TAMO LÁ - MAI/JUN

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Nº3 ANO 1

MAIO E JUNHO DE 2014

GRATUITO

Foto de Diego Vara/Agência RBS- Bailarina Sophia Silva Velloso

CONQUISTA E AFIRMAÇÃO DE UMA CULTURA

O professor Iosvaldyr Bittencourt Jr, ex-coordenador pedagógico no Esperança Popular, apresenta a construção de cultura na periferia. Contextualiza o cotidiano na Restinga, seu comércio, serviços, a diversidade de espaços de socialização, ultrapassando a visão que as pessoas têm sobre a pobreza e a violência no bairro. PÁGINAS 4 E 5

ALUNO

EXPERIÊNCIA

DICAS

Você pode entrar na UFRGS através das cotas. Saiba como está funcionando esse sistema hoje, com adesão do SISU para o vestibular 2015. Fique por dentro.

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O educador de Geografia, Igor Bortolotti, com base em Malthus (17661834) apresenta teorias demográficas, alerta para recursos alimentares disponíveis e traz questões para pensarmos.

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Daniele Machado Vieira conta sua experiência como educadora do Cursinho em 2009 e sua alegria quando encontrou em ex-aluno na UFRGS: um novo bixo e colega.

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OPINIÃO

Com muita sensibilidade, Ingrid Telles, educanda do Esperança Popular, reflete sobre a origem do nome da sua turma e sugere: “Vamos sair do cubo”.

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AGENDA

EDITORIAL

Entrei no Pré-Vestibular Esperança Popular Restinga em março Te liga nessas dicas do Cursinho Pré-Vesde 2014 com a missão de fazer parte da equipe de Língua Portuguesa, tibular Esperança Popular Restinga. Não dando aulas de Gramática Normativa Tradicional. Para mim, foi tudo esquece dessas datas! Anota, memoriza, cobastante novo e inesperado, pois não imaginava que ganharia essa chance de estar em sala de aula tão rápido, afinal estou cursando, ainda, pia, recorta, circula, mas não perde! o quinto semestre de Letras. INSCRIÇÕES VESTIBULARES Logo, a ansiedade e o medo deram lugar a uma profunda satisFAPA - inscrição até 18/06 prova dia 21/06 fação, um prazer de estar perto de pessoas sonhadoras como eu. Entrei São Judas Tadeu - inscrições até 14/06 na sala de aula e passei a dar aulas como sempre o tivesse feito, com - prova 14/06 alegria, amor e muitíssima dedicação, nada menos do que os alunos Cronograma SISU 2014: merecem, aliás. 09/06 a 13/06: Matrícula da 1ª chamada Dentre essas incríveis experiências, destaco minha vivência 24/06: Resultado da 2ª chamada com os alunos e os colegas professores no Sábado Esperança, evento 24/06 a 07/07: Lista de Espera ocorrido na Escola onde funciona o Cursinho. Pude perceber o quanto 27/06 a 02/07: Matrícula da 2ª chamada é importante a integração entre os alunos das três turmas e os profes14/07: Convocação de candidatos em lista de sores. Foi um dia bastante proveitoso, cultural e emocionalmente espera falando. O tema abordado foi a África, em suas diversas nuances, CONVERSAÇÕES AFIRMATIVAS 2014 com aulas interdisciplinares e a participação grande e interessada dos Roda de conversas sobre Memória e alunos. Tivemos, também, após as aulas, uma descontração com um Patrimônio. lanche e atividades esportivas. Os próximos encontros serão nos dias: Percebi também que nossos alunos têm capacidade de visão 30/07 - Patrimônio cultural de comunidades crítica bastante desenvolvida, por participarem ativamente com ideias, indígenas; com opiniões formadas acerca do assunto que esteja sendo abordado. 27/08 - Patrimônio cultural de comunidades Isso é muito gratificante. Participar dessa construção de conhecimentos quilombolas rurais. e opiniões é alguma coisa que posso afirmar, categoricamente: modificou minha vida para melhor, de maneira irremediável! Mais informações no site do DEDS! Ainda, tive a chance de acompanhá-los no UFRGS Portas http://www.ufrgs.br/deds Abertas 2014, lá no Campus do Vale. Um dia decididamente especial. Neste dia, a UFRGS oferece a chance aos vestibulandos de conhecerLIDERANÇAS NEGRAS FEMININAS NO em os locais onde irão estudar, os cursos oferecidos pela Universidade SUL DO BRASIL: REFLEXÕES SOBRE e suas respectivas dinâmicas, seus cotidianos. GÊNERO, COR E CLASSE SOCIAL: Fiquei muito satisfeita, porque o ambiente era de entusiasmo O curso de extensão acontecerá no auditório e sonho: olhinhos que brilharam diante de um sonho que se mesclava da Faculdade de Arquitetura (Av. Sarmento com esperança foram, sem sombra de dúvida, uma injeção de ânimo, Leite, 320-Campus Centro da UFRGS) nos a certeza de que estou no caminho certo, que demorei a escolher mas, dias 23/07, 25/08 e 26/09. que, a partir de então, não tem volta. Por fim, quero agradecer ao colega Filipe de Zanetti e ao DEDS por tamanha oportunidade. Brinco com o Filipe que ele mudou minha Não perca! vida ao me ofertar a chance de dar aulas no Esperança Popular, mas Programação detalhada no site do DEDS ele sorri e acha que é um exagero. Na verdade, é muito mais do que Em julho estaremos isso. Para uma funcionária pública inquieta com seus saberes e desejos, com atividades na poder dar aulas a um grupo de pessoas que buscam algo de melhor para Restinga. Participe, suas vidas é, realmente, uma caminho sem volta, o caminho do bem, da sugira atividades, alegria e da satisfação pessoal. Obrigada a todos! mostre seu talento na escrita, na música, teatro, desenho. Denise Ramos Informações: http://www.ufrgs.br/deds

