Nº2 ANO 1
MARÇO E ABRIL DE 2014
GRATUITO
OS PRÓXIMOS DA RESTINGA NO LISTÃO DA UFRGS DE 2015
Ainda era final do mês de fevereiro quando os novos educandos do Cursinho Pré-Vestibular
Esperança Popular Restinga foram recebidos na Escola Municipal Alberto Pasqualini, na Restinga
Nova. Para atender à demanda da comunidade, o Esperança abriu mais uma turma de alunos,
permitindo o acesso de todos os inscritos no processo de seleção. Dos educandos deste ano, dois
COMUNIDADE
DICAS
OPINIÃO
Carolina Silva de Paula tem 22 anos, mora na Restinga e foi aprovada no curso de Farmácia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Essa conquista pode parecer simples e fácil, mas não foi. Nas páginas cen-
Você sabe como começou a vida na Terra? Os educadores de Biologia do Esperança Bruno Barbosa e Breno Costa nos levam ao princípio de toda a vida no planeta Terra.
O árbitro Márcio Chagas e o jogador de futebol Daniel Alves possuem uma triste semelhança: ambos foram vítimas recentes de casos de racismo. Alves foi alvo de uma banana atirada por um torcedor durante partida do Campeonato Es-
trais desta edição do Tamo Lá, Carol nos conta que batalhou bastante para alcançar este objetivo tão importante. Ela relata o dia a dia de quem muito estudou em busca de alcançar um sonho.
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transmitiram - cada um a sua forma - suas impressões e expectativas para 2014.
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panhol. O jogador optou simplesmente por comê-la. Já Chagas teve o seu carro danificado e encontrou uma banana no escapamento do veiculo após a arbitragem de uma partida na Serra Gaúcha.
CONTRACAPA
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EDITORIAL Mesmo o TCE (Tribunal de Contas do Estado) comprovando que o valor justo da passagem era R$ 2,60, mesmo com a onda de manifestações no ano passado pedindo, entre diversas coisas, a estatização do transporte público, o prefeito José Fortunati tratou de favorecer os empresários de ônibus de Porto Alegre. Os mesmos empresários que estão “trabalhando no limite”, mas que de maneira nenhuma abrem mão das suas concessões. Concessões essas que são ilegais, já que trabalham, até o momento, sem licitação. Todo ano é a mesma peça em cartaz. Os rodoviários entram em greve exigindo que se cumpra o reajuste salarial, um justo. Os empresários usam as greves como bode expiatório para estipular um aumento de R$0,30 (aproximadamente) na tarifa de ônibus. O prefeito aparece como um super-herói “conseguindo” um aumento de R$0,15.
O TCE apontou que o faturamento das empresas de ônibus está em torno de 20%. Em 2011, os empresários lucraram quase R$ 481 milhões, sendo que o acordo seria de, no máximo, uns 6%. Desse dinheiro, a maior parte vai pro bolso do patrão, afinal, é consenso a situação precária dos ônibus de Porto A, a má administração gerando atrasos e superlotação e o não pagamento de salários justos para os trabalhadores. Tudo isso por um preço abusivo. Mas esse ano foi algo único. Mesmo com a licitação em andamento, o prefeito confirmou o aumento da passagem sem fechar a legislação. Como disse o Juremir Machado em sua coluna: “eu não entendo muito dessas coisas, mas o óbvio não é esperar a licitação para depois tomar qualquer procedimento sobre o transporte público?”. Acho que a maracutaia fica mais fácil sem regras, mas isso sou eu especulando coisas. Na verdade, pra
eles deve ser fácil de qualquer jeito. No meio de tudo isso, quem merece nossos aplausos de pé é o Bloco de Lutas pelo Transporte Público. Sempre puxando passeatas contra o aumento. No ano passado foi o principal responsável pelas manifestações gigantescas em Porto Alegre. Mesmo sofrendo com a perseguição da Brigada, que vem prestando um desserviço aos cidadãos agindo com truculência quase desumana para proteger o bem privado, manteve vivo o protesto de rua. Hoje membros do Bloco acampam em frente à Prefeitura e estão recolhendo assinaturas para um projeto popular de municipalização do transporte público em Porto Alegre. Independente das posições sobre o projeto, a ação do grupo é louvável, merece nosso reconhecimento e nossa ajuda. Já passou da hora de Porto Alegre deixar de ser uma província. GABRIEL GONZAGA Educador de História
AGENDA Te liga nessas dicas do Cursinho Pré-Vestibular Esperança Popular Restinga. Não esquece dessas datas! Anota, memoriza, copia, recorta, circula, mas não perde!
