abastecimento público fluoretada. Foram avaliadas 256 crianças que nasceram e que sempre residiram em Teresina, divididas em igual proporção em dois grupos: um experimental, formado por crianças que frequentaram o PPGB no período de 1997 a 2002 e um grupo de controle, composto por crianças com características sociodemográficas semelhantes às do grupo experimental e que procuraram a Clínica Infantil da UFPI, em primeira consulta, para ter acesso ao atendimento odontológico e que não

participaram do PPGB. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário aos responsáveis e por meio de exame clínico da cavidade bucal. O exame foi realizado na Clínica Infantil da UFPI por duas examinadoras previamente treinadas e calibradas (índice kappa > 0,80), sendo a fluorose dentária determinada por meio do Índice Thylstrup-Ferjeskov (TF). Os resultados encontrados demonstraram baixa condição socioeconômica dos grupos em estudo. As crianças do grupo experimental apresentaram prevalência significativamente menor (p<0,05) de fluorose dentária (42,2%) do que aquelas que não pertenciam ao grupo de controle (60,9%). Com efeito, a fluorose se manifestou de forma mais severa no grupo controle do que no experimental. Segundo Marcoeli Moura, as crianças cujos pais foram orientados quanto ao uso de cremes dentais fluoretados desde o irromper dos primeiros dentes em um programa de atenção odontológica materno-infantil apresentaram menor prevalência e severidade de fluorose dentária. Por outro lado, o estudo faz um alerta para a importância do papel do dentifrício fluoretado (creme dental) no controle da cárie em crianças, levando em conta um aumento esperado na prevalência de fluorose dentária nas populações. Muitos médicos pediatras têm prescrito dentifrício sem flúor para crianças menores de seis anos, fato preocupante, uma vez que a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) apontou que 80% das crianças

brasileiras de 0 a 4 anos nunca consultaram um dentista, ao passo que fizeram, pelo menos, uma consulta ao médico pediatra, exatamente no período de risco para o desenvolvimento da fluorose, no qual os dentes permanentes estão em formação. “Durante nossa pesquisa, muitas mães revelaram que os filhos usavam o creme dental sem flúor por indicação do pediatra. Verificamos que o dentifrício com baixa concentração de flúor foi similar ao convencional quando utilizado sem cárie, portanto, a criança que não está exposta ao risco até pode fazer uso, entretanto, em crianças com lesões ativas, o dentifrício de baixa concentração foi menos efetivo em controlar a progressão das lesões. Assim, não pode haver uma indicação, em nível coletivo, do creme dental com flúor ou com concentração reduzida, visto que as indicações são limitadas e é necessária uma avaliação junto ao paciente, mas de todo modo o creme dental fluoretado é o indicado porque haverá proteção”, explica a pesquisadora. Com os altos índices de fluorose dental constatados nos últimos anos, tem havido indicação de uso de dentifrícios sem flúor ou com concentração reduzida para crianças em idade préescolar. Com isso, a pesquisadora realizou, por meio de questionário, uma avaliação das condutas de 100 pediatras de Teresina em relação à saúde bucal, bem como estimulou os médicos a aprofundarem seus conhecimentos na área, enfatizando a importância da interação entre pediatras e odontopediatras na promoção de saúde bucal para o paciente bebê. “Quem tem dente e está exposto à cárie precisa usar flúor, no entanto, os pediatras indicam creme dental sem flúor, o que é um equívoco, pois tira a proteção da criança, visto que, nos primeiros anos de vida de uma criança, há dificuldades inerentes à idade para a correta higienização dos dentes, daí a necessidade da utilização de dentifrício fluoretado para compensar uma escovação deficiente”, ratifica. Durante a análise das condutas dos pediatras, o dado que chama mais atenção é o período correto para a indicação de dentifrício fluoretado. A pesquisa constatou que 27% dos pediatras recomendaram a indicação até 1 ano; 58,7% após 1 ano e 14,3% sem resposta, sendo que somente 64% indicaram o uso do creme dental. “Quase 30% dos pediatras indicam creme dental sem flúor e os que indicam o dentifrício com flúor recomendam só a partir dos dois anos, ou seja, existem crianças com menos de dois anos que já têm cárie e, a partir dessas constatações, preparamos um folder com o resultado da pesquisa de forma a orientar os pediatras”. E acrescenta: “a melhor maneira de se evitar cárie é através do uso de creme dental fluoretado. Não é à toa que a medida foi incluída no Programa de Saúde da Família desde 2009, pelo seu grande impacto, sendo distribuído gratuitamente creme dental e escovas para a população carente, através do Programa Brasil Sorridente”. Por Roberta Rocha Pesquisa financiada pelo edital FAPEPI/PP-SUS Nº 006/2009


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ENTREVISTA

Mestrado surge com visão oordenadora do curso de Mestrado em Odontologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Lúcia de Fátima Almeida de Deus Moura é graduada em Odontologia pela UFPI, especialista em Odontopediatria pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba (UNICAMP), mestre em Odontopediatria pela Faculdade de Odontologia de Araraquara - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) e Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília (UnB). Atualmente é professora do Departamento de Patologia e Clínica Odontológica (DPCO) da UFPI nas disciplinas Odontopediatria e Clínica Integrada Infantil. Além disso, a professora coordena um projeto de extensão universitária da UFPI - Programa Preventivo para Gestantes e Bebês (PPGB) desde 1997 e desenvolve pesquisas nas áreas de Odontologia MaternoInfantil e promoção de saúde bucal. Em entrevista para o SAPIÊNCIA, ela ressalta a importância da aprovação do Programa de Mestrado que coordena e comemora os 50 anos do curso de Odontologia da UFPI.

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SAPIÊNCIA – O curso de Odontologia comemorou este ano 50 anos. Para celebrar o feito, a CAPES/MEC aprovou o primeiro programa de pós-graduação stricto sensu do Piauí em nível de Mestrado Acadêmico em Odontologia da UFPI. Como a Senhora avalia a Odontologia nestes 50 anos e por que a aprovação do Programa de Mestrado tardou?

FOTO: ROBERTA ROCHA

FOTO: ROBERTA ROCHA

Lúcia de Deus Moura - A princípio, a liberação do funcionamento do curso de Odontologia da UFPI se deu no dia 15 de Julho de 1960 (decreto presidencial No. 48.525). A Odontologia, nas últimas décadas, passou a pautar suas ações com bases em evidências científicas, e o curso de Odontologia da UFPI acompanhou as evoluções técnico-científicas através de diversas reformulações curriculares que visaram adequar-se às Diretrizes Curriculares Nacionais, ações que exigiram do corpo docente empenho, dedicação e tempo disponível para a implementação das mudanças propostas. Paralelamente a essas alterações, os professores doutores