TÁ SABENDO DE ALGUM EVENTO LEGAL? COMPARTILHA! Envie um e-mail para o Cursinho Esperança: deds@prorext.ufrgs.br

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ALUNO

COTAS NA UNIVERSIDADE: UMA OPORTUNIDADE

Acervo DEDS

Luciane Bello Em 2001, o Brasil assinou um documento que resultou da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial das Nações Unidas, realizada em Durban, na defesa de adoção de medidas positivas para a população afrodescendente nas áreas de educação e trabalho. Esta atitude revelou o comprometimento nacional com a democratização do acesso ao ensino superior e desencadeou vários movimentos nas universidades brasileiras para a implantação de cotas (que é uma das formas de ação afirmativa) para ingresso de negros, indígenas e estudantes de escolas públicas. Inicialmente a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), através da Decisão 134/2007- Conselho Universitário (CONSUN), previu reserva de vagas de no mínimo 30% (trinta por cento), com a criação de cotas sociais (estudantes oriundos de escola pública), raciais (estudantes oriundos de escola pública autodeclarados negros) e 10 vagas específicas a cada ano para indígenas até 2012. A sociedade brasileira

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começou a questionar este posicionamento do governo federal e os encaminhamentos das universidades públicas, demandando a discussão sobre a constitucionalidade das cotas. O Supremo Tribunal Federal (STF) protagonizou esta discussão através de uma audiência pública, em 2011, em que especialistas e representantes de instituições da sociedade civil puderam manifestar-se sobre o tema. Em 2012, o STF julgou recurso que questionava os critérios adotados pela UFRGS para a reserva de vagas e decidiu pela constitucionalidade das cotas. Neste mesmo ano, a UFRGS fez a avaliação do sistema de reserva de vagas, através do CONSUN e aprovou por unanimidade as mudanças que se adequaram ao Decreto e à Portaria que regulamentam a Lei nº 12.711, da Presidência da República, e define a reserva de no mínimo 50% das vagas para egressos do ensino público nas

