PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA DE ARQUITETURA E DESIGN CURSO DE DESIGN DE MODA
JÚLIA NISSEN RIBAS MAIANE CARLA PEREIRA TAYNÁ FERREIRA MADUREIRA
PROJETO DE DESENVOLVIMENTO DE MALHARIA RETILÍNEA
CURITIBA 2018
JÚLIA NISSEN RIBAS MAIANE CARLA PEREIRA TAYNÁ FERREIRA MADUREIRA
PROJETO DE DESENVOLVIMENTO DE MALHARIA RETILÍNEA Projeto de Design de Malharia Retilíne apresentado ao Curso de Design de Moda da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Orientador: la Ferreira da Profª Gabriela
CURITIBA 2018
Profª CamiCosta Teixeira e Garcez Duarte
RESUMO O presente projeto tem como objetivo elaborar uma coleção de vestuário para o público agênero infantil de 4 a 8 anos, agregando a malharia retilínea como um diferencial estético. Desta forma, buscaram-se descobrir os interesses e as necessidades que as crianças e seus pais revelam em relação às roupas, compreendendo os critérios de compra e o mapeamento da dificuldade encontrada para essa ação no segmento da moda agênero. A metodologia de estudo foi conduzida através de questionários aplicados aos pais que possuem seus filhos matriculados na escola Cabana dos Brinquedos em Curitiba, e de pesquisa bibliográfica do qual se definiu os processos de desenvolvimento na malharia, o mercado do segmento de público infantil, as concepções de gênero e a ergonomia a partir das tendências. Essas ações colaboraram com o desenvolvimento de uma coleção lúdica inspirada no universo do filme O Mágico de Oz, na qual revive os ensinamentos da grande obra cinematográfica da época de infância dos pais, trazendo-o para as gerações atuais. PALAVRAS CHAVES: Moda agênero, Público Infantil, O Mágico de Oz, Malharia Retilínea.
ABSTRACT The present project aims to elaborate a collection of clothing for the public children’s playgroup from 4 to 8 years old, adding the rectilinear knitting as an aesthetic differential. In this way, we sought to discover the interests and needs that the children and their parents reveal regarding clothes, understanding the purchase criteria and the mapping of the difficulty found for this action in the fashion segment. The study methodology was conducted through questionnaires applied to the parents who have their children enrolled in the Cabana dos Brinquedos school in Curitiba, and a bibliographic research which defined the processes of development in knitwear, the market of the segment of children, conceptions and ergonomics from the trends. These actions collaborated in the development of a playful collection inspired by the universe of the film The Wizard of Oz, in which it revives the teachings of the great cinematographic work of the childhood time of the parents, bringing it to the present generations.. KEY WORDS: Genderless, Children’s audience, The Wizard of Oz, Resting Malleys.
LISTA DE FIGURAS Figura 01 - Roupa sem gênero Infantil...................................................................01 Figura 02 - Vestido sem gênero..................................................................................04 Figura 03 - Estrutura Malha.............................................................................................10 Figura 04 - Ponto trança......................................................................................................12 Figura 05 - Desfile Gig Couture....................................................................................13 Figura 06 - Publicidade Sexixta 1970......................................................................14 Figura 07 - Desfile Jonathan Anderson.................................................................16 Figura 08 - Coleção sem gênero Zara..................................................................17 Figura 09 - Roupa sem gênero John Lewis.....................................................29 Figura 10 - Influência da Criança na decisão de compra....................37 Figura 11 - Inovação Marca Petit Pli........................................................................38 Figura 12 - Sistema Empresa Vigga.........................................................................39 Figura 13 - Painel Semântico Público.....................................................................41 Figura 14 - Tendência Vestido........................................................................................43 Figura 15 - Tendência Capa............................................................................................43 Figura 16 - Tendência Listras..........................................................................................43 Figura 17 - Painel Semântico Tema.........................................................................48 Figura 18 - Gerações de alternativas......................................................................51 Figura 19 - Gerações de alternativas pontos...................................................51 Figura 20 - Prova das roupas.........................................................................................83 LISTA DE QUADROS Quadro 01 - Diacrônica Malharia.................................................................................22 Quadro 02 - Diacrônica moda agênero................................................................24 Quadro 03 - Diacrônia Indumentária Infantil....................................................26 LISTA DE TABELAS Tabela 01 - Sincrônica Malharia. E-commerce Brasileiro.....................31 Tabela 02 - Sincrônica Agênero E-commerce Brasileiro.....................32 Tabela 03 - Sincrônica Agênero E-commerce EUA..................................33 Tabela 04 - Sincrônica Malharia Loja Física......................................................33 Tabela 05 - Mix de moda..................................................................................................47 Tabela 06 - Mix de produto.............................................................................................49
SUMÁRIO
1 . INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................................01 1 . 1 JUSTIFICATIVA............................................................................................................................................................02 1 . 2 PROBLEMÁTICA.......................................................................................................................................................03 1 . 3 OBJETIVOS....................................................................................................................................................................05 1 . 3 . 1 OBJETIVO GERAL.............................................................................................................................................05 1 . 3 . 2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.........................................................................................................................05 2 . REFERÊNCIAL TEÓRICO.......................................................................................................................................07 2 . 1 MALHARIA RETILÍNEA: ESTRUTURAS E FORMAS DE PRODUÇÃO.........................09 2 . 2 O SEGMENTO AGÊNERO NA MODA......................................................................................................13 3 . MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA..................................................................................................19 3 . 1 ANÁLISE DE SIMILARES......................................................................................................................................21 3 . 1 . 1 DIACRÔNICA.............................................................................................................................................................21 3 . 1 . 2 SINCRÔNICA...........................................................................................................................................................28 3 . 2 PESQUISA DE SEGMENTO..............................................................................................................................36 3 . 2 . 1 O MERCADO DA MALHARIA RETILÍNEA..........................................................................................36 3 . 2 . 2 O SEGMENTO INFANTIL................................................................................................................................37 3 . 3 PÚBLICO ALVO.........................................................................................................................................................39 3 . 4 TENDÊNCIAS..............................................................................................................................................................42 3 . 5 TEMA DA COLEÇÃO.............................................................................................................................................43 3 . 6 MIX DE COLEÇÃO..................................................................................................................................................46 3 . 6 . 1 MIX DE MODA.....................................................................................................................................................46 3 . 6 . 1 MIX DE PRODUTO...........................................................................................................................................48 3 . 7 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS.....................................................................................................................50 4 . RESULTADOS.................................................................................................................................................................53 4 . 1 COLEÇÃO........................................................................................................................................................................55 4 . 2 CARTELA DE CORES...........................................................................................................................................66 4 . 3 CARTELA DE MATERIAIS..................................................................................................................................67 4 . 4 FICHAS TÉCNICAS................................................................................................................................................68 5 . PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA...............................................................................................................................73 6. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO...............................................................................................................................79 6 . 1 ANÁLISE DE VIABILIDADE..............................................................................................................................81 6 . 2 ANÁLISE ERGONÔMICA...................................................................................................................................84 6 . 3 VALIDAÇÃO COM USUÁRIOS.....................................................................................................................85 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................................................................87 8 . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................................89 9 . APÊNDICE..........................................................................................................................................................................91 10 . ANEXO...............................................................................................................................................................................93
01
1. INTRODUÇÃO
01
01
1 - INTRODUÇÃO
O mercado infantil vem se desen-
volvendo em um ritmo acelerado, e consequentemente aumentando a concorrência, tornando-se necessário a apresentação de inovações nesse segmento de público, como o aperfeiçoamento profissional e empresarial das industrias voltadas para este setor. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (2010), “o mercado da moda vem
crescendo
em
níveis
acelerados”.