orientavam também alunos em projetos de extensão universitária e de iniciação científica. O curso ingressou na era da pós-graduação no início do século XXI com a implantação de cursos de especialização em Odontologia em Saúde Coletiva, Cirurgia Buco-Maxilo-Facial e Ortodontia, embora a criação de um programa de mestrado fosse um projeto antigo. No entanto, com o acúmulo de atividades didático-pedagógicas, além de funções burocráticas, ocorreram a sobrecarga de funções e o tempo dos professores os impossibilitava de ter maior dedicação à produção científica, exigência da CAPES para aprovação de cursos de pós-graduação stricto sensu. No transcorrer da última década, alguns professores se deslocaram para outros centros em busca de doutoramento. Ao retornarem, eles formaram grupos com objetivos de melhorar a produção científica. Associado às condições mencionadas, houve abertura de concursos para novos professores doutores, tornando possível a elaboração do projeto de mestrado acadêmico (Aplicativo para Proposta de Cursos Novos - APCN) e apreciação junto à CAPES, tendo sido aprovado em junho de 2011 e o programa iniciado em agosto passado, com 10 alunos, sendo que seis desses são bolsistas da CAPES. SAPIÊNCIA – O que a coordenação e os docentes estão realizando para obter um bom desempenho no conceito de avaliação da CAPES e quais as metas para 2012? Existe a perspectiva da chegada do doutorado na área? Lúcia de Deus Moura – A meta é melhorar a produção científica do curso para que, no final da avaliação trienal da CAPES, possamos alcançar a nota quatro e assim pleitearmos a implantação do curso de doutorado. Nós, professores, estamos organizando-nos para submetermos projetos estruturantes a órgãos de fomento à pesquisa, visando à aquisição de equipamentos e a melhorias físicas do espaço disponível ao programa de mestrado. Trabalhamos também na elaboração de


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o ampliada em saúde bucal projetos em parcerias com outros programas de pósgraduação stricto sensu já estabelecidos em outras universidades brasileiras – CASADINHO/PROCAD - do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MTCI), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Ministério da Educação (MEC), os quais estimulam a mobilidade docente e discente, visando promover o fortalecimento e a consolidação de novos programas. Na última reunião do colegiado do curso, foi aprovada a ampliação do corpo docente de 10 para 14 professores doutores, com formações diversificadas, no intuito de fortalecer nossas linhas de pesquisa e possibilitar elaboração de projetos de dissertações voltados para a inserção social. SAPIÊNCIA – O Programa oferece o ingresso no Mestrado somente para profissionais da área de Odontologia em duas linhas de pesquisa distintas. Tais linhas têm atendido a demanda do mercado? Lúcia de Deus Moura – Sim, as linhas de pesquisa são amplas e possibilitam estudos que contemplam as diversas especialidades, tendo em vista que a área de concentração é Clínica Odontológica. O mestre contemporâneo em Odontologia deve ter uma visão integral do paciente e, com isso, poder orientar o alunado dentro da proposta de formação de um clínico geral com visão ampliada de saúde. O grande desafio do mestrado é formar professores capazes de extrapolar o modelo de ensino tradicional centrado na doença para um novo modelo, tendo como meta a prevenção e cura de pessoas doentes, atuando de forma multiprofissional, interdisciplinar e transdisciplinar, com ênfase na promoção da saúde e com base em evidências científicas. SAPIÊNCIA – A Senhora desenvolve pesquisa nas áreas de Odontologia materno-infantil desde 1997, por meio de um projeto de extensão da UFPI. No que

consiste esta pesquisa e quais os resultados já encontrados? Lúcia de Deus Moura – As ações do Programa Preventivo para Gestantes e Bebês (PPGB) são desenvolvidas no Instituto de Perinatologia Social do Piauí por alunos do curso de graduação da UFPI. Consideramos a extensão universitária como um pilar forte do tripé de sustentação de uma Instituição de Ensino Superior – ensino – pesquisa e extensão –, pois é a via de comunicação da universidade com seu meio, buscando modificar realidades e melhorar a qualidade de vida das populações assistidas. Por outro lado, professores e alunos, ao se deslocarem para fora dos muros da universidade, descobrem novas realidades e a convivência e a interação com as comunidades possibilitaram maior pluralidade e flexibilidade à pesquisa e ao ensino que ali se constroem. Esta linha de pesquisa parte da hipótese de que povo educado pode prevenir as duas doenças bucais prevalentes: cárie dentária e doença periodontal e com isso fortalecer a autonomia dos indivíduos na promoção de saúde. Nesta linha, já foram publicados sete artigos em periódicos especializados, uma tese de doutorado defendida na Universidade de Brasília (UnB), em 2006, e outra está em andamento a ser defendida, no próximo ano por uma professora do curso de odontologia da UFPI através de um programa de doutorado interinstitucional com a Universidade de Campinas (UNICAMP) e ainda um projeto de dissertação a ser defendido na primeira turma do nosso mestrado. Já participaram do PPGB cerca de 400 alunos do curso de Odontologia da UFPI e muitos deles já implantaram projetos semelhantes nos municípios onde atuam como profissionais. Os resultados encontrados nos estudos com dados do PPGB confirmaram nossa hipótese de que mães que são orientadas durante a gravidez e crianças que recebem atendimento odontológico precoce apresentam melhor saúde bucal do que aquelas que não receberam os mesmos cuidados. No programa, já foram atendidos mais de 15 mil crianças menores de três anos, faixa etária não priorizada nos programas odontológicos de saúde pública. SAPIÊNCIA – Como a Senhora avalia os programas de saúde bucal desenvolvidos pelo Governo Federal para atender as classes menos favorecidas? Lúcia de Deus Moura – Entre os programas de saúde desenvolvidos pelo governo, destacamos ‘‘O Brasil Sorridente’’, uma política nacional de saúde bucal do Sistema Único de Saúde (SUS), que tem como objetivo a reorganização da atenção básica em saúde, comprometendo-se em prestar atenção pautada no atendimento integral, contínuo, com equidade e resolutividade, por meio de prática humanizada, e que busca desenvolver ações de prevenção e promoção de saúde. Além da atenção básica, foram implantados também os serviços odontológicos especializados (Centros de Especialidades Odontológicas – CEOs),

possibilitando ao usuário do SUS acesso a tratamentos odontológicos de maior complexidade. O programa ainda não atingiu os objetivos almejados, mas está evoluindo, apesar de muitos brasileiros nunca terem tido acesso a tratamentos odontológicos, fato comprovado por dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD). Dois pontos relevantes merecem destaque nos programas de saúde do governo federal: a implementação de linha de financiamento de pesquisas voltadas para a saúde bucal coletiva e a deliberação do Ministério da Educação sobre as novas diretrizes curriculares nacionais dos cursos de graduação da área de saúde, nas quais fica evidente a preocupação com o estabelecimento de uma articulação entre a educação superior e a saúde, objetivando a formação de profissionais com ênfase na promoção, na prevenção, na recuperação e na reabilitação da saúde, de acordo com os princípios e diretrizes do SUS. SAPIÊNCIA – Sabe-se que muitos estrangeiros procuram tratamento dentário em consultórios brasileiros. Em Portugal, por exemplo, os profissionais brasileiros são muito requisitados, porém costuma-se ouvir que o Brasil ainda é um país de desdentados, desde crianças até idosos. Com tanto prestígio lá fora, por que os brasileiros ainda temem em abrir 'aquele' sorriso? Lúcia de Deus Moura – Procedimentos odontológicos realizados em clínicas privadas brasileiras são ainda muito caros e inacessíveis a pacientes de classes sociais menos favorecidas. O fato de os estrangeiros acharem “tratamento dentário mais barato e de qualidade” no Brasil do que em outros países pode-se dever à valorização das moedas ou outros fatores de ordem econômica. A Reforma Sanitária Brasileira, movimento social amplo, que traz, entre seus pontos estratégicos, a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), pretende garantir a saúde como um direito do cidadão. A Estratégia Saúde da Família ainda não produziu o impacto almejado, pois existe uma demanda reprimida grande por tratamento odontológico cirúrgico/restaurador no Brasil. Talvez por isso os dentistas brasileiros ocupem o patamar dos profissionais mais preparados tecnicamente quando comparados aos dentistas europeus, pois ainda é rotina executarem procedimentos/cirúrgicos restauradores diariamente em seus ambientes de trabalho, enquanto os europeus exercem a Odontologia basicamente para solucionar problemas relativos a maloclusões, a traumatismos, a problemas estéticos e a procedimentos cirúrgicorestauradores de baixa complexidade. Outro fato que pode também contribuir para nossa excelência técnica é o fato de, no Brasil, os cursos de Odontologia terem duração de cinco anos, enquanto, no continente europeu, Odontologia é especialidade médica e tem duração média de dois anos.