universidades públicas, com preferência para as famílias que recebem menos de um salário mínimo e meio per capita. O acesso ao ensino superior conta ainda com o Sistema de Seleção Unificada (SISU) gerenciado pelo Ministério da Educação (MEC), aprovado em 2012. Através dele as instituições públicas de ensino superior oferecem vagas para candidatos participantes do Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM). A inscrição é gratuita, em uma única etapa e é feita pela internet. A UFRGS aprovou a adesão ao SISU, a partir de 2015, reservando 30% aos candidatos com pontuação mínima de 450 pontos em cada uma das áreas de conhecimento do exame e, no mínimo, 500 pontos na redação. Para o ingresso em universidades privadas existe o Programa Universidade para Todos (PROUNI), que tem como finalidade a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições de ensino superior privadas. Novas possibilidades estão se constituindo neste novo cenário para uma camada da população que estava preterida dos processos seletivos pelas deficiências de suas formações e processos históricos de desigualdades de acesso. Vamos aproveitá-las! Ra – candidato egresso do Sistema Público de Ensino Médio com renda familiar bruta mensal igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo nacional per capita; Rb – candidato egresso do Sistema Público de Ensino Médio com renda familiar bruta mensal igual ou inferior a 1,5 saláriomínimo nacional per capita autodeclarado preto, pardo ou indígena; Rc – candidato egresso do Sistema Público de Ensino Médio com renda familiar bruta mensal superior a 1,5 salário-mínimo nacional per capita; e Rd – candidato egresso do Sistema Público de Ensino Médio com renda familiar bruta mensal superior a 1,5 salário-mínimo nacional per capita autodeclarado preto, pardo ou indígena.

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COMUN

RESTINGA: CULTU

Acervo DEDS

Iosvaldyr Carvalho Bittencourt Jr. Uma comunidades da Restinga Velha e a Nova, no dade situada na Extremo Sul do município de Porto periferia, em Alegre. Em 1969, foram iniciadas geral, é conobras da Nova Restinga. A área do struída física, a bairro foi adquirida em 1966, sendo partir dos reprimeiramente denominada como assentamentos, Restinga e, com a criação da Primeira pela ausência de Unidade Vicinal da Restinga Nova, passou a ser reconhecida como Velha infra-estrutura, saneamento, serviços Restinga, atualmente chamada de públicos, social, pela proximidade forçada, dado o assentaRestinga nas- Restinga Velha. Em 1977, mento de famílias provcomeçou a regularização ceu da exclusão enientes de diversas vilas, da Restinga Velha, mesmo pelas estratégias de sobresocial e urbana ano de fundação da escola vivência que perpassavam de samba Estado Maior e conquistou a as relações de proximida Restinga. As primeiras dade; e mentalmente, a pessoas que habitaram afirmação de uma partir das inúmeras reprea Vila Restinga haviam sentações do espaço, vin- cultura produzida sido removidas das vilas culando-o ao confinamento localizadas no entorno na periferia. de segmentos desajustados da área urbana central da da sociedade. cidade, perfazendo um percentual de Em geral, a população empobrecida 10 por cento: Lulu, Maria Degolada, sempre ocupou diversos espaços na Maria do Golpe, Maria da Conceição, cidade, tais como cortiços, avenidas, Teodora, Marítimos, Ilhota e Santa casas de cômodos, malocas, zonas Luzia. Era uma população empobredeterioradas, enclaves nos interstícida e considerada pelas elites como cios dos bairros mais ricos. Porém, maloqueiros. Apesar de tudo, o bairro há um lugar no qual essa população foi oficializado pela Lei 6571, de 8 de se concentra, enquanto espaço que janeiro de 1990, sendo considerado o lhe é próprio e que se constitui como terceiro bairro em população de Porto a expressão mais clara de seu modo Alegre, com 53.794 habitantes (OBde vida, que é a chamada periferia. A SERVA POA). Possuindo aproximadperiferia é constituída pelos bairros amente 21 quilômetros quadrados. considerados mais distantes, mais po- O bairro Restinga possuía diversas debres e menos servidos pelos serviços nominações: Vila Restinga Velha, Vila públicos fundamentais, tais como Nova Restinga e Restinga Nova. Semtransportes, saúde, escola, segurança, pre existiram contrastes entre a Velha trabalho, habitação, redes de água, luz e a Nova, originando discriminações e esgoto, etc. entre os habitantes de uma e de outra Assim foram formadas as comunique persistem até os dias atuais.