Sendo assim realizou-se uma pesqui-
sa de embasamento teórico voltado para o desenvolvimento do vestuário infantil, com o objetivo de compreender as tendências, as técnicas do segmento infantil e seu mercado, e alia-las ao conceito de moda sem gênero. E assim, obter uma coleção de sucesso para o consumidor, que teve sua opinião identificada através da aplicação de um questionário. A partir da pesquisa de segmento e público, observou-se que apesar dos produtos serem destinados às crianças, quem opta em comprar suas peças de roupa são os seus pais, independente da opinião da criança boa parte das vezes.
A partir dos resultados das pesqui-
sas e dos dados coletados no questionário, foram analisadas as exigências do público, destacando diferenciais estéticos e ergonômicos. Desenvolve-se assim, um projeto de malharia retilínea com foco no segmento agênero e tendo como tema inspiracional, o filme “O mágico de Oz”, estreado em 1939.
FIGURA 01 - ROUPA SEM GÊNERO INFANTIL FONTE: Audaces 2016.
01
1.1 - JUSTIFICATIVA
Nos anos oitenta os movimentos feministas começam a criticar a condição da mulher no Brasil, e as definições meramente biológicas já não são mais suficientes para explicar a desigualdade entre os sexos. Decorrente a isto, a partir dos anos 90 começa a emergir os estudos de gênero no Brasil (SILVA, 2000). Durante a história padrões de relação e de poder entre homens e mulheres foram sendo construídos, e esta ideologia dominante por meio de seu discurso difundido em diversos âmbitos sociais, finda por manter uma ordem social que sustenta as desigualdades entre os gêneros e o sexismo (NOGUEIRA, 2001). As peças de vestuário, de maneira óbvia, servem para proteger e adornar o corpo, mas compreender o vestuário requer um pouco mais de atenção do que apenas observar a superficialidade estética. Além dos fatores técnicos, estéticos e ergonômicos, a vestimenta carrega toda uma simbologia e signos. A moda é um conjunto de trajes e acessórios universais, pela qual o indivíduo se apresenta, comunica e se firma no seu círculo social (CASTILHO, 2009). Moda e corpo concretizam imaterialidades, marcam condições sociais, exploram e orientam instituições políticas ou ideológicas. O copor serve como suporte das manifestações e práticas discursivas das sociedades ou grupos sociais. É ele o veículo de acesso e integração do indivíduo ao mundo. E neste sentindo moda e corpo se cruzam, e suas linguagens se completam e se potencializam (CASTILHO, 2009). Como exposto por Perlin (2016) ‘a moda sem gênero contribui para liberdade de expressão pessoal sem limitações predeterminadas’. O segmento agênero tem ganhado espaço no mercado da moda, através de modelagens únicas e versáteis, e da desconstrução de conceitos como “rosa e saias são apenas para meninas” (CRESCER, 2017).
02 01
A proposta deste segmento acompanha a demanda de parte significante da população em discutir temas como igualdade de gênero. Isso acontece porque o público que consome estes produtos acredita em movimentos sociais e em transformar o mundo ao seu redor, através da desconstrução de conceitos estabelecidos na sociedade. A conquista do segmento agênero na moda, se dá também por esse público possuir uma criatividade própria, variada e ter melhor aceitação das formas de expressão nos tempos atuais (COTIDIANO, 2016). Conforme Perlin (2016), de acordo com Lee (2011):
“Em 2011, a WGSN publicou o relatório de tendências para o outono/inverno 2012 indicando uma revolução nos paradigmas sociais. A macrotendência intitulada “Neutralidade Radical”, apontava para uma amenização das delimitações de gênero e das restrições advindas dessas. O “terceiro gênero” foi a microtendência que teria implicações diretas na moda, indicando o consumo de peças e produtos sem determinação de gênero, que expressassem a fluidez do consumidor (LEE, 2011 apud PERLIN, 2016)”.
No final de 2015, o tema foi retomado no relatório Zero Gender do bureau. Explicando que apesar da suavização das delimitações de gênero não ser um assunto novo, ele ganhou destaque devido a sua maior aceitação, principalmente pelos jovens (WATSON, 2016 apud PERLIN, 2016). Em 2016 o tema voltou ainda mais expressivo no relatório de tendências, e hoje em 2018, continua sendo apontado como tendência de práticas de consumo (COTIDIANO, 2016).
1.2- PROBLEMÁTICA
Um dos pontos apresentados, baseados nos dados adquiridos através de pesquisas, relatou-se que não há um estudo específico de como os segmentos de malharia retilínea e moda agênero podem ser combinadas. A malharia retilínea é normalmente um complemento dentro das coleções de moda, e suas coleções específicas são destinadas a um gênero em particular. Como exemplo pode-se citar a Lafort: marca paranaense especializada em malharia retilínea que tem suas coleções destinadas ao público feminino. Apesar de roupas “unissex” não serem um acontecimento recente, foi a partir de 2013 que coleções intituladas “sem gênero” começaram a desfilar nas passarelas, e este conceito começou a ganhar mais adeptos (METRÓPOLES, 2016). A inserção do segmento agênero dentro das coleções de moda ainda anda em passos lentos, seus criadores ainda não exploram as pluralidades ofertadas pela indústria têxtil, e estas questões ocasionam uma lacuna no mercado, gerando oportunidade de ser preenchida, por exemplo, pelo desenvolvimento de coleções agêneras em malharia retilínea. No segmento infantil notou-se ainda mais evidente esta lacuna no mercado nacional. Ela se dá, devido ao fato de que as coleções infantis agêneros são ainda menos presentes, principalmente nas grandes lojas, do que quando trata-se do segmento adulto (CRESCER, 2017). As marcas que estão aos poucos se firmando no mercado nacional neste segmento, geralmente são frutos de uma busca dos pais por roupas que não reforcem estereótipos de gênero, e que não limitem seus filhos tanto nos sentidos abstratos quanto literais como movimentação do corpo. Um exemplo disto é a marca LegLeg, criada pela Daniela Gimenez, consequência das popularização das peças em que ela
criava para a prórpia filha. Hoje a marca não só vende calças infantis, como transmite a ideia de que crianças devem ser crianças, e que reproduzir (pre)conceitos baseados na diferenças de sexos não está na moda. Marcas fora do Brasil também transmitem estes tipos de valores. Um exemplo é a marca ‘Handsome in Pink’. Resultado da experiencia de uma mãe, Jo Hadley, com seu filho que adorava usar a cor rosa. Esta marca, da Califórnia, possui o discurso de que as cores são opções para ambos os sexos, e todos os gêneros. E que a influência das roupas, como com dizeres que quebram paradigmas binário (divisão entre feminino e masculino), podem influenciar na construção de uma sociedade mais justa, devido ao fato de conceitos sexistas serem desfeitos desde a primeira infância. Outro desafio é a própria produção da malharia retilínea no Brasil, visto que o país deixou de fabricar máquinas de produção de malhas a mais de 20 anos, se faz necessária a importação do maquinário para adentrar no mercado. Este máquinário advindo de países europeus ou do Japão, onde os impostos chegam a aproximadamente 120% (LÜCKMAN, 2009). Este gasto implica no valor final do produto, criando desvantagens em relação a concorrência com artigos importados. Além das barreiras econômicas, há também as dificuldades na aplicação de aviamentos nas peças. Devido a estrutura têxtil da malha, gera-se uma limitação de utilização de ornamentos (SEVEGANI; SACOMANO, 2008), demandando uma elaboração minuciosa de modelagens e tipos de fechamentos que possam ser empregados na malharia retilínea de forma que os acabamentos, caimentos e confortabilidade se adequem às propostas e necessidades.