CONVIVÊNCIAS 2014
Uma troca entre o saber acadêmico e o popular possibilitando que todos participem da construção e das transformações da universidade e da sociedade. A edição de 2014 do Convivências vai ocorrer no final do mês de julho com atividades na comunidade e na universidade.
SEMANA DA ÁFRICA
Em maio acontece a 2ª Semana da África na UFRGS. Mesas de discussão e o Ciclo de Cinema Africano compõem o evento. A programação completa pode ser conferida no site: http://www.ufrgs.br/deds
VESTIBULAR DE INVERNO - PUCRS
Estão abertas até 23 de maio as inscrições para o vestibular da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Os interessados devem se inscrever através do site da universidade. As provas ocorrerão nos dias 7 e 8 de junho, das 14h às 18h, no próprio campus.
TÁ SABENDO DE ALGUM EVENTO LEGAL? COMPARTILHA! Envie um e-mail para o Cursinho Esperança: deds@prorext.ufrgs.br
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ALUNO
POR MAIS QUE
VOU PASSAR MUITO CERTO (PONTO)! ALEXANDRE RODRIGUES Educando do Pré-Vestibular Esperança Popular Restinga
Primeiramente, pra mim, este era o meu ano de já estar cursando a minha linda educação física, porque, em 2013, estudei muito, ou melhor, nunca tinha estudado tanto para algo como para o vestibular da UFRGS. Meu ano de 2013 começou todo para ser um ano de conquistas. Infelizmente, no meio do ano até o final do mesmo, a minha vida deu uma baita reviravolta. Primeiro com a descoberta do câncer da minha mãe, trazendo junto o estresse, a falta de tempo (o que eu tinha de sobra até julho), a pressão dos parentes(quer iam que eu largasse o cursinho e fosse trabalhar, menosprezando o meu sonho. Eu decidi que não ia fazer isso, é claro. E o principal: a própria pressão em mim mesmo de tentar botar tudo isso nas costas e ir até o fim. Só que no final de novembro as coisas já estavam ficando mais
difíceis. Os médicos já tinham dado um ultimato pra mim sobre a minha mãe, deixando claro que seria muito difícil dela ter uma recuperação. Ela não conseguiu lidar bem (creio que ninguém lida), e entrou em depressão muito rápido, facilitando a evolução da doença, e, com certeza, afetando a mim também. Mas eu enfrentei tudo isso, por isso eu achei que merecia ser bixo em 2014. Ainda mais quando minha mãe não resistiu ao câncer e veio a falecer logo no primeiro dia de 2014 - o tão desejado ano novo (pra mim, já em contagem regressiva pro vestibular). Enfim, fracassei na UFRGS, ironicamente, nas matérias que eu mais estudei: as de peso três para Educação Física (Biologia, Redação e Português). Às vezes, por mais que nos esforçamos para algo, quando não é para dar, não vai dar. Eu sou um cara
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que aceito: perdeu, fracassou, começa de novo porque, querendo ou não, lhe dá muita experiência a derrota. Não é a melhor coisa de se vivenciar, mas ajuda no crescimento. Para este ano tá muito mais difícil: morar sozinho, fazer comida, limpar a casa, trabalhar, pagar as contas, alimentar os bichos... Tudo que é básico, hoje em dia, me come tempo. E, pra mim, tempo é fundamental pra conseguir estudar. No entanto, agora eu tenho experiência, sei como funciona, posso ir por atalhos. Tenho anotado resumos no caderno, também folhinhas que me deram ajuda anteriormente. Assim, vou usar todos os recursos usados outrora pra me auxiliar no “vestiba”. Neste ano, estou com mais dúvida em relação aos cursos. Estou pensando agora em fazer Letras Por tuguês-I nglês, até porque, no ves-
