Revista Budo 10

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EDITORIAL

Editor e diretor Paulo Roberto Pinto de Souza paulobudo@gmail.com

A BUDÔ ENTROU NO OCTÓGONO FOTO REVISTA

Diretora Executiva Daniela Lemos daniela.lemos@terra.com.br Conselho Editorial Mauzler Paulinetti Luiz Fernandes Araújo Júnior Rui Marçal Alfredo Aires

BUDÔ

Redator N. T. Mateus – Mtb 10.864 Repórter Luiz Aquino - Mtb 27.813 Direção de Arte Artur Mendes de Oliveira Colunistas Anderson Dias de Lima Gilberto Gaertner Alexandre Janotta Drigo Matheus Luiz Raquel Reis Pesquisa Celso de Almeida Leite

Mohegan Sun Cassino Arena de New London – Connecticut (USA)

Nos meses de junho e julho vimos o Brasil mergulhar em protestos e movimentos que, acima de tudo, reivindicavam moralidade e idoneidade na condução da coisa pública. Não podemos aceitar que a bandeira da gratuidade do transporte coletivo, vista por todos como algo inexequível, tenha sido, isoladamente, a razão das manifestações de milhares de pessoas em todo o País, e sim a somatória de todos os desmandos e da corrupção que há décadas assolam nosso País. Mas, paradoxalmente, todos que militam no esporte sabem que jamais os governos federal, estadual e municipal fizeram tanto pelo desporto em todas as esferas – desde o alto rendimento ao social. Entendemos que as manifestações sociais são legítimas e devem servir de alerta aos dirigentes esportivos brasileiros, que hoje desfrutam as benesses que o Ministério dos Esportes e o Comitê Olímpico Brasileiro oferecem, principalmente para as 30 confederações olímpicas. No âmbito editorial, a Revista Budô chega à sua décima edição, e comemoramos novas parcerias com entidades de administração, clubes e associações que fazem as chamadas modalidades de luta acontecerem verdadeiramente em nosso País. Nesta edição iniciamos nossa caminhada no MMA, modalidade cuja sigla sintetiza a junção de todos os tipos e estilos (Mixed Martial Arts) que envolvem o universo das lutas que não utilizam armas. E agora a Budô entrou definitivamente no octógono.

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Considerado a maior febre dos esportes de combate de todos os tempos, o MMA não será o tema central de nosso editorial, mas sim um complemento das modalidades tradicionais que cobrimos desde o lançamento de nossa publicação. Vemos no MMA lutadores de jiu-jitsu, muay thai, judô, taekwondo, karatê-dô, boxe e demais modalidades, e a proposta da Revista Budô é dar visibilidade às chamadas artes marciais, seja nos tatamis seja nos ringues ou no octógono, e fomentar o seu crescimento. Neste sentido, nesta edição entrevistamos Rocian Gracie, membro da família Gracie radicado em São Paulo; Kayla Harrison, judoca norte-americana campeã olímpica em Londres; Tasuke Watanabe, uma das legendas do karatê-dô tradicional, tido por muitos como o samurai do Brasil; Guilherme Dias, medalha de bronze no mundial de taekwondo realizado em Puebla, no México, representante da nova geração do taekwondo brasileiro; além de 35 matérias, reportagens e a cobertura dos principais eventos de todas as modalidades que hoje compõem o universo da Revista Budô. Esperamos estar cada vez mais inseridos no cenário de lutas e registrando de forma idônea os principais fatos do cenário nacional e internacional das artes marcias, oferecendo informação e entretenimento a todos os aficionados e simpatizantes dos esportes de combate.

O Editor

Colaboradores Mário Manzatti – FPJ Carla Sofia Flores – CBTKD Valter França – CBJ João Cruz – CBKT Hannah Aires - FSRKT Revisão Nilton Tuna Fotografia Marcelo Kura - Capa Paco Lozano - Europa Marcelo Lopes – São Paulo Cristiane Ishizava – São Paulo Marcos Roberto – Rio de Janeiro Alberto Nunes – São Paulo Paulo Pinto - Brasil Departamento Comercial Daniela Mendes de Souza contato@revistabudo.com.br Jurídico Débora de Souza Assinatura www.revistabudo.com.br/assine Impressão e Acabamento Gráfica Kaygangue – Palmas (PR)

A Revista Budô é uma publicação trimestral da Global Sports Editora. Administração, publicidade e correspondência: Rua Henrique Júlio Berger, 855 – 102 Caçador (SC) - 89500-000 - Fone 49 3563-7333 Distribuição Dirigida Tiragem desta edição 10.000 exemplares Opiniões e conceitos emitidos em matérias assinadas não são de responsabilidade do editor. Direitos Reservados © 2013 - Global Soccer Editora Impressa no Brasil - Printed in Brazil www.revistabudo.com.br revistabudo@gmail.com



SUMÁRIO 10 MATÉRIAS E ENTREVISTAS 16 Anderson Silva - Uma Queda Anunciada 38 Governo de São Paulo investe no ciclo olímpico 40 Jimmy Pedro é uma das maiores referências técnicas das Américas 44 Rocyan Gracie jiu-jitsu Fundamentado no Budô 48 Construindo uma Campeã 52 Chegada de técnica japonesa divide opiniões 70 Gaúchos no Dojô de Karatê-Dô Tradicional 80 Austeridade e políticas focadas no desenvolvimento blindam gestão da CBTKD 84 São Paulo dispara e mantém hegemonia nacional 100 GMJB Promove Primeiro Kangueiko Nacional 102 A união impulsiona o novo Karatê-dô Tradicional do Ceará 144 Dirigente paranaense volta do Japão com propostas de parcerias 142 GMJB envia megacampeão de kata para cursos no Kodokan

COMPETIÇÕES E EVENTOS 56 Minas Tênis Clube é campeão do Troféu Brasil Interclubes 62 Paulistas sub15 e sub 23 ratificam supremacia nacional 74 Fernanda Araújo vence mais uma no MMA 86 Paulista Grand Masters e de Kata bate recorde de inscritos 107 Tocantins promove Iª Etapa do Estadual de Taekwondo 128 Campeonatos Paulistas sub 11 e sub 13 mostram a força da base em São Paulo 138 Florianópolis sedia a maior edição do Brasileiro Interclubes de Taekwondo 150 Paraná Vence Campeonato Sul-sudeste de Karatê-Dô Tradicional 160 Floresta Atlético Clube promove mais uma grande festa 162 Novo formato incendeia o Paulista sub18 e sub21

SEÇÕES FIXAS 04 Editorial & Expediente – A Budô entrou no octógono 77 Psicologia do Esporte – Meditação aplicada ao campo esportivo

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INSTITUTO REAÇÃO CONQUISTA COPA MINAS 2013

TASUKE WATANABE O SAMURAI DO BRASIL

GUILHERME DIAS – BRONZE É BOM, MAS OURO É MELHOR

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DRAGÃO KIMONOS INAUGURA A MAIOR BUDÔ SHOP DO BRASIL

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KAYLA HARRISON UMA JUDOCA FORA DE SÉRIE

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BAHIA É CAMPEÃ GERAL DO NORTE-NORDESTE DE KARATÊ-DÔ


AQUATRO


INTERVIEW

KAYLA HARRISON UMA JUDOCA FORA DE SÉRIE POR PAULO

PINTO

| FOTOS ARQUIVO KH

Kayla Harrison fez história nos Jogos Olímpicos de 2012, ao conquistar a primeira medalha de ouro do judô norte-americano numa Olimpíada. Este é um grande feito numa trajetória marcada pelo sucesso meteórico no alto rendimento do judô pan-americano. Sem dúvida alguma os títulos de bicampeã mundial e campeã olímpica dão a Kayla o status de uma das maiores judocas da história do esporte de nosso continente. Aos 16 anos, Kayla revelou que durante alguns anos fora vítima de abuso sexual por parte de seu treinador. Depois que a história veio à tona, Kayla mudou-se de Ohio para Massachusetts para treinar com Jimmy Pedro, campeão mundial duas vezes medalhista olímpico, e seu pai, Big Jim. Os Pedros tornaram-se seus treinadores e também sua nova família. Quando Kayla chegou a Massachusetts, estava deprimida e sua vida totalmente destruída. Mas graças a muita disciplina e tenacidade, e com o apoio de outras pessoas, lutou contra a dor dentro e fora dos tatamis, transformando-se numa jovem mulher forte, confiante e articulada, passando a ser uma das principais atletas do judô no circuito mundial em sua categoria. Kayla mostrou muita coragem ao enfrentar seu agressor nos tribunais, relatando tudo que havia sofrido. Agora pretende usar seu status de campeã olímpica e seu exemplo para incentivar e capacitar jovens vítimas de abuso sexual. Kayla planeja também manter sua hegemonia nos tatamis e defender a medalha de ouro no Rio de Janeiro em 2016. A história impressionante desta judoca fora de série tem sido destaque na capa das principais publicações especializadas – entre as quais Sports Ilustrated, The New York Times, USA Today e Time Magazine – e presença constante na mídia eletrônica – como The Today Show, CNN, MSNBC, entre muitos outros veículos. Kayla foi premiada com o 2012 OC Tanner Inspiration Award e o Wilma Rudolph Courage Award da Women’s Sports Foundation. Foi eleita uma das mulheres do ano da revista Glamour em 2012, de Boston, da Associação de Jornalistas Esportivos de Boston, e atleta do ano da Boston Globe Magazine. É membro do conselho de administração da Doc Wayne, uma organização que oferece terapia esportiva para jovens em situação de risco, e usa sua voz em nome de numerosas organizações dedicadas à proteção de crianças e mulheres. Leia a entrevista exclusiva que Kayla Harrison concedeu à Revista Budô, e conheça um pouco desta atleta que, com sua simplicidade e simpatia, é hoje referência mundial nos tatamis.

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Como chegou aos tatamis?

Comecei no judô aos 6 anos, porque minha mãe havia feito judô quando estudou na universidade e queria que eu aprendesse a me defender. Estou há 17 anos nos tatamis, e após todo este tempo hoje em dia eu amo o judô. Ele é parte intrínseca de minha vida.

De que forma chegou ao dojô do sensei Jimmy?

Eu tinha 16 anos, e sofri abuso sexual; depois disso tomaram a decisão de me mandar para Boston, onde vim treinar com o Jimmy. Ele era o melhor treinador e meus pais, que ficaram em Ohio, acharam que era a melhor opção. E felizmente tudo deu certo.

O judô não é uma modalidade muito popular nos EUA. Como sua família reagiu quando decidiu dedicar-se ao judô de alto rendimento?

Minha família sempre me deu suporte, e eles sempre gostaram de judô. Fora isso, eles sempre quiseram que eu fosse feliz, e apoiariam tudo que me fizesse feliz. Mas minha mãe foi judoca e isso facilitou tudo.

Quais foram os momentos mais difíceis que viveu até aqui?

Quando fui molestada sexualmente, é óbvio. Tive de ir a um tribunal e falar na frente do juiz sobre o meu agressor, que estava ali o tempo todo na minha frente e havia sido meu técnico. Foi algo muito traumático

Quais foram os momentos mais marcantes em sua trajetória até aqui?

Ganhar o ouro no mundial de Paris em 2010 e a medalha de ouro na Olimpíada de Londres foram os melhores momentos que vivi até aqui.

Em que momento percebeu que daria para brigar por medalhas em Londres?


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Foi quando ganhei o mundial em 2010. Naquele momento percebi que o ouro olímpico estava mais próximo do que imaginava. Depois disso acreditei e comecei a pensar nesse objetivo com muita determinação. Todas as noites, quando ia dormir, me via lutando na Olimpíada, ganhando tudo e subindo ao pódio. Visualizava tudo: como iria lutar, como iria ganhar, e me via abraçando o Jimmy depois da premiação. Todas as noites, quando eu voltava da academia, passava um filme em minha cabeça.

Qual atleta estava em seu caminho e poderia atrapalhar seu sonho?

A Mayra, com certeza. Foi em quem mais pensei antes de Londres. Eu já a havia vencido cinco vezes, e ela me superou em quatro com- Jimmy Pedro, Kayla Harrison e Fernanda Araújo no Dojo Team Force petições. Naquele mesmo ano ela me venceu no grand slam de Pa- Como é ser a primeira judoca norte-americana a conquisris. Ela estava muito bem e eu sabia que ela seria a minha maior tar o ouro olímpico? adversária em Londres. Mas eu sabia e tinha certeza absoluta de que Desde a Olimpíada minha vida está bem mudada, e me sinto como quem quisesse mais e tivesse mais coração iria vencer naquele dia. se não dormisse há meses. Meu sonho se tornou realidade, então Era tudo ou nada, e minha determinação falou mais alto. tenho de aguentar. Minha vida é abençoada e, quando as pessoas me param na rua para pedir uma foto ou autógrafo, isso é uma Quais foram as pessoas que participaram de seu preparo honra, eu adoro isso. Sinto-me muito feliz. É uma sensação indespara Londres? critível, muito boa, e quero sentir de novo e de novo. Acho que não Big Jim, Jimmy Pedro, Janine Nakao, Tyler Yonemori, Aaron Kunihi- quero acordar deste sonho maravilhoso. ro, Fernanda Araújo, Hana Carmichael, Martin Maloy, Bobby Lee, Travis Stevens e Kensuke Moryama, entre outros. Até que ponto o Jimmy é responsável pelo primeiro ouro

Falando especificamente sobre o último ano de treinos para Londres, o que mudou na sua vida?

Meus últimos seis anos foram dedicados a treinar para ser campeã olímpica. Às vezes eu pensava e protestava por ainda faltarem três anos, dois anos, até que chegou o ano. Em cada treino eu lutava como se fosse a última luta da Olimpíada. Em todo treinamento ficava cansada, brava, estressada, aturdida e mergulhava de cabeça. Eu sabia que, se focasse verdadeiramente meus objetivos, ninguém me superaria em Londres. Houve um momento na Olimpíada, mais precisamente nas quartas de final, em que eu estava perdendo de wazari, e, se eu não tivesse puxado esse treino maluco todos os dias, com certeza eu não teria conseguido reverter.

Houve um momento em que a Mayra assumiu o primeiro lugar no ranking. Isso abalou você?

Eu sempre quis ganhar um mundial máster, e quando a Mayra ganhou fiquei muito machucada. Foi muito difícil assistir àquilo, eu perdi a primeira luta e caí fora da briga. Acho que a Mayra é uma das melhores judocas de nossa categoria, e ela foi a número 1 por um bom tempo. Mas fui eu que ganhei as Olimpíadas, e é isso que importa, mais nada. As amigas Kayla e Fernanda brincam com o ouro de Londres

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olímpico dos Estados Unidos?

Em primeiro lugar, a família Pedro é a minha família, mas quando chegamos a Londres estávamos juntos em todos os momentos. Todas as noites conversávamos sobre ganhar as lutas, e antes mesmo das lutas ele se referia a mim como campeã olímpica. Como eu era a última a lutar, uma noite antes do dia da luta eu o Jimmy saímos para correr e ele sempre se referia a mim como campeã, e dizia que eu seria a campeã. Ele me disse que estava preparada e que era minha hora. Aquilo fez com que acreditasse ainda mais na vitória, e certamente o Jimmy fez a diferença em Londres. Ele me deu a certeza de que ninguém havia treinado mais do que eu e que ninguém mais do que eu merecia esta medalha. Se ele acreditava tanto em mim, não me restava alternativa a não ser acreditar ainda mais em mim mesma. .

Como se sentia nos últimos dias de treino para Londres?

Houve noites após o treino em que não conseguia dirigir de volta para casa por estar muito cansada, mas isso é o que acontece quando se treina quatro vezes ao dia, sendo massacrada por dez pessoas no treino. O resultado disso é tornar-se campeã olímpica. Agradeço ao Jimmy e ao Big Jim por me fazerem cansar todas as noites e me focar na busca de meus objetivos. Kayla e Fernanda ladeando Big Jim o patrono da família Pedro


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Ser a melhor do mundo naquilo que se faz não tem preço.”

Como superou a lesão que sofreu poucos dias antes do embarque para Londres?

Machuquei o joelho no Japão, poucos dias antes da Olimpíada, e eles não sabiam o que havia acontecido. Naquele dia sentei no tatami e pensei que meu sonho havia chegado ao fim, e que eu seria mais uma menina que quase chegou lá. Mas eles me levaram ao hospital para verificarmos o que havia acontecido realmente, e logo depois começamos o tratamento que proporcionou a minha recuperação. Estava muito perto da Olimpíada, e acho que a proximidade fez com que me recuperasse mais rapidamente. Havia sacrificado minha vida inteira por aquele momento, e nada me abalaria. Nada se interporia ao meu objetivo. Tive muitas frustrações e momentos em que achava que não iria conseguir, mas felizmente eu consegui. A força que o Jimmy e o Big Jim me deram o tempo todo, gritando e incentivando, foi determinante. Aliás, todo o time me deu suporte e o ouro é fruto da força desta equipe.

Como foi subir ao lugar mais alto do pódio em Londres?

Sempre amei o judô desde os 6 anos de idade, e ser a melhor do mundo naquilo que se faz não tem preço. Foi o máximo. Foi o melhor momento de minha vida, não há sentimento maior do que o de conquistar seus Simpática e carismática Kayla é hoje uma das maiores personalidades esportivas dos Estados Unidos



objetivos. Todos os atletas sonham com a Olimpíada, mas são poucos os que conseguem chegar lá. Só os melhores e os mais determinados é que vão chegar ao topo.

Descreva como é ser a única norte-americana que conquistou o ouro olímpico.

Desculpe, mas isso é impossível, não consigo descrever. Nunca um judoca de meu país havia chegado lá, mas afirmo que ser a primeira judoca americana a conquistar uma medalha de ouro é a melhor coisa do mundo.

No que essa conquista mudou sua vida?

Tudo mudou. Hoje tenho um carro muito legal, moro na cidade. As pessoas me param na rua e pedem autógrafos, pedem para tirar foto, e isso é muito bom. É melhor ainda para o judô americano, que precisava de um campeão olímpico para crescer e ganhar espaço na mídia esportiva. As pessoas aqui quase não sabem diferenciar judô de karatê, e esta visibilidade nos ajudará muito. Fico feliz em poder somar no desenvolvimento de nossa modalidade. Como foi voltar para a rotina do dia a dia? Era bom quando era normal, mas agora não tem mais como voltar ao normal. Agora tenho de viajar muito, dar clínicas de judô e fazer palestras, mas tenho saudade de treinar, saudade da família e dos amigos. Amo minha vida, adoro acordar cedo para treinar, viajar em competições com os amigos, estou satisfeita de voltar a essa rotina. Qual é o momento da campeã olímpica? Estou machucada e vou ficar parada um ano. Operei em junho e sei que terei um período difícil de recuperação, mas faz parte. Vai ser o maior tempo que ficarei fora dos tatamis, mas acredito que tudo na vida acontece por uma razão, e sei que voltarei com mais vontade ainda. Vou ter de provar tudo de novo, mas este desafio é o lado mais gostoso. Vou voltar a brigar para recuperar meu lugar no ranking mundial em 2014, e serei campeã de novo.

RAIO X Nome: Kayla Harrison Data e local de nascimento: 7 de fevereiro de 1990 em Middletown, Ohio Categoria de peso: 78 kg Altura: 1,68 m Residência atual: Wakefield, Massachusetts Clube: Seleção EUA e Team Force/Boston Treinador: Jimmy Pedro Sensei: Big Jim Tokui-waza: Dona de uma técnica de quadril e pernas bastante apurada, Kayla aplica com maestria harai-goshi, koshi-guruma, ouchi-gari e uchi-mata. Educação: West High School de Middletown Ranking: Nº 1 do mundo Principais conquistas: Campeã Olímpica – 2012 Campeã Mundial Sênior – 2010 Campeã Mundial Júnior – 2008

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CONQUISTAS DA CAMPEÃ OLÍMPICA 2012 Campeã Olímpica Ouro – Grand Slam Brasil Ouro – Grand Prix Alemanha Ouro – Copa do Mundo Hungria Ouro – Open Cazaquistão Prata – Grand Slam Paris 2011 Ouro – Campeonato Pan-Americano de Judô 2010 Ouro – Campeonato Mundial Sênior Ouro – Copa do Mundo USA Ouro – Copa do Mundo São Paulo Ouro – Copa do Mundo Venezuela Ouro – Copa do Mundo El Salvador Ouro – Copa do Mundo Birmingham Ouro – US Open Ouro – USA Judo Sênior National Championships Prata – Copa do Mundo Uzbequistão Bronze – Grand Prix Rotterdam Bronze – Pan-Americano Sênior Bronze – Grand Prix Dusseldorf Bronze – Copa do Mundo Varsóvia 2009 Ouro – USA Judo Sênior National Championships Prata – Campeonato Mundial Júnior Bronze – Copa do Mundo Belo Horizonte 2008 Ouro – Campeonato Mundial Júnior Ouro – USA Judo Senior National Championships Ouro – US Olympic Team Trials for Judo Ouro – Junior World Team Trials Ouro – US Open


Quais são suas prioridades agora?

Gostaria de ir para o Rio de Janeiro brigar pelo ouro no mundial e defender meu titulo, mas, além da lesão, estou envolvida na criação de uma fundação de apoio a crianças molestadas sexualmente e estou focada também no livro que estou escrevendo. Tive de dar esta parada momentânea pela lesão, e estou aproveitando para me dedicar a estes projetos, que também são revestidos de grande importância em minha vida, hoje.

me apoiou, literalmente. Foram muitas horas de treino e dedicação. A cultura do MMA é diferente de tudo que vivemos no judô, mas entendo que ela está perseguindo os sonhos dela. Só não quero vê-la apanhando.

Quem é a Kayla fora dos tatamis?

Sou uma pessoa muito segura, alegre, fácil de lidar e que tem muitos amigos. Minha vida sempre foi e será um sonho, dentro e fora dos tatamis. Procuro sempre contagiar as pessoas com a alegria que o judô me oferece. Busco sempre dividir com meus amigos tudo que vivencio nos tatamis.

Uma de suas colegas da Team Force está lutando no MMA. Como vê a escolha dela?

A Fernanda Araújo é a minha irmã mais nova e foi fundamental em meu preparo, pois, além de lutar judô muito bem, ela é canhota e treinar com ela me fortaleceu muito na disputa com a Mayra. Sempre apoiarei suas decisões, pois ela também sempre

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Ser a melhor do mundo naquilo que se faz não tem preço.”

Como superou a lesão que sofreu poucos dias antes do embarque para Londres?

Machuquei o joelho no Japão, poucos dias antes da Olimpíada, e eles não sabiam o que havia acontecido. Naquele dia sentei no tatami e pensei que meu sonho havia chegado ao fim, e que eu seria mais uma menina que quase chegou lá. Mas eles me levaram ao hospital para verificarmos o que havia acontecido realmente, e logo depois começamos o tratamento que proporcionou a minha recuperação. Estava muito perto da Olimpíada, e acho que a proximidade fez com que me recuperasse mais rapidamente. Havia sacrificado minha vida inteira por aquele momento, e nada me abalaria. Nada se interporia ao meu objetivo. Tive muitas frustrações e momentos em que achava que não iria conseguir, mas felizmente eu consegui. A força que o Jimmy e o Big Jim me deram o tempo todo, gritando e incentivando, foi determinante. Aliás, todo o time me deu suporte e o ouro é fruto da força desta equipe.

Como foi subir ao lugar mais alto do pódio em Londres?

Sempre amei o judô desde os 6 anos de idade, e ser a melhor do mundo naquilo que se faz não tem preço. Foi o máximo. Foi o melhor momento de minha vida, não há sentimento maior do que o de conquistar seus Simpática e carismática Kayla é hoje uma das maiores personalidades esportivas dos Estados Unidos


UMA QUEDA

ANUNCIADA DIRIGENTE PARANAENSE VOLTA DO JAPÃO

POR PAULO

PINTO |

FOTOS ARQUIVO

FPRJ

Provocar, e até menosprezar, o adversário não funcionou desta vez. Chris Weidman já sabia dessa estratégia e nocauteou Anderson Silva antes que o brasileiro percebesse o que estava acontecendo. POR N. T. MATEUS

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| FOTOS GETTY IMAGES


Para muita gente que acompanha o UFC e admira o lutador brasileiro, Anderson Silva pediu para ser derrubado. Nocauteado em pouco mais de um minuto no segundo assalto pelo americano Chris Weidman, Anderson sofreu sua primeira derrota no UFC, e também seu único nocaute, após uma série vitoriosa de 16 lutas e dez defesas do cinturão de campeão do peso médio em sete anos. Na noite de sábado 6 de julho, em Las Vegas, Anderson viu suas provocações e brincadeiras terem o efeito oposto ao que pretendia e, atônito, deixou o octógono da MGM Grand Garden Arena sob vaias igualmente inéditas em sua carreira. Anderson foi derrubado logo no começo do primeiro assalto, mas livrou-se do norte-americano e voltou a ficar em pé. Foi aí que começaram as provocações. O brasileiro sorria e chamava Weidman para a luta, mantendo a guarda baixa e colocando a mão na cintura, numa clara atitude de menosprezo pelo adversário. Anderson parecia querer

minar o equilíbrio psicológico do opositor no começo do segundo assalto. Mas nem deu tempo. O brasileiro foi golpeado com um cruzado de esquerda e caiu sem reação. Weidman disparou uma sequência de socos, até que o árbitro decretou o fim da luta. Segundo a página dedicada ao MMA pelo site esportivo americano ESPN, após o combate Anderson declarou que não pretendia tentar recuperar o cinturão. Entretanto, a revanche com Weidman já está marcada para 28 de dezembro. “Eu treinei duro para esta luta”, disse Anderson. “Eu mudei minha vida e a da minha família. Esta noite Weidman é o campeão. Ele é o melhor. Eu não quero lutar novamente pelo cinturão. Eu o tive por um longo tempo.” O contrato de Anderson com o UFC prevê ainda mais dez lutas, não necessariamente em defesa do título. “Sinto-me incrédulo pelo que aconteceu. Parece surreal”, disse o novo dono do cinturão dos médios, ainda no octógono. Questionado sobre uma possível revanche contra o maior lutador de MMA que o mundo já conheceu, o norte-americano disse: “Respeitem Anderson Silva. Ele é um ídolo, quero a revanche, mas eu venho buscando isso há muito tempo”.

Fim de carreira? As palavras de Weidman, entretanto, parecem não ter sido ouvidas pelo seu técnico, Ray Longo, para quem Anderson Silva não voltará a viver os dias de glória na categoria depois do nocaute sofrido em sua luta mais recente. Em declarações à Shameless Radio, amplamente divulgadas na internet, Longo afirmou: “Temos visto isso cem vezes no boxe: os lutadores não se recuperam desse tipo de nocaute. Anderson está com 40 anos, 39, ou o que seja. Não vejo como ele possa retornar. Acho que na revanche Weidman irá ainda mais confiante do que estava na primeira luta. Ele sabe o que esperar com todas aquelas caretas e todas aquelas atitudes grotescas. Acho que de fato vai ser uma noite muito ruim para o Anderson Silva de novo”.

O comentarista americano Patrick Clarke não só discorda do técnico de Weidman, como acredita que Anderson poderá fazê-lo engolir as próprias palavras. “Anderson não tem de provar mais nada no octógono, mas agora está com toda a atenção concentrada em derrotar o novo campeão da categoria.” Outro que duvida da recuperação de Anderson é o campeão de jiu-jitsu César Gracie. Em entrevista à BJPenn.com Radio, ele afirmou que Anderson está passando o bastão e que Weidman é um lutador muito duro, com todos os tipos de habilidade. “Anderson Silva é um dos caras mais técnicos que já lutou no UFC, mas ele está chegando perto de 40 anos e vai encontrar opositores agressivos e vai apanhar, como já aconteceu.” Entretanto, Gracie não considere impossível para Anderson recuperar o título dos médios. “É possível que ele ganhe essa revanche. Mas tudo leva a crer que vamos vê-lo começar a perder lutas. Ele tornou-se muito mais humano do que foi no passado.” Apesar do nocaute aplicado em Anderson, um grande número de aficcionados pelo MMA ainda não considera Weideman o melhor lutador. Em nota publicada no Yahoo, o comentarista David King afirma que Anderson estava ganhando no segundo assalto, até receber o golpe fatal.

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A revanche entre Chris Weidman e Anderson Silva será realizada no dia 28 de dezembro, em Las Vegas, e será a atração principal do UFC 168. O combate já está sendo promovido pelo presidente Dana White, para quem o duelo será o maior da história da organização. O americano Chris Weidman, de 29 anos, tem grande habilidade com wrestling e, desde 2009, quando começou a lutar profissionalmente, venceu todas as lutas. Uma delas foi contra o brasileiro Demian Maia, que perdeu por unanimidade, em janeiro de 2012.

Números e perspectivas Segundo os dados oficiais divulgados pela Comissão Atlética do Estado de Nevada, o UFC 162, evento que teve como luta principal a vitória de Chris Weidman sobre Anderson Silva, teve renda de US$ 4,8 milhões (cerca de R$ 10,8 milhões), a terceira maior da história do UFC em Las Vegas, atrás apenas do UFC 148, que teve a revanche entre Anderson Silva e Chael Sonnen (US$ 6,9 milhões) e do UFC 66, que teve a revanche entre Chuck Liddell e Tito Ortiz (US$ 5,3 milhões). O público presente foi de 12.964 pessoas, incluindo 10.157 pagantes e 2.807 convidados. Não foram vendidos 798 ingressos e o total de assentos disponíveis foi bem menor que o do UFC 148, que teve um público de 15.104 pessoas presentes. O preço médio do ingresso para o UFC 162 ficou em US$ 475,18 (R$ 1,066 mil). De acordo com reportagem publicada na revista Isto É Dinheiro, mesmo derrotado por nocaute Anderson Silva contribuiu para elevar as vendas de marcas ligadas à categoria. A Vollo Sports, empresa de

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artigos esportivos, registrou um pico de vendas no dia da luta de Anderson e na semana seguinte, com aumento de 30% nos pedidos de seus revendedores. Patrícia Yang, diretora de marketing da empresa, revelou que os eventos UFC que trazem brasileiros no card principal têm um peso maior, o que se reflete no crescimento das vendas. Para o dia 28 de dezembro, na revanche de Anderson Silva com Chris Weidman, a expectativa da empresa é ainda maior.

Anderson Silva, o Aranha Também chamado de Aranha (Spider, para os americanos), Anderson Silva nasceu em São Paulo em 14 de abril de 1975, mas muita gente acha que ele é paranaense porque se mudou muito cedo para Curitiba. Foi lá que começou a treinar taekwondo, com apenas 5 anos de idade, tornando-se faixa

preta nesse esporte aos 18 anos. No muay thai, Anderson foi o segundo faixa preta formado pelo mestre Fábio Noguchi, em Curitiba. Com 1,88 m de altura, também é faixa preta em jiu-jitsu. De acordo com o perfil de Anderson na Wikipédia, a origem de seu apelido, Aranha, vem de uma fantasia do Homem Aranha que ganhou quando criança. Antes do muay thai, ele tentou ser jogador de futebol, tendo feito um teste para o Corinthians. Anderson chegou 40 minutos atrasado e perdeu o teste, mas foi convidado para treinar na academia de boxe do clube. Em 2006, Anderson começou a lutar no Ultimate Fighting Championship (UFC), nos Estados Unidos. Em sua estreia, derrotou Chris Leben, até então invicto. Anderson nocauteou-o aos 49 segundos do primeiro assalto – a luta mais rápida de sua carreira. Hoje, Anderson é considerado por muitas pessoas o melhor lutador de todos os tempos. Ele detém o maior recorde de nocautes na história do UFC (15) e acumula 16 vitórias seguidas no evento, incluindo a do primeiro título e dez defesas de cinturão.


Apoio:

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vestimenta até então usada apenas pelos praticantes de aikidô e kendô. No aspecto técnico, contribuí no desenvolvimento do fuku-go, en-bu e kata bunkai.

De alguma forma você se sente responsável pelo tradicional? Não é nada disso. Acompanhei e fiz parte da história do tradicional ao redor do mundo. Sinto-me, sim, na obrigação de incorporar o espírito do tradicional e explicitar parte de tudo que vivi com mestres como Nakayama, Nishiyama, Kase, Shirai e outras legendas da modalidade.

Você é ITKF ou JKA? Sou karatê-dô tradicional.

Qual é a importância do sensei Shirai dentro da ITKF?

Na gestão, ele e o Gaertner são as duas únicas pessoas em nossa entidade com capacidade e competência para organizar e liderar mundialmente. O trabalho realizado por ele é de uma abrangência enorme. É o mestre mais bem sucedido no mundo, administrativamente e tecnicamente, e seu grupo é um dos mais fortes do mundo. É a maior autoridade técnica da modalidade. Quando ainda vivia no Japão, era o melhor em kata e shiai kumitê. Entre 1955 e 1971 ele ganhou tudo. Foi o maior vencedor de todos os tempos. Foi o único karateca campeão mundial em kata e kumitê na mesma competição. Ele é um gênio na questão técnica e, de quebra, é um excelente administrador e criou um império a sua volta.

Você é feliz?

Sim. Sou muito feliz.

Valeu a pena ter vindo para o Brasil?

Não posso dizer isso. Quem sabe se no Japão eu teria ido muito mais longe? Mas aqui fui contemplado com muitas coisas e acho que minha trajetória é no mínimo rica, diversificada e interessante. Minha única certeza nesse contexto é que amo o Brasil e a vida que temos aqui.

Hoje você trava uma luta diferente, uma batalha contra o câncer. Como está enfrentando esta batalha?

Já morri algumas vezes nesta vida. Perdi pai e irmãos vítimas dessa mesma doença, e estou lutando com todas as armas e recursos disponíveis. Estou fazendo o tratamento, químio e radioterapia, mas não alterei minha rotina, continuo viajando e ministrando cursos e treinamentos no Brasil, Europa e Estados Unidos. A média de vida de um samurai no Japão era de 40 anos, hoje tenho 65. Creio que já estou no lucro, certo?

Qual mensagem deixa para os karatecas brasileiros?

Que todos entendam que o corpo técnico da CBTK administra a modalidade com muito amor e dedicação. A gestão atual é fundamentada em excelente karatecas e profissionais que dedicam grande parte de seu tempo no fomento e crescimento do karatê-dô tradicional.

Como avalia o momento do tradicional no Brasil?

Estamos com três anos da gestão do Gaertner e afirmo que vivemos um momento excepcional. Ele soube montar uma equipe boa e estamos crescendo organizadamente sem perder qualidade. Hoje estamos muito mais organizados em nível de País e temos dirigentes mais capacitados nos Estados. Hoje ganhamos maior espaço na mídia e a volta do Paulo Pinto aos tatamis do tradicional prova que melhoramos em todos os níveis. Gostaria de ver de volta em nossa organização pessoas como Kazuo Nagamine, Paulo Afonso e outros karatecas antigos do Brasil. Estamos identificando e acordando muitos dragões adormecidos que vão voltar a contribuir com a CBKT. Pessoas que merecem dividir conosco este grande novo momento que vivemos na modalidade.

O que está por trás de todos os rachas que existiram até hoje no karatê mundial? Isso não está só no karatê, está intrinsecamente ligado à natureza humana.

Você concorda que no fundo são todos kamikazes e acabam destruindo tudo que criaram? E um exemplo é que os mestres Nakayama e Nishiyama não indicaram sucessores e com isso provocaram a implosão nas organizações? Sua visão é, no mínimo, realista.

Em âmbito pessoal quais foram suas principais conquistas até aqui?

Enveredei para o mundo do karatê, onde penso que já conquistei muitas coisas. Ter sido o primeiro campeão mundial da modalidade quando existia apenas uma organização no planeta e a disputa era de forma absoluta foi algo muito emblemático, mas passou. Depois disso vieram coisas muito importantes como a fundação da CBKT, a criação de várias federações estaduais, o desenvolvimento estrutural e técnico do karatê em nosso País, a criação de muitas coisas novas para nossa modalidade, e outras que não lembro nesse momento. Mas em especial estão as amizades que conquistei neste caminho. Os amigos e os inimigos são um capítulo especial em minha vida, pois os inimigos são como fantasmas que, além de nos assombrar, muitas vezes nos mostram saídas e caminhos que jamais percorreríamos sem a força daquele fantasma nos perseguindo. O único lado que negligenciei foi o financeiro, porque nunca foquei isso em minha vida. Formei muita gente, tenho vários amigos, seguidores e admiradores.

Shihans Watanabe e Gilberto Gaertner unidos pelo desenvolvimento do Tradicional no Brasil.



INTERVIEW

BRONZE É BOM, MAS OURO É MELHOR POR N. T. MATEUS

| FOTOS REVISTA BUDÔ

Sem desprezar o bronze conquistado no mundial do México, Guilherme Dias Alves acha que deu apenas mais um passo na busca do ouro olímpico.

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O taekwondo vive grandes mudanças técnicas, a dinâmica das lutas está evoluindo muito depressa, e isso é muito bom.”

Medalha de bronze no Campeonato Mundial de Taekwondo, realizado em julho em Puebla, no México, o brasiliense Guilherme Dias Alves tem projetos mais ambiciosos: ser campeão mundial e conquistar o ouro nos Jogos Olímpicos de 2016. Com experiência internacional de dois títulos pan-americanos, um júnior e outro sênior, o atleta de 21 anos tem, entretanto, uma noção muito clara do que ainda precisa aprender e conquistar até o fim do atual ciclo olímpico.

Quando e por que começou no taekwondo?

Qual era sua expectativa e como viu a conquista do bronze? Minha meta sempre foi ser campeão mundial, mas infelizmente fiquei com o bronze. Medalhar é sempre um bom resultado, mas minha meta é o ouro e vou seguir perseguindo esse objetivo.

Qual foi a sensação de trazer uma medalha na volta ao Brasil?

Foi uma experiência inesquecível, e vou trabalhar mais forte ainda para que se repita mais vezes.

Comecei a treinar em 1998, quando tinha 5 anos. Por ser hiperativo, minha mãe queria que eu fizesse alguma atividade para ganhar disciplina e concentração. E perto da minha casa havia uma academia de taekwondo.

Como é a sua avaliação sobre o desempenho da seleção brasileira em Puebla?

Com qual mestre começou?

Qual é a sua avaliação do trabalho desenvolvido pela comissão técnica do Brasil?

Comecei com o mestre Washington Azevedo, no CEFAP, e hoje continuo com ele, mas agora na AWA Taguatinga Norte (DF), associação que represento.

O mundial de Puebla, no México, foi sua primeira experiência internacional? Não. Eu participei da seleção brasileira juvenil em 2009 e ganhei o pan-americano júnior. Em 2012 fui campeão pan-americano sênior e em 2013 conquistei esse bronze no mundial.

Acho que tivemos uma boa experiência e a equipe estava bem focada e unida. Perdemos lutas por detalhes. E nossa comissão técnica é muito experiente.

A comissão técnica teve um trabalho muito importante no mundial. Entrei com o Alysson Yamaguti, que me apoiou bastante nas lutas. Já a Carmem Carolina ajudou muito na minha parte psicológica, desde La Loma, pois ela também já tinha vivido as situações pelas quais estávamos passando naquele momento. O Fernando Madureira era quem informava sobre nossa programação de treinos e dizia como tudo iria ser feito. Eu tenho relação excelente com os três

técnicos e cada um teve sua importância para a equipe no mundial. É um time bastante experiente e sabe dar o recado para a equipe. Acho esta comissão excelente.

Como viu o nível técnico da competição?

O nível foi altíssimo. Já tenho uma certa experiência em competições internacionais, e pude ver que os principais atletas do mundo estavam lá. Também notei claramente que o taekwondo vive grandes mudanças nas questões técnicas; a dinâmica das lutas está evoluindo muito depressa, e isso é muito bom.

Qual é sua meta para o segundo semestre?

Quero continuar subindo no ranking mundial. Vou participar do Argentina Open e do Pan-Americano Open, além de tentar classificar-me para o Grand Prix, em dezembro, e me manter na seleção brasileira.

Qual é a sua rotina de treinamento?

Treino taekwondo duas vezes ao dia, nas segundas, quartas e sextas-feiras. Já na terça e na quinta faço preparação física durante todo o dia.

Qual foi a sua avaliação da arbitragem em Puebla?

Para mim o nível da arbitragem estava muito alto também. E com o recurso do vídeo replay não ficaram muitas dúvidas.

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Perfil do atleta

Nome completo: Guilherme Dias Alves Local e data de nascimento: Brasília (DF) em 27/07/1992 Graduação: faixa preta 2º Dan Equipe: Associação AWA Taguatinga Norte (DF) Golpe preferido: tenho o Miro Tchagui muito forte, e gosto muito do Tolho Tchagui Escolaridade: cursando a Faculdade de Educação Física, na UCB, terceiro semestre Técnico e treinador: Washington Azevedo Preparador físico: Rodrigo Koehler Nutricionista: Gustavo Carvalho (Team Olympia) Psicólogo: Luís Orione Fisioterapeuta: Rafael Cardoso

Esta medalha o ajudará a conseguir mais apoio de programas oficiais?

Acho que sim. Os programas do governo federal me ajudam desde os meus 16 anos e agora estou apto a tentar a bolsa pódio, que será de grande ajuda em meu preparo no dia a dia.

O governo do Distrito Federal desenvolve políticas que favorecem os atletas? Infelizmente, tenho mais apoio do governo federal do que do GDF. Mas espero que um dia consiga o apoio dele também.

Esta conquista, com a consequente subida no ranking, aumenta a motivação para as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro?

Com certeza esta medalha me motiva ainda mais para os Jogos Olímpicos de 2016, mas esse objetivo está reservado para o final deste ciclo olímpico. Antes há muita coisa a ser conquistada, e preciso estar cada vez mais inserido no circuito internacional e adquirindo mais experiência. Tenho muito que aprender e conquistar ainda antes de 2016.

Em sua análise, quais são os principais nomes da nova geração de atletas do Brasil?

Hoje temos vários atletas jovens na seleção, promessas muito boas de verdade, mas para citar nomes acho que o Felipe Kenji, a Júlia Santos e a Gabrielle Siqueira são destaques dessa renovação. O Brasil está formando um time forte em todos os sentidos e tenho certeza de que conquistaremos muitas medalhas.

Você recebe apoio ou patrocínio de alguma empresa, instituição ou órgão público?

Recebo apoio da academia Bodytech, do Instituto Passe de Mágica, da Petrobras, da Confederação Brasileira de Taekwondo.

Como avalia a atual gestão da Confederação Brasileira de Taekwondo? Esta gestão conseguiu o apoio da Petrobras, criou o ranking nacional e desenvolveu várias ações que estão proporcionando maior dinâmica ao taekwondo brasileiro. Minha avaliação é positiva.

Qual é sua meta nos tatamis?

Treino de forma programada, consciente, e persigo meus objetivos no esporte, que basicamente buscam o topo. Quero ser o número 1 de minha categoria. Quero ser campeão mundial e campeão olímpico.

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31 AQUATRO


Inaugura a maior budô shop do Brasil POR LUIZ

AQUINO |

FOTOS FLAVIO

SAMPAIO SIQUEIRA

Com a presença de mestres e atletas das mais variadas modalidades, a Dragão Kimonos inaugurou sua loja-conceito em São Paulo, focada no mercado de artes marciais, com produtos de alta qualidade produzidos no Brasil e fora dele. 32


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São Paulo (SP) – Foi inaugurada no dia 4 de maio a loja-conceito da Dragão Kimonos na Alameda dos Maracatins esquina com a Rua Divino Salvador, no bairro paulistano de Moema. A partir de agora os praticantes das artes marciais poderão encontrar nesta nova budô shop tudo para a prática das lutas, desde kimonos aos mais variados acessórios. Marcando presença no mercado há 39 anos, a Dragão mostra que está cada vez mais forte e focada no segmento de lutas. Fúlvio Saba, diretor comercial da empresa, destaca o esforço de toda a família para manter a excelência na qualidade dos produtos e serviços ao longo dos anos. “Hoje é um dia de muita alegria e satisfação, por estarmos realizando este sonho juntamente com a nossa família e os amigos”, afirma. A Dragão Kimonos é uma empresa familiar. Foi meu pai, Benildo Borges Saba, que em 1974 deu início a tudo isso, e para atingir os resultados obtidos contou com a importante ajuda de minha mãe, Vera Lúcia Saba. Meus irmãos Fábio e Fernando Saba também trabalharam aqui. Hoje cuido de tudo sozinho, mas conto com a grande ajuda dos meus pais, e nossa proposta é manter a Dragão Kimonos neste formato. Apesar de buscar sempre nos profissionalizarmos o máximo possível, não perdemos a identidade da família, e aquela coisa de coração. Seja quem for o próximo diretor, a empresa terá de seguir esta linha de atuação.” Fúlvio ressalta que o espaço recém-inaugurado é considerado uma loja-conceito e a meta agora é abrir novos pontos. “Acho que até o fim do ano deveremos abrir mais duas lojas em locais estratégicos, uma aqui em São Paulo e outra ainda em fase de estudo.” Diversos atletas, técnicos e mestres patrocinados e parceiros da Dragão Kimonos marcaram presença no evento, e entre eles a dupla campeã mundial de kata Luiz Alberto dos Santos e Rioiti Uchida, Adriano Silva, Felipinho e Panza do jiu-jitsu. Destaque especial para o mestre 9º dan Flávio Bering, discípulo de Hélio Gracie.

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Fúlvio Saba com Naok Otake, arquiteto responsável pelo novo projeto da loja Dragão Kimonos

David Gordge, da Austrália que é vice-presidente da Oceania, Jaime Casanova, da Republica Dominicana, presidente da WJF, Paul Hoglund, da Suécia, vice-presidente da WIF e presidente da Europa, Paulo Dubois, do Brasil vice-presidente e tesoureiro.

Adriano Silva, Felipe Cesar e Luiz Panza

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Na oportunidade Fúlvio Saba mencionou as parcerias que a Dragão desenvolve com alguns ícones dos tatamis. “Desenvolvemos parceria com vários mestres e técnicos das mais variadas modalidades. Entre eles destacamos o medalhista olímpico Henrique Guimarães e Rafaela Ruiz, que atualmente é a gata da Dragão Kimonos, que não está presente por estar hoje competindo na Alemanha.” A política da nova loja Dragão Kimonos é disponibilizar todos os produtos relacionados às artes marciais, mas, segundo o empresário, a meta é dar espaço para as principais marcas. “Atualmente trabalhamos com marcas como Adidas, Tapout, UFC e Venum, e vamos abrir espaço para parceiros que estejam no mesmo nível da Dragão. Não vamos revender qualquer produto, pois primamos pela qualidade.” O diretor comercial da Dragão Kimonos finaliza destacando que a empresa já atua no exterior. “No ano passado abrimos uma empresa distribuidora nos Estados Unidos para melhor atender àquele mercado. No Brasil, as vendas são realizadas por site para consumidores e lojistas, mas nossa proposta é expandir cada vez mais a nossa participação no mercado.” Fúlvio Saba, o grande mestre 9º grau Flávio Behring e Benildo Saba

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Fernando Saba, Vera Saba, Fúlvio Saba e Benildo Saba


AQUATRO


GOVERNO DE SÃO PAULO INVESTE NO CICLO OLÍMPICO

Nesta entrevista, Clóvis Volpi, secretário adjunto de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo, fala sobre a fase de preparação para as Olimpíadas e defende que o governo tem a responsabilidade de fomentar o desenvolvimento do esporte. POR PAULO

PINTO |

Qual é a prioridade da atual gestão para o deporto paulista? Trabalhamos focados em dois pontos, já que a gestão do esporte deve priorizar o social e o alto rendimento. No aspecto social trabalhamos na promoção da inclusão de nossa juventude no esporte, oferecendo estrutura, equipamentos e praças esportivas que atendam à demanda em todo o Estado. Na outra ponta temos o esporte competitivo e de rendimento, e neste contexto a prioridade é preparar o maior número possível de atletas para representar o Estado e, consequentemente, nosso País. O desporto vive um momento especial no Brasil em função da Olimpíada de 2016. Qual é a expectativa do governo de São Paulo para os jogos do Rio? Todos os países que recebem uma Olimpíada buscam conquistar o maior número de medalhas possível, e no Brasil não será diferente. No campo interno vai haver grande competição. Todos os Estados disputarão medalhas, e São Paulo trabalha focado no ouro olímpico, já que tradicionalmente somos o grande celeiro esportivo do País. Certamente São Paulo vai marcar forte presença nos pódios de 2016 e estará no topo do quadro de medalhas conquistadas pelo Brasil.

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FOTOS REVISTA

BUDÔ

Sua secretaria está focada nesse objetivo? Com certeza. Neste momento não adianta priorizar a base, pois a Olimpíada já está aí. Estamos mantendo todos os projetos voltados para a base, mas buscamos trabalhar com as entidades de administração que desenvolvem um trabalho focado no alto rendimento. Existe o entendimento de que a prioridade para os próximos três anos é estimular o fortalecimento dos times que estão brigando por medalhas nos mundiais e nas principais competições de cada modalidade. O governo de São Paulo entende que tem a obrigação de fomentar o esporte? Não só a obrigação, mas a responsabilidade de fomentar o esporte em todos os níveis. Esta iniciativa não deve e não pode ser atribuída apenas aos clubes e demais setores da sociedade. O Estado deve ser o maior responsável por este processo, já que o resultado e a melhora dos índices só aparecem quando os atletas têm 100% de seu tempo dedicado ao treinamento, e para que isso aconteça é preciso muito investimento. Penso que o trabalho e o esforço devem ser desenvolvidos pelo atleta e seu técnico, mas o investimento deve sair da iniciativa privada e do governo estadual.

Clovis Volpi


GOVERNO DE SÃO PAULO INVESTE NO CICLO OLÍMPICO

Nesta entrevista, Clóvis Volpi, secretário adjunto de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo, fala sobre a fase de preparação para as Olimpíadas e defende que o governo tem a responsabilidade de fomentar o desenvolvimento do esporte. POR PAULO

PINTO |

Qual é a prioridade da atual gestão para o deporto paulista? Trabalhamos focados em dois pontos, já que a gestão do esporte deve priorizar o social e o alto rendimento. No aspecto social trabalhamos na promoção da inclusão de nossa juventude no esporte, oferecendo estrutura, equipamentos e praças esportivas que atendam à demanda em todo o Estado. Na outra ponta temos o esporte competitivo e de rendimento, e neste contexto a prioridade é preparar o maior número possível de atletas para representar o Estado e, consequentemente, nosso País. O desporto vive um momento especial no Brasil em função da Olimpíada de 2016. Qual é a expectativa do governo de São Paulo para os jogos do Rio? Todos os países que recebem uma Olimpíada buscam conquistar o maior número de medalhas possível, e no Brasil não será diferente. No campo interno vai haver grande competição. Todos os Estados disputarão medalhas, e São Paulo trabalha focado no ouro olímpico, já que tradicionalmente somos o grande celeiro esportivo do País. Certamente São Paulo vai marcar forte presença nos pódios de 2016 e estará no topo do quadro de medalhas conquistadas pelo Brasil.

Sua secretaria está

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FOTOS REVISTA

BUDÔ

focada nesse objetivo? Com certeza. Neste momento não adianta priorizar a base, pois a Olimpíada já está aí. Estamos mantendo todos os projetos voltados para a base, mas buscamos trabalhar com as entidades de administração que desenvolvem um trabalho focado no alto rendimento. Existe o entendimento de que a prioridade para os próximos três anos é estimular o fortalecimento dos times que estão brigando por medalhas nos mundiais e nas principais competições de cada modalidade. O governo de São Paulo entende que tem a obrigação de fomentar o esporte? Não só a obrigação, mas a responsabilidade de fomentar o esporte em todos os níveis. Esta iniciativa não deve e não pode ser atribuída apenas aos clubes e demais setores da sociedade. O Estado deve ser o maior responsável por este processo, já que o resultado e a melhora dos índices só aparecem quando os atletas têm 100% de seu tempo dedicado ao treinamento, e para que isso aconteça é preciso muito investimento. Penso que o trabalho e o esforço devem ser desenvolvidos pelo atleta e seu técnico, mas o investimento deve sair da iniciativa privada e do governo estadual.