03 01
FIGURA 02 - VESTIDO SEM GÊNERO FONTE: Fashion Bubbles 2016.
04 01
1.3 - OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS
1.3.1 - OBJETIVO GERAL Desenvolver um projeto de design de moda voltado para o segmento de malharia retilínea com foco na moda agênero infantil. 1.3.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) Pesquisar sobre os processos de malharia retilínea; b) Compreender os conceitos de moda agênero; c) Identificar o mercado e os produtos já existentes no segmento de malharia retilínea e moda agênero; d) Pesquisar e analisar o público alvo infantil de 4 a 8 anos; e) Confeccionar os protótipos de 1 look comercial e 1 look conceitual.
05 01
01
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO
01
01
2.1 - MALHARIA RETÍLINEA: ESTRUTURAS E FORMAS DE PRODUÇÃO A produção industrial de malhas data do início do século XVI, no entanto não poderia estar mais em alta e interessante como hoje. A malharia proporciona uma diversa gama de resultados criativos, viabilizando uma abordagem independente e experimental ao design (SISSONS, 2012). Os avanços tecnológicos foram responsáveis por popularizar o “tricô industrial”, transformando-o em algo versátil. Hoje em dia, são poucas as marcas que não aderem uma linha knitting (termo em inglês para tricô) em suas coleções (ELLE, 2016). A produção de tecido utilizando a técnica de laçadas foi revolucionada pelo inglês William Lee, em 1589. Acredita-se que sua paixão por Mary Panton, uma tricoteira, tenha levado Lee a criar uma máquina capaz de produzir uma fileira inteira de pontos no mesmo tempo em que Mary fazia apenas um, e assim poderia passar mais tempo com a amada (SEBRAE, 2013). A primeira máquina de tricotar criada por Lee, contava com 15 agulhas com pontas em formato de ganchos que podiam formar 15 pontos ao mesmo tempo (SILVA, 2008). A máquina popularizou-se na Inglaterra e em toda a Europa, possibilitando o surgimento das primeiras fábricas de malha e dando suporte para a Revolução Industrial (SEBRAE, 2013). Em 1758, também na Inglaterra, Jedediah Strutt criou um acessório que complementava a máquina criada por Lee. Este acessório possibilitou a formação de malhas dupla face. Onze anos depois, em 1769, Kosiah Crane e seus irmão patentearam um acessório que acrescentava a máquina de tricotar a função de ornamentar os tecidos de malhas, resultando nos princípios da malharia por urdume (tipo de estrutura de malha). Em 1789, na França, apareceu o primeiro tear
circular, que fabricava malhas em formato de tubo. Ainda na França alguns anos depois, em 1845, Honoré Frédéric Fouquet aperfeiçoou o tear circular que carrega seu nome até hoje. Em 1847, Mattheu Towsend recebeu a patente da agulha de lingueta que inovou a técnica de malharia. Já em 1855 surgiu o tear de ponto retido, através dele foi desenvolvido um xale intitulado de Rachel (cantora que influenciava a moda da época). Com o tempo este tear foi sendo aperfeiçoado dando origem a um grupo de máquinas que até hoje é chamado de Rachel. Em 1857 o tear passou a ser três vezes mais veloz, e em 1863, com a invenção de Isaac W. Lamb, um tear simples e barato com suas agulhas de movimentação individual proporcionou uma evolução nos teares retilíneos (SILVA, 2008). A escolha dos fios é de suma importância para o resultado final da malha, abrangendo desde a escolha da fibra, a forma de fiação e as cores. Alguns dos diversos fios disponíveis para máquinas de malharia, divididos em naturais e sintéticos, são: algodão; lã; linho; pelo e seda; referente aos naturais, e acetato; acrílico; Lurex; nylon; poliéster; rayon e viscose; referente aos fios de fibras sintéticas (SISSONS, 2012). De acordo com Juliana Sissons (2012), ‘a fiação envolve a torção das fibras descontínuas para formar fios contínuos’, podendo neste processo os fios serem torcidos em sentido horário (torção “s”) ou anti-horário (torção “z”), com força ou delicadeza, gerando resultados diferentes nas características dos fios. Ainda segundo Sissons (2012), os fios fiados a mão podem ser tecidos em máquinas, mas necessitam na maioria dos casos, máquinas robustas, devido a textura irregular do fio. A forma em que os fios são torcidos e retorcidos e combinados entre si, misturando ou não fibras, é o
09 01
que proporciona diferentes efeitos na malha. Há duas formas de estruturas para se construir uma malha (FIGURA 00), mas am bas têm como base as laçadas. A primeira estrutura é chamada de malharia por trama, e a segunda, malharia por urdume. A primeira é feita a partir de um só fio, e a segunda é composta por vários fios que se entrelaçam no decorrer do tecido (SENAI, 2013). Na malharia por trama, a mais comum entre as duas, as laçadas são criadas com um fio contínuo em cursos consecutivos ao longo do comprimento, e as colunas são perpendiculares aos cursos. Já na por urdume, além de exigir diferentes máquinas, envolve lotes de fios diferentes, um fio por coluna. Resultando em um tecido com menos elasticidade do que o produzido por malharia por trama (SISSONS, 2012).
FIGURA 03 - ESTRUTURA MALHA FONTE: Audaces 2014.
01 10
As malhas por urdume tem mais resistência quanto ao desmanchar do tecido e são normalmente fabricadas em teares retilíneos. Já as malhas por trama são facilmente desmanchadas. Caso um ponto fique solto, todos os outros são desfeitos ao longo da carreira apenas com o puxar do fio. Um exemplo de fácil entendimento é o tricô manual (UDALE, 2015). Para Udale (2015, p. 88) ‘As linhas horizontais da malha são conhecidas como “carreiras”, e as verticais, “fileiras”’, as malhas por trama são feitas de um fio que corre ao longo das carreiras e as malhas por urdume são compostas por fios que formam laçadas ao longo das fileiras’. Já para Sissons (2012), as linhas horizontais são chamadas de “curso” e as verticais de “coluna”, mas ambas referem-se as mesmas “propriedades” da confecção de malhas. A construção de malhas pode-se dar através de duas formas, em teares circulares ou em teares retilíneos. O primeiro produz tecidos em forma de tubo, sendo o diâmetro dele igual ao diâmetro do tear. Já os teares retilíneos produzem tecidos abertos, sendo seu comprimento definido por uma programação (CARTOLA, 2016). Os teares circulares possuem alto rendimento e produzem diversos tipos de tecidos, os de pequeno diâmetro são sobretudo utilizados para a fabricação de meias. Já os teares retilíneos além de produzirem tecidos inteiros, e também vários tipos de tecidos, são capazes de produzir golas e punhos além de tecidos com desenhos já pensados para a confecção de peças específicas como blusas (SENA, 2017). Para entender as máquinas de tricô, é necessário compreender como o ponto é feito. De acordo com Julia Sissons (2012, p. 27):
“
“
As agulhas da máquina de malharia tem três partes: a lingueta, a cabeça e o pé. O ponto fica preso na cabeça; quando a cabeça desliza para frente, o ponto se move para trás da lingueta. O fio é então posicionado sobra a cabeça e, à medida que a agulha desliza para trás, a lingueta fecha. Um ponto novo é empurrado sobre a lingueta.