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L’ORDERMÖRDER (pseudômino de educando[a] do cursinho Pré-vestibular Esperança Popular Restinga)
Por mais que não amemos Por mais que não sejamos amigos Por mais que não nos falemos Por mais que não nos vejamos Por mais que não nos olhemos Por mais que nos odiemos Por mais que não nos visitemos Por mais que não nos gostemos Por mais que briguemos Por mais que haja distância entre nós Por mais que não seja dita: Uma palavra amiga Por mais que haja diferença: Entre nossas crenças Por mais que sejamos conhecidos Por mais que sejamos opostos, Yin-yang Por mais que sejamos o bem e o mal Por mais que sejamos a luz e as trevas Por mais que sejamos a morte e a vida Por mais que sejamos a mentira e a verdade Por mais que sejamos o corpo e a alma Por mais que tenhamos opiniões opostas Por mais que tenhamos gostos diferentes Por mais que tenhamos os favoritos E os desfavoráveis Por mais que tenhamos olhos e ouvidos... Não vemos e não ouvimos, Cremos no que queremos. E nos enganamos... Por mais que julguemos uns aos outros Por mais que... Por mais que tudo isso aconteça, Não deixemos de ser amigos! tibular 2014, fiz uma ótima pontuação na língua inglesa. Mas é isso aí! Tenho certeza que 2015 é bixo! A fase turbulenta vai dar lugar
à glória! Este 2014 vai ser um excelente ano de aprendizado para futuras novas experiências que me aguardam. #partiu #ufrgs2015
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“Sou Carolina Silva de Paula, moro na Restinga desde que nasci, há 22 anos. Me sinto segura morando aqui, pois nunca fui assaltada, mesmo chegando em casa pela madrugada. O único fato que me incomoda na Restinga é a distância ao Centro e a demora dos ônibus. Fiz o Ensino Fundamental na Escola Municipal Alberto Pasqualini (Restinga) e o Ensino Médio na Escola Técnica Estadual Sen. Ernesto Dornelles (Ce n t ro ) . Fiz três vestibulares para os cursos de Toxicologia Analítica (tecnólogo), Biologia e Farmácia. Fiz o ENEM/SISU e passei em Farmácia na UFCSPA – Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. As dificuldades que encontrei foram falta de dinheiro para poder fazer o cursinho antes, falta de
COMUN
CAROLINA SIL
A FUTURA FAR tempo porque eu precisava trabalhar e só tinha os finais de semana livre, o que é muito pouco pra quem quer passar em uma Federal. Conciliava os estudos e o trabalho as-
até 0h30. Não rendia muito, mas era o que eu podia fazer. Como trabalhava aos sábados até às 13h, chegava em casa às 14h30, dormia um pouco de tarde e ficava estudando das 17h até à 1h da manhã. No domingo, n e m a b r i a as janelas do quarto pra não dar vontade de sair assim conseguia estudar mais. sim: eu ia para o cur- Nem sempre esse sinho de manhã, de plano dava certo. lá ia trabalhar até às Tinha dias que eu 19h, quando chega- saía para ver meus va em casa às 20h30, amigos e me sentia comia alguma coisa culpada, pois deverapidamente, tomava ria estar estudando. um banho e pegava Teve vezes que eu até
“No dia que compareci à faculdade para assinar os documentos foi muito emocionante, quando chamaram meu nome tive certeza que minha busca havia terminado e a vaga era minha!”