Clovis Volpi


Clovis Volpi

Clóvis Volpe e Francisco de Carvalho vice-presidente da CBJ

O que o judô representa na grade de modalidades esportivas do Estado? O judô é uma das modalidades mais importantes na grade esportiva em que atuamos. Sabemos que o judô tem um diferencial filosófico de grande relevância quando o tema é formação de jovens praticantes. Sabemos da importância desta modalidade no tocante à socialização de crianças e jovens. Mas o governo de São Paulo sabe também do diferencial do judô quando o assunto é o alto rendimento. É por tudo isso que o Centro de Excelência do judô paulista aumentou expressivamente o número de sedes e atende a um número cada vez maior de atletas. Nossa secretaria busca premiar as modalidades que promovem o desenvolvimento técnico e social do maior número possível de jovens, e o judô atende plenamente a estes objetivos. Como gestor, como avalia o judô no contexto de rendimento olímpico? Todos que militam no desporto sabem que a história do judô no olimpismo é uma das mais ricas e antigas do Brasil. Creio que isso remonta a mais de 40 anos, quando Chiaki Ishii conquistou a primeira medalha olímpica para o judô brasileiro, em 1972, em Munique. Ishii ganhou o bronze no meio-pesado, numa Olimpíada em que o Brasil somou apenas duas medalhas, ambas de bronze: uma com o judô e a outra com Nelson Prudêncio, no salto triplo. Aliás, as únicas medalhas do Brasil nesta edição dos jogos foram conquistadas por atletas paulistas. Mas, voltando ao assunto, ao lado do vôlei o judô é hoje a modalidade que mais medalhas olímpicas conquistou para o nosso País. O judô tem uma história crescente e, além de pontuar cada conquista, o governo estadual valoriza as entidades que promovem o desenvolvimento do desporto paulista. Sem dúvida, a Federação Paulista de Judô é uma de nossas maiores parceiras em todo este processo.

medalhas, pois nossa tradição é de liderança em todas as áreas, predominantemente no esporte. Não podemos negligenciar a formação de atletas e de equipes para esta Olimpíada, já que as medalhas conquistadas no Rio de Janeiro certamente repercutirão no engajamento e na participação das próximas gerações na atividade esportiva. O governo de São Paulo certamente desenvolverá esforços focando estes objetivos. De que forma poderíamos massificar ainda mais o desporto no Estado? Penso que a escola é o caminho mais curto para atingirmos este objetivo. Este pensamento atende a um projeto da Secretaria de Educação que pretende colocar horário integral nas escolas públicas. Na medida em que isso aconteça, as escolas públicas serão o maior celeiro de atletas do Brasil, já que o esporte deverá absorver grande parte do tempo que as crianças passarão na escola. Qual será o grande legado de 2016 para o desporto brasileiro? A meu ver será o sentimento de brasilidade. No campo físico, o que vemos hoje é a enorme crítica ao investimento que está sendo realizado, mas o que importa na verdade é o ganho social que um evento desta magnitude oferece ao país anfitrião. O maior legado dos próximos Jogos Olímpicos serão os milhões de jovens que passarão a ver seu País como uma grande equipe e como uma nação de verdade. O desenvolvimento cultural e social de um povo é resultante de ações grandiosas que resgatam e semeiam a autoestima, a cidadania e a confiança da população. Em 2016 o Brasil estará unido nas conquistas dos nossos atletas nas arenas esportivas espalhadas pela capital fluminense. Independentemente do resultado obtido nos pódios, o Brasil sairá da próxima Olimpíada mais fortalecido enquanto nação, e nossas características culturais serão mais conhecidas no cenário internacional.

Como vê o momento atual do judô? Hoje o Brasil faz parte da elite mundial desta modalidade e sabemos que chegar ao topo é uma coisa, mas permanecer entre os melhores é outra. Manter o judô brasileiro entre as melhores equipes do mundo demanda um investimento enorme, e as secretarias de esporte nos Estados têm de desenvolver esforços para darmos manutenção a esta posição no ranking internacional. São Paulo tem consciência da importância de manter o incentivo à modalidade, pois este é um investimento social e não podemos abandonar aquilo que vem sendo conquistado há décadas, como é o caso do judô. Como a administração atual vê projetos como Centro de Excelência do judô paulista? A ideia que criou os chamados centros de excelência é ótima. O problema é que não se pode criar projetos e abandoná-los na gestão seguinte. Estes projetos devem ser mantidos a todo custo, pois os resultados surgem em médio e longo prazo, e o judô é prova disso. Voltando para 2016, qual é a sua opinião pessoal sobre a participação de São Paulo nas medalhas do time brasileiro? São Paulo não pode e não deve ficar para trás no quadro geral de Clóvis Volpe na abertura de um certame da FPJ

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INTERVIEW

JIMMY PEDRO É UMA DAS MAIORES REFERÊNCIAS TÉCNICAS DAS AMÉRICAS Nascido em 20 de outubro de 1970, detentor de duas medalhas olímpicas e um título mundial, o norte-americano Jimmy Pedro faz parte da elite do judô pan-americano como atleta e treinador, já que como técnico fez história com a façanha inédita de conduzir Ronda Rousey ao bronze e Kayla Harrison ao ouro olímpicos. 40


Como conseguiu tanta coisa no judô, vivendo num país sem tradição nos tatamis?

Meu pai estabeleceu uma meta quando eu ainda era criança, e me deu todo suporte possível para me tornar um grande competidor. Mandou-me primeiro treinar com os melhores dos EUA e depois fui para outros países. A paixão que criei pelo judô foi tão grande que foquei toda a minha vida nisso e dei o máximo de mim buscando ser um dos melhores do mundo em minha categoria.

Onde treinou fora dos EUA?

O primeiro lugar em que fui treinar foi a Inglaterra. Lembro que treinávamos quatro horas por dia, e na época este era um dos melhores treinamentos de campo do mundo. Mas depois fui ao Japão e para os maiores centros da modalidade na Europa.

Como resume sua trajetória como atleta?

Competi e venci quase tudo nas principais competições que existiam naquela época. Fui duas vezes medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de 1996 e 2004. Em 1999 tornei-me campeão do mundo. Eu e Mike Swain, que venceu em 1987, somos os únicos norte-americanos campeões do mundo de judô no naipe masculino.

Quando parou como atleta? Parei em 2004.

Isso teve algum impacto negativo em sua vida?

Quando fui desclassificado em 2000, em Sidney, vivi um drama, mas quando parei em 2004 não aconteceu nada de ruim porque minha vida estava bem mais organizada. Eu já tinha meu negócio, casa, família e filhos.

Naquela época você vislumbrou que seria técnico?

Tinha minha academia naquela época, mas não pensava em ser treinador e muito menos que formaria e treinaria uma campeã olímpica.

Jimmy comemora o ouro de Kayla em Londres

A partir de que momento percebeu que poderia ser campeão olímpico como técnico?

Desde que comecei a dar aulas com meu pai, construímos um time focado em resultados, com patrocinadores e o suporte necessário para atingir nossos objetivos. É claro que na época não esperávamos ir tão longe, mas sempre sonhamos alto e trabalhamos duro, perseguindo nossos objetivos.

Quantas medalhas olímpicas sua escola conquistou até hoje? As medalhas olímpicas conquistadas por atletas de nosso time foram os meus dois bronzes, o bronze da Ronda Rousey e o ouro da Kayla Harrison.

O judô é praticado em todos os Estados de seu país?

O judô está em todo o país, mas aqui temos três tipos, ou níveis, diferentes de federação. O judô está muito longe de ser uma modalidade popular nos Estados Unidos, e temos aproximadamente 20 mil praticantes.

Soubemos que perguntou a Kayla se queria ser campeã olímpica. Isso procede?

Temos o costume de traçar metas no começo de cada ano, e quando perguntei a ela qual seria a nossa meta no início de 2012, a primeira coisa que ela colocou foi ser campeã olímpica.

Desde o início você enxergou esta possibilidade?

Não, de forma alguma. Na primeira competição a que levei Kayla, ela perdeu todas as sete lutas no individual, e também todas por equipe. Ela tinha 15 anos na época e lutou no 70 kg. Foi um fiasco geral.

Por que seguiu adiante com ela?

Porque ela sempre foi uma atleta com muita determinação, motivação

Jimmy no pódio quando conquistou seu segundo bronze olímpico em 2004

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para treinar e para competir. É muito fácil ser técnico dela porque a Kayla sempre escuta e faz o que eu falo. Ela sempre mostrou enorme paixão pelo judô e fez de tudo para melhorar, vencer e ter melhores resultados. Sua maior qualidade é ouvir e acreditar em tudo que eu e meu pai falamos a ela. Ela persegue implacavelmente todos os objetivos traçados, e isso fez com que aos poucos fôssemos acreditando mais e mais na possibilidade de crescimento. E o resultado está aí.

Você foi campeão mundial, medalhista olímpico e agora campeão olímpico como técnico. Qual conquista foi mais emblemática?

São coisas diferentes, mas a minha primeira medalha foi muito importante porque foi quando vi que tudo era realmente possível. Quando saí da competição em Sidney, parei tudo e entrei em forte depressão. Este foi o momento mais triste para mim, e para me recuperar tive de recomeçar tudo do zero. Já a conquista da Kayla foi muito especial porque, quando ela chegou aqui com 15 anos, a vida dela estava totalmente destruída. Poder vê-la como a melhor do mundo, depois de todo sacrifício que teve de fazer para atingir seus objetivos, foi muito gratificante. Foi muito especial porque ganhar uma medalha sendo atleta é algo a que acabamos nos acostumando, mas como técnico é diferente. Não conseguimos tirar a energia de dentro de nós, e a cada momento ficamos mais nervosos, porque cada luta é diferente. Foi muito especial também porque esta foi a primeira medalha de ouro olímpica do judô estadunidense.

A partir de que momento achou que a Kayla iria para o topo?

Em 2008, quando ela foi campeã mundial júnior. Quando alguém é campeão mundial júnior, cria motivação para atingir o objetivo seguinte. Isso aconteceu com a Ronda, que foi medalha de prata no mundial e logo depois medalhou nas Olimpíadas.

Quando a Mayra assumiu o primeiro lugar no ranking, abalou o moral de vocês? Jimmy com sua aluna Fernanda Araújo

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Muito ao contrário, isso foi a melhor coisa que poderia ter-nos acontecido. Quando se está no topo, tem-se a nítida sensação de que não existe nada abaixo. Já quem vem lá de baixo mira seu objetivo e luta determinadamente para vencer. Na verdade, eu respirei aliviado e usei o ranking para motivar Kayla ainda mais. Sabia que naquele momento aquela era a melhor coisa que poderia acontecer para fortalecer nosso time, e deu no que deu.

Como vê o momento do judô mundial?

No meu tempo, não conseguia fazer dinheiro com judô. Hoje a Kayla e o Trevis estão tendo a oportunidade de ganhar e fazer dinheiro com judô. Com a ajuda da internet, a modalidade tornou-se mais popular. Em minha época, ou éramos vistos na televisão ou ninguém nos conheceria. Eu não consegui fazer dinheiro com judô em função dessas dificuldades, e hoje a internet abre portas para atletas das modalidades menos populares. Mas mundialmente o judô está evoluindo muito e vemos maior profissionalismo.

E aqui nos Estados Unidos?

Como já disse antes, hoje o judô está bem melhor e as oportunidades também são maiores. Os atletas têm mais suporte, porém o judô nos Estados Unidos é um pouco diferente. Aqui os atletas não recebem nenhum apoio financeiro como acontece no Brasil e em outros países. Eles têm de pagar passagens e demais despesas para competir e representar o país. Isso acaba dificultando muito o crescimento e o desenvolvimento da modalidade.

Como avalia sua aluna Fernanda Araújo tecnicamente?

Qual e seu foco agora?

Recentemente deixei o posto de treinador da seleção norte-americana de judô, e meu foco agora é a família. Vou trabalhar no sentido de ajudar meus filhos a alcançarem seus objetivos.

Além de sua escola Pedro’s Judo Center, quais atividades desenvolve?

A Fernanda Araújo é uma excelente judoca. Tem muita determinação e é focada no treinamento. Tem a qualidade de escutar tudo que lhe ensinamos, e põe em prática no randori. No momento ela está treinando forte também para o MMA, e, por tudo que vemos e sabemos dela, temos certeza de que vai sair-se muito bem no octógono.

Sou vice-presidente de marketing da Zebra Mats, marca líder nas artes marciais tradicionais e no negócio de MMA. Somos conhecidos por ter o tatami de maior qualidade disponível no mercado norte-americano. Fazemos também projetos para centros de treinamento, oferecendo tudo que o mercado disponibiliza no segmento de lutas.

Vemos hoje cada vez mais judocas no MMA. Qual é a sua avaliação da modalidade?

Além da competição, qual é a contribuição que o judô oferece no contexto social?

Acho que o MMA é muito emocionante, e certamente é o esporte do momento. É a modalidade que mais cresce no planeta. Nos Estados Unidos o MMA decolou e superou as expectativas de aceitação e popularidade.

Quais países são referência no judô mundial? Indubitavelmente são Rússia, Brasil e Japão.

Principais Principais Títulos Títulos Bronze – Jogos Olímpicos – Atenas 2004 Bronze – Jogos Olímpicos – Atenas 2004 Ouro – Campeonato Pan-Americano – Ilhas Margaridas 2004 Ouro – Campeonato Pan-Americano – Ilhas Margaridas 2004 Campeão Mundial – Birmingham 1999 Campeão Mundial – Birmingham 1999 Campeão Jogos Pan-Americanos – Winnipeg 1999 Campeão Jogos Pan-Americanos – Winnipeg 1999 Campeão Pan-Americano – Santo Domingo 1998 Campeão Pan-Americano – Santo Domingo 1998 Campeão do Torneio de Paris 1998 Campeão do Torneio de Paris 1998 Campeão Pan-Americano – Guadalajara 1997 Campeão Pan-Americano – Guadalajara 1997 Bronze – Jogos Olímpicos – Atlanta 1996 Bronze – Jogos Olímpicos – Atlanta 1996 Bronze – Mundial – Tóquio 1995 Bronze – Mundial – Tóquio 1995 Campeão Jogos Pan-Americanos – Mar del Plata 1995 Campeão Jogos Pan-Americanos – Mar del Plata 1995 Campeão Pan-Americano – Ontário Campeão Pan-Americano – Ontário

Eu não alcançaria o sucesso que obtive na vida sem o judô. Ele proporciona autoconfiança e conhecimento para conquistarmos todas as coisas que focamos na vida. Aprendendo a lutar, aprendemos a observar tudo com uma visão mais estratégica e aprendemos literalmente a vencer. O judô tem muito a oferecer para o desenvolvimento da humanidade e sua prática proporciona grande aprendizado, no sentido mais amplo da vida.

Resumo geral de medalhas

Principais Títulos

Medalhas

O

P

B

Jogos Olímpicos: 0 Bronze – Jogos Olímpicos – Atenas 2004

0

2

Ouro – Campeonato 2004 Campeonatos Mundiais: Pan-Americano – Ilhas 1 Margaridas 0 2 Campeão Mundial – Birmingham 1999

Campeonatos Continentais: 6 1 Campeão Jogos Pan-Americanos – Winnipeg 1999

2

Campeão Pan-Americano – Santo Domingo 19984 Copas do Mundo / Continentais Abertos: 4 Campeão do Torneio de Paris 1998 Competições na Europa: Campeão Pan-Americano – Guadalajara1 1997 1 Bronze – Jogos Olímpicos – Atlanta 1996 Campeonatos Mundiais Juniores: 0 0 Bronze – Mundial – Tóquio 1995 Torneios Internacionais: Campeão Jogos Pan-Americanos – Mar17 del Plata6 1995 Campeão Pan-Americano – Ontário Campeonatos Nacionais Seniores: 6 1

10 2 1 3 1

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INTERVIEW

ROCIAN GRACIE Jiu-jitsu Fundamentado no Budô Nascido em 2 de junho de 1974, em Teresópolis (RJ), Rocian Gracie Júnior, após duas tentativas de viver nos Estados Unidos, migrou para São Paulo para reescrever a saga da família Gracie no principal Estado do País. Introspectivo e bastante focado na padronização de ensino de sua modalidade, o faixa preta 4º grau desenvolveu uma metodologia de trabalho que, além de normatizar graduações, visa a resgatar fundamentos técnicos e princípios filosóficos do jiu-jitsu. POR PAULO

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PINTO |

FOTOS MARCELO

KURA


Quando começou no jiu-jitsu? Comecei muito pequeno, com meu pai Rocian Gracie, que tinha uma academia no Rio de Janeiro e posteriormente se mudou para os Estados Unidos. Continuei morando no Rio e fui treinar com um aluno do tio Hélio Gracie, chamado professor Geny. Fiquei lá até completar 13 anos. Depois fui para os Estados Unidos morar com meu pai e acabei ficando quatro anos lá. Voltei para Teresópolis e aos treinamentos com Geny e outros professores, que eram alunos de Hélio Gracie. Quando percebeu que seria um profissional dos tatamis, e seguiria a saga da família? Na verdade, por várias vezes tentei parar de treinar jiu-jitsu, porque não me identificava muito com a filosofia da turma que praticava. O fato de treinar pelo simples fato de ser um Gracie também me incomodava muito. Sempre fui rival, então, sempre que ia buscar alguma ajuda técnica, acabava me dando mal. Naquela época, a proposta do jiu-jitsu não era passar muita técnica ou treinamento, e com isso acabava me sentindo meio excluído, o que me desanimava. Mas alguma coisa lá dentro me impelia a seguir adiante, e eu voltava a treinar. Sempre parava e voltava, e sempre me cobrava muito também por achar que não tinha conhecimento técnico para competir. Cobrava-me muito e, consequentemente, acabava não competindo tanto. Mas você chegou a parar de treinar? Quando tinha 19 anos surgiu nova oportunidade de voltar aos Estados Unidos, e nessa época já pensava em parar de treinar. Fiz um projeto de vida e comecei a juntar dinheiro para comprar minha passagem e ir para a América tentar a vida por lá, e bem longe dos tatamis. Juntei dinheiro, comprei a passagem e decidi ir com a cara e a coragem, mas, paradoxalmente, na semana em que ia viajar meu tio Carlos Gracie me convidou para trabalhar e dar aulas na academia dele em São Francisco, na Califórnia. Isso foi bem no começo, e lembro que nessa época o Roice ainda estava lutando. E, como eu já era faixa roxa, aceitei a proposta e fui para a Califórnia. Fiquei trabalhando com ele quase um ano, mas acabamos nos desentendendo. Foi quando surgiu outra oportunidade e acabei indo para outra academia, lá mesmo. Logo depois peguei a faixa preta com Carlson Gracie, ainda nos EUA. Um pouco antes havia surgido uma oportunidade de fazer outro trabalho, longe dos tatamis, mas acabei decidindo pelo jiu-jitsu e viver dele. Só que, embora eu fosse faixa-preta, não tinha muitas possibilidades de crescer tecnicamente – e eu sempre me cobrei muito nas questões técnicas e filosóficas.

aprender mais jiu-jitsu, acabei voltando para o Brasil. Isso foi no fim de 1997, e foi ai que comecei meu trabalho. Fizemos uma parceria com um amigo dela que tinha um clube de tiro, e montamos a academia na parte de baixo do prédio. Fiquei um tempo dando aulas lá, mas comecei a ter dificuldades para avaliar meus alunos, porque dentro do jiu-jitsu os praticantes são avaliados mais pela parte competitiva e há muita gente que não gosta de competir. Até mesmo por não possuir um histórico nas competições, acabei identificando-me com essas pessoas que queriam fazer jiu-jitsu mas não tinham como ser avaliados estando fora da competição.

com que sua questão curricular fique muito mais rica de conhecimento. A metodologia facilitou meu trabalho porque, quando indico um aluno para a prova, ele tem de estudar como em qualquer outra área. No dia da prova, se ele não souber, é reprovado. Todo mundo quer passar, mas para tanto tem de estudar de verdade. O jiu-jitsu abrange um número muito grande de posições, e nossos exames exigem que o aluno saiba o mínimo que cada faixa requer de aprendizado para podermos dar a graduação pretendida. Sendo uma escola de jiu-jitsu, como não prioriza a competição? Não priorizamos a competição, mas participamos dos campeonatos das duas federações. Vejo as competições apenas como uma vírgula no universo do jiu-jitsu. Participamos, mas os alunos que não querem participar não são obrigados e mantêm o crescimento dentro do jiu-jitsu da mesma forma. Em nossa escola não existe a ditadura da competição e do rendimento. Aquilo de dar faixa no pódio não existe em minha escola. O aluno pode ser o melhor lutador do ranking, mas terá de fazer exame, assim como os demais.

“Aquilo de dar faixas no pódio em minha escola não existe. O aluno pode ser o melhor lutador do ranking, mas terá de fazer exame, assim como os demais.”

Como veio parar em São Paulo? Naquela época conheci uma moça que me convidou para vir para São Paulo, mas disse a ela que nunca mais voltaria para o Brasil. Só que ela insistiu muito e disse que aqui tudo seria diferente. E, como tinha o sonho de

Como superou este impasse? Sempre que chegava o fim do ano, era muito difícil avaliar os alunos, porque nós não tínhamos nada na época. Foi aí que comecei a criar e a escrever as apostilas, definindo as posições que achava compatíveis com um faixa azul. Montei um padrão de conhecimento mínimo que cada faixa deveria ter para poder evoluir. Só que me deparei com outro problema: os golpes e posições do jiu-jitsu não têm nome, e ensinar assim ficava muito difícil. Foi quando passei a criar uma linguagem para que, dentro de minha academia, houvesse só uma voz de comando. Comecei a dar nome às posições que não tinham uma designação, e mantive os nomes tradicionais. Com isso ficou muito mais fácil para o aluno aprender e para os professores ensinarem. Acabei criando um método de ensino, que hoje vai da faixa branca infantil até o adulto faixa-preta 1º grau. O aluno não precisa mais mostrar só como luta. Ele tem de mostrar um determinado nível técnico. Isso faz

Como avaliou o jiu-jitsu de São Paulo quando chegou aqui? Achei que não estava muito organizado, e até hoje continua assim. As pessoas focam muito a competição e acabam esquecendo a parte didática e a capacitação dos professores. Para um jiu-jitsuca fazer do jiu-jitsu sua profissão, ele precisa aprender a valorizar o trabalho dele e a dar aulas. Muita gente busca apenas construir campeões e se esquece do cidadão, do comprometimento pedagógico e social que nossa atividade exige. Temos de mudar alguns conceitos que se vêm arrastando há décadas em nossa modalidade. Está na hora de darmos a contrapartida social que nossa modalidade exige – afinal de contas, o jiu-jitsu hoje abarca milhões de praticantes no mundo. Não podemos mais pensar o jiu-jitsu de forma tribal e empírica.

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Após estes 17 anos a modalidade está mais organizada em São Paulo? Felizmente, acho que melhorou um bocado, porque os praticantes que se formaram e hoje são professores se conscientizaram, estão mudando de postura. A nata do jiu-jitsu mundial ainda está no Brasil? Sim. Acho que ainda vai demorar muito para o Brasil deixar de ser o centro da modalidade no mundo. Aqui há muita gente que compete muito bem, mas não luta fora porque não tem condição de viajar. No Brasil temos duas organizações que controlam a modalidade, a Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu (CBJJ) e a Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu Esportivo (CBJJE), que reconhecidamente são as mais respeitadas. O Rio de Janeiro continua sendo a meca do jiu-jitsu mundial? Não sei. Acho que é difícil afirmar onde está o centro do jiu-jitsu, porque temos muitos bons professores e atletas espalhados pelo País, hoje. A modalidade está muito forte em Manaus, Minas, Nordeste e Sul. Rio de Janeiro e São Paulo têm um contingente maior, mas felizmente a prática se espalhou. Penso que seja muito mais prudente afirmar que o Brasil é a meca do jiu-jitsu mundial. Em termos de resultados, quais Estados dominam os pódios? Está muito mesclado. Minas Gerais, São Paulo e Amazonas têm-se destacado bastante, mas reafirmo que hoje a distribuição está bem mais equilibrada, o que é excelente sob todos os pontos de vista. A ida de muitos professores para os EUA não gerou estagnação no Brasil? De forma alguma. Acho que causou estagnação para os que foram, porque o jiu-jitsu aqui continua crescendo a passos largos. Vou dar um exemplo: se saem dez brasileiros e vão para uma ilha, eles terão de trabalhar entre eles, certo? Só que aqui há 1 milhão de praticantes que promovem um intercâmbio técnico gigantesco. O jiu-jitsu aqui continua crescendo em todos os sentidos. Um profes-

sor foi embora, mas deixou toda uma legião aqui, e esta legião continua trabalhando duro. Ninguém parou. Nos anos 50 dois membros da família Gracie migraram para São Paulo, mas não ficaram aqui. Depois veio o Ryan, que faleceu, e depois veio você. Podemos afirmar que hoje você defende o jiu-jitsu paulista? Na verdade defendo a minha escola, esteja onde for. Mas é verdade que fiz minha vida em São Paulo e gosto muito desta cidade e da vida aqui. Sobre a família é o seguinte: com o falecimento do Ryan, no Brasil hoje só estamos o Rolker, que é filho do tio Hélio Gracie e está no Rio de Janeiro, e eu. Os demais estão todos morando nos Estados Unidos.

Você montou família em São Paulo? Sou casado com a Roberta Ramos, com quem tenho dois filhos, o Conrado e Ana Clara Gracie, e os dois são praticantes de jiu-jitsu. Existe jiu-jitsu profissional fora do Brasil e EUA? Existe uma entidade em Abu Dhabi, que tem nome de federação profissional, mas só existem atletas amadores competindo nela. Aqui no Brasil há duas entidades, a CBJJE, que é presidida pelo Moisés Murad, e a CBJJ, presidida pelo Carlinhos Gracie. Minha escola está filiada às duas entidades. Mas estar filiado em duas entidades não gera retaliações? Na verdade minha bandeira é o jiu-jitsu. Pago minha filiação nas duas, participo das competições nas duas e respeito as duas. Meu trabalho é eminentemente técnico e de formação, a política do jiu-jitsu não me diz respeito, da mesma forma que em minha escola mando eu. A existência de duas entidades não inviabiliza o crescimento da modalidade? Ao contrário. Acho que isso é muito mais interessante, pois gera concorrência e acaba sendo bom para os filiados. Com duas entidades ainda vemos muita acomodação e desorganização, imagine se fosse uma só.

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Vocês praticam jiu-jitsu sem kimono? Aqui na minha academia só treinamos com kimono. Somos do jiu-jitsu mais tradicional e raramente praticamos sem o kimono. A prática com o kimono é muito mais técnica e tem mais movimentação. Sem kimono fica muito limitado. Você vê crescimento no submission? Não vejo crescimento forte no Brasil. Como avalia o momento do jiu-jitsu mundial? Está crescendo muito, porém de forma desordenada. Penso que nossa modalidade carece de uma revisão geral. Precisamos de uma padronização didática e pedagógica, que proporcione subsídios para o trabalho dos professores na formação de seus alunos. O tatami não é só condicionamento físico. Existe a questão filosófica, que em minha avaliação é mais importante que o resto. Nossos alunos saem da academia e vão para suas vidas, e eles têm de ser campeões fora dos tatamis também. O trabalho feito na academia deve repercutir na vida pessoal de cada um, e estes aspectos devem ser trabalhados de forma concreta e sem empirismos. Como avalia o momento do jiu-jitsu nacional? Está crescendo, mas existe a necessidade de trabalharmos os aspectos pedagógicos. Mas aqui é muito mais difícil promover mudanças, pois o empirismo está arraigado na cultura do jiu-jitsu. Existe muita resistência em mudar e muitos acham que não vai dar certo, mas o maior exemplo de que funciona é minha academia. Se não funcionasse, não daria certo para mim, mas felizmente deu certo e pode dar certo sim, em todo o Brasil. Qual é a razão de não aceitarem mudar? Acho que lá trás, quando nossos antepassados iniciaram tudo isso, eles não pensaram muito na questão educacional. Ninguém conseguiu enxergar mais na frente. Já estou nisso há mais de 15 anos e não há como escaparmos desta situação. Precisamos organizar o jiu-jitsu didaticamente. Qual é sua posição no ranking das entidades? Sempre que levo meus alunos, 90% deles vencem. Não tenho um grande volume de atletas, mas os que levamos geralmente vencem e sempre temos boa colocação. Mas nosso foco não é somente a competição. Se focássemos só a competição, traríamos mais medalhas, mas certamente perderíamos em outros aspectos. Quantos anos leva trabalhando em seu sistema pedagógico de ensino? Comecei a escrevê-lo em 2005, e hoje tenho uma apostila que vai da faixa branca até a preta. Temos um sistema de aulas dividido em três níveis, não colocamos todos os alunos misturados. Trabalho com instrutores que já foram treinados para atuar assim.

Os professores Ricardo Molo, Rocian Gracie e Rafael Costato Sarracino

Algumas modalidades esportivas de luta têm grande apoio governamental e privado. Por que isso não acontece no jiu-jitsu? Acho que as pessoas que conhecem o jiu-jitsu mais de perto acabam percebendo a falta de métodos e de uma filosofia. Com isso acabam não participando ou apoiando. Se tudo fosse mais organizado, certamente teríamos maior apoio. A pergunta que sempre faço para quem apenas compete é: você vai ser campeão e depois o que vai fazer? Aqui nós temos famílias inteiras que vêm treinar jiu-jitsu, e isso é fazer jiu-jitsu. Ganhar medalhas é um momento, e depois? Vocês também trabalham com a terceira idade? Claro. Temos alunos com 65 anos que praticam e lutam com atletas de todas as idades. Quando se desenvolve a parte filosófica, não existem problemas relacionados à idade. Se eu for lutar com uma pessoa mais velha ou um garoto mais novo, não vou machucar ninguém. Vou usar a velocidade deles. Nossos alunos aprendem e conseguem aproveitar cada treino, porque existe essa troca o tempo todo, independentemente da idade ou graduação. O que é premente para o desenvolvimento da modalidade? Uma metodologia. Sem um método padrão o jiu-jitsu não vai para frente, já que hoje muitas vezes o aluno sabe que em determinado momento o professor lhe dará a faixa preta. Não existe uma prova, uma avaliação. Basta o professor liberar que as federações aceitam sem nenhum tipo de verificação técnica ou filo-

sófica. Deveria existir um exame, assim como se faz no judô, taekwondo e karatê-dô tradicional, por exemplo. O professor indica, mas a federação é que deveria avaliar se aquele indivíduo está verdadeiramente capacitado para ser faixa preta de jiu-jitsu. De onde veio a ideia de criar uma metodologia de ensino? A ideia toda surgiu porque tenho um amigo norte-americano, chamado Konrad Spillner, que é um grande mestre de taekwondo. Foi ele que me deu a ideia de desenvolver um método de ensino, pois no taekwondo isso já existe. Mas a questão filosófica é uma coisa que sempre carreguei e cobrava dos meus tios e professores. Lembro que, quando era garoto, sempre perguntava para meus tios qual era a filosofia do jiu-jitsu, mas ninguém falava nada e ficava aquele mistério no ar. Peguei minha faixa preta sem saber quais são a filosofia e a essência de minha modalidade. Quando fui pesquisar e estudar, descobri que a filosofia está implícita em tudo aquilo que fazemos, mas entendo que, assim como ocorre em todas as modalidades e organizações, o jiu-jitsu deve ter seus códigos de ética, conduta e embasamento filosófico. No campo pessoal, qual é sua filosofia de vida? Quando temos um sonho, temos de fazer de tudo para torná-lo realidade. Não podemos permitir que nada atrapalhe nossos objetivos. E meu sonho é criar uma padronização para o jiu-jitsu, em que o professor aprenda a valorizar o trabalho dele e isso faça com que o jiu-jitsu cresça muito mais no Brasil e no mundo.

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CONSTRUINDO UMA

CAMPEÃ POR PAULO

PINTO |

FOTOS REVISTA

BUDÔ

Radicada desde janeiro de 2010 nos Estados Unidos, onde foi estudar e aperfeiçoar seu judô no Team Force Judo, do laureado sensei Jimmy Pedro, Fernanda Araújo aos poucos foi-se inserindo no MMA, e hoje é uma das grandes promessas da modalidade. Conheça o trabalho que está sendo desenvolvido por uma equipe multidisciplinar formada por oito profissionais que, acima de tudo, acreditam no potencial, na coragem e na determinação desta jovem faixa preta. 48


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CONSTRUINDO UMA

CAMPEÃ POR PAULO

PINTO |

FOTOS REVISTA

BUDÔ

Radicada desde janeiro de 2010 nos Estados Unidos, onde foi estudar e aperfeiçoar seu judô no Team Force Judo, do laureado sensei Jimmy Pedro, Fernanda Araújo aos poucos foi-se inserindo no MMA, e hoje é uma das grandes promessas da modalidade. Conheça o trabalho que está sendo desenvolvido por uma equipe multidisciplinar formada por oito profissionais que, acima de tudo, acreditam no potencial, na coragem e na determinação desta jovem faixa preta. 48


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Em seu quarto desafio no MMA, e somando duas vitórias em seu cartel, Fernanda Araújo sonha alto e treina muito para conquistar espaço no UFC. Para isso, a atleta goiana radicada em Boston, Massachusetts, mantém uma árdua rotina diária, com quatro seções de treinamento. Praticante de karatê-dô por 11 anos, há dez fazendo judô e há dois anos no MMA, Fernanda acumula ampla experiência nos tatamis, o que lhe permite usar pernas, mãos e pés com extrema habilidade, para aplicar com grande facilidade vários tipos de chutes, socos, técnicas de projeção e de chão, o que a torna uma lutadora bastante versátil e completa.

Rotina pesada de treinamento e estudo A rotina de um lutador de MMA é bastante complexa e exige total comprometimento, já que um atleta desta modalidade tem de treinar muito para atingir seus objetivos. E Fernanda explica como é a sua rotina semanal de treinamento. “Minha vida não é só treinar, pois estudo à noite e tenho de tirar notas boas, já que minha permanência nos Estados Unidos depende diretamente disso. Meu treinamento começa na segunda-feira às 10 hs, com treino de judô com os professores Jimmy Pedro e Big Jim, no Team Force Judo. Às 12 hs treino MMA na academia Defensive Edge, e meu treino é dividido em estratégias de luta e sparing, com o professor Rick Alford, que usa várias técnicas de luta.” Após o almoço Fernanda volta à carga em mais duas sessões. “Às 14h30 faço condicionamento físico com Richie Kalaydjian, que utiliza diferentes formas de preparação física voltadas especificamente para o MMA. No fim da tarde volto ao Team Force Judo para treinar judô.” Na terça-feira a brasileira volta a enfrentar outra pedreira. “Inicio meu treinamento com judô às 7 hs. Ao meio-dia faço jiu-jitsu com o professor André Almeida, o Dedeco. Com esse experiente professor carioca radicado em Boston aprendo fundamentos da arte suave, como katame-waza e ne-waza. No início da tarde faço personal com o Richie, e no fim da tarde treino muay thai com o mesmo professor.” Na quarta e na quinta-feira Fernanda repete os treinos de segunda e terça. Já na sexta-feira o treino é mais leve, começando com judô cedinho, MMA ao meio-dia e personal à tarde. Aos sábados e domingos Fernanda treina apenas duas vezes, fazendo personal e MMA, mas ela intercala seu treinamento com o estudo, já que à noite frequenta a escola e à tarde estuda em casa.

Preparação física faz a diferença Para saber um pouco mais sobre o treinamento da atleta brasileira, entrevistamos Richie Kalaydjian, treinador e técnico nascido em 12 de julho de 1977, em Nova York, que desde a infância passou por quase todas as artes marciais e se especializou no treinamento para atletas de MMA.

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“Estou nos tatamis desde a infância e passei por quase todas as modalidades de luta. Muay thai, boxe tailandês, kali filipino, savate e boxe. Mais tarde conheci o jiu-jitsu e fiquei muito interessado, pois jamais iria imaginar que alguém pudesse vencer uma luta no chão. Posteriormente fiz educação física e me especializei em condicionamento físico.” O preparador físico explicou que prefere usar pesos livres em vez dos pesos e máquinas convencionais. “Trabalho de forma diferenciada e procuro obter resultados trabalhando da maneira mais natural possível. Não acho certo o atleta adquirir massa muscular treinando sentado numa máquina. Uso pneus, cordas, bolas com peso, escadas, martelo e correntes, que permitem um crescimento muscular mais natural e homogêneo. Com este tipo de peso estimulamos mais as fibras musculares pequenas. Sem contar que este tipo de treinamento contribui muito mais com o preparo aeróbico e ajuda a aumentar a capacidade respiratória. Mas usamos pesos convencionais para treinos específicos.” Richie destacou a importância de um preparo físico diferenciado. “Se você acompanhar um programa de MMA ou UFC, notará nitidamente que os lutadores com melhor preparo físico quase sempre vencem. Em toda modalidade esportiva o bom preparo físico fala mais alto, porém no MMA o bom condicionamento físico é fundamental já que está relacionado à força e à explosão do lutador.” Além do preparo físico, Richie transmite a Fernanda tudo que sabe e aprendeu nos tatamis desde a infância. “Tudo que aprendi nos tatamis busco transmitir a ela, pois cada modalidade tem algo a acrescentar ao nosso preparo. Ensino muito muay thai, mas busco transmitir a ela tudo que sei das demais modalidades.” Outro responsável pelo preparo técnico de Fernanda é Rick Alford, diretor da academia Defensive Edge, professor experiente formado em diversas modalidades de luta, entre as quais o jet kune-dô, karatê, kung-fu, boxe e jiu-jitsu. Para Rick, o ponto alto da lutadora brasileira é a sua capacidade de assimilar tudo que lhe transmitem. “Estamos muito orgulhosos da Fernanda. Ela fez uma luta brilhante em New London, e mostrou grande evolução. Está cada vez mais em sintonia com seus técnicos e assimila tudo que lhe transmitimos com extrema facilidade. Tenho certeza de que ela ainda vai melhorar e crescer muito no octógono, justamente pela capacidade que tem de aprender tudo que lhe mostramos técnica e taticamente.” Rick Alford finalizou lembrando que sua atleta está muito próxima de conquistar vaga no UFC. “As principais características de Fernanda são a facilidade que tem em aprender, a determinação, a coragem e, principalmente, não ter medo. Quando a porta do octógono fecha ele não treme. Ela se excita e parte para cima da adversária, seguindo fielmente a estratégia traçada para aquele determinado combate. Ela se transforma numa máquina de bater e em nenhum momento recua ou desiste de seus objetivos.” O terceiro técnico envolvido no treinamento de Fernanda Araújo é o mestre Dedeco, 4º dan de jiu-jitsu. Proveniente das escolas Dela Riva, Libório, Murilo Bustamante e posteriormente Carlson Gracie e Brazilian Top Team, Dedeco migrou para a América do Norte em 2004, a convite do professor Libório, para fundar a filial da Brazilian Top Team em Boston. Há quase um ano ensinando jiu-jitsu para Fernanda, Dedeco se impressiona muito com a autoconfiança de sua aluna. “Acompanho a Fernandinha já há quase um ano, e o aspecto que mais impressiona nela é sua autoconfiança. Ela acredita demais em si mesma, e tem certeza de que vai atingir todos os seus objetivos. Sem contar que é uma esponja. Basta você falar uma vez que assimila na hora. Com ela não é preciso falar dez vezes a mesma coisa. Ela é muito fácil de ser treinada, porque escuta, acredita e segue tudo que falamos à risca.” Dedeco finalizou destacando as qualidades de sua lutadora. “Quando começou conosco, eu disse que possuía quedas excelentes, que sabia socar com perfeição e que era muito corajosa. A Fernanda não tem medo de levar um soco ou uma queda. Mostrei a ela que não precisa treinar jiu-jitsu para lutar no chão, mas precisava ter um jiu-jitsu que a salvasse das lutadoras que fazem chão. Por isso, no primeiro momento, focamos a defesa e com isso ela sobrevive no chão. Depois de dominar a defesa, vamos ensinar ataque. Nossa preocupação agora é que ela não seja finalizada, pois sabemos que para derrubá-la em pé é muito difícil.”


Avaliação positiva Na avaliação de seus técnicos, nos dois últimos anos Fernanda cresceu muito tecnicamente e em breve estreará no UFC. “Tanto eu quanto o Rick estamos satisfeitíssimos com a evolução da Fernanda. Ela é muito dedicada e leva tudo que lhe ensinamos a sério. Mudou para melhor em todos os aspectos e fundamentos. Melhorou fisicamente, psicologicamente e tecnicamente. Hoje tem muito mais força, flexibilidade e explosão. Seus reflexos estão mais afiados e ela está muito mais rápida em tudo”, disse Richie Kalaydjian. O treinador nova-iorquino reiterou que Fernanda terá um futuro brilhante no octógono. “Fernanda gosta muito de judô, mas sabemos que terá um futuro brilhante no MMA, pois este tipo de luta a motiva muito mais. Sem contar que este é o momento do MMA, e estamos no país do MMA. Muitos brasileiros vieram para os Estados Unidos e montaram estruturas focando esta modalidade, e acho que ela reúne todas as condições necessárias para subir e crescer muito neste cenário. Tem talento de sobra e sua família oferece grande apoio e uma estrutura excelente. Nós fazemos a nossa parte, e é por tudo isso que em breve a Fernanda estreará no UFC.”

RAIO X

FERNANDA ARAÚJO Data e local de nascimento: 9 de junho de 1991 – Inhumas (GO) Altura e peso: 1,62 m – 63 kg Preparador físico: Richie Kalaydjian Treinador de MMA: Rick Alford Treinador de judô: Jimmy Pedro Treinador de jiu-jitsu: André Almeida (Dedeco) Treinador de muay thai: Richie Kalaydjian Treinador de judô: Big Jim Ortopedista: dr. Edmundo Medeiros Nutróloga: dra. Paulinne Tosa Médica: dra. Cristiane A. Pereira Ídolos: Lyoto Machida e Cris Cyborg Pessoa-chave no MMA: Richie Kalaydjian Performance no MMA: Duas vitórias e duas derrotas Escola: Faixa preta em judô e karatê-dô Tokui-waza: Uchi-mata no judô e kiako-zuki no karatê Defina MMA: Adrenalina total

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CHEGADA DE TÉCNICA

JAPONESA

DIVIDE OPINIÕES seu efeito no treinamento em convênios olímpicos

POR PAULO Por Raquel Reis, Personal em Nutrição Esportiva

PINTO |

FOTOS IMPRENSA

CBJ e COB

Yuko Nakano foi contratada para integrar a comissão técnica brasileira com o objetivo de tentar melhorar o desempenho do judô feminino na Olimpíada Rio 2016. Na opinião de alguns técnicos, toda iniciativa de troca de informações é válida. Mas outros entendem que existem profissionais gabaritados que mereciam uma chance. E há ainda os que consideram esta iniciativa meramente política.

Yuko Nakano em sua apresentação no Brasil

Em parceria com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que arcará com as despesas desta ação, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) contratou a técnica japonesa Yuko Nakano, de 30 anos, para integrar o time de técnicos das equipes brasileiras, principal e de base. Para o superintendente executivo de esportes do COB, Marcus Vinícius Freire, a meta é superar os resultados obtidos em Londres 2012. “A participação de treinadores qualificados no processo de preparação de atletas e equipes é condição básica e fundamental para o sucesso de uma campanha em competições como Jogos Olímpicos, campeonatos mundiais e Jogos Pan-Americanos. Por essa razão, a valorização dos treinadores tem sido um dos pilares estratégicos do COB e será intensificada para o ciclo olímpico 2013-2016.” Para Freire, a função da contratação de treinadores estrangeiros é agre-

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gar qualidade e transmitir conhecimento para os técnicos nacionais. O sensei e técnico campeão olímpico Paulo Duarte entende ser positiva a participação de uma técnica japonesa na comissão técnica, principalmente para o judô feminino: “Sou favorável e achei que a CBJ acertou. O judô feminino brasileiro é mais novo do que o masculino. Em nossa formação tivemos contato com muitos técnicos japoneses, mas o feminino não teve esta oportunidade. Então, eu acho bastante prudente termos hoje uma técnica japonesa. Acho que vai somar muito. O masculino já consegue caminhar com pernas próprias”. O professor Alfredo Dornelles, do Minas Tênis Clube, concorda com o superintendente do COB: “Na minha humilde condição de professor, educador e formador, tenho completa convicção de que conhecimento e experiência

sempre serão bem-vindos em qualquer processo que pretenda qualificar, desenvolver, capacitar e fazer crescer uma atividade. Aprendemos até mesmo com a criança praticante desta modalidade, quanto mais com pessoas notoriamente credenciadas para tal. O judô é muito maior do que qualquer raciocínio pequeno que menospreze esta modalidade culturalmente diferenciada”. Já o sensei Hatiro Ogawa entende que, para somar conhecimento, este tipo de iniciativa é sempre bem-vinda, mas faz uma ressalva: “Acho que nós temos técnicos suficientemente capacitados aqui no Brasil para tocar o trabalho de forma eficiente como vem acontecendo. Os resultados que o Brasil tem obtido são de dar inveja a qualquer outro país”. Na opinião do professor, que já contribuiu para a formação de tantos grandes atletas, como recentemente



Rafael Silva, o Baby, medalhista de bronze em Londres, Yuko Nakano vem contribuir, mas também vem aprender conosco: “Acho que ela vem mais aprender com a gente mas, de qualquer forma, passará sua experiência e também poderá contribuir no aspecto técnico dos nossos atletas”. Um ponto contraditório nos objetivos do discurso do COB declarado por Freire é o perfil para contratação dos 33 treinadores que atualmente atuam em 21 seleções olímpicas brasileiras: “A contratação destes profissionais é feita sempre com base na análise das necessidades específicas de cada modalidade. Procuramos trazer treinadores experientes e que venham de países com tradição em esportes que necessitem de desenvolvimento no Brasil”. O judô brasileiro já conquistou 19 medalhas olímpicas para o País, sendo três de ouro. Está em franco desenvolvimento, é tradicional e nos últimos jogos não voltou para casa sem medalhas, diferente de algumas modalidades que ainda estão no estágio de massificação e criação de identidade própria, buscando espaço no cenário internacional. O atleta e professor Elton Fiebig afirma não conhecer o trabalho de Nakano, mas acredita que, por se tratar de uma japonesa, deva ser forte de fundamentos que poderão ser transmitidos com qualidade. De qualquer forma, entende que no Brasil, no momento, o problema não seja professor: “Nosso judô atual, com intercâmbios e especialização de professores, não se encontra carente de professores e sim de oportunidades. Muitas vezes é mais fácil trazer alguém de fora, que não se envolve na política

da CBJ, do que apoiar professores brasileiros”. Elton menciona um profissional brasileiro que, neste processo, não foi lembrado, embora seja qualificado para contribuir com o desenvolvimento do judô brasileiro: “No Japão, o sensei Akio Shiba é formado em educação física, 6º dan pela Kodokan, foi atleta de seleção nacional, fala nosso idioma, é brasileiro, mas nunca olharam para ele. Então, fica a questão: essa contratação é por motivação técnica ou exclusivamente política, para mostrar algo de que não precisamos?” O professor Marcelo Figueiredo também acredita não haver necessidade da contratação, mas lamenta o esquecimento de profissionais do País: “A contratação da técnica japonesa é uma desvalorização da prata da casa. Gostaria de saber o que ela poderá acrescentar a um País que tem um judô que não deixa a desejar ao Japão”. O contrato da nova treinadora terá a duração de quatro anos. Segundo o planejamento traçado pela CBJ, Yuko vai atuar na seleção principal, de base e junto aos clubes e federações, rodando o País à procura de novos talentos e ministrando clínicas nas 27 federações. Estas afirmações são desprovidas de fundamento já que todos sabem que não se descobrem talentos rodando o País. São os professores que fazem este trabalho na base dos Estados, formando atletas para servirem à seleção brasileira. Independentemente das atribuições estabelecidas pela CBJ, a nova técnica terá a função de contribuir para o desenvolvimento técnico das atletas que atuarão neste ciclo olímpico, na seleção brasileira. Nesse sentido,

“Acho que ela vem mais aprender com a gente, mas de qualquer forma, passará sua experiência e também poderá contribuir no aspecto técnico dos nossos atletas”

Yuko Nakano observando uma luta ao lado de Jun Shinohara

indubitavelmente, Yuko tem muito a acrescentar. Por tudo que conquistou e já realizou nos tatamis, Yuko Nakano está credenciada a ocupar o cargo para o qual foi contratada, e neste contexto avaliamos positivamente a ação da Confederação Brasileira de Judô e do Comitê Olímpico Brasileiro. Pela primeira vez nos últimos 13 anos estamos presenciando uma mudança significativa na comissão técnica brasileira, e só este fato nos faz concluir que Yuko Nakano é muito bem-vinda.

Marcus Vinícius Freire, superintendente executivo de esportes do COB

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Filiada a International Traditional Karate Federation – ITKF

Karatê-Dô Tradicional - Filosofia - Arte Marcial - Educação Presidente de Honra – Yasutaka Tanaka Presidente – Gilberto Gaertner Vice-presidente e Diretor Técnico – Sérgio Bastos Vice-presidente – Hiroyasu Inoki Diretor Secretário – João Cruz Erbano Filho Diretor Administrativo Financeiro – Rui Francisco Martins Marçal Diretor de Arbitragem – José Humberto de Souza Diretor de Graduações – Ugo Arrigoni Neto Diretor de Eventos – Alfredo Aires Diretor Jurídico – Antonio Sérgio Palú Filho Diretor Médico – Admar Moraes de Souza Diretor de Projetos Sócioeducativos - Guilherme Carollo Coordenador de Seleções - Nelson Santi Consultor Técnico - Tasuke Watanabe Rua Iapó, 1225 - Curitiba (PR) - CEP 80215-223 - Fone 55 41 3027-7007 - www.cbkt.org - cbkt@cbkt.org

Alagoas - Maceió

Goiás – Rio Verde

Drausio Valentim karatecenter-org@hotmail.com

João Mendes Borges fgkt.tradiciona@bol.com.brl

Bahia - Salvador

Maranhão – São Luiz

Nelson Góes fkbt@fkbt.com.br

Márcio Jorge Bastos Costa

Ceará – Fortaleza

Minas Gerais – Juiz de Fora

Francisco Maciel Lima Fmaciel.lima@gmail.com

Rousimar Ferreira Neves rousimar_neves@yahoo.com.br

Distrito Federal – Brasília

Mato Grosso – Cuiabá

Jackson Pereira da Silva academiaurumakan@hotmail.com

Adairce Castanheti fktmt@terra.com.br

Espírito Santo – Vitória

Para – Belem

Carlos José de Oliveira Matos carlos.karate@yahoo.com.br

Takeriko Machida takerikomachida@yahoo.com.br

Santa Catarina – Blumenau Ademar Rulenski ademrul@ibest.com.br

Piauí – Teresina José Cirone dos Santos Karate-do.tradicionalpi@hotmail.com

Paraná – Curitiba Antonio Carlos Walger presidente@karateparana.com.br

Rio de Janeiro – Rio de Janeiro

Rio Grande do Sul Porto Alegre Paulo Cesar Rodrigues Martins fsrkt@fsrkt.org.br

Rondônia - Porto Velho Fabio Marconso de Holanda Sales marconsosales@hotmail.com

São Paulo – São Paulo Tatsuhiko Sasaki fpktradicional@yahoo.com.br

Eduardo Santos ferjkt@yahoo.com.br

Pernambuco Jaboatão dos Guararapes

Rio Grande do Norte – Natal

Ary Spencer Chaves de Holanda fpkt@ig.com.br

Alexsandro Jobson M. de Souza fktrn-potiguar@hotmail.com


MINAS TÊNIS É CAMPEÃO GERAL DO

TROFÉU BRASIL INTERCLUBES POR N. T. MATEUS

| FOTOS REVISTA BUDÔ

O Minas Tênis Clube ficou com o título do Troféu Brasil Interclubes, somando seis medalhas de ouro, seguido pelo Esporte Clube Pinheiros e pelo Palmeiras/Mogi. O Instituto Reação ficou na quarta colocação e o Clube de Regatas Flamengo, na quinta Belo Horizonte (MG) – A Federação Mineira de Judô promoveu a 12ª edição do Troféu Brasil Interclubes, maior torneio individual de clubes do País. A competição realizou-se na Arena Vivo, do Minas Tênis Clube, onde 518 atletas vindos de 154 clubes lutaram por medalhas. Disputaram o torneio 92 clubes no naipe masculino e 62 no feminino. A cerimônia de abertura reuniu autoridades esportivas e políticas, entre as quais o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado Dinis Antônio Pinheiro; os deputados estaduais Adalclever Ribeiro Lopes e Sávio Souza Cruz; o vereador de Belo Horizonte Pelé do Vôlei; o diretor geral de esportes do Minas Tênis Clube, Luiz Gustavo Miranda Lage; o gerente Luiz Eymard; o diretor de vôlei do Minas Tênis Clube, Ricardo Santiago; o presidente da Belo Dente, patrocinadora do Minas Tênis Clube, Luiz Antônio Ladeira; o presidente da Federação Mineira de Judô, Luiz Augusto Martins Teixeira; e o presidente da Confederação Brasileira de Judô, Paulo Wanderley Teixeira, que em seu discurso lembrou que a primeira edição do Troféu Brasil se realizou na Arena Vivo. “Agradeço aos clubes, grandes parceiros na formação de atletas de alto nível. Essa competição foi pensada para valorizar essas instituições. Agradecemos à Federação Mineira e ao Minas Tênis Clube por acolherem novamen-

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Luiz Augusto Martins Teixeira, presidente da FMJ

Paulo Wanderley Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Judô

Deputado Antônio Augusto Dinis Pinheiro, presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais

Murilo Eustáquio Santos Figueiredo, vice-presidente do Minas Tênis Clube


te este torneio, que começou aqui. Aproveito a oportunidade para anunciar que Minas Gerais vai receber um desafio internacional de judô, no qual a seleção brasileira enfrentará outro tradicional país de nossa modalidade, ainda a ser definido”, disse o presidente. Após dar boas-vindas a todos, Luiz Augusto Martins Teixeira, presidente da Federação Mineira de Judô, destacou o excelente momento que o judô mineiro vive. “Agradeço a todos pela presença em Minas Gerais. O judô mineiro vive um momento ímpar em sua história, por estar no topo da modalidade. Esta posição de destaque é fruto do trabalho incansável desenvolvido pela diretoria do Minas Tênis Clube. Não fossem o árduo esforço e o grande investimento que a diretoria minastenista desenvolvem, Minas Gerais não estaria entre os principais Estados do judô brasileiro. Agradeço o esforço, a dedicação e o desprendimento de Carlos Henrique Martins, diretor do departamento de judô do Minas Tênis, e a todos que colocaram nosso Estado entre as principais forças do País.”

