Nº1 ANO 2
JANeIRO e FeVeReIRO De 2015
GRATUITO
DEPOIMENTO
FESTA DAS TINTAS
ESPERANÇA NA REDE
Rodrigo Silva dos Santos, educador de Química e coordenador do Esperança, traz um relato do desenvolvimento das atividades do cursinho em 2014, as mudanças e os desafios enfrentados.
Ao escrever sobre a Festa das Tintas, a educadora de Espanhol Adriele Albuquerque faz uma reflexão sobre seu significado, encarando-o como um ato político e de demarcação de espaço.
Reproduzimos algumas mensagens trocadas na rede social, que revelaram que os laços de afeto e amizade são tão importantes quanto a dedicação aos estudos quando o assunto é superação.
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EDITORIAL
Resultados Ao final de uma etapa de trabalho, é sempre difícil visualizar imediatamente os resultados alcançados. Mais ainda quando se trata de um projeto coletivo, em que cada ente cumpre um papel fundamental, muitas vezes sem condições de visualizar os fazeres de seu parceiro. Em se tratando de uma iniciativa como o Cursinho Pré-Vestibular Esperança Popular da Restinga, a tendência primeira é avaliar os resultados a partir do número de pessoas que acessaram por processo seletivo uma instituição de ensino superior. Partindo deste ponto, o ano de 2014 foi um ano excelente! Em toda a trajetória do Esperança, este foi o ano em que tivemos o maior número de aprovados nos processo seletivos. Somam até agora 17 os estudantes do cursinho que entram nas Universidades em 2015, em diferentes áreas do conhecimento, abrindo uma nova etapa em suas vidas e, em alguns casos, se tornando as primeiras referências no ensino superior em suas famílias. Isto não é pouco. Mas este número traz muitas outras informações. Ele fala profundamente do empenho de cada estudante, aprovado ou não, do apoio das famílias, das parcerias estabelecidas para que as aulas acontecessem nas condições mais adequadas possíveis, da escola à Universidade. Fala também das injustiças sociais, da perversidade que o processo seletivo através do Concurso Vestibular impõe aos estudantes, dos sonhos, das frustrações, da coragem de recomeçar,
da importância de que, em um projeto como este, as pessoas andem de mãos dadas. Com relação à Universidade, apontamos outros resultados implícitos nas diretrizes de qualquer ação de extensão universitária, além do impacto e transformação social, embora certos de que temos ainda muito a caminhar. A experiência como educador do Esperança, precedida por atividades de planejamento, formação sobre o sentido de uma proposta de educação popular, reuniões semanais para discussão sobre sua atuação no cotidiano do cursinho, com certeza, tiveram impacto na formação do estudante da UFRGS que passou por este projeto, potencializando sua atuação como educador e mediador, fortalecendo a relação – ensino-extensão e demonstrando o quanto é fundamental o engajamento do estudante-educador em projetos sociais como este. O Departamento de Educação e Desenvolvimento Social – DEDS, enquanto articulador entre diversas Unidades da UFRGS, Escola parceira, Comunidade da Restinga e Esperança, também aprendeu muito neste processo, ao tentar responder cada demanda trazida pelos educadores. Um dos aprendizados iniciais fundamentais foi em relação à inclusão. A primeira turma com portadores de necessidades especiais acionaram o sinal de alerta de que outras condições de trabalho, formações, tecnologias são necessárias, se nesta proposta a palavra Inclusão
for escrita com letra maiúscula. E fomos atrás de quem pudesse colaborar conosco. Vale lembrar que muitos dos ensinamentos para a Universidade vieram do próprio estudante do Esperança. Outra lição que tivemos foi de que precisamos, cada vez mais, estreitar os laços com a comunidade da Restinga. A realização do Convivências e as oficinas realizadas para educandos ainda são passos tímidos nesta construção. Por isso, nossa proposta e convite é o de Recomeço! Recomeçar com a parceria de todos e investindo no que mais julgarmos importante. Investir na formação pedagógica dos educadores, em velhas e novas parcerias, no diálogo constante com a comunidade do cursinho e da Restinga em assembleias regulares, fortalecendo a interação dialógica para que no início de 2016 a gente possa novamente comemorar bons resultados. Rita Camisolão Diretora do DEDS CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR ESPERANÇA POPULAR RESTINGA EDUCADORES Adriele Albuquerque Bruno Affeldt Camila Demirof Daniel Bomqueiroz Davi Vergara Denise Santos Gabriel Gonzaga Igor Bortolotti Lucas Sequeira Lucas Ebbesen Pedro Cladera Rodrigo dos Santos Saul Bastos
COMISSÃO EDITORIAL Daiane Moraes Luciane Bello Rita Camisolão DIAGRAMAÇÃO E PROJETO GRÁFICO Mario Arruda REVISÃO Débora Simões *As matérias assinadas nesta edição são de exclusiva responsabilidade de seus autores