01 11
As máquinas, assim como os teares, também são divididas por especificidades. Cada tipo de máquina é destinado a produ ção de um grupo ou um único tipo de ponto (UDALE, 2015). Há algumas categorias de máquina, as de monofrontura, que possuem apenas um grupo de agulhas que trabalham na mesma direção e produzem principalmente meia malha, e as de duplafrontura, que possui dois grupos de agulhas opostas (SISSONS, 2012). Esse tipo de máquina produz malhas caneladas e malhas duplas. Existem também: as máquinas de malharia plugadas a computadores que são capazes de reproduzirem padronagens complexas a partir de desenhos e fotografias; as máquinas eletrônicas que trabalham com quatro grupos de agulhas, permitindo mais possibilidades de formas, troca de fios e cores, e também as mais sofisticadas hábeis de produzir peças inteiras sem nenhuma costura (UDALE, 2015). Nessa última, as peças são feitas com tecnologia de malharia 3D, que consiste na fabricação do tecido já aplicado a peça. Esse método permite variedades de texturas e caimentos, além de não necessitar de costura. Peças como blusas e lingeries já são produzidas com esta tecnologia (MENDES, 2014). As variedades em opções de pontos resultam em uma boa diversidade de característica da malha. Os pontos básicos oferecem diversidade de textura e padrões de acordo com a escolha do fio, da agulha e das cores. O ponto oculto, permite a troca de cor, sendo assim possível criar padronagens. Dependendo da quantidade de fios soltos, os fios não tricotados que ficam do lado avesso do tecido, atribuem maior densidade a peça e menos elasticidade. O ponto nervura (ou recolhido), é capaz de criar padrões de colmeia, relevo e repuxados, pois alguns pontos não são tricotados durante a carreira. Para criar desfiados e aberturas, utiliza-se a transferência de
01 12
laçadas, onde os pontos são transferidos para outra agulha formando falhas. O ponto trança (FIGURA 00) pode ser feito manualmente ou através das máquinas, este “efeito” consiste na troca de posição dos pontos ao longo do tricô formando torções. O tricô parcial, é uma seleção de pontos em que alguns são tricotados e outros não com o propósito de dar efeitos decorativos e também pode servir como forma de modelar pences e cortes evasês. No Inlay, um fio é tecido sob a malha de maneira que suas laçadas não são estruturais, podendo assim obter franjas e laçadas soltas (UDALE, 2015).
FIGURA 04 - PONTO TRANÇA FONTE: AnaTrico 2005.
Mesmo com os avanços tecnológicos na produção de malhas, continua sendo possível produzi-las manualmente, agregando o valor do “feito à mão”, cada vez mais valorizado com a crescente demanda dos consumidores pelo slow fashion . Para Gina Guerra, estilista da Gig Couture – grife mineira especializada em tricô – mesmo com os avanços na área da produção de malharia retilínea, o trabalho feito à mão perdura. Como ela descreve (ELLE, 2016, não paginado): “É o que chamamos de luxo. Afinal, tudo que é exclusivo e tem um processo manual envolvido ganha uma energia diferente em cada peça”. Outra possibilidade da produção manual se dá através das máquinas domésticas de tricô. Elas utilizam cartões perfurados para selecionar as agulhas e assim criar padronagens com mais rapidez que o tricô inteiramente manual (UDALE, 2015). Essas máquinas domésticas, conhecidas com tricoteiras, são o intermédio entre o tricô manual e o industrial. Elas permitem a modelagem da peça durante o tecimento da malha, sendo as cavas, decotes e alargamentos feitos durante a feitura do tricô, dispensando a etapa de corte após a malha pronta (TRICOCURSOS, 2017).
FIGURA 05 - DESFILE GIG COUTURE, SPFW. FONTE: FFW 2016.
2.2 - O SEGMENTO AGÊNERO NA MODA Para compreender o significado de moda sem gênero (ou agênera), é necessário conceituar o que seria gênero. De acordo com Castilho (2008), a definição de gênero iniciou-se na década de 1980, através dos movimentos feministas nos Estados Unidos e na Inglaterra, em que buscava-se uma terminologia para explicar a desigualdade entre homens e mulheres. No contexto da época, a definição meramente biológica, já não era suficiente para
fundamentar os papéis sociais de homens e mulheres, especialmente por esta terminologia ser utilizada por segmentos conservadores, como religiosos, cientistas e políticos, para defender a diferença entre os gêneros. Muitas das ideias de gênero que foram utilizadas foram iniciadas por Gayle Rubin, antropóloga feminista que em seu estudo originou o termo sexo-gênero no Brasil (RUBIM, 1975). Para Rubin (1975) era necessário criar um sistema que separasse os dois diferentes
01 13
níveis, o social e o biológico, buscando um entendimento da sociedade com relação dos arranjos criados em virtude dos papéis sexuais. Esta definição resultou, em 1980, na definição criada pela historiadora Joan Scott. Segundo Scott (1985) o termo gênero foi pensado para a definição em termos relacionais do que seriam as construções de masculinidade e feminilidade. A definição criada por Scott (1985) enriqueceu muito o termo gênero, já que essa autora havia identificado que a palavra gênero era muitas vezes utilizada como sinônimo para mulher, desta forma, ela criou uma definição para a palavra gênero que permitiu a inclusão, inicialmente, de ambos os sexos, e, posteriormente, de todas as relações sociais com base nas diferenças percebidas entre homens e mulheres. O que definição permitiu, por exemplo, que outros autores tirassem conclusões sobre o tema, como no próprio exemplo utilizado por Scott (1985) onde ela identificou referências históricas que definiam que no início do século XX, o uso de calças compridas e cortes de cabelo curtos eram aceitos apenas para o gênero masculino, enquanto para as mulheres, era permitido apenas o uso de saias, vestidos e deveriam ter seus cabelos longos. Scott (1985) também definiu o termo gênero abrangendo as relações de poder entre os diferentes sexos, permitindo que a definição do termo fosse estendida para os termos atuais de masculinidades e feminilidades, em uma perspectiva de pluralidade. Com a evolução dos debates sobre gênero e uma constante busca por igualdade na sociedade, vários segmentos começaram a inovar na busca por uma sociedade mais igualitária que pudesse vencer a barreira sexual das relações de poder. A moda situa-se entre as artes e a indústria, influenciando não apenas a economia e o con-
01 14
sumo, como também a cultura. Por ter também cunho artístico, a moda não se restringe ao simples produzir objetos, pois ela gera símbolos, criando peças portadoras de significados (GODART, 2010). A indústria da moda e da beleza, influenciam diretamente na construção da autoimagem de seus consumidores. Os padrões de comportamento criados por essa indústria e propagados pelos meios midiáticos, podem ser apontados como responsáveis pela sustentação de diversos estereótipos na sociedade, entre eles os estereótipos de gênero. A indumentária é uma forma de representação e constituição da identidade do sujeito, porém quando a moda é utilizada na mídia, acaba produzindo discursos de fracionamento entre o masculino e o feminino, por meio de publicidades e propagandas que reafirmam esse discurso, moldando hábitos e comportamentos. (MATTOS, 2013).