Minas Tênis vence no feminino e no masculino

Deputado Adalclever Ribeiro Lopes; Luiz Augusto Martins Teixeira, presidente da FMJ; deputado Diniz Pinheiro, presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais; Murilo Eustáquio Santos, vice-presidente do Minas, e deputado Sávio Souza Cruz

Após os dois dias de competição, o Minas Tênis somou três ouros no masculino e três no feminino, e foi o campeão geral da competição. Entre os homens, o Clube Pinheiros ficou com a segunda colocação e o Palmeiras/ Mogi, com a terceira. Já no feminino o Palmeiras/Mogi foi vice-campeão, seguido de perto pelo Instituto Reação. O quadro geral de medalhas apontou a segunda colocação para o Pinheiros, empatado em medalhas de ouro com o Palmeiras/ Mogi, mas à frente da equipe alviverde por ter uma quinta colocação a mais. O Instituto Reação ficou em quarto e o Flamengo, em quinto. Muito emocionado com o desempenho da equipe minastenista, Floriano de Almeida, o técnico campeão, falou sobre esta importante conquista. “Considero que este Troféu Brasil teve o mais alto nível técnico e, por isso, as medalhas foram conquistadas nos detalhes. Contamos com um pouco mais de sorte do que os nos-

O deputado Antônio Augusto Dinis Pinheiro entrega documento a Luiz Augusto Martins

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sos adversários, e fizemos o dever de casa. Nossa equipe está bastante equilibrada, mesclando judocas experientes com mais jovens, e estamos muito felizes não só pelos títulos, mas pela quantidade de atletas que conseguiram medalhas”, disse Floriano Almeida. Luciano Corrêa, um dos mais experientes atletas da equipe mineira, fez uma final caseira contra Hugo Pessanha na categoria meio-pesado. E contou com uma ajudinha especial para chegar ao título: os alunos da ONG dirigida por ele. “Estou muito feliz com a vitória, tanto pessoal quanto do clube, campeão geral no masculino e no feminino. O grupo todo está de parabéns, principalmente nosso técnico Floriano Almeida, que faz um excelente trabalho. Agradeço aos alunos do meu projeto Esporte sem Fronteiras pela torcida e pelo incentivo e também à diretoria do Minas por todo apoio”, disse o campeão mundial de 2007. No feminino, brilharam duas estrelas da seleção brasileira: Bárbara Timo, do Flamengo, e Mayra Aguiar, do Sogipa. As jovens judocas que chegaram ao tricampeonato fizeram questão de destacar a importância do título e o alto nível técnico dos atletas presentes. “Estou muito satisfeita porque este é meu terceiro título de Troféu Brasil. Essa conquista é mais um degrau que consigo subir para chegar ao meu objetivo, que é estar nos Jogos Olímpicos em 2016. Ainda falta muita coisa, até porque eu cheguei à seleção este ano. Preciso ganhar mais experiência, mais força, mas o ouro numa competição forte como esta mostra que estou no caminho certo”, disse Bárbara Timo. “É ótimo conquistar meu terceiro ouro. O meu objetivo em participar do Troféu Brasil

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era ganhar ritmo de competição, já que estou vindo de oito meses de recuperação de uma cirurgia. Mas fiquei muito feliz também pelo número de competidoras na categoria; geralmente são quatro ou cinco e hoje foram 14 judocas, com um nível de competição alto. Deram trabalho, mas consegui me sair bem”, comentou Mayra, que duas semanas antes foi campeã pan-americana. Duas judocas da casa fizeram campanhas históricas. Na categoria leve, o sorteio colocou as três atletas da seleção que estavam na competição frente a frente antes da final. Mais do que isso: a medalhista de bronze em Pequim 2008, Ketleyn Quadros, e a jovem promessa Flávia Gomes se enfrentaram logo na estreia das duas no Troféu Brasil. Melhor para Ketleyn, que venceu por ter menos punições por falta de combatividade. Na semifinal, a brasiliense radicada em Belo Horizonte enfrentou Rafaela Silva, representante brasileira na categoria nos jogos de Londres. E numa luta épica, com direito a 7 minutos e 19 segundos de golden score, Ketleyn venceu novamente por um wazari. Destaque especial para a atuação impecável do árbitro Laedson Lopes, de Natal (RN), que, apesar de toda a pressão exercida no combate, teve excelente atuação. Na decisão Ketleyn passou pela carioca Giullia Penalber, do Instituto Reação, por ter menos punições. “Fico superfeliz porque é fruto de um trabalho que vem vindo forte há muito tempo. Treinei muito para Londres, como todo mundo. Essas viagens para fora com a seleção dão muita experiência e fazem o atleta crescer. Comecei o ano quase em 30º lugar do ranking, hoje eu sou a oitava. Aqui eu saí numa chave difícil, praticamente uma seletiva nacional, já

que enfrentei adversárias muito fortes. O fato de lutar em casa, com o apoio da torcida, me deu uma energia a mais para buscar a vitória e a medalha. Agora é trabalhar pensando no World Masters”, disse Ketleyn. Outra atleta da seleção e do Minas que chegou ao alto do pódio com uma campanha irrepreensível foi a jovem Nathália Brígida, que fez a festa da torcida local ao derrotar Catierê Moya, do Pinheiros, na decisão. Antes, já havia passado pela companheira de seleção Gabriela Chibana (Pinheiros) na semifinal. “Estou muito feliz com essa conquista dentro de casa, com meus amigos, minha família e toda a torcida. Foram lutas muito difíceis, especialmente a semifinal contra Gabriela Chibana, porque já fazia umas três ou quatro lutas que eu não ganhava dela. Essa vitória na semifinal me deu uma confiança ainda maior para ir em busca do ouro. E, graças a Deus, acabou dando tudo certo”, disse Nathália Brigida. A terceira medalha de ouro no feminino do Minas Tênis veio com Mariana Silva, também atleta da seleção na categoria até 63 kg. Ela, que voltou a competir depois de uma lesão no ombro que a deixou sete meses fora dos tatamis, agradeceu o apoio do clube durante sua recuperação. “Esse resultado me deixou muito feliz porque hoje eu pude retribuir com uma medalha ouro para o Minas Tênis Clube. Os dirigentes me acolheram quando estava lesionada, tiveram paciência, deram a estrutura para me recuperar e hoje, estando 100% fisicamente, pude dedicar essa medalha a eles”, falou Mariana. O Esporte Clube Pinheiros conquistou três medalhas de ouro no masculino, com Adriano


Santos, campeão na categoria leve, Vinícius Panini, que ficou em primeiro no meio-médio, e Phelipe Pelim, do ligeiro, que na final levou a melhor sobre Eric Takabatake. O primeiro ouro da equipe paulista veio com Phelipe Pelim, campeão do peso ligeiro, que fez dobradinha na final com Eric Takabatake, seu companheiro de clube. “Esse título é muito importante para mim, é a recompensa de muito esforço e de um trabalho muito grande da comissão técnica do Pinheiros. A final foi muito difícil porque nos conhecemos muito e eu sabia que um detalhe iria definir a luta. A minha estratégia deu certo e pude levar essa dourada para casa”, disse

Phelipe Pelim. Tricampeão consecutivo neste torneio, Adriano Santos destacou a importância de começar a temporada vencendo uma das competições nacionais mais importantes. “Como sempre, o Troféu Brasil é uma competição de alto nível, e este ano foi muito difícil seguir adiante. Não houve uma luta fácil, e foi só pedreira. Mas começar a temporada vencendo é muito estimulante. A meta agora é atender aos compromissos do calendário e me preparar para a seletiva que haverá no fim do ano.” O ouro conquistado por Vinícius Panini foi muito comemorada por toda a equipe pinheiren-

se, e após a premiação o campeão do meio-médio explicou o porquê de tanta comemoração. “No ano passado tive uma apendicite dois dias antes desta competição e não pude participar, mas a comemoração é porque no clube somos mais do que uma equipe e a amizade é muito grande. Aliás, dedico este meu primeiro ouro no Troféu Brasil a toda a família pinheirense.” O Palmeiras/Mogi ficou em terceiro lugar geral com os ouros conquistados Ana Paula Nobre, a campeã do super-ligeiro; Vitor Torrente, que também mordeu o ouro do super-ligeiro; e Riva Coelho, a supercampeã do pesado. Em sua segunda participação no Troféu Brasil, Vitor Torrente comemorou muito o ouro inédito no certame, e já no início da competição inscreveu seu clube entre os principais do judô brasileiro. “Esta foi minha segunda participação no Troféu Brasil, só que desta vez conquistei o lugar mais alto do pódio. No ano passado fiquei com o bronze, mas felizmente este ano tudo deu certo. Fico feliz por ter conquistado uma vaga para a seletiva antecipadamente e por ter ajudado o meu clube a figurar entre os principais do Brasil.” Outro gigante que esbanjou categoria em Belo Horizonte foi Leandro Gonçalves, da Associação Rogério Sampaio (SP), que finalizou a temporada passada vencendo o brasileiro sênior e iniciou a atual faturando o ouro no Troféu Brasil.

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“Fiz três lutas e venci todas por ippon. Na primeira joguei de osoto-gari, a segunda segurei no chão e a terceira foi com outro osoto-gari, mas venci por imobilização. Treinei muito para este campeonato, mas valeu todo o esforço e felizmente atingi meu objetivo. Agora é treinar mais duro ainda para a seletiva nacional, pois meu foco é a seleção brasileira. Mas sei que ainda tenho um longo caminho pela frente.” Outro destaque em Belo Horizonte foi a campeoníssima Giullia Penalber, do Instituto Reação (RJ), que nesta edição mordeu sua terceira medalha no Troféu Brasil. “Esta foi minha quarta participação e ganhei minha terceira medalha no Troféu Brasil. Antes havia conquistado um bronze e uma prata e estou muito feliz porque fazia tempo que não conseguia atingir um resultado expressivo em competições nacionais. Aos poucos estou me adaptando às novas regras, e agora é lutar por meu espaço na seleção brasileira.”

Cinco equipes classificam-se para o Grand Prix Logo após o encerramento do Troféu Brasil, teve início a disputa do Qualifying do Grand Prix Nacional. No feminino, fizeram a final e garantiram a classificação o Palmeiras/Mogi e o Instituto Reação. O alviverde paulista foi o campeão do certame. No masculino, eram três vagas em disputa. São Caetano e Instituto Reação decidiram o título, que ficou com os paulistas. Mas a disputa mais emocionante ficou por conta da terceira vaga, definida num confronto entre o Águia Branca (MG) e o Judô Queiroz (PI). A expectativa durou até a luta entre os pesados, quando José Neto bateu Richardson Rodrigues, garantindo a medalha de bronze e a vaga para os nordestinos.

Dirigente faz desabafo Vemos Minas Gerais entre as maiores forças do judô verde e amarelo hoje, mas certamente muita gente não imagina o que era o judô naquele Estado bem pouco tempo atrás. Tempo em que a modalidade viveu sob o estigma da ditadura e do egocentrismo de dirigentes que não enxergavam nada além do que era refletido pelo espelho. Para sorte daqueles que amam verdadeiramente o judô naquele Estado, recentemente as coisas mudaram porque uma dupla de jovens dirigentes decidiu dar um basta ao nepotismo e à ditadura existentes, arregaçando as mangas e promovendo a maior renovação da modalidade em nosso País. Os protagonistas desta mudança foram os irmãos Luiz Augusto Martins Teixeira e Carlos Henrique Martins, profissionais liberais que, devido à paixão nutrida pela arte do caminho suave, decidiram enfrentar desafios lançando-se na briga pela emancipação e moralização da modalidade, que até então era comandada de forma arcaica e arbitrária. Após um breve período de trabalho, os resultados estão aí e hoje Minas Gerais é a segunda maior força do judô brasileiro, prometendo ser em breve mais um celeiro da modalidade no Brasil. Após a conquista inédita do Minas Tênis Clube nos naipes feminino e masculino, Luiz Augusto Martins Teixeira, presidente da Federação Mineira de Judô, falou à Revista Budô, em tom de desabafo, e expôs a mágoa pela falta de visão de muitos judocas que hoje criticam sua gestão. “Estamos investindo nosso tempo, valores e prestígio no desenvolvimento do judô mineiro, mas muitos ainda pensam que as conquistas obtidas são resultantes do trabalho de alguns poucos técnicos do nosso Estado. Quase todos os professores mineiros sabem como era o judô há bem pouco, mas poucos lembram que estamos deixando de cuidar de nossos interesses e de nossas vidas pelo desenvolvimento da modalidade.”

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Dirigente mineiro destacou a importância da manutenção de tudo que foi conquistado nos últimos anos “Confesso que muitas vezes briguei e votei contra várias propostas da CBJ, lutei por maior valorização das federações, pelo repasse de valores às entidades estaduais e pela necessidade da criação de projetos de fomento da modalidade dirigidos a cada região do País. Solicitei adiamento de assembleias, recusei graduação e ainda escuto que todos os presidentes só fazem por eles mesmos. Sou profissional da área da saúde e tenho minha vida pautada na retidão e nos princípios criados pelo professor Kano. Farei o que for necessário para transformar este momento que vivemos no judô de Minas Gerais numa realidade permanente, e para tanto conto com a colaboração de todos os judocas de bem do nosso Estado.” Luiz Augusto Martins finalizou enumerando os avanços e as conquistas que levaram Minas Gerais ao topo da modalidade no Brasil. “O judô mineiro está unido em torno da proposta de modernização, em que os vice–presidentes Eduardo Nascimento e Lucas Corrêa abraçaram a causa e são partícipes das mudanças. Minas Gerais conta com técnicos consagrados, como Floriano de Almeida, Alfredo Dornelles e Sérgio Cota, e tem uma gestão e um planejamento que comandam todas as ações. Estamos hoje em clima de harmonia, em que as competições são sérias e ao mesmo tempo um grande congraçamento para nossos filiados. Outras entidades têm-se desenvolvido em Betim, Sabará, Uberlândia, Poços de Caldas, Varginha e Colégio Santo Agostinho BH, bem como várias agremiações que antes somente competiam pelas ligas e agora estão retornando à FMJ. Tudo isto é o reconhecimento ao trabalho que hoje é feito. O judô de base e a iniciação foram incluídos. Festivais são realizados e a família faz parte do ciclo da modalidade. Tudo isto conspira para que Minas Gerais se desenvolva de forma muito mais abrangente, e seguiremos em busca de melhores resultados, desde a base até o alto rendimento.”

SEDES DO TROFÉU BRASIL 2002 – Belo Horizonte (MG) 2003 – Belo Horizonte (MG) 2004 – Florianópolis (SC) 2005 – Vila Velha (ES) 2006 – São Paulo (SP) 2007 – Salvador (BA) 2008 – Porto Alegre (RS) 2009 – Porto Alegre (RS) 2010 – Porto alegre (RS) 2011 – Brasília (DF) 2012 – Santo André (SP) 2013 – Belo Horizonte (MG)


CLASSIFICAÇÃO FINAL Feminino

Raphael Miaque – Sogipa (RS)

Super-ligeiro

Diogo Santos – Palmeiras/Mogi (SP)

1º Ana Paula Nobre – Palmeiras/Mogi(SP)

Meio-leve

2º Natália Maciel – ADI (SC)

1º Vinícius Sakamoto – Minas Tênis (MG)

3º Amanda Santos – Palmeiras/Mogi (SP)

2º Ricardo Ayres – CR Flamengo (RJ)

3º Patrícia Marques – APAJ (SC)

3º Ilden Júnior – EC Pinheiros/SP

Ligeiro

3º Lucas Bernardo – SESI (SP)

1º Nathália Brígida – Minas Tênis (MG)

Leve

2º Catierê Moya – EC Pinheiros (SP)

1º Adriano Santos – EC Pinheiros (MG)

3º Maria E. Gonçalves – Inst. Reação (RJ)

2º Wallace Alves – Inst. Reação (RJ)

3º Gabriela Chibana – EC Pinheiros (SP)

3º Alex Pombo – Minas Tênis (MG)

Meio Leve

3º Marcos Seixas – Minas Tênis (MG)

1º Raquel Silva – Inst. Reação (RJ)

Meio-médio

2º Milena Mendes – Palmeiras/Mogi (SP)

1º Vinícius Panini – EC Pinheiros (SP)

3º Jéssica Pereira – Inst. Reação (RJ)

2º Guilherme de Luna – Inst. Reação (RJ)

3º Priscylla Lima – Palmeiras/Mogi (SP)

3º Felipe Soares – Minas Tênis (MG)

Leve

3º Diogo Coutinho – Palmeiras/Mogi (SP)

1º Ketleyn Quadros – Minas Tênis (MG)

Médio

2º Giullia Penalber – Inst. Reação (RJ)

1º Eduardo Bettoni – Minas Tênis (MG)

3º Tamires da Silva – Inst. Reação (RJ)

2º Ricardo Filho – Inst. Reação (RJ)

3º Fabiana Oliveira – EC Pinheiros (SP)

3º Raphael Magalhães – A. D. São Caetano (SP)

Meio-médio

3º Eduardo Santos – Sogipa (RS)

1º Mariana Silva – Minas Tênis (MG)

Meio-pesado

2º Laysa Santana – SESC (BA)

1º Luciano Corrêa – Minas Tênis (MG)

3º Dione Lima – EC Pinheiros (SP)

2º Hugo Pessanha - Minas Tênis (MG)

3º Veronice Chagas – Assoc. Natal (RN)

3º Gabriel Souza - EC Pinheiros (SP)

Médio

3º Bruno Altoé - Minas Tênis (MG)

1º Bárbara Timo – CR Flamengo (RJ)

Pesado

2º Adriana Souza –Rogério Sampaio (SP)

1º Leandro Gonçalves – Rogério Sampaio (SP)

3º Maria Portela – Sogipa (RS)

2º Luís Carmo – Palmeiras/Mogi (SP)

3º Márcia Vieira – Sogipa (RS)

3º Daniel Sousa – Sesi (SP)

Meio-pesado

4º Ricardo Koga – Osasco (SP)

1º Mayra Aguiar – Sogipa (RS) 2º Renata C. Januário – Col. da Zona Oeste (RJ)

Qualifying do Grand Prix Nacional

3º Talita Morais – Palmeiras/Mogi (SP)

Feminino

4º Pâmela Ventura – Assoc. Kiai Kam (SP)

1º Palmeiras/Mogi

Pesado

2º Inst. Reação (RJ)

1º Riva Coelho – Palmeiras/Mogi (SP)

3º Águia Branca (MG)

2º Rafaela Nitz – CR Flamengo (RJ)

Masculino

3º Istelina Silva – Minas Tênis (MG)

1º AD São Caetano (SP)

3º Camila Nogueira – Clube Sakurá (MS)

2º Inst. Reação (RJ)

Masculino

3º Judô Queiroz (PI)

Super-ligeiro Vitor Torrente – Palmeiras/Mogi (SP) Daniel Borges – Sogipa (RS) Paulo Victor dos Santos – Flamengo (RJ) Diego Rocha – Sesi (SP) Ligeiro Phelipe Pelim – EC Pinheiros (SP) Eric Takabatake – EC Pinheiros (SP)

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PAULISTAS SUB15 E SUB 23 Ratificam Supremacia Nacional POR PAULO

PINTO |

FOTOS REVISTA

BUDÔ

Atendendo a mais um compromisso de seu calendário anual de competições, a Federação Paulista de Judô realizou os campeonatos paulistas sub 15 e sub 23, no dia 22 de junho, no ginásio poliesportivo do Sport Club Corinthians Paulista. A competição sub 15 contou com a participação de 265 atletas, sendo 116 do naipe feminino e 149 do masculino. O campeonato sub 23 teve a presença recorde de 225 judocas, dos quais 100 do naipe feminino e 125 do masculino. Desta forma, o evento reuniu o total de 490 judocas, vindos das 16 delegacias regionais. Para Joji Kimura, diretor técnico da FPJ, a localização da arena foi determinante na quantidade

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recorde de judocas inscritos. “A escolha da cidade de São Paulo para a realização desta competição foi fator decisivo na participação maciça de judocas da classe sub 23. A facilidade de acesso e a grande disponibilidade de linhas intermunicipais que chegam à cidade foram fatores determinantes para que um número elevado de judocas se inscrevesse na competição”, disse Kimura. Várias autoridades políticas e esportivas participaram da cerimônia de abertura, entre os quais Fausto Bittar Filho, diretor de esportes terrestres do Sport Club Corinthians Paulista; Joji Kimura, diretor técnico da FPJ; Osmar Aparecido Feltrim, delegado


Alessandro Puglia

Mateus Sugizaki e Francisco de Carvalho

Paulo Duarte, Sator Hirakawa e Mateus Sugizaki

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da 6ª região; Dante Kanayama, diretor de arbitragem da FPJ; Valdir Melero, tesoureiro da FPJ; Argeu Maurício de Oliveira, delegado da 3ª região; Adib Bittar Júnior, coordenador financeiro da FPJ; Mateus Sugizaki, coordenador da comissão de ética da FPJ; Alessandro Puglia, presidente da FPJ; e Francisco de Carvalho Filho, vice-presidente da CBJ. O primeiro a fazer uso da palavra foi Fausto Bittar, que destacou o elo existente entre o Corinthians e a FPJ. “Por intermédio do sensei Mário Chibana, quero parabenizar todos os professores de judô do clube por promoverem uma festa desta magnitude em nosso espaço. É muito gostoso vir ao clube em pleno sábado e encontrar as arquibancadas de nosso ginásio tomadas por um público tão seleto como é o do judô. Todos os anos sediamos eventos da FPJ, e o fazemos cientes da responsabilidade de estarmos fomentando o desenvolvimento de uma das principais modalidades olímpicas de nosso País. O Corinthians recebe todos vocês de braços abertos e temos a certeza de que sabem que nosso clube também é a casa dos judocas do nosso Estado. Faço um cumprimento especial aos pais que aqui estão, por entenderem que o esporte é a melhor forma de promovermos a cidadania. Cumprimento os árbitros, atletas e em nome de toda a nossa diretoria desejo boa sorte a todos.” Referindo-se aos atletas sub 15, em seu discurso de abertura, Alessandro Puglia, presidente da FPJ, destacou a importância de representarem suas associações e, consequentemente, o Estado de São Paulo. “Quero dizer a todos que vocês foram os atletas que competiram e lutaram muito para chegar aqui, e por isso são os melhores de São Paulo. Daqui sairão os representantes do nosso Estado, e é muito importante que hoje todos deem o melhor de si, pois o judô de São Paulo conta com cada um de vocês. Informo também aos judocas do sub 23 que hoje selecionaremos o campeão e o vice de cada categoria para representarem São Paulo no desafio que se realizará no Rio de Janeiro. Este será um evento teste para o campeonato mundial sênior, que acontecerá no fim do mês de agosto.”

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Francisco de Carvalho agradeceu aos anfitriões e cumprimentou pais e atletas presentes. “Faço um cumprimento especial aos pais e quero lembrar que é a nós, pais, que cabe a responsabilidade de educar nossos filhos. Esta é uma responsabilidade que não cabe ao presidente da FPJ, ao sensei e nem à professora da escola. Eles podem ajudar na formação, mas não na educação. Temos de ter a responsabilidade de educar nossos filhos e não podemos transferir isso para ninguém. Se não o fizermos nesta faixa etária, muito provavelmente mais tarde iremos arrepender-nos, e aí sim procurar a ajuda de psicólogos, médicos e tomara que não seja da polícia. Peço que acompanhem seus filhos, vejam o que eles fazem e deem um abraço carinhoso no momento em que eles perdem, pois na vitória isso é muito fácil. Aqui teremos alguns poucos campeões, mas teremos vários atletas que valorizarão a vitória daqueles que forem campeões. Façamos de tudo para que eles formem uma geração muito melhor que a nossa.” Após os pronunciamentos dos dirigentes, José Jantalia, vice-presidente e mestre de cerimônias da FPJ, conclamou todos os judocas perfilados a proferirem o compromisso do atleta e cantar o Hino Nacional.

Uma competição vibrante e de altíssimo nível Nas oito áreas montadas no poliesportivo do Parque São Jorge, vimos uma categoria sub 15 extremamente determinada e com muitos talentos em busca de espaço no cenário nacional. Após vivenciar por todo um dia as disputas em ambas as categorias, entendemos por que São Paulo possui a hegemonia nacional da modalidade. E um dos maiores exemplos de talento, técnica e determinação é Larissa Pimenta, da Associação Desportiva Equilibrium, de São Vicente, que tem à frente o sensei Tharin Polheim. Mesmo obtendo a medalha de prata na competição, Larissa é uma das maiores revelações de sua categoria. Dona de um sode-tsuri-komi-goshi fortíssimo, a


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vice-campeã paulista desta temporada promete um futuro brilhante nos tatamis. Outro destaque desta categoria é Maria Costa, do São João Tênis Clube, que tem à frente o experiente técnico Paulo Pi, que também é um dos técnicos da seleção paulista de base. Mas não seria exagero afirmar que mais de 30 atletas desta classe estão preparados para brigar pelo ouro numa competição continental, e entre eles citamos Lucas Lima, da Associação Peruíbe; Felipe Carvalho, da Associação Tucuruvi; Giovanna Fontes, do SESI SP; Michael Marcelino, do Tênis Clube de São José dos Campos; e Ana Mariano, do Judô Mogi. Toda esta qualidade é fruto do grande trabalho que centenas de professores desenvolvem, na busca de resultados e do crescimento técnico que faz do Estado de São Paulo a maior potência do judô das Américas. Na classe sub 23 uma grande quantidade de atletas de ponta brigou pelas medalhas e para firmar-se entre os destaques do judô bandeirante. Não seria exagero afirmar que no poliesportivo alvinegro estavam mais de 40 judocas selecionáveis, e entre eles destacamos, no super-ligeiro, Amélia Souza, Lins/ Morimoto; Lívia Yamashita, Associação Vila Sônia; Adriano Rodrigues, Barão de Mauá; e Gabriel Moreira, Palmeiras/Mogi. Os destaques do ligeiro foram: Águeda Arruda, São João Tênis Clube; Catiere Moya, Clube Pinheiros; Vítor Carvalho, Palmeiras/

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Mogi; e Mike Chibana, Clube Pinheiros; Já no meio-leve feminino as quatro medalhistas estão muito niveladas e atravessam um bom momento: Thais Borges e Jéssica Couto, do Tênis Clube São José dos Campos; Milena Vilela, Palmeiras/Mogi; e Anne Macedo, São João Tênis Clube. No masculino vimos Lucas Bernardo, SESI SP; Guilherme Minakawa, Hebraica; e Marcelo Fuzita, que é a nova esperança de medalhas do Palmeiras/Mogi. No leve feminino se destacaram Tamara dos Santos, Palmeiras/Mogi e Joice Ma-

chado, Clube Pinheiros. Já no masculino vimos Eduardo Katsuhiro, da Associação Desportiva São Caetano, e Willian Pereira, do Clube Paineiras. No meio-médio estavam a experiente Dione Barbosa e Amanda Culato, do Clube Pinheiros, enquanto no masculino se destacaram Anderon Souza, da Associação Bushido, e Leandro Ferrante, do Ateneu Mansor. No médio, Adriana Leite, da Rogério Sampaio, e Agatha Pascoalino, Clube Pinheiros, fizeram a diferença. Mas ainda vimos a volta ao shia-jo de Fernanda Peina-


do, da Associação Pessoa, e toda a garra de Tharrere Reis, do Judô Makoto. No masculino se destacaram Henrique Silva, Clube Pinheiros, e Thiago Chiodi, SESI SP. No peso meio-pesado, Samanta Almeida, da Associação Desportiva São Caetano; Júlia Araújo, do SESI SP; Gabriel Gouveia, Clube Pinheiros; e Dario Fontana, Associação Desportiva São Caetano, fizeram a diferença. No pesado, o destaque foi para Sibilla Faccholli, Associação Desportiva São Bernardo; Tainá Nery, Associação Desportiva São Caetano; Enricke Kanematsu, SEMEL Rio Preto; e Matheus Monteiro, Rio Preto Automóvel Clube.

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Feminino Sub 15

Masculino Sub 15

Super-ligeiro

Super-ligeiro

1º Maria H. Costa - ADPM-Reg. S. J. C.

1º Jhonatan L. Justino - Assoc. Kiai Kam

2º Giovanna Monteiro - Palmeiras/Mogi

2º Antonio H. Pinto - Sind. São Sebastião

3º Natalia Ap. Oliveira - As. Riacho Grande

3º Kaue Serafim - Assoc. Carrão

3º Giuliana Monteiro - Palmeiras/Mogi

3º Gabriel Barbosa - SEMEL Ribeirão Preto

Ligeiro

Ligeiro

1º Jessica Carvalho - São João T. C.

1º Tiago Passos - Assoc. Guarujá

2º Yohana D. Santos- Assoc. Trajano

2º Bruno C. de Jesus - Hebraica SP

3º Luana R. dos Santos - Gen. Motors S.J.C

3º Diogo Pedrosa - Yamazaki S. J.

3º Jasmine Martin - Assoc. Guarujá

3º Isaac Neper - A. D. Equilibrium

Meio-leve

Meio-leve

1º Amanda N. Costa - Hebraica SP

1º Gabriel Ap. Dias - E. C. Pinheiros

2º Larissa Pimenta - A. D. Equilibrium

2º Renan Tsutsumi - Circulo Militar

3º Bruna Siqueira - Circulo Militar

3º Joao P. Correia - Assoc. Mercadante

3º Giovanna Zillig - Assoc. Peruíbe

3º Sergio Seda - Assoc. Guarujá

Leve

Leve

1º Mariana Bueno - Hebraica SP

1º Felipe Carvalho - Assoc. Tucuruvi

2º Luana do Valle - Assoc. Moacyr

2º Matheus J. Oliveira - Judô Mogi

3º Jessica Oliveira - Centro Olímpico

3º Leonan Gonçalves - Rio Preto A. C.

3º Giseli Anjos - Palmeiras/Mogi

3º Chrystian Capelas - Seduc - Praia Grande

Meio-médio

Meio-médio

1º Ryanne Couto – Tênis Clube S. J. C.

1º Michael Marcelino - Tênis Clube S.J.C.

2º Gabrielly Rodrigues - Assoc. Tucuruvi

2º Felipe Fernandes - Judô Terazaki

3º Ana P. Pedro - Palmeiras/Mogi

3º Willian Lima - Palmeiras/Mogi

3º Franciele C. Terenzi - Santana Pedreira

3º Lucas Barbosa - SEMEL R. Preto

Médio

Médio

1º Ana J. Mariano - Judô Mogi

1º Madson Gonçalves - Hebraica SP

2º Thaynara Feitosa - A D Santo André

2º Lucca L. Malaquini - Assoc. Mercadante

3º Bianca L. Rocha - Assoc. Bastos

3º Guilherme Delfino - Judô Mogi

3º Isabela Sommer - Assoc. Mercadante

3º Renan Torres - Palmeiras/Mogi

Meio-pesado

Meio-pesado

1º Giovanna V. Fontes - SESI - SP

1º Jeferson Santos Jr. - ADPM-Reg. S. J. C.

2º Gabriela Costa - ADPM-Reg. S. J. C.

2º Pedro Daud - Tênis Clube S. J. C.

3º Ingrid Motta - A D Santo André

3º Vinicius Valentim - ADPM-Reg. S. J. C.

3º Millena Ribeiro - Assoc. Peruíbe

3º Lucas E. Coutinho – Assoc. Kobu-Kan

Pesado

Pesado

1º Erika T. Pereira - Hebraica SP

1º Lucas A. Lima - Assoc. Peruíbe

2º Meire E. Souza - Santana Pedreira

2º Leonardo Lopes - Concórdia/Omega

3º Jhulia B. Soares - Centro Olímpico

3º Igor Morishigue - Palmeiras/Mogi

3º Viviane Motta - Palmeiras/Mogi

3º Juan Tavares - Assoc. Peruíbe

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Feminino Sub 23

Masculino sub 23

Super-ligeiro

Super-ligeiro

1º Amélia R. Souza - Lins/Morimoto

1º Adriano Rodrigues - A. Barão de Mauá

2º Lívia Emi Yamashita - Assoc. Vila Sonia

2º Gabriel Moreira - Palmeiras/Mogi

3º Amanda Alves - Palmeiras/Mogi

3º Felipe Loverdos - Paineiras

3º Bianca Paiva - Concórdia/Omega

3º Diego A. Rocha - SESI - SP

Ligeiro

Ligeiro

1º Agueda C. Arruda - São João T. C.

1º Vitor H. Carvalho - Palmeiras/Mogi

2º Catiere Moya - E. C. Pinheiros

2º Mike Chibana - E. C. Pinheiros

3º Verônica Salgado - ADPM-Reg.S. J. C.

3º Kassio Nascimento - Assoc. Ichikawa

3º Carolina Martins - SESI - SP

3º Diogo Fernandes - Palmeiras/Mogi

Meio-leve

Meio-leve

1º Thais Borges - Tênis Clube S. J. C.

1º Lucas Bernardo - SESI - SP

2º Jessica Couto - Tênis Clube S. J. C.

2º Guilherme Minakawa - Hebraica SP

3º Milena C. Vilela - Palmeiras/Mogi

3º Michel Baptista - Palmeiras/Mogi

3º Anne K. Macedo - São João T. C.

3º Marcelo Fuzita - Palmeiras/Mogi

Leve

Leve

1º Tamara dos Santos - Palmeiras/Mogi

1º Eduardo Katsuhiro - A. D. São Caetano

2º Joice Machado - E. C. Pinheiros

2º Willian R. Pereira - Paineiras

3º Amanda Drezza - Paineiras

3º Adriano Toshio Miwa - E. C. Pinheiros

3º Daise M. Locatelli - Paineiras

3º Renan Pereira - Rio Preto A. C.

Meio-médio

Meio-médio

1º Dione Barbosa - E. C. Pinheiros

1º Anderon Souza - Assoc. Bushido

2º Amanda Culato - E. C. Pinheiros

2º Leandro Ferrante - Ateneu Mansor

3º Patrícia Taminato - A. D. São Caetano

3º Rafael Macedo - Tênis Clube S. J. C.

3º Keyla R. Dias - Assoc. Kiai Kam

3º Gabriel Rusca - A D Santo André

Médio

Médio

1º Adriana Leite - Rogério Sampaio

1º Henrique A. Silva - E. C. Pinheiros

2º Agatha Pascoalino - E. C. Pinheiros

2º Thiago H. Chiodi - SESI - SP

3º Fernanda Peinado - Assoc. Pessoa

3º Lucas Canalle - Ateneu Mansor

3º Tharrere A. Reis - Judo Makoto

3º Gustavo Silva - A. D. São Caetano

Meio-pesado

Meio-pesado

1º Samanta Almeida - A. D. São Caetano

1º Gabriel Gouveia - E. C. Pinheiros

2º Julia C. Araujo - SESI - SP

2º Dario A. Fontana - A. D. São Caetano

3º Beatriz Oliveira - SESI - SP

3º Jose R. Bravim - Assoc. Mata Sugizaki

3º Pamela Ventura - Assoc. Kiai Kam

3º Pedro H. Froner - Fundesport - Araraquara

Pesado

Pesado

1º Sibilla Faccholli - A.D. São Bernardo

1º Enricke Kanematsu - SEMEL R. Preto

2º Tainá C. Nery - A. D. São Caetano

2º Matheus Monteiro - Rio Preto A. C.

3º Juliette Silva – SEMEL Caraguatatuba

3º Daniel Plácido - SESI - SP

3º Agatha Martins - Seduc Praia Grande

3º Victor L. Silva - Concórdia/Omega

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I Treinamento da Seleção 2013, Marau, Fevereiro.

GAÚCHOS NO DOJÔ DE KARATÊ-DÔ TRADICIONAL POR MARIA

A data de 20 de setembro, no Rio Grande do Sul, marca um momento de garra, demonstração de coragem, força, sentimento de união e espírito de justiça. Lembrado como o início do que se convencionou chamar de Revolução Farroupilha, o dia corresponde, também, ao surgimento de uma instituição que tem princípios ligados à necessidade de força para viver, de luta para superar os desafios e coragem para seguir o caminho: “Caminho de Mãos Vazias”, o karatê-dô. Trata-se da Federação Sul-Riograndense de Karatê-dô Tradicional (FSRKT), fundada em 20 de setembro de 1997, hoje com mais de 50 associações filiadas. “A data foi escolhida propositalmente, em função do que ela diz para todos os gaúchos”, segundo um de seus fundadores, atualmente presidente da comissão técnica, Alfredo Aires Sensei (5º dan – ITKF). Na época, por sugestão de representantes da confederação, Alfredo Sensei reuniu professores de karatê tradicional e decidiu oficializar a federação. O momento foi marcado por um curso, em que esteve presente o professor Kazuo Nagamine, de São José do Rio Preto. Alfredo Aires lembra que, desde o início, foram convidadas várias personalidades do karatê para fazer parte da federação. Assim, a instituição se fez, ganhou vida, e começou a montar sua estrutura em terras gaúchas, depois de outras duas tentativas que não tinham vingado. Mais do que uma instituição que organiza as práticas de karatê no Rio Grande do Sul, a federação, desde o início, representa a consolidação de uma tradição e orientação para a vida. Sua diretriz principal tem sido a educação, a compreensão de que todas as práticas que envolvem o karatê e as atividades da instituição devem estar voltadas a um processo educacional. Com sua fala firme e ainda marcada por um leve sotaque uruguaio, que se sente pela sonoridade das frases, Alfredo Sensei contou que, quando criou a federação, lembrou-se da história do fundador do judô, professor Jigoro Kano. Diz que o que mais chamou a atenção

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LUÍZA CARDINALE BAPTISTA |

FOTOS ARQUIVO

FSRKT

Módulo de preparação para Exame de Faixa Preta, Porto Alegre, Março.

Campeonato Brasileiro JKA, Arujá, Maio de 2013.


V Curso de Formação de Instrutores, Porto Alegre, Junho

foi que ele defendia que as medalhas, que geralmente são a bandeira principal de cada instituição esportiva, deveriam ser conquistadas por meio de um processo educacional e não simplesmente pela competição. “Essa ideia inicial do livro sobre a vida dele me marcou para o resto da vida. Então, eu pensei que gostaria de implantar essa orientação, se um dia tivesse a oportunidade de trabalhar com uma instituição de nível estadual ou nacional”, explica Alfredo Sensei. Como uma federação de karatê-dô tradicional, a FSRKT inspira-se no budô, que influenciou fortemente o fundador do karatê, o mestre Gichin Funakoshi. Ele concordava com seu amigo Jigoro Kano (criador do judô), no sentido de que as artes marciais deveriam conter valores morais e espirituais importantes para o desenvolvimento pessoal, bem como dispor de um treinamento de forte valor para a saúde e o bem-estar de quem o praticasse. Funakoshi escreveu: “Como a face polida de um lago reflete tudo e completamente o quanto está a seu redor, os vales e montanhas, as árvores e o os pássaros, também um estudante de karatê deverá manter-se livre do egoísmo e da maldade, este é o verdadeiro significado da palavra kara, ou vazio no karatê”. Essa foi a ideia que marcou o início da federação e que permanece como orientação maior: a proposta de organizar os praticantes de karatê tradicional, por meio de um processo em que a arte marcial esteja relacionada à educação e ao aprimoramento constante. “A arte marcial nos dá elementos como disciplina, cortesia. Em todas as suas características, a arte marcial está relacionada com a educação, ou seja, para aprender a arte marcial, o praticante primeiro precisa ser uma pessoa educada”, afirma o dirigente da federação. Ele

Curso de Capacitação de Professores, Getúlio Vargas, Maio

Curso com o Sensei Koji Ogata, Porto Alegre, 2012

explica que essa compreensão é importante porque o praticante tem uma arma na sua mão, no seu corpo. Segundo os ensinamentos do karatê-dô, mãos e pés do praticante podem ser tão perigosos quanto uma espada. “Então, se você não tiver educação para lidar com isso, você simplesmente é uma pessoa que não possui um controle, e a questão do autocontrole na arte marcial é fundamental”, complementa Alfredo Sensei. Ao longo desses anos, a federação vem desenvolvendo um trabalho importante, em termos de formação de praticantes, enfrentando questões marcantes dos tempos atuais. O cenário contemporâneo é caótico, com pressões do cotidiano que levam, muitas vezes, a uma desarticulação dos indivíduos, à falta de regras, à falta de limites e, ao mesmo tempo,

a uma ideia distorcida que algumas pessoas têm sobre a arte marcial, no sentido de que ela seria desencadeadora de violência. Quem conhece o karatê, contudo, sabe que ocorre justamente o contrário. O karatê não só prepara o praticamente fisicamente, mas também centra o espírito, de tal forma que a pessoa tende a conseguir controlar-se mais, em diversas situações. A partir do conhecimento da técnica, o praticante passa para outro estágio, em que pode sentir e observar o seu cérebro de forma diferente. Nesse sentido, Alfredo Sensei destaca a importância de meditar, antes e depois do treino. “Meditar antes e depois do treino é um ato realmente consciente. Você prepara o seu corpo, por intermédio de uma ação básica, que é a respiração. Então, é possível alinhar,

Curso com os Senseis Yoshizo Machida e Kazuo Nagamine e Campeonato Estadual JKA RS 2013, Aratiba, Abril

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pensando, não pensando, meditando nesses dois ou três minutos de, não é bem de aquecimento, preparação interna do corpo para a prática.” Segundo ele, essa preparação tem tanta importância quanto a que vem a seguir, que é o aquecimento propriamente dito, com uma preparação fisiológica, “que também é uma preparação interna para outro sentido”. Ao fim, depois da prática, o praticamente volta para a meditação, quando realinha seu eixo para seguir o seu caminho e levar os ensinamentos do karatê para fora do dojô. “O cultivo da atitude mental e espiritual iniciada durante a prática no dojô não deve cessar depois que os exercícios físicos e mentais terminarem naquele dia. Ao contrário, deve continuar fora do dojô, ao longo da rotina diária.” (Gichin Funakoshi) Alfredo Sensei explica que a prática do karatê-dô está relacionada a uma preparação para a vida, com orientações claras nesse sentido. O dojo-kun apresenta cinco orientações fundamentais para o praticante: esforçar-se para a formação do caráter, fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão, criar o intuito do esforço, respeito acima de tudo e conter o espírito de agressão. O dirigente da federação ressalta que isso é um modo de retomar, constantemente, as diretrizes da forma de vida dos praticantes karatecas. “Então, isso, de uma forma ou de outra, complementa o treinamento de uma pessoa. Desse modo, ela vai sendo conduzida a conhecer a arte marcial corretamente, o que a leva a outro posicionamento, seja como artista marcial, seja como desportista. Se você entender o caráter da arte marcial desse jeito, provavelmente vai conseguir levar o karatê para outras áreas da vida, obtendo bons resultados como aluno no colégio, como pessoa adulta na sua vida, no trabalho, como atleta nas suas competições.” O que está em jogo, então, é um processo de educação, que se aplica a diferentes dimensões da vida, do caminho. O trabalho da federação, nesse sentido educacional, tem sido bastante amplo e diversificado. Percebe-se, claramente, que a atuação da instituição se assemelha a alguns katas, com movimentações em várias direções, com movimentos diversificados, sempre com o cuidado no detalhe, visando a uma concentração e expansão de energia – estado de atenção plena. Trata-se de uma combinação de movimentos, com o objetivo de estar preparado para o que surgir no caminho. A questão é que a federação atua no coletivo, preparando uma legião de karatecas, com a orientação de combinação corpo-mente-espírito, mantendo as tradições da prática, que se originou efetivamente no Japão, na ilha de Okinawa. Alfredo Sensei destaca que o foco principal não é o resultado final, e sim como esse processo nasce, como esse processo é desenvolvido. Tudo é importante: cada aula, cada prática, cada aproximação das pessoas em relação ao karatê. E isso se faz no dia a dia, com a participação decisiva dos profes-

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Campeonato Sul Sudeste, São José dos Pinhais, Maio de 2013

sores, daquele professor que está em Porto Alegre ou que está numa cidade mais distante dos grandes centros. Justamente por isso, a federação tem investido na formação de instrutores, com a promoção de cursos, numa perspectiva ampla, por meio de palestras e atividades que contribuam para expandir o conhecimento desses profissionais. Os exames de faixas realizados no interior também ampliam as possibilidades de participação e a aproximação da instituição em relação aos karatecas dos pontos mais distantes. Ainda com a intenção de aprimorar o conhecimento e a formação dos praticantes de karatê no Sul do País, a federação tem investido em valorizar o saber, por meio da presença frequente de mestres japoneses ou de reconhecidos praticantes, que fazem parte da história do karatê no Brasil. Nesse sentido, são promovidos cursos de atualização, para que o praticante possa criar um conjunto de ideias próprias e de conhecimento de karatê, com orientações diversificadas, para que seu saber se torne mais pleno, mediante uma identificação maior com algum mestre. “Eu acho que essa é a parte mais interessante nesse processo: fazer algo mais democrático com respeito ao ensino e não centrá-lo numa pessoa só. No caso da nossa federação, acredito que o líder tem de ser mais um líder servidor do que um líder individualista”, afirma o Sensei.

Atividades da federação Cursos de aperfeiçoamento técnico – Dirigidos ao público em geral, esses cursos para todas as graduações são ministrados por mestres de outros países ou Estados brasileiros. Até o momento, os praticantes do Sul do País já tiveram oportunidade de contato direto com grandes mestres japoneses, como os senseis Hidetaka Nishiyama, Masahiko Tanaka, Mitsuo Inoue, Takenori Imura e Koji Ogata. Destaque também para o apoio da CBKT, dirigida pelo professor Gil-

berto Gaertner, por intermédio de cursos e clínicas ministrados pelos senseis Yasutaka Tanaka, Hiroyassu Inoki, Yoshizo Machida, Yasuyuki Sasaki, Tasuke Watanabe, Kazuo Nagamine e Ugo Arrigoni, elevando assim o patamar técnico de professores e praticantes. Avaliação – A federação desenvolveu uma estratégia de padronização e unificação dos critérios dos exames de faixas. Ao todo, foram 250 graduações nas faixas pretas e 7.614 graduações de faixas coloridas, aprovadas e registradas na federação e na confederação. Competição – Os atletas da federação participam de dois eventos estaduais anuais, além de eventos nacionais e internacionais. Em 2013, serão dez competições: duas no Estado e as outras em nível nacional e internacional. Há, ainda, competições de intercâmbio, país a país, Estado contra Estado, Estado contra país. Tem sido constante a presença da delegação gaúcha em cursos e campeonatos realizados não só no Brasil, mas também no Uruguai, Argentina, Paraguai, Chile, Estados Unidos, Austrália, França, Peru, Itália, Polônia e Japão. Neste último, participando anualmente de competições e fazendo cursos de aperfeiçoamento. Pela sua relevância, essa atividade é foco de investimentos da federação. Como entidade não governamental do terceiro setor, a instituição patrocina seus atletas, dando o suporte financeiro necessário para as viagens regionais, nacionais ou internacionais. Isso é possível graças ao que é arrecadado com taxas de anuidades, exames de faixa e cursos para os praticantes e instrutores. Além disso, como investimento nas competições, a entidade patrocina a formação de árbitros em nível nacional. Curso de formação de instrutores – Já foram formados mais de 40 instrutores e, em 2013, está sendo realizada a quinta edição.


O curso é desenvolvido num regime de dez módulos que, no total, duram um ano e dois meses. São módulos com treinamento específico de karatê, associados a um curso com um profissional de uma área que a federação entende ser pertinente agregar ao conhecimento de instrutor de karatê. Esses cursos vão desde história da educação até mídia e marketing. Participação de professores em eventos – A federação tem investido na capacitação de professores, patrocinando a participação de alguns representantes do Estado em cursos de nível nacional. Representantes dos professores também são levados pela federação para o Japão, uma vez por ano, para treinarem na matriz do estilo do karatê Shotokan. Em 2013, essa semana de treinamento ocorrerá em outubro.

Relação da federação com outras organizações de karatê Em nível nacional, a Federação Sul-Riograndense de Karatê-dô Tradicional está ligada à Confederação de Karatê Tradicional (CBKT) e à JKA-Brasil, instituição que congrega os praticantes do estilo karatê Shotokan. Alfredo Sensei explica que são duas vinculações distintas, já que a federação, em si, congrega todos os praticantes, de todos os estilos. São duas linhas desenvolvidas e orientadoras da federação, sem que haja subordinação de uma pela outra. “A federação está ligada a um órgão máximo do País, a CBKT, que está ligada a um órgão máximo internacional, a ITKF. A JKA é a instituição que responde pelo estilo que praticamos, o karatê Shotokan. Ela está ligada a um órgão nacional que se chama JKA do Brasil, que, por sua vez, vincula-se a um órgão máximo internacional JKA, que tem sede no Japão. Então, é assim que funciona, nós temos essas duas conexões, com livre trânsito para nossos atletas, para nossos filiados.” Sensei Alfredo explica que, ao longo da história da federação, a vinculação com as duas instituições sempre foi tranquila, não havendo nenhum impedimento por parte de uma ou outra entidade nacional. Em 2013, no entanto, foi oficializada a existência da JKA-RS, com estatuto registrado, como uma forma de agregar os praticantes do estilo Shotokan. Ele afirma que a oficialização da JKA-RS foi feita para que possam ser aceitas pessoas oriundas de outras federações que querem participar da JKA.

Eventos já realizados pela FSRKT em 2013

1º Treinamento da Seleção 2013, Marau, fevereiro. Módulo de preparação para exame de faixa preta, Porto Alegre, março. Curso com os senseis Yoshizo Machida e Kazuo Nagamine e Campeonato Estadual JKA RS 2013, Aratiba, abril. Curso de capacitação de professores, Getúlio Vargas, maio. 5º Curso de Formação de Instrutores, Porto Alegre, junho. Gira estadual de exames de faixa do primeiro semestre, julho.

Eventos que serão realizados pela FSRKT em 2013 Campeonato Brasileiro CBKT 2013, Porto Alegre, setembro. Campeonato Estadual FSRKT 2013, Porto Alegre, outubro. Conferência Estadual FSRKT 2013, Porto Alegre, novembro. Gira estadual de exames de faixa do segundo semestre, dezembro.

Eventos a que a FSRKT compareceu em 2013 Campeonato Brasileiro JKA 2013, Arujá (SP), maio. Campeonato Sul-Sudeste CBKT, São José dos Pinhais (PR), maio. Copa Itaya, Posadas (Argentina), junho.

Curso com o Sensei Nishiyama, Porto Alegre, 2005

Curso com o Sensei Masahiko Tanaka, Porto Alegre, 1999

Curso com o Sensei Mitsuo Inoue, Porto Alegre, 2005

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FERNANDA ARAÚJO VENCE MAIS UMA NO MMA POR PAULO

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PINTO

| FOTOS REVISTA BUDÔ


New London (EUA) - A lutadora faixa preta de judô e karatê-dô Fernanda Araújo venceu seu segundo combate no MMA, e com esta vitória a atleta goiana radicada nos Estados Unidos sobe mais um degrau e busca, agora, maiores objetivos. O evento realizou-se no dia 8 de junho, no Mohegan Sun Cassino Arena de New London, em Connecticut, e teve um público de 7 mil espectadores. O programa contou com 12 combates, sendo 11 masculinos e um feminino. Em combate com três rounds, Fernanda Araújo enfrentou Da’ry Hamilton, lutadora

russa que também vive nos Estados Unidos e possui formação fundamentada no boxe.