Endereço do DEDS: Avenida Ipiranga, 2000. Bairro Santana - Porto Alegre - RS. deds@prorext.ufrgs.br
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DEPOIMENTO
Para o Esperança, 2014 iniciou muito bem: o apoio institucional e, por que não, também amoroso do Departamento de Educação e Desenvolvimento Social (DEDS) da UFRGS, educadores que já se sentiam “em casa” na Restinga, uma turma supermotivada que lotou a aula inaugural. Todos estes eram prenúncios de um ano que se mostraria muito produtivo e que geraria um ambiente de união e apoio mútuo. Sob a coordenação compartilhada entre mim e o educador Saul Bastos, incansável na construção do cursinho, junto à escola, e resolvendo questões envolvendo alunos e professores, o Esperança, este ano, apresentou uma evolução estrutural e de identidade a olhos vistos. A mudança para a Escola Larry parece ter contribuído significativamente para este processo, com uma ótima relação com a direção da escola. E, apesar de algumas mudanças de professores, o cursinho manteve seu alto nível de qualidade na preparação para as provas do ENEM e da UFRGS. A manutenção de três turmas, do início ao fim do ano, foi uma das principais provas que atestam o sucesso do cursinho e o engajamento de todos. Tivemos a Semana Esperança, realizada com aulas interdisciplinares e também com almoço e atividades esportivas, que foram aprovadas por todos. Nas férias da Universidade, o Programa Convivências estreitou ainda mais os laços do Esperança com a comunidade do bairro. As aulas foram voltadas, cada vez mais, ao ENEM, e o nosso simulado possibilitou uma avaliação dos alunos. A atividade “O Cursinho no Larry” permitiu uma aproximação do cursinho e do IFERS com os alunos de educação básica da escola, e da Restinga. Além disto, tivemos nossa representação no SEURS e a publicação de um trabalho sobre ciclos na educação básica municipal de Porto Alegre, na Faculdade de Educação da UFRGS, além da parceria com o PET/Ações Afirmativas. Toda esta construção, realizada pela comunidade da Restinga, por acadêmicos da UFRGS de diversos cursos, além do DEDS, começa a dar seus primeiros frutos, na certeza de que todos os educadores do Esperança concordam que, independentemente da aprovação ou não no vestibular/SISU/ ENEM, a experiência de participar do projeto é algo que se vai levar como construtivo por toda a vida. Portanto, parabéns a todos nós que estamos envolvidos neste maravilhoso processo!
Rodrigo Santos Educador Coordenador do Cursinho Pré-Vestibular Esperança Popular da Restinga
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PERFIL DOS ALUNOS Em 2014, a mulherada dominou os bancos escolares do Esperança. Em sua grande maioria, os estudantes eram oriundos da escola pública e 56% declararam-se pretos e pardos. Nesse ano, 44% dos estudantes declarou não ter outra ocupação além dos estudos e 64% fizeram vestibular pela primeira vez e, na sua escolha de universidade, buscavam qualidade e gratuidade do ensino. Essas informações, além do acompanhamento dos resultados, fornecem subsídios para refletirmos sobre o trabalho realizado e pensarmos nas ações futuras.
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FESTA
Tinguerreiros participam da II Festa Popular das Tintas No dia sete de janeiro, após os quatro dias de realização do Vestibular da UFRGS, aconteceu a II Festa Popular das Tintas. Alunos e educadores do Pré-Vestibular Esperança Popular Restinga participaram do evento que contou com a presença de mais três cursinhos populares de Porto Alegre. Como já sugere o nome, a Festa é um momento em que os participantes se pintam com tintas, demarcando o término do vestibular e abrindo um novo ciclo. Esta festa, ao contrário dos eventos promovidos pelos cursinhos particulares da cidade, tem um caráter popular – além de ser uma confraternização, é também um ato político que demarca a luta por universidades federais mais populares e diversas. Os alunos do Esperança Popular Restinga, os grandes Tinguerreiros, marcaram forte presença, com muita alegria e determinação. Junto dos professores, pintaram-se, colorindo Porto Alegre com as cores da Restinga e afirmando que “se a Tinga ainda não está na UFRGS, a UFRGS ainda não é popular”. Isto porque a UFRGS deve ser nossa por direito, pois somos nós – povo trabalhador da Restinga – quem sustentamos, por meio dos impostos, esta instituição. Por isso, nosso cursinho segue atuando junto da comunidade da Restinga, colorindo mais a universidade e o país e lutando para que todos, de fato, tenham o direito de estudar.
Adriele Albuquerque Educadora de Espanhol do Esperança e moradora da Restinga
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Arte: Mario Arruda
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