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TESES Estrutura do sistema subterrâneo e da casca da raiz e caule de três espécies de Erythroxylum P. Browne do Cerrado

Composição florística e estrutural da vegetação de restinga do estado do Piauí

Análise fitoquímica, farmacológica e toxicológica das sementes de Platonia insignis Mart. (Bacuri)

Alexandre Antonio Alonso Prof. da UFPI – Campus Bom Jesus-PI Defesa:Universidade Estadual Paulista, 2007 alonsoalx@yahoo.com.br

Francisco Soares Santos Filho Prof. da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) Defesa: Universidade Federal Rural de Pernambuco, 2009 fsoaresfilho@gmail.com

Joaquim Soares da Costa Júnior Prof. do Instituto Federal do Piauí - IFPI Defesa: Universidade Luterana do Brasil, 2011 jquimjr@gmail.com

Foi feita a caracterização estrutural do sistema subterrâneo e da casca da raiz e do caule aéreo de espécies subarbustivas (Erythroxylum nanum A. St.- Hil. e E. campestre A. St. - Hil.) e de uma espécie arbustiva (E. tortuosum Mart.) As coletas do material vegetal foram feitas em espécimes obtidos por germinação de sementes e em espécimes adultos coletados em áreas de Cerrado senso lato de Botucatu, Estado de São Paulo, Brasil. Foram identificados sóboles, raízes primárias axiais e raízes adventícias em E. nanum, xilopódio com estrutura caulinar e radicular e raízes primárias axiais em E. campestre e raízes primárias fibrosas em E. tortuosum. Gemas foram formadas nos órgãos subterrâneos após injúria. A casca das raízes apresenta periderme pouco desenvolvida e difere entre as espécies quanto ao aspecto externo. No floema secundário das raízes, o esclerênquima é formado por fibroesclereídes em E. nanum e E. campestre e esclereídes colunares em E. tortuosum. Elementos de tubo crivado com placas crivadas inclinadas escalariformes, séries parenquimáticas axiais e células eretas, procumbentes e quadradas de raio são características comuns entre as espécies. Ressalta-se a ocorrência de alguns elementos de tubo crivado com apêndices em E. tortuosum. A casca dos caules aéreos é constituída por periderme única em E. nanum e E. campestre e periderme sequenciais em E. tortuosum, sendo a formação das peridermes sequenciais precedida pela diferenciação de súber estratificado nesta espécie. No floema secundário, o esclerênquima é formado por fibroesclereídes em E. nanum e E. campestre, e fibroesclereídes e braquiesclereides em E. tortuosum. Elementos de tubo crivado com placas crivadas inclinadas escalariformes, séries parenquimáticas axiais e células eretas, procumbentes e quadradas de raio são características comuns para o caule aéreo destas espécies. Os resultados mostraram uniformidade no floema secundário das raízes e caules aéreos das três espécies estudadas, sendo que a composição e abundância do esclerênquima no floema secundário desses órgãos sugerem algum tipo de relação com o hábito das espécies.

A tese traz dois trabalhos realizados nas restingas do Piauí, cujo litoral pertence à porção setentrional do litoral nordestino. O primeiro traz o levantamento das áreas situadas em Ilha Grande, Parnaíba e Luiz Correia, pertencentes à APA do Delta do Parnaíba. As coletas foram realizadas entre Julho/2005 e Junho/2007. No estudo sobre distribuição de espécies lenhosas, foram utilizadas listas de pesquisas realizadas em restingas nordestinas. Montou-se uma matriz de ausência/presença para calcular análises multivariadas (UPGMA) e o índice de Jaccard, determinando a similaridade, comparando-se com dados de outras restingas e ecossistemas adjacentes. Foram encontradas 213 espécies pertencentes a 53 famílias botânicas, das quais 11,4% de lenhosas exclusivas às restingas estudadas. A forma de vida predominante (43,65%) foi a de nanofanerófitos, similar ao que ocorre em outras restingas brasileiras. As famílias mais representativas foram Fabaceae (45 spp.), Euphorbiaceae (15) e Bignoniaceae (10). O estudo da similaridade apontou que existe maior semelhança com as restingas nordestinas, intrinsecamente relacionadas à floresta atlântica em sua composição, do que com os ecossistemas a elas adjacentes. O segundo trabalho tratou sobre a estrutura da vegetação e sua relação com a composição química e física do solo, para as mesmas áreas utilizadas no estudo florístico. A hipótese testada foi de que os fatores edáficos influenciam na estrutura de cada uma das restingas piauienses, de modo diferente, além de estas apresentarem padrão estrutural semelhante as demais restingas nordestinas. Para este estudo, foi utilizado o método dos quadrantes. Foram coletadas amostras do solo para determinação das variáveis químicas e físicas. Utilizando-se a Análise de Correspondência Canônica foram comparadas variáveis edáficas com as espécies encontradas. As restingas estudadas apresentaram fisionomias similares às demais restingas nordestinas (campos, fruticetos e florestas), com um índice de diversidade de Shannon menor. A análise canônica permitiu concluir que a distribuição de espécies foi influenciada por alguns fatores edáficos.