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A Restinga é o terceiro bairro mais popular da capital e carrega o estigma da violência. É considerada mais extensa do que muitos municípios gaúchos. Enquanto os jornais da grande mídia destacam a violência policial, a pobreza econômica e social da Restinga, os jornais de bairro (Jornal Vitrine e Jornal da Restinga) e a TVRestinga na Web procuram ressaltar os aspectos afirmativos em termos socioculturais e econômicos do bairro, dando destaque para o crescimento comercial, imobiliário; de serviços de profissionais liberais e das áreas de consumo, de tal modo a elevar a autoestima, fortalecer os laços comunitários e a identidade do bairro. Desta forma, eles pretendem combater os estereótipos depreciativos em torno da idéia de pobreza e da violência. O estigma, de acordo com a urbanista Raquel Rolnik (USP) se dá quando a comunidade, situada na periferia, é representada e mostrada pelo olhar de alguém que não vem de lá, que não vive lá, enfim, de um olhar totalmente estrangeiro sobre aquela realidade. Para minimizar essa imagem, é imprescindível dar voz também a outras questões, mostrar outras verdades. Para isso, é necessário oferecer oportunidades para que a periferia possa se mostrar da forma como gostaria. Por alguns anos, muitos moradores da periferia, sobretudo os jovens, tinham muita dificuldade em assumir que viviam em regiões periféricas, nas ocasiões de busca de emprego nas áreas acadêmicas e áreas de sociabilidade públicas centrais e, mesmo,

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NIDADE

URA NA PERIFERIA para algum pretendente. Na Restinga Velha e Nova, contudo, o samba, o carnaval, o hip hop, o nativismo e os movimentos religiosos evangélicos, católicos, afro-brasileiros, adventistas, batistas, universal do reino de Deus passaram a moldar o cenário social

(muitos atletas foram encaminhados, em parceria, para a Sogipa), o centro esportivo objetiva operar com geração de empregos; atuação na prevenção da violência doméstica e, ainda, oferta de atividades com cinema, teatro e skate, além de serviços de telecentro e

psicólogos, pedagogos, fisioterapeutas, médicos, profissionais de educação física, contabilistas, odontólogos e mais de quatro super-mercados, lojas pet, lojas de presentes e bazares. Diante destes aspectos, podemos perceber que a periferia é mais complexa que os imaginários da violência e da pobreza. De acordo com a professora Ana Tettamanzy (UFRGS), nos espaços periféricos urbanos, como os da Restinga Velha e Nova, as produções originárias de espaços de exclusão acabam sofrendo diferenciadas influências socioculturais, as quais são reelaboradas, de forma a oferecer um modo distintivo cultural e afetivo-emocional e de pertencimento à comunidade da periferia. São sentimentos que afloram nos indivíduos ou grupos que fazem com que eles se sintam partilhando algo comum.