Vitória contundente No octógono a determinação e a experiência da brasileira falaram mais alto, e já no primeiro round a russa sentiu a força e a diversidade de golpes de sua oponente, que na contagem de pontos venceu por 30 a 27. Mais solta e confiante, no segundo round Fernanda jogou de uchi-mata e abusou de seu kiako-zuki fulminante, que fez o nariz de sua oponente sangrar. As escoriações e o sangra-

mento fizeram o árbitro interromper a luta para que a russa fosse avaliada pela junta médica. O resultado final deste assalto deu outra vitória parcial à brasileira, por 29 a 27. No último round Da’ry Hamilton tentou reverter o quadro, mas a impetuosidade de sua oponente e o abatimento pelos golpes sofridos falaram mais alto e resfriaram rapidamente sua reação. Após castigar ainda mais sua adversária, Fernanda Araújo venceu este round, por 30 a 27, e vibrou muito com sua segunda conquista no octógono. Após a comemoração Fernanda avaliou seu desempenho positivamente. “Lutei contra

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uma adversária muito difícil e especialista em boxe. Seu técnico é Joe Lauzon, experiente e famoso lutador do UFC. Consegui aplicar um uchi-mata, minha especialidade no judô, e a joguei para o chão, mas de forma estratégica preferi não levar a luta para o solo por entender que naquele momento a vitória estaria garantida. Não havia necessidade de me expor e colocar a vitória em risco.” Fernanda ainda falou sobre seu cartel no MMA. “Das quatro lutas realizadas no MMA, esta foi a mais difícil. Consegui encaixar vários golpes no rosto, mas ela absorvia e resistia bravamente. Tanto é que o juiz paralisou a luta e solicitou que a junta médica avaliasse sua condição física. O público chegou a vaiar porque todos querem ver luta, mas ela voltou e resistiu até o final.” A lutadora goiana finalizou falando sobre seu futuro no MMA. “Treinei muito para esta luta, e para tanto contei com o apoio de minha equipe técnica que é formada por Richie Kalaydjian, meu preparador físico, e Rick Alford,

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meu técnico de MMA. Eles desenvolveram todo um trabalho em busca desta vitória. Sabemos que tenho ainda muito que aprender e evoluir para conquistar minha vaga no UFC, mas juntos atingiremos nossos objetivos.”

Predadora implacável Muita gente se pergunta como os lutadores de MMA conseguem trocar tanta porrada no octógono, mas certamente cada personagem deste enredo deve ter uma resposta específica para tamanho risco e exposição. Mas existe um fator preponderante que une e motiva todos os lutadores desta modalidade: a adrenalina. É justamente a busca por este elemento químico que faz com que milhares de homens e mulheres se lancem nesta direção. E, assistindo às lutas de Fernanda Araújo, vemos que em nenhum momento ela mostra desconforto dentro do octógono. Valente e determinada, a lutadora goiana parece um

predador que cerca sua caça para abatê-la, exercendo o menor esforço físico possível. Até mesmo nos primeiros combates, quando não possuía experiência, Fernanda partia para cima de suas oponentes, provocando invariavelmente enorme estrago em todas elas. E com Da’ry Hamilton não foi diferente. A lutadora, que já se autointitulava a nova Ronda Rousey do MMA feminino, foi mais uma vítima da determinação e da fúria de uma atleta que já aos 9 anos conquistou o bronze em kumitê, no mundial de karatê-dô tradicional realizado em Tóquio, e aos 14 anos conquistava medalhas em campeonatos brasileiros de judô. Fernanda Araújo possui estigma de vencedora mesclando coragem, força e determinação. Lutar no UFC parece que é questão de tempo para esta brasileira, que treina quatro vezes ao dia, nos sete dias da semana, perseguindo esse objetivo.


PSICOLOGIA DO ESPORTE

MEDITAÇÃO APLICADA AO CAMPO ESPORTIVO POR GILBERTO

A chegada das técnicas de meditação ao Ocidente foi mais efetiva nas décadas de 60 e 70 do século passado, alavancada pelo movimento de contracultura. A partir daí despertaram interesse científico e seus efeitos começaram a ser investigados cientificamente, a tal ponto que já em 1984 um órgão federal dos Estados Unidos, o Instituto Nacional de Saúde, incluiu a meditação como parte do tratamento da hipertensão moderada (Evans, 1978; Goleman, 1998). A trajetória histórica do desenvolvimento das técnicas meditativas das várias tradições ancestrais sempre esteve ligada ao aperfeiçoamento das capacidades atencionais. Allegro (2005, p.10) discorre sobre a origem da meditação: “Os xamãs e os iogues de tempos ancestrais parecem ter sido os primeiros a explorar as profundidades da mente humana usando apenas sua capacidade de focalizar a atenção internamente”. E o autor complementa, pontuando a simplicidade da técnica: “Assim surgiu a meditação, técnica que não exige aparelhos, instrumentos, preces ou qualquer coisa externa”. “Podemos descrever meditação, em termos essenciais, como toda disciplina voltada ao aumento da percepção por meio do direcionamento consciente da atenção”, segundo Walsh e Vaughan (1995, p.150). Para entender como o processo meditativo requer disciplina e continuidade, Le Shan (1974, p.11) faz uma analogia entre o processo meditativo e a preparação física: “Um bom programa de meditação é, em muitos pontos, bastante semelhante a um bom programa de exercícios físicos. Ambos exigem trabalho árduo e repetido”. Ratey (2002, pp. 411-413) auxilia na elucidação do que ocorre no processo meditativo, fazendo uma descrição detalhada dos seus efeitos psicofisiológicos: A meditação é uma consciência focalizada, obtida através de uma postura serena, silenciosa, com a atenção concentrada no íntimo da própria pessoa (…). O corpo tem uma reação física a esse estado alterado de consciência. A atividade do sistema nervoso simpático declina e o metabolismo fica mais lento. Pulsação, pressão sanguínea e ritmo respiratório diminuem, e a condutância da

GAERTNER |

FOTO FOTOLIA.COM

pele e o fluxo sanguíneo decrescem. Está comprovado que essas reações somáticas ajudam a reduzir a hipertensão, a aliviar as dores crônicas e as enxaquecas, e mitigam a depressão e a ansiedade. A própria atividade elétrica do cérebro muda. Em vez de sustentar uma descentralizada tempestade de sinais, grandes quantidades de neurônios disparam numa agradável sincronia. Deshimaru (2006, p. 34) descreve alguns pontos importantes da prática da meditação Zen, associadas aos princípios de treinamento das artes marciais: “A concentração, nem ativa nem passiva, mantém o espírito interior calmo, puro e sereno”. O autor enfatiza também o método respiratório utilizado: “Concentramos sempre na expiração, e a inspiração é feita de forma curta e profunda”. Finaliza dando foco na integração da respiração ao movimento corporal, afirmando: “Deve-se harmonizar a respiração com a ação corporal”. Tive os primeiros contatos com meditação por meio da prática do karatê e do yoga no início dos anos 70, e interessei-me bastante pela área, passando a estudar e pesquisar sobre o tema. O conhecimento da psicologia ajudou-me a entender melhor os processos psicofisiológicos envolvidos, e o contato com o mundo esportivo me aguçou a curiosidade de aplicar o método em atletas, visando à otimização da performance. Nos últimos 15 anos, venho utilizando sistematicamente princípios de meditação no trabalho com esportes individuais e coletivos, com resultados bastante satisfatórios. Seguem algumas sugestões básicas de princípios e rotinas baseados nessas experiências.

A meditação aplicada ao campo esportivo é bastante específica e tem particularidades que necessitam ser observadas. Entre elas, a questão do objetivo central, que no esporte é desenvolver a capacidade de atenção e concentração e uma consciência maior sobre o estado interno. As características do atleta também precisam ser respeitadas, o que pode ser facilitado por meio de um estudo de perfil psicológico. Com esse estudo identifica-se a estrutura de personalidade, o que viabiliza o desenvolvimento de rotinas de meditação específicas. Atletas com características ansiógenas mais acentuadas podem começar com meditações dinâmicas (em movimento) ou utilizar as técnicas de meditação após um treinamento mais intenso. Já os mais tranquilos podem começar com meditações estáticas (sem movimento) e, se necessário, utilizar as duas formas, por exemplo. Outra forma de trabalho meditativo no esporte se dá por meio da criação de situações instáveis e que exijam atenção plena e utilização de esforço para serem mantidas. Isso pode ser feito com posições de equilíbrio sobre uma perna, pois qualquer distração mental pode fazer o atleta desequilibrar-se. Num trabalho recente com atletas da seleção brasileira de karatê tradicional, fizemos um treinamento de concentração como preparação para uma meditação estática. O trabalho consistiu em os atletas treinarem uma série de katas (luta simulada) sobre um muro com 20 cm de largura, cuja frente (visão do atleta) dava para uma altura razoável. A atenção foi total, sem margem para qualquer distração, pois eles estavam

Objetivos da Meditação no Campo Esportivo Objetivo Principal

Atenção e concentração / ampliação da consciência

Objetivos Periféricos

Redução do estresse e da ansiedade, assertividade na tomada de decisões e ampliação da consciência sobre o corpo, a cognição e as emoções, servir de base para o desencadeamento de experiências de fluxo, entre outros.

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frente a uma situação de perigo, instável, e que exigia toda a atenção e no seu nível mais intenso. Na sequência realizamos o trabalho de meditação estática também sobre o muro, a atenção continuou plena e não houve relatos de pensamentos intrusivos ou desvios atencionais. A modalidade esportiva é outro fator preponderante na composição de rotinas de meditação, que precisam adequar-se às exigências e características específicas de cada modalidade. Esportes que necessitam de precisão e controle motor refinado se distinguem de modalidades nas quais a força e a explosão são predominantes e a precisão é secundária. Nos primeiros, pode-se utilizar trabalhos de meditação com convergência ocular, e nos outros, intercalar meditação com visualização. Outro fator é a duração do tempo de atenção focada exigida por cada modalidade esportiva: um esporte de combate pode ter uma necessidade de concentração máxima por cinco minutos, diferentemente do tênis, no qual a exigência atencional é diferenciada e pode durar horas. O tempo das rotinas de meditação é outro diferencial de grande importância. Com atletas em geral, inicia-se com rotinas

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Formas de Meditação no Campo Esportivo FORMAS DE MEDITAÇÃO

ROTINAS

Estática

Posição: sentado sobre os ísquios, coluna reta. Boca, ombros, abdome e pelve relaxados. Respiração lenta e fluída, sem esforço. Respiração utilizando o diafragma em quatro tempos: inspiração / rápida retenção com os pulmões cheios / expiração lenta / rápida retenção com os pulmões vazios. Olhos abertos ou fechados. (Iniciar com três minutos.)

Dinâmica

Andar em ritmo bem lento, coluna reta, corpo descontraído e foco atencional na caminhada. Sentir o contato dos pés com o chão, o início e fim de cada movimento etc. Respiração como no item anterior. Alternar olhos abertos e fechados. (Iniciar com três minutos.) Gesto Técnico: repetir um ou vários gestos técnicos da sua modalidade esportiva de forma bem lenta e com o foco atencional nos detalhes de cada movimento realizado. Respiração como no item anterior. Alternar olhos abertos e fechados. (Iniciar com três minutos.)

Resistida

Em posição de equilíbrio (por exemplo: com um joelho elevado à frente do peito e envolvido pelos braços). Coluna reta. Olhar dirigido para um ponto fixo à frente. Respiração como nos itens anteriores. (Iniciar com um minuto cada perna.)


Objetivos da Meditação no Campo Esportivo Estruturação

Correspondência

Corporal

Coluna reta e corpo relaxado.

Emocional

Respiração diafragmática, pausada, fluída e sem esforço. Expiração lenta.

Mental

Fixação da atenção em um objeto externo (o objeto externo pode ser da própria modalidade esportiva, como bola de golfe, de tênis etc.), som ou elementos da natureza (céu, água, plantas etc.). Fixação da atenção na respiração, na repetição de palavras-chave, nas sensações corporais, nas emoções ou em imagens. Distrações são comuns, apenas não se apegue a elas, evite confrontá-las, retornando ao seu foco atencional escolhido.

Chek-up contínuo

Durante o período meditativo, verifique sistematicamente a coluna, a respiração e a fixação da atenção.

Horários / Dias

2a, 4a e 6a feira

3a, 5a e sábado

07 h

Ao acordar alongamento geral (3 minutos) / Grounding (2 minutos) em pé , tronco solto à frente, mãos tocando o chão, costas e nuca relaxados , joelhos levemente flexionados, peso na parte anterior dos pés, respirações bem fluídas.

Ao acordar alongamento geral (3 minutos)

07h05

Meditação foco externo (ponto colado na parede) 5 minutos.

Meditação olhos fechados (foco interno – respiração) 5 minutos.

11h55

Meditação resistida (posição de equilíbrio segurando uma perna à frente do corpo (2,5 minutos cada perna).

Meditação resistida (posição de equilíbrio segurando uma perna atrás do corpo (2 minutos cada perna).

18h

Meditação ponto fixo (2 minutos) visualização da prova (2 minutos). Meditação foco interno – batimento cardíaco (2 minutos).

Meditação foco interno (batimento cardíaco). (2 minutos). Meditação ponto fixo (2 minutos) visualização da prova (2 minutos).

22h

Relaxamento com música (5 minutos) Visualização da prova (2 minutos) Relaxamento com música (10 minutos).

Relaxamento contraste (contrai e relaxa todo corpo) Visualização da prova (2 minutos) Relaxamento contraste.

Rotina de Trabalho Meditativo no Período Pré-competitivo - Natação

Referências

Respiração em pé sincronizada com movimentos de membros superiores e inferiores (2 minutos).

ALLEGRO, A. (2005) – Prefácio. in R. Cardoso. Medicina e meditação. São Paulo: MG Editores. BECKER JUNIOR, B.(2000) – Manual de psicologia do esporte & exercício. Porto Alegre: Novaprova. CSIKSZENTMIHALYI, M. (1999) – A descoberta do fluxo : a psicologia do envolvimento com a vida cotidiana. Rio de Janeiro : Rocco. Dalloway, M. (1993) – Concentration: focus your mind, power your game. Phoenix: Optimal Performance Institute. DAMÁSIO, A. (2000) – O mistério da consciência. São Paulo : Companhia das Letras. DAVIDSON, R. (2003) – Alterations in brain and immune function produced mindfulness meditation. Psychosomatic Medicine 65:564-570. DAVIDSON, R. J., GOLEMAN, D. J., & SCHWARTZ, G. E. (1976) – Attentional and affective concomitants of meditation: a crosssectional study. Journal of Abnormal Psychology, 85, 235-238. DESHIMARU, T. (2006). Zen y artes marciales. Madrid: Luis Cárcamo. DESHIMARU, T. ; CHAUCHARD, P. (1994) – Zen y cerebro. Barcelona: Kairós. DOSIL DÍAZ, J. (2008) – Psicología de la actividad física y del deporte. Madrid: McGraw Hill. EKMAN, P. et al.(2005) – Buddisth and psychological perspectives on emotions and well-being. American Psychological Society vol. 14, 2 : 59-63. EMMONS, M. L., & EMMONS, J. (2005) – Terapia meditativa. Bilbao: Desclée de Brouwer. EVANS, R.(1979) – Construtores da psicologia. São Paulo: Summus. FADIMAN, J. ; FRAGER, R. (1979) – Teorias da personalidade. São Paulo: Harper & Row do Brasil. GAERTNER, G. (Org.) (2007) – Psicologia e ciências do esporte. Curitiba: Juruá. GOLEMAN, D. (1998) – A arte da meditação. Rio de Janeiro : Sextante. HYAMS, J. (2008) – Lo Zen e le arti marziali. Vicenza: Il Punto D’Incontro. JAMES. W. (1991) – As variedades da experiência religiosa. São Paulo: Cultrix. JACKSON, S. ; CSIKSZENTMIHALYI, M.(1999) – Flow in sports. Champaign : Human Kinetics. JUNG, C. G. (1982) – Psicologia e religião oriental. Petrópolis: Vozes. LENT, R. (2006) – Cem bilhões de neurônios : conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo: Atheneu. LE SHAN, L. (1974) – Meditação transcedental. Rio de Janeiro: Record. MACHADO, A. A.(1997) – Psicologia do esporte : temas emergentes I. Jundiaí: Ápice. MORAN, A. P. (1996) – The Psychology of concentration in sport performers. East Sussex: Psychology Press. NARANJO, C. (2005) – Entre meditação e psicoterapia. Petrópolis: Vozes. NEUMANN, E. (1995) – História da origem da consciência. São Paulo: Cultrix. NIDEFFER, R. M. (1991) – Entrenamiento para el control de la atencion y la concentracion. in WILLIAMS, J. M. Psicologia aplicada al deporte. (pp. 373-391). Madrid: Biblioteca Nueva NISHIMURA, E. (1988) – How to practice zazen. Kyoto: Institute for zen studies. PASHER, H. E. (1999) – The Psychology of attention. Massachusetts: The MIT Press. PERRY, C. (2004) – Concentration: focus under pressure. in Murphy, S. The Sport Psych Handbook. (pp. 113-126). Champagne: Human Kinetics. PINEL, J.P.J (2005) – Biopsicologia. Porto Alegre: Artmed.w PORTELLANO, J. A. (2005) – Introducción a la neuropsicología. Madrid: McGraw-Hill. RATEY, J. (2002) – O cérebro : um guia para o usuário. Rio de Janeiro: Objetiva. SAMULSKI, D. M. (2002) – Psicologia do esporte. São Paulo: Manole. STEFANELLO, J. M. F. (2007) – Treinamento de competências psicológicas. Barueri: Minha Editora: Manole. STERNBERG, R. J. (2000) – Psicologia cognitiva.: Artmed. SUZUKI, D. T. ; FROMM, E. ; DE MARTINO, R. (1977) – Zen-Budismo e psicanálise.São Paulo: Cultrix. UNGERLEIDER, S. (1996) – Mental training for peak performance. Pennsylvania: Rodale Press. WALSH, R. N.; VAUGHAN, F.(1995) – Além do ego. São Paulo : Cultrix/Pensamento. WATTS, A. W. (1989) – O zen e a experiência mística. São Paulo: Cutrix. WEINBERG, R. S. ; GOULD, D. (2001) – Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. Porto Alegre : Artmed. WILBER, K.(2002) – Psicologia integral: consciência, espírito, psicologia, terapia. São Paulo: Cultrix. YAN, S.J. (2005) – Pensamento e ação sincronizados. In: Viver mente & cérebro – scientific american. São Paulo, n.148, p. 74-80.

curtas que não ultrapassem cinco minutos. Os princípios básicos da meditação estão centrados em três pilares, que são a estruturação corporal, a estruturação emocional e a estruturação mental. A meditação, curiosamente, gera um estado paradoxal que é uma vigília hipometabólica, na qual o corpo está relaxado e todo o metabolismo desacelerado, mas ao mesmo tempo mantém-se o estado de vigília, no qual a mente está acordada e atenta. Ao desenvolver as rotinas de meditação, deve-se também levar em conta o calendário esportivo e a periodização de treinamento físico e técnico do atleta, para se privilegiarem as necessidades específicas de cada fase do trabalho. Outra forma de trabalhar a meditação é integrando-a ao treinamento mental, respiração e relaxamento. Segue, como exemplo, a rotina desenvolvida para um atleta da seleção brasileira de natação no período pré-competitivo. Numa comparação grosseira, a meditação atua sobre o cérebro de forma semelhante ao que faz um desfragmentador de disco no computador, reorganizando os arquivos e otimizando o espaço. Finaliza-se com Fromm (1987, p. 135), que relata um diálogo entre um mestre e um monge Zen. Este diálogo reflete o contato direto com a realidade e um estado de prefeita conexão com o presente. – Fazeis, alguma vez, um esforço para disciplinar-vos na verdade? – Sim, faço. – E como o exercitais? – Quando tenho fome como; quando estou cansado durmo. – Isso é o que toda gente faz; pode-se dizer dos outros que se exercitam da mesma maneira que vós? – Não. – Por que não? – Porque, quando comem, não comem, estão pensando em várias outras coisas e, dessa maneira, consentindo em ser perturbados; quando dormem, não dormem, sonham com mil e uma coisas. Por isso não são como eu.

Gilberto Gaertner é Faixa preta 7º dan de karatê tradicional Professor de psicologia na Universidade Positivo É doutorando em estudos da criança com enfoque em educação física e recreação Presidente da Confederação Brasileira de Karatê-dô Tradicional (CBKT) Psicólogo esportivo do Clube Atlético Paranaense 79


INTERVIEW

Austeridade e políticas focadas no desenvolvimento

BLINDAM GESTÃO DA CBTKD POR N. T. MATEUS

| FOTOS REVISTA BUDÔ

Tratamento igual a todas as federações e transparência nas decisões são algumas das mudanças promovidas por Carlos Fernandes à frente da CBTKD e elogiadas pelos dirigentes estaduais. Comandado exclusivamente por coreanos durante décadas, o taekwondo nacional tem como dirigente máximo um brasileiro, Carlos Fernandes, há dois anos e meio presidente da CBTKD. Num tempo bastante curto, as mudanças já são visíveis, mas ele quer ir além do choque de gestão aplicado na entidade no começo de seu mandato. “Acredito que agora o caminho já esteja aberto para que eu possa fazer um trabalho para o taekwondo arte marcial e para os mestres do taekwondo brasileiro”, afirma. “Eu sei onde fui amarrar meu cavalo”, prossegue Fernandes. “Conheço muito bem a Confederação Brasileira de Taekwondo, pois acompanhei todo o processo desde o início e sabia que não seria fácil. Acho que as mudanças foram necessárias, tinham de acontecer. Não vim para a CBTKD fazer desfile de moda nem em busca de autopromoção, sabia muito bem das dificuldades que poderia encontrar. Quando se mexe em casa de marimbondo, é preciso estar preparado para rebatê-los. O que foi feito está feito e não será mudado. Quem participa de uma instituição ou de um sistema tem de seguir normas e regras. Elas não existem apenas para o presidente ou para o técnico, são para todos.” Fernandes conta que na CBTKD os problemas sempre foram um pouco mais complexos e difíceis, por conta de “algumas situações que estavam escravizadas” dentro da entidade. Ele defende as decisões pontuais que tomou e as mudanças que fez, ainda que alguns poucos não tenham gostado. “As pessoas estão muito focadas na competição e esquecem a base. Mas a academia não é só isso: 70% das pessoas que estão treinando querem fazer um taekwondo arte marcial e não competir. Então, a CBTKD também tem de fazer um trabalho voltado para esse lado. Foi uma promessa que eu fiz quando assumi a confederação.” Entre as mudanças promovidas, Fernandes destaca as ações no Ministério dos Esportes e o fortalecimento das federações. “O taekwondo não cresce se as federações dos Estados não estiverem fortes”, explica, “e é isso que estamos

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Carlos Fernandes

implantando. Hoje, vemos um atleta do Norte ou do Nordeste lutando tranquilamente com um do Sul ou do Sudeste. A desigualdade acabou e a distância tende a diminuir cada vez mais.” Outro exemplo citado é a situação dos árbitros, “que antigamente pagavam para trabalhar”. Agora, quando eles têm de viajar, a CBTKD banca as passagens e as despesas. E, esclarece o dirigente, são mais cobrados quanto à qualidade do trabalho. Tudo isso é consequência da crescente profissionalização das federações estaduais, que antes não tinham voz nem autonomia para trabalhar. Fernandes diz que havia até ingerência de umas entidades nas outras, por ordens superiores. Sem citar nomes, ele assegura que quem viveu essas situações sabe muito bem do que se trata. “Entendo até que, quando o taekwondo entrou no Brasil, era o momento de uma ditadura militar, uma época em que não

havia celular, computador ou internet, e até as leis eram outras. E isso foi vivido até há pouco tempo. Hoje a CBTKD tem o compromisso de promover uma abertura cada vez maior. Hoje o taekwondo não pertence a um grupelho, ou a um grupo de mestres estrangeiros.” Fernandes lembra que, logo no começo de sua gestão, deixou claro para comissão técnica que seus integrantes seriam cobrados como profissionais. Isso porque era comum quem estava no comando promover os eventos, fossem provas seletivas ou campeonatos, sempre no mesmo Estado. “Havia técnicos de entidades que se prevaleciam de treinar também uma seleção nacional para chamar atletas de outras federações para seus Estados. Tudo isso foi corrigido na minha gestão. Acho que temos de ser imparciais em tudo. A entidade nacional deve deixar que o rio corra em seu curso, sem nenhum empecilho.”


José de Souza Junior

Mudanças necessárias Embora considere oposição uma prática sadia e respeite o direito que as pessoas têm de se expressar, o presidente da CBTKD rejeita ofensas e ataques covardes. “Temos de escutar nossos opositores porque às vezes têm propostas bem embasadas e que nos ajudam. Mas sempre digo que aqui no momento não tenho opositores, mas perseguidores.” Fernandes diz que não pode considerar oposição pessoas que defendem interesses pessoais, que foram preteridas na obtenção de emprego ou de cargos. E desabafa: “Não vim aqui para agradar todo mundo, vim para fazer as mudanças necessárias e que a modalidade cobrava há anos. Não estou fazendo gestão para cegos, mas para quem está vendo e pediu as mudanças, pois as pessoas dentro do taekwondo brasileiro hoje estão muito esclarecidas. Tenho certeza de que a maioria está satisfeita”. Fernandes avalia positivamente a desfiliação de algumas federações, diversas delas com dirigentes que pareciam se perpetuar no cargo, e acentua que a decisão não foi dele, mas tomada em assembleias. “Se a CBTKD é uma entidade maior, o presidente tem de seguir as normas estatutárias. Esse direito é para todos e não para alguns.” E diz que até agora não ouviu reclamações de atletas ou mestres. “Fazendo um apanhado de tudo, vejo que o taekwondo naqueles Estados vai muito bem, como em São Paulo, por exemplo, com nova federação, cujo presidente está alavancando o taekwondo democraticamente.” Depois de lembrar que até o melhor homem do mundo que foi Jesus Cristo não agradou todos e também teve inimigos por expor verdades e promover mudanças, Fernandes é enfático ao demonstrar confiança em seu trabalho e assegura ter certeza de que as mudanças promovidas foram benéficas para o taekwondo brasileiro. Inclusive no que diz respeito à compra de material esportivo para a modalidade, que antes era monopólio de um só fornecedor. “Isso acabou, acho que todo mundo tem de participar, todos merecem as mesmas oportunidades.”

Futuro melhor Fernandes conta que nem todas as federações receberam ainda o material distribuído

Ademar Lamoglia

Pedro Araújo

pelo Ministério do Esporte. O projeto entregue pela CBTKD excedeu os R$ 3,0 milhões disponíveis na ocasião e por isso foi refeito para contemplar 15 entidades. Parte deste material já foi entregue para várias entidades, e o restante já está disponível para ser retirado no Rio de Janeiro. A confederação já tem em curso outro projeto para as 12 federações não incluídas no primeiro. O presidente da CBTKD explica que o critério para inclusão no primeiro projeto foi o da necessidade: recebeu quem precisava mais, ou seja, as federações do Norte e do Nordeste. A exceção foi a entidade de Santa Catarina, que recebeu o material que não pôde ser retirado pelo Piauí. Algumas federações estão empolgadas, até pelo material que receberam, e gostariam de organizar campeonatos nacionais. Fernandes, porém, acredita que isto não será possível este ano porque as entidades ainda estão em fase de estruturação. “Não é conveniente delegar um risco desses”, justifica Fernandes. “Vamos ter de que fazer nos Estados, é claro, mas com a responsabilidade total da CBTKD, que vai assumir tudo.” A confederação deve promover aproximadamente quinze eventos anuais, entre nacionais e internacionais e distribuí-los de forma racional. “Sou presidente da CBTKD, não de entidade estadual. Tenho de olhar Roraima com os mesmos olhos que veem o Rio de Janeiro. Mas tenho de ver se há condições, pois alguns Estados estão enfraquecidos e precisam mais do que nunca de receber um campeonato nacional. Vou ter de fazer campeonatos em Roraima, Tocantins, Piauí e outros que pretendo incluir no calendário do ano que vem.” Um exemplo da renovação promovida no taekwondo brasileiro é a medalha de bronze conquistada por Guilherme Dias, um atleta de apenas 19 anos, no mundial realizado no México. “Eu acho que o Guilherme é um garoto fantástico, com uma cabeça muito boa, prova do trabalho de renovação que nós estamos fazendo e que é necessário. Nós tivemos atletas competindo em duas ou três gerações, muitas vezes porque não havia competidores à altura. O Guilherme está sendo uma amostra disso e outros virão. Achei fantástica a apresentação do Brasil neste mundial, embora esperasse mais resultados, mas o atleta não se faz da noite para o dia, em um ano ou dois. A minha gestão está com dois anos e meio e as mudanças todas que foram feitas abrem o caminho.”

Para atingir suas metas à frente da CBTKD, Fernandes destaca o apoio recebido dos parceiros. “Não posso deixar de agradecer ao Comitê Olímpico Brasileiro, ao seu presidente Carlos Nuzman e à sua equipe, que nunca mediram esforços para ajudar o taekwondo brasileiro, bem como ao Ministério dos Esportes, que está sempre de portas abertas para incentivar o esporte olímpico nessa jornada rumo a 2016 e à Petrobras, que chega na hora certa com seu patrocínio.”

Dirigentes apoiam Adelino da Silva Filho, presidente da Federação Catarinense de Taekwondo, diz que a modalidade passa por seu melhor momento no Brasil, com a realização de grandes eventos e união em torno do objetivo em comum. “As brigas já estão acabando, nosso taekwondo não é mais centralizado e as oportunidades são para todos”, diz. Para ele, Carlos Fernandes pratica uma gestão inovadora, com visão profissional e administração eficiente. Entre os principais avanços, cita a melhoria da estrutura administrativa, a qualidade dos eventos, a criação de oportunidades para todos atletas com a instituição do ranking nacional e a organização jurídica. Adelino considera importante a distribuição dos eventos por todo o Brasil, sem discriminação, e a unidade de pensamento em todas as federações, além do fornecimento de material para desenvolvimento nos Estados e a maior visibilidade internacional. “São conquistas que estão colocando nosso taekwondo no caminho do sucesso e, com certeza, o resultado de várias ações aparecerá em curto prazo e o crescimento seguirá a passos largos.” Ademar Lamoglia, presidente da Federação de Taekwondo Olímpico do Distrito Federal, avalia que o taekwondo brasileiro passa por uma profunda mudança, tanto no aspecto técnico quanto no administrativo. “Com as mudanças de competição, com a adoção do colete eletrônico, que fez as estratégias dos combates sofrerem profunda transformação, e as rápidas respostas dos técnicos a essa nova exigência, acho que estamos no caminho certo.” No aspecto administrativo, Lamoglia vê uma preocupação maior com os destinos do taekwondo no Brasil, com ênfase na meritocracia e abandono de velhas políticas de favorecimento. “Tenta-se imprimir modernidade

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Franck Lopes Franco

Adelino Silva

Eduardo Gonçalves

na burocracia, agilizando as demandas das federações e melhorando a relação entre as entidades.” Ele também reconhece que a atual gestão está mudando tudo para melhor, dando tratamento igualitário a todas as federações, ouvindo as demandas de seus filiados e dando oportunidade a todos, buscando novas metodologias e aperfeiçoando seu quadro funcional. “Outro aspecto a ser ressaltado é o resgate da arte marcial, buscando assim aumentar o número de praticantes no Brasil.” Lamoglia considera indevidas as críticas a Carlos Fernandes, e enumera as realizações que considera mais significativas na atual gestão da CBTKD: projetos em parceria com o poder público para fomento e desenvolvimento da modalidade, representado pela entrega dos kits às federações; aperfeiçoamentos administrativos e funcionais; atendimento qualificado a todas as federações; abandono da velha política clientelista; adoção da meritocracia em todos os aspectos no taekwondo; busca constante na formulação dos campeonatos; e acesso das federações ao presidente. “Numa visão construtivista, o taekwondo brasileiro está passando por uma transformação providencial. Antes, vivíamos reféns de conceitos discriminatórios. No passado, uma pequena parcela da nossa modalidade era beneficiada; na atualidade, a evolução é latente e está beneficiando uma nação”, afirma Eduardo Gonçalves, presidente da Federação de Taekwondo do Estado de Sergipe. Ele identifica um grande desafio de gestão nesse novo cenário e observa que, numa correta administração, cabem as análises, decisões e atuações relacionadas com os meios necessários à atividade: é fazer o amanhã hoje. “E a gestão do valor humano é a alavanca fundamental nesta empreitada.” Entre os avanços promovidos na atual gestão, Gonçalves cita a moralidade para a instituição, o uso dos preceitos estatutários em prol dos interesses da CBTKD e a descentralização dos eventos, além do relacionamento interpessoal com os dirigentes estaduais, a elaboração de projetos para o melhoramento dos Estados e exclusão da desigualdade territorial, fornecendo acesso aos atletas das regiões mais distantes. Franck Lopes Franco, presidente da Federação Rondoniense de Taekwondo, destaca o novo momento vivido pela Região Norte. “Com condições materiais e apoio por parte da CB-

TKD, os campeonatos nacionais estão descentralizados. Realizamos em 2011 o Campeonato Brasileiro Infantil e Juvenil, o que jamais havia ocorrido nas administrações anteriores. Em 2012 houve outro campeonato nacional em Manaus, também com grade sucesso.” O dirigente valoriza a igualdade de oportunidade para todas as regiões e cumprimenta Carlos Fernandes por seu desempenho à frente da CBTKD: “Com seu dinamismo, foco de crescimento e democrático, escuta as opiniões dos presidentes e atende a todos os nossos anseios”. Para Franck, o grande avanço da atual gestão foi promover a união entre os presidentes de federações para que pudessem ter um objetivo comum, que é o desenvolvimento do taekwondo nacionalmente. Isso foi conseguido com suporte de materiais, cursos e treinamentos oferecido às regiões menos favorecidas. José de Souza Júnior, presidente da Federação do Estado de São Paulo de Taekwondo, reconhece que o taekwondo brasileiro atravessa uma fase de renovação e desenvolvimento após um longo período de estagnação. “A nova CBTKD, presidida por Carlos Fernandes, está provocando profundas e positivas mudanças. Trouxe o profissionalismo ao nosso esporte, uma gestão com base em eficácia, eficiência e resultados, e está promovendo a igualdade e buscando o equilíbrio em todos os aspectos e em todas as regiões do nosso País, unificando e fortalecendo verdadeiramente o taekwondo brasileiro.” A democratização da modalidade é um dos destaques apontados pelo dirigente paulista: “Esta gestão enfrentou e venceu sistemas e grupos estabelecidos há décadas e que engessavam o desenvolvimento dos trabalhos em prol do taekwondo. A nova CBTKD sacudiu todo o País, fez todos despertarem para uma nova e melhor entidade, envolveu e uniu todos num objetivo comum, provocando uma frente realmente comprometida com o desenvolvimento e o crescimento do nosso esporte”. José de Souza Júnior chama atenção para o resultado do trabalho de Carlos Fernandes neste curto espaço de tempo à frente da CBTKD. “Hoje o taekwondo brasileiro não se resume apenas aos Estados do Sudeste, mas é realmente de todo o Brasil. Em São Paulo, ainda não atingimos as nossas metas, mas em pouco mais de cinco meses como entidade estadual filiada à CBTKD conquistamos e realizamos ações que nenhuma outra direção conseguiu em mais de 40 anos no Estado. E,

diga-se de passagem, sem qualquer subsídio governamental. Estas conquistas em nosso Estado só foram possíveis graças à gestão sob comando do grande mestre Carlos Fernandes. A satisfação e a aprovação são unânimes entre os taekwondistas paulistas.” Pedro Araújo, presidente da Federação Estadual de Taekwondo do Estado de Tocantins, vê o taekwondo brasileiro passando por um momento muito delicado, em que todos esperam um grande resultado tanto de atletas quanto de treinadores e dirigentes. Mas considera corajosa e guerreira a nova gestão da CBTKD. “Corajosa”, explica, “já que aceitou o desafio de botar em ordem uma casa que estava muito bagunçada, uma confederação que era considerada uma das piores, que recebia do COB o valor mínimo de apoio financeiro, pois achamos que a entidade não confiava na gestão coreana. Agora, que temos uma confederação totalmente brasileira e capaz de gerir recursos do governo, recebemos o muito mais apoio.” Para o dirigente tocantinense, a cada dia se trava uma guerra numa trincheira diferente, pois aqueles que detinham o poder no passado perderam espaço e desejam a todo custo voltar a sugar o sangue do taekwondo brasileiro. “É um gestão guerreira porque eu faço parte dela, já que o poder máximo da CBTKD é a assembleia geral e nela eu tenho um voto que, somado aos outros 23, dá sustentação ao nosso presidente”, acrescenta Araújo. O presidente da Fetaeto enfatiza que os avanços estão escancarados e só os descontentes inimigos do taekwondo brasileiro não querem enxergá-los. E enumera alguns deles: equipe completa para o mundial e demais eventos internacionais com despesas pagas, salário dos atletas, árbitros que agora não pagam para trabalhar, técnicos com remuneração justa, cursos de árbitros e técnicos descentralizados e por conta da CBTKD, equipamento de treino e de competição de alta qualidade destinados para os Estados, curso de gestão para os dirigentes esportivos e seminários do Kukkiwon no Brasil, entre muitos outros. “Há um monte de outras coisas nas quais a modalidade precisa avançar, mas para isso é preciso tempo”, acrescenta Araújo, “pois não é possível recuperar 40 anos de taekwondo mal administrado em apenas um mandato de quatro anos. Por este motivo, espero que esta gestão permaneça por pelo menos dez anos.”

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SÃO PAULO MANTÉM HEGEMONIA As seleções paulistas das classes sub 18 e sub 21 iniciaram a temporada 2013 de forma surpreendente e superaram as conquistas de 2012. Agora São Paulo se concentra na reestruturação administrativa e volta-se essencialmente para o aprimoramento técnico de suas equipes. Nos primeiros seis meses do ano os paulistas ampliaram a base de treinamento e hoje mantêm sete centros de excelência, e não mais os três que existiam até o fim de 2012. No segundo semestre teremos campeonatos brasileiros em quatro classes, e no fim da temporada poderemos avaliar os resultados das mudanças promovidas pela nova equipe técnica paulista. POR PAULO

O judô paulista iniciou a temporada 2013 muito bem e manteve a escrita, faturando 25 medalhas em apenas duas competições nacionais. No Campeonato Brasileiro Sub 18 realizado nos dias 18 e 19 de maio, no ginásio do SESI em Simões Filho (BA), os paulistas conquistaram 11 medalhas: sete de ouro, duas de prata e duas de bronze. Com dois ouros, duas pratas e três bronzes, Mato Grosso do Sul ficou em segundo lugar, enquanto o Estado do Rio de Janeiro ficou na terceira colocação, com dois ouros e dois bronzes, fechando assim o pódio desta competição.

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PINTO |

FOTOS BOLETIM

OSOTOGARI

Mas no Campeonato Brasileiro Sub 21, realizado nos dias 25 e 26 de maio, no ginásio da Unifor em Fortaleza (CE), a equipe de São Paulo foi além e fechou a competição com 14 medalhas, sendo sete de ouro, quatro de prata e três de bronze. Minas Gerais, surpreendentemente, superou seus adversários diretos na vice-liderança do judô nacional e firmou-se na segunda colocação geral com cinco medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze. O Rio de janeiro fechou o pódio do sub 21 na terceira colocação geral, somando três ouros, duas pratas e quatro bronzes. Fazendo uma comparação com o de-

sempenho paulista na temporada passada, nestas mesmas competições, o time bandeirante apresentou sensível melhora qualitativa e um decréscimo quantitativo no sub 18. Mas no sub 21 a equipe deste ano superou todas as marcas conquistadas em 2012. No ano passado os paulistas conquistaram 13 medalhas no sub 18, sendo cinco de ouro e oito de bronze. Já no sub 21 foram 12 medalhas, sendo seis de ouro, três de prata e três de bronze. Mesmo figurando quase sempre em primeiro lugar nas competições nacionais, o judô paulista tem apresentado uma evolução técnica significativa nas últimas temporadas. Nossa análise é que esta evolução se deve à mudança de foco que a diretoria técnica da entidade vem promovendo, e o ponto alto desta mudança foi o preparo realizado na equipe que disputou o brasileiro sênior, realizado em setembro de 2012, em Natal (RN). Este ano os paulistas expandiram expressivamente a base de seu desenvolvimento técnico mediante aumento do número de sedes de centros de excelência, que em 2012 eram três e agora são sete. Muito ainda precisa ser feito no judô paulista, porém, cada vez mais São Paulo foca o trabalho efetivo na base, fornecendo atletas para sua seleção e para os Estados que possuem equipes verdadeiramente competitivas, como é o caso de Minas Ge-


rais e Rio Grande do Sul, dando exemplo de que esporte não se faz apenas com dinheiro, e sim com dinamismo, planejamento e boa administração.

Segundo semestre caro e absurdo A Confederação Brasileira de Judô empurrou para o segundo semestre a realização de quatro dos seis campeonatos brasileiros que promove anualmente. Nos dias 3 e 4 de agosto haverá o Campeonato Brasileiro Sub 13, em João Pessoa (PB). Nossa avaliação é que se trata de uma data péssima, já que todos terão de comprar passagens ainda em plena alta temporada, o que certamente poderá comprometer a participação de muitos atletas. Nos dias 23 e 24 de agosto teremos o brasileiro sub 23, no Rio de Janeiro, que será também um evento teste para o Campeonato Mundial Sênior, que começará uma semana após a realização da competição nacional. Já o Campeonato Brasileiro Sub 15 será realizado entre os dias 21 e 23 de setembro, em Porto Velho, capital de Rondônia, Região Norte do Brasil. A última competição da temporada será o Campeonato Brasileiro Sênior, nos dias 5 e 6 de outubro em Manaus, capital do Amazonas. Mais uma vez faltou bom senso e coerência por parte da equipe técnica da CBJ, já que, dos seis campeonatos brasileiros que compõem a grade de eventos da entidade, três serão realizados na Região Nordeste, dois na Região Norte e um na Região Sudeste. Nenhum evento sequer foi programado para o Sul e o Centro-Oeste, e o custo para os atletas dessas regiões ficará muito mais elevado, em favor dos judocas do Norte e do Nordeste, que disputarão 80% das competições nacionais com custo infinitamente menor e sofrendo muito menos tempo em voos e conexões aéreas. Faltou bom senso e coerência, e quem pagará a conta serão as federações que custeiam as despesas de suas equipes, principalmente os atletas da região sul, que serão obrigados e cruzar o País, para suprir interesses políticos e comerciais da CBJ. Entendemos que deve existir uma política que favoreça e estimule o crescimento do judô daquelas regiões e dos Estados que as compõem, mas isso não pode ser feito de forma abrupta e ferindo os direitos de todos os filiados de participarem de forma igual dos certames nacionais. No fim da temporada faremos uma análise quantitativa da distribuição geográfica das medalhas e avaliaremos os efeitos

desta falta de critério no preparo do calendário nacional, no qual os Estados que mais investem e produzem resultados para a CBJ são obrigados a fazer o fomento que a mesma CBJ não promove. Vemos modalidades como o futsal, em que todos os atletas e comissões técnicas que participam dos campeonatos brasileiros têm suas passagens aéreas e demais despesas terrestres pagas pela Confederação Brasileira de Futsal. Mesmo porque, estes eventos são da CBFS, da mesma forma que os eventos da CBJ pertencem e dão

lucro à Confederação Brasileira de Judô. No entanto, são os atletas e Estados que suportam os custos dos eventos do judô nacional. A cada ano a Confederação Brasileira de Judô conquista mais apoio financeiro, seja da iniciativa privada ou do governo, acumulando maior lucro no fim de cada exercício. Até quando dirigentes estaduais ficarão calados e sacrificarão seus atletas, que têm de arcar com as despesas, para manter o circo da CBJ na estrada?

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Paulista Grand Masters e de Kata

BATE RECORDE DE INSCRITOS POR PAULO

PINTO |

FOTOS REVISTABUDÔ

Mais uma vez o judô paulista promoveu uma grande festa para o judô grand master, e para os amantes do kata. Graça à parceria entre a FPJ e a cidade de Amparo, os judocas veteranos confirmaram a evolução que a categoria está obtendo rapidamente. No kata, quase cem duplas mostraram o conhecimento que possuem sobre os fundamentos do judô.

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Ronaldo Melo, Luiz Boscariol, Valdir Melero, Francisco de Carvalho e Adeilde Alves

Luiz Boscariol e Valdir Melero

Alexandre Janotta Drigo e Anderson Dias de Lima

José Jantália

Ademir Nora

Milton Trajano, Odair Borges e Mercival Daminelli

Hélio Favoritto

Francisco de Carvalho

Alessandro Puglia

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A Federação Paulista de Judô realizou em 15 de junho os campeonatos paulistas Grand Masters e de Kata, tradicionais competições do calendário de eventos da entidade. Para a realização dos certames, a FPJ contou com o apoio da Prefeitura de Amparo. As disputas realizaram-se no ginásio de esportes do Floresta Atlético Clube e o grande destaque desta edição foi a presença recorde de atletas. Ao todo 571 judocas competiram nas modalidades shiai e kata, sendo 379 no shiai e 96 duplas no kata. A cerimônia de abertura contou com a presença de autoridades esportivas e políticas, entre as quais Hélio Favoritto, secretário de Esportes, Lazer e Cultura de Amparo; Ademir Nora, presidente do conselho deliberativo do Floresta A. C.; Alessandro Panitz Puglia, presidente da Federação Paulista de Judô; Odair Borges, membro da comissão de graduação da CBJ; Francisco de Carvalho Filho, vice-presidente da Confederação Brasileira de Judô; Mateus Sugizaki, coordenador da comissão de ética da FPJ; Joji Kimura, diretor técnico da FPJ; Valdir Melero, tesoureiro da FPJ; Argeu Maurício, delegado da 3ª Delegacia Regional; Dante Kanayama, diretor de arbitragem da FPJ; Antônio Carlos Mesquita, presidente da comissão disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva da FPJ; Dr. Rodrigo Achilles, médico responsável da FPJ, Adib Bittar Júnior, coordenador financeiro da FPJ; Anderson Dias de Lima, delegado da 8ª Delegacia Regional; Celso de Almeida Leite, delegado da 15ª Delegacia Regional; Nelson Shigueki Koh, delegado da 7ª Delegacia Regional; e os kodanshas José Gomes de Medeiros, Michiharu Sogabe, Percival Daminelli, Zenia Morimasa, Sumio Tsujimoto, Milton Trajano, Paulo Kohara, Milton Correa e Yoshio Kishimoto, além dos convidados Alexandre Janotta Drigo, doutor em ciências do esporte, Vera Sugai, Luiz Bocariol, Ronaldo Melo e Adeilde Alves. Após dar boas-vindas a todos em nome de Luiz Oscar Vitale Jacob, prefeito de Amparo, Hélio Favoritto, secretário de Esportes, reiterou o prazer que Amparo tem em sediar os eventos másteres do judô paulista, e finalizou desejando boa sorte a todos os atletas. O discurso seguinte foi do anfitrião Ademir Nora, que enfatizou a satisfação em receber os amigos do judô paulista. “Este é o quarto ano consecutivo em que temos o prazer de sediar este evento, e reafirmo nossa enorme satisfação em receber uma competição diferenciada como esta e todos vocês, atletas, professores, árbitros e demais membros da FPJ. Desejo que tudo corra bem e todos deem seu melhor.” Alessandro Puglia agradeceu a colaboração do governo de Amparo, que mais uma vez apoiou a realização desta competição. “Em nome de toda a diretoria da FPJ, agradeço ao governo municipal e ao Floresta Atlético Clube por mais uma vez terem desenvolvido esforços para trazer este importante evento para Amparo. Estamos mantendo a escrita, e o nome deste município já faz parte do universo máster paulista. E reitero que este apoio tem sido de fundamental importância para o desenvolvimento desta categoria.” O dirigente bandeirante ainda apontou o crescimento da categoria de veteranos. “Os campeonatos paulistas Grand Masters e de Kata vêm crescendo de forma espetacular, e com enorme satisfação anuncio que ambos os eventos bateram recorde de inscrição. Para nossa diretoria isso significa que cada vez mais os atletas veteranos estão voltando para a ativa, participando e apoiando esta competição. Particularmente, entendendo que isso é fazer, viver e respirar judô de verdade. Vemos aqui professores com 80 anos competindo com muita humildade, dando exemplo de como fazer judô, e isso é motivo de orgulho para

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todos nós. É aqui no máster que vemos o verdadeiro espírito do judô, por meio do companheirismo, do coleguismo, da solidariedade e da reciprocidade existentes. Meus parabéns a todos vocês por manterem acesa a verdadeira chama do budô.” O último a falar foi Francisco de Carvalho, que mais uma vez nesta temporada pediu a todos que se unam em torno da administração do novo dirigente da FPJ. “Peço a todos vocês – professores, atletas e kodanshas – que apoiem a gestão de Alessandro Puglia, o novo presidente da federação paulista, pois tudo que acontece no judô estadual se reflete diretamente no judô do País. Independentemente de quem estiver na presidência de nossa entidade, quero lembrar que a responsabilidade de tocar a modalidade é de todos nós, pois tudo que é feito aqui é copiado pelos demais Estados brasileiros. Vocês têm uma responsabilidade que não cabe aos professores de Estados como o Amapá ou Tocantins, pois eles não foram privilegiados, como nós, em aprender judô com professores do quilate de Shuhei Okano, Ryuzo Ogawa, Ikuo Onodera, Tokuzo Terazaki, Massaru Yanaguimori, Uichiro Umakakeba, Hikari Kurachi, Fuyuo Oide, Sobei Tani, Massao Shinohara, Yasuichi Ono, Yoshio Kihara, Nobuo Suga, Yokichi Kimura, Miguel Suganuma, Mário Matsuda e tantos outros, que não nos ensinaram apenas a ser campeões. Deixaram exemplos éticos, de moral, disciplina, conduta e retidão, fundamentos que ao longo dos anos edificaram a base e o alicerce do judô de paulista. Peço que não percam a referência deixada por todos os professores que antes de nós trilharam a estrada e construíram a história do judô de São Paulo e, consequentemente, do nosso País.” No enceramento da solenidade de abertura, José Jantália, mestre de cerimônias e vice-presidente da FPJ, conclamou todos os judocas a proferirem o compromisso do atleta e, após os árbitros estarem perfilados, Marilene Ferrante fez o ritsu-rei. Na sequência foi realizado o mokusô, e a competição começou oficialmente.

Inscrições superam expectativas O número de atletas inscritos desta edição aumentou em 30%, e para Joji Kimura, diretor técnico da FPJ, a razão disso é a maior conscientização dos judocas veteranos. “Percebemos que muitos atletas têm voltado a praticar atividade física, e quem ganha com isso é o judô do nosso Estado. Tenho visto muitos amigos retornando aos tatamis em busca de qualidade de vida e este fator tem sido relevante. Mas existe também o trabalho que o pessoal máster está fazendo na divulgação desta classe e no resgate dos antigos praticantes que deixaram de competir e acabaram afastando-se.” Para o dirigente, a classe máster possui um diferencial que propicia maior integração aos praticantes. “A categoria é formada por atletas e praticantes que já obtiveram ascensão profissional e voltam aos tatamis em busca de metas que ficaram no passado ou de alguma realização futura. Desde o ano passado a classe foi incluída na Copa São Paulo, e a cada ano cresce mais. Os atletas também estão evoluindo e se

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Árbitros das bancas examinadoras de kata Alcides Camargo Antônio Coimbra Belmiro Boaventura Celestino Seiti Shira Dante Kanayama Eduardo Kitadai Eduardo Melato Neto Everson F. Campante Fernando da Cruz Jiro Aoyama Kenzo Matsura Leandro Alves Pereira Luís Alberto dos Santos Mário Luiz Miranda Michiharu Sogabe Roberto Tokozima Takeshi Nitsuma Vinicius R. Jershow apresentam cada vez mais bem preparados tecnicamente e fisicamente. Todas estas ações fizeram o número de atletas federados aumentar substancialmente, e o resultado é um evento dessas proporções.” À frente da arbitragem estava Dante Kanayama, que comandou os 39 árbitros que atuaram no shiai e os 18 que trabalharam nas bancas examinadoras do kata.

Inscrições superam expectativas O número de atletas inscritos desta edição aumentou em 30%, e para Joji Kimura, diretor técnico da FPJ, a razão disso é a maior conscientização dos judocas veteranos. “Percebemos que muitos atletas têm voltado a praticar atividade física, e quem ganha com isso é o judô do nosso Estado. Tenho visto muitos amigos retornando aos tatamis em busca de qualidade de vida e este fator tem sido relevante. Mas existe também o trabalho que o pessoal máster está fazendo na divulgação desta classe e no resgate dos antigos praticantes que deixaram de competir e acabaram afastando-se.”

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Para o dirigente, a classe máster possui um diferencial que propicia maior integração aos praticantes. “A categoria é formada por atletas e praticantes que já obtiveram ascensão profissional e voltam aos tatamis em busca de metas que ficaram no passado ou de alguma realização futura. Desde o ano passado a classe foi incluída na Copa São Paulo, e a cada ano cresce mais. Os atletas também estão evoluindo e se apresentam cada vez mais bem preparados tecnicamente e fisicamente. Todas estas ações fizeram o número de atletas federados aumentar substancialmente, e o resultado é um evento dessas proporções.” À frente da arbitragem estava Dante Kanayama, que comandou os 39 árbitros que atuaram no shiai e os 18 que trabalharam nas bancas examinadoras do kata.