FIGURA 06 - PUBLICIDADE SEXISTA 1970 FONTE: Obvious 2013.
O vestuário é capaz de contribuir com sua narrativa não-verbal na construção identitária dos indivíduos e dos grupos sociais. O ato de vestir-se carrega sensações e significados não apenas sociais, como culturais e psicológicos, causando no indivíduo noções de identidade, pertencimento e diferenciação. Como esclarece Kathia Castilho (2009, p. 36-37): “[...] independentemente das culturas, os seres humanos valem-se de diferentes técnicas de construção e de elaboração de carácter discursivo, levando-nos a afirmar que a moda, entendida como um conjunto de trajes e acessórios ornamentais, deve ser compreendida como uma ocorrência universal, fundada em todas as sociedades humanas. Ao assumir esse posicionamento, entendo que a moda passa a receber, de fato, o estatuto de linguagem, caracterizando-se, como disse anteriormente, pela particularidade que ela assume em determinados contextos nos quais são presentificados ritos e técnicas, costumes e significados que se diferenciam de uma civilização à outra, de grupos sociais a outros, ou ainda de indivíduo a indivíduo, independentemente da temporalidade pela qual ela se configura.”
Nos dias de hoje a divisão binária de gênero (masculino e feminino, homem e mulher) representada na moda é evidente, mas isso já foi diferente. Entre o Renascimento e meados do século XIX, homens e mulheres vestiam-se de maneira ornamentada, sendo comum perucas e sapatos de salto para ambos os sexos (PERLIN, 2016). A Revolução Industrial foi um mar-
co importante na mudança de paradigmas no modo de vestir. O vestuário foi sistematizado de modo a interferir positivamente na produção, tornando-a mais eficiente e maximizando os lucros. Esse período evidenciou a divisão entre feminino e masculino e a representação dos gêneros. Enquanto a roupa da mulher impedia seus movimentos e autonomia, as roupas dos homens expressava valores opostos, tendo seus símbolos sóbrios e rígidos, relacionados ao pensamento racional e a funcionalidade da vida pública. (COSTA, 2014; GONÇALVES, 2007; EVANS; THORNTON, 1991 apud PERLIN, 2016). De acordo com Perlin (2016, p. 56-57), sobre Riegel (1963): “[...] as mulheres buscavam revoluções nas suas formas de representação desde o século XIX. As feministas da época passaram a denunciar a condição submissa que a roupa impunha às mulheres e buscaram reformas no vestuário. Nessa época surgiram os bloomers, que obtiveram reações mistas, mas não vigoraram por muito tempo. O que Riegel aponta, é a constante tentativa das mulheres em equiparar seu visual ao lado do homem, em busca de adquirir respeito e atingir igualdade em outros nichos (RIEGEL, 1963). As estéticas masculinas adaptadas ao guarda roupa feminino foram vistas nas criações de Chanel (1962), Pierre Cardin (1964) e Yves Saint Laurent (1966) e nas personalidade de Marlene Dietrich (1930) e Twiggy nos anos 60 (STEFANELLI, 2015).” No século XX, em regiões da Europa e nos Estados Unidos, surgem movimentos de jovens que rejeitaram a moda de seus pais, definindo seu próprio estilo, assim re-
01 15
sultando em uma revolução cultural. Uma das marcas mais evidentes desse novo conceito de moda, foi a contracultura da déca da de 1960 e início dos anos 1970, quando a circunstâncias entre os sexos era indistinguível e a popularização da moda sem gênero tornou-se evidente. Conforme a explicação da autora Marnie Fogg (2013, p.14): “(...) tanto homens quando mulheres usavam jeans e cabelos compridos, as tentativas sérias de formalizar trajes intercambiáveis para homens e mulheres falharam, como vemos nas roupas “unissex” desenhadas por Rudi Gernreich (1922-1985) na década de 1960. Apesar disso, apropriar-se das roupas do sexo oposto continua fornecendo inspiração aos estilistas, e transgredir códigos de vestuário já não causa indignação”. O que não ocorre na mesma proporção como o apropriação da estética masculina no guarda roupa feminino, é o oposto: a inclusão de peças tipicamente femininas, como saias e vestidos, no vestuário dos homens (PERLIN, 2016). De acordo com Garcia (2016, apud CAMARGO), sempre existiu uma busca pela universalização das coisas, entre tanto, essa busca sempre foi tomada pelo lado “masculino da força”. Dessa forma, Garcia cria a definição do que seria o termo sem gênero, ou agênero para alguns, que é a universalização das coisas, sem divisão de códigos, como esse item é masculino e esse outro feminino. Permitindo assim, que produtos sejam usados por ambos os sexos, e gêneros, por não existirem divisões sexuais para eles. Como uma saia ser um objeto comum a todos e não uma peça feminina que está sendo vestida por homens.
01 16
Para Camargo (2016), esse tema ganhou visibilidade em 2013, quando o estilista Jonathan Anderson desfilou meninos usando vestidos, tops e shortinhos com babados (FIGURA 00). Esse evento ocasionou uma movimentação na imprensa inglesa e refletiu em diversos segmentos da sociedade, gerando uma revolução entre diversos designers. Várias iniciativas no sentido de criar um conceito de sem gênero foram realizadas, mas foi com a moda que o termo ganhou força e espaço, principalmente na mídia especializada (ibid).
FIGURA 07 - DESFILE JONATHAN ANDERSON FONTE: FFW 2013.
Desde 2013 estilistas apresentam coleções “unissex” nas passarelas, como Rad Hourani, desfilando homens de saltos, saias e ves tidos (STEFANELLI, 2015 apud PERLIN, 2016). Essas mudanças foram denominadas Genderless, Agender, Ungendered, Gender-Bender, e em português unissex, plurissex, ou apenas moda sem gênero ou agênero (PERLIN, 2016). Se faz necessário enfatizar que a denominação de “unissex” no contexto da moda agênero, difere do conceito difundido no mercado. Quando esse termo refere-se ao vestuário sem gênero, sua representação traspõe os estereótipos convencionais de vestimentas divididas entre gêneros, e transita livremente entre as peças existentes, apropriando-se de saias, calças, vestidos, e toda sua variedade, firmando que todas as construções de vestuário podem ser produzidas para ambos os sexos (ibid). No Brasil o termo sem gênero ganhou bastante destaque através da marca C&A que lançou a campanha “Tudo Lindo & Misturado” e acabou se tornando referência no assunto, mesmo sem nunca terem afirmado que estavam fazendo moda sem gênero (CAMARGO, 2016). Em março de 2016, a Zara lançou no Brasil uma coleção sem gênero (FIGURA 00), mostrando modelos femininas e masculinos usando as mesmas peças. Apesar da iniciativa enaltecer a palavra “agênero”, trazendo-a para mais próximo do consumidor esse novo conceito, essa coleção rendeu críticas por não ousar e criar peças sem graça. Conceituando o “agênero” de maneira neutra, como calças jeans e camisetas brancas, e não transpassando estereótipos de cores e modelagens destinadas a um único gênero (METRÓPOLES, 2016). De acordo com Andrade (2016), a busca não deve ser por peças sem gênero, mas sim por estilos próprios que permitam que as pessoas se vistam conforme suas per-
sonalidades, sem terem que se submeter a regras pré-definidas pela sociedade e pela indústria da moda, e nem tão pouco, terem medo de julgamentos e preconceitos. Desta forma, a moda sem gênero pode ser compreendida como algo que vai além de atender as pessoas que não se encaixam no gênero binário. Ela deve ser vista como uma moda sem rótulos, sem a divisão de produtos em sessões, tendo como objetivo final, a venda apenas de roupas, sem rótulos como femininas ou masculinas, com modelagens que permitam diversos tipos de corpos, em uma verdadeira modelagem sem gênero (RIBEIRO; HUF, 2016).