essa agonia, mas no fim deu tudo certo. Meus planos futuros são me formar na faculdade de Farmácia, entrar em pesquisas de mestrado e doutorado. Vou estudar muito para entrar na perícia criminal e um dia pretendo ser professora universitária também. Não descartei a possibilidade de continuar fazendo vestibular, dessa vez vou ficar tentando Medicina, se eu passar aí cursarei. De qualquer forma, estou muito feliz na Farmácia, é um curso fantástico e que nos abre muitas portas. O que mais me ajudou em todo este processo e não me deixou desistir foi o fato da minha mãe ter me ajudado financeiramente. Isso contou muito pra eu poder fazer o cursinho prévestibular, porque se não fosse assim pro-
nota suficiente. produ A perspectiva de po melhorar minha condição financeiDAIA ra e ter uma boa posição profissio- MOR nal também foram decisivas em minha persistência. O meu processo de ingresso na Universidade todo foi através do ENEM. Como eu passei somente na lista de espera, quando saíram a primeira e segunda chamada meu Carolina, moradora nome não no 1º semestre do c da UFCSPA (Univers estava em Ciências da Saúde nenhuma dessas listas. Eu já havia participado de outros dois vestibulares e sabia mais ou menos em que posição m e u n o m e vavelmente eu não estaria da lista de teria conseguido a espera. No dia que
“Domingo nem abria as janelas do quarto pra não dar vontade de sair pra rua, assim conseguia estudar mais...”
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meus livros pra fazer tomei remédio pra testes, ficava lendo dormir só pra passar
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da tenho várias oportunidades de bolsas estudantis que auxiliam financeiramente. Se tenho vontade de desistir da faculdade? Sim! Todos os dias quando chego cansada em casa. Mas não vou desistir porque meu futuro depende disso, noites sem dormir, trabalhos i n t e r mináveis, colegas cobrando prazos, mas a vida é assim e no final vale muito a pena. A dica é não desistir por mais cansaço que se tenha.”
NIDADE
LVA DE PAULA
RMACÊUTICA
compareci à faculdade para assinar os documentos foi muito emocionante. Quando chamaram meu nome tive certeza que mi-nha busca havia terminado e a vaga era minha! Foi tudo muito rápido. Comemoração com festa não tive, pois as aulas começaram em s e g u i da e não tive mais tempo pra isso, mas a comemoração a da Restinga, está maior está curso de Farmácia dentro de sidade Federal de mim, pois de Porto Alegre) sei que consegui atingir meu objetivo, pois toda minha vida dependia disso. Agora que estou na UFCSPA me sinto diferente, melhor por que, apesar de morar num bairro mais carente e afastado do centro da cidade, ter conseguido atingir
uzida or ANE RAES
meu objetivo, muito diferente do que normalmente se vê por aqui. Muita gente larga os estudos ou tem filhos cedo. Eu me sinto feliz por não fazer parte dessa estatística e estar em um curso superior de uma universidade federal pelo meu próprio esforço. Minha dica para as pessoas que querem entrar na universidade é que não tenham preguiça de acordar cedo, que não escutem a opiniões aleatórias de pessoas desmotivadas, que saibam filtrar as informações que recebem e corram atrás do que
do vestibular tenta nos fazer desistir e seja por inveja ou qualquer outra razão, não faz sentido algum. Por mais difícil q u e pareça no final a gente para e pensa: ‘Era só isso’? E sim, era só isso. Um ano sem sair pra festa, sem tomar chimarrão no parque.
“Agora que estou na UFCSPA me sinto diferente, melhor por apesar de morar num bairro mais carente e afastado do Centro da cidade, consegui buscar meu objetivo, muito diferente do que normalmente se vê por aqui.”