Caracterização imunofenotípica de células dendríticas diferenciadas a partir de monócitos de indivíduos sintomáticos e assintomáticos para PET/MAH infectados pelo HTLV-1

Estudo etnofarmacognóstico de plantas medicinais popularmente indicadas para tratamento de doenças tropicais em nove comunidades ribeirinhas no trecho Coari-Manaus-AM

O papel de inibidores salivares e intestinais do complemento humano na proteção do intestino médio de triatomíneos

France Keiko Nascimento Yoshioka Profª. da UFPI- Campus Parnaíba Defesa:Universidade Federal do Pará, 2007 keiko@ufpi.edu.br

Ressiliane Ribeiro Prata Alonso Profª. da UFPI – Campus Bom Jesus Defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 2011 ressiliane@yahoo.com.br

Veruska Cavalcanti Barros Profª. da UFPI – Campus Teresina Defesa: Universidade Federal de Minas Gerais, 2009 vcbarros@ufpi.br

O vírus linfotrópico de células T humanas do tipo 1 (HTLV-1) é um retrovírus humano, agente causador da leucemia de células T do adulto e da paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV-1 (PET/MAH). O objetivo deste estudo foi gerar CD imaturas e maduras, a fim de caracterizá-las imunofenotipicamente e detectar a expressão do mRNA do DC-SIGN em indivíduos assintomáticos e em pacientes sintomáticos para PET/MAH infectados pelo HTLV-1. Para quantificar a expressão do mRNA do DC-SIGN, utilizou-se o PCR quantitativo em tempo real. As CD imaturas e maduras foram geradas a partir de monócitos do sangue periférico e obtidas após o cultivo, por 5 dias, com 100 ng/mL GM-CSF e 50 ng/mL IL-4 in vitro, e as CD maduras foram obtidas após mais 48 h de cultivo com 20 ng/mL TNF- and 20 ng/mL PGE2. O fenótipo das CD foi determinado por citometria de fluxo. Neste estudo, a carga proviral foi 1,14 vez menor em indivíduos assintomáticos do que em pacientes sintomáticos para PET/MAH. A expressão do marcador CD209 nas CD imaturas foi mais alta nos pacientes sintomáticos e assintomáticos do que nas CD maduras dos indivíduos do grupo controle, apesar de essa expressão não ter sido estatisticamente significativa. Além disso, nenhuma correlação foi encontrada entre o mRNA do CD209 e a expressão imunofenótipica do CD209 na superfície das CD. A análise imunofenotípica das CD monstrou um aumento significativo apenas da expressão do marcador CD86 (p=0,0042), nas CD maduras dos indivíduos assintomáticos, após o estímulo de maturação, diferente das expressões dos marcadores CD80 (p=0,0025), CD86 (p=0,0012), CD11c (p=0,0062), observadas nas CD maduras dos indivíduos do grupo controle. Nos pacientes PET/MAH, o estímulo de maturação não foi estatisticamente significativo. De modo geral, apesar dessas diferenças encontradas, a expressão dos marcadores em ambos os grupos (assintomáticos e sintomáticos) revelou níveis mais baixos de expressão do que nos indivíduos do grupo controle.

Foram analisadas informações a respeito de plantas medicinais utilizadas para doenças tropicais por comunidades ribeirinhas e identificadas substâncias quimicamente ativas em células e/ou tecidos em espécies selecionadas a partir do cálculo de concordância de uso principal de uma espécie (CUP). A pesquisa foi realizada em nove comunidades ribeirinhas ao longo do trecho Coari-Manaus/AM. Para as entrevistas, utilizou-se um formulário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas, cujas questões se referiram ao uso de plantas para o tratamento de doenças tropicais. Os informantes foram escolhidos por amostragem não probabilística e intencional de informantes que conhecem e usam plantas medicinais, por meio do método “bola de neve”. Para a análise dos dados, foi aplicado cálculo da porcentagem de concordância quanto ao uso principal de uma espécie (CUP). Análises anatômicas, histoquímicas e fitoquímicas foram feitas segundo metodologias usuais. A malária foi a única doença, entre as doenças tropicais, para a qual os entrevistados conhecem plantas para seu tratamento. Das 17 espécies citadas, destacam-se duas que apresentaram maior CUP. Essas espécies foram coletadas e identificadas como Senna occidentalis (manjerioba) e Senna reticulata (mata-pasto). A alta CUP de S. occidentalis refere-se à importância do seu uso somente para o tratamento de malária, diferente das outras espécies que possuem diferentes indicações de uso. S. reticulata obteve alta CUP, por ser a espécie mais indicada pelos ribeirinhos. A análise anatômica revelou que as folhas de S. occidentalis e S. reticulata são semelhantes em relação à estrutura anatômica, diferenciando-se na presença de tricomas glandulares em S. occidentalis, papilas na epiderme de S. reticulata e na composição histoquímica. As raízes das duas espécies analisadas também se assemelham, destacando-se a presença de fibras gelatinonsas e cristais prismásticos e drusas. A prospecção fitoquímica revelou cumarinas, flavanonas, catequinas, esteroides livres, saponinas e bases quaternárias. Os ribeirinhos conhecem e usam plantas para o tratamento e profilaxia da malária, sendo que S. occidentalis e S. reticulata possuem diversos metabólitos que podem estar relacionadas à atividade terapêutica das mesmas.

A saliva de artrópodes hematófagos contém biomoléculas envolvidas no processo de hematofagia, entre as quais, moléculas inibidoras do sistema complemento. A função mais óbvia para estes inibidores seria a proteção do intestino médio contra danos causados pelo complemento. Para investigar esta hipótese, ninfas de Triatoma brasiliensis foram forçadas a ingerir soro humano em condições, nas quais os inibidores eram incapazes de proteger o intestino. Nestas condições, o epitélio do intestino médio anterior foi marcado e danificado pelo complemento, causando morte celular. Uma vez que a saliva de Aedes aegypti não contém inibidores do complemento, foi formulada a hipótese da possível existência destes inibidores no intestino médio. Assim, foram investigadas moléculas presentes no intestino de A. aegypti, na saliva e no intestino de triatomíneos (T. brasiliensis, T. infestans e Rhodnius prolixus), capazes de inibir o complemento por meio de um método imunológico que determina o nível de deposição de alguns fatores do complemento (C1q, C3b, ou C4b) na superfície de moléculas ativadoras em microplacas. Foi verificado que tanto a saliva quanto o conteúdo intestinal das espécies de triatomíneos estudadas não inibiram a deposição de C1q pela via clássica. A deposição de C4b, pela via clássica, foi inibida pelo conteúdo intestinal das três espécies de triatomíneos. Por outro lado, só a saliva de T. brasiliensis inibiu a deposição de C4b. Ambos, saliva e conteúdo intestinal das três espécies de triatomíneos, puderam inibir a deposição de C3b nas vias clássica e alternativa. Como esperado, o conteúdo intestinal solúvel de A. aegypti foi capaz de inibir a deposição de C3b pelas vias clássica e alternativa. A existência de inibidores de complemento pode apresentar consequências biológicas importantes tanto para o sucesso na hematofagia dos insetos quanto para o seu papel na interação com seus parasitos.