FIGURA 08 - COLEÇÃO SEM GÊNERO ZARA FONTE: VEJASP 2016.
01 17
01
3. MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA
01
01
3.1 - ANÁLISE DE SIMILARES
3.1.1 - DIACRÔNICA A análise diacrônica consiste em um estudo das mudanças de um determinado produto ao longo do tempo, sendo geralmente organizada em ordem cronológica, com textos explicativos e imagens que ilustram a evolução do objeto (FABRI, 2013). Para agregar valor a este projeto, foram realizadas três pesquisas diacrônicas: uma sobre a evolução das técnicas de malharia retilínea e as peças utilizadas durante a história feitas através da laçada de fios (QUADRO 01); outra sobre a moda a gênero (QUADRO 02); e por fim, uma análise da indumentária infantil (QUADRO 03).
01 21
QUADRO 01 - Diacrônica Malharia FONTE: As autoras.
VIII a.C
1100 - 1300 d. C Retalho de meia, África
Não se sabe ao certo quando a técnica de tricô foi criada, mas pode-se considerar que Penélope, presente na obra Odisseia de Homero, de VIII a. C., seja uma das mais antigas referências na literatura sobre o tricô (ELLE, 2016), em que todas as noites Penélope desmanchava os pontos da colcha feitos durante o dia (DANTAS, 2018).
Um dos mais antigos achados de malha, é um fragmento de meia em tricô de aguilha dupla, do norte da África, do período do domínio Islâmico. Provavelmente a modelagem da meia tenha sido feita alterando os tamanhos das agulhas (V&A MUSEUM, 2018).
Apesar das origens do tricô não serem conhecimentos exatos, apenas remetem ao Egito, sabe-se que esta técnica tem sido praticada em diversas regiões do mundo ao longo dos séculos (V&A MUSEUM, 2018).
250 - 420 d. C Par de meias, Egito
1500 - 50 d.C Chapéu de tricô, Inglaterra Na Inglaterra, a produção de chapéus de tricô eram importante para a manutenção e controle do parlamento. Estes chapéus deviam ser usados todos os domingos e feriados pelos moradores ingleses maiores de 6 anos, exceto nobres, sob pena de pagar multa por dia não usado. A finalidade era a de garantir e proteger o comércio e a fabricação de tricô na Inglaterra (V&A MUSEUM, 2018).
01
Séc. XIV Achados arqueológicos em cidades medievais inferem que o uso de artigos de malha se espalhou na Europa durante o século XIV (V&A MUSEUM, 2018).
Séc. XXI
1ª e 2ª Guerra Mundial
A malharia retilínea faz parte de várias coleções de moda que desfilam nas passarelas, como a coleção da Gig Couture apresentada na 46ª edição da SPFW. A malharia retilínea também é um segmento presente dentro das coleções de diversas marcas, como as de fast fashion (ELLE, 2016)
Durantes a primeira e segunda guerra mundial as mulheres tricotavam peças, como o gorro balaclava, para mandar aos soldados (SEBRAE, ).
1863 d.C Tear simples por Isaac W. Lamb Em 1857 o tear passou a ser três vezes mais veloz, e em 1863 com a invenção de Isaac W. Lamb, um tear simples e barato com suas agulhas de movimentação individual proporcionou uma evolução nos teares retilíneos (SILVA, 2008).
Séc. XX Em 1950 o tricô começa a ganhar um novo posicionamento, contando com novas combinações de fibras, possibilitando a ampliação nas criações de desenhos, cores, texturas e possibilidades de uso. A partir da década de 70 o tricô populariza-se significativamente devido a utilização de fios mais leves para a criação de malhas de verão (SEBRAE).
1589 d.C 1ª máquina de tricô, Inglaterra Em 1589 William Lee criou a primeira máquina de tricotar. Ela popularizou-se na Inglaterra e em toda a Europa, possibilitando o surgimento das primeiras fábricas de malha e dando suporte para a Revolução Industrial (SEBRAE, ).
01
QUADRO 02 - Diacrônica Moda Agênero FONTE: As autoras.
Séc. II Grécia Antiga
1644 Dinastia Qing
A moda sem gênero é identificada já na indumentária clássica grega e romana, percebe-se que o traje era a mesma túnica para homens e mulheres, a única peça diferente era a toga por cima da túnica para homens e a palla para mulheres. Outra peça que se usavam por cima da túnica, e ambos os sexos podiam usar, era o himation, essa camada externa era classificada como amictus (enrolada), era uma capa
O imperador podia ter várias esposas, mas somente a principal, a imperatriz, na condição de líder da população feminina, podia fazer sacrifícios no Altar da Deusa, dos bichos-da-seda. O traje cerimonial da imperatriz era semelhante ao do marido, só que com mais camadas.
Uma moda apreciada tanto por homens quanto por mulheres era o hufu, que significa literalmente “roupa de estrangeiro”. Os estrangeiros residentes na capital, Chang´na, eram em sua maioria sogdianos que tinham ido á China fazer comércio. Mais tarde foi transformado em moda unissex. .
Século VII Dinastia Tang
Séc. XIX A indumentária indígena também se mostrou forte na condição de sem gênero, um exemplo é o poncho andino de 1890, no qual remete as origens seminômades dos índios e a cultura de fronteira, e que a força da forma e do design permeiam até a atualidade. Na década de XIX, os gaúchos que andavam pelo rio da Prata, usavam o poncho como cama, travesseiro e como proteção dos fatores externos, a peça podia ser o único bem de uma pessoa.
1851 A primeira mulher a quebrar o paradigma de moda sem gênero foi Amelia Jenks Bloomer, em 1851, usando a saia bifurcada, o design de calças ou de pantalonas folgadas e ajustadas na altura do calcanhar com um laço, era usada por baixo de saias na altura da panturrilha, com isso a armação de crinolina foi dispensada. Muitas temiam que a introdução da peça anulasse a diferença entre os sexos, e as mulheres que usaram o traje foram hostilizadas..
01
1770 os cavalheiros jovens ingleses faziam o Grand tour da Europa, ao voltar diziam que eles estavam aderindo a moda Macaroni, em que os trajes formais são altamente detalhados e preocupados com sua aparência pessoal, considerada muitas vezes, pelos homens mais velhos, uma moda afeminada e ridícula.
1980 O movimento dos novos românticos, uma subcultura pós-punk, que promoveu a revolução do conceito de glamour numa exibição de pastiche, apoiada pelo armário de fantasias. O entrecruzamento de estilos se reposicionou com um Novo Romântico aderindo o Pierrô como estilo e ocupando o vídeo “Ashes to Ashes” com Blitz Kids utilizando vestimentas unissex.
