'Diz Que Sabe' Booklet

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DIZ QUE SABE



“A n t e s d e p e d i r às pessoas que ajam, é preciso fazer-lhes compreender que têm de agir, porque as coisas estão mal.” / Stéphane Hessel


A CERTEZA DA INCERTEZA Hoje vivemos num mundo onde a informação está em todo o lado, o que faz com pensemos que sabemos mais hoje do que em qualquer outro tempo, o que não está de todo errado, mas também não está totalmente certo. O que é certo é que o mundo Hoje também é muito O qu e é complexidade c er to é que o m u ndo H o j e também é muito mais mais complexo e essa co m pleexo e es s a c o m pl exi d ad e t rás consequências e trás consequências acontecimentos ci de m ento que es t and o ao s olhos de toda agente, que estando aco aos nte olhos toda sagente, ni ngué m o s v ê. ninguém os vê. Podia argumentar que muitas dessas consequências não estão disponíveis a qualquer um, mas seria inadmissível afirmá-lo actualmente – e é certo que me refiro à Internet onde só não se sabe o que não se quer. Podia igualmente continuar a falar de como a informação que recebemos hoje é tomada como garantida enquanto que o mais sensato é sempre questionar aquilo que nos surge na primeira pesquisa do Google. Contudo, o meu objectivo não é explorar a Era da Informação em si, mas sim a complexidade do mundo e da sociedade contemporânea. Porque esta sim é a fonte da velocidade e suas consequências projectadas no mundo, a informação essa, é uma consequência – positiva, por enquanto.

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Fr am es d o f il me Koya a nisq a t si: L ife out of ba la nc e , God frey Reggio, 1982


Temos consciência que existe mais produtos que pessoas, mas teremos consciência do impacto que esse fenómeno tem no mundo? Uns dirão que sim, outros dirão que ainda não pensaram nisso. Pois, mas mesmo tendo essa consciência nós compramos, jogamos fora, e voltamos a comprar. Entramos num ciclo vicioso que a única coisa que faz é alimentar o mercado, a economia, a ganância e a nossa satisfação, a nossa ”necessidade” de possuir e consumir. Esta é uma consequência da velocidade desta época. Uma vez que a velocidade é dominante na sociedade de Hoje e determinante nos avanços tecnológicos, pode ser também prejudicial e levar a consequências imprevisíveis a nível social e ambiental.

devemos projectar no mundo não meros objectos sem conteúdo mas objectos com sentido e significado social. John Thackara diz no seu livro “In the Bubble: Designing in a complex world”: «Things may seem out of control – but they are not out of our hands.» Como tal, não podemos dar-nos ao luxo de achar que é tarde demais, temos nas nossas mãos um poder imenso para alterar a direcção que seguimos e esse poder é o Conhecimento. Somos a sociedade que mais sabe do mundo e da ciência, sendo assim, devemos utilizar isso a nosso favor mas também a favor do planeta. No entanto não podemos continuar a achar que somos donos desta Terra. Como Braden Allenby declarou

Como designer acredito que podemos mudar alguma coisa, temos a vantagem de saber comunicar de diversas formas e com isso devemos trabalhar para alertar, fazer compreender e quem sabe conseguir – o objectivo principal – a acção. Neste momento é crucial que a sociedade aja, como disse Lula da Silva «Nós temos de cuidar do nosso pequenino planeta». Desta forma, como designers conscientes e cidadãos responsáveis

× Fr ame do f ilm e Koya a nisq a t si: L ife out of ba la nc e , Godfrey Reggio, 1982


«O desafio (…) é aprendermos a respeitar a nossa ignorância, a sermos humildes face a sistemas que estão para além do nosso entendimento», e ainda «O mundo tem um final aberto, é um sistema em evolução» e só temos de o respeitar. E assim, vivemos com a incerteza de um mundo em constante evolução e devemos ser humildes para o acompanhar, respeitar e apreciar com a capacidade de nos moldar à complexidade dos sistemas naturais e humanos.