A planta Platonia insignis pertence à família Clusiaceae e é popularmente conhecida como "bacuri" no Brasil. Neste estudo, foram avaliados a composição química, as atividades antioxidante, leishmanicida, citotóxica e genotóxica, bem como os efeitos sobre o Sistema Nervoso Central (SNC) de extratos e frações de sementes de P. insignis. A avaliação antioxidante mostrou que as frações acetato de etila (FAE) e de diclorometano (FDM) têm uma alta atividade in vitro, quando avaliados pelos métodos ABTS e DPPH, bem como in vivo, avaliado por meio das linhagens de Saccharomyces cerevisiae proficientes e deficientes em defesas antioxidantes expostas a peróxido de hidrogênio. Os ensaios de toxicidade revelaram que o extrato hexânico inibe significativamente o crescimento de formas promastigotas de Leishmania amazonensis e mostrou uma toxicidade significativa contra os microcrustáceos de Artemia salina Leach e apresenta citotoxicidade e genotoxicidade em linhagens celulares de V79 (fibroblasto de hamster chinês). A fração do FDM foi a mais ativa em A. salina e em promastigotas de L. amazonensis. Uma citotoxicidade moderada foi observada nos ensaios de MTT em células V79 tratadas com FAE e FDM. O EE demonstrou ação anticonvulsivante e possíveis efeitos estimulatórios no cérebro de ratos. Em ratos, a administração do EE associado à pilocarpina reduziu significativamente o nível de peroxidação lipídica e conteúdo de nitrito após convulsões. O composto isolado GFC em alta dose apresentou atividade antioxidante contra o óxido nítrico (NO) e radicais hidroxila gerados in vitro. O EE foi capaz de promover o aumento da latência para o desenvolvimento de convulsões induzidas por PTZ e PIC nas doses testadas. Da mesma forma, os efeitos da EE não foram afetados pelo pré-tratamento com flumazenil em modelos de epilepsia. O FDM, quando administrado em associação com P400 em ratos, reduziu significativamente o nível de peroxidação lipídica e o conteúdo de nitrito após convulsões. Portanto, os resultados apresentados neste trabalho demonstram que diferentes extratos e frações das sementes de bacuri têm significativas atividades antioxidante, leishmanicida e efeitos anticonvulsivantes, provavelmente devido à presença de ácidos graxos, xantonas e benzofenonas polipreniladas.


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REPORTAGEM FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

Centros de Especialidades Odontológicas não atingem metas e o atendimento ao público jovem feminino ainda é maioria

Maria Ângela Arêa Leão Ferraz Profª do Curso de Odontologia da UESPI-Parnaíba angela.endo@hotmail.com

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pesar de ter completado 50 anos, somente de uma década para cá, as pesquisas na área de Odontologia no Piauí passaram a fazer importantes descobertos, trazendo à luz dados significantes para o conhecimento e o melhoramento da qualidade dos serviços oferecidos no Piauí, devido ao aumento do número de profissionais cada vez mais especializados, com titulação de mestres e doutores, tendo como reforço o financiamento de cursos de qualificação e de projetos, por orgãos públicos governamentais. A FAPEPI é uma das instituições que apoiam os profissionais pesquisadores, por meio de bolsas e de financiamento de projeto de pesquisa, bem como o crescimento e o desenvolvimento de cursos em diversas áreas do conhecimento. A professora do curso de Odontologia da UESPI da cidade de Parnaíba, Maria Ângela Arêa Leão Ferraz, é uma das beneficiadas pelo Programa de Bolsas da FAPEPI. Com esse importante apoio, ela concluiu uma pesquisa, que lhe deu o título de mestre, pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFPI, uma opção para muitos odontologistas que só agora passam a ter o mestrado na área. A sua pesquisa, intitulada “Avaliação da referência e contrarreferência nos Centros de Especialidades Odontológicas em Teresina-PI”, concluída em 2008, teve como orientadores os professores doutores Regina Ferraz Mendes e Raimundo Rosendo Prado Júnior. O relatório final abre precedentes para que muitos problemas no atendimento básico de saúde nos Centros de Especialidades Odontológicas, os CEOs, vinculados à Prefeitura Municipal de Teresina, fossem apresentados e discutidos, como forma de melhorar o atendimento à população. A avaliação, por meio de entrevistas com cirurgiões-dentistas das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e da

análise das fichas clínicas usadas como instrumento de encaminhamento, no período de um ano, permitiu concluir que a dinâmica de atendimento difere do recomendado pelo Ministério da Saúde (MS) e que a contrarreferência não ocorre de maneira adequada. “As recomendações para atendimento do Programa de Saúde da Família são baseadas no levantamento epidemiológico de cada região, ou seja, de acordo com a realidade local e suas demandas. Nossas considerações a respeito dos CEOs de Teresina basearam-se na normatização do MS sobre quantidade de atendimentos e, na pesquisa, foi evidenciado que ainda não atingimos a meta de pacientes nas especialidades ofertadas”, concluiu Maria Ângela Ferraz, que está em doutoramento na área de Endodontia pela Universidade de Ribeirão Preto-SP, também contando com auxílio de bolsa da FAPEPIUESPI. Em meados dos anos 80, o Programa Nacional de Saúde Bucal entrou no rol de prioridades do governo federal, tendo em vista que a odontologia no Brasil foi caracterizada como ineficiente, entre outros aspectos negativos. Reformular as políticas públicas na área tornou-se uma prioridade, até para tirar a imagem popular de que o Brasil era país dos desdentados. Segundo estudos publicados, a inserção da saúde bucal na Estratégia Saúde da Família, em 2001, representou a possibilidade de criar um espaço de práticas e relações a serem construídas para a reorientação do processo de trabalho e para a própria atuação da saúde bucal no âmbito dos serviços de saúde. Dessa forma, o cuidado em saúde bucal passou a exigir a conformação de uma equipe de trabalho, a Equipe de Saúde Bucal (ESB), que se relacionasse com o usuário, que participasse da gestão dos serviços, dando respostas às demandas da população e ampliando o acesso às ações e aos serviços de promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal. Assim, o MS lançou, em 2004, o projeto Brasil Sorridente, estando articulado com o PSF, com três frentes de atuação: ampliação das equipes de saúde bucal, incentivo à criação dos CEOs e à fluoretação da água.

Os CEOS oferecem serviço especializado de Odontologia, para realizar, no mínimo, as atividades de diagnóstico bucal, com ênfase no diagnóstico e detecção do câncer bucal; periodontia especializada; cirurgia oral menor dos tecidos moles e duros; endodontia de dentes anteriores e posteriores e atendimento a portadores de necessidades especiais. A pesquisa constatou que, apesar do atendimento de crianças até idosos, a maioria do público atendido nos CEOs tem perfil feminino e jovem, o que indica a necessidade de uma política de saúde bucal voltada também ao trabalhador que, na dificuldade de se ausentar do trabalho, acaba por não procurar um atendimento mais conservador e opta com frequência por atendimento de urgência e de resolubilidade imediata, chegando até a sugerir, em algumas situações, o procedimento de exodontia. A pesquisa aponta que o tratamento odontológico ainda é construído por uma demanda reprimida e com atendimento fragmentado, o que fere o princípio norteador das ações da política nacional de saúde bucal.