1993 De 1980 para 1990, surge a marca Jil Sander, no qual era sinônimo de fibras nobres aliados ao luxo minimalista andrógino. Observa-se essas características no ensaio da marca para a revista vogue americana, publicado em agosto de 1933, o estilista traz a inspiração no povo tradicional amish ligado ao sem gênero, a foto ficou conhecida como “O grande simples”.
1966 Somente trinta anos depois que a artista Marlene Dietrich apareceu na mídia, em 1966, que o smoking foi lançado pelo estilista Yves Saint Laurent, tendo como inspiração o estilo andrógeno da artista, a peça uma grande influência do Século XX.
1964 O monoquíni foi lançado em 1962 pelo designer californiano Rudi Gernreich, em uma transição entre o conservadorismo dos anos de 1950 e a livre expressão dos anos de 1960. O traje de banho com a inspiração no desnudamento, no qual foi aplicado o topless, foi um grande rompedor de tabus. Gernreich procurou difundir a ideia de roupa unissex e derrubar as barreiras sexuais de gênero na sociedade..
1970 Um dos grandes cantores da década de 70, que quebrou o paradigma de gênero foi David Bowie, adotando o estilo exuberante e exagerado do glam rock, no qual favoreceu uma androgenia provocadora para artistas da época, Bowie apreciava as roupas mais justas ao seu corpo, pois queria enfatizar seu corpo emaciado e assexuado..
2000 - 2018 Houve uma transição de mentalidade dos consumidores, ou seja, as grifes tiveram que se reinventar para conseguir acompanhar o atual contexto da sociedade. Os fãs atuais da marca não são necessariamente a sua identidade fixa, mas desejam se vincular à estética criativa e a personalidade do estilista que está por trás dela. A Burberry, no ano de 2010, simbolizando o renascimento de uma marca tradicional que é importante no contexto moderno trouxe na propaganda o agênero aliado à tecnologia da venda por streaming tridimensional, conhecido como “Passarela para Realidade”.
1930 O estereótipo do agênero desde 1897 se manteve inerte até 1930, quando a atriz Marlene Dietrich estrelou no filme O anjo Azul, de Josef Von Sternberg. No filme interpretou a manipuladora Lola, uma cantora de cabaré, na qual usava artimanhas de sedução para conquistar o poder tradicionalmente associado com os homens, além do traje marcante masculino, que se constituía de um smoking de alfaiataria, o colarinho alto com pontas viradas, cartolas e meias pretas..
01
QUADRO 03 - Diacrônica Indumentária Infantil FONTE: As autoras.
1.100 a.C e 25 a.C Roma Antiga e Império Romano
Séc. V - Séc. XV Idade Média
Não existiam definições sobre o que era ser criança., em consideração foi nessa época que surgiu o sentimento de infância, devido a preocupação dos meninos de frequentarem as escolas, o traje usado por crianças eram as túnicas.
A criança era vista como um mini adulto, então trabalhava nos mesmos locais, usavam as mesmas roupas e eram tratadas da mesma forma. Essa indiferença pode ser observadano traje infantil pois nao existia nenhuma particularidade.
Crianças trabalhavam no campo com seus pais. As mulheres usavam saias, avental e manto e os homens usavam meias longas , culotes , gibão e sapatos de pontas finas e longas..
Início 476 d.C Época Medieval
Séc. XVIII até 1800 Iluminismo Crianças da nobreza e da Burguesia já tinham roupas reservadas para sua idade : usavam vestidos compridos e conjuntos, fechados na frente por botões e agulhetas. Assim que tiravam os cueiros eram vestidas como as mulheres e homens de sua condiçaõ social..
Séc. XIX Infancia passou a ser vista como um estado natural e separado. Os trajes mais comuns usados por meninas e meninos eram as batas brancas, pois eram folgadas, , sem tentar definir formas.
01
Séc. XIV - Séc. XVI Renascimento Na época do Renascimento foi elaborada a roupa unissex, no qual permaneceu até o fim do século XVIII, o traje era composto por uma saia longa, um corpete e um avental branco, na qual era usado tanto por meninos quanto por meninas.
1950 -1980
Séc. XX
As meninas utilizavam vestidos mais soltos,c, com gola peter pan e estampas geométricas. Ja os meninos utilizavam shorts social com sapato social e camisa, mas a partir dos anos 70 o jeans e a calça boca de sino entrou no guarda roupa infantil dos meninos.
A moda das meninas era constituída de uma indumentária romântica cheia de babados, inspirados nas ilustrações de Kate Greenaway . As ilustrações eram meninas com vestidos compridos com a cintura marcada com uma fita, além dos babados
Séc. XX Pós 1ª Guerra Mundial Final do Séc. XIX Para os meninos , foi intruduzida o traje fauntleroy inspirado nas primeiras edições do litle ford fauntleroy, era constituido por uma jaqueta azul safira ou preto de veludo com camisa branca com um largo colarinho de renda Vandyke e calças. . Era completado por uma faixa de seda colorida, boina , sapatilha e cabelos cacheados.
Com o estouro da primeira guerra mundial, as roupas infantis começaram a ficar menos robustas devido a falta de dinheiro das famílias, as roupas começaram ser feitas em casa com a técnica do tricô e crochê. As crianças começaram a trabalhar em fábricas para ajudar suas famílias
1990-2000 As roupas infantis eram largas brilhantes e coloridas , as calças eram com cores fortes e a calça jeans era muito comum entre meninos e meninas , nessa época surgiram as estampas voltadas para o publico infantil.
1837-1901 Era Vitoriana Uma moda que durou muito tempo começou a ser adotada, os trajes estilo marinheiro. Começou a ser usada inicialmente como uniforme por meninos, mas logo foi difundida em crianças de todas as idades e sexo. A diferença é que para meninas a calça foi substituída pela saia
01
Com esta análise foi possível notar que o agênero fez parte de várias épocas da história no seguimento infantil, e que muitas das mudanças de traje têm ligação com o conceito de infância. Essas pesquisas possibilitaram perceber a evolução do agênero através da história, tanto infantil como o adulto, e como ela quebrou os paradigmas de cada época. A pesquisa sobre as técnicas de malharia serviram para compreender o desenvolvimento da técnica de laçadas, perceber sua utilização e evolução nas peças de moda..
28
FIGURA 09 - ROUPA SEM GÊNERO JOHN LEWIS FONTE: Fashion Bubbles 2016.
29
3.1.2 - SINCRÔNICA A análise sincrônica consiste num levantamento de produtos similares já existentes no mercado, observando suas características como cores, modelagens e preços. Neste projeto foram realizadas duas formas de análise, a primeira através de uma pesquisa online, coletando dados através das plataformas eletrônicas das lojas (e-commerces) brasileiras (TABELAS 01 e 02,) e estrangeiras (TABELA 03) , e a segunda analisando as peças em lojas físicas do Park Shopping Barigui (TABELA 04), situado em Curitiba. Foram analisadas marcas de roupa infantil e lojas que apresentam este segmento, buscando artigos feitos em malharia retilínea e/ou que se apresentem como “roupas sem gênero”.
30 01
TABELA 01 - SINCRÔNICA MALHARIA E-COMMERCE BRASILEIRO FONTE: As autoras.