“Quero dizer que tenho de mudar o meu ponto de vista, tenho de observar o mundo a partir de outra óptica, outra lógica, e outros métodos de conhecimento e de análise.” / Italo Calvino


COMPLEXIDADE INVISÍVEL

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R.2 P rojecto

Fotogra f i a d e An d rew McC onnell

STEP é um projecto iniciado na disciplina de Design de Comunicação 5 com o objectivo de fazer as pessoas perceberem que têm de mudar de atitude perante o que fazer com as tecnologias. Isto é, antes de lhes dizer o que devem fazer, e como devem proceder, queremos mostrar-lhes porque o devem fazer.


Podemos considerar o e-waste um problema que tem origem tanto no consumidor como nas empresas que produzem o produto. Ou seja, o problema O u ésum ej aproblema , o prob lema do lixo electrónico muito do lixo elec trónico é um p roblema to se mapossa is c omplexo mais complexo mui do que pensar. d o que s e p ossa p ensar. Porque não basta só as empresas reduzirem as substancias tóxicas dos seus produtos nem chega nós reciclarmos muitos centros de reciclagem declaram os nossos aparelhos velhos. É um passo o objecto velho reutilizável apesar de já positivo claro, mas não chega. se encontrar avariado. Depois enviamno, juntamente com outros dispositivos, Para nós, consumidores, contentamo-nos para países do terceiro mundo como indo a um qualquer ponto de reciclagem, Gana, Nigéria, China, Índia ou Paquistão. depositar o objecto e já fizemos a nossa Este facto mudaria substancialmente parte. Ou seja, ficamos satisfeitos porque se nos informássemos sobre os centros adoptamos um gesto dito “verde”. Mas de reciclagem próximos de nós. Com teremos nós consciência para onde vai uma simples pesquisa podemos tomar a o produto depois de lá o deixarmos? melhor decisão sobre como proceder. Não, não temos. E não temos porque não queremos. Porque Hoje estamos No entanto, o problema não termina a um clique do Google e a dois ou três aqui. O consumismo que hoje se verifica cliques de saber o que queremos. Basta torna o problema do lixo electrónico só isso: querermos. muito mais acentuado. Uma vez que o período de vida dos dispositivos é A questão é que nem toda agente se cada vez mais curto e a necessidade de preocupa o suficiente para reciclar os substituir os nossos aparelhos velhos seus aparelhos electrónicos (e quando se torna essencial. Na realidade não é, digo reciclar também refiro a reutilização mas forçam-nos a isso e, de certa forma, sempre que for possível, como a venda admitimos que o façam. Deste modo, em segunda mão, doar, etc.) muitas vezes quanto mais aparelhos electrónicos vão directamente para o lixo. Ainda assim, consumirmos, mais dispositivos acabarão quando nos preocupamos, não sabemos num aterro – como o Gana. exactamente se os pontos de recolha onde são entregues os aparelhos usados Assim, como disse Bryan Walsh: “E-waste respeitam os processos de reciclagem. isn’t going away (…) But (…) we can Como explica um artigo da Greenpeace, mitigate the worst of it, if we care.”


ARTIGO 19.º/ Hoje o direito à liberdade de expressão é considerado um dado adquirido uma vez que com a Internet qualquer indivíduo pode publicar a sua opinião sem que surjam proibições. Ainda com a Internet é possível organizar manifestações que passam do virtual para a realidade onde multidões esperam ser ouvidas. Porém, afastando-nos umvpouco Porém , a fa st a nd o-nos um pouc o do mundo ir tual,doamundo virtual, a realidade demonstra rea l i d a d e d emons t r a s er b em menos liberal que no ser bem menos liberal que nosouniverso univer web. web. Desta forma, o filme Battle in Seattle demonstra perfeitamente como a opinião de uma multidão ou de uma só pessoa pode ser não só silenciada como “abafada”. Por um lado temos o caso das manifestações, em que os governantes


× Fram e do

f ilme Battle in S eatle

To d o o i n d i v í d u o tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.