Depoimentos de medalhistas e destaques Everton Ambrósio, do Pirituba Futebol Clube, foi o campeão meio-médio do M1, e vibrou muito após a conquista do primeiro ouro do

A dupla formada pelo kodansha José Gomes de Medeiros e Rodrigo Achilles Bredariol, executou o kata kodokan goshin jutsu


máster. “Fiz quatro lutas e venci a primeira e a terceira por ippon; a segunda, por yuko e a última, de wazari. A final foi duríssima, mas valeu a pena. Este foi meu segundo paulista máster, mas é a primeira vez que sou campeão. Agradeço a Deus e ao professor Gilson, que me ajuda no meu preparo.” Júlio Jacopi Filho, atleta do Mesc São Bernardo, vice-campeão meio-médio do M1, não comemorou a medalha inédita. “Passei a competir oficialmente no máster nesta temporada, e hoje fiz minha estreia no campeonato paulista. Tenho um ouro e um bronze conquistados na Copa São Paulo do ano passado e deste ano, e estou feliz por manter a média de uma medalha por competição. Muita gente acha que o máster é moleza, e mesmo treinando regularmente posso afirmar que a competição é muito forte e tem muita gente boa lutando por medalhas.” O atleta do ABC paulista finalizou avaliando sua final. “É muito difícil falar porque é duro assumir quando perdemos para nós mesmos. Cometi um erro que não deveria ter cometido, e isso me custou a medalha de ouro. Esta é uma medalha de prata com gosto amargo. O Ambrósio lutou muito bem e soube aproveitar-se do meu erro.” Um dos grandes destaques do grand master brasileiro, hoje, é Ahjet Rached K. Said El Hayek, mais conhecido por Bagé. Versátil e extremamente técnico, persegue a vitória implacavelmente e quase sempre vence por ippon. Bagé foi campeão do leve M2 e garantiu mais um ouro para a Associação Moacyr de Judô, vencendo quatro lutas, sendo três delas por ippon. Bastante cansado, o faixa preta 4º dan contou a Budô como venceu a final. “Fiz a final com o Rafael Gonçalves, da Associação Fossati, e foi pedreira. Após muito estudo e várias tentativas, consegui aplicar um ashi-barai e o imobilizei com um estrangulamento. Acho que este é meu terceiro ouro do paulista máster, e agora é focar as competições do segundo semestre.” Outra fera desta classe é Wilson Caldeira, da Associação Araçatuba, o campeão meio-pesado do M2. Wilson fez a sua quarta participação no paulista máster, no qual conquistou seu quarto ouro consecutivo, vencendo quatro lutas, sendo três delas por ippon. Fátima Delboni, a campeã do médio M3, da Associação Messias de Judô, fez duas lutas e venceu ambas por ippon. A vitória na final veio com um ashi-waza que lhe garantiu mais um ouro em sua longa trajetória no máster. Agora são seis edições da competição e seis ouros conquistados. A hexacampeã paulista agora foca a Olimpíada Máster. “Meu principal objetivo desta temporada é a Olimpíada Máster, que acontecerá no segundo semestre na Itália. Estou treinando duro com este objetivo”, disse Fátima. Destemido, Marco Pereira foi o grande campeão meio-pesado do M4. Federado pelo Judô Clube Mogi, Marco Pereira não deu bola para a torcida e partiu para cima dos adversários, levando para casa o ouro numa das categorias mais difíceis do judô grand master. “Fiz três lutas e ganhei todas por ippon.” E o campeão de Mogi das Cruzes não exagerou, já que ao seu lado no pódio só tinha pedreira, entre os quais José Iasbech, do Palmeiras/ Mogi, e Acácio Lorenção, do Grêmio Recreativo Barueri. Marco agora pensa no mundial de Abu Dhabi. “Este é meu sétimo campeonato paulista na categoria máster, mas o foco agora é Abu Dhabi. Estamos treinando forte para o Mundial Máster que acontecerá em novembro e meu objetivo é conquistar uma medalha para o Brasil.” Outra lenda dos veteranos que marcou presença em Amparo foi Nelson Onmura, o campeão meio-médio do M6. Prestes a completar 55 anos, o judoca do Clube Atlético Taboão da Serra agora é undecacampeão paulista máster, já que este foi seu 11º título consecutivo na categoria. Para chegar ao ouro, Nelson fez três lutas, vencendo duas por ippon e, segundo o supercampeão do meio-médio M6, o paulista está cada dia mais forte. “O nível técnico este ano estava fortíssimo e o

Joji Kimura

De judogi azul, José Iasbech cumprimenta Marco Pereira, o campeão meio-pesado do M4

número de atletas aumentou bastante, mas o caminho é este mesmo. O alto índice de inscrições prova que o pessoal mais antigo está voltando para a competição e a coisa virou pedreira. O paulista está com um nível técnico mais alto que o do brasileiro, e a meu ver isso é muito bom. O negócio agora é levar o treino a sério e focar as medalhas que virão no segundo semestre.” Falando em pedreira, outro gigante do shiai máster em Amparo foi o kodansha Sumio Tsujimoto, do Esporte Clube Pinheiros, que se sagrou campeão ligeiro do M6. Aos 55 anos, Sumio mostra excelente preparo e grande performance. Sobre o número de títulos conquistados no

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Bagé teve mis uma participação vitoriosa no paulista grand máster e levou mais um ouro para a Associação de judô Moacyr

paulista, Tsujimoto afirmou não lembrar quantos foram. “Sinceramente, já perdi a conta de quantos títulos levantei no paulista, acho que desde garoto são mais de 25. Aliás, venci tudo que disputei no paulista na categoria máster, até hoje.” Sobre estar mais um ano no topo de sua categoria, o judoca veterano foi enfático. “Para mim é sempre um enorme prazer estar aqui com meus amigos. Só o fato de encontrar e conversar com os amigos justifica todo o esforço. Amo estar no shiai competindo e superando meus limites.” Além da conquista de mais um importante título, Sumio Tsujimoto vive um momento muito especial devido à inauguração de seu novo dojô, considerado um dos mais bonitos e modernos do País. “Nosso novo dojô ficou muito bonito e estamos crescendo muito em número de alunos. Mas isso não se deve apenas à estrutura física, mas à pedagogia e à didática de trabalho que estamos desenvolvendo. Oferecemos aquilo que população está precisando hoje. Infelizmente as escolas não fazem aquilo que precisa ser feito, e os pais também não. Não ensinamos apenas um esporte, e sim um estilo de viver e ver a vida. As pessoas hoje buscam alternativa para tudo que vemos de errado em nosso cotidiano, e nós trabalhamos focados nisso.” O atual campeão mundial grand máster, Marco Aurélio Trinca, do Palmeiras/Mogi, foi o campeão do meio-médio do M4, e o paulista máster foi a primeira competição de grande porte que disputou desde que faturou o ouro no mundial, no fim do ano passado. Após os combates, Trinca falou como foi voltar ao shiai-jo. “É sempre bom competir no paulista, já que é como se fosse uma pré-temporada das competições que se realizarão no segundo semestre. É o início de meu preparo e de todo um ciclo de treinamento visando às Olimpíadas Másters e ao mundial que haverá em Abu Dhabi. Ainda estou fazendo poucas competições e começo a entrar no ritmo agora.” Trinca avaliou seu desempenho em Amparo. “Hoje fiz quatro lutas, e venci três delas por ippon. Coincidentemente, ganhei as três jogando de osoto-gari. O campeonato paulista máster tem melhorado a cada ano, e nesta edição peguei muita pedreira pelo caminho.” Ryuichi Watanabe, campeão meio-pesado do M9 aos 73 anos e 5º dan, lamentou não ter feito uma luta sequer. “Ganhei o ouro sem segurar no judogi de ninguém, e não vim aqui com este propósito. É claro que eu queria uma medalha, mas queria conquistá-la lutando, quem sabe no ano que vem aparece alguém.” O atleta, que há mais de 60 anos está nos tatamis, explicou como começou no judô. “Nasci no Japão e meu sensei era o Tadao Otaki. Comecei a praticar lá quando ainda era criança. Mais tarde vim para o Brasil e depois de alguns anos retomei meu caminho no dojô.” Outro gigante do máster em Amparo foi Cristian Cesário, campeão do ligeiro M1, que fez a final com Sidney Lima, da Associação Alfredo Contatto, e venceu por ippon. Cristian foi mais um representante da Associação Moacyr de Judô, tradicional dojô da Zona Leste da capital paulista.

Um pedaço de história no shia-jo José Gomes de Medeiros foi outro grande destaque da competição. Nascido em 11 de maio 1934, hoje com 79 anos, sensei Gomes vestiu sua armadura e fez o kata kodokan goshin jutsu. E o kodansha 7º dan fez excelente apresentação. Antes de falar sobre sua origem nos tatamis, sensei Medeiros explicou seu regresso às competições. “O judô possui muitas faces, e todas são muito boas. Quando não conseguimos participar e colaborar de uma determinada forma, sempre podemos colaborar em outros setores. Sinto que ainda posso participar do kata, e junto com o Achilles, que é meu amigo e parceiro, achamos que deveríamos participar desta competição. Por circunstâncias da vida fiquei parado um tempo, mas de uma hora

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Fátima Delboni faturou mais um ouro no médio do F3


para outra passei a reativar e reviver meu judô. Sempre aparecem amigos que dão uma força e estou por aqui de novo curtindo esse judô gostoso que é o kata. Tive meu tempo na competição, quando atuei como técnico, depois estive na arbitragem e foi um período muito bom. No momento estou vivendo um trabalho mais voltado para os fundamentos técnicos do kata.” E já que o assunto era fundamento, sensei Medeiros falou sobre sua origem nos tatamis. “Comecei com o grande Hikari Kurachi, fundador do judô na Baixada Santista, e pertenci ao grupo de atletas pioneiros da região. Posteriormente aprendi kata com o sensei Yoshio Kihara, em 1971, quando houve o primeiro curso de nage no kata em São Paulo. Na época ele era 8º dan, e criou o sistema de fundamentos técnicos dentro do kata para os exames de graduação. Desde aquela época até hoje treino kata, apesar de nunca ter abandonado o shiai. O kodokan goshin jutsu foi o que aprendi por último, há 12 anos aproximadamente, num curso com outro gigante dos tatamis, o sensei Nobuo Suga. Ele era diretor técnico do curso, enquanto o executor foi Mário Matsuda, sem dúvida o maior professor de kata da nova geração. Aliás, tenho muita saudade dele. O Mário sempre me incentivou muito, e foi por meio dele que desenvolvi meu kata. Fui nomeado por ele palestrante de fundamentos técnicos de kata da Baixada Santista, mas tudo muda e a vida é feita de ciclos. Agora estou praticando e vim para este desafio em Amparo.” Rodrigo Achilles Bredariol, 1º dan, é hoje o responsável pelo departamento médico da FPJ, e foi o uke do sensei Medeiros na apresentação do kata kodokan goshin jutsu. Após a execução do kata, o jovem cirurgião plástico santista explicou como está sendo sua convivência com um parceiro com tanta vivência. “Está sendo uma experiência ótima, e consegui aprender a fazer corretamente o goshin jutsu. Sensei Medeiros ensinou-me tudo que eu sei, e acho que agora estou obtendo o conhecimento que faltava para aprender judô de verdade. Resolvemos formar esta dupla e estamos tentando melhorar a cada competição. A convivência com o sensei Medeiros é uma experiência fantástica e de grande aprendizado.”

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CLASSIFICAÇÃO FINAL Feminino

Meio-pesado

3º Carlos Fernandes - Palmeiras/Mogi

2º Marcelo Shimada - Judô Clube Mogi

Máster 1

1º Maura P. Moreira - Judô Pissarra

3º Éderson Ramos – Seduc P. Grande

3º Renato Castellanos - Assoc. Hinode

Meio-leve

Pesado

Meio-leve

3º Alessandro Oliveira - Palmeiras/Mogi

1º Laryssa T. Silva - Judô Kimura

1º Rogéria Conzendey - Sind. São Sebastião

1º Leandro Salomão - Assoc. Hinode

Médio

Leve

2º Vera L. Gonçalves - Assoc. Nintai

2º Luciano Alves - S. E. Sanjoanense

1º Wadson Dantas - Butantã Budokan

1º Vanessa Billard - Associação Kyoei

Masculino

3º Alberto H. Assano - Assoc. Mirai

2º Paulo Afonso - Assoc. Amaro

2º Angelika Marques - S. E. Sanjoanense

Máster 1

Leve

3º Rogério Shinobe - Ass. Vila Sônia

3º Michelle Cipollini - Assoc. Borges

Ligeiro

1º Bahjet R. Said - Assoc. Moacyr

3º Andre Marin - Acre Clube

Meio-médio

1º Cristian Cesário - Associação Moacyr

2º Rafael Gonçalves - Assoc. Fossati

Meio-pesado

1º Patrícia Baumgartner - Assoc. Rio Claro

2º Sidney de Lima – A. Alfredo Contatto

3º Alessandro Santiago - G. R. Barueri

1º Edgard Campion - Ass. Vila Sônia

Médio

3º Rodrigo Gonçalves - Rio Preto A. C.

3º Vlamir Ferreira - Assoc. na Faixa

2º Marcio H. Falchi - A. D. Sorocaba

1º Claudia Sclaffani - Assoc. Ichikawa

3º Fernando Fernandes - Ribeirão Pires

Meio-médio

3º Mario R. de Marchi - Assoc. Mito

2º Tabata A. Bonfante - Assoc. Aleixo

Meio-leve

1º Alex Sandro Russo - Soc. Harmonia

3º Mauricio Cataneo - Clube Paineiras

3º Daniele Ribeiro - Assoc. Shiroma

1º Filipe Y. Terada - Assoc. Vila Sônia

2º Acácio Silva - ADC Santana Pedreira

Pesado

Meio-pesado

2º Marcos Cunha - SEMEL Ribeirão Preto

3º Jairo Rodrigues - Nitsuma & Andrade

1º Elton Fiebig - Rio Preto A. C.

1º Angélica Maria Da Silva - São João T. C.

3º Alexandre Ichihara - Judô Kimura

3º Rodrigo Santana - Assoc. Mauá

2º Ricardo Simões - Palmeiras/Mogi

2º Ana Carolina Pereira Da Silva - Itupeva

3º Marcus H. Bastazini - Sayão F. C.

Médio

3º Aníbal. Mejia - Assoc. Limeirense

Pesado

Leve

1º Peterson Mello - Judô Americana

3º Claudio Rodrigues – A. Equilíbrio

1º Silvana dos Santos - Assoc. Goya

1º Rodrigo Braiani - Assoc. Kenshin

2º Fabio Spinoza - Primeiro de Maio

Máster 4

Máster 2

2º Tiago Watanabe - Assoc. Vila Sônia

3º Marciel Martins - As. Vila Sônia

Ligeiro

Leve

3º Danilo Pietrucci - Assoc. Divinolândia

3º Frederico Kemmerich - As. Amaro

1º Rodolfo Yamayose - Yanaguimori

1º Naiara Oliveira - Assoc. Yama Arashi

3º Claudio Tateama - Clube Concórdia

Meio-pesado

2º Sidnei Peres - Judô Terazaki

Meio-médio

Meio-médio

1º Wilson Caldeira - Assoc. Araçatuba

3º Joao Oliveira - S. E. Sanjoanense

1º Beatriz Watanabe - As. Vila Sônia

1º Everton Ambrosio - Pirituba F. C.

2º Valmir Gomes - Assoc. Kyoei

3º Délcio Candido - Bosch Brasil

2º Andrea Moraes - Itapira A. C.

2º Julio Jacopi - Mesc. Sao Bernardo

3º Francisco Tiba - Acre Clube

Meio-leve

Médio

3º Pedro Moraes - Yanaguimori

3º Marcos Rodrigues - SESI Votorantim

1º Paulo Castelanos - Ass. Hinode

1º Maria Alves - S. E. Sanjoanense

3º Danilo Sanjiorato - Assoc. Mauá

Pesado

2º Sergio Noda - Judô Clube Mogi

Meio-pesado

Médio

1º Cristiano Lopes - Clube Concordia

Leve

1º Romina Noma - C. A. Juventus

1º Daniel Lopes - Clube Concórdia

2º Gustavo Marini - SEMEL Rib. Preto

1º Carlos Salto - SEMEL Birigui

2º Caroline Bicudo - Assoc. na Faixa

2º Rinaldo Cardoso – S. São Sebastião

3º Fernando Martins - Judô Nado Livre

2º Osmar Alves - AD Santo Andre

Pesado

3º Eduardo Fortaleza - Ribeirão Preto

3º Rodrigo Cunha - Morada do Sol

3º Vagner Sandes - Assoc. Hinode

1º Raquel de Oliveira - Yanaguimori

3º Robson Jota - SEMEL Francisco

Máster 3

3º Edgar Yoshioka - Assoc. Hinode

Máster 3

Meio-pesado

Ligeiro

Meio-médio

Ligeiro

1º Rogério dos Santos - Assoc. Mauá

1º Alexandre Nogueira - Assoc. Kenshin

1º Marco Trinca - Palmeiras/Mogi

1º Lucineia Fernandes – Assoc. Calasans

2º Romiro S. Ribeiro - São Paulo F. C.

Meio-leve

2º Hercílio Benedicto - Ass. Aleixo

Meio-leve

3º Rafael A. Moura - Assoc. Vila Sônia

1º Leandro Borges - Calasans Camargo

3º Franco Gatto - Assoc. Messias

1º Nadia H. Hori - Assoc. Vila Sônia

3º Manoel Hermógenes - Assoc. Shiroma

2º Roberto Teixeira - A. Judô na Faixa

3º Roberto Bicudo - A. Botucatuense

2º Sandra B. da Silva - SEMEL Pe

Pesado

3º Newton Modesto - AABB

Médio

Leve

1º Willian Akutagawa - São João T. C.

3º Ricardo Inoue - Assoc. Fernandes

1º Jefferson Delgado - Yanaguimori

1º Edneia Carvalho - Judô Taboão

2º Carlos E. Modesto - Itupeva

Leve

2º Sergio Coltre - SEMEL Amparo

Meio-médio

3º Vinicius Fernandes - Yanaguimori

1º Cesar Rocha - Ass. Yamazaki SJ

3º Ediwaldo Fazzolari - Assoc. Mito

1º Rosangela de Oliveira - Jean Piaget

3º Fabio Nora - Floresta A. C.

2º Marcos Morita - Ass. Yama Arashi

3º Jurandir Matos - Assoc. Mauá

2º Claudinea Teixeira- Assoc. Vila Sônia

Máster 2

3º Igor Pezzoli - Assoc. Budokan

Meio-pesado

Médio

Ligeiro

3º Rodrigo Motta - Assoc. Alto da Lapa

1º Marco Pereira - Judô Clube Mogi

1º Fatima Delboni - Assoc. Messias

1º Ronaldo Ribeiro - Assoc. Mauá

Meio-médio

2º Jose Iasbech - Palmeiras/Mogi

2º Ednaura Prates Luz - SEMEL Francisco

2º Rubens da Costa - SEMEL Amparo

1º Marcelo Soga - E. C. Sírio

3º Acácio Lorenção – GR Barueri

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3º Marcelo Moya - Assoc. Hinode

3º Carlos H. Gaitan - Assoc. Messias

Pesado

3º Kiichi Watanabe - A. Indaiatubana

1º Marcelo Denardi – Acad. Heise

Médio

2º Arnaldo Burian - Palmeiras/Mogi

1º Jairo Baptista - Ass. Indaiatubana

3º Pedro Vieira - Assoc. Rio Claro

2º Manoel Soares - Judô Terazaki

3º Edson Sakai - Judô Clube Mogi

3º Giorgio E. Buoro - Assoc. Moacyr

Máster 5

3º Carlos Ardito - Calasans Camargo

Ligeiro

Meio-pesado

1º Marcos Yuji Abe - Assoc. Morimasa

1º Pedro Ribeiro – Assoc. Servidores

2º Magdiel Granado – Acad. Personal

2º Luis Pereira - Assoc. Messias

3º Oscalino Faria – A. General Motors

3º Teófilo Rojas - Assoc. Trajano

Meio-leve

Pesado

1º Vicente da Cunha - Pirituba F. C.

1º Jose Mendes - Assoc. C. Fossati

2º Renato Lima - Assoc. Fagundes

2º Jorge Ribas - Assoc. Irmãos Ribas

Leve

3º Niverci Ferreira - Palmeiras/Mogi

1º Carlos R. Peres - Judô Terazaki 2º Vicente Ferreira - Academia Ippon Meio-médio 1º Wagner Vettorazi - General Motors 2º Marcos Rodrigues - Yamazaki SJ

Aos 55 anos o kodansha Sumio Tsujimoto mostrou excelente preparo e faturou o ouro do ligeiro no M6

3º Celso Kimura - Colégio Cermac 3º Lucimar Rocha - Palmeiras/Mogi Médio 1º Reinaldo Tuha - Assoc. Mauá 2º Geraldo Cunha - Assoc. Fossati Meio-pesado 1º Benedito Oliveira - SEMEL R. Preto 2º Francisco Andrade - Osvaldo Cruz 3º Joao de Souza - Assoc. Moacyr 3º Giovanni Ianovale - São Paulo F. C. Pesado 1º Edson Santanna – S. Sertãozinho 2º Celso Guimarães - Assoc. Fênix Máster 6 Ligeiro 1º Sumio Tsujimoto - E. C. Pinheiros 2º Clarindo Novais - Assoc. Dib Meio-leve 1º Edson Bertolli - Assoc. Moacyr 2º Sergio Honda - As. Indaiatubana 3º Marco Moraes - São Paulo F. C. Leve 1º Reginaldo Melo - Seduc P. Grande Meio-médio 1º Nelson Onmura – Taboão da Serra 2º Irahy Tedesco - Assoc. Borges

O campeão mundial Marco Aurélio Trinca suou seu judogi para conquistar o ouro do meio-médio no M4

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CLASSIFICAÇÃO CAMPEONATO PAULISTA DE JU NO KATA CAMPEONATO PAULISTA DE KIME NO KATA 2013 CLASSE: YUDAN MASCULINO CLAS

DUPLA

ASSOC.

ASSOC

PONTOS

1

TORI

MARCUS MICHELINI

CÍRCULO MILITAR

UKE

DIOGO ROCHA COLELA

E.C.SIRIO

555

2

TORI

WAGNER TADASHI UCHIDA

PALMEIRAS/Mogi

uke

PAULO ROBERTO ALVES FERREIRA

PALMEIRAS/Mogi

530

3

TORI

ELVIS NOBUYOSHI TASHIRO

SEJEL COTIA

UKE

GABRIEL PINTO NUNES

SEJEL COTIA

503

4

TORI

MARCUS VINICIUS S.FLORA

PROJETO BUDO

UKE

GEORGE ERWIN T . A. OLIVEIRA

PROJETO BUDO

372

CAMPEONATO PAULISTA DE NAGUE NO KATA 2013 CLASSE: YUDAN MASCULINO CLAS

DUPLA

ASSOC.

ASSOC

PONTOS

1

TORI

ROGER TSUYOSHI UCHIDA

A.E.PIRACICABA

UKE

EDUARDO MAESTA

A.E.PIRACICABA

953

2

TORI

VAGNER TADASHI UCHIDA

PALMEIRAS/MOGI

UKE

PAULO ROBERTO A FERREIRA

PALMEIRAS/MOGI

948 942

3

TORI

ELVIS TASHIRO

SEJEL COTIA

UKE

GABRIEL PINTO NUNES

SEJEL COTIA

4

TORI

FABIANO R. DE BARROS

T.C.SAO JOSE CAMPOS

UKE

ANDERSON LUIZ NEVES SILVA

S J. CAMPOS

853

5

TORI

GEORGE ERWIN T A. OLIVEIRA

PROJETO BUDO

UKE

MARCUS VINICIUS S. FLORA

PROJETO BUDO

808

6

TORI

MATHEUS DE CILLO ARANTES

PROJETO BUDO

UKE

GUILHERME IZQUIERDO

PROJETO BUDO

750

7

TORI

CARLOS ALBERTO PEREIRA

A D SÃO CAETANO

UKE

TALUAN NOGUEIRA

OKINAWA IPIRANGA

737

8

TORI

ANDRE KEITI ASSANO

ASOC. MIRAI

UKE

ALBERTO HIDEO ASSANO

ASSOC. MIRAI

705

9

TORI

RODOLFO MATHIAS

CULT.BEN RIO CLARO

UKE

DIEGO ORDIOLI DA SILVA

CULT.BEN RIO CLARO

681

10

TORI

AGENOR GARCIA JUNIOR

ALTO DA LAPA

UKE

EMERSON DA SILVA LIMA

ALTO DA LAOA

667

1

TORI

FABIANO R. DE BARROS

T.C.S.JOSE CAMPOS

UKE

ANA CAROLINE V. SILVA BRAZ

T.C.S.JOSE CAMPOS

804

2

TORI

GRACE DA SILVA

T.C. S.J.CAMPOS

UKE

ANDERSON LUIZ NEVES SILVA

T.C.S.JOSE CAMPOS

775

3

TORI

GEORGE ERWIN T A. OLIVEIRA

PROJETO BUDO

UKE

ALINE TREVISAN PEREIRA

PROJETO BUDO

611

CLASSE: YUDAN MISTO

4

TORI

CELSO TOCHIAKI KANO

SUZANO JUDO TERAZAKI

UKE

PRISCILA KAZUE ASANO

SUZANO JUDO TERAZAKI

583

5

TORI

MARIA CRISTINA A.ANTUNES

KENSHIN

UKE

RICARDO EIJI OZAKI

KENSHIN

582

T.C.S.JOSE CAMPOS

819 816

CLASSE: YUDAN FEMININO 1

TORI

GRACE DA SILVA

T.C.S.JOSE CAMPOS

UKE

ANA CAROLINE V. SILVA BRAZ

2

TORI

ANNE CAROLINE NOGUEIRA

PALMEIRAS/MOGI

UKE

ELLEN CRISTINA RODRIGUES

PALMEIRAS/MOGI

3

TORI

ANA CAROLINA P. SILVA

DIR.ESP.RECR.ITUPEVA

UKE

RAQUEL GARDINI S.PALASIO

DIR.ESP.RECR.ITUPEVA

684

4

TORI

CAMILA ROBERTA FIORIN

C.CAMPO PIRACICABA

UKE

ALINE HAMMERSCHIMIDT

EDINHO COMPANY

679

658

CLASSE: DANGAI MASCULINO 1

TORI

GUILHERME VIANA

PROJETO BUDO

UKE

GUILHERME GOMES

PROJETO BUDO

2

TORI

DANOVAN DIAS MACHADO

KOBUKAN ESPORTES

UKE

MARCIO S. DOS SANTOS

KOBUKAN ESPORTES

610

3

TORI

VICTOR GABRIEL C. FREITAS

KENSHIN

UKE

DANILO P. M.OLIVEIRA

KENSHIN

599

4

TORI

BRUNO FIORELINI PEREIRA

LEONARDO CASSAB

UKE

CAINÃ MACKEY BARTHMANN

LEONARDO CASSAB

516

5

TORI

BRUNO HENRIQUE D'ALMEIDA

AD GENERAL MOTORS

UKE

PEDRO OTAVIO C.MENDES

A D SÃO CAETANO

471

6

TORI

PAULO EDUARDO NEPONUCENO

SEJEL - VALINHOS

UKE

GABRIEL GALVÃO MONTEIRO

COUNTRY CLUB

464

7

TORI

MURILLO NUNES DE LIMA

PROJETO BUDO

UKE

GABRYEL ZAVATARO

PROJETO BUDO

424

8

TORI

DARLON ASSIS DE LIMA

C.R.BANDEIRANTES

UKE

ALEXANDRE P G. E SOUZA

C.R.BANDEIRANTES

187

1

TORI

IVY MENDES VETTORAZZI

AD GENERAL MOTORS

UKE

ILUANA SIMOES HERETH

A.D.SAO CAETANO

732

CLASSE: DANGAI FEMININO

2

TORI

VALERIA A. ROCHETTI

PROJETO BUDO

UKE

LAIS PAROLO

PROJETO BUDO

508

3

TORI

LETICIA FABRE DE LIMA

PROJETO BUDO

UKE

CAROLINA BRANDAO

PROJETO BUDO

500

CLASSE: DANGAI MISTO 1

TORI

GUILHERME VIANA

PROJETO BUDO

UKE

LAIS PAROLO

PROJETO BUDO

635

2

TORI

LETICIA FABRE DE LIMA

PROJETO BUDO

UKE

GUILHERME B. DIAS GOMES

PROJETO BUDO

592

96


3

TORI

FERNANDA DOS SANTOS

FRANCISCO MORATO

UKE

ROBERTO AUGUSTO

MESSIAS

547

4

TORI

MARIANA DIAS

PROJETO BUDO

UKE

MURILLO NUNES DE LIMA

PROJETO BUDO

520

5

TORI

VALERIA A. ROCHETTI

PROJETO BUDO

UKE

GABRYEL ZAVATARO

PROJETO BUDO

512

6

TORI

WAGNER HILARIO P BORGES

ALTO DA LAPA

UKE

THALITA MARÇAL VIANNA

ALTO DA LAPA

510

7

TORI

ANA CLAUDIA G. DE SOUZA

SPESSOTTO

UKE

LUIS HENRIQUE NASCIMBEM

SPESSOTTO

352

8

TORI

LEONARDO MAZZER TEIXEIRA

SPESSOTTO

UKE

JULIANE BARBOSA CAMARGO

SPESSOTTO

301

CAMPEONATO PAULISTA DE JU NO KATA 2013 CLASSE: YUDAN MASCULINO CLAS

DUPLA

ASSOC.

ASSOC

PONTOS

1

TORI

WAGNER TADASHI UCHIDA

PALMEIRAS/Mogi

uke

PAULO R. ALVES FERREIRA

PALMEIRAS/Mogi

475

2

TORI

ELVIS NOBUYOSHI TASHIRO

SEJEL COTIA

UKE

GABRIEL PINTO NUNES

SEJEL COTIA

467

3

TORI

RAFAEL NUNES DE SOUZA

ALTO DA LAPA

UKE

EDUARDO G. ADRIANO

PROJETO BUDO

404

4

TORI

GEORGE ERWIN T A. OLIVEIRA

PROJETO BUDO

UKE

MARCUS VINICIUS S.FLORA

PROJETO BUDO

368

5

TORI

VINICIUS BUSTAMANTE

PROJETO BUDO

UKE

GUILHERME IZQUIERDO

PROJETO BUDO

361

6

TORI

LEONARDO C. A.OLIVEIRA

LEONARDO CASSAB

UKE

EUDES DO NASCIMENTO

LEONARDO CASSAB

339

7

TORI

AGENOR GARCIA JUNIOR

ALTO DA LAPA

UKE

EMERSON DA SILVA LIMA

ALTO DA LAPA

329

CLASSE: YUDAN MISTO 1

TORI

RAFAEL ROSSI

ASSOC. PESSOA

UKE

LARYSSA THABYDA M.SILVA

JUDO KIMURA

420

2

TORI

MATHEUS DE CILLO ARANTES

PROJETO BUDO

UKE

ALINE TREVISAN PEREIRA

PROJETO BUDO

378

3

TORI

MARIA CRISTINA AMORIM ANTUNES

KENSHIN

UKE

RICARDO EIJI OZAKI

KENSHIN

367

TENIS CLUBE S J CAMPOS

392

CLASSE: YUDAN FEMININO 1

TORI

GRACE DA SILVA

TENIS CLUBE S J CAMPOS

UKE

ANA CAROLINE V. S. BRAZ

CLASSE: DANGAI MASCULINO 1

TORI

GABRYEL C. ZAVATARO

PROJETO BUDO

UKE

GUILHERME VIANA

PROJETO BUDO

312

2

TORI

MURILLO NUNES

PROJETO BUDO

UKE

GUILHERME GOMES

PROJETO BUDO

284

PROJETO BUDO

393 369

CLASSE: DANGAI FEMININO 1

TORI

CAROLINA BRADAO

PROJETO BUDO

UKE

LAIS PAROLO

2

TORI

FERNANDA J.SAWAYA OLIVEIRA

KANAYAMA

UKE

MARIA CRISTINA RAMADAN

KANAYAMA

3

TORI

VIVIANE BEZERRA

PROJETO BUDO

UKE

ANY AMBRIA

PROJETO BUDO

351

4

TORI

LETICIA FABRE DE LIMA

PROJETO BUDO

UKE

MARIANA DIAS

PROJETO BUDO

330

CLASSE: DANGAI MISTO 1

TORI

WAGNER HILARIO P. BORGES

ALTO DA LAPA

UKE

THALITA MARÇAL VIANNA

ALTO DA LAPA

414

2

TORI

GABRYEL CASTILHO ZAVATARO

PROJETO BUDO

UKE

LAIS PAROLO

PROJETO BUDO

385

3

TORI

CAROLINA BRANDAO

PROJETO BUDO

UKE

GUILHERME VIANA

PROJETO BUDO

382

4

TORI

MURILLO NUNES

PROJETO BUDO

UKE

MARIANA DIAS

PROJETO BUDO

364

5

TORI

PEDRO OTAVIO C. MENDES

A.D.SAO CAETANO

UKE

ILUANA SIMOES HERETH

A D SÃO CAETANO

329

6

TORI

LETICIA FABRE DE LIMA

PROJETO BUDO

UKE

GUILHERME B. DIAS GOMES

PROJETO BUDO

324

CAMPEONATO PAULISTA DE KODOKAN GOSHIN JITSU NO KATA 2013 CLASSE: YUDAN MASCULINO CLAS 1

TORI

DUPLA

ASSOC.

MARCUS MICHELINI

CÍRCULO MILITAR

UKE

ASSOC

PONTOS

DIOGO ROCHA COLELA

SÍRIO

554

2

TORI

ELVIS NOBUYOSHI TASHIRO

SEJEL COTIA

UKE

GABRIEL PINTO NUNES

SEJEL COTIA

508

3

TORI

RODRIGO GUIMARÃES MOTTA

ALTO DA LAPA

UKE

WAGNER TADASHI UCHIDA

PALMEIRAS / MOGI

412

4

TORI

JOSÉ GOMES DE MEDEIROS

ROGÉRIO SAMPAIO

UKE

RODRIGO BREDARIOL ACHILLES

JEAN PIAGET

389

5

TORI

GEORGE ERWIN T A. OLIVEIRA

PROJETO BUDO

UKE

MARCUS VINICIUS S.FLORA

PROJETO BUDO

306

6

TORI

GUILHERME IZQUIERDO

PROJETO BUDO

UKE

VINICIUS BUSTAMANTE

PROJETO BUDO

132

97


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FPJ HOMENAGEIA MEMBROS DA COMISSÃO DE ÉTICA

Antes da cerimônia de abertura do Campeonato Paulista Grand Masters, Mateus Sugizaki, coordenador geral da comissão de ética da FPJ, apresentou oficialmente o Código de Ética elaborado após anos de trabalho. Após a leitura total do esperado código de ética do judô paulista, em nome de toda a diretoria da FPJ, Francisco de Carvalho homenageou todos os kodanshas e professores que participaram da produção do conteúdo do referido código de ética e conduta. Entre os homenageados estavam: Mateus Sugizaki, Anderson Dias de Lima, José Gomes de Medeiros, Michiharu Sogabe, Zenia Morimasa, Sumio Tsujimoto, Milton Trajano, Paulo Kohara, Yoshio Kishimoto, Alexandre Janotta Drigo e Vera Sugai.

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Os senseis Nélson Shigueki e Ryuichi Watanabe

máster. “Fiz quatro lutas e venci a primeira e a terceira por ippon; a segunda, por yuko e a última, de wazari. A final foi duríssima, mas valeu a pena. Este foi meu segundo paulista máster, mas é a primeira vez que sou campeão. Agradeço a Deus e ao professor Gilson, que me ajuda no meu preparo.” Júlio Jacopi Filho, atleta do Mesc São Bernardo, vice-campeão meio-médio do M1, não comemorou a medalha inédita. “Passei a competir oficialmente no máster nesta temporada, e hoje fiz minha estreia no campeonato paulista. Tenho um ouro e um bronze conquistados na Copa São Paulo do ano passado e deste ano, e estou feliz por manter a média de uma medalha por competição. Muita gente acha que o máster é moleza, e mesmo treinando regularmente posso afirmar que a competição é muito forte e tem muita gente boa lutando por medalhas.” O atleta do ABC paulista finalizou avaliando sua final. “É muito difícil falar porque é duro assumir quando perdemos para nós mesmos. Cometi um erro que não deveria ter cometido, e isso me custou a medalha de ouro. Esta é uma medalha de prata com gosto amargo. O Ambrósio lutou muito bem e soube aproveitar-se do meu erro.” Um dos grandes destaques do grand master brasileiro, hoje, é Ahjet Rached K. Said El Hayek, mais conhecido por Bagé. Versátil e extremamente técnico, persegue a vitória implacavelmente e quase sempre vence por ippon. Bagé foi campeão do leve M2 e garantiu mais um ouro para a Associação Moacyr de Judô, vencendo quatro lutas, sendo três delas por ippon. Bastante cansado, o faixa preta 4º dan contou a Budô como venceu a final. “Fiz a final com o Rafael Gonçalves, da Associação Fossati, e foi pedreira. Após muito estudo e várias tentativas, consegui aplicar um ashi-barai e o imobilizei com um estrangulamento. Acho que este é meu terceiro ouro do paulista máster, e agora é focar as competições do segundo semestre.” Outra fera desta classe é Wilson Caldeira, da Associação Araçatuba, o campeão meio-pesado do M2. Wilson fez a sua quarta participação no paulista máster, no qual conquistou seu quarto ouro consecutivo, vencendo quatro lutas, sendo três delas por ippon. Fátima Delboni, a campeã do médio M3, da Associação Messias de Judô, fez duas lutas e venceu ambas por ippon. A vitória na final veio com um ashi-waza que lhe garantiu mais um ouro em sua longa trajetória no máster. Agora são seis edições da competição e seis ouros conquistados. A hexacampeã paulista agora foca a Olimpíada Máster. “Meu principal objetivo desta temporada é a Olimpíada Máster, que acontecerá no segundo semestre na Itália. Estou treinando duro com este objetivo”, disse Fátima. Destemido, Marco Pereira foi o grande campeão meio-pesado do M4. Federado pelo Judô Clube Mogi, Marco Pereira não deu bola para a torcida e partiu para cima dos adversários, levando para casa o ouro numa das categorias mais difíceis do judô grand master. “Fiz três lutas e ganhei todas por ippon.” E o campeão de Mogi das Cruzes não exagerou, já que ao seu lado no pódio só tinha pedreira, entre os quais José Iasbech, do Palmeiras/ Mogi, e Acácio Lorenção, do Grêmio Recreativo Barueri. Marco agora pensa no mundial de Abu Dhabi. “Este é meu sétimo campeonato paulista na categoria máster, mas o foco agora é Abu Dhabi. Estamos treinando forte para o Mundial Máster que acontecerá em novembro e meu objetivo é conquistar uma medalha para o Brasil.” Outra lenda dos veteranos que marcou presença em Amparo foi Nelson Onmura, o campeão meio-médio do M6. Prestes a completar 55 anos, o judoca do Clube Atlético Taboão da Serra agora é undecacampeão paulista máster, já que este foi seu 11º título consecutivo na categoria. Para chegar ao ouro, Nelson fez três lutas, vencendo duas por ippon e, segundo o supercampeão do meio-médio M6, o paulista está cada dia mais forte. “O nível técnico este ano estava fortíssimo e o

Joji Kimura

De judogi azul, José Iasbech cumprimenta Marco Pereira, o campeão meio-pesado do M4

número de atletas aumentou bastante, mas o caminho é este mesmo. O alto índice de inscrições prova que o pessoal mais antigo está voltando para a competição e a coisa virou pedreira. O paulista está com um nível técnico mais alto que o do brasileiro, e a meu ver isso é muito bom. O negócio agora é levar o treino a sério e focar as medalhas que virão no segundo semestre.” Falando em pedreira, outro gigante do shiai máster em Amparo foi o kodansha Sumio Tsujimoto, do Esporte Clube Pinheiros, que se sagrou campeão ligeiro do M6. Aos 55 anos, Sumio mostra excelente preparo e grande performance. Sobre o número de títulos conquistados no

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máster. “Fiz quatro lutas e venci a primeira e a terceira por ippon; a segunda, por yuko e a última, de wazari. A final foi duríssima, mas valeu a pena. Este foi meu segundo paulista máster, mas é a primeira vez que sou campeão. Agradeço a Deus e ao professor Gilson, que me ajuda no meu preparo.” Júlio Jacopi Filho, atleta do Mesc São Bernardo, vice-campeão meio-médio do M1, não comemorou a medalha inédita. “Passei a competir oficialmente no máster nesta temporada, e hoje fiz minha estreia no campeonato paulista. Tenho um ouro e um bronze conquistados na Copa São Paulo do ano passado e deste ano, e estou feliz por manter a média de uma medalha por competição. Muita gente acha que o máster é moleza, e mesmo treinando regularmente posso afirmar que a competição é muito forte e tem muita gente boa lutando por medalhas.” O atleta do ABC paulista finalizou avaliando sua final. “É muito difícil falar porque é duro assumir quando perdemos para nós mesmos. Cometi um erro que não deveria ter cometido, e isso me custou a medalha de ouro. Esta é uma medalha de prata com gosto amargo. O Ambrósio lutou muito bem e soube aproveitar-se do meu erro.” Um dos grandes destaques do grand master brasileiro, hoje, é Ahjet Rached K. Said El Hayek, mais conhecido por Bagé. Versátil e extremamente técnico, persegue a vitória implacavelmente e quase sempre vence por ippon. Bagé foi campeão do leve M2 e garantiu mais um ouro para a Associação Moacyr de Judô, vencendo quatro lutas, sendo três delas por ippon. Bastante cansado, o faixa preta 4º dan contou a Budô como venceu a final. “Fiz a final com o Rafael Gonçalves, da Associação Fossati, e foi pedreira. Após muito estudo e várias tentativas, consegui aplicar um ashi-barai e o imobilizei com um estrangulamento. Acho que este é meu terceiro ouro do paulista máster, e agora é focar as competições do segundo semestre.” Outra fera desta classe é Wilson Caldeira, da Associação Araçatuba, o campeão meio-pesado do M2. Wilson fez a sua quarta participação no paulista máster, no qual conquistou seu quarto ouro consecutivo, vencendo quatro lutas, sendo três delas por ippon. Fátima Delboni, a campeã do médio M3, da Associação Messias de Judô, fez duas lutas e venceu ambas por ippon. A vitória na final veio com um ashi-waza que lhe garantiu mais um ouro em sua longa trajetória no máster. Agora são seis edições da competição e seis ouros conquistados. A hexacampeã paulista agora foca a Olimpíada Máster. “Meu principal objetivo desta temporada é a Olimpíada Máster, que acontecerá no segundo semestre na Itália. Estou treinando duro com este objetivo”, disse Fátima. Destemido, Marco Pereira foi o grande campeão meio-pesado do M4. Federado pelo Judô Clube Mogi, Marco Pereira não deu bola para a torcida e partiu para cima dos adversários, levando para casa o ouro numa das categorias mais difíceis do judô grand master. “Fiz três lutas e ganhei todas por ippon.” E o campeão de Mogi das Cruzes não exagerou, já que ao seu lado no pódio só tinha pedreira, entre os quais José Iasbech, do Palmeiras/ Mogi, e Acácio Lorenção, do Grêmio Recreativo Barueri. Marco agora pensa no mundial de Abu Dhabi. “Este é meu sétimo campeonato paulista na categoria máster, mas o foco agora é Abu Dhabi. Estamos treinando forte para o Mundial Máster que acontecerá em novembro e meu objetivo é conquistar uma medalha para o Brasil.” Outra lenda dos veteranos que marcou presença em Amparo foi Nelson Onmura, o campeão meio-médio do M6. Prestes a completar 55 anos, o judoca do Clube Atlético Taboão da Serra agora é undecacampeão paulista máster, já que este foi seu 11º título consecutivo na categoria. Para chegar ao ouro, Nelson fez três lutas, vencendo duas por ippon e, segundo o supercampeão do meio-médio M6, o paulista está cada dia mais forte. “O nível técnico este ano estava fortíssimo e o

Joji Kimura

De judogi azul, José Iasbech cumprimenta Marco Pereira, o campeão meio-pesado do M4

número de atletas aumentou bastante, mas o caminho é este mesmo. O alto índice de inscrições prova que o pessoal mais antigo está voltando para a competição e a coisa virou pedreira. O paulista está com um nível técnico mais alto que o do brasileiro, e a meu ver isso é muito bom. O negócio agora é levar o treino a sério e focar as medalhas que virão no segundo semestre.” Falando em pedreira, outro gigante do shiai máster em Amparo foi o kodansha Sumio Tsujimoto, do Esporte Clube Pinheiros, que se sagrou campeão ligeiro do M6. Aos 55 anos, Sumio mostra excelente preparo e grande performance. Sobre o número de títulos conquistados no

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Bagé teve mis uma participação vitoriosa no paulista grand máster e levou mais um ouro para a Associação de judô Moacyr

paulista, Tsujimoto afirmou não lembrar quantos foram. “Sinceramente, já perdi a conta de quantos títulos levantei no paulista, acho que desde garoto são mais de 25. Aliás, venci tudo que disputei no paulista na categoria máster, até hoje.” Sobre estar mais um ano no topo de sua categoria, o judoca veterano foi enfático. “Para mim é sempre um enorme prazer estar aqui com meus amigos. Só o fato de encontrar e conversar com os amigos justifica todo o esforço. Amo estar no shiai competindo e superando meus limites.” Além da conquista de mais um importante título, Sumio Tsujimoto vive um momento muito especial devido à inauguração de seu novo dojô, considerado um dos mais bonitos e modernos do País. “Nosso novo dojô ficou muito bonito e estamos crescendo muito em número de alunos. Mas isso não se deve apenas à estrutura física, mas à pedagogia e à didática de trabalho que estamos desenvolvendo. Oferecemos aquilo que população está precisando hoje. Infelizmente as escolas não fazem aquilo que precisa ser feito, e os pais também não. Não ensinamos apenas um esporte, e sim um estilo de viver e ver a vida. As pessoas hoje buscam alternativa para tudo que vemos de errado em nosso cotidiano, e nós trabalhamos focados nisso.” O atual campeão mundial grand máster, Marco Aurélio Trinca, do Palmeiras/Mogi, foi o campeão do meio-médio do M4, e o paulista máster foi a primeira competição de grande porte que disputou desde que faturou o ouro no mundial, no fim do ano passado. Após os combates, Trinca falou como foi voltar ao shiai-jo. “É sempre bom competir no paulista, já que é como se fosse uma pré-temporada das competições que se realizarão no segundo semestre. É o início de meu preparo e de todo um ciclo de treinamento visando às Olimpíadas Másters e ao mundial que haverá em Abu Dhabi. Ainda estou fazendo poucas competições e começo a entrar no ritmo agora.” Trinca avaliou seu desempenho em Amparo. “Hoje fiz quatro lutas, e venci três delas por ippon. Coincidentemente, ganhei as três jogando de osoto-gari. O campeonato paulista máster tem melhorado a cada ano, e nesta edição peguei muita pedreira pelo caminho.” Ryuichi Watanabe, campeão meio-pesado do M9 aos 73 anos e 5º dan, lamentou não ter feito uma luta sequer. “Ganhei o ouro sem segurar no judogi de ninguém, e não vim aqui com este propósito. É claro que eu queria uma medalha, mas queria conquistá-la lutando, quem sabe no ano que vem aparece alguém.” O atleta, que há mais de 60 anos está nos tatamis, explicou como começou no judô. “Nasci no Japão e meu sensei era o Tadao Otaki. Comecei a praticar lá quando ainda era criança. Mais tarde vim para o Brasil e depois de alguns anos retomei meu caminho no dojô.” Outro gigante do máster em Amparo foi Cristian Cesário, campeão do ligeiro M1, que fez a final com Sidney Lima, da Associação Alfredo Contatto, e venceu por ippon. Cristian foi mais um representante da Associação Moacyr de Judô, tradicional dojô da Zona Leste da capital paulista.

Um pedaço de história no shia-jo José Gomes de Medeiros foi outro grande destaque da competição. Nascido em 11 de maio 1934, hoje com 79 anos, sensei Gomes vestiu sua armadura e fez o kata kodokan goshin jutsu. E o kodansha 7º dan fez excelente apresentação. Antes de falar sobre sua origem nos tatamis, sensei Medeiros explicou seu regresso às competições. “O judô possui muitas faces, e todas são muito boas. Quando não conseguimos participar e colaborar de uma determinada forma, sempre podemos colaborar em outros setores. Sinto que ainda posso participar do kata, e junto com o Achilles, que é meu amigo e parceiro, achamos que deveríamos participar desta competição. Por circunstâncias da vida fiquei parado um tempo, mas de uma hora

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Fátima Delboni faturou mais um ouro no médio do F3


para outra passei a reativar e reviver meu judô. Sempre aparecem amigos que dão uma força e estou por aqui de novo curtindo esse judô gostoso que é o kata. Tive meu tempo na competição, quando atuei como técnico, depois estive na arbitragem e foi um período muito bom. No momento estou vivendo um trabalho mais voltado para os fundamentos técnicos do kata.” E já que o assunto era fundamento, sensei Medeiros falou sobre sua origem nos tatamis. “Comecei com o grande Hikari Kurachi, fundador do judô na Baixada Santista, e pertenci ao grupo de atletas pioneiros da região. Posteriormente aprendi kata com o sensei Yoshio Kihara, em 1971, quando houve o primeiro curso de nage no kata em São Paulo. Na época ele era 8º dan, e criou o sistema de fundamentos técnicos dentro do kata para os exames de graduação. Desde aquela época até hoje treino kata, apesar de nunca ter abandonado o shiai. O kodokan goshin jutsu foi o que aprendi por último, há 12 anos aproximadamente, num curso com outro gigante dos tatamis, o sensei Nobuo Suga. Ele era diretor técnico do curso, enquanto o executor foi Mário Matsuda, sem dúvida o maior professor de kata da nova geração. Aliás, tenho muita saudade dele. O Mário sempre me incentivou muito, e foi por meio dele que desenvolvi meu kata. Fui nomeado por ele palestrante de fundamentos técnicos de kata da Baixada Santista, mas tudo muda e a vida é feita de ciclos. Agora estou praticando e vim para este desafio em Amparo.” Rodrigo Achilles Bredariol, 1º dan, é hoje o responsável pelo departamento médico da FPJ, e foi o uke do sensei Medeiros na apresentação do kata kodokan goshin jutsu. Após a execução do kata, o jovem cirurgião plástico santista explicou como está sendo sua convivência com um parceiro com tanta vivência. “Está sendo uma experiência ótima, e consegui aprender a fazer corretamente o goshin jutsu. Sensei Medeiros ensinou-me tudo que eu sei, e acho que agora estou obtendo o conhecimento que faltava para aprender judô de verdade. Resolvemos formar esta dupla e estamos tentando melhorar a cada competição. A convivência com o sensei Medeiros é uma experiência fantástica e de grande aprendizado.”

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FPJ HOMENAGEIA MEMBROS DA COMISSÃO DE ÉTICA

Antes da cerimônia de abertura do Campeonato Paulista Grand Masters, Mateus Sugizaki, coordenador geral da comissão de ética da FPJ, apresentou oficialmente o Código de Ética elaborado após anos de trabalho. Após a leitura total do esperado código de ética do judô paulista, em nome de toda a diretoria da FPJ, Francisco de Carvalho homenageou todos os kodanshas e professores que participaram da produção do conteúdo do referido código de ética e conduta. Entre os homenageados estavam: Mateus Sugizaki, Anderson Dias de Lima, José Gomes de Medeiros, Michiharu Sogabe, Zenia Morimasa, Sumio Tsujimoto, Milton Trajano, Paulo Kohara, Yoshio Kishimoto, Alexandre Janotta Drigo e Vera Sugai.