“O que mais me ajudou em todo este processo e não me deixou desistir foi o fato da minha mãe ter me ajudado” realmente querem. Mas agora estou em Muita gente du- uma Federal onde rante esse caminho não pago nada e ain-
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CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR ESPERANÇA POPULAR RESTINGA EDUCADORES DO CURSINHO Breno Costa Bruno Affeldt Camila Demirof Clayton dos Reis Daniel Bomqueiroz Denise Santos Filipe de Zanetti Gabriel Gonzaga Gabriel Pegoraro Igor Bortolotti Julio Baldasso Lucas Ebbesen Pedro Cladera Rodrigo dos Santos Saul Bastos
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL (DEDS) Daiane Moraes Luciane Bello Rita Camisolão JORNAL TAMO LÁ DIAGRAMAÇÃO E PROJETO GRÁFICO Gregory Benes Raabe Lucas Ebbesen Marília Bandeira
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DICAS BIOLOGIA Breno Costa e Bruno Barbosa
E FOI ASSIM QUE TUDO COMEÇOU... Certamente, você já deve ter parado pra pensar em como foi que tudo que começou? Como surgiu a vida na terra? Se o criador criou a criatura, então, quem foi o criador daquele que criou a criatura? Se alguém ou alguma coisa criou o primeiro ser vivo, então este não deve ter sido o primeiro. É, essa parece ser uma questão que a biologia ainda não conseguiu decifrar por completo. Bom, os infinitos debates sobre as teorias de nossa existência parecem não ter fim e nem é esse o nosso foco no momento. Vamos apresentar aqui algumas teorias que tem sido levantadas sobre o assunto, mas vale lembrar que cada um deve crer naquilo que achar necessário, então nós não defenderemos nenhum ponto de vista, e tentaremos ser os mais imparciais possíveis. Existem algumas teorias científicas e outras nem tanto de como surgiu a vida no nosso planeta, qual é a certa ou não vai depender dos argumentos apresentados e do ponto de vista de cada um. Feito isso, vamos aos fatos! Segundo o determinismo biológico, a vida deve surgir quando ocorrer condições que lhe são favoráveis, logo, as condições encontra-
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das nos primórdios da terra permitiram que ocorresse , em algum dado momento (estima-se entre 3,5 a 3,8 bilhões de anos atrás) o surgimento da vida no nosso planeta. A vida como se apresenta hoje é bem distinta dos primeiros seres, a grande dificuldade de compreensão está associada à escassez de registros fósseis da época e, apesar disso, d u a s grandes frentes l e va nt a das sobre a origem da vida fo ra m defendidas por cientistas e pensadores em diferentes épocas. Aristóteles, o grande filósofo grego, discípulo de Platão e professor de Alexandre “O Grande” defendia, há mais de 2 mil anos atrás, uma teoria chamada de Geração Espontânea. Ele supôs haver a existência de um princípio vital capaz de gerar vida da matéria inerte (do barro), ou seja, de algo que não fosse vivo. Também defendida por cientistas do final de século XIX a Abiogênese, trata de defender a ideia de que a vida surgiu a partir da evolução de matéria não viva. Nos primór-
dios do pla-neta, a constituição de nossa atmosfera era bem diferente do que se encontra hoje, existiam alguns gases em abundância, como Amônia, Metano, Hidrogênio e vapor d’água, que, juntamente com oceanos quentes e descargas elétricas geradas por raios, foram capazes de romper as ligações desses gases e gerar as primeiras
Experimento de Pasteur