utilizam a força (de outros) para calar os manifestantes, por outro, temos a comunicação social que nem sempre dá a real importância dos acontecimentos. Assim Battle in Seattle evidencia como é importante a liberdade de expressão, mas acima de tudo, como é importante essa ser ouvida. Todavia, a questão hoje é muito mais complexa porque vivemos na Era da Informação e torna-se cada vez mais difícil perceber onde estão as autênticas opiniões e a verdadeira informação. É claro que toda a opinião é válida, no entanto há que perceber o que vale a pena ser ouvido e sobretudo questionar certas informações pois nem tudo a que temos acesso é verdadeiro – nomeadamente na Internet. Mas, felizmente a melhor forma de mudar o mundo, antes da acção é através da comunicação. E para a comunicação existir na sua plenitude é necessário uma voz (emissor) e um ouvinte (receptor). Por isso, voltando à questão das manifestações, de facto é o que a nossa sociedade ‘global’ tem de mais poderoso. Só é pena que para surtir algum efeito ela tenha de acabar em violência. Só assim os governantes reagem e só assim é que ela ganha relevância nos media. Sem profundas pesquisas e aproveitando-me da minha memória, volto atrás às nossas mais recentes manifestações e durante quanto tempo passou nos telejornais o momento das pedras atiradas em frente


à Assembleia e durante quanto tempo se falou da motivação das pessoas que saíram à rua, não para atirar pedras, mas para serem ouvidas? Contudo, não pretendo ser demasiado pessimista pois ainda existem jornalistas capazes de expôr o que deve ser exposto, como tal também devem existir designers capazes de mostrar e revelar o que deve ser visto. E não só. Os designers também devem ajudar que vozes sejam ouvidas. Acredito vivamente que existem muitas vozes que precisam de ser ouvidas e com urgência. Rick Poynor em “Obey the Giant” propõe: «What if the designer were to function more like a journalist? In other words, develop a sphere of knowledge and expertise, select a subject, conduct research, gather material, then create an appropriate final form, using all the resources of design, both words and

images, to communicate the story or argument.» De facto, nós designers devemos olhar à nossa volta e perceber o que necessita ser revelado, expôr histórias que merecem ser conhecidas e, essencialmente, dar voz a quem não consegue fazer-se ouvir. Porque é isso que fazemos, estamos constantemente a projectar objectos com o objectivo de serem “ouvidos” pelo público e leva-lo a adquirir um produto – refiro-me claro à publicidade. No entanto, podemos utilizar esse método de comunicação para que histórias e pessoas sejam ouvidas e levar à acção por parte de outras pessoas de modo a criar uma possibilidade de cooperação ou somente despertar consciências.


DESIGN ÉTICO Hoje cada vez mais tem-se vindo a falar de ética no campo do design. Já não se fala só em design social mas em design ‘ético’. Ac r ed i to que qua n do s e a f ir ma que o d es ign deve ser social estamos a Acredito quetodo quando se afirma d es va l o ri z a r a a ct ivid a d e do des ign em s i, pois o desig n é que social, o design deve ser social estamos a tod o ele é dirig ido p ara as p essoas. desvalorizar a actividade do design em si, pois todo o design é social, todo ele +O que é discutível é a consciência do designer quando produz qualquer objecto, e aí entra a ética. Todo o designer (e não só) deve possuir ética pois como o afirma Aurelindo Jaime Ceia «Há uma dimensão ética muito importante no design que envolve uma consciência política naquilo que deve ser a intervenção do designer na sociedade».


E cada vez é mais importante esta dimensão estar presente seja quando se trabalha para o mercado ou para o social. Porque a diferença é pouca, apenas um intervém directamente na sociedade sem que muitas vezes o factor económico esteja presente, enquanto que o outro é normalmente um trabalho pago e para as massas, muitas vezes de publicidade. No entanto esta diferença não deve ser justificável para que a ética só exista no design social.

momento, sair do mercado é uma falsa questão. (…) Somos levados, através da maneira como se pratica o design, a acreditar que o social e o político são situações excepcionais – que estão mais do lado dos conteúdos do que das formas. Mas em todos os actos de design, em todos os objectos é redefinido a cada momento aquilo que separa o social do económico.»