e cultural acerca de uma biblioteca. Com os moraestética da periferia. Com Há também diversos temos moradores assumindo dores assumindo plos religiosos, tais como um conjunto de novas Igreja Batista, Adventista um conjunto de formas e sentidos simbólido Sétimo Dia, Assemcos afirmativos, no que se novas formas e bléia de Deus, Igreja do refere a classe, etnia, lugar Evangelho Quadrangular, sentidos simbólide moradia e condição de Igreja Universal do Reino jovem na metrópole, cujo cos afirmativos, de Deus, Internacional da grito de guerra e orgulho de Deus, sendo que ...os faz declarar: Graça os faz declarar: “Sou na Restinga já foi realizado Tinga, e daí?”. “Sou Tinga, e o 9º Encontro Cultural Existem inúmeros Evangélico na Esplanada prédios ligados ao poder da Restinga; a 12ª Feira do daí?” Peixe na Esplanada da Restinga na público, como Centro Comunitário Semana Santa; Encontros de Jovens (Cecores) com quadras de basquete e de futebol de salão; Fórum judiciário; com Cristo na Igreja Nossa Senhora da Misericórdia; casas de cultos igrejas e órgão de assistência social; batalhão da Brigada Militar, Corpo de afro-brasileiros, como Batuque, CURSINHO PRÉ-VESTIBUlAR Bombeiros; biblioteca pública munici- Umbanda, Quimbanda. Na RestESPERANÇA POPULAR inga existem instituições educapal, anexo da Biblioteca Municipal RESTINGA cionais e sociais como Renascer Josué Guimarães. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do da Esperança, Ananda Marga EDUCADORES DO DEPARTAMENTO (instituto indiano), curso préCURSINHO DE EDUCAÇÃO E Rio Grande do Sul (IFRS), por meio vestibular Esperança Popular Breno Costa DESENVOLVIMENTO do Câmpus Restinga, atua com a ofBruno Affeldt SOCIAL (DEDS) Restinga, etc. São promovidas erta de diversos cursos técnicos, como Camila Demirof Daiane Moraes atividades esportivas de futebol Guia de Turismo, Superior de TecnoClayton dos Reis Luciane Bello de campo e de salão; capoeira, Daniel Bomqueiroz logia de Sistemas, Gestão Desportiva Rita Camisolão taekwondo, futebol americano, Denise Santos e de Lazer e Eletrônica Industrial. hapkidô, etc. Filipe de Zanetti O complexo Esportivo Barro VerJORNAL TAMO LÁ Gabriel Gonzaga Na área de serviços de profismelho, situado em uma área de 2,5 Gabriel Pegoraro DIAGRAMAÇÃO E sionais liberais e comércio, a hectares tem por objetivo formar ciIgor Bortolotti PROJETO GRÁFICO dadãos, por meio do esporte. Além da Restinga apresenta desde adJulio Baldasso Gregory Benes Raabe vogados, assistentes sociais, Lucas Ebbesen formação de jovens para o atletismo Lucas Ebbesen

Pedro Cladera Rodrigo dos Santos Saul Bastos

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Marília Bandeira

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DICAS

TEORIAS DEMOGRÁFICAS

Acervo DEDS

Igor Bortolotti Geografia

Olá respeitável leitor! Nesta minha primeira contribuição com o jornal e como educador de geografia no cur sinho, vamos discutir um pouco sobre as Teorias Demográficas, que buscam o entendimento sobre o crescimento da população, os recursos disponíveis e as consequências para todos nós. Mas trago este tema, levando em consideração a divulgação do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado nos últimos dias, que alerta diversos riscos para o século, além da crise de alimentos e suas consequências para a saúde humana. Hoje, já sabemos que a população mundial ultrapassou os 7 bilhões de pessoas; esta população cresceu muito rápido, se comparados os dados das últimas décadas. A questão que fica é: teremos, realmente, recursos disponíveis para alimentar e atender as necessidades básicas de tão grande número de habitantes? Mas esta questão já vem sendo discutida há muitos séculos, para se ter uma ideia, desde o século XIX, com as teorias populacionais. Então, vamos conhecer alguns estudiosos e duas ideias. Começamos com Thomas Robert Malthus, um dos primeiros a se preocupar com essas questões. Ele dizia que o aumento da produção de alimentos seria menor do que o crescimento do número de habitantes no mundo, e assim, logo, não haveria mais alimentos para as pessoas. Segundo Malthus, a humani-