moléculas orgânicas do planeta que foram, principalmente, Aminoácidos e Carboidratos. A partir de então, moléculas inorgânicas constituíram moléculas orgânicas que organizaram-se em protocélulas chamadas de coa-cervados, que não foram os primeiros seres vivos, mas sim uma das formas mais primitivas de organização. Atualmente, essa teoria também recebe o nome de Teoria da evolução gradual dos sistemas químicos ou
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teoria da evolução moder-na é uma das mais aceitas na atualidade. A teoria da Biogênese, defendida por Redi e Pasteur diz que a vida deve vir de necessariamente de outro ser vivo preexistente, o que de fato serve muito bem para explicar a vida apresentada hoje, mas não para os primeiros habitantes terrestres.Além disso, apresentam-se também outras teorias que propõem u m a origem extraterrestre para o início da vida, denomin a d a anspermia. Ela diz que a vida teria se origin a d o fora do nosso planeta e teria “aterrissado” em nosso planeta trazida por cometas e asteroides que se chocaram com a terra contendo no seu interior compostos orgânicos complexos. O interior desses corpos celestes teria protegido esses compostos do atrito com a atmosfera, mas o grande problema é a quantidade de matéria orgânica necessária para que isso pudesse sustentar a evolução da vida na terra até o aparecimento dos autótrofos. Existe ainda uma teoria que
tenta explicar a vida de uma maneira não científica, mas sim filosófica e religiosa chamada de teoria do criacionismo. O criacionismo é a teoria religiosa que defende a criação do universo e tudo que há nele - incluindo o planeta terra e todas as formas de vida que o habitam – feita por um criador sobrenatural e divino. Dependendo da religião se atribui um nome específico para esse criador, mas no geral, todas defendem a ideia de que uma entidade divina arquitetou a vida inteligente como conhecemos hoje. Contudo, as teorias criadas para explicar como surgiu a vida na terra não dão conta de todos os fatos, por mais que se tente classificar as coisas para que haja uma melhor compreensão, nem tudo depende exclusivamente da razão para o entendimento, existem inúmeros assuntos que a humanidade ainda não é capaz de explicar, e a ciência se esforça para esclarecer os fatos e compreender os fenômenos descritos. O tamanho do desafio deve ser encarado como uma fonte de estímulo para a busca do conhecimento, e dentro de suas limitações, a ciência busca sempre a verdade!
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EXPERIÊNCIA
PONTO DE PARTIDA MISAEL BESKOW Ex-educador do Pré-Vestibular Esperança Popular Restinga
Queridos colegas, Eu poderia dizer inúmeras coisas a respeito da minha passagem pelo cursinho e o quanto ele significou para mim. Trabalhar nesse projeto foi uma experiência maravilho-sa! Mas além disso, foi algo libertador na minha vida. Através do cursinho eu realmente tive a certeza de que meu lugar no mundo é dentro de uma sala de aula. Aprendi muito com todos os educadores e educandos com os quais tive o privilégio de trabalhar nesses três anos. Há algum tempo eu tenho uma “filosofia de vida”, por assim dizer, de que nós estamos aqui pura e simplesmente para aprender com o outro e levar conosco um pouquinho das pessoas que encontramos na vida. E com o cursinho não foi diferente para mim. Por isso, ao invés de me despedir com palavras melancólicas, vou dizer um pouco o que aprendi com cada um de vocês. Com o Bruno aprendi que é possível,