Isto é, mesmo projectando para o mercado devemos ser conscientes sobre o que vamos colocar no mundo, não devemos reservar a questão moral somente para a intervenção social. Porque nós designers – de comunicação – somos responsáveis pelas mensagens que circulam na sociedade e toda a mensagem tem um receptor que descodifica a mensagem, e apesar da descodificação de cada mensagem ser subjectiva, nós controlamos a emissão e somos responsáveis pela sua descodificação.

Assim, penso que não se trata de uma distinção entre áreas do design mas sim de vertentes dele. É possível que um designer que trabalhe “para o mercado” – e tem de o fazer para pagar as contas – também intervenha socialmente, uma coisa não impede a outra, o que impede é a consciência do designer. Porque se este não tem uma consciência moralmente responsável e ciente do que se passa à sua volta dificilmente se preocupará em intervir na sociedade. Sendo que o contrário também se põe: um designer que possua uma dimensão ética, é consciente tanto no seu trabalho regular para o mercado, como quando se trata de intervir socialmente.

Como declara Mário Moura «Sem querer cair em denúncias fáceis, ser agente social é fazer parte do mercado. Neste

Trata-se então de nos tornarmos “modificadores de contextos”, como diz José Bártolo, «No interior destas


× O livi ero Toscan i , B en et ton Un i ted C ol or s, 1990

práticas o designer é menos um produtor de conteúdos e mais um modificador de contextos. De acordo com Max Bruinsma “este entendimento tem profundas consequências para o design. Altera a noção de design como organizador de factos para a de design como gerador de ocorrências. Por outras palavras, o design já não pode ser visto como algo de “objectivo” ou “neutro”, deve ser entendido como “o sedimento das acumulações”.» Como tal, somos responsáveis pelo que criamos e devemos ser críticos quando projectamos objectos para o mundo. Hoje, mais do que nunca, verifica-se esse descuidado constante por parte dos designers seja a nível de mensagens e imagens sem significado algum, seja em produtos repetitivos igualmente sem valor que todos os dias irrompem no mundo em que vivemos.

“ Tr u t h i s a n easy victim of power. (…) Practically every decision we make as designers has an ethical dimension, requiring us all to ‘balance forces’ in our own small way as responsible individuals.” / Lucienne Roberts


× Fr a m es d o f i l me Koy a a n i sq ats i: Life out of balance , G od f rey Reg g i o, 1982


ÂŤProsumer: With the proliferation of digital networks the world over, the electronic marketplace has gone from empowering the consumer to supporting a global civic society.Âť / Massive Change, 2004


REALIDADE(S) Com a internet o mercado cresceu de uma forma abrupta. Se já comprávamos muito, agora podemos comprar muito mais. Temos a possibilidade de comprar sem sair de casa, podemos comparar preços e características de produtos de diferentes pontos do planeta. Como James B. Twitchell afirma «Human beings link things (…) We buy things. We like to exchange things. We steak things. We donate things. We live though things. We call these things goods as in goods and services. We do not call them bads. (…) We have created a surfeit of things because we enjoy the process of getting and spending.»

«O mundo está cada vez mais desigual nas oportunidades que oferece e também cada vez mais nivelador nos costumes que impõe. Estamos muito uniformizados a receber a descarga quotidiana de todo um sistema de valores. Este sistema de valores não é o melhor possível nem estimula o melhor que há em nós.»