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GMJB PROMOVE PRIMEIRO

KANGUEIKO NACIONAL POR PAULO

PINTO |

FOTOS ARQUIVO

GMJB

Poços de Caldas (MG) - A Associação Grand Masters de Judô do Brasil realizou o 1º Kangueiko Nacional Grand Masters, de 28 a 30 de junho, no ginásio de esportes do SESC Pousada Minas Gerais, em Poços de Caldas. O evento contou com o importante apoio do supercampeão máster Elton Fiebig, de Poços de Caldas, e de Danilo Pietrucci, de Divinolândia. Além de toda a atividade técnica, Elton organizou eventos e entretenimento para os familiares dos atletas inscritos, que puderam conhecer os principais pontos turísticos da cidade. Ao todo 33 atletas grand masters de sete Estados participaram do 1º Kangueiko Nacional, que para Nelson Dell’Aquila, presidente da GMJB, superou todas as expectativas. “Temos certeza de que estamos agregando maior qualidade e oferecendo mais estrutura à categoria grand master. O mais importante foi que Participantes do Kangueiko na Palestra de Abertura o nosso primeiro evento nacional foi um grande sucesso. Acreditamos que este foi o primeiro de muitos kangueikos nacionais da GMJB. Foram três dias de trabalho e muito treinamento. Além de todo o aprendizado e aprimoramento técnico, no fim dos trabalhos os atletas receberam certificado, camiseta e patchs de nossa entidade.” Rodrigo Motta, diretor de marketing da GMJB, destacou que a principal meta do encontro era preparar os atletas da categoria para os eventos que se realizarão no segundo semestre. “O principal objetivo da GMJB é unir cada vez mais os atletas grand masters e contribuir no preparo das equipes que representarão o Brasil. Mas a prioridade deste kangueiko foi preparar os atletas que atuarão nas competições internacionais do segundo semestre, quando haverá im- Representantes da Associação de Judô Alto da Lapa no Kangueiko portantes eventos. O primeiro deles será o World Masters Games, que se realizará na Itália. Depois teremos o sul-americano e o pan-americano, na Argentina. A última competição e a mais importante de todas será o campeonato mundial, que será realizado em Abu Dhabi, em novembro.” O diretor de marketing da entidade lembrou que treinos como este fortalecem o espírito dos judocas másteres. “Os treinos foram ministrados por Luís Alberto dos Santos, kodansha 6º dan, diretor técnico da GMJB, mas no último dia tivemos o treinamento de técnicas de newaza ministrado pelo sensei Edgar Lucke, 3º dan de judô e jiu-jitsu. Treinos como este fortalecem a técnica, o preparo físico e principalmente o espírito dos grand masters. A GMJB caminha firme rumo ao seu objetivo, que é colocar o Brasil no topo da categoria.”

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Foto de encerramento do Kangueiko com todos os participantes

Além do congresso técnico, no segundo semestre a GMJB continuará realizando os treinos mensais no Centro de Aperfeiçoamento Técnico da Federação Paulista de Judô e divulgando os demais treinos que ocorrerão nos Estados do Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. E também continuará a negociação com a FPJ e a CBJ para a realização do brasileiro grand masters e de kata. Em conjunto com o movimento Judô - O esporte faixa preta, a GMJB seguirá divulgando na Revista Budô e nas redes sociais o resumo da historia dos grandes mestres professores kodanshas. Nesta edição, o homenageado é o sensei Chiaki Ishii, primeiro medalhista olímpico do judô brasileiro.

Sumio Tsujimoto, da Budokan

Randori dos participantes

Atletas inscritos no Kangueiko Nacional Romina Tavares Noma Victória Archina de Oliveira Arthur Barbosa Karaguelian Luís Alberto dos Santos Cristian Cezário Bahjet El Hayek Luciano Moura Bezerra Eloy Pereira Costa Paulo de Lacerda Carneiro Marisa Mara dos Santos Maria de Jesus Correa da Gama Rogéria Cozendey Pedro Iemma Meira Edgard Guilherme Arno Lucke Sérgio Barrocas Lex Weverton Claudino Gustavo Fernandes de Farias Sumio Tsujimoto Rodrigo Guimarães Motta Igor Takashi Abe Pezzoli Elton Quadros Fiebig Danilo Pietrucci Sílvio Tardelli Uehara Nelson Fausto Dell’Aquila Júnior Max Welber Gonçalves Felipe Mesquita José Raimundo Júnior Cássio Oxicooper Rafael Nunes de Souza Marcelo Eiji Fugimoto Fernando Chiamenti Leandro B. Vasconcellos Reinaldo Seiko Tuha

Família Motta e Lex confraternizam após o Kangueiko

Sensei Luis Alberto dos Santos, atento ao atletas

Igor Pezzoli e Cristian Cesário, da A. J. Moacyr

Randori dos participantes

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A UNIÃO IMPULSIONA Novo Karatê-dô Tradicional do Ceará POR PAULO

PINTO

| FOTOS ARQUIVO FKTC

Após breve período no ostracismo, um grupo de professores cearenses uniu-se em torno de uma proposta que resgatasse e projetasse a modalidade no Estado. O resultado surpreendente já recolocou o Ceará entre as principais forças do Norte-Nordeste, e o grupo que está à frente da modalidade busca um lugar entre as principais forças do País. A reestruturação do karatê-dô tradicional no Ceará começou em 2004, quando um grupo de professores uniu-se em torno da proposta de fazer o que mais gostava em termos de artes marciais: treinar junto e continuar a rotina de aulas com os alunos que acreditavam em suas propostas de trabalho. Francisco Maciel Lima, presidente da Federação de Karatê-dô Tradicional do Ceará, explicou que, para atingir este objetivo, o grupo recebeu uma importante ajuda. “Nesse processo, o grupo de professores contou com a colaboração de amigos, familiares e pessoas apaixonadas pelo karatê-dô tradicional, que nos ajudaram a chegar onde estamos hoje.” O apoio das famílias foi primordial para o grupo seguir adiante e criar o Instituto de Karatê Tradicional, que acima de tudo visava a respaldar o trabalho dos professores cearenses, e os resultados foram surgindo sucessivamente. “Houve muitas mudanças e a maioria delas

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resultante da realização de eventos e exames de faixa, proporcionando o aprendizado e o amadurecimento necessários a todos”, disse o dirigente. Em meio às políticas persecutórias existentes na época, o grupo de professores foi impedido de competir e representar o próprio Estado em competições nacionais, mas, como diz o ditado, amigo na praça é melhor que dinheiro no bolso. “Tivemos de recorrer ao expediente de competir nacionalmente estando filiados a outro Estado, e nesse sentido contamos com o importante apoio das federações do Piauí, Rio Grande do Norte e Pernambuco. No Piauí fizemos exames de graduação e atualização de dans. Somos eternamente gratos aos nossos vizinhos nordestinos, que viabilizaram a manutenção do sonho de centenas de praticantes.” Enfim, no ano de 2008 foi criada a nova entidade que uniria e dirigiria os destinos de

todos os karatecas do Ceará que seguiam verdadeiramente o caminho e os preceitos criados pelo sensei Nishiyama: a Federação de Karatê-dô Tradicional do Ceará. Foi graças ao empenho do advogado Expedito Afonso, que por meio de um estatuto moderno criou um organismo legítimo que daria liberdade ao Estado. A partir daquele momento foi possível realizar campeonatos e festivais para todos os praticantes. Assim, assumiram a primeira diretoria os senpais Aquino Carvalho, José Wellington, Patrício Serra e Jorge Etelmo. Comissões e grupos de voluntários foram formados para auxiliar nas inúmeras tarefas que o momento exigia. A equipe capitaneada pelo sensei Antônio Aquino de Carvalho, faixa preta 4º dan, obteve expressivo êxito na consolidação do sonho que centenas de karatecas acalentavam há muito anos. Maciel explicou que a filiação à Confedera-


Curso de arbitragem da FKTC

ção Brasileira de Karatê-dô Tradicional imprimiu nova dinâmica à modalidade em todo o Estado. “Ao sermos aceitos como membros da CBKT, em 2010 participamos do campeonato brasileiro, em Goiânia, e no campeonato mundial realizado em Curitiba (PR). No ano seguinte nos foi dada a missão de realizar no Ceará o campeonato Norte-Nordeste, e como forma de reconhecimento pelo nosso esmero a diretoria executiva da CBKT lançou o desafiou de realizarmos o brasileirão de 2012, evento que foi coroado pelo sucesso.” A partir daí o karatê-dô cearense passou a colher frutos e resultados cada vez mais expressivos. “Ficamos em segundo lugar geral no Norte-Nordeste de 2011, e só não fomos os primeiros colocados por cinco décimos. No mesmo ano, tivemos uma delegação composta pelos árbitros Patrício Serra, Aquino de Carvalho e Cristina Andrade, acompanhados de alguns atletas que obtiveram excelente classificação no campeonato pan-americano, realizado no Chile. Foi a primeira vez do Ceará nas competições internacionais”, lembrou o dirigente. No ano seguinte o Ceará obteve resultados ainda mais expressivos. “No brasileiro de 2012 ficamos em quarto lugar no infanto-juvenil. Para quem estava no ostracismo desde 2004 esses resultados trouxeram outro ânimo para todos os karatecas. A ponto de, quase uma década depois, termos um atleta fazendo parte da seleção brasileira. No ano passado Vandegleson Silva foi convocado para integrar a seleção brasileira sub 20 de kata, que foi à Polônia, e trouxe uma medalha de bronze para o Brasil. Este bronze foi muito comemorado por toda a comunidade karateca do Ceará.” Gashuku 2013

Gashuku 2013

O ano de 2012 foi um divisor de águas para o karatê-dô cearense, pois a ida de um grupo ao goshin-dô realizado anualmente em Setiba (ES) proporcionou espírito renovado a todos que lá estiveram, e fez com que o Ceará nesse ano comparecesse ao evento com a maior delegação. Na opinião de todos que lá estiveram, aquela foi uma experiência fantástica e muito importante para todos os professores que durante o ano todo transmitem ensinamentos dos senseis Funakoshi e Nishiyama a crianças e praticantes dessa arte marcial milenar. O dirigente cearense enfatizou que a união do grupo é fator preponderante na retomada do espaço que o Ceará ocupou no passado. “A união continua sendo nosso principal objetivo no Estado. Esta postura nos proporcionou a conquista do terceiro lugar geral no Norte-Nordeste desse ano, realizado em Natal (RN). De quebra tivemos a pré-convocação da atleta Jéssica Sthefanie, que comporá a seleção brasileira no campeonato pan-americano que se realizará na Argentina. Nosso grupo esteve unido e focado nas normas da competição. Esta foi a maior delegação cearense num evento oficial da CBKT. Três ônibus levaram a Natal quase 80 atletas, e muitos foram acompanhados de seus familiares. A FKTRN promoveu um grande evento e nós, do Ceará, fizemos uma verdadeira festa.” Francisco Maciel finalizou enfatizando a excelente gestão da confederação brasileira. “Todo o Ceará está comprometido a levar a proposta do sensei Nishiyama adiante, e o fazemos focados na excelente administração desenvolvida pela diretoria da CBKT. Estamos trabalhando para levar um grande grupo

ao Rio Grande do Sul, em busca de conquistas esportivas e de intercâmbio técnico para os nossos atletas, técnicos e senseis, além de uma rica troca de experiência com os dirigentes da CBKT e de outros Estados. Nossa proposta é estar entre as principais forças da modalidade no País, e com a ajuda de Deus chegaremos lá.”

Senpai kay O significado do termo senpai kay é “grupo de pessoas mais antigas” que se aconselham entre si, sem nenhum vínculo com qualquer organismo de pessoa jurídica. No caso cearense este grupo tem o propósito de treinar junto e compartilhar reminiscências. Também pode ser chamado de grupo de amigos que passaram as mesmas lutas e sofreram as mesmas dores na caminhada e na prática do karatê-dô tradicional. O grupo cearense é composto pelos senseis Patrício, Aquino, Maciel, Wellington, Etelmo, Erivan, Enderson e Iko.

Gashuku 2013 Gashuku significa “encontro de pessoas com determinado propósito”. O propósito aqui é o alinhamento técnico, a socialização e a união dos associados, que ocorre em todo início do ano letivo como o primeiro evento do calendário da FKTC. Conta pontuação no ranking e confere ao atleta o direito de participar da seletiva das seleções que representam o Estado do Ceará nos campeonatos oficiais da CBKT, com parte das despesas custeada pela FKTC.

Professores cearenses com sensei Watanabe em Setiba - ES

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PROFESSORES QUE FAZEM O KARATÊ-DÔ Associação de Karatê Ivonildo Soares O professor Ivonildo Soares, faixa preta 2º dan, é presidente da Associação de Karatê Ivonildo Soares e o criador do projeto AKIS Saber Viver de Pacajus (CE), que promove a inserção de atletas com deficiência no desporto. Ivonildo Soares sempre quis trabalhar com portadores de necessidade especiais e agora se sente realizado com a concretização deste sonho antigo. Formado em educação física, sensei Ivonildo parabenizou todos os atletas que participaram do 23º Campeonato Brasileiro Norte-Nordeste e em especial os atletas da associação AKIS. “Nossos atletas fizeram história em Natal, e dedicamos a terceira colocação interclubes à Prefeitura Municipal de Pacajus (CE) e ao prefeito Marcos Paixão pelo apoio prestado ao desporto de nosso município, bem como ao vereador Rogério Matias.”

Associação de Karatê Iracema – ASKAI Dirigida pelo sensei Jorge Etelmo, 4º dan, a Associação de Karatê Iracema possui professores qualificados que ensinam karatê a alunos de todas as faixas etárias. Entre eles destacam-se os senseis Francisco Enderson, 3º Dan; Edinei, 1º Dan; Neto, 1º Dan; Francisco Roberto, 1º Dan; Sérgio, 1º Dan; Cristina Cláudia, 1º kyu; Mário, 1º kyu; e Milena, 1º kyu, que ministram aulas em várias escolas e clubes da capital cearense: BNB Clube de Fortaleza, Colégio Pequeno Príncipe, Colégio Raio de Luz, Creche Meu Cantinho e Colégio Arte Moderna. Para o professor Etelmo, a prática do karatê proporciona mais qualidade de vida. “A prática do karatê está crescendo muito nos últimos anos e nossos professores sempre se atualizam tecnicamente e pedagogicamente, para melhor atender aos atletas e praticantes. Além de todo o conhecimento em defesa pessoal, no karatê o praticante desenvolve os aspectos físico, fisiológico e cognitivo. Faça uma aula experimental e venha praticar conosco.”

Associação de Karatê-dô Maracanaú – AKM A AKM tem como proposta a popularização do karatê-dô como arte marcial em Maracanaú, região metropolitana de Fortaleza. Federada na FKTC desde a sua fundação, a Associação de Karatê Maracanaú participa de todos os eventos da entidade, mas tem como foco central o ensino da arte das mãos vazias aos praticantes de todas as faixas etárias. Crianças, jovens e idosos compõem o quadro de alunos da associação. O presidente da AKM é o professor Francisco Erivan Maciel Lima, 3º dan, formado em Educação Física pela Universidade Federal do Ceará (UFC), auxiliado pelo vice-presidente José Nacélio Maciel Lima, Cristiane Mota e Tatiana da Costa Barbosa Maciel.

Associação de Karatê Arte Marcial – ASKAM Fundada em 1983 e fundamentada no ensino do karatê-dô, a Associação de Karatê Arte Marcial – ASKAM é uma das mais tradicionais escolas da arte das mãos vazias no Ceará. Seu presidente é o sensei Antônio Aquino de Carvalho, faixa preta 4º dan, e seu diretor técnico é o professor Wellington Martins, faixa preta 2º dan. Há 38 anos nos tatamis, sensei Aquino entende que a principal missão dos professores e praticantes é a manutenção da essência filosófica e técnica do karatê-dô tradicional, para a posterior transmissão destes ensinamentos aos futuros praticantes. Filiada à Federação de Karatê-dô Tradicional do Ceará e à Confederação Brasileira de Karatê-dô Tradicional, a ASKAM está localizada no bairro José Walter, na capital cearense.

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TRADICIONAL CEARENSE ACONTECER Associação de Karatê-dô Kerigma – ASKAKE A Associação de Karatê-dô Kerigma – ASKAKE tem a missão de preparar o aluno para a vida por meio de uma proposta sócio-lúdica-pedagógica, disciplina no dojô, tornando-o encorajado e motivado para superar as dificuldades do cotidiano por meio da prática do karatê-dô tradicional no Colégio Kerigma, em Fortaleza, desde 1994. O sensei Francisco Maciel Lima, 4º dan, formado em pedagogia e especialista em administração escolar, é o responsável pelo ensino do karatê-dô na Associação de Karatê-dô Kerigma.

Escola de Karatê-dô Shotokan - ASKACE Fundada pelo capitão Maia Martins em 1967, a Associação de Karatê do Ceará iniciou suas atividades num antigo estábulo do Círculo Militar de Fortaleza, adaptado para ser o primeiro dojô especializado em karatê do Estado. Com a transferência militar do professor Maia Martins, em 1972, assumiram a presidência e vice-presidência, respectivamente, Heraldo Lobo e Iko Trindade, e o tradicional dojô passou a chamar-se Academia ASKACE. Em 1994, o professor Iko Trindade assumiu a direção geral. Com graduação em educação física, sensei Iko, 4º dan, fez pós-graduação em ciência do treinamento desportivo na Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro, e mestrado em saúde pública na Universidade Estadual do Ceará (UECE). Hoje está em fase final de doutoramento em medicina do esporte pela Rede Euroamericana de Motricidade Humana. A atual equipe de senseis tem realizado excelente trabalho, compreendendo o karatê-dô como ferramenta a favor dos valores éticos e de cidadania. Entre os muitos mestres que trouxeram profundas ensinamentos à academia destacam-se mestre Sadamu Uriu, Denílson Caribé, Yoshizo Machida, Tasuke Watanabe, Yasutaka Tanaka e Hiroyasu Inoki.

Associação Itosu Karatê-dô

Responsável pela Associação Itosu Karatê-dô, sensei Patrício Serra, faixa preta 5° dan, iniciou sua caminhada nos tatamis em 10 de novembro de 1976, em Fortaleza, dentro do estilo Shito Ryu. Em 1979, após três anos de treino, seu professor decidiu mudar de estilo para o Shotokan, por ser o mais difundido do mundo. Já em 1983, após anos de treinamento, chegou a faixa preta, e dois anos depois decidiu dedicar-se integralmente ao treinamento e ao ensino do karatê-dô tradicional em diversas escolas de Fortaleza, formando vários adeptos, futuros faixas preta e principalmente grandes cidadãos. Atualmente atua como árbitro nos níveis estadual, nacional e internacional, prestando exames em seminários com vários mestres de renome. Passados mais de 35 nos tatamis, sensei Patrício sintetiza sua trajetória em poucas palavras. “Foram anos dedicados não somente ao karatê, mas acima de tudo à formação de pessoas. Hoje vejo que o karatê me ensinou a honra, não o orgulho, e a consciência real do que se possui.”

Ceará deverá sediar subsede da CBKT Durante o treinamento promovido na aula experimental ministrada pelos senseis Tasuke Watanabe e Gilberto Gaertner, nos dias 10 e 11 de agosto na sede da ASKACE – Associação de Karatê-dô Shotokan, de Fortaleza (CE), foi proposta a criação de uma subsede da Confederação Brasileira de Karatê-dô Tradicional, naquele Estado. Além dos shihans acima citados participaram do encontro alguns dos senseis mais graduados do Ceará e do Piauí, entre estes: Antônio Aquino de Carvalho, Francisco Erivan Maciel, Jorge Etelmo, Iko Andrade, Patrício Serra, José Wellington de Oliveira, José Cirone dos Santos, presidente da Federação de Karatê-dô Tradicional do Piauí e Francisco Maciel Lima, presidente da Federação de Karatê-dô Tradicional do Ceará. Os dirigentes nordestinos saíram do encontro bastante motivados e otimistas com a proposta Gilberto Gaertner, líder máximo da modalidade no Brasil.

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Colégio Kerigma Kerigma é uma palavra grega, usada na Bíblia com o significado de “proclamar a verdade” Foi antevendo o preocupante cenário descrito no tópico Cenário educacional brasileiro que, em 1987 e 1988, um grupo de membros da Igreja Batista Central de Fortaleza manifestou-se especialmente sensível a essa conjuntura educacional e social que o Brasil vinha e vem sofrendo há décadas. E, sentindo o desejo de influir positivamente nessa área, lançou a ideia de criar uma escola. Mas era preciso ser uma escola diferente, uma alternativa para a formação do ser humano em meio a todo esse cenário caótico. O colégio Kerigma é parceiro do karatê-dô tradicional desde 1994, e desde 2008 tem disponibilizado seus espaços a serviço da federação. Há quase duas décadas caminham juntos na formação de jovens pautada nos princípios cristãos.

Projeto Saber Viver O Idealizador desse projeto, Adolfo Aguiar, fala sobre esta iniciativa pioneira. “Eu tenho dois filhos, Adolfo Aguiar Filho e Beatriz Darley Aguiar, que são praticantes de karatê-dô, e sempre os acompanhei na atividade esportiva. Mas sempre tive vontade de ver pessoas com dificuldade de se integrar à sociedade, como deficientes visuais, intelectuais, físicos e com síndrome de down, praticando o karatê também.” E para plantar a semente do projeto Saber Viver, iniciado em 2010 em Pacajus, com o apoio do professor Ivonildo Soares, Adolfo vem expandindo suas atividades por meio de inúmeras parcerias. Hoje este projeto atende a dezenas de crianças, jovens e até deficientes na terceira idade e é exemplo de que o esporte promove a inserção social em todos os níveis.

Associação de Karatê de Pacajus – ASKAP José Wellington de Oliveira, faixa preta 4º dan, é o presidente da Associação de Karatê de Pacajus – ASKAP. Nascido em 2 de janeiro de 1966, o professor Wellington considera-se um vitorioso. “Pratico karatê-dô desde os 12 anos, e hoje com 35 anos de prática desta nobre arte posso considerar-me recompensado por minha determinação e perseverança.” Focado na preparação de atletas e cidadãos, o sensei pacajuense já formou vários faixas pretas. “Em minha trajetória nos tatamis fui sete vezes campeão estadual e campeão brasileiro em 2012. Ministro aulas na Associação de Karatê Pacajus, por intermédio da Secretaria de Esporte do município. Hoje a ASKAP conta com sete faixas pretas, e recentemente tivemos uma atleta pré-convocada para integrar a seleção brasileira de karatê-dô tradicional.” Sensei José Wellington finalizou destacando o compromisso social e pedagógico dos professores de karatê-dô. “Hoje damos muita ênfase às competições e medalhas, mas nós, professores, temos de manter o foco na formação de bons cidadãos e numa sociedade mais justa.”

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Curso de arbitragem da FKTC

ção Brasileira de Karatê-dô Tradicional imprimiu nova dinâmica à modalidade em todo o Estado. “Ao sermos aceitos como membros da CBKT, em 2010 participamos do campeonato brasileiro, em Goiânia, e no campeonato mundial realizado em Curitiba (PR). No ano seguinte nos foi dada a missão de realizar no Ceará o campeonato Norte-Nordeste, e como forma de reconhecimento pelo nosso esmero a diretoria executiva da CBKT lançou o desafiou de realizarmos o brasileirão de 2012, evento que foi coroado pelo sucesso.” A partir daí o karatê-dô cearense passou a colher frutos e resultados cada vez mais expressivos. “Ficamos em segundo lugar geral no Norte-Nordeste de 2011, e só não fomos os primeiros colocados por cinco décimos. No mesmo ano, tivemos uma delegação composta pelos árbitros Patrício Serra, Aquino de Carvalho e Cristina Andrade, acompanhados de alguns atletas que obtiveram excelente classificação no campeonato pan-americano, realizado no Chile. Foi a primeira vez do Ceará nas competições internacionais”, lembrou o dirigente. No ano seguinte o Ceará obteve resultados ainda mais expressivos. “No brasileiro de 2012 ficamos em quarto lugar no infanto-juvenil. Para quem estava no ostracismo desde 2004 esses resultados trouxeram outro ânimo para todos os karatecas. A ponto de, quase uma década depois, termos um atleta fazendo parte da seleção brasileira. No ano passado Vandegleson Silva foi convocado para integrar a seleção brasileira sub 20 de kata, que foi à Polônia, e trouxe uma medalha de bronze para o Brasil. Este bronze foi muito comemorado por toda a comunidade karateca do Ceará.” Gashuku 2013

Gashuku 2013

O ano de 2012 foi um divisor de águas para o karatê-dô cearense, pois a ida de um grupo ao goshin-dô realizado anualmente em Setiba (ES) proporcionou espírito renovado a todos que lá estiveram, e fez com que o Ceará nesse ano comparecesse ao evento com a maior delegação. Na opinião de todos que lá estiveram, aquela foi uma experiência fantástica e muito importante para todos os professores que durante o ano todo transmitem ensinamentos dos senseis Funakoshi e Nishiyama a crianças e praticantes dessa arte marcial milenar. O dirigente cearense enfatizou que a união do grupo é fator preponderante na retomada do espaço que o Ceará ocupou no passado. “A união continua sendo nosso principal objetivo no Estado. Esta postura nos proporcionou a conquista do terceiro lugar geral no Norte-Nordeste desse ano, realizado em Natal (RN). De quebra tivemos a pré-convocação da atleta Jéssica Sthefanie, que comporá a seleção brasileira no campeonato pan-americano que se realizará na Argentina. Nosso grupo esteve unido e focado nas normas da competição. Esta foi a maior delegação cearense num evento oficial da CBKT. Três ônibus levaram a Natal quase 80 atletas, e muitos foram acompanhados de seus familiares. A FKTRN promoveu um grande evento e nós, do Ceará, fizemos uma verdadeira festa.” Francisco Maciel finalizou enfatizando a excelente gestão da confederação brasileira. “Todo o Ceará está comprometido a levar a proposta do sensei Nishiyama adiante, e o fazemos focados na excelente administração desenvolvida pela diretoria da CBKT. Estamos trabalhando para levar um grande grupo

ao Rio Grande do Sul, em busca de conquistas esportivas e de intercâmbio técnico para os nossos atletas, técnicos e senseis, além de uma rica troca de experiência com os dirigentes da CBKT e de outros Estados. Nossa proposta é estar entre as principais forças da modalidade no País, e com a ajuda de Deus chegaremos lá.”

Senpai kay O significado do termo senpai kay é “grupo de pessoas mais antigas” que se aconselham entre si, sem nenhum vínculo com qualquer organismo de pessoa jurídica. No caso cearense este grupo tem o propósito de treinar junto e compartilhar reminiscências. Também pode ser chamado de grupo de amigos que passaram as mesmas lutas e sofreram as mesmas dores na caminhada e na prática do karatê-dô tradicional. O grupo cearense é composto pelos senseis Patrício, Aquino, Maciel, Wellington, Etelmo, Erivan, Enderson e Iko.

Gashuku 2013 Gashuku significa “encontro de pessoas com determinado propósito”. O propósito aqui é o alinhamento técnico, a socialização e a união dos associados, que ocorre em todo início do ano letivo como o primeiro evento do calendário da FKTC. Conta pontuação no ranking e confere ao atleta o direito de participar da seletiva das seleções que representam o Estado do Ceará nos campeonatos oficiais da CBKT, com parte das despesas custeada pela FKTC.

Professores cearenses com sensei Watanabe em Setiba - ES

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TOCANTINS PROMOVE Iª ETAPA DO ESTADUAL DE TAEKWONDO POR ASSESSORIA

Palmas (TO) - A Federação de Taekwondo do Estado do Tocantins realizou a primeira etapa do Campeonato Estadual de Taekwondo 2013 nos dias 13 e 14 de abril, no ginásio de esportes do Colégio São Francisco de Assis, em Palmas. Várias autoridades políticas e esportivas participaram da abertura da competição, que inicia oficialmente o calendário de eventos do taekwondo tocantinense e contou com a participação de 120 atletas. Oito municípios e associações participaram do evento: Palmas, Academia Mestre Pedro Araújo; Oliveira de Fátima, Academia Vida Ativa; Miracema do Tocantins, Academia Amilton Taekwondo Clube; Novo Acordo, Academia Amilton Taekwondo Clube; Araguaína, Equipe Rodrigo Reis; Santa Fé do Araguaia, Escolinha de Taekwondo Mestre Wendell; Tocantinópolis, Carlos Adriano Taekwondo Clube; Wanderlândia, Equipe Rodrigo Reis. O evento transcorreu dentro daquilo que foi programado e com total segurança, utilizando a melhor estrutura montada até hoje na realização de um campeonato de taekwondo no Estado do Tocantins. Mesmo com a ausência de algumas associações e equipes que não comparece-

FETAETO |

FOTOS ARQUIVO

ram devido a dificuldades de transporte em seus municípios, esta foi uma das melhores competições promovidas pelo taekwondo tocantinense. O evento distribuiu mais de 120 medalhas, em mais de 12 categorias de peso entre masculino e feminino, para kiorugui (lutas) e poomse (formas). A equipe de Palmas sagrou-se campeã geral, a de Miracema foi a vice-campeã e a de Oliveira de Fátima ficou em terceiro lugar. No encerramento do evento Pedro da Silva Araújo, presidente da Federação de Taekwondo do Estado do Tocantins (FETAETO) avaliou a competição. “Apesar das equipes que não puderam comparecer devido à falta de apoio das prefeituras, que não viabilizaram transporte para os atletas, o primeiro evento do nosso calendário apresentou excelente nível técnico e organizacional. Algumas categorias revelaram talentos e em outras vimos enorme competitividade.” Otimista, o dirigente tocantinense finalizou falando sobre as próximas etapas da competição estadual e da melhora de qualidade nos eventos em seu Estado. “A FETAETO e a Tae esportes, promotora de eventos, preparam-se para realizar

a segunda etapa do campeonato estadual de taekwondo, marcada para Tocantinópolis nos dias 28 e 29 de setembro. A última etapa está prevista para novembro, na capital do Estado. Para ambas as etapas esperamos já contar com o kit olímpico que está sendo distribuído pelo Ministério dos Esportes, por intermédio da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD)”, disse Pedro Araújo.

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REALIZAÇÃO

CHANCELA

BAHIA

VENCE CAMPEONATO NORTE-NORDESTE DE KARATÊ-DÔ POR PAULO

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PINTO |

FOTOS REVISTA

BUDÔ


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Natal (RN) - A Confederação Brasileira de Karatê-dô Tradicional (CBKT) realizou em parceria com a Federação de Karatê-dô Tradicional do Rio Grande do Norte (FKTRN) o 22º Campeonato Norte-Nordeste de Karatê-dô Tradicional. O certame preparatório para o campeonato brasileiro realizou-se de 11 a 13 de julho, no ginásio de esportes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal (RN). A competição recebeu aproximadamente 300 atletas vindos do Pará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará, Piauí, Alagoas e Pernambuco. A abertura do evento contou com a presença de autoridades esportivas, entre as quais Alexsandro Jobson, presidente da FKTRN; vereador Sandro Pimentel; Newton Aurimar, diretor técnico da FKTRN; Gilberto Gaertner, presidente da CBKT; Sérgio Bastos, vice-presidente e diretor técnico da CBKT; João Cruz, diretor secretário da CBKT; Tasuke Watanabe, consultor técnico da CBKT; Marcos Patriota, presidente da Federação de Karatê Interestilos do Rio Grande do Norte; Júlio Patriota, diretor de arbitragem da FKIRN; Zulmira Spencer, diretora da FPKT; Karina Magalhães, diretora da Fest Track Kids; Anniara Márjore de Souza, diretora do projeto Mais Educação; Geana Magalhães, diretora da escola municipal Juvenal Lamartine; e Iara Soares de Souza, secretária da FKTRN. Além da escolha de uma arena moderna e da realização de uma competição muito bem estruturada, mais uma vez os dirigentes potiguares sobraram na recepção e na logística do evento. A Revista Budô esteve em Natal e parabeniza a diretoria e toda a equipe técnica potiguar pela realização deste excelente evento para a comunidade do karatê tra-

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dicional das regiões Norte e Nordeste. Nas seis áreas montadas no ginásio da UFRN aconteceram disputas de alto nível no kata, kumitê, fuku-gô e en-bu. Como sempre, as competições de kata e o kumitê roubaram a cena e mostraram o excelente nível técnico dos atletas das várias faixas etárias. Na contagem geral de pontos o Estado da Bahia foi campeão geral, o Rio Grande do Norte ficou em segundo lugar, o Ceará ocupou a terceira colocação e o Pará ficou em quarto lugar. Além da presença de numerosos atletas com maior experiência e de outros que já fazem parte da seleção brasileira, vimos vários novos talentos em Natal. Muitos escreveram seus nomes na nova geração de karatecas brasileiros. Alguns deles já foram pré-convocados para a seleção brasileira que disputará o Campeonato Pan-Americano, em novembro na Argentina, mas segundo a comissão técnica da CBKT a equipe só será completamente definida após a realização do Campeonato Brasileiro, em setembro, em Porto Alegre (RS).

Destaques nos tatamis Durante a competição nossa equipe pôde entrevistar alguns atletas que se destacaram na competição, e um deles foi o jovem paraense Diogo Albuquerque, de 10 anos, da categoria 10/11 anos. Campeão do kata individual, prata no kata equipe e bronze no kihon ippon, Diogo comemorou a conquista inédita de três medalhas numa


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mesma competição. “Primeiro agradeço a Deus que me deu forças para chegar onde cheguei. Meus adversários lutaram muito bem, mas tive muita determinação e pude conquistar três medalhas importantíssimas.” Aluno do sensei Adalberto Sanches, da academia Machida de Belém, Diogo enumerou seus principais títulos. “Sou campeão sul-americano, tetracampeão brasileiro, pentacampeão paraense e bicampeão do Norte-Nordeste.” Para o jovem, porém experiente, atleta do Pará o certame foi bastante organizado. “Gostei bastante da competição. Não vi nenhum problema no decorrer da disputa, ela foi bem dividida e bastante organizada.” Outro grande destaque da competição foi a experiente Martinna Pires Gonçalves Rey, atleta baiana faixa preta, 3º dan, que aos 27 anos coleciona uma infinidade de títulos. “Sou a primeira colocada no ranking atual da federação baiana, e hoje medalhei em várias modalidades. Fui campeã no en-bu misto e individual;

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no kumitê individual e equipe; e no kata individual e equipe. Só não fui campeã no fuku-gô, em que fui vice.” Martinna enfatizou que a competição regional soma no preparo para o brasileirão e para o pan-americano. “O Norte-Nordeste ajuda muito em nosso preparo para as competições do segundo semestre. Costumo treinar e competir com as karatecas da Bahia, e aqui sempre enfrentamos outras atletas e há sim um grande intercâmbio técnico. Este campeonato é um treinamento intensivo para chegarmos ao brasileiro preparadas e, consequentemente, mais bem treinadas para as competições internacionais que se realizam todo ano.” Somando seis ouros e uma prata, Martinna avaliou positivamente o desempenho da equipe baiana. “Passamos dois dias inteiros brigando por medalhas, e pelo que pude notar até aqui o time baiano está apresentando um desempenho excelente. Creio que mais uma vez seremos campeões no infantil e no adulto.”

Aluna do sensei Sérgio Bastos, da Drakon Associação Desportiva de Salvador, a multicampeã sênior fez sua avaliação sobre o momento do karatê-dô tradicional no Brasil. “Em nível técnico atravessamos um momento de renovação, pelo menos na categoria adulto. Estão chegando muitos atletas novos e isso deixa o time brasileiro muito mais forte. Em termos de CBKT houve uma melhora significativa tanto na organização quanto na relação com os atletas. Estamos tendo maior apoio e sentimos mais segurança em todos os aspectos. Melhoramos muito na organização dos eventos, e podemos melhorar ainda mais, porém sabemos que nossos dirigentes estão no caminho certo.” Outro gigante na competição foi Mateus da Silva Bezerra, atleta da Academia Budokan, de Natal, que conquistou várias medalhas. Representante da nova geração do karatê tradicional brasileiro, Mateus avaliou seu desempenho na competição. “Hoje foi um dia bastante especial, pois somei três ouros, duas pratas e um bron-


José Carlos Ribeiro de Andrade

Diogo Albuquerque

Mateus da Silva Bezerra

Martinna Pires Gonçalves Rey

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ze. Para fechar o dia recebi a pré-convocação para a seleção brasileira.” Aluno do sensei Davi Bezerra, Mateus contou como começou na seleção brasileira. “Fiz minha estreia no ano passado, e fui o capitão do sub 21. Conquistei o bronze no kata equipe, junto com Dalisson Conceição e Wandegleson Silva. Este ano terei mais tempo para meu preparo e espero trazer mais medalhas na mala.” Mateus finalizou falando sobre sua expectativa para os dois principais campeonatos desta temporada: o brasileirão e o pan-americano. “Minha expectativa para as duas próximas competições é enorme. Na verdade, acho que o nível técnico e de dificuldade do brasileirão será bem maior que o do pan-americano. Mas vamos a Porto Alegre em busca de muitas medalhas, e na Argentina não vai ser diferente. Minha meta é subir na classificação do brasileirão e firmar-me na seleção brasileira.”

Dirigentes e árbitros avaliam a competição O grande destaque do evento foi a presença de renomados professores das regiões Norte e Nordeste, e a Revista Budô aproveitou a oportunidade para ouvir algumas legendas da modalidade. Alexsandro Jobson, presidente da FKTRN, falou sobre o planejamento traçado para a competição. “Estamos concentrados neste evento desde o início do ano, e para isso formamos comissões e equipes de trabalho, cada qual com sua função. Com isso não sobrecarregamos nenhum setor, e o resultado foi este evento que agradou a todos os participantes.” O dirigente potiguar destacou os apoiadores da competição. “Graças a Deus, todas as pessoas com quem falamos ajudaram na realização do campeonato, e um dos principias parceiros foi a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que cedeu o ginásio e várias salas para a organização do evento. Outros grandes parceiros foram o vereador Sandro Pimentel, a Sterbom e a Multiserviços.” Eckener Pereira Cardoso Sobrinho, faixa preta 6º dan baiano que acumula mais de 40 anos de vivência no karatê-dô e é hoje um dos mais conceituados mestres da arte das mãos vazias do Brasil, fez sua avaliação do certame. “Percebemos uma evolução técnica em alguns Estados, principalmente no Rio Grande do Norte, que é o promotor da competição, bem como o Pará. Meu Estado, a Bahia, tem feito um esforço de renovação e este não é um trabalho fácil, mas aos poucos nossa comissão técnica tem conseguido novos atletas em suas equipes. O evento em si apresentou algumas falhas que, a meu ver, são normais. Um torneio destas proporções demanda uma equipe gigantesca, e vimos aqui gente comprometida com o desenrolar da competição, mas o resultado final foi bastante satisfatório. Algumas quadras apresentaram problemas na arbitragem, mas acredito que a direção técnica da CBKT corrigirá estes problemas nos próximos eventos.”

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Referência nos tatamis do Norte-Nordeste brasileiro, Eckener falou sobre o momento do tradicional brasileiro. “Em nível nacional passamos por um momento de harmonia, mas me parece que, após o falecimento do sensei Nishiyama, alguns países não estão aceitando a liderança da ITKF, o que é preocupante, já que isso pode gerar nova cisão. Penso que não precisamos de mais cisões, nacionais ou internacionais. A história mostra que este não é um bom caminho.” Natal marcou a volta de grandes nomes do karatê-dô às competições, e um destes destaques foi Enobaldo Ataíde, faixa preta 5º dan, mais um filiado da Federação de Karatê Tradicional da Bahia, dirigente da Associação Esportiva Reflexo, que falou à Revista Budô um pouco de sua atividade nos tatamis. “Sou professor de educação física e faço um trabalho de implantação do karatê-dô tradicional em escolas e universidades de Salvador. Na Escola Técnica Federal da Bahia há mais de 13 anos fazemos um trabalho que usa o karatê como ferramenta educacional.” O professor soteropolitano destacou o equilíbrio técnico existente hoje no karatê tradicional, e elogiou a qualidade do trabalho desenvolvido pela CBKT na condução da modalidade. “Minha avaliação deste certame é que hoje o karatê tradicional está muito nivelado tecnicamente. O karatê do Norte-Nordeste equiparou-se ao das outras regiões brasileiras. Vimos muitos atletas com nível de seleção, e não é à toa que hoje temos 50% dos atletas da seleção oriundos do Norte e Nordeste. Isso significa que a qualidade do karatê nestas re-

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Gilberto Gaertner e Tasuke Watanabe

Sérgio Bastos e Tasuke Watanabe

Alexsandro Jobson

Eckener de Pereira Cardoso Sobrinho

Enobaldo Ataíde

Antônio Aquino de Carvalho

Davi Bezerra da Silva

José Cirone dos Santos

Adalberto de Siqueira Sanches Júnior

Francisco Maciel Lima

Márcio Jorge Bastos Costa

116

Erivan Maciel

giões melhorou muito. Os professores se capacitaram, e isso é reflexo do excelente trabalho desenvolvido pela CBKT. O karatê se aproximou das universidades, e vemos com muita frequência a realização de trabalhos científicos envolvendo nossa modalidade. Percebo que existe mais qualidade e preocupação em melhorar ainda mais, e tudo isso é fruto de uma administração séria e voltada para o desenvolvimento do karatê-dô tradicional.” Enobaldo Ataíde finalizou avaliando o momento do karatê tradicional. “A modalidade vive um momento de transição e descobertas. Precisamos entender que o karatê tradicional não é apenas competição, é um karatê que completa a formação tanto de uma criança quanto de um atleta. Devemos aplicar os princípios do dojô kun em nossa vida social, profissional e familiar. Como vimos aqui hoje, o karatê tradicional é inclusivo e nos permite trazer pessoas com necessidades especiais para o shiai-jo. A competição é apenas uma pequena vertente daquilo que nos foi ofertado por nossos ancestrais. Faltam-nos maturidade e percepção para ampliar as possibilidades existentes no universo do karatê-dô tradicional.” Outro grande personagem do karatê-dô nordestino em Natal foi Antônio Aquino de Carvalho, faixa preta 4º dan, presidente da Associação de Karatê Arte Marcial (ASKAM), de Fortaleza (CE), que classificou as competições como um grande aprendizado. “Em minha análise, cada competição é uma espécie de curso e aprendizado. É dos erros que acontecem aqui que são feitas as correções e melhorias que resultarão no crescimento. Isso ocorre em todos os níveis: no técnico, na arbitragem e na gestão.” Sensei Aquino completou enaltecendo a qualidade dos eventos promovidos pela gestão potiguar. “O certame está muito bom, e logicamen-


Família de karatecas formado por Dinalva Aragão, Letícia Bastos e Yan Bastos mais a pequena Yasmin Bastos

Os senseis José Humberto de Souza, Carlos Bastos e Expedito Afonso

te apresenta algumas falhas, mas estamos aqui exatamente para corrigi-las. Comumente os eventos promovidos no Rio Grande do Norte são mais marcantes e dão bons frutos, e nesta competição não foi diferente.” Para Antônio Aquino o tradicional atravessa seu melhor momento. “Vivemos uma fase de mudança, e felizmente nossa modalidade está crescendo de forma organizada e sem atropelos. Com a nova gestão na CBKT houve um salto muito grande em todas as regiões do País. Uma nova administração sempre cria uma nova identidade para a modalidade e abre novas perspectivas para as futuras gerações.” Davi Bezerra da Silva, 5ª dan, árbitro potiguar que é coordenador do projeto Roberto Sales de Karatê da UFRN, falou sobre o trabalho que desenvolve com portadores de necessidades especiais. “Coordeno dois projetos estudantis em que colocamos o karatê em escolas municipais e estaduais. Desenvolvemos um trabalho de inclusão social com portadores de síndrome de down e também presto serviços à Fundação Estadual da Criança e do Adolescente (Fundac), na qual atuo com menores infratores. O karatê nos aproxima e auxilia no trabalho com jovens em situação de risco.” Sensei Bezerra avaliou a competição positivamente e destacou o esforço de toda a equipe da FKTRN. “A competição apresentou um nível técnico muito bom, e a arbitragem correspondeu às expectativas. O karatê do Rio Grande do Norte está em festa por receber os amigos das regiões Nordeste e Norte, bem como a diretoria da confederação brasileira e o nosso presidente Gilberto Gaertner.” Davi Bezerra finalizou elogiando o trabalho da federação potiguar e da CBKT. “Com o apoio da equipe técnica do nosso Estado, os senseis Nilton Aurimar e Alexsandro Jobson estão formando uma geração vencedora e tenho certeza de que faremos muitos campeões no Rio Grande do Sul. Já o karatê tradicional está numa fase crescente devido às mudanças e aos ajustes promovidos pela CBKT.” Outro importante professor que marcou presença em Natal foi José Cirone dos Santos, faixa preta 3º dan, presidente da Federação de Karatê-dô Tradicional do Piauí, que deu nota 10 para o evento. “Um detalhe muito importante em eventos como este é rever amigos e fazer novas amizades. O aprendizado aqui foi

João Cruz, secretário geral da CBKT

Árbitros do 22º Norte-Nordeste

117


Senseis cearenses Ivonildo Soares, José Welington de Oliveira e Francisco Maciael Lima

enorme, e minha avaliação da competição é a melhor possível. Dou nota 10 para a comissão organizadora.” Cirone destacou o intercâmbio técnico e a troca de informações que ocorrem no certame. “Vimos o ânimo no rosto das crianças que pela primeira vez competiram com atletas de outros Estados. Minha maior satisfação foi trazer algumas crianças que são de comunidades muito carentes de Miguel Alves, cidade da Grande Teresina. Quase todos saíram premiados, e isso é muito importante para o karatê piauiense. É um grande estímulo e certamente resultará em maior número de inscrições para o campeonato brasileiro.” O Pará esteve representado pelo professor Adalberto de Siqueira Sanches Júnior, chefe da delegação do Estado, para quem a quarta colocação geral foi proporcional ao preparo da equipe. “Pelo que treinamos em Belém, o resultado foi bastante satisfatório. Logicamente, esperávamos mais, porém confesso que fiquei satisfeito, porque não tivemos tanto tempo para treinar. Este ano está muito difícil e temos uma competição colada na outra.” O sensei paraense destacou que sua equipe terá agora mais tempo para o preparo do brasileirão. “Certamente teremos tempo para montar uma boa equipe para o campeonato. Hoje o karatê tradicional exige mais preparo e organização. Tudo está sendo feito de forma mais séria e isso faz com que a gente tenha mais vontade de participar. Certamente levaremos uma equipe forte a Porto Alegre, e vamos em busca de muitas medalhas. Vamos prestigiar o excelente trabalho que a CBKT está realizando na modalidade.” Francisco Maciel Lima, presidente da Federação Cearense de Karatê-dô Tradicional, destacou a força de sua equipe. “Esta foi uma experiência importantíssima para o Ceará. Pela primeira vez conseguimos lotar três ônibus com atletas, inclusive os especiais. Foram aproxima-

118

Mesários e parte da equipe potiguar que atuou na competição

Árbitros potiguares


damente 80 karatecas, e ficamos com a terceira colocação geral. Com relação à estrutura, Natal é uma cidade muito atraente, convidativa, e minha avaliação da competição é positiva. A estrutura física é muito boa, e sabemos que o professor Nilton se dedicou de corpo e alma para realizar este evento, e o resultado final foi bom.” O dirigente cearense ficou satisfeito com o desempenho de sua equipe. “Estou muito satisfeito com as medalhas conquistadas e com esta terceira colocação. Este foi o melhor grupo que colocamos num campeonato oficial da CBKT.” O Maranhão também marcou presença em Natal, e o presidente Márcio Jorge Bastos Costa comemorou o alto nível técnico das disputas. “Percebo que a cada ano o nível sobe mais, e vemos mais Estados inscritos. Parecia que estávamos num campeonato nacional, e no geral vimos os atletas se preparando para o brasileiro, em Porto Alegre.” O sensei maranhense ainda falou sobre a seleção que irá a Porto Alegre em setembro. “Estamos fazendo um trabalho na base, com o pessoal mais experiente que está dando suporte. Nossa proposta é levar uma equipe

mista, composta por atletas jovens e mais experientes. Márcio Jorge finalizou avaliando a situação do tradicional no Brasil. O karatê vive um momento de ascensão e renovação, em que o nível técnico está crescendo muito. Muitos atletas estão surgindo e consequentemente teremos uma representação internacional e nacional ainda melhor a cada ano.

Especiais obtêm maior espaço nos tatamis Mais uma vez o Ceará apresentou o trabalho feito com portadores de necessidades especiais, e o sensei responsável por esta iniciativa hoje é Erivan Maciel, faixa preta 3º dan, que explicou a proposta do grupo. “O idealizador deste projeto é Adolfo Aguiar, que criou todo este trabalho. Assumi a frente do projeto há aproximadamente um mês, substituindo o sensei Ivonildo. Mas além de todos os desafios que estão implícitos, afirmo que é uma experiência muito boa, embora bem trabalhosa.” Sensei Erivan mostrou as vantagens deste aprendizado. “O karatê proporciona

mais confiança, e como a maioria não possui problema de desequilíbrio, a questão é mais cognitiva, e é justamente por meio dessa cognição que percebemos o desenvolvimento deles. O grande objetivo não é a compreensão dos movimentos, e sim o aumento da autoconfiança. Trabalhamos com vários níveis de jovens, mas no caso especifico da síndrome de down existe a fragilidade cardíaca e psicológica; eles se alteram muito facilmente. A prática do karatê tem ajudado a controlar as questões emocionais e físicas. Das pessoas que estiveram aqui, oito apresentam síndrome de down e uma hidrocefalia.” Erivan finalizou enfatizando a inclusão social. “Minha prioridade é aprender com eles, e fazer com que se desenvolvam e compreendam mais o karatê, melhorando a questão cognitiva. Acredito que, mesmo com toda a fragilidade existente, eles acabam progredindo. O trabalho conjunto da escola, do karatê e da família faz com que evoluam muito. Sabemos que existem pessoas com síndrome de down inseridas no mercado de trabalho. Quem sabe o karatê possa fazer novas contribuições nesse sentido.”

119


CAMPEÕES E VICE-CAMPEÕES ENBU Fem Adulto

1º Lélia Batista

2º Gleycielle A. Souza

Kumite Feminino

1º Letícia A. Bastos

2º Martinna Pires

KATA Fem (8-9) Laranja

1996-1997 Verde/Roxa

1º Martinna Pires

FUKU-GO Mas Adulto

1º Nitalnaline Macedo

1º Isis Santos Rocha

2º Ana Cherly Pires

1º Dallys R. Oliveira

2º Isabela T. Alves

1998-1999 Vermelha/Verde

2º Jessika S. Oliveira

2º Ewerton P. Bezerra

KATA Fem (até 7) Laranja

1º Stephanie Mascarenhas

ENBU Fem (14-17 anos)

KATA Eqp Fem (16-17 anos)

1º Bianca Bastos

2º Ana C. Santana

1º Luana Mendes

1º Rio G. Norte Equipe 1

2º Mariane Bezerra

2000-2001 Vermelha/Laranja

1º Katiane Soares

2º Bahia Equipe 1

KATA Fem Adulto

1º Maryanna Nascimento

ENBU Fem (até 13 anos)

KATA Eqp Fem (14-15 anos)

1º Martinna Pires

2º Letícia Andrade

1º Bruna Sanches

1º Bahia Equipe 1

2º Lélia Batista Pires

2002-2003 Vermelha/Laranja

1º Indra L. Marques

2º Rio G. Norte Equipe 1

KATA Masc (até 7) Laranja

1º Júlia Sales

2º Gabriella Santana

KATA Eqp Fem (12-13 anos)

1º Pablo Melo

2º Leticia L. de Paula

2º Yasmin B. Brito

1º Para Equipe 1

2º Rodolfo Cunha

(18-21 anos)

ENBU Mas Adulto

2º Ceará Equipe 1

KATA Masc (18-21 anos)

1º Letícia Bastos

1º Arlen Santos

KATA Eqp Mas (até 11 anos)

1º Dalisson Santos

2º Jessika S. Oliveira

1º Rodrigo Alcântara

1º Bahia Equipe 1

2º Rodrigo Alcântara

1º Wellma L. Machado

2º Antonio Marcelino Jr

2º Pará Equipe 1

KATA Masc (16-17) Verde+

2º Adriele Martins

2º Vinicius Vieira

KATA Eqp Masc (16-17 anos)

1º Adolfo Aguiar

1998-1999

ENBU Mas (14-17 anos)

1º Bahia Equipe 1

2º Iann Vilas Boas

1º Thayná D. Oliveira

1º Bahia Equipe 1

2º Ceará Equipe 1

KATA Masc (14-15) Verde+

2º Beatriz D. Cunha

2º Luan Mendes

KATA Eqp Masc (14-15 anos)

1º Luan Mendes

2000-2001 kihon ippon

2º Leidiano Sousa

1º Bahia Equipe 1

2º Lucas Coimbra

1º Yasmin B. Brito

ENBU Mas (até 13 anos)

2º Pará Equipe 1

KATA Masc (14-15) Laranja

2º Nicole E. Matos

1º Vitor Hugo Moura

KATA Eqp Masc (12-13 anos)

1º Brendo Nogueira

Adulto

1º Thales Almeida

1º Bahia Equipe 1

2º Robson H. Sousa

1º Martinna Pires

2º José A. Abreu

2º Rio G. Norte Equipe 1

KATA Masc (12-13) Verde+

2º Ana C. Caetano

2º Leonardo Façanha

KATA Eqp Fem Adulto

1º Victor N. Ueoka

Kumite Masculino

ENBU Misto (14-17 anos)

1º Bahia Equipe 1

2º Thiago Pereira

1996-1997 Verde/Roxa

1º Luana Mendes

2º Rio G. Norte Equipe 1

KATA Masc (12-13) Laranja

1º Arthur V. Martins

1º Luan Mendes

KATA Eqp Mas Adulto

1º Pedro H. Barros

2º Leidiano Costa

2º Thayná D. Oliveira

1º Bahia Equipe 1

Diego Lima Cruz

1998-1999 Vermelha/Verde

2º João Victor Silva

2º Rio G. Norte Equipe 1

KATA Masc (10-11) Verde+

1º João V. Silva

ENBU Misto (até 13 anos)

KATA Fem (18-21 anos)

1º Diogo A. Domingues

2º Brendo Nogueira

1º Nicole E. Matos

1º Letícia Bastos

2º Kevine Freire

2000-2001 Vermelha/Laranja

1º Vitor Hugo Moura

2º Vitória R. Oliveira

KATA Masc (10-11) Laranja

1º Tháles H. Coura

2º Monique L. Falcão

KATA Fem (16-17) Verde+

1º João P. Carvalho

2º João Pedro Fonseca

2º Ruan Mendes

1º Luana Mendes

2º Gabriel Perrone

2002-2003 Vermelha/Laranja

ENBU Misto Adulto

2º Thayná das Chagas

KATA Masc (8-9) Verde+

1º João P. Carvalho

1º Arlen Santos Silva

KATA Fem (14-15) Laranja

1º Alex B. Machado

2º Marcio Tavares Jr

1º Martinna Pires

1º Ana C. Santana

2º Pedro Turquinio

(18-21 anos)

2º Matheus Bezerra

2º Bruna Magalhães

KATA Masc (8-9) Laranja

1º Matheus Bezerra

2º Michelle C. Melo

KATA Fem (14-15) Verde+

1º Hérik M. Rocha

2º Flavio da Cruz

FUKU-GO Fem (18-21 anos)

1º Katiane Soares

2º Luiz Antonio Menezes

1998-1999 shiai kumite

1º Letícia Bastos

2º Beatriz Darlen

KATA Masculino Adulto

1º Luan Mendes

2º Jessika S. Oliveira

KATA Fem (12-13) Laranja

1º Arlen Santos Silva

2º Enzo Sá Pantoja

FUKU-GO Fem (16-17 anos)

1º Letícia Andrade

2º Ewerton P. Bezerra

2000-2001 kihon ippon

1º Luana Mendes

2º Maryanna Nascimento

KUMITE Eqp Mas Adulto

1º João Felipe Barbosa

2º Wellma L. Machado

KATA Fem (12-13) Verde+

1º Rio G. Norte Equipe 1

2º Victor G. Alves

FUKU-GO Mas (18-21 anos)

1º Lívia Vale da Silva

2º Ceará Equipe 1

2002-2003 kihon ippon

1º Matheus Bezerra

2º Indra L. Marques

KUMITE Eqp Fem Adulto

1º Bruno Alves

2º Dalisson Santos

KATA Fem (10-11) Laranja

1º Bahia Equipe 1

2º Ruan Mendes

FUKU-GO Mas (16-17 anos)

1º Júlia Sales

2º Rio G. Norte Equipe 1

Adulto

1º George L. Freitas

2º Leticia L. Paula

KUMITE Eqp Mas Adulto

1º Jeferson Aragão

2º Iann Vilas Boas

KATA Fem (10-11) Verde+

1º Ceará Equipe 1

2º Cristiano da Silva

FUKU-GO Fem Adulto

1º Bruna Sanches

2º Rio G. Norte Equipe 1

Técnico da Seleção Baiana comemora mais um título José Carlos Ribeiro de Andrade, faixa preta 5º dan, responsável pelo Clube Sekai diretor técnico da FBKT e técnico das equipes masculino e feminino adulto da Bahia, falou sobre o preparo feito na equipe para esta competição e ainda comemorou mais esta importante conquista do time baiano. “A equipe da Bahia executou exatamente aquilo que foi feito nos treinamentos, onde buscamos sempre fazer o karate budô, dentro da competição. Não trabalhamos o karatê competitivo para competição, nossa proposta na federação baiana este ano foi resgatar o karatê mais antigo e testar nesta competição, e o resultado foi bastante satisfatório, em todas as categorias. Mantivemos nossa hegemonia na região.” “Com relação ao evento minha avaliação técnica é que o mesmo apresentou nível satisfatório, não é um nível de campeonato brasileiro, mas deu para avaliarmos a equipe para o treinamento que faremos para o brasileiro.” O técnico campeão reiterou que o Estado da Bahia vai a Porto Alegre com força máxima e em busca de um título nacional. “Sim, vamos a Porto Alegre com força máxima. Os atletas já estão sabendo que na próxima semana terão folga, mas a partir da outra semana retomaremos aos treinamentos. Trabalhamos as categorias junior e adulto juntas, e a base treinamos de forma separada. Eu faço a supervisão geral de todas as equipes, e sou responsável pelo treinamento do junior e do adulto.”