apenas com uma conversa de poucos minutos, confiar inteiramente em uma pessoa; e que um sorriso, uma piada ou uma “bobagem” qualquer dita por alguém pode ser tudo o que precisamos para tornar o dia mais feliz. A Stéphani me ensinou que nunca devemos parar de perguntar, de questionar, e que a inquietação por saber mais é uma das coisas mais fascinantes na nossa profissão. Com a Alessandra - com quem vivi os momentos mais intensos no cursinho - eu aprendi que nunca devemos desistir de alcançar nossos objetivos, e que não devemos deixar de acreditar nos nossos ideais, mesmo que isso às vezes nos faça chorar. O Clayton me ensinou que a opinião mais sensata nem sempre é aquela dita com veemência a todo instante, mas sim aquela que é exposta no momento certo. Com o Lucas aprendi que uma pessoa talentosa pode surgir e
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fazer as coisas darem certo de uma forma muito melhor do que nós, às vezes pretensos detentores do saber, achamos que podemos fazer. O Gabriel - que, como eu, acha que comer é uma ótima maneira de passar o tempo - me ensinou que uma pessoa jovem defendendo com paixão seu ponto de vista, seja ele qual for, é uma das coisas mais bonitas de se ver. Com o Pedro aprendi que a sinceridade e a inexperiência (no melhor sentido) podem ser fundamentais para trazer um novo frescor a um ambiente saturado de ideias “caducas”. Já o Daniel me ensinou que às vezes a melhor coisa é dizer o que se pensa, sem frescura, mesmo que isso seja pouco ortodoxo, pois pode fazer com os que pensam da mesma maneira se sintam motivados a expressar seus reais sentimentos. Com o Saul - com quem tive uma das melhores conversas por telefone em anos - aprendi que
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às vezes o mais importante não é falar, mas sim ouvir; que ouvir com atenção, mostrar-se disposto a ajudar e refletir junto com o outro não tem preço. A Denise me ensinou o quanto somos felizes quando fazemos algo que realmente queremos na vida. Com o Filipe aprendi que a felicidade depende exclusivamente das nossas escolhas, e de como é importante seguir firme nas decisões que tomamos para a nossa vida, mesmo que isso desagrade às pessoas mais próximas a nós. A Luiene me ensinou, em uma carona de poucos quilômetros, que nem sempre as pessoas vão concordar, mas que é importante ouvir o outro lado, tentar compreender as motivações do outro. Com o Rodrigo - a primeira pessoa que falei quando entrei no cursinho, e também a última que me despedi depois da minha última aula aprendi que a paciência é realmente uma das maiores virtudes do ser humano (e por isso mesmo uma das mais difíceis!), e que muitas vezes manterse equilibrado talvez seja a única forma de nos salvar do caos. A Rita, a Daiane, a
Luciane e a Marga me ensinaram, entre outras coisas, que a experiência de vida é uma coisa extremamente valiosa e que pode nos ajudar nas ocasiões mais adversas, mesmo que talvez achemos que não. Aos que estão chegando, Igor, Júlio, Breno, Gabriel e Camila, deixo as minhas calorosas boasvindas e desejos de boa sorte! Saibam que esse projeto realmente transforma vidas, e que é um trabalho por vezes difícil mas extremamente recompensador. Muito obrigado a todos pelo companheirismo e pelo apoio durante essa caminhada. Foi uma honra trabalhar com vocês! Não vou me despedir com um adeus, mas sim com um “até breve”. E farei isso com trilha sonora: pela primeira vez em três anos - e olha que isso é difícil de acontecer comigo - vou deixar uma música da minha banda preferida, The Rasmus. Quem me conhece bem sabe o quanto a música deles significa para mim. Se quiserem mais informações sobre a banda, podem cessar www.therasmusbrasil.com (meu site, só para constar). Um abraço enorme!