Maria Ângela Ferraz analisa material ortodôntico em laboratório


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Falhas nas fichas comprometem diretrizes do Programa Segundo informações fornecidas pela Secretaria de Saúde do Piauí (SESAPI), em 2011, o Piauí contava com 26 municípios com CEOs incluindo a capital, onde funcionam dois desses centros. Em Teresina, até dezembro de 2011, existiam 220 Equipes de Saúde da Família; em todo o Piauí, 1.092 equipes. A SESAPI não soube precisar quantas UBS existem em Teresina. Sabese, porém, que nestas unidades estão registradas 175 Equipes de Saúde Bucal. Em 2007, as informações eram de que Teresina possuía 160 Equipes de Saúde Bucal funcionando em 62 UBS da capital, que, ao todo, possuía 99 unidades. Diante da mudança no perfil de atendimento odontológico brasileiro, Maria Ângela Ferraz afirmou que surgiu a necessidade de monitoramento desses serviços implantados, para a identificação de possíveis problemas que limitam o acesso e o tratamento integral da população, para adequação de estratégias e para a garantia das diretrizes do SUS. Do universo estudado, verificou-se que 172 fichas dos pacientes apresentavam datas de início e término de tratamentos coincidentes, o que pode demonstrar resolução imediata, inviabilidade no tratamento encaminhado ou erro no preenchimento da ficha. “Merece destaque o fato de que 56,7% das fichas não apresentarem data final de conclusão do tratamento, o que nos impede de avaliar adequada resolubilidade, já que não se pode afirmar se ocorreu conclusão do caso, desistência do paciente ou apenas falta de preenchimento deste documento”, afirma a pesquisadora que ainda informou outros dados negativos da pesquisa quanto à elaboração de relatório de referência e contrarreferência, uma

Estudantes visitam o CEO do Centro Integrado de Saúde Lineu Araújo, em Teresina

recomendação para acompanhamento do fluxo de pacientes encaminhados aos CEOs. “A identificação dos pacientes, a especialidade encaminhada, bem como a conclusão do tratamento deveriam ser descritas e relatadas à regional responsável, para levantamento epidemiológico da demanda apresentada, avaliação da resolubilidade e para estabelecimento de metas para universalidade da atenção. Mas não é rotina para os profissionais da ESB a elaboração deste relatório. Entre os 15,1% dos cirurgiõesdentistas que constroem este relatório, 9,45% o fazem por iniciativa própria. Apenas 3,8% afirmam ter recebido orientação para elaboração deste relatório que permitiria maior acompanhamento da resolubilidade dos CEOs de Teresina. Destes 3,8%, apenas 35,8% afirmam anotar apenas na ficha clínica do paciente o encaminhamento ao CEO e a maioria (45,3%) não elabora este relatório, nem

Livros

• A percepção da mulher idosa sobre sua sexualidade: uma contribuição para a Enfermagem

notifica na ficha do paciente”. Outra pesquisa coordenada por Maria Ângela Ferraz foi sobre biossegurança, na qual se averiguaram medidas de prevenção e condutas pós-acidentes com material biológico entre os profissionais de Odontologia. A pesquisa foi vinculada ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da UESPI de Parnaíba, tendo o auxílio de Thalles Anthony Chaves Leal, aluno de graduação dessa Instituição. O objetivo do trabalho foi avaliar a conduta dos profissionais quanto à prevenção e à realização dos procedimentos após acidentes com materiais de uso da prática diária. Foram avaliados 35 profissionais, sendo 16 assistentes de saúde bucal, quatro técnicos de saúde bucal e 15 cirurgiões-dentistas. “Nossa intenção foi fazer um diagnóstico da atuação profissional, para identificarmos os possíveis problemas no exercício profissional e poder ajudar no preenchimento destas lacunas, além de fazer com que nosso corpo discente conheça e se faça conhecer no mercado de trabalho da região. Somos um dos profissionais mais sujeitos à infecção durante o serviço; aerosóis, material perfuro-cortantes, áreas contaminadas próximas são indiscutivelmente fontes de contaminação para o cirurgião dentista, bem como para o pessoal auxiliar. Sem dúvida, a atenção aos protocolos de biossegurança é vista, hoje, de maneira mais responsável”, considera. Por Márcia Cristina

• Lero Lero

Autoras: Jaqueline Carvalho e Silva e Maria do Livramento Fortes Figueiredo R$25,00 128 páginas liff@ufpi.br

Autora: Maria Dilma Ponte de Brito 166 páginas R$ 20,00 mdilmabrito@yahoo.com.br

A obra constitui um aporte à produção de conhecimento na área de enfermagem em geral e das políticas públicas em saúde da mulher na terceira idade. As autoras analisam de uma forma original e inédita a multidimensionalidade das objetividades e subjetividades decorrentes das experiências e vivências de mulheres idosas piauienses, com influência das diferentes formas de sentimentos.

A autora, professora da UFPI, reúne nesta obra 50 crônicas inspiradas em fatos do cotidiano contadas com uma pitada de humor. São registros de uma estudiosa sobre a trivialidade e o hedonismo de nossos dias. As histórias tratam de amor, de saudades, de espertalhões, de ética, de normas de comportamento, entre outros temas.

• Biodiversidade do Piauí: pesquisas & perspectivas

• Saberes e Práticas de cuidadores familiares de idosos com doença de Alzheimer

Organizadores: Francisco Soares Santos Filho e Ana Flávia Cruz Leite Soares 190 páginas R$ 39,90 fsoaresfilho@gmail.com

Autoras: Eronice Ribeiro de Morais e Maria do Livramento Forte Figueiredo R$ 25,00 100 páginas liff@ufpi.br

Este livro traz dez trabalhos acadêmicos desenvolvidos no âmbito das universidades Estadual e Federal do Piauí, escrito por pesquisadores, egressos e estudantes destas instituições, totalizando 31 autores. Seus capítulos foram desenvolvidos por pesquisadores nas áreas de Microbiologia, Ficologia e Botânica, abrangendo as subáreas de Anatomia vegetal, Vegetação urbana, Florística, Fitossociologia, Taxonomia vegetal e Macrófitas aquáticas.

O livro é resultante de dissertação de Mestrado e, embora seja um livro acadêmico, torna-se acessível a todos os profissionais de saúde e a qualquer leitor interessado na problemática. A obra é composta por seis capítulos que relatam uma experiência pedagógica a partir de diálogos com os cuidadores dos portadores de Alzheimer.

• Educação Nutricional: um novo olhar sobre o processo educativo em alimentação e nutrição na escola

• Avenida Frei Serafim: lembranças de um tempo que não acaba

Organizadoras: Marize Melo Santos e Ivonete Moura Campelo 130 páginas R$ 30,00 marizesantos@ufpi.edu.br

Autor: Matias Augusto de Oliveira Matos 290 páginas R$ 40,00 matias.matos@bol.com.br

Graças ao apoio da FAPEPI e da SEDUC, esta obra, dividida em quatro capítulos, surgiu com o objetivo de avaliar um modelo de intervenção educativa em alimentos, alimentação e nutrição, tendo em vista o consumo frequente de dietas inadequadas de escolares, que muitas vezes têm como consquências a obesidade e a desnutrição.

A Avenida Frei Serafim é o logradouro mais conhecido de Teresina. Ela começa nas praças da Liberdade e São Benedito e se estende até a ponte JK, que atravessa o rio Poti. A obra faz relatos de lembranças, complementadas pelas recordações de outros que também passaram pela avenida, reforçadas pelas pesquisas de documentos e acervos fotográficos garimpados por lugares, revistas, livros, jornais e arquivos públicos.