Hoje é nos imposto que compremos, mas também que tenhamos atitudes sustentáveis. Mas o que pouca gente sabe, é que sustentabilidade não é só sobre cuidar do ambiente. Até podemos comprar coisas com o ‘símbolo’ verde e ecológico estampado por todo o produto, Vivemos num sistema em que só nos e também podemos fazer reciclagem. ‘pedem’ para comprar coisas. FazemPorém, se continuarmos neste clima nos propostas, indicam produtos, de consumismo a reciclagem por si só seduzem-nos e nós compramos. Cada não faz a sustentabilidade. Enquanto vez compramos mais e sem muita vivermos numa situação insustentável ponderação. Todos os dias saem produtos a nível social e económico, não se novos e quando pensamos que já toda chegará à sustentabilidade no seu a gente tem tudo, aparecem milhares todo. Não podemos ser só sustentáveis de pessoas a comprar o mesmo objecto, ambientalmente e achar que estamos a só que com um ‘upgrade’ qualquer. cumprir com o termo “sustentabilidade”. Precisamente como Eduardo Galeano disse: «Acredito que este sistema em que Este termo surge agora mais evidenciado nos encontramos é hoje em dia universal, principalmente pela globalização em no qual estamos todos… Somos todos que nos encontramos actualmente. passageiros mais ou menos do mesmo Efectivamente estamos cada vez mais barco, ou de diferentes barcos mas numa globalizados, as redes sociais não nos mesma viagem porque o mundo está deixam negar isso. No entanto, se somos muito globalizado…». No entanto, um mundo globalizado por causa da


“ To o m u c h v a r i e t y . To o m u c h d u p l i c a t i o n . To o m a n y c h o i c e s t o m a k e t h a t h a v e n o t h i n g t o d o w i t h t h e n e e d . To o m u c h f a n t a s y . To o m u c h s t u f f . ( … ) ” / R i c k P o y n o r

Internet, em termos de ’poder’ político somos cada vez mais individualistas, e cada decisão que é tomada, não é a pensar globalmente. Como já disse Lula da Silva «Cada um pensa em si. O Obama pensa nos americanos, a Angela Merkel pensa nos alemães… O mundo não está pensado de forma globalizada. Esse é o problema sério que nós vamos enfrentar este século XXI». D e s t a fo r ma, p odem o s pe ns ar que s e p o r u m la do e s t am o s i ns e ri do s nu m si stem a , e m que o c o ns u mi s m o

– p o r exe mplo – abrange grande p ar te d o globo, por outro, a nível d e o bj ec tivos e princípios não s o m o s muito globais. Uma vez que cada país tem as suas regras e os seus princípios e pensa no País primeiro (com tudo o que a palavra ‘País’ abrange) e só depois no mundo como um todo. Assim, ainda não podemos pensar num mundo globalizado, porque afinal o que nós vemos de global é uma realidade virtual e metade real. O facto é este, ainda assim se queremos mudar alguma coisa devemos, como afirma Galeano, “Não aceitar esta realidade como a única realidade possível, porque cada realidade contém muitas realidades dentro dela.”


‘ S U S T E N TA B I LIDADE’ Hoje a palavra sustentabilidade é usada constantemente nos mais variados temas, seja em politica ou ambiente. Porém existe algum risco no uso desta palavra em determinados discursos. Como João Peneda refere, «tornou-se evidente que os padrões actuais de actividade económica e os nossos estilos de vida são, a curto prazo, insustentáveis. Pela primeira vez, colectivamente, fomos obrigados a tomar consciência dos limites que a natureza impõe ao homem.» Muitas pessoas proferem a palavra “sustentabilidade”, ou mesmo a expressão “desenvolvimento sustentável”, mas muito poucas sabem o seu real significado. Inclusivamente há um certo perigo quando se diz que estamos a ser sustentáveis, pois na prática a palavra tem implicações mais profundas do que se pensa. Ou seja, quando falamos de desenvolvimento sustentável não estamos apenas a falar a nível do ambiente, estamos a falar muito para além disso. Desenvolvimento sustentável pressupõe um progresso económico que não é realizado à custa do abuso do ambiente e das pessoas, para benefício de alguns. Desta forma «Está em jogo uma mudança de paradigma: de uma economia e de um sistema financeiro global governado apenas por valores quantitativos, mais-valia monetária, para uma economia que, simultaneamente, adopta um comportamento social e ambientalmente responsável. (...)