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OPINIÃO
OS CRIMES QUE NÃO CONFESSAMOS GABRIEL GONZAGA Educador do Esperança Popular Restinga
Há pouco mais de um mês, repercutiu nacionalmente e internacionalmente a notícia do caso de racismo sofrido pelo jogador do Cruzeiro, apelidado de Tinga, no Peru, durante a derrota do Cruzeiro terminada com o placar de 2x1 para o rival, Real Garcilaso. O comportamento criminoso dos torcedores do time peruano foi brutal. A qualquer domínio de bola do jogador, a multidão repetia sons que aludiam a um macaco. Antes que pudéssemos estufar nossos peitos e nos orgulharmos de não ter ocorrido no Brasil, casos semelhantes aconteceram com o jogador Arouca, do Santos, e com o arbitro gaúcho de futebol Márcio Chagas. Tais atos ganharam destaque na mídia e levaram diversos grupos a repensarem ou reforçarem atitudes a respeito do que se costuma chamar de “racismo velado”. No Rio Grande do Sul a utilização da palavra “macaco” (ou “macacada”) em músicas de torcida tornou-se o centro
da polêmica. Logo a “comissão de caça ao politicamente correto” se manifestou com o velho discurso que diz ser “só uma brincadeira”, e que garante não ter motivação racista, como se fosse realmente esse o centro da discussão. Antes do último grenal (30/04), a Geral do Grêmio divulgou uma nota afirmando que a palavra não tem conotação racista e muito menos origem racista. Por pura ironia, mesmo que perversa, no mesmo jogo, o zagueiro do Internacional Paulão, foi vítima de torcedores racistas do Grêmio que utilizaram da mesma palavra que a nota da Geral julgou não ter conotação racista. A torcida organizada tenta passar a ideia de que a utilização do termo “macaco” não é racismo, pois não tem a intenção de sê-lo. Assim também são outros tipos horrorosos de preconceito como a expressão “filho da puta” ou “puto”, que não tem a intenção de ser machista ou homofóbico, mas assim são e também
são usados em músicas de torcida. Se pensarmos que o estádio de futebol é o espaço de lazer onde o torcedor libera suas emoções contidas culturalmente pelo que Norbert Elias chamou de “processo civilizatório”, podemos entender com clareza que tais acontecimentos, que não são em hipótese alguma novidade no mundo esportivo, representam os sintomas de uma doença muito maior. E dessa maneira a discussão supera o argumento vazio do “tudo virou racismo agora” ou “ninguém leva mais na brincadeira”, para tratar do que por muito tempo foi e continua sendo uma questão estrutural no Brasil. A escravidão tratou-se de uma estrutura social hierárquica. Tornou o negro a base da sociedade, onde os “homens livres” não tiveram cautela na hora de pisar e esfregar seus pés. Com mãos negras construíram um país, aos custos da liberdade e exploração de um povo. Na hora de se tornarem modernos, os tupiniquins não perderam seu tapete. Trouxeram dos tem-
pos da chibata o ódio no olhar e na fala em referência a quem de fato sujou os dedos pra fundar o país que não os faria cidadãos. O negro foi dado como o elo entre o homem e o macaco, todas as suas expressões culturais foram desprezadas. A luta dos negros superou as barreiras sociais para combater o racismo e conseguiu reparações históricas no abismo que por muito tempo separa brancos de negros. Porém, o racismo permaneceu de forma velada, por trás das brincadeiras, das músicas de torcida, dentro dos lugares do “não dito” da sociedade brasileira. Mesmo assim, está bem visível nas favelas do nosso Brasil varonil, de onde transborda a cor negra. No país que não existe racismo, 87,7% dos 10% mais pobres do país são negros (de acordo com o IBGE). Qualquer um que não veja ligação entre os números e o vivíssimo racismo presente na sociedade precisa urgentemente tomar o popular “semancol”. A cultura desse povo não deixou de ser desvalorizada, o funk e o rap continuam
sendo marginalizados e com cada vez menos espaços, assim como era o samba, só que agora acobertado pelo “gosto musical”. Diante disso, preciso dizer que o racismo torna-se uma ferramenta da manutenção da ordem hierárquica e da base social da sociedade, conseguido através da identificação com a cor? O que talvez os escritores da nota, divulgada pela Geral do Grêmio, não entendam é que não se trata daquilo que os motivam a cantar músicas de conotação racista, mas sim da representação que aquilo toma ao ser proferido em uma sociedade onde o racismo é algo tão presente, mesmo que escondido. Dentro desse conjunto de questões os preconceitos velados, sejam eles machistas, homofóbicos ou racistas, tornam-se o principal inimigo a ser combatido. Naquilo que “não é preconceito” vive aquilo que torna toda discussão democrática uma discussão também de igualdade entre os gêneros, de liberdade de opção sexual e, sobretudo, uma discussão racial.
TODAS AS PALAVRAS DESTE ARTIGO SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DO AUTOR
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