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REPORTAGEM FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

Comprometimento motor interfere na saúde bucal de crianças e adolescentes com paralisia cerebral

Profª. Drª. Maria Teresa Botti Rodrigues dos Santos (Membro externo da Banca Examinadora), Profª. Dra. Regina Ferraz Mendes (orientadora), Profª. Reyjanne Barros de Carvalho (Autora da pesquisa)

R

esultado de um trabalho conjunto de pesquisadores da Universidade Federal do Piauí, sob orientação da Profª do Departamento de Odontologia Restauradora da UFPI, Drª. Regina Ferraz Mendes, tendo como autora de dissertação Reyjanne Barros de Carvalho, conquistou, em abril de 2011, importante espaço na revista Special Care in Dentistry, especializada na publicação de artigos sobre pacientes especiais. O estudo foi realizado em Teresina, em 2009, e teve como tema “Saúde bucal e função motora oral de pacientes com paralisia”. O objetivo geral foi avaliar a saúde bucal de crianças e adolescentes portadores de Paralisia Cerebral (PC) e correlacionar com o tipo de paralisia cerebral e grau de comprometimento motor. As crianças foram avaliadas em duas instituições públicas de referência do Piauí para atendimento aos pacientes com disfunção neuromuscular, característica da Paralisia Cerebral: o Centro Integrado de Educação Especial (CIES) e o Centro Integrado de Reabilitação (CEIR), que fazem parte do Complexo de Reabilitação em Saúde e

Educação do Estado do Piauí. Entre os objetivos específicos, a pesquisa avaliou o nível socioeconômico, os hábitos de higiene bucal, a experiência de cárie, a oclusão, os defeitos de formação de esmalte dentário, o traumatismo dentário e a onsistência alimentar. O estudo foi desenvolvido sob uma abordagem observacional, dentro do programa de Mestrado em Ciências e Saúde e fez parte da área de concentração II - Política, planejamento e gestão em saúde. A autora e a orientadora encontraram, logo no início da pesquisa, a falta de levantamentos precisos quanto à prevalência de pessoas com paralisia cerebral no Piauí. Porém, a Coordenadoria Estadual de Inclusão e Apoio à Pessoa com Deficiência (CEID), em 2007, apontou que Teresina possuía 106.301 pessoas com algum tipo de deficiência, seja mental, física ou motora, o que correspondia a 13,72% da população, estimada na época em 780 mil habitantes. Uma das principais conclusões foi a de que somente os pacientes quadriplégicos, ou seja, com comprometimento motor dos quatro membros, possuíam uma deficiência motora oral avançada, comprometendo dessa forma as condições de saúde bucal. Participaram da amostra 52 pacientes na faixa etária entre 7 e 17 anos, sendo que 65,4% dos examinados possuíam dentição mista e 34,6% dentição permanente. Na amostra, 17 crianças e adolescentes eram vítimas de diplegia (envolvimento de ambas as pernas e com comprometimento mínimo de ambos os braços),

11 tinham hemiplegia (envolvimento de um lado do corpo) e 24 apresentaram quadriplegia. Mestre e doutora em Dentística pela Faculdade de Odontologia de Bauru-USP, professora e orientadora do Mestrado em Odontologia e do Mestrado em Ciências e Saúde da UFPI e Pró-Reitora de Ensino de Graduação da UFPI, Regina Ferraz Mendes explicou que não é difícil estabelecer uma rotina de higiene bucal para crianças especiais, mas é extremamente importante a orientação e o envolvimento dos pais e demais cuidadores nesse processo. “É necessário que o cuidador se conscientize de que somente com promoção de saúde é possível evitar tratamentos restauradores mais invasivos que, no caso de pacientes com PC, muitas vezes, é de difícil condicionamento e acesso, tendo em vista que nem sempre os profissionais que atendem em unidades básicas de saúde, ou mesmo em consultórios particulares, sentem-se seguros para este tipo de atendimento. Também são fundamentais a participação do dentista em equipe multidisciplinar, para o acompanhamento de pacientes com necessidades especiais, e a implantação de programas de promoção de saúde bucal direcionados a esse público”. Do total dos pacientes examinados, 42,3% passaram por atendimentos nas duas instituições ao mesmo tempo, o que demonstrou a preocupação dos cuidadores (80,8% eram a mãe, com média de idade de 37,5 anos) em buscarem terapias reabilitadoras que promovam uma melhoria na qualidade de vida dos pacientes. A


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escolaridade do cuidador variou de 0 a 17 anos de estudo, com média de 9 anos, confirmando um baixo grau de escolaridade. Dos 52 pacientes examinados, 47 já haviam tido algum contato prévio com o atendimento odontológico e, desses, 78,8% ocorreram no serviço público. Durante a pesquisa, 75% dos pacientes estavam em tratamento odontológico com tempo médio de 5,6 meses. Regina Mendes diz que, infelizmente, este elevado índice quanto a busca ao tratamento não é uma realidade para portadores de paralisia cerebral em geral, mas foi considerada neste estudo, pelo fato de que as duas instituições possuem atendimento odontológico especializado. Alguns estudos revelam uma baixa cobertura de serviços odontológicos a pacientes especiais e, quando ocorre, essa assistência limitase a procedimentos cirúrgicos e/ou curativos. Cuidados preventivos são pouco identificados. Reyjanne Barros de Carvalho informou que, dos pacientes avaliados, 9 (17,3%) apresentavam diagnóstico de autismo e grau de retardo mental avançado; por esse motivo, não foi possível avaliar o desempenho motor oral. A função motora oral dos pacientes examinados estava entre moderada e severamente comprometida na maioria dos casos (61,5%). “Entre os pacientes diplégicos, a função motora oral apresentou, frequentemente, um comprometimento de moderado a leve e, entre os quadriplégicos, essa função variou de moderada a severa. Cabe ressaltar que a habilidade oral motora é frequentemente alterada em pacientes com PC. A disfunção lingual é consistentemente observada, assim como reflexos de mordida

prolongados e exagerados. A mastigação é limitada a movimentos de abertura e fechamento, sem movimento de lateralidade da mandíbula. A função inadequada da musculatura jugal e labial pode impedir o selamento adequado do lábio, no momento da alimentação, levando à perda de

alimento e à inibição da propulsão distal do bolo alimentar. A persistência dessas respostas anormais pode limitar severamente a habilidade de o indivíduo com PC mastigar, posicionar e deglutir o bolo alimentar, prejudicando, dessa forma, a sua nutrição”.