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dade estaria condenada a passar por problemas como subnutrição, fome, doenças, epidemias, entre outros fatores. A solução do teórico seria abandonar as práticas sexuais, diminuindo, assim, o número de nascimentos e controlando o crescimento total de habitantes. Ele culpava a população pobre, como responsável pelo excesso

de gente no mundo, sendo necessário que cada pessoa tivesse somente o número de filhos que pudesse criar. À teoria elaborada por Malthus dá-se o nome de malthusiana ou malthusianismo. O erro nesta teoria, é que Malthus não imaginava que as tecnologias nas produções agropecuárias e industriais fossem se tornar tão avançadas. Essa evolução permitiu que a produção de alimentos fosse muito maior que o número de habitantes no mundo, provando assim que ele estava enganado. Mas, hoje em dia, muitas pessoas ainda acreditam que problemas relativos à fome e à subnutrição no mundo sejam ocasionados pela falta de alimentos e pelo excesso de pessoas. Mas, ao contrário de Malthus, esses teóricos defendem que para controlar o crescimento populacional é necessário adotar métodos contraceptivos, isto é, aqueles que impedem que novas pessoas nasçam. As pessoas que defendem essas ideias

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são chamadas de neomalthusianas. Também existem aqueles teóricos que são totalmente contrários às ideias defendidas por Malthus e pelos Neomalthusianos; eles são os reformistas ou marxistas. Eles afirmam que o problema da fome e da miséria no mundo não é a falta de alimentos para a população e também não é culpa do excesso de gente. Esses problemas, na verdade, seriam causados pela má distribuição de renda e do acesso aos bens de consumo. Em outras palavras, para os reformistas, a questão é a desigualdade econômica, e não a falta de recursos. A solução, segundo eles, seria distribuir de uma forma mais democrática a renda, através de reformas sociais que melhorem as condições de vida das populações mais pobres. Assim, se essas pessoas tiverem melhores condições de vida, melhor educação, saúde e outras coisas, terão maiores condições para abandonarem a miséria. Além disso, é preciso evitar que os ricos ganhem cada vez mais e os pobres fiquem com cada vez menos. Com estas palavras, você pode conhecer os principais estudos ou teorias demográficas, suas ideias e conclusões. E você, tem alguma ideia ou conclusão, de onde esse crescimento populacional irá chegar? Quanta gente este mundo realmente poderia suportar? Estas e outras questões são importantes de serem levantadas, como forma de conscientização da situação em que a população mundial se encontra, assim, como já nos alerta o relatório do IPCC. Muito obrigado pela sua leitura e até a próxima edição.

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EXPERIÊNCIA

OI, COLEGA!

Acervo DEDS

Daniele Machado Vieira

Lembro da minha alegria quando em 2009 a Raquel Chites e o Éder Rodrigues, colegas da UFRGS, me convidaram a compartilhar as aulas de Geografia no PV Esperança Popular da Restinga. Inicialmente, um friozinho na barriga: estava no 4º semestre e nunca tinha dado aulas. Seria a minha primeira vez! Contudo, estava extremamente contente: estar na Tinga e voltar-me para ela era muito significativo para mim. Embora nunca tivesse morado ali, tinha uma relação de afeto e reciprocidade com aquele espaço; minha avó e as minhas tias ali residiam. Além disso, era também a oportunidade de falar com pessoas de uma realidade semelhante à minha: gente que almeja estudar, mas para quem as condições financeiras e sociais nem sempre são favoráveis. Contar como entrei e desconstruir o mito da UFRGS foi minha primeira ação. O discurso da meritocracia (em que só os melhores vencem) não seria passado adiante. Queria que eles soubessem que eu não era diferente, que não era melhor; apenas tinha me dedicado “muiiitooo” e conseguido passar no vestibular. Na primeira tentativa reprovei feio; percebi que precisava baixar a cabeça e estudar. A segunda foi na trave. E a terceira foi de goleada! Eu não queria ser exemplo, mas que eles soubessem que também podiam. Já na primeira aula - primeira aula da minha vida

