Entrevista - Festival Play 2015

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festival play Qual seria a melhor forma de descrever o Festival Play? Um Festival de Cinema, na sua 2ª edição, que mostra filmes de todo o mundo, nos formatos de curta e longa-metragem, para que os mais novos tenham acesso aos filmes que se fazem hoje e que são exibidos um pouco por todos os Festivais de Cinema Infantil Internacionais. São nove dias, repletos de filmes inteiramente dedicados aos mais novos, até aos 13 anos de idade, entre 31 de Janeiro e 8 de Fevereiro de 2015. Como surgiu a ideia para a criação deste Festival?

As crianças agora também têm direito a uma mostra de cinema própria, no Festival Play, o Festival Internacional de Cinema Infantil & Juvenil de Lisboa, que se realiza de 31 de Janeiro a 8 de Fevereiro, no Cinema São Jorge. A METROPOLIS conversou com as representantes da Direcção, Catarina Ramalho, Teresa Lima e Dania Afonso, sobre este festival muito especial. tatiana henriques

160 metropolis Fevereiro 2015

A ideia surgiu da vontade de fazer um Festival de Cinema, e, da lacuna que sentimos em termos de oferta de cinema para os mais pequenos. Sobretudo para crianças com menos de 3 anos. Juntamos os nossos know-how (produção, design e pedagogia) e, em Dezembro de 2013, nasce o PLAY. Como correu a 1ª edição do Festival? A 1ª edição, em 2014, superou as nossas expectativas, tivemos mais de 6000 espectadores, mais de 100 filmes e um feedback muito positivo de miúdos e graúdos. O que podem destacar da selecção feita para este ano? Dos quase 300 filmes que recebemos, seleccionámos mais de 100 filmes das mais diversas proveniências. Salientamos a longa-metragem «Um Outro Mundo» (Beyond Beyond), de Esben Toft Jacobsen, que, de forma mágica, nos faz questionar


se é possível deixar de procurar aqueles que amamos e que já perdemos; «Floco de Neve» (Copito di Nieve), de Andrés G. Schaer, e o «Tigre Azul» (The Blue Tiger), de Petr Oukropec, duas aventuras fantásticas em que crianças e animais nos relembram a nossa ancestral ligação à natureza. Destacamos, ainda, a curtametragem «O Elefante e a Bicicleta» (Le Velo de L’Elephant), de Olesya Shchukina, pela ironia com que retrata os nossos desejos; «O Guardião da Barragem» (The Dam Keeper), de Dice Tsutsumi & Robert Kondo, nomeado aos Óscares na categoria de prémio de animação de curta-metragem; e a produção holandesa «O Meu Nome», de Ruben Monteiro que conta a história da sua família e do seu nome. O PLAY conta com uma forte presença de filmes sobre as dificuldades que o mundo e nós próprios impomos aos demais. Assim, destacamos «Cabeça de Papelão», a sátira brasileira de Quiá Rodrigues, baseada no conto O Homem da Cabeça de Papelão, de João do Rio. Premiada, em 2013, com o Grande Prêmio Do Cinema Brasileiro na categoria de Melhor curtametragem de animação, que nos leva a questionar até que ponto estamos dispostos a abdicar de nós próprios para sermos aceites pelos outros. Imperdível também é a master class sobre a construção dos bonecos do filme «Os Monstros das Caixas», apre-

(pag. esq.) «O Elefante e a Bicicleta»; (cima) «O Meu Nome»; (pág. direita do topo) «O Guardião da Barragem», «Floco de Neve», «Os Monstros das Caixas»

sentada pela Norte-americana Georgina Hayns, que faz parte da empresa de efeitos especiais LAIKA responsável por filmes como «A Noiva Cadáver» ou «Paranormal». Pensa que deveria ser destacada nas escolas a importância do cinema? De que forma? Consideramos que o desenvolvimento das crianças, que são também alunos, passa pelo acesso aos objectos de cultura. O Cinema, pelas suas características intrínsecas, alia o carácter lúdico à cultura,

o conhecimento à educação estética. O festival PLAY espera poder ajudar os professores dos jovens de hoje, a estimular o sentido crítico, a sensibilidade artística e até filosófica – porque o Cinema pensa-se. Com o sentimento de que o festival pode ser um forte aliado de educadores e professores, criámos o PLAY. No entanto, sentimos que ainda falta fazer muito até que educadores e professores se consciencializem da importância do Cinema e o usem como ferramenta de trabalho. Fevereiro 2015 metropolis 161


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