Profissionais capacitados proporcionam sorriso bonito aos pacientes Paciente com paralisia recebe atendimento

Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), somente 2% da população com deficiência têm acesso aos serviços de saúde e, por essa razão, a necessidade de tratamento é maior. E, quando há atendimento odontológico desses pacientes, os procedimentos geralmente são cirúrgicos, não proporcionando um controle das doenças bucais. Entre as principais causas da negligência no atendimento odontológico a pessoas com algum tipo de deficiência, estão o baixo número de profissionais capacitados para atender esse contingente e a falta de conhecimento da família quanto à importância da prevenção e da manutenção da saúde bucal. Com relação à pesquisa em questão, tanto o Centro Integrado de Educação Especial (CIES) quanto o Centro Integrado de Reabilitação (CEIR) possuem equipe multidisciplinar. No CIES, observou-se a participação de alunos e docentes da UFPI por meio do Projeto de Extensão “Programa de Promoção de Saúde Bucal para Pacientes Especiais - PROSBE”, o que facilita o acesso das crianças e cuidadores às informações acerca da manutenção da saúde bucal. O CIES é uma instituição especializada no atendimento a crianças especiais e funciona desde 2006. Desenvolve um trabalho, sem fins lucrativos, atende crianças na faixa etária de 0 a 14 anos, tem como metas a promoção das reabilitações física e psicossocial do


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paciente e o desenvolvimento de estudos e pesquisas na área de reabilitação. Reyjanne Carvalho ressaltou que o PROSBE favorece o convívio entre os profissionais e o binômio aluno/professor universitário, abrindo a possibilidade para pesquisas e uma relação social de impacto entre a Universidade e a sociedade, como agentes transformadores. “Ações educativas em projetos de extensão desenvolvem competência e estímulo aos responsáveis pelos pacientes e propiciam aos estudantes maior segurança e familiaridade no atendimento aos pacientes especiais. Além disso, este trabalho comprova e enaltece a indissociabilidade ensinopesquisa-extensão dentro da Universidade, evidenciando o processo acadêmico de formação e de geração de conhecimentos”. O CEIR, inaugurado em 2008, presta atendimento multidisciplinar. As patologias que podem ser tratadas na instituição são doenças neuromusculares, lesão medular, lesões encefálicas adquiridas (causadas por traumatismo crânioencefálico, acidente vascular encefálico, anóxia cerebral, tumores, cerebrais e infecções no sistema nervoso), malformações congênitas, mielomeningocele, paralisia cerebral e sequelas de poliomielite. Os pacientes selecionados para o estudo frequentam regularmente as instituições mencionadas. A Profª. Regina Ferraz Mendes afirmou ainda que as crianças com PC avaliadas apresentam algum grau de disfunção motora que pode representar um risco maior de quedas,

podendo provocar algum trauma dentário. “Entre os sujeitos pesquisados, o trauma dentário mais frequente encontrado foi a fratura de esmalte, que pode variar de extensão e, na maioria das vezes, causa uma deficiência apenas estética. Entretanto, os casos em que há uma perda maior de estrutura dentária, ou quando a força do trauma for muito significativa, pode levar à sensibilidade, comprometendo a função e até a vitalidade pulpar, sendo, nesta última situação, indicado o tratamento endodôntico ou até mesmo, em casos extremos, levar à perda dentária. Se considerarmos o transtorno, que é a realização de procedimentos mais invasivos e que exigem um tempo clínico maior, compreende-se a importância que tem a prevenção de quedas e traumas em pacientes com PC”. Estudos já publicados apontam que os programas de saúde bucal deveriam ter participação ativa da criança, resultando em satisfação e confiança diante da participação da higiene bucal e do conhecimento a respeito da obtenção e da manutenção de um belo sorriso. O sucesso para uma boa condição de saúde bucal nas crianças com paralisia cerebral estaria associado a projetos de educação em saúde bucal e à manutenção de bons hábitos de higiene. É papel

FOTO: DIVULGAÇÃO

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dos profissionais de Odontologia, agindo junto aos profissionais nutricionistas, orientar quanto aos hábitos saudáveis de alimentação e higiene bucal, considerando que o atendimento odontológico adequado a pacientes especiais visa a melhorar a qualidade de vida desses indivíduos. Por mais que haja campanhas que apontem que a educação seja o método mais eficaz e econômico contra as doenças e problemas do sistema bucal, a cárie e a doença periodontal, segundo Regina Mendes, ainda são as mais comuns entre os brasileiros. Ambas são evitáveis com hábitos simples, como a escovação dentária com creme dental fluoretado, uso do fio dental e uso racional do açúcar na dieta.

Hábitos alimentares de cuidadores refletem-se nos portadores de Síndrome de Down

FOTO: MÁRCIA CRISTINA

Outra pesquisa coordenada pela pesquisadora Regina Ferraz Mendes, também relacionada a pessoas com necessidades especiais, foi resultado de dissertação de mestrado da odontóloga Karinn de Araújo Soares, que tratou da “Relação entre as

condições de saúde bucal de portadores de síndrome de Down e as de seus cuidadores”. Com poucos estudos literários abordando a saúde bucal e os portadores da síndrome, a pesquisa avaliou a importância que a pessoa cuidadora tem na manutenção da saúde bucal de

seus protegidos, visto que, geralmente, estes são dependentes de maiores cuidados e possuem limitações diárias. “Por serem estatisticamente significantes, os resultados reforçam a ideia de que o cuidador, em especial a mãe, tem uma influência direta no

Crianças com Síndrome de Down se divertem na hora da escovação no CIES; profissionais bem orientados refletem em bons resutados


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FOTO: ARQUIVO PESSOAL

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Profissionais usam técnicas para relaxar criança durante sessão de limpeza dos dentes

padrão de consumo de sacarose daqueles que são cuidados, como afirma Chen (2002), com relação a esta associação entre mães e filhos”, complementa a pesquisadora. A síndrome de Down, mutação genética caracterizada pela tríplice cópia do cromossomo 21, acomete oito mil crianças por ano no Brasil. Entre as doenças bucais que mais afetam os portadores de síndrome de Down, está a doença periodontal de rápida progressão. O estudo avaliou a relação entre os índices CPOD (Índice de Dentes Cariados, Perdidos e Obturados), IPC (Índice Periodontal Comunitário) e IPV (Índice de Placa Visível) dos portadores de síndrome de Down e de seus cuidadores. Os métodos foram baseados em estudo analítico e transversal que avaliou 57 portadores de síndrome de Down na faixa etária de 1 a 35 anos e, em igual número, os seus cuidadores, que apresentaram

faixa etária de 18 a 68 anos, de ambos os gêneros. A análise do IPV foi determinada pelo exame das faces vestibular e lingual dos elementos dentários. Para determinar o CPOD, os portadores e os cuidadores foram submetidos ao exame clínico e, para determinar o IPC, foi realizada a sondagem periodontal, conforme preconiza a OMS (1978). A orientadora atesta que se constatou a transmissão de hábitos alimentares na população estudada, isto é, portadores de síndrome de Down com dieta rica em sacarose eram cuidados por pessoas com também dieta rica em sacarose. O inverso também foi observado: portadores que ingeriam sacarose menos de seis vezes ao dia eram cuidados por pessoas que também tinham dieta semelhante. “Os hábitos e comportamentos adquiridos no dia-a-dia tornam-se rotinas e ficam internalizados e, portanto, difíceis de mudar na vida adulta. Considerando, por um lado, o papel

da ingestão excessiva de açúcares, em especial de sacarose, no aumento da incidência de cárie e, do outro lado, a transmissão de costumes entre cuidadores e portadores, tornam-se importantes a instalação de hábitos dietéticos saudáveis desde a infância e o uso racional do açúcar na alimentação”. O principal aspecto verificado foi a necessidade urgente de implantação de políticas que facilitem o acesso de pacientes especiais ao serviço odontológico, incluindo a capacitação de profissionais para o atendimento e o aumento na disponibilidade de serviços públicos voltados para os pacientes especiais, assim como a necessidade de orientar e sensibilizar os cuidadores sobre a importância de ações de promoções de saúde para as pessoas portadoras da síndrome. Por Márcia Cristina


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