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– aconteceram duas situações pelas quais eu não esperava. Primeiro, um menino me faz uma pergunta que eu não sabia responder. Poxa: logo essa? Tive receio de que eles perdessem a confiança em mim, mas não se sabe tudo. Respondi que iria pesquisar e traria na aula seguinte. Quando menos espero, no meio da aula, o Prof. Iosvaldyr C. Bittencourt Jr. (coordenador na época) entra, tentando não ser notado. Respirei fundo e segui. Apesar da minha pouca experiência, aquele foi um semestre marcante, com aulas maravilhosas e cheio de encontros com alunos e colegas queridos. Edmilson,

GALERIA Espaço cultural do jornal em que iremos expor a cada edição a arte de nossos educandos e educadores, e da comunidade

Saul por Maurício Junker e Jean Medeiros

Lucas por Maurício Junker e Jean Medeiros

Indiara, Klawber, Fernando, Luiza, Éder e Helena são apenas alguns deles. Momentos que contribuiram muito para a construção da minha identidade de professora. E continuam a contribuir... Dois anos depois, durante o Salão de Iniciação Científica – SIC 2011, no pátio da FACED ouvir um “oi, sora” foi gratificante! Era o Edmilson, ex-aluno do PVEP, restingueiro, atual aluno da Educação Física da UFRGS; para quem tive a imensa satisfação de dizer: oi, colega!

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Denise por Maurício Junker e Jean Medeiros

Quer que seu trabalho apareça aqui? Envie para deds@prorext.ufrgs.br

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OPINIÃO

FORA DO CUBO Ingrid Telles

Desenho de Ingrid Telles

Uma vez eu ouvi uma história sobre como os filósofos, artistas e idealistas em geral, criavam ou obtinham suas ideias (não lembro bem quem me contou, mas provavelmente pode ter sido algum professor do ensino fundamental). É uma interessante analogia sobre a sociedade: A PAREDE ENORME. Diz a lenda que a sociedade é uma PAREDE ENORME onde todas as pessoas vivem próximo ou a rodeiam. Mas, existe também um pequeno

número de pessoas que decidem ficar longe, e bem distantes desta PAREDE para melhor observá-lo. Estas pessoas são justamente os artistas, os filósofos e os idealistas em geral. No entanto, algo diferente acontece com estas pessoas, pois assim como

na história da humanidade, tudo muda através de grandes descobertas: uma vez que elas se afastem dessa PAREDE ENORME poderão ver melhor e totalmente como ela é realmente, e a observar de um jeito real, pois, quem está próximo não consegue enxergar com clareza os seus detalhes. Para as pessoas que se afastaram desta parede, a realidade foi impactante o suficiente para que suas vidas nunca mais fossem as mes-

mas. Nunca mais puderam enxergar a sociedade com os olhos da própria sociedade, porque a verdade está escancarada diante de seus olhos já abertos para os reais detalhes daquela “PAREDE ENORME”. O que esta mensagem quer dizer, é

que tudo aquilo que não vemos ou desconhecemos torna-se incompreensível, sem sentido. Está na hora de pararmos com isso; chega de julgar e ter aquele velho costume de fechar os olhos e abrir a boca; experimente o contrário: feche a boca e abra os olhos, viva entendendo a vida. Acredito que talvez que o real significado do nome da minha turma ser HUMANOS FORA DO CUBO possa ser este sair do seu mundinho (CUBO) e

ver de longe a PAREDE ENORME (MUNDO) para melhor observar, compreender, e por que não, melhorála. Todos nós podemos e devemos sair do cubo. TODOS NÓS!

Todas as palavras deste artigo são de INTEIRA responsabilidade do autor

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