Trata-se assim de conciliar os objectivos económicos, sociais e ambientais» – afirma João Peneda. Posto isto, há que valorizar todos os projectos que pensam verdadeiramente no sentido do desenvolvimento sustentável. E o projecto Universidade Verde é um deles. Trata-se de uma mudança na Universidade de Lisboa que, para além da implementação de boas práticas na comunidade UL e da comunicação sobre a temática da sustentabilidade, pretende ser pioneira em projectos ligados ao Desenvolvimento Sustentável no meio académico nacional. Este projecto é sem dúvida uma mais valia para a Universidade de Lisboa que mais do que nunca se encontra numa situação urgente. A Universidade de Lisboa já conta com dez Faculdades e Institutos e actualmente encontra-se num momento de fusão com a Universidade Técnica.


Desta forma é importante aproveitar a oportunidade para a comunidade académica demonstrar que pode contribuir e actuar na agenda do Desenvolvimento Sustentável a nível nacional. Sendo igualmente importante para a sua gestão e para a criação melhores S en d o i g ua l m en te impor t a nte pa ra ade s ua ges tãocondições e p ara apara criação de o desenvolvimento destaUniver sidade. m elhor es con di ções pa r a o d es envolvimento desta nova A Universidade Verde iniciou-se em 2010 e encontra-se com um balanço bastante positivo a nível dos seus projectos, nomeadamente na instalação de Painéis Fotovoltaicos. Contudo, ainda há muito a fazer, mas um primeiro passo já foi dado. Acredito que é um projecto exemplar a nível nacional, capaz de melhorar as condições da Universidade de Lisboa não só a nível económico como a nível social e ainda contribuir para um mundo mais verde.


BIBLIOGRAFIA A. Jaime Ceia / “Uma Poética Visível: O Design Gráfico de Aurelindo Jaime Ceia”, António Nicolas, 2007 Battle in Seattle Braden Allenby

/ Stuart Townsend, 2007

/ “O Tempo e o Modo”, Graça Castanheira

<http://www.rtp.pt/play/p871/e95129/o-tempo-e-o-modo>

Bryan Walsh

/ “E-Waste: How the New iPad Adds to Electronic Garbage”, in Time, Março 2012 <http://science.time.com/2012/03/08/ewaste-how-the-new-ipad-adds-to-electronic-garbage/>

Eduardo Galeano

/ “O Tempo e o Modo”, Graça Castanheira

<http://www.rtp.pt/play/p871/e86823/o-tempo-e-o-modo>

Greenpeace

/ “5 Easy Steps To (Not) Recycle Toxic E-waste”, Fevereiro 2011 <http://www.greenpeace.org>

Italo Calvino /

“Seis propostas para o próximo milénio”, 1988

João Peneda /“O Paradigma da Sustentabilidade”. In Arte & Sociedade. Lisboa, 2011. Páginas 370-375. José Bártolo / “O Designer como Produtor”, 2009 <http://www.artecapital.net/perspectivas.php?ref=90>

John Thackara / “In the Bubble: Designing in a Complex World”, 2006

Lucienne Roberts / ”Good: An Introduction to Ethics in Graphic Design”, 2006

Lula da Silva / “O Tempo e o Modo”, Graça Castanheira <http://www.rtp.pt/play/p871/e86886/o-tempo-e-o-modo>


Mário Moura / “Reactor Entrevista Mário Moura”, Reactor Blog <http://reactor-reactor.blogspot.pt/2007/05/reactor-entrevista-mrio-moura-mrio.html>

Max Bruinsma / “A Rebelião das Mobs: A Cultura do Envolvimento”, in Catalysts!, N. 1, Setembro 2005, p. 42. Rick Poynor / “Obey the Giant: Life in the Image World”, 2007 Projecto STEP / <http://www.projecto-step.blogspot.pt/> Universidade Verde / <http://universidadeverde.campus.ul.pt/>



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