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INSTITUTO REAÇÃO

CONQUISTA

COPA MINAS 2013 POR PAULO

PINTO |

FOTOS CRISTIANE

ISHIZAVA

Belo Horizonte (MG) - A Federação Mineira de Judô realizou a nona edição da Copa Minas de Judô, nos dias 13 e 14 de julho, na Arena Vivo, do Minas Tênis Clube. Competindo com equipes de vários Estados, o Instituto Reação, do Rio de Janeiro, foi o grande campeão geral. O evento reuniu 78 clubes e associações de 22 Estados e mais de mil atletas, além de judocas canadenses, uruguaios e estadunidenses. Em paralelo ao certame houve o já tradicional treinamento de campo e um seminário técnico. Esta edição da competição abrigou também o exame nacional de juízes, que proporcionou uma arbitragem mais consistente à competição. Ao todo 59 árbitros atuaram no certame. Diversas autoridades políticas e esportivas participaram da cerimônia de abertura, entre as quais Francisco de Carvalho Filho,

Geraldo Bernardes, Francisco de Carvalho e Daniel Carvalho

Francisco de Carvalho e Sergio Cota

Luciano Corrêa, Luiz Augusto Martins, Vereador Pelé do Voley, Eduardo Nascimento, Carlos Henrique Martins Fernando Galvão, Alessandro Puglia, Manoel Burgos e Daniel Carvalho


INSTITUTO REAÇÃO

CONQUISTA

COPA MINAS 2013 POR PAULO

PINTO |

FOTOS CRISTIANE

ISHIZAVA

Belo Horizonte (MG) - A Federação Mineira de Judô realizou a nona edição da Copa Minas de Judô, nos dias 13 e 14 de julho, na Arena Vivo, do Minas Tênis Clube. Competindo com equipes de vários Estados, o Instituto Reação, do Rio de Janeiro, foi o grande campeão geral. O evento reuniu 78 clubes e associações de 22 Estados e mais de mil atletas, além de judocas canadenses, uruguaios e estadunidenses. Em paralelo ao certame houve o já tradicional treinamento de campo e um seminário técnico. Esta edição da competição abrigou também o exame nacional de juízes, que proporcionou uma arbitragem mais consistente à competição. Ao todo 59 árbitros atuaram no certame. Diversas autoridades políticas e esportivas participaram da cerimônia de abertura, entre as quais Francisco de Carvalho Filho,

Geraldo Bernardes, Francisco de Carvalho e Daniel Carvalho

Francisco de Carvalho e Sergio Cota

Luciano Corrêa, Luiz Augusto Martins, Vereador Pelé do Voley, Eduardo Nascimento, Carlos Henrique Martins Fernando Galvão, Alessandro Puglia, Manoel Burgos e Daniel Carvalho


Francisco de Carvalho e Carlos Henrique

Alessandro Puglia entrega homenagem ao amigo Luiz Agusto

Luiz Augusto Martins

Francisco de Carvalho com Vinicius Fragoso

Francisco de Carvalho e RogĂŠrio Possari

Os professores Pereira e Francisco

Alfredo Dornelles com Francisco de Carvalho

Alessandro Puglia e XexeĂş

123 Daniel Carvalho, Floriano de Almeida e Francisco de Carvalho


vice-presidente da Confederação Brasileira de Judô; Alessandro Puglia, presidente da Federação Paulista de Judô; Luiz Augusto Martins Teixeira, presidente da Federação Mineira de Judô; Daniel Carvalho, vice-presidente da Federação de Judô do Estado do Tocantins; Carlos Manuel Burgos, vice–presidente da Federação de Judô de Sergipe; vereador Pelé; desembargador Fernando Galvão; e Carlos Henrique Martins Teixeira, diretor de judô do Minas Tênis Clube A competição foi aberta oficialmente por Carlos Henrique Martins Teixeira, que ressaltou a satisfação em receber todos os convidados e elogiou o ambiente de confraternização do certame, acentuando que o judô busca, sobretudo, a educação de seus praticantes. Manifestou-se também o presidente da Federação Mineira de Judô, agradecendo a presença dos dirigentes das demais federações, a participação dos árbitros e o trabalho realizado pelos colaboradores da FMJ, que foram incansáveis na parceria do evento, e por último aos atletas, que não mediram esforços para mais uma vez participar na competição. Alessandro Puglia homenageou o presidente da FMJ, Luiz Augusto, e o diretor de judô do MTC, Carlos Henrique, pela parceria com a FPJ e pelo trabalho realizado em prol do judô verde e amarelo, ressaltando também o caráter educacional da modalidade. Francisco de Carvalho enfatizou o intercâmbio promovido pela competição. “A Copa Minas é um dos principais eventos do calendário anual do judô brasileiro. Vemos aqui judocas de todo o país trocando experiência e promovendo grande intercâmbio técnico, e isso passa também pela arbitragem, já que na arena Vivo estão alguns dos melhores árbitros de nosso continente. São Paulo trouxe atletas da elite, o Rio de Janeiro também, e além de sua forte presença na elite, o Minas Tênis é hoje um dos maiores celeiros de nossa modalidade, o que torna este evento obrigatório para todos que almejam um lugar na seleção brasileira.” Durante o evento ficou patente a evolução do judô mineiro, que mostrou numerosos talentos despontando na base. Mas não é à toa que o judô mineiro está crescendo. Nós, da Revista Budô, pudemos apurar que grande parte deste avanço se deve à excelente gestão dos atuais dirigentes. O judô mineiro hoje é conduzido por pessoas sérias, educadas e competentes. Outrora os dirigentes de Minas Gerais não mostravam tais características. A rispidez de antes é hoje substituída pela simpatia, cordialidade e elegância no trato. A forma empírica de gestão foi trocada pelo plane-

124


Professor Geraldo Bernardes ergue trofĂŠu de campeĂŁo

125


jamento cuidadoso. Tudo isso resulta numa FMJ unida, com filiados satisfeitos e atletas evoluindo tecnicamente. Ênfase também deve ser dada ao judô educacional e participativo. Acrescente-se a isso o trabalho que é feito no MTC, sob a direção de Carlos Henrique Martins Teixeira e sua competente equipe, entre os quais Sérgio Cota, Floriano Paulo de Almeida e Alfredo Dornelles. Soubemos que o planejamento e a estratégia, hoje importantes em todos os segmentos, são feitos pelo diretor do clube, que dá o comando normativo a ser seguido pela equipe. Assim, o MTC se põe na vanguarda, pois, sob competente direção e com técnicos notórios, no decorrer dos anos o clube tem condições de despontar

126

como o melhor time do judô do Brasil, título obtido recentemente com a conquista do Troféu Brasil Interclubes. O que se nota é que os irmãos Teixeira, como bons mineiros, vão trabalhando organizadamente, sem alarde, colocando o judô do Estado em evidência. A verdade é que nada é feito isoladamente, e é o judô mineiro que está de parabéns por sua evolução e pela nova forma de trabalho que lá se desenvolve. A Copa Minas 2013 mostrou onde se pode chegar por meio de um trabalho sério. Todos os convidados presentes na Copa Minas aplaudiram a forma organizada do evento, que se junta à Copa São Paulo como as maiores e melhores competições

do judô nacional, sendo que a base é trabalhada e incluída. Desejamos que esses eventos possam contar com maior apoio governamental e até mesmo da CBJ, formando uma parceria positiva para o sucesso e o aprimoramento do judô nacional, com foco no que é primordial para a modalidade: a base.

A volta das equipes do Rio deu outro brilho à competição O evento ocorreu em clima de confraternização, com lutas de altíssimo nível técnico, e as equipes cariocas voltaram a


CLASSIFICAÇÃO FINAL

participar do certame, garantindo maior competitividade e intercâmbio à competição. Na categoria sub 13, a equipe da Academia Corpo e Arte conquistou a primeira colocação, seguida pela Academia de Judô Moura e pelo Judô Matos, ambos do Mato Grosso do Sul. No sub 15, o campeão foi o Brasil Vale Ouro (RJ); em segundo ficou o Judô Futuro (MS) e em terceiro, a Academia Corpo e Arte. Na sub 18, a equipe SESI (SP) ficou em primeiro, seguida de Brasil Vale Ouro (RJ) e Judô Futuro (MS). Já no sub 21, o Instituto Reação (RJ) ficou em primeiro, tendo o Fluminense em

segundo (RJ) e o Judô Futuro (MS) em terceiro. Na categoria sênior, o campeão geral foi o Instituto Reação (RJ), em segundo ficou a Harai Goshi (GO) e em terceiro, o Judô Matos (MS). Na classificação final, o Instituto Reação foi o grande campeão, com 202 pontos conquistados. O Judô Futuro ficou em segundo, com 116, e o Fluminense, em terceiro com 91. O Minas Tênis Clube somou 172 pontos, mas como anfitrião do evento não entrou na disputa dos troféus. O Centro de Excelência do Judô Paulista somou 186, mas por competir como seleção não disputou troféus.

1º Instituto Reação 202 2º Judô Futuro 116 3º Fluminense 91 4º SESI SP 85 5º BVO RJ 82 6º Judô Matos 73 7º Corpo Arte 72 8º Moura 60 9º Judô & Movimento 53 10º A. Maciel 39 11º Rocha 36 12º Paineiras 34 13º Harai Goshi 31 14º SESI DF 30 15º SESC TO 26 16º R. Juventude 22 17º Judô Pinheiro 20 18º Praia Clube 18 19º C. Dom Bosco 13 20º JAB 13

127


Campeonatos sub 11 e sub 13

MOSTRAM A FORÇA DA BASE EM SÃO PAULO

Ales

A Federação Paulista de Judô realizou os campeonatos estaduais sub 11 e sub 13, primeiros degraus para os judocas que desejam trilhar o caminho do olimpismo. Ao todo 648 judocas das duas classes lutaram bravamente pelas 140 medalhas que estavam em disputa. POR PAULO

PINTO |

Mar FOTOS REVISA

BUDÔ

Dav Her

Marcelo Alessandro Hernadez, Marcio Pampuri e Alessandro Puglia

Francisco de Carvalho, Alessandro Puglia, David Alves e Marcio Pampuri


Alessandro Puglia

Francisco de Carvalho

Marcio Pampuri

David Alves, Marcio Pampuri e Marcelo Alessando Hernandez

Paulo Graça e Julio Jacopi

José Jantália

Gerardo Siciliano e Adib Bittar Júnior

Fabiane Okuda e sua aluna

Alexandre Lee e Raul Senra

Sator Hirakawa fazendo o mokusô

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Mairiporã (SP) - A Federação Paulista de Judô (FPJ) realizou os campeonatos paulistas sub 11 e sub 13, dois importantes eventos do calendário anual da entidade, no dia 29 de junho, no Ginásio Municipal Florêncio Pereira, o Sarkisão, em Mairiporã. Este foi o evento estadual da FPJ com maior quantidade de atletas, com 648 judocas na soma das duas categorias. Ambas apresentaram maior número de inscritos no naipe masculino, que totalizou 359 judocas. O sub 11 contou com 346 judocas, sendo 151 do naipe feminino e 195 do masculino. Já a competição sub 13 totalizou 302 inscritos, sendo 138 do naipe feminino e 164 do masculino. Com 41 atletas, o peso médio do sub 11 masculino foi a categoria de peso com maior quantidade de inscritos. Com 32 judocas, o peso pesado do sub 11 feminino foi a categoria de peso com mais meninas inscritas. O acanhado ginásio mairiporense não atendeu à demanda, e teve suas arquibancadas totalmente tomadas por judocas, comissões técnicas e familiares que foram acompanhar as duas principais competições da base do judô bandeirante. A cerimônia de abertura contou com a presença de autoridades esportivas e políticas, entre as quais Márcio Pampuri, prefeito de Mairiporã; Alessandro Panitz Puglia, presidente da Federação Paulista de Judô; Francisco de Carvalho Filho, vice-presidente da Confederação Brasileira de Judô; David Alves, secretário de Esportes de Mairiporã; e Marcelo Alessandro Hernandez, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, além de mais de duas dezenas de kodanshas e delegados regionais. O primeiro discurso de abertura foi feito pelo prefeito Márcio Pampuri, que enfatizou a importância do esporte na formação dos jovens. “Dou as boas-vindas a todos que aqui estão, e quero parabenizar todos os pais que presenteiam seus filhos com a prática esportiva, e em especial o judô, que preza e prima pela retidão e bons princípios. Sabemos da importância do desporto na formação do caráter dos jovens e destaco que aqui estamos praticando a cidadania e formando bons cidadãos.”

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Após cumprimentar todos os presentes, Alessandro Panitz Puglia enfatizou a importância desta competição. “Lembro que os campeonatos sub 11 e sub 13 são revestidos de enorme importância por serem justamente as primeiras competições oficiais da base de nossa modalidade. Nestes certames os judocas dão os primeiros passos rumo ao alto rendimento, e para toda a diretoria da FPJ estas categorias são de suma importância no que diz respeito à renovação e ao crescimento da modalidade.” Em seu depoimento Francisco de Carvalho Filho se desculpou pela estrutura física do certame. “Sabemos que nossa diretoria técnica trouxe este evento para Mairiporã com o intuito de fomentar o crescimento do judô da região, mas infelizmente a estrutura do ginásio está bem aquém daquilo que costumamos apresentar, porém tenho certeza de que teremos aqui uma competição de altíssimo nível. Em nome do departamento técnico da FPJ peço desculpas a todos pelos problemas gerados pela escolha deste equipamento.” O dirigente finalizou seu discurso destacando a importância dos pais no processo de formação dos jovens. “Quero destacar que o judô é uma modalidade que hoje está inserida na elite esportiva do nosso País. Mas, bem acima de ser um esporte, o judô prega a educação e a formação de bons cidadãos. Com base nisso lembro

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que vocês, pais, têm a responsabilidade de educar seus filhos. Os senseis e os professores da escola auxiliarão na formação de seus filhos, porém a educação é responsabilidade exclusiva de vocês. Por isso cumprimento os pais que aqui estão acompanhando seus filhos e participando de um momento tão importante na vida deles.” David Alves, secretário de esportes de Mairiporã, destacou a importância de o município sediar eventos esportivos. “É com enorme prazer que recebemos este importante evento da FPJ. Isso faz com que o município evolua na área esportiva e em específico no judô. Esta competição deixará um legado e poderemos refletir no sentido de construir uma arena que atenda às necessidades de um evento como este e que inclua nosso município no circuito estadual das principais modalidades esportivas.” Outro representante do Poder Executivo mairiporense presente ao certame foi Marcelo Alessandro Hernandez, secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, que enfatizou a importância do exemplo para a juventude. “Vemos cada dia mais jovens envolvidos com problemas e desvios de conduta, e ver um ginásio repleto de crianças de uma faixa etária tão baixa competindo e perseguindo um objetivo é muito gratificante. Sabemos da abrangência social do judô, mas não imaginávamos que tudo isso fosse feito com tanta


seriedade e esmero. Cumprimentamos os pais que aqui estão, abrindo mão de seu sábado para acompanhar seus filhos. Parabenizamos os atletas que se dedicam com tanta seriedade ao judô e a diretoria da FPJ por promover um evento com tamanha qualidade e profissionalismo.” Na sequência, José Jantália, mestre de cerimônias e vice-presidente da FPJ, conclamou todos os judocas a proferirem o compromisso do atleta, e após os árbitros estarem perfilados foi realizado o mokusô, puxado pelo kodansha 7º dan Sator Hirakawa. A equipe de arbitragem esteve composta por 48 juízes, que atuaram sob a direção de Dante Kanayama, kodansha 8º dan, que mais uma vez mostrou excelente preparo na condução de centenas de combates ao longo do dia. Os árbitros puderam usar o recém-adquirido equipamento de vídeo replay e comunicadores. Este novo sistema permite a que apenas um árbitro central trabalhe em cada área de competição. O controle de súmulas e chaves esteve mais uma vez a cargo da competente equipe técnica da FPJ, capitaneada por Celso de Almeida Leite, que é também delegado da 15ª delegacia regional, Grande Campinas.

Destaques da competição As disputas realizaram-se em oito áreas e mostraram por que São Paulo é o maior celeiro de atletas do judô brasileiro. Ordenadamente, os quase 700 jovens judocas mostraram excelentes ippons,

enorme preparo e muita determinação. As duas classes que disputaram a competição representam os primeiros degraus para os judocas que querem chegar a uma Olimpíada. É muito importante lembrar que todos aqueles que não subiram ao pódio nesta edição do campeonato paulista certamente poderão chegar lá numa próxima edição. Todos que queiram verdadeiramente ser campeões poderão chegar ao topo e atingirão seus objetivos. Para tanto basta levar o treinamento a sério, dedicar-se aos estudos e seguir à risca tudo que seus senseis ensinam no dojô. Dezenas de atletas destacaram-se e mostraram melhor preparo, mas a Revista Budô pôde fazer apenas o registro de alguns campeões. Entretanto, todos que competiram em Mairiporã participaram direta ou indiretamente da conquista das 140 medalhas que estavam em disputa. Nicolas Dias venceu quatro lutas, sendo três delas por ippon. Fez uma final dificílima contra Victor Toscano, do Circulo Militar, e foi o grande campeão do peso ligeiro sub 13. Nicolas tem no seoi-nage seu golpe preferido e seu sensei é Galileu Paiva dos Santos, da Associação Esportiva Guarujá. Para seu professor, o campeão


do ligeiro é um judoca extremamente determinado. “O Nicolas treina três horas diárias em busca de seus objetivos. O resultado conquistado aqui é fruto de sua determinação e dedicação ao treinamento.” Nicoli Cardoso Rodrigues Cavalcanti foi a campeã do ligeiro sub 11; fez três lutas e venceu duas delas por ippon. Seu tokui-waza é o ippon-seoi-nage, e ela é aluna da Associação Judô Clube de Mogi das Cruzes. Após comemorar mais um ouro, Chan Costa, seu sensei, enumerou suas principias qualidades. “A Nicoli é uma menina muito centrada e suas principais características são levar o treino a sério e ter muita determinação e foco naquilo que faz.” Pedro Henrique Assunção foi o campeão do meio-leve sub 13, fazendo quatro lutas e vencendo duas delas por ippon. Aluno da Associação de Judô Tucuruvi e do sensei Tiago Campos, Pedro tem no harai-goshi seu tokui-waza. Para seu sensei, Pedro Henrique é um judoca diferenciado por sua determinação, disciplina e dedicação ao treinamento. João Pedro Greco é judoca do São João Tênis Clube e foi campeão do peso ligeiro sub 11. Aluno do sensei Paulo Pi, João é muito versátil e joga de direita e esquerda com extrema facilidade. Fez quatro lutas, vencendo três delas por ippon. Seu tokui-waza é bastante variado, com seoi-nage, o-goshi e uchi-mata. Fez a final contra Warison Nascimento, da Unimes, e venceu por ippon com um belo seoi-nage. Outra fera que se destacou em Mairiporã foi Luigi Bellucci, o campeão meio-pesado do sub 11. Aluno da Associação de Judô Terazaki, de Suzano, Luigi fez cinco lutas, vencendo quatro delas por ippon. Seu sensei é Celso Kano e o seoi-nage é o seu golpe preferido. Sensei Kano destacou que Luigi é um aluno excelente e bastante dedicado ao treinamento. Para chegar ao ouro do super-pesado, no sub 11, Guilherme Nietto venceu com muita personalidade todos os combates. Aluno dos senseis Cláudio Konno e Priscila Leite Cardoso Branco, do Clube Concórdia/Omega, de Campinas, Guilherme tem no tai-otoshi seu tokui-waza. Para seus senseis a garra é a sua principal característica. “Apesar da pouca idade Guilherme é um judoca extremamente dedicado. Sua garra e perseverança nas lutas são suas principais qualidades.” Outro grande destaque do sub 11 foi Pedro Roberto Martins, da Associação Belarmino de Judô. Seu sensei é Márcio Belarmino, para quem o campeão do meio-médio se destaca por sua dedicação, garra, força física e determinação. Pedro tem no ko-uchi-maki-komi e no seoi-nage seus golpes preferidos, e para chegar ao ouro venceu três das quatro lutas por ippon. Sensei Márcio explicou que, além de pertencer à sua escola, Pedro Roberto representa também o projeto Centro de Promoção Social Cônego Luiz Biasi. “Fornecemos bolsa e ele representa as duas instituições. O Pedro é um excelente garoto e sua determinação é sua principal característica.”

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As classes sub 11 e sub 13 demandaram atendimento médico acima da média, mas Patrícia Leite e Fabiana Brossi Lopes, deram conta do atendimento aos quase 700 judocas que atuaram na competição


CLASSIFICAÇÃO INDIVIDUAL Feminino Sub 11

Masculino Sub 11

Super-ligeiro

Super-ligeiro

1º Giovanna Oliveira - Concórdia/Omega

1º Rafael Chibana - S. C. Corinthians

2º Naelly C. Delgado - Judô Pissarra

2º Erick Kawaushi - Assoc. Bastos

3º Jessica Alves - Assoc. na Faixa

3º Victor Nogueira - Paineiras

3º Juliana Neper - A. D. Equilibrium

3º Gabriel Fernandes - T. Clube S.J.C.

Ligeiro

Ligeiro

1º Nicoli Caetano - Judô Mogi

1º João P. Greco - São João T. C.

2º Ana V. Haraguth - Judô Mogi

2º Warison Nascimento- UNIMES

3º Jaqueline Campos - Ass. Mercadante

3º Lucca Beretta - Assoc. Mercadante

3º Helena Castellanos - Assoc. Hinode

3º Danilo Gonçalves - Palmeiras/Mogi

Meio-leve

Meio-leve

1º Sarah Vieira - Assoc. Mercadante

1º Otavio Uemura - Assoc. Tucuruvi

2º Giulia K. Kondo - Assoc. Registrense

2º Matheus Prado - Itapira A. C.

3º Brendha do Vale - Morada do Sol

3º Kaio F. da Silva - SEMEL Amparo

3º Maria F. Santana - Assoc. Trajano

3º Jean C. Morais - Assoc. Itapevense

Leve

Leve

1º Renata Fernandes - Assoc. Belarmino

1º Edward Fagotom - Assoc. Trajano

2º Sarah de Melo - Judô Pissarra

2º Pedro H. os Santos - Assoc. Mirai

3º Carolina Caldas - Calasans Camargo

3º Felipe R. Rezende - C. Rodoviário

3º Julia Barbosa - UNIMES

3º Caio Barbosa - Votorantim-Apaju

Meio-médio

Meio-médio

1º Iasmin Pereira - Judô Mogi

1º Pedro R. Martins - Assoc. Belarmino

2º Maria E. Correa - Assoc. Kodokan

2º Guilherme Fernandes - UNIMES

3º Isabela Dantas - Lins/Morimoto

3º Lucas Araujo - Calasans Camargo

3º Patrícia Souza - Assoc. Mercadante

3º Victor Lira - Assoc. Amaro

Médio

Médio

1º Ana L. Franco - Assoc. Matsumi

1º João C. Barizon - Assoc. Itapira

2º Anna B. Schittine - Seduc - P. Grande

2º Igor R. Camargo - Palmeiras/Mogi

3º Bianca N. Shibata - Assoc. Carrão

3º Victor Esquibel - Pirituba F. C.

3º Suzanny Oliveira - Assoc. Guarujá

3º Arthur Rossato - Assoc. Fernandópolis

Meio-pesado

Meio-pesado

1º Nauana Ap. Lopes - Votuporanga

1º Luigi H. Bellucci - Judô Terazaki

2º Leticia Piazza - Centro Olimpico

2º Felipe Donatti - Assoc. Itapira

3º Luiza Nakahira - Clube Bragança

3º Felipe Goncalves - Assoc. Piquete

3º Thaina Mariano - A. Equilíbrio

3º Alan N. Ferreira - Assoc. Bushido

Pesado

Pesado

1º Jamilly Boava - Assoc. Nintai

1º Iago do Valle - Pirituba F. C.

2º Julia Delalana - Itapira A. C.

2º Brenno Monteiro- Assoc. Bushido

3º Leticia Gatti - Bauru T. C.

3º Henrique do Vale - Assoc. Bastos

3º Geovana Silveira - Objetivo Cabreúva

3º Rafael de Lima - Assoc. na Faixa

Super-pesado

Super-pesado

1º Giovanna Pinceratti - Ass. Paraguaçu

1º Guilherme Nietto - Concórdia/Omega

2º Maria Nascimento - Objetivo Cabreúva

2º Diego Sales - Assoc. Colossus

3º Julia E. dos Santos - Assoc. Tigre

3º Luan Marques - Rio Preto A. C.

3º Lívia Dal Poz - A. Equilíbrio

3º Victor Nascimento - Assoc. Kiai Kam Extra-pesado 1º Everton dos Santos - Assoc. Itapira 2º Lucas Florêncio - Assoc. Registrense 3º Raymond I. Rahmani - Hebraica SP 3º Marco A. Henrique - Palmeiras/Mogi

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CLASSIFICAÇÃO INDIVIDUAL Feminino Sub 13

Masculino Sub 13

Super-ligeiro

Super-ligeiro

1º Manuela P. Lima - C. A. Tremembé

1º Robert Gonzalez – Associa. Moacyr

2º Tifany G. Brito - Assoc. Spessoto

2º Gabriel Y. Shimada - Palmeiras/Mogi

3º Beatriz Neves - Assoc. Messias

3º Felipe A. Lima - ADPM-Reg. S. J. C.

3º Soraya Mendes - APAJU Vargem Gde

3º Luiz G. de Oliveira - Judô Mogi

Ligeiro

Ligeiro

1º Carolina Barusso - Assoc. Nery

1º Nicolas Dias - Associação Guarujá

2º Leticia Andreazi - Birigui Perola

2º Victor Toscano - Circulo Militar

3º Fernanda Rodrigues - Hebraica SP

3º Gian Santos - Hebraica SP

3º Camila Martins - Assoc. Ponte Preta

3º Fabricio Monteiro - Palmeiras/Mogi

Meio-leve

Meio-leve

1º Julia Fernandes - T. Clube S. J. C.

1º Pedro H. Oliveira - Assoc. Tucuruvi

2º Ester J. Lima - Assoc. S. Lourenço

2º Vinicius dos Santos - Judô Mogi

3º Layna Fontes - Assoc. Moacyr

3º Ithalo G. Preza - Assoc. Guarujá

3º Aline M. Bittar - A.D. São Bernardo

3º Gustavo Brait - São João T. C.

Leve

Leve

1º Ana C. dos Santos - Hebraica SP

1º João V. dos Santos - UNIMES

2º Natalia Tarosso - C. A. Bioleve

2º Vinicius Noronha - Assoc. Trajano

3º Larissa Morales - Assoc. Nery

3º Gabriel Casagrande - T. C. Vargem G.

3º Kailany Sales - Palmeiras/Mogi

3º Rayan Carrijo - Assoc. Kiai Kam

Meio-médio

Meio-médio

1º Aline Cruz - Hebraica SP

1º Lucas Toquetto - Assoc. Itanhaém

2º Tauane Gonçalves - Hebraica SP

2º Henrique Moreno - Assoc. 9 de Julho

3º Lorena K. Bruzadin - Rio Preto A. C.

3º Lucas Pinheiro - Assoc. Bushido

3º Camila E. Ferreira - Assoc. na Faixa

3º João V. Souza - Judô Terazaki

Médio

Médio

1º Vitoria C. Gonçalves - Assoc. Pessoa

1º Lucas Reis - São João T. C.

2º Larissa Kohatsu - S. C. Corinthians

2º Marcos dos Santos - SESI - SP

3º Jessica Pereira - Assoc. Peruíbe

3º João A. Tavares - Assoc. Bushido

3º Yasmin Botelho - ADREARMAS

3º João H. Baptista - Liga Litoral

Meio-pesado

Meio-pesado

1º Rafaella Souza - Palmeiras/Mogi

1º Matheus Soares - Assoc. Bushido

2º Maria E. Diniz - ADPM-Reg. S. J. C.

2º Victor Nascimento - Assoc. Colossus

3º Catarina Barbara - Palmeiras/Mogi

3º Vinicius Silva - Hebraica SP

3º Lara V. Machado - A. Adriana Bento

3º Everson L. Alves - Assoc. na Faixa

Pesado

Pesado

1º Maria E. Acessor - Assoc. Nikkey

1º Luis F. Vieira - C. Macário Schmitt

2º Beatriz Ramos - Centro Olimpico

2º Natã J. de Oliveira - Assoc. Trajano

3º Vitoria Nascimento - Judô Pissarra

3º Victor Mosca - D. E. R. L. A / Aguai

3º Thammy D'amici - Rogério Sampaio

3º Giovani Ferreira - A. Barão de Mauá

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Ministério do Esporte

FLORIANÓPOLIS SEDIA MAIOR EDIÇÃO DO BRASILEIRO INTERCLUBES DE TAEKWONDO POR PAULO

Florianópolis (SC) – A Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD) e a Federação Catarinense de Taekwondo (FCTKD) realizaram o 5º Campeonato Brasileiro Interclubes, maior competição clubística de taekwondo do Brasil. Valendo 10 pontos no Sistema Nacional de Ranking, o certame recebeu mais de 850 atletas, vindos de 24 Estados, que disputaram medalhas nas modalidades de kiorugui (lutas) e poomsae (formas). Segundo a coordenação técnica da CBTKD, além de representar um aumento de 40% no número de atletas em relação à edição passada, a participação expressiva de taekwondistas revela o bom momento que a modalidade atravessa. O ponto alto desta edição foi a enorme quantidade de Estados conquistando vagas no pódio em todas as categorias. Estados que há pouco tempo não disputavam semifinais e finais, marcaram presença no pódio, e este é um indicativo de que, hoje, o taekwondo está sendo fomentado verdadeiramente, em todas as regiões do País. O evento aconteceu de 17 a 19 de maio, no Ginásio Rozendo Lima, do complexo esportivo do Instituto Estadual de Educação (IEE), e contou com o apoio da Fundação Municipal de Esportes de Florianópolis. Vários dirigentes esportivos marcaram presença na competição, entre os quais Carlos Fernandes, presidente da CBTKD, Fábio Ronin (CE), Eurípides Luiz Coelho (GO), José Carlos Teixeira (BA), Raimundo Lima Gomes (AM), Olzemir Machado (RS) e Adelino da Silva, anfitrião da competição. Grandes nomes do taekwondo participaram da competição nas seis áreas montadas no ginásio do IEE, proporcionando excelente nível técnico ao torneio e lutas vibrantes nas categorias feminina e masculina. Entre estes vimos ex- atletas da seleção brasileira, e outros que fazem da seleção atual,

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PINTO |

FOTOS REVISTA

BUDÔ

entre os quais destacamos: Gustavo e Rafaela Araújo, de São Caetano; Maicom Silva, de Londrina; Tiago Simões, de São Paulo; Talita, que já foi titular da seleção; Rafaela Souza, de Rio Claro; Charles Maiolli, de Londrina; Breno, de Londrina; Cátia Aracaki, de Marilia; Karen, do Rio de Janeiro; Douglas Marcelino; Marcela Cruz; e Soneca, de Pernambuco, que atualmente vive nos Estados Unidos. Com a ajuda do vídeo replay, a equipe técnica da CBKTD promoveu um certame com muita qualidade, onde todos os combates ocorreram dentro da normalidade e nenhum problema referente à arbitragem foi registrado em toda a competição.

Dirigentes avaliam a competição Na avaliação de Carlos Fernandes, presidente da CBTKD, o evento mostrou alto nível técnico. “Em termos operacionais, ainda temos algumas coisas pontuais que precisam ser corrigidas e revistas. Temos a proposta de, em curto espaço de tempo, realizar no Brasil os principais eventos do taekwondo mundial, e para tanto temos de atingir a excelência na realização de competições. Mas tecnicamente falando esta edição do Campeonato Brasileiro Interclubes superou todas as expectativas, desde o número de competidores inscritos até o nível técnico apresentado pelos atletas, que foi altíssimo. Outro ponto positivo foi o excelente trabalho realizado por nossas equipes técnica e de arbitragem”, disse o dirigente. Para Adelino da Silva Filho, presidente da federação catarinense, a grande presença de atletas ratifica o excelente momento da modalidade. “O evento foi muito bom, e tivemos participação maciça de atletas do Brasil inteiro. Acho que, diante da demanda que tivemos, o

certame transcorreu dentro da normalidade. A arbitragem foi extremamente qualificada, e a estrutura física das áreas foi impecável. Os atletas impuseram um nível técnico muito bom em todas as categorias, e em especial no adulto.” O dirigente catarinense finalizou lamentando a falta de comprometimento do governo do Estado. “Em linhas gerais o evento superou todas as expectativas, e o único aspecto negativo aconteceu por conta do governo do Estado de Santa Catarina e da Fesporte, que não honraram com aquilo que haviam assumido. Ficamos reféns da falta de sensibilidade e seriedade das pessoas que dirigem a Fesporte. Felizmente a Prefeitura de Florianópolis nos apoiou e fez a sua parte. Mas este aspecto negativo não tirou o brilho da competição e não diminuiu a satisfação e a alegria que sentimos em sediar estar este evento. Agradeço à Confederação Brasileira por nos proporcionar a realização deste importante certame nacional.” Na visão de Nelson Toshio, coordenador nacional de arbitragem da CBTKD, faltou dinâmica à competição. “No primeiro dia tivemos problemas com o atraso gerado pela organização, já no segundo dia tudo correu bem e a competição apresentou maior dinâmica. Todas as quadras rodaram bem, e minha nota para o evento é 7.” Para o coordenador de arbitragem as competições como um todo carecem ainda de maior dinâmica. “A organização de um evento internacional se faz com grande antecedência, e a verdade é que temos de nos acostumar a trabalhar melhor o pré-evento. Temos de repensar a logística, e os atletas precisam chegar dentro do horário estabelecido, pois aqui tivemos uma quantidade enorme de atletas que chegaram fora do prazo estipulado. Infelizmente temos a cultura de deixar as coisas para a última hora e isso acaba atrasando e dificultando os eventos, mas todos estes detalhes são facilmente supe-


rados se trabalharmos o pré-evento de forma mais detalhada e realista.” Outro dirigente que atuou em Florianópolis foi Jadir Figueira, coordenador técnico da Confederação Brasileira de Taekwondo, que avaliou o certame positivamente. “Esta competição vale 10 pontos no ranking nacional, e com isso contamos com a participação de excelentes atletas vindos de diversos Estados brasileiros. Todos vieram a Florianópolis em busca de subir no ranking nacional e focando uma vaga na seleção brasileira. Isso garantiu uma participação recorde de atletas e o alto índice técnico da competição.”

Técnicos comemoraram qualidade técnica do certame Outro grande destaque da competição foi a presença dos técnicos e treinadores da seleção brasileira, Júnior Maciel, Belmiro Giordani e Carmen Pigozzi, que acompanharam seus atletas que competiram em Florianópolis. Outro ícone da área técnica presente foi Carlos Negrão,

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Adelino Silva e Carlos Fernandes

ex-técnico da seleção brasileira olímpica de taekwondo. Veja como cada técnico avaliou o Campeonato Brasileiro Interclubes de 2013. Para Júnior Maciel, coordenador técnico da seleção júnior e técnico da seleção adulta, a presença maciça de atletas comprova o crescimento da modalidade. “O evento surpreendeu a todos nós pelo número de atletas inscritos. Acho que tivemos um crescimento de 50% em relação à competição passada, e o nível técnico foi muito bom. Apesar do crescimento expressivo, a direção técnica conseguiu organizar muito bem toda a competição. Minha análise é que estes indicativos comprovam o crescimento do taekwondo no Brasil.“ Maciel destacou a renovação da modalidade. “A cada ano vemos um crescimento na base da modalidade e vemos também que o biotipo dos atletas atende cada vez mais às nossas necessidades. O taekwondo moderno exige atletas mais altos e com muita flexibilidade, e aqui vimos numerosos atletas com esse biotipo e muita qualidade técnica. Muita gente aqui vai dar trabalho aos atletas mais expe-

Junior Maciel

Nelson Toshio

rientes, e isso é muito bom porque mostra a evolução e renovação de nossa modalidade.” Técnica da seleção brasileira feminina adulta desde 2010, Carmem Carolina Leocádio da Silva destacou o equilíbrio técnico do taekwondo brasileiro. “O taekwondo brasileiro vem crescendo bastante, e já não vemos tanta diferença técnica entre os Estados. A pouca diferença

Carmem Carolina Leocádio da Silva

Jadir Figueira

que existe geralmente é resolvida dentro das quatro linhas. As disputas tiveram um nível técnico muito forte no sub 21 e no adulto, já que aqui estavam os melhores atletas do Brasil.” A técnica destacou a importância deste evento na renovação da modalidade. “Eventos como este nos auxiliam no sentido de identificar talentos e acompanhar o momento dos atletas

Fábio Ronin orientando sua atleta

Carlos Negrão

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Belmiro Giordani


que estão na seleção brasileira. Aqui fazemos uma avaliação até dos atletas que vão para o mundial, já que grande parte da nata da modalidade está aqui. O brasileiro interclubes é uma das competições mais importantes do calendário anual da CBTKD, e é também um grande evento para todos os atletas que buscam chegar à seleção brasileira.” Belmiro Giordani enfatizou a importância da competição na avaliação dos atletas. “O brasileiro interclubes é uma competição que vale pontos para o ranking nacional, e vimos aqui vários titulares da seleção brasileira do ano passado, entre os quais Tiago Simões, Maicom Silva e Talita. Isso mostra que este é um campeonato muito forte e repleto de atletas buscando retornar à seleção. Vemos também atletas da seleção lutando para manter o ritmo de luta. E nós, da comissão técnica, observamos o momento de cada atleta, avaliando o confronto direto em muitas categorias. Detectamos quem está bem, quem está em forma e se preparando melhor.” O técnico santista destacou a homogeneidade técnica na modalidade. “A participação de quase todos os Estados é um fator importantíssimo, e mostra que o taekwondo cresce em todo o País. Vemos aqui atletas do Rio Grande do Norte, Amapá, Amazonas, Cea-

rá, Bahia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Goiás e isso é fundamental para o crescimento de nossa modalidade. Esta é uma das bandeiras desta gestão, e isso faz com que o Taekwondo se espalhe e cresça, por todo o Brasil. Ontem o campeão da categoria 58 kg, do sub 21, foi um atleta do Rio Grande do Norte, e antes isso não existia. Vemos o Norte e

o Nordeste do Brasil crescendo muito, e estamos falando de uma competição em Santa Catarina. O número elevado de atletas é muito importante, mas ver a expansão territorial do taekwondo é muito significativo. O melhor é que todos estes atletas estão vindo com grande potencial, e para o taekwondo brasileiro isso é fundamental.”

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A GMJB ENVIA

megacampeão de kata para cursos no Kodokan O mês de julho será um marco na trajetória de alguns professores brasileiros que irão ao Japão em busca de maior conhecimento no kata. Entre eles está o multicampeão Luís Alberto dos Santos, árbitro internacional B, detentor de 26 títulos mundiais de kata e dono de 19 medalhas de ouro em campeonatos pan-americanos, que vai ao país do sol nascente para ampliar seu conhecimento no kata. Na verdade, é a Associação Grand Master de Judô do Brasil que está enviando seu diretor técnico ao Japão, com o objetivo de lhe proporcionar a devida atualização das mudancas ocorridas nos diferentes katas ao longo dos anos. Uma vez realizado o curso, a GMJB organizará um congresso técnico para professores, atletas e competidores de kata, para passar aos filiados e amigos da entidade todo o conhecimento adquirido. Para saber dos detalhes desta importante ação da GMJB entrevistamos os senseis Luís Alberto dos Santos e Marcus Michelini, outro ícone da categoria máster e um dos destaques da nova geração na arbitragem verde e amarela.

Luís, quais são os principais motivos de sua ida ao Japão?

Participarei do curso de especialização em kata promovido pelo Instituto Kodokan.

Quais cargos ocupa hoje?

Sou professor de judô na Academia Gustavo Borges, no Dojô Constantino de Lutas, no Colégio Franciscano Pio XII e no Clube Escola Vila Santa Catarina, sou diretor de cursos da FPJ e diretor técnico da GMJB.

Você viaja representando alguma entidade?

A presidência e a diretoria da GMJB decidiram que minha participação nos cursos seria muito importante para o incentivo, a prática e a difusão do kata no Brasil.

Qual é a sua expectativa com a viagem?

Aprimorar e expandir meus conhecimentos e habilidades no kata, para depois fazer a devida transmissão aos judocas brasileiros.

Outros brasileiros vão ao Japão?

Outros seis professores de São Paulo participarão do curso. São eles: Rioiti Uchida, 6º dan; Leonardo Yamada, 4º dan; Vinicius Jerschow, 4º dan; Caio Kanayama, 3º dan; Wagner Uchida, 3º dan, e Marcus Michelini, 4º dan.

Qual é a sua expectativa do pós-viagem?

Transmitir o conhecimento adquirido no Instituto Kodokan ao maior número possível de judocas.

Pessoalmente, qual é o maior objetivo dessa viagem?

Acho que é importante salientar que este curso será promovido e realizado pelo Instituto Kodokan, de Tóquio. Terá carga horária diária de cinco horas e vai durar sete dias. Serão abordados sete katas

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e os cursos serão ministrados pelas maiores autoridades mundiais no kata. Três dos palestrantes são 10º dan. Nosso principal objetivo é atualizar toda a comunidade no que diz respeito ao kata, e é isso que iremos fazer.

A realização de um sonho antigo Outro professor que vai ao Japão é Marcus Michelini, judoca 4º dan nascido em 7 de abril de 1971, que é árbitro internacional FIJ C e detentor de vários títulos nacionais e internacionais de kata. Além de realizar um sonho antigo, Michelini vai ao Japão em busca de maior conhecimento e atualização nos katas.

Quais atividades desenvolve nos tatamis?

Sou professor de judô, árbitro e competidor de kata.

Quais são os principais motivos de sua ida ao Japão?

Treinar no Instituto Kodokan sempre foi um sonho antigo, mas, além de realizar este sonho, eu quero aperfeiçoar meu conhecimento e minha técnica nos sete katas que serão ministrados por grandes mestres do judô japonês.

Qual é a sua expectativa com esta viagem?

Vários motivos me levam ao Japão. O contato com outra cultura é sempre muito enriquecedor, cultura essa que tanto admiro e vivencio em meu cotidiano. Outro fator preponderante é poder conhecer de perto o judô japonês, que é a maior referência para todos nós. Por último, destaco que poder obter ensinamentos diretamente do Instituto Kodokan é algo fantástico.

Qual é a sua expectativa no pós-viagem?

Compartilhar tudo que vivenciaremos no curso para que estes ensinamentos não se percam. No campo pessoal é poder aprimorar minha técnica nos katas, já que ainda sou competidor.

A ida deste grupo somará no desempenho dos paulistas nas próximas competições?

Já está somando, pois o fato de um grupo se articular para ir em busca de conhecimento garante a transmissão de parte deste conhecimento para toda a comunidade. Os professores que vão a Tóquio estão preocupados em se especializar e disseminar todo o ensinamento obtido no Instituto Kodokan. Com isso teremos uma padronização do kata mais efetiva e atualizada.

Quais katas serão apresentados e quais mestres ministrarão os cursos? Nage no Kata – Kodansha Ichiro Abe, 10º dan Katame no Kata – Kodansha Saburo Matsushita, 9º dan Ju no Kata – Kodansha Takashi Ogata, 8º dan Kime no Kata – Kodansha Tadashi Sato, 8º dan Kodokan Goshin Jutsu – Kodansha Michio Fukushima, 8º dan Itsutsu no Kata – Kodansha Yoshimi Osawa, 10º dan Koshiki no Kata – Kodansha Toshiro Daigo, 10º dan

FPJ parabeniza professores pela iniciativa No dia 23 de junho realizaram-se cursos de katame no kata, ju no kata, kime no kata e kodokan goshin jutsu, no Centro de Aperfeiçoamento Técnico da FPJ, e Alessandro Puglia, presidente da entidade, participou do evento e distribuiu kits com material oficial Adidas/FPJ a todos os professores que irão ao Japão.

O dirigente paulista parabenizou o grupo pela importante iniciativa “Já estive quatro vezes no Japão para treinamento, competição e estudo do judô. Sei que este grupo procura aprimorar seu conhecimento técnico, e isto demonstra a preocupação de todos em obter melhor desempenho no kata, como competidores e como árbitros. Sei também que direta e indiretamente a ação destes professores vai contribuir no desenvolvimento de toda a comunidade do judô paulista e brasileiro. Fico muito feliz e parabenizo a todos pela decisão e pela importante iniciativa.”

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DIRIGENTE PARANAENSE VOLTA DO JAPÃO

COM PROPOSTAS DE PARCERIAS POR PAULO

PINTO |

FOTOS ARQUIVO

FPRJ

Em abril, um grupo de professores capitaneado por Luiz Iwashita, presidente da Federação Paranaense de Judô, foi ao Japão com o objetivo de firmar parcerias que abram portas para professores e atletas do Estado que queiram aperfeiçoar-se tecnicamente naquele país. E o dirigente curitibano regressou bastante otimista. Em 2012, um grupo de professores paranaenses iniciou um ambicioso projeto que pretendia instituir intercâmbios com federações estaduais de judô do Japão, bem como com instituições de ensino fundamental e superior que mantêm o judô em suas grades de ensino. Após muito planejamento e contatos com entidades japonesas, em abril de 2013 a delegação formada pelos kodanshas Makoto Yamanouchi, 7º dan, e Luiz Ywashita, 6º dan, mais os professores Carlos André Kussumoto e Daniel Laurindo, deu início a uma jornada inédita, em busca de parcerias na área técnica e maior conhecimento no Profesores paranaenses já no Japão âmbito pessoal. Com numerosos encontros pautados e agendados, o grupo formado pelos quatro judocas partiu no dia 12 de abril para o país do sol nascente, tendo o kodansha Makoto Yamanouchi como intérprete oficial. Antes de desembarcar em Kyoto, o grupo fez escalas em São Paulo, Istambul e Osaka. Já em Kyoto, onde ficaram dois dias para aclimatação, os judocas visitaram o Ginkakuji, o Templo de Ouro e o Palácio do Governo Imperial. No dia 14 embarcaram para Kobe, onde

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Grupo em Kobe com Hatiro Tourenji, Marina Matsubara e Koruda


Dojô de judô da Okayama University of Science Hight School

Grupo na cidade de Himeji, diante do Palácio de Himeji

se encontraram com Kazuhisa Yokoyama (atleta que esteve em Curitiba nos anos 1990) e Nobuyuki Nagata (assistente da Associação Internacional de Hyogo), para apresentação do cronograma da visita àquela cidade. Em 17 de abril reuniram-se com Tomio Saito, presidente da Associação Internacional de Hyogo (HIA), e a diretoria da entidade. Após conhecerem os números e a realidade do judô paranaense, propuseram estabelecer intercâmbio para atletas e professores. Tomio Saito ofereceu uma bolsa para um professor brasileiro que tenha domínio do idioma japonês ou do inglês. Participaram também desta reunião Hideki Dói, Luciana Rosa Silva, Nobuyuki Nagata, Shingo Nishiguchi e Yukinori Shimura. Após o almoço a comitiva brasileira foi recebida pelo governador de Hyogo, Toshizo Ido. Participaram também desta reunião Toshiyuki Katayama, diretor do governo de Hyogo; Keiichi Tanaka, secretário internacional de Hyogo; e Hidekazu Moriyasu, diretor de intercâmbio internacional de Hyogo. Após este encontro houve reunião na Hyogo Judô Federation, onde a delegação paranaense foi recebida por Takahiro Fujiki, presidente da entidade, que após muita conversa e sugestões concordou em promover o intercâmbio entre os Estados coirmãos. Participaram ainda desta reunião Nobuharu Nishinaka, Hisao Marutani, Luciana Rosa Silva, Nobuyuki Nagata e Yukinori Shimura. Na quinta-feira, 18 de abril, o grupo visitou a Associação Nippaku de Kobe, onde foi recebido por Kuroda, que explicou de que forma os imigrantes japoneses que partiram para o Brasil saíram do país. Após esta sessão de história, houve outra reunião, com Hatiro Tourenji e Marina Matsubara, da comunidade brasileira de Kansai, em Kobe, que explicaram como funciona a comunidade no que diz respeito aos brasileiros que vivem no Japão.

