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São Paulo, 28/7/2011 - ano 1 - nº 31 www.weekendjardins.com.br
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Exclusivo Diretor Jorge Takla afirma: “Vou deixar os musicais”
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[ COISAS DE JARDINS ]
Volta às origens Diretor que solidificou os musicais nos palcos da cidade, Jorge Takla deixa o gênero e prepara, além de uma ópera, a nova peça de Antônio Fagundes
e
Por Tatiana Soledade
le é um dos mentores da chamada Broadway paulistana, termo criado pelo boom dos musicais. Afinal, além de ter investido nas primeiras versões brasileiras do gênero, como fez com Vitor ou Vitoria, o diretor e produtor Jorge Takla levou aos palcos, nos últimos tempos, uma sequência de quatro produções: Evita (em cartaz até o dia 31 deste mês no Teatro Alfa), O Rei e Eu, West Side Story e My Fair Lady. Só que Takla resolveu parar. “Estava sentindo falta de fazer teatro mais intimista. Tudo por conta dos musicais que me absorvem por completo. Estou um pouco cansado de produzir uma máquina tão grande”, revelou Takla, enquanto conferia as novidades na Livraria da Vila. Agora, seu processo de criação é para a ópera La Bohéme, que estreia em março no Palacio das Artes, em Belo Horizonte, e o drama Vermelho, com Antonio Fagundes interpretando o pintor russo expressionista Mark Rothko e estreia prevista para março do ano que vem. 8
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Fotos: Márcio Monteiro
Típico homem de teatro, Takla tem uma carreira de trinta anos, com mais de oitenta espetáculos, que além de óperas, musicais e teatro, assinou também cenários, figurinos, traduções e iluminações. Além disso, de 83 a 92, foi dono do Teatro Procópio Ferreira. Precursor dos musicais no Brasil, ele afirma ter lutado durante anos para que essa cena ficasse forte, mas reclama que o segmento tornou-se fábrica de dinheiro e entretenimento. “Atualmente, tem um monte de gente que sabe fazer e faz. Não sou mais tão indispensável, mesmo porque não sou uma corporação, uma indústria de entretenimento que é obrigada a fornecer musicais a toda hora porque tem patrocínio. Minha busca de qualidade é outra. Até hoje fiz tudo o que tive vontade. Hoje faço apenas o que quero e preciso estar apaixonado pela obra”, disse. Paixão que o levou a desfazer-se do patrimônio próprio para bancar uma produção. “Vendi imóvel e carro na época de O Rei e Eu. Ganhei muito dinheiro em certas ocasiões e, em 28 de julho de 2011
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outras, não tive nada. Minha vida é o teatro e o que ganho é para ele”, confessa. Filho de pai libanês e mãe brasileira, Takla nasceu no Líbano e tem 59 anos. Estudou arquitetura em Paris, mas não concluiu. Começou a carreira nos palcos com Bob Wilson, ícone do teatro experimental mundial. Dos 23 aos 26 anos, em Nova York, atuou na renomada instituição cultural La MaMa. Chegou ao Brasil em 1976 para o casamento do irmão, e nunca mais partiu. Desde então, mora nos Jardins. “Tenho tudo que preciso e não troco São Paulo por nenhuma outra cidade no mundo”. Mesmo com suas perdas e ganhos, o diretor reconhece que o estilo de espetáculo que ajudou a solidificar na cidade não perde a emoção. “Em um musical são, em média, 45 atores, 30 técnicos, 25 músicos, 400 figurinos, 15 cenários, mais uma infinidade de microfones, refletores, maquiagens, perucas, entre outras coisas. É mágico ver que juntei tudo isso e funciona! Na hora ‘h’ desabo e choro”, revela. 9
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