Luiz Iwashita e professores são recepcionados por Toshizo Ido, Governador de Hyogo

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Dojô do Nippon Budokan, onde acontecia o campeonato japonês absoluto

À noite houve um jantar oferecido pela comitiva brasileira aos membros da Hyogo Judô Federation, e os brasileiros convidaram também as seguintes autoridades: Tanaka, diretor do HIA; Saito, presidente da HIA; Fujiki, presidente da federação; Nishinaka, vice-presidente da federação; e Torenji, presidente da imigração de Hyogo. Nas companhias de Fujiki e Nishinaka, na sexta-feira o grupo visitou a cidade de Himeji, situada a 80 km de Kobe, onde conheceram o Hyogo Prefectual Budokan Gymnasium. A recepção foi feita por Toshiyuki Katayama, que mostrou aos visitantes toda a estrutura do gigantesco complexo desportivo, localizado dento do Himeji Municipal Ballpark. Antes de regres-

sar à cidade de Kobe, a comitiva visitou o castelo de Himeji. Na volta visitaram o Kobe Kokusai Koto Gakko Judô Bu, onde assistiram ao treinamento dos atletas sub 15 e sub 18. Na sequência o grupo foi ao Konan Daigaku Judô Bu para ver o treinamento dos universitários, onde o grupo foi recebido pelo professor Shunsuke Yamasaki, kodansha 8º dan. O fim de semana foi inteiramente dedicado à cidade de Hiroshima, onde os brasileiros puderam conhecer de perto toda a devastação causada pelos ataques na Segunda Guerra Mundial. Na segunda-feira, 22 de abril, os brasileiros rumaram para Okayama, onde se encontraram com os professores Kazuyuki

Brasilleiros com grupo que faz apresentações de kobudô na Universidade de Okayama

Ariyoshi e Massakazu Ota, para traçar o cronograma da visita àquela cidade. No primeiro dia em Okayama visitaram a University of Science High School e se reuniram com Masaji Nishino, diretor geral, Kazuyuki, Massakazu e demais professores da instituição de ensino, quando Luiz Iwashita afirmou que o Paraná tinha intenção de reativar o intercâmbio existente no passado. A direção da universidade expôs que achavam que o Paraná havia desistido do programa, já que a FPrJ nunca mais havia feito contato. De concreto houve a promessa de estudarem a nova proposta de reativação da parceria. Participaram desta reunião Fumitsugu Otsuki, Hideyoshi Kurose, Makiko Yamada, Hiromitsu Tsuboi, Inden e Uzumi Yoshiaki,


Na quarta-feira, 24 de abril, o grupo visitou a academia de judô da Okayama University of Science High School, onde os brasileiros foram recebidos pelos professores Hiromitsu Tsuboi e Arioshi. A comitiva pôde acompanhar o treinamento dos alunos do segundo grau. Bastante otimista, Luiz Iwhasita espera poder enviar alunos para esta instituição de ensino. “Saí bastante otimista deste encontro e penso que poderemos enviar atletas na faixa de 15 a 17 anos para treinamentos nesta entidade.” Finalmente, no dia 25 de abril houve a esperada viagem a Tenri, onde está a famosa Universidade de Tenri. Lá o presidente da Federação de Hyogo esperava os brasileiros que seriam apresentados por ele ao responsável pela instituição de ensino. Luiz Iwashita contou como foi esta experiência. “Chegando lá, assistimos a um treinamento com aproximadamente 150 judocas, e depois fomos apresentados aos professores Luiz Iwashita com o tricampeão olímpico Tadahiro Nomura

Masaki e Fujii Shouzou, ambos campões olímpicos e mundiais, técnicos da equipe de judô da escola, sendo que Shouzou é o atual presidente da federação de judô da província de Nara. Após o treino, convidamos os técnicos para jantar e, na oportunidade, o professor Fujii afirmou que existe a possibilidade de os judocas do Paraná treinarem com os seus atletas.” Antes de embarcar para Tóquio, os brasileiros puderam ainda conhecer o Templo do Tenri Kyo e as academias de vários colégios de Tenri. No dia 28 de abril, já em Tóquio, houve a tradicional visita ao Instituto Kodokan de Judô, no bairro de Suidobashi, onde a comitiva brasileira assistiu ao campeonato nacional de kodanshas e apresentação de katas. Após o campeonato, o grupo visitou a primeira academia da Kodokan, no bairro de Eichogi, fundada pelo professor Jigoro Kano em 1882, que atualmente é um templo. No dia 29, o último no Japão, o grupo visitou o Nippon Budokan, onde o grupo assistiu ao Campeonato Japonês Absoluto. Recebida por Shinro Fujita, diretor do departamento internacional do Instituto Kodokan de Judô, a comitiva paranaense conheceu toda a história e a tradição do Nippon Budokan. Fazendo um balanço geral, Luiz Iwashita explicou os principais motivos da viagem. “Na verdade, no passado foram firmados alguns acordos entre a FPrJ e algumas instituições e entidades esportivas do Japão, mas não chegaram a ser concretizados.

Voltamos ao Japão justamente com o objetivo de resgatar aquelas parcerias, pois entendemos que o judô paranaense só tem a ganhar com isso. Nossa proposta é abrir as portas do Japão para os judocas do Paraná que queiram conhecer aquela cultura e para aqueles que queiram aperfeiçoar seu judô.” Bastante otimista o dirigente falou sobre as possibilidades surgidas. “Acredito que firmaremos alguns acordos e, em especial, com a Província de Hyogo, que tradicionalmente mantém certo grau de irmandade com Estado do Paraná. Temos certeza de que estabeleceremos convênios com eles.” Sobre a probabilidade de os acordos colaborarem para o desenvolvimento técnico do judô paranaense, Luiz Iwashita mostrou-se bastante otimista. “Tenho certeza de que firmaremos várias formas de parceria e ajuda mútua. Sobre a questão técnica, a ida de professores ao Japão vai somar no crescimento do judô do Paraná sim, principalmente a bolsa que recebemos da Província de Hyogo, por meio da qual poderemos enviar professores para fazerem estágio técnico. Cada professor que for ao Japão vai transmitir tudo que aprender lá aos demais instrutores do Estado, seja na metodologia de ensino, seja no treinamento ou nos fundamentos técnicos.” No campo da gestão esportiva, sensei Iwashita afirmou que também pôde tirar bastante proveito. “A viagem rendeu muito sobre organização e gestão. Em uma das oportunidades que tivemos de visitar o ginásio da Budokan de Himeji, fomos

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recebidos pelos dirigentes e conhecemos os locais de treinamento de vários tipos de artes marciais. Entre outras coisas, nos ensinaram uma forma diferente de montar o shiai-jô, pois lá é tudo mecanizado. Eles desenvolvem formas diferentes de gestão, mas basicamente fundamentam o planejamento paralelamente aos ensinos fundamental e superior.” O dirigente finalizou destacando as coisas que mais o impressionaram no Japão. “Quando viajamos para outro país, involuntariamente submergimos em outra cultura e somos invadidos por costumes distintos, mas o Japão é surpreendente. Esta foi uma experiência fantástica, em que pudemos conhecer muitos costumes. Particularmente fiz também uma viagem à minha origem e aos meus antepassados, mas, como já disse, o Japão transcende tudo e possui aspectos culturais surpreendentes, entre os

quais destaco a educação, a organização, o respeito que lá está em primeiro lugar, a racionalização e a cordialidade.” Outro membro da comitiva que foi ao Japão e deu seu depoimento à Revista Budô foi Daniel Laurindo, empresário e diretor da Indústria de Kimonos Yama, para quem a viagem atingiu todos os objetivos propostos. “Tudo deu certo, e acredito que os resultados obtidos superaram nossas expectativas. Tivemos contato com a história, com a arte e a cultura moderna do Japão. No âmbito do judô contatamos autoridades, atletas de ponta, grandes técnicos e dirigentes. Atravessamos o Japão, e a cada novo dia aprendíamos uma nova lição.” Antes de viajar o diretor da Yama Kimonos disse que pretendia conhecer um pouco mais da cultura japonesa, e na volta se disse impressionado com o que vivenciou no país do sol nascente. “Fomos todos

muito bem recebidos e tivemos tratamento diferenciado e cordial. Mas notei que esta é a forma como eles tratam e recebem a todos. O povo japonês é extremamente receptivo e hospitaleiro. É assim que trata seus convidados e visitantes. A educação dos japoneses é algo impensável no Ocidente, e tudo isso me fez repensar sobre certos valores que cultuamos. A experiência de viver a cultura japonesa, ainda que por um curto espaço de tempo, foi extremamente enriquecedora e importante.” Outra meta traçada pelo empresário curitibano antes do embarque foi conhecer mais sobre a origem do judô, e mais uma vez Daniel se mostrou satisfeito e surpreso com tudo que viu. “Conhecer dojôs e escolas de judô em Tenri e Kobe, a Budokan, em Himeji, e a Kodokan, em Tóquio, foi indescritível. Fomos ao campeonato aberto japonês, e viver esta experiência em Tóquio

Sensei Fuziki, presidente da Federação de Judô de Hyogo levou os professores brasileiros ao Luiz Iwashita ao lado do monumento de Jigoro Kano, em Tóquio Dojô da Universidade de Tenri, onde foram recebidos pelos campeões mundiais e olímpicos Fujii Shouzou, Tadahiro Nomura e Massaki

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Vista parcial do edifício do Kodokan em Tóquio

foi a realização de um sonho antigo.” No tocante à área empresarial Daniel disse que o giro pelo Japão agregará qualidade e precipitará mais negócios para sua empresa. “Conhecer a forma japonesa de fazer negócios, bem como a maneira de operar de algumas empresas do segmento de artes marciais, nos motivou a desenvolver novos produtos e dar maior atenção ao atendimento e à qualidade. Tudo isso são processos que buscaremos colocar em prática.” A respeito dos acordos firmados, o empresário mostrou-se bastante otimista. “Tenho esperança de que o sensei Iwashita conseguirá implementar grande parte daquilo que foi oferecido pelos dirigentes

japoneses. Espero que os contatos feitos no Japão possam gerar resultados para nossos professores e atletas. Mas temos de estar unidos em torno destas propostas e projetos, e trabalhar de forma objetiva pela busca dos resultados que todos nós pretendemos e buscamos para o Paraná.” E quem tirou mais proveito nesta jornada, o empresário ou o judoca? Daniel foi enfático: os dois aproveitaram ao máximo tudo que viram e viveram. “Meu maior objetivo era conhecer a cultura japonesa como um todo. Aprender como um país devastado por uma guerra se reergueu e tornou-se uma das maiores potências do mundo, sendo hoje um dos maiores exemplos de desenvolvimento e organização. Para mim

o Japão antes da viagem era um grande mistério. Hoje é meu maior exemplo de cultura e civismo.” O empresário finalizou agradecendo aos amigos que o auxiliaram nesta visita ao Japão. “Esta viagem foi fantástica, e poder viver esta experiência foi muito bom. Em nosso meio há uma curiosidade enorme sobre o Japão e seu judô. Viver a cultura japonesa, comer sua comida e tentar comunicar-me com meus amigos japoneses foi altamente desafiador. Não posso deixar de agradecer aos meus amigos Makoto Yamaguchi, Luiz Iwashita e Carlos Kussumoto, pela companhia e a oportunidade de vivenciar esta grande experiência.”

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Realização

Chancela

Apoio

PARANÁ VENCE CAMPEONATO SUL-SUDESTE DE KARATÊ-DÔ TRADICIONAL

São José dos Pinhais (PR) - A Confederação Brasileira de Karatê-Dô Tradicional (CBKT) realizou em parceria com a Federação Paranaense de Karatê-Dô Tradicional (FKTPr) a quinta edição do Campeonato Sul-Sudeste de Karatê-dô Tradicional. O evento que abriu oficialmente o calendário de competições da CBTK realizou-se nos dias 25 e 26 de maio, das dependências do Centro de Esporte e Lazer Ney Braga, em São José dos Pinhais (PR). A competição é preparatória para o campeonato brasileiro e recebeu aproximadamente 200 atletas vindos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Paraná.

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O ponto alto do evento foi a homenagem feita pela diretoria da FKTPr ao shihan Tasuke Watanabe, primeiro campeão mundial de karatê-dô, que atualmente é consultor técnico da CBKT. Shihan Watanabe fui presenteado com um tantô feito pelo katana kaji Edson Suemitsu, experiente armeiro especializado na confecção de katanas, tantôs, daitôs e demais tipos de espadas e facas orientais. Outro fato marcante foi a presença da equipe fluminense, que levou ao Paraná a elite do karatê daquele Estado. A quinta edição do Sul-Sudeste marcou também a volta de Santa Catarina às competições nacionais da modalidade.


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O evento contou com a presença de Thiago Fernando Bührer, secretário de Esporte e Lazer da Prefeitura de São José dos Pinhais, importante parceira do karatê-dô tradicional paranaense, além de diversas autoridades esportivas. Entre elas estavam Gilberto Gaertner, presidente da CBKT; Sérgio Bastos, vice-presidente e diretor técnico da CBKT; Antônio Walger, presidente da FKTPr; Eduardo Santos, presidente da FKTRJ; Ademar Rulenski, presidente da FCKT; Alfredo Aires, diretor de eventos da CBKT; José Humberto de Souza, diretor de arbitragem da CBKT; Ugo Arrigoni, diretor de graduações da CBKT; Nelson Santi, coordenador de seleções da CBKT; Guilherme Carollo, diretor de projetos socioeducativos da CBKT; Antônio Palú Filho, diretor jurídico da CBKT; Rui Marçal, diretor administrativo da CBKT; João Cruz, diretor secretário da CBKT; e Tasuke Watanabe, consultor técnico da CBKT. No sábado, três eventos precederam a abertura da competição das categorias menores. Primeiro houve o congresso técnico que definiu os detalhes da competição; na sequência, o curso técnico ministrado pelo shihan Tasuke Watanabe, que foi auxiliado pelos senseis Arai (PR), José Humberto (MT), Arrigoni (RJ) e Flávio (RJ), do qual participaram mais de 60 karatecas. Finalmente, houve a clínica de arbitragem ministrada pelo shihan José Humberto de Souza, auxiliado pelos shihans Sérgio Bastos e Ugo Arrigoni. José Humberto falou sobre o conteúdo de sua palestra. “Antes da competição, reunimos os árbitros e alguns atletas que quiseram assistir à revisão para o nivelamento dos árbitros. Fizemos uma abordagem geral de tudo que os árbitros devem observar para que consigamos obter um resultado satisfatório. Trabalhamos a avaliação do kihon ippon das crianças e do kata equipe e individual. Destacamos os pontos básicos que são: dinâmica corporal, força, forma e transição. Em seguida trabalhamos a avaliação e a padronização do kata para o fuku-go, e finalizamos com detalhes da avaliação do kumitê.” Nos tatamis vimos disputas de altíssimo nível no kata, kumitê, fuku-gô e en-bu. Como sempre, as competições de kata e o kumitê roubaram a cena e mostraram o excelente nível técnico dos atletas das mais variadas faixas etárias. Na contagem geral de pontos o Estado do Paraná foi o grande campeão. O Rio Grande do Sul, que foi ao Paraná com uma equipe composta por apenas 16 atletas, ficou em segundo lugar, e o Rio de Janeiro ficou em terceiro.

Dirigentes avaliam o certame Após algumas temporadas afastado do shiai-jô, Ademar Rulenski, faixa preta 4º dan, presidente da Federação Catarinense de Karatê-Dô Tradicional, retornou às competições e avaliou o certame positivamente. “Minha avaliação desta edição do Sul-Sudeste é muito boa. Vimos grandes mudanças no que diz respeito à organização e ao andamento da competição. Os atletas apresentaram excelente comportamento e a arbitragem foi impecável. Vimos que houve uma evolução acentuada em todas as áreas. Pudemos constatar em Curitiba que, mesmo após o falecimento do sensei Nishiyama, o grupo se mantém unido e cresce organizacionalmen-

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te e tecnicamente. Vimos também um número bastante elevado de participantes, e isso é gratificante. A CBKT está criando um ambiente bastante favorável, no sentido de aprimorar cada vez mais os princípios filosóficos de nossa modalidade.” O dirigente catarinense finalizou falando sobre o momento do tradicional em seu Estado. “O momento do karatê é de crescimento, pois até o ano passado tínhamos filiados apenas em Blumenau e Florianópolis. Esta situação impôs certa limitação, mas recentemente o sensei Robert criou mais uma escola em Joinville. Este novo núcleo envolve um grande projeto social, que está atraindo um número cada vez maior de praticantes em todas as faixas etárias. Esta importante iniciativa tem mostrado a outros professore catarinenses a abrangência, a seriedade e a diversidade que o tradicional possui. Temos certeza de que em pouco tempo Santa Catarina estará inserida na elite da modalidade em nosso País.” Para Eduardo Santos, presidente da Federação do Estado do Rio de Janeiro de Karatê-Dô Tradicional, os aspectos da arbitragem deveriam ser mais trabalhados e explorados nos cursos realizados pela CBKT. “Acho que precisamos dar mais atenção aos cursos. Deveríamos aproveitar oportunidades como esta para desembaraçar a arbitragem. Tenho uma admiração enorme pelo trabalho do professor José Humberto, mas acho que o sistema de arbitragem do karatê tradicional é um pouco confuso, e a compreensão total do sistema é de suma importância. Atualmente, até mesmo aqueles que são mais profundos dentro do karatê se confundem com a grande quantidade de regras e suas nuances.” Sensei Eduardo enfatizou a necessidade de definir previamente os temas que serão apresentados para evitar discussões que desvirtuem o foco das palestras. “Deve haver uma atenção maior nos cursos voltados para técnica, para que não se faça esse grande embaraço de discutir técnica, quando o curso é sobre arbitragem. Na discussão de aspectos sobre a nota que o árbitro vai dar, acaba-se discutindo se a posição do braço é da defesa ou do ataque. Estes são assuntos paralelos, que têm de ser discutidos em momentos apropriados e não quando o tema é arbitragem. Por mais subjetiva que seja a nossa regra, ela deve ser direta e clara. Destaco, como professor e acadêmico, que os cursos têm de ser plenos e com a devida responsabilidade do aquecimento até o cerimonial de encerramento. Já participei de mais de 25 brasileiros e vi cursos espetaculares. Vi cursos em que o professor Ugo Arrigoni falava de katas específicos de nível superior, e acho que estes temas precisam voltar. As pessoas precisam ver qualidade. Quem está puxando o aquecimento deve ser um professor formado, que saiba qual é a relação dos grupamentos musculares que serão exigidos dentro daquele curso, pois isso é de suma importância.” Sérgio Bastos, vice-presidente e diretor técnico da CBKT, destacou o baixo índice de acidentes da competição. “O evento transcorreu na mais perfeita ordem e felizmente não tivemos nenhum acidente grave. Preocupamo-nos muito com os acidentes, e felizmente não ocorreu nada mais grave. A qualidade técnica foi muito boa e isso mostra que os atletas já estão em fase de treinamento para o campeonato brasileiro. O objetivo principal das competições regionais é preparar as equipes para o torneio nacional e para os internacionais. Este ano te-

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remos o pan-americano, no qual certamente veremos muitos atletas que competiram aqui.” Para Gilberto Gaertner, presidente da CBKT, esta foi a melhor edição do Sul-Sudeste. “A primeira coisa a destacar é que nesta edição tivemos um aumento de 100% no número de atletas inscritos. Na verdade, este evento está sendo revitalizado, já que durante alguns anos deixamos de realizá-lo. Felizmente hoje vemos uma adesão muito maior de quase todos Estados destas regiões. A volta de Santa Catarina foi significativa e nos animou bastante;

o Rio de Janeiro também voltou com um grupo bem significativo e acho que esta foi uma das melhores participações do Rio no evento. O único aspecto negativo foi a ausência de São Paulo, que foi uma grande perda. Os paulistas sempre participam dos eventos, mesmo que limitadamente, e foi uma grande surpresa, mas este fato não interferiu no resultado geral do certame. A participação dos demais Estados da região foi brilhante. A volta de Santa Catarina e a participação bem maior do Rio de Janeiro e do Rio Grade o Sul fizeram com que esta fosse a melhor edição do Sul-Sudeste.”

O dirigente máximo do tradicional avaliou o nível técnico positivamente. “No tocante ao nível técnico minha avaliação é bastante positiva. Pudemos observar que a organização superou a expectativa e a competição teve um andamento muito bom. Não tivemos nenhum acidente e tudo transcorreu da melhor forma possível. Nosso departamento técnico atingiu um grau de operacionalidade muito bom e isso resulta no alto padrão de qualidade dos eventos da CBKT. A preparação das competições está sendo muito bem elaborada, bem como o gerenciamento do evento, que é feito pelo professor Sérgio Bastos. Árbitros, mesários e todos os envolvidos na arbitragem também trabalharam muito bem, e por tudo isso minha avaliação desta edição do Sul-Sudeste é a melhor possível.” Antônio Carlos Walger, presidente da Federação de Karatê-Dô do Paraná, destacou que a participação do Rio de Janeiro e de Santa Catarina foi o ponto alto da competição. “Duas coisas me deixaram muito feliz nesta edição do Sul-Sudeste: a primeira foi o fato de o Rio de Janeiro voltar a competir com força máxima. Eles sempre vieram com equipes mais modestas e este ano trouxeram grande parte da elite fluminense. Sabemos das dificuldades que todos enfrentaram para chegar até aqui, e isso mostra que os cariocas estão focados na busca de bons resultados. Outro fato marcante foi a volta de Santa Catarina, que também nos proporcionou imensa alegria, já que neste ano veio com uma boa equipe. O único fato negativo foi a ausência de São Paulo, um Estado coirmão que sempre participou dos eventos nacionais. Respeitamos muito toda a equipe paulista, mas não entendemos o por quê de não terem vindo, já que fizeram contato e pediram informações sobre a competição, mas não deram resposta. Lamentamos a ausência de São Paulo porque nosso propósito é fortalecer cada vez mais o grupo. Este é um evento regional e São Paulo está bem próximo de Curitiba. Não recebemos nenhuma justificativa e lamentamos muito, já que com a vinda da equipe paulista certamente bateríamos o recorde de participantes e a competitividade teria sido muito maior.” Para o dirigente paranaense, o certame atendeu aos propósitos estabelecidos e ratificou o crescimento da modalidade. “Minha avaliação final do evento foi bastante positiva, principalmente por termos dobrado o número de participantes. O Sul-Sudeste é um evento preparatório para o campeonato brasileiro, e nele os praticantes percebem em que têm de melhorar. Todos se reavaliam para o brasileiro. Fora isso, o evento transcorreu muito bem, não tivemos nenhum acidente e a arbitragem trabalhou muito bem. Esta edição comprova

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o excelente momento e o crescimento de nossa modalidade.” Antônio Walger finalizou agradecendo aos parceiros da FPrKT na competição. “Agradeço o apoio recebido da Prefeitura de São José dos Pinhais, que nos ofereceu toda a infraestrutura para a realização deste evento. Agradecemos ao prefeito de São José dos Pinhais, Luiz Carlos Setim, e ao secretário de Esporte e Lazer, Thiago Fernando Bührer. Faço outro agradecimento especial ao sensei Edson Sumitsu, que confeccionou o tantô (faca tradicional japonesa) que foi entregue ao mestre Watanabe. Senti-me honrado em poder premiar um dos maiores nomes do karatê-dô mundial. Fazemos um agradecimento especial à CBKT pela oportunidade de realizar este importante evento. Agradeço também à Revista Budô, que sempre nos prestigia com excelentes coberturas. Faço um agradecimento pessoal a toda a equipe que atuou no evento, que, mesmo não sendo muito grande, se empenhou na realização da competição.”

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CAMPEÕES E VICES POR CATEGORIA En-Bu Misto (até 13 anos)

1º - Daniel Carollo - PR

1º - Bruno Nogueira - RS

2º - Leonardo Brizotto - PR

1º - Daiana Antunes - RS

Kata Individual Masculino ano (16-17)

2º - Julia Allebrandt – PR

1º - Augusto Spessatto - RS

2º - Murilo Allebrandt - PR

2º - Vinicius Senger - PR

En-Bu Misto (14-17 anos)

Kata Individual Masculino Adulto

1º - Amanda Delgado - PR

1º - Vinicius Santana - PR

1º - Matheus Casagrande - PR

2º - Ricardo Luis Buzzi – PR

2º - Maicon Vedana - RS

Kumitê Equipe Feminino

2º - Yoshimi Katagiri – RS

1º - Cristiane J. Babinski - RS

Fuku-Go Individual Adulto

1º - Emanuela Lopes - RS

1º - Suellen de Souza - PR

1º - Hannah Aires - RS

1º - Walkyria Vilas Boas – PR

1º - Manuela Spessatto - RS

2º - Jayme Sandall - RJ

2º - Bruna Lee Cadena - RJ

2º - Vinicius Santana – RJ

2º - Natacha Marques - RJ

Kata Equipe Feminino (16-17)

2º - Rayanne Lins - RJ

1º - Ana L. Colleti - Isabela Okiishi - Giulia Monteiro - PR

2º - Vanessa de Brito - RJ

1º - André A. Kakuno - Daniel Carollo Gabriel Tatara – PR Kata Equipe Feminino Adulto 1º - Andrea Correia - Walkyria Vilas Boas Suellen de Souza - PR 2º - Cristiane J. Babinski - Hannah Aires Manuela Spessatto – RS Kata Equipe Masculino Adulto 1º - Ricardo L. Buzzi - Ruyter da Costa Vinicius Santana – PR

Kumitê Equipe Masculino 1º - Cleberson de Santi - PR 1º - Jean de Oliveira - PR 1º - Vinicius Santana - PR 1º - Ruyter da Costa - PR 2º - Ary Brandão - RJ 2º - Jayme Sandall - RJ 2º - Roberto M Junior - RJ 2º - José Renato de Castro - RJ

2º - Douglas H. Albano - Eduardo Debovi Miguel A. Santos - RS

Kumitê Individual Feminino (12-13 anos)

Kata Individual Feminino (10 e 11 anos)

2º - Fernanda Koller – PR

1º - Vitória de Carvalho - PR

Kumitê Individual Feminino (14-15)

2º - Rebeca de Carvalho – PR

1º - Chaiane Soares - PR

Kata Individual Feminino (12 e 13 anos)

2º - Jennifer G. Peres – PR

1º -Aline Ternoski - PR

Kumitê Individual Feminino (16-17)

2º - Sandy Pereira – PR

1º - Amanda Delgado - PR

Kata Individual Feminino (14-15)

2º - Yoshimi Katagiri – RS

1º - Thais Casagrande – PR

Kumitê Individual Feminino (18 anos acima)

2º - Jennifer G. Ribeiro - PR

1º - Suellen de Souza - PR

Kata Individual Feminino (16-17)

2º - Hannah Aires – RS

1º - Amanda Delgado - PR

Kumitê Individual Masculino (12-13 anos)

2º - Ana L. Colleti – PR

1º - Thomaz Frassá - RS

Kata Individual Feminino Adulto

2º - André Kakuno – PR

1º - Walkyria Vilas Boas - PR

Kumitê Individual Masculino (14-15)

2º - Manuela Spessatto - RS

1º - João P. Marques - PR

Kata Individual Masculino (8 e 9 anos)

2º - Daniel Carollo – PR

1º - Jitaro Matsumoto - PR

Kumitê Individual Masculino (16-17)

2º - Natan Matsumoto - PR

1º - Lucas Akira Kakuno - PR

Kata Individual Masculino (10 e 11 anos)

2º - Augusto Spessatto – RS

1º - Murilo Allebrandt - PR

Kumitê Individual Masculino (18-21 anos)

2º - Irineu Matsumoto – PR

1º - Gabriel Carollo - PR

Kata Individual Masculino (12 e 13 anos)

2º - Lucas Tatara Huy - PR

1º - Thomaz Frassá - RS

Kumitê Individual Masculino (22 anos acima)

1º - André A. Kakuno – PR

1º - Vinicius Santana - PR

Kata Individual Masculino (14-15)

2º - Jean Oliveira - PR

1º - Aline Ternoski Brol - PR

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FLORESTA ATLÉTICO CLUBE

PROMOVE MAIS UMA GRANDE FESTA Amparo (SP) – Por meio de mais uma parceria com a Federação Paulista de Judô, o Floresta Atlético Clube realizou dois grandes eventos que primaram pela organização, disciplina e respeito aos participantes. Ambos foram realizados no ginásio poliesportivo do Floresta Atlético Clube, sendo o primeiro no dia 15 de junho, quando houve o Campeonato Paulista Grand Master e Kata, e o segundo no dia 16 de junho, o 17º Torneio de Judô do Floresta Atlético Clube. Para o professor Admir Nora, 4º dan, o grande anfitrião amparense, o resultado prático da competição justifica toda a responsabilidade que eventos deste porte demandam. “Para nós, professores, a realização de um evento desta magnitude é sempre um desafio e uma responsabilidade enorme, já que a cada ano os certames do calendário paulista crescem na organização e na qualidade. Mas o resultado prático de cada competição acaba justificando todo o esforço despendido.” O diretor do departamento de judô do Clube Floresta destacou ainda que na modalidade imperam a disciplina e o respeito. “Temos enorme prazer em sediar competições máster, pois elas são revestidas de outros valores. A maior parte dos competidores é constituída por grandes mestres e até kodanshas, que demonstram o conhecimento e a sabedoria que possuem, por meio de um esporte em que imperam a disciplina, o respeito e a educação.” A mesa de trabalhos foi composta por várias autoridades políticas e esportivas, entre as quais Alessandro Panitz Puglia, presidente

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Professor Ademir Nora discursa na cerimônia de abertura

da FPJ; Francisco de Carvalho Filho, vice-presidente da CBJ; Celso de Almeida Leite, delegado regional da FPJ; Joji Kimura, diretor técnico da FPJ; Roberto Bragiatto, diretor de esportes do Floresta A. C.; Antônio Hélio Favoretto, secretário municipal de Esporte de Amparo; e os professores do clube Admir Nora e Fábio Oliveira Nora. A abertura do evento foi marcada pelo belíssimo desfile dos atletas, e após a execução do Hino Nacional deu-se início a mais um campeonato que ficará marcado na memória de cada participante. Na competição máster o Floresta Atlético Clube esteve representado pelos professores Gilberto Ferreira de Oliveira e Fábio Nora, que conquistou a medalha de bronze em sua categoria.

17º Torneio do Floresta Atlético Clube No domingo houve a 17ª edição do Torneio de Judô do Floresta Atlético Clube, que contou com a participação de 38 associações e mais de 600 atletas. A competição foi marcada pelo alto nível técnico dos atletas. Pela primeira vez foi utilizado o sistema de vídeo replay nas seis áreas da competição, um recurso tecnológico que vem agregar garantia de decisões corretas e imediatas nos combates, auxiliando em caso de dúvidas nas decisões dos árbitros, em benefício dos participantes. Na abertura da competição os professores Admir Nora e Fábio Oliveira Nora agradeceram aos atletas, pais e a todos que de


alguma forma colaboraram para o sucesso do evento. “Acreditamos no esporte como ferramenta de desenvolvimento social, e por isso nos empenhamos em promover mais uma edição deste tradicional evento esportivo. Agradecemos a todos que acreditaram na seriedade de nosso trabalho e vieram até Amparo para participar de nossa competição. Tenho certeza de que juntos estamos promovendo o esporte e contribuindo na formação de uma sociedade mais justa e sadia. Queremos também agradecer o apoio da Secretaria Municipal de Esportes e das empresas Universo Assessoria Contábil, Química Amparo Laboraves, Supermercados Daólio/Unidos, Brunhara Frutas, Dil, Loja Poderoso Timão, Friamp, Farmácia Popular, Herrero Representações, DGPRAM Informática, Águas Bioleve, Fujipan, Brasil Nutrition Suplementos Alimentares, Buffet A Colmeia e Associação Comercial e Empresarial de Amparo”, disse Admir Nora.

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Por Luiz Aquino Fotos Flavio Sampaio Siqueira

NOVO FORMATO INCENDEIA O

PAULISTA SUB 18 E SUB 21 POR PAULO

PINTO |

FOTOS REVISA

BUDÔ

Mesmo sem contar com atletas que competiam na Europa, defendendo a seleção brasileira, o judô paulista mostrou excelente nível técnico em competição bastante disputada.

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Joji Kimura

Os sensei Paulo Duarte e Uishiro Umakakeba

Nilo Guimarães

Rogério Sampaio, Valdir Melero e Adib Bittar Júnior

Alessandro Puglia entregando a camisa da FPJ a Clovis Volpi

Clovis Volpi

Clovis Volpi, Rubens Perereira e Edson Puglia

José Jantália

Marcos Furlan e Nilo Guimarães

Francisco de Carvalho e Clovis Volpi

Alessandro Puglia

Francisco de Carvalho

Marcos Furlan

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Mogi das Cruzes (SP) - Localizada na região metropolitana de São Paulo e um dos principais berços do judô verde e amarelo, a cidade de Mogi das Cruzes sediou o Campeonato Paulista das classes sub 18 e sub 21. A competição que abriu o calendário estadual da temporada 2013 teve a participação de 558 atletas, dos quais 312 inscritos na competição sub 18 e 246, na sub 21. Para chegar a esta competição os judocas tiveram de disputar as seletivas regionais e estaduais realizadas pelas 16 delegacias regionais do Estado de São Paulo. Os 32 campeões das categorias em disputa compuseram as seleções sub 18 e sub 21 que representaram São Paulo nos campeonatos brasileiros destas categorias. A competição realizou-se no dia 27 de abril, no Ginásio de Esportes de Mogi das Cruzes, uma das arenas esportivas mais modernas de todo o Estado, e para promover este evento a Federação Paulista de Judô (FPJ) recebeu importante apoio da Prefeitura de Mogi das Cruzes e do governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude. Várias autoridades políticas e esportivas participaram da abertura oficial da competição, entre elas Nilo Martins Guimarães, secretário municipal de Esporte e Lazer de Mogi das Cruzes; Marcos Furlan, vereador e presidente da Federação de Karatê Kiokushin Oyama do Estado de São Paulo; Clóvis Volpi, secretário adjunto de Esporte e Lazer do Estado de São Paulo; Alessandro Puglia, presidente da FPJ; Francisco de Carvalho, vice-presidente da CBJ; José da Costa Cabral, presidente da Federação de Judô do Estado de Alagoas; Joji Kimura, diretor técnico da FPJ e delegado da 10ª Delegacia Regional Central; e Valdir Melero e Adib Bittar Júnior, do departamento financeiro da FPJ. Compuseram também a mesa gestora vários delegados re-

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gionais, kodanshas, os medalhistas olímpicos Rogério Sampaio e Henrique Guimarães, e renomados professores, como Paulino Namie, Paulo Duarte e Uishiro Umakakeba. Na abertura, o presidente da Federação Paulista de Judô destacou a importância da realização do evento e a oportunidade para o surgimento de novos valores, não só para o judô de São Paulo, mas também para o judô brasileiro. Nilo Guimarães, secretário de Esportes e Lazer de Mogi das Cruzes, ex-atleta olímpico de basquete, ressaltou o orgulho da cidade em estar recebendo atletas de todo o Estado na realização desta competição. “Estamos muito felizes por sediar este evento, pois o judô faz parte da cultura e da tradição de nossa cidade, que tem uma colônia japonesa enorme. Temos aqui um grande líder dos tatamis, o sensei Paulino Namie, que desenvolve um trabalho gigantesco nos tatamis. Mogi é um dos berços do judô brasileiro, e nossa relação com a modalidade é tão grande que acabamos de nos cadastrar



no programa do governo federal visando à criação de um centro de iniciação esportiva para o judô. Apesar de toda a nossa intimidade com a modalidade, paradoxalmente jamais Mogi das Cruzes havia sediado uma edição do campeonato paulista, e estamos muito orgulhosos porque resgatamos nossa tradição nos tatamis. Sabemos que esta é uma competição muito importante e agradecemos à diretoria da FPJ, que apoiou nossa candidatura.” Outro depoimento importantíssimo foi o do vereador karateca Marcos Furlan, que elogiou a FPJ por proporcionar ao município a realização da competição. “Minha origem está nos tatamis, e sempre que é possível acompanho uma competição que envolva artes marciais. Sou vice-campeão mundial de karatê Kyokushin, em competição realizada em 1998, em Paris. Em 1997 conquistei o vice-campeonato pan-americano, em Nova York; sou bicampeão sul-americano e minha vestimenta preferida é o kimono.” O vereador, que também é presidente da Federação Paulista de Karatê, avaliou a realização desta competição em Mogi das Cruzes. “O judô brasileiro vive um momento mágico e de grande ascensão. O judô é um esporte consolidado no Brasil. É uma arte marcial e ao mesmo um esporte olímpico que já está enraizado em

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nossa cultura. Todo mundo quer ver o judô nas Olimpíadas, e trazer o campeonato paulista para nossa cidade faz com que os jovens mogianos se espelhem nos atletas que aqui estão, comecem a praticar a modalidade e passem a ter novo conceito de vida, pois o judô realmente promove mudanças.” Marcos Furlan finalizou destacando sua proposta para o desporto mogiano. “Minha proposta para Mogi é criar uma lei de incentivo ao esporte, uma lei municipal em que o contribuinte receba isenção do IPTU, destinando o recurso totalmente ao esporte. Dentro disso, a Secretaria de Esportes desenvolverá programas de incentivo à massificação dos esportes de luta e outras modalidades.” Para Clóvis Volpi, secretário adjunto de Esporte e Lazer do Estado de São Paulo, o judô é uma das principais referências olímpicas do desporto paulista. “Participar da abertura de uma competição com quase 600 judocas é realmente uma experiência fantástica. O judô é uma das principais referências olímpicas do desporto em nosso Estado. Quando pensamos em olimpismo, temos sempre o judô como espelho. Além de estar enraizado na cultura paulistana, o judô é de fato uma das modalidades de rendimento que mais medalhas conquistam para o Brasil, e aqui em Mogi estamos tendo uma pequena


mostra do gigantismo desta modalidade.” Além da excelente cobertura feita pelo site Judô ao Vivo, a competição contou ainda com a cobertura das revistas Budô e Spirit of Judo. A locução do evento ficou a cargo dos mestres de cerimônia José Jantália e Luiz Aquino. Toda a equipe da 10ª Delegacia Regional Central desenvolveu excelente trabalho, e a competição teve um desenvolvimento acima do esperado.

Novo formato muda a dinâmica da competição A diretoria técnica da FPJ inovou ao mudar totalmente o formato de disputa, e com isso promoveu uma das competições mais emocionantes de São Paulo. Na verdade, Joji Kimura adotou um sistema bastante parecido com o utilizado pela Confederação Brasileira de Judô, no qual a disputa das medalhas se faz de forma isolada, porém com certas peculiaridades que só o judô paulista pode desenvolver. O sistema de disputa da CBJ é bastante interessante: embalados por um som geralmente eletrônico, seis atletas de uma mesma categoria de peso lutam simultaneamente pelas medalhas de ouro, prata e bronze, o que dá grande dinâmica à competição. Entretanto, a fórmula adotada pela diretoria técnica da FPJ é muito mais emocionante e leva literalmente o ginásio inteiro à lou-

cura, com a realização simultânea de oito finais. É algo realmente gigantesco. Quando os combates começam, toda a plateia vibra e grita muito. Cada espectador torce por seus judocas, fazendo enorme pressão. É realmente bastante emocionante e vibrante, pois os campeões vão surgindo um após outro, causando um êxtase geral em função da vibração que se apossa de todo o público. Desta forma, após quase oito horas de competição, em menos de 15 minutos são conhecidos todos campeões de cada classe. Nota 10 para os dirigentes paulistas, que inovaram e impuseram enorme dinâmica à competição.

Nos tatamis o clima incendiou Se fora dos tatamis o evento transcorreu em altíssimo nível, nos tatamis a coisa foi ainda melhor. Foram dezenas de ippons, além de muita garra e determinação. A cada ano a competitividade aumenta e projeta o judô paulista a níveis mais elevados. Grandes nomes das classes sub 18 e sub 21 marcaram presença nas oito áreas montadas em Mogi, e literalmente o pau comeu. Foram oito horas de judô para se conhecerem os primeiros campeões paulistas da temporada 2013. Mesmo sem contar com vários atletas que competiam pela seleção brasileira no circuito europeu, o Campeonato Paulista Sub 18 e Sub 23 revelou talentos e a força da renovação promovida graças ao excelente trabalho realizado pelos professores paulistas.

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Na categoria sub 18 feminino vimos total equilíbrio, com sete agremiações subindo ao lugar mais alto do pódio. O destaque foi o Palmeiras/Mogi, que ficou com duas medalhas de ouro. Já no masculino o Palmeiras/Mogi mostrou maior domínio do pódio, com três medalhas de ouro e uma de bronze. O Esporte Clube Pinheiros levou uma de ouro, duas de prata e uma de bronze. Com um ouro e um bronze, o Sport Club Corinthians ficou com a terceira colocação. Na categoria sub 21 feminino, domínio do E. C. Pinheiros, que levou três medalhas de ouro, uma de prata e outra de bronze. O SESI ficou em segundo lugar, conquistando dois ouros e um bronze. O masculino foi bastante peculiar, com apenas cinco agremiações conquistando o ouro, mas foi o Esporte Clube Pinheiros que ficou em primeiro lugar, por somar dois ouros e três bronzes. Com dois ouros e dois bronzes, o Palmeiras/Mogi ficou em segundo lugar, e a Associação Desportiva São Caetano ficou em terceiro, com dois ouros e um bronze. Clube Paineiras do Morumby e Clube Concórdia/Omega Academia também conquistaram uma de ouro no sub 21. Destaque para duas finais que reuniram Palmeiras/Mogi e Tênis Clube de São José dos Campos nas categorias super-ligeiro e meio-leve. A parceria Palmeiras/Mogi levou a melhor nas duas categorias, ficando com duas medalhas de bronze, além das duas de ouro. Houve alguns destaques individuais, como Karoline Gonzalez Barbeirotti, da Associação de Judô Rogério Sampaio, que precisou superar a dor de contusão muscular e uma recuperação cirúrgica para vencer na categoria sub 18 médio. No sub 21 feminino, destaque para a equilibrada final que reuniu duas promessas do judô de base brasileiro: melhor para Gabriela Shinobu Chibana sobre Águeda Cristina de Arruda Silva. No masculino sub 18, destaque individual para outra promessa: Tácio Henrique Bráulio Santos, do Palmeiras/Mogi, que mostrou muita técnica para superar seus adversários.

Japa estiloso fortalece o Palmeiras/Mogi Entre os presentes surgiu um japonesinho desconhecido que levava no judogi a logomarca do Palmeiras. Bastante estiloso, chamou nossa atenção e a Budô foi atrás da fera que enfileirou e jogou quase todos os adversários de ippon. Descobrimos que se trata de um gaijin que resolveu voltar para o Brasil para aprimorar seu judô e realizar o sonho de um dia representar seu País numa Olimpíada. “Meu nome é Marcelo Kenji Fuzita, tenho 18 anos, sou meio-leve do sub 21, peso 66 kg e faixa marrom. Fui morar no Japão com minha família aos 7 anos e desde os 8 anos faço judô na Academia Barbosa, em Hamamatsu. Hoje a escola mudou de nome e chama-se Shinowe Judô Clube.” O tokui-waza de Kenji é o seoi-nage, que faz com extrema habilidade e aquele jeitinho japa que só eles têm. Perguntamos se havia voltado com sua família, e de forma sincera e muito objetiva nos explicou porque está no Brasil. “Não, eu vim sozinho. Voltei para lutar no Brasil e pelo meu País. Não faz nem um mês que cheguei, mas assim que me acomodei conversei com os professores do Palmeiras/Mogi e eles conseguiram uma bolsa para eu treinar e defender a equipe. Estou no Projeto Futuro representando o Palmeiras/Mogi e muito feliz por estar realizando um sonho que acalento por muitos anos. Está valendo a pena porque o judô aqui também é muito forte. No Japão eles são mais técnicos, mas aqui estou tendo a oportunidade de estudar muito mais o judô e aprender com os atletas que também são muito fortes e técnicos.” Kenji agora está acabando de arrumar toda a documentação e no segundo semestre volta a estudar e com isso poderá dedicar-se exclusivamente ao judô e ao estudo.

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“Volto a estudar no segundo semestre, porque ainda estou arrumando meus documentos, que estão desatualizados. Pretendo fazer faculdade e aprimorar mais meu judô para entrar numa seleção brasileira, que é meu grande sonho. O Japão é lindo, mas meu País é o Brasil e é ele que quero defender.”

Dirigentes avaliam certame O diretor técnico da Federação Paulista de Judô, Joji Kimura, ressaltou o excelente nível técnico da competição e o creditou em boa parte à mudança da regra. “Apesar de as mudanças na regra serem recentes, o que se viu hoje aqui foi a busca dos atletas pelo ippon, elevando o nível técnico das lutas.” Satisfeito com a organização, Joji quer repetir a fórmula nos próximos campeonatos paulistas. Para o presidente da Federação Paulista, Alessandro Puglia, o resultado não surpreendeu: “Sabíamos que mesmo sem os atletas que estão no exterior o nível seria excelente pelo grande momento técnico que estamos atravessando”. Alessandro confia na boa participação dos atletas no Campeonato Brasileiro, que será realizado em Salvador, e destaca o apoio da Adidas, patrocinadora oficial do judô de São Paulo: “Os atletas que irão representar o Estado receberão kimonos, camisas e bolsa para todos apresentarem-se uniformizados e organizados no evento. Isso vai ocorrer graças à parceria entre a FPJ e a MKS/Adidas pelo segundo ano consecutivo”. Francisco de Carvalho elogiou novo formato. “Ficamos muito impressionados com o novo formato adotado e nos surpreendemos com a vibração da torcida. A sinergia entre os tatamis e a arquibancada foi emocionante e mostrou um novo caminho para atletas e dirigentes. Cumprimento toda a equipe técnica por esta grande ideia.”

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CLASSIFICAÇÃO INDIVIDUAL Sub 18 Feminino

Sub 21 Feminino

Sub 18 masculino

Sub 21 Masculino

Super-ligeiro

Super-ligeiro

Super-ligeiro

Super-ligeiro

1º Karen Kuwabara - Assoc. Amaro

1º Amélia Souza - Semel Lins/ Morimoto

1º Felipe Chibana - S. C. Corinthians

1º Vitor Oliveira Torrente - Palmeiras/Mogi

2º Caroline da Costa - Rio Preto A. C.

2º Bianca Paiva - Concórdia/Omega

2º Bruno Cesar Watanabe - São João T. C.

2º Luiz de Lima - Tênis Clube S. J. C.

3º Maria Sara Cavalcante - T. Clube S. J. C.

3º Maria Jasmim Pinheiro - Hebraica SP

3º Jonathan Bauer Freitas - SESI - SP

3º Gabriel Moreira - Palmeiras/Mogi

3º Karla Aryana Souza - Assoc. Nery

3º Lívia Emi Yamashita - Assoc. Vila Sônia

3º Mike Silva Pinheiro - São João T. C.

3º Diego Alexandre Rocha - SESI - SP

Ligeiro

Ligeiro

Ligeiro

Ligeiro

1º Bianca Paiva - Concórdia/Omega

1º Gabriela Chibana - E. C. Pinheiros

1º Tacio H. Santos - Palmeiras/Mogi

1º Mike Chibana - E. C. Pinheiros

2º Maria Jasmim Pinheiro - Hebraica SP

2º Agueda C. de Arruda - São João T. C.

2º Guilherme A. Nascimento - SESI - SP

2º Murilo Jaqueti –A. Barão de Mauá

3º Maria S. Cavalcante - T. Clube S. J. C.

3º Jessica Neves - E. C. Pinheiros

3º Ronin Lins Rocha - S. C. Corinthians

3º Vitor Hugo Carvalho - Palmeiras/Mogi

3º Larissa V. Teixeira - A. Rogério Sampaio

3º Luana Mendes - Tênis Clube S. J. C.

3º Igor Maximiano - A. D. C Santana Pedreira

3º Weverton Facundo - Assoc. Kiai Kam

Meio-leve

Meio Leve

Meio-leve

Meio-leve

1º Gabriela Clemente - Palmeiras/Mogi

1º Rebeka I. Santos - E. C. Pinheiros

1º Lucas Siqueira - Tênis Clube S. J. C.

1º Marcelo Fuzita - Palmeiras/Mogi

2º Catarina Machado - Harmonia

2º Thais Borges - Tênis Clube S. J. C.

2º Sergio J. Eugenio – Assoc. Belarmino

2º Lucas Godoy - Tênis Clube S. J. C.

3º Bruna H. Moreira - Assoc. Masters

3º Victoria Castilho - ADPM-Reg.S.J.C.

3º Caio Andreoli Fornari - E. C. Pinheiros

3º Breno Alessi dos Reis - Assoc. Hinode

3º Gabriele C. Soares - São João T. C.

3º Nathalia E. Costa - Assoc. Mauá

3º Bruno Matheus Viana – A. Registrense

3º Lucas Nascimento - SESI - SP

Leve

Leve

Leve

Leve

1º Paola M. Marques - A. D. São Caetano

1º Janaina F. Ferreira - SESI - SP

1º David Dias Lima - E. C. Pinheiros

1º Willian R. Pereira - Paineiras

2º Jessica Couto Lima - Tênis Clube S. J. C.

2º Priscila Kazue Asano - Judo Terazaki

2º Maxwell Washington Silva - SESI - SP

2º Daniel Saldanho - Seduc - P. Grande

3º Jessika C. Martins - Rio Preto A. C.

3º Ana Carolina Soares - UNIMES

3º Leonan M. Benedette - Assoc. Bushido

3º Yuri Takabatake - E. C. Pinheiros

3º Anne K. Macedo - São João T. C.

3º Amanda C. Valério - A. D. C Santana Pedreira

3º Michel Baptista - Palmeiras/Mogi

3º Felipe Nunes – Assoc. Batataense

Meio-médio

Meio-médio

Meio-médio

Meio-médio

1º Jeniffer Braz - E. C. Pinheiros

1º Alessa L. Bueno Souza - SESI - SP

1º Luis E. Ozeias - Palmeiras/Mogi

1º Jose C. Moraes Jr - A. D. São Caetano

2º Daise Locatelli - Paineiras

2º Paula Medrado - Rio Preto A. C.

2º Alecsander Medeiros - E. C. Pinheiros

2º Ricardo Serrão - SESI - SP

3º Joice Machado Braga - E. C. Pinheiros

3º Mayara Lisboa - Assoc. Mauá

3º Giuliano Machado Jr. - SESI - SP

3º Luiz F. Duarte - E. C. Pinheiros

3º Sabrina G. Araújo - Seduc - P. Grande

3º Laisa Oliveira - Assoc. Kiai Kam

3º Ronnie Gomes - Assoc. Bastos

3º Rafael Macedo - Tênis Clube S. J. C.

Médio

Médio

Médio

Médio

1º Karoline Barbeirotti - A. Rogério Sampaio

1º Agatha D. Pascoalino - E. C. Pinheiros

1º Wendel G. Ribeiro - Assoc. Bastos

1º Eduardo Gonçalves - A. D. São Caetano

2º Alana Uraguti - Paineiras

2º Anne C. Nogueira - Palmeiras/Mogi

2º Henrique Francini - E. C. Pinheiros

2º Argeu O. Neto – Assoc. Botucatuense

3º Karol Priscila Gimenez - Assoc. Bushido

3º Larissa C. Fornaro - Concórdia/Omega

3º Victor Luiz Correia - - SESI - SP

3º Henrique A. da Silva - E. C. Pinheiros

3º Paola Roberta Colodiano - SESI - SP

3º Tharrere Ap. Reis Silva - Judo Makoto

3º Guilherme Guimaraes - C. São Francisco

3º Eduardo Neto - A. D. São Caetano

Meio-pesado

Meio-pesado

Meio-pesado

Meio-pesado

1º Ello Anny Santos - Assoc. Bastos

1º Julia Von Ah - Cia Athletica Campinas

1º Leonardo Ribeiro - Palmeiras/Mogi

1º Gabriel Gouveia - E. C. Pinheiros

2º Pamella Barbosa - Assoc. Budokan

2º Thalia Cristina da Silva - Hebraica SP

2º Caíque Bento - São João T. C.

2º Pedro Froner - Fundesport - Araraquara

3º Elisa Caminaga - SESI - SP

3º Julia Cristina Araujo - SESI - SP

3º Luiz dos Santos - A. D. Centro Olímpico

3º Francisco Luan Lima - SESI - SP

3º Gabriela V. Fontes - SESI - SP

3º Leticia Ribeiro - SEJEL- Cotia

3º Glauber da Silva - Assoc. na Faixa

3º Lucas Santana - A.A.D. M. São Bernardo

Pesado

Pesado

Pesado

Pesado

1º Beatriz Rodrigues - Palmeiras/Mogi

1º Tainã Carolina Nery - A. D. São Caetano

1º Raul de Almeida - A. D. São Caetano

1º Victor Luis da Silva - Concórdia/Omega

2º Victoria Archina - C. A. Juventus

2º Kawanne Martins - E. C. Pinheiros

2º Victor Pereira - Assoc. Belarmino

2º Enricke Kanematsu – SEMEL Ribeirão Preto

3º Loraine Cristina Dias - Rio Preto A. C.

3º Juliete dos Santos - SEMEL Caraguatatuba

3º Cleber Machado - ADPM-Reg.S.J.C.

3º Romulo Ferraz Nato – São Paulo F. C.

3º Thais Suzuki - Palmeiras/Mogi

3º Gabriela Mattioli - Seduc - P. Grande

3º Arthur Santana - SESI - SP

3º Luís A. Nunes – SEMEL Pindamonhangaba


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