01 31
TABELA 02 - SINCRÔNICA AGÊNERO E-COMMERCE BRASILEIRO FONTE: As autoras.
32 01
TABELA 03 - SINCRÔNICA AGÊNERO E-COMMERCE EUA FONTE: As autoras.
33 01
TABELA 04 - SINCRÔNICA MALHARIA LOJA FÍSICA FONTE: As autoras.
34 01
Observou-se após esta pesquisa, que não há marcas que atendam aos dois segmentos, malharia retilínea e moda sem gênero, dentro do segmento infantil. Notou-se também, que as marcas brasileiras que trabalham com a linha agênero tendem a puxar seus produtos para os estereótipos de masculino, sem ousar nas cores nem nas modelagens. Notou-se que a presença do algodão na composição dos tecidos é uma caracteristica comum do vestuário infantil, e quando as peças são em malharia, o acrílico também é uma fibra presente nas peças.
01 35
3.2 - PESQUISA DE SEGMENTO
3.2.1 - O MERCADO DA MALHARIA RETILÍNEA
Segundo dados disponibilizados em 2007 pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), o mercado de malharia retilínea contava com 2.421 mil empresas, empregando 118,3 mil pessoas, e produzindo 5.509,1 milhões de dólares anuais. Comparado ao setor de tecelagem que possuía 593 empresas, 102,2 mil empregados, mas gerou uma produção anual de 10.828,0 milhões de dólares, pode-se dizer que este segmento ocupava uma posição pequena no mercado do vestuário. De acordo com Sevegani e Sacomano (2008), o segmento de malharia retilínea sofreu muitas mudanças, especialmente devido a abertura econômica nos anos 1990, em que apenas as empresas que se adequaram a esta nova realidade sobreviveram ao mercado. Este setor exige alto desenvolvimento tecnológico das malharias, além da capacidade de produção de lotes pequenos com alta variabilidade de cores e diversidade de materiais nos modelos, exigindo uma estratégia corporativa clara e com público alvo bem definido (ibid). O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de fornecedores de malha e tem 70% do faturamento das confecções nacionais correspondentes à produção de roupas de inverno (SEBRAE, 2013). De acordo com o levantamento
36
do IEMI (2011), a produção de malharia retilínea no Brasil em 2010, cresceu 3,4% em relação a 2009, contando com a produção 193 milhões de peças. Já no mercado de consumo interno, este número chegou a 214 milhões de peças, sendo deste total 9,7% de produtos importados. Entretanto, este setor foi o que menos cresceu entre 2010 e 2014, tendo seu crescimento registrado em 3,2%. Também foi o que apresentou maior queda de investimentos para o ano de 2013, sendo em percentil, 21,7% (IEMI, 2017). Outro aspecto apontado, é o fato das importações de malharia retilínea terem aumentado 6%, comparado aos anos de 2013 e 2014 (ibid). Em 2016, a produção deste setor cresceu 0,46% em volumes, em relação a 2015, alcançando o marco de 471,6 mil toneladas de malha produzida, movimentando 225,6 milhões de dólares no mercado interno do país (IEMI, 2016). Apesar de o segmento de malharia retilínea ser bem estruturado no Brasil, o setor ainda necessita de maior apoio tecnológico e governamental para poder atender as demandas de mercado nacional, e assim concorrer fortemente com os mercados internacionais, principalmente com o chinês (SEBRAE, 2013).
3.2.2 - O SEGMENTO INFANTIL O público infantil está cada vez mais importante na visão do mercado nos últimos anos devido a três razões principais. A primeira é que o segmento infantil é considerado como um mercado primário, isto é, detém o poder de consumo. A segunda razão é em questão a fidelidade, a aproximação entre um consumidor e determinada marca ocorre desde cedo, principalmente na infância, e essa lealdade tendem a ser preservadas no decorrer dos anos. E por fim, a ampla influência de uma criança diante da decisão de compra da sua família, porém o pronunciamento final sempre é de seus pais. Segundo dados publicados, no ano de 2016, pela Associação Brasileira de Industria Têxtil e Confecção (ABIT) o mercado de vestuário voltado para crianças, cresce em média 6% ao ano. Em comparação com a pesquisa do Instituto de Estudos de Marketing Industrial (IEMI), divulgado em 2012, o varejo de moda infantil teve uma alta de 7,5% sobre o ano de 2011 e assim movimentando cerca de 27,5 bilhões de reais para a economia do Brasil. É importante ressaltar o fato que a maioria das pessoas que estão se tornando pais na atualidade são parte da geração Y ou Millennials, na qual abrange indivíduos nas
cidos de 1980 a 1990, a primeira geração a perceber a participação da internet no cotidiano como algo natural.
FIGURA 10 - INFLUÊNCIA DA CRIANÇA NA DECISÃO DE COMPRA FONTE: VEJASP 2016.
37
Segundo a análise de comportamento de consumo infantil, publicado no portal Use Fashion no ano de 2018, retrata que:
“É importante pensar que, com essa mudança de geração de pais, muda-se também a forma como os produtos são percebidos e consumidos. É fundamental pensar na curva de adoção de uma inovação. Pais mais tradicionais, por exemplo, da geração Baby Boomer, foram resistentes as inovações. Já os pais que fazem parte da Geração Y, ou Millennials, como são conhecidos, nasceram em contato com a tecnologia, o que modifica completamente sua relação com a informação. Esse acesso as informações mais diversificadas, garantido pelas redes sociais, vem gerando uma adoção mais rápida de padrões de comportamento e consumo inovadores e que antes levavam anos para saírem de um ciclo restrito de consumidores”.
família, principalmente no caso de crianças de 6 a 11 anos de idade (25,5%). Além disso, seis em cada dez entrevistadas (58,5%) reconhecem que as roupas e calçados comprados para os seus filhos geralmente são melhores que as roupas compradas para elas. Para acompanhar esse consumo alternativo adotado por essa nova geração de pais, as empresas estão modernizando e adaptando suas criações para essa nova realidade. Como é o caso da linha de roupas produzida por Ryan Mario Yasin do Royal College Art, a roupa tem um sistema de pregas e dobras em que concede que a roupa aumente e diminua conforme o crescimento da criança, assim criou a Petit Pli. (GROVER, 2017).
Essa geração Y tem a tendência em
escolher caminhos alternativos, consequentemente distanciando-se dos padrões de consumo das gerações antecedentes e assim concebendo novos desafios para o mercado, principalmente para os seus filhos. Isto se confirma através da pesquisa realizada pela SPC Brasil, em setembro de 2015, na qual relata que uma em cinco mães entrevistadas (21,9%) admite que os filhos têm um padrão de vida superior ao de outros membros da
38 01
FIGURA 11 - INOVAÇÃO MARCA PETIT PLI FONTE: Follow the colours 2017 .
Outro exemplo de inovação para os pais da geração Y ou os Millennials, é o da marca dinamarquesa VIGGA, em que oferece roupas por assinatura, é uma linha de roupas feitas em algodão orgânico e livre de substancias químicas. Seguindo o mesmo pensamento que Ryan Mario Yasin, a proposta é que as peças cresçam junto com a criança e que não tenha desperdício no processo, isto é feito a partir de uma encomenda feita de acordo com o tamanho da criança, logo os pais recebem cerca de 15 a 20 peças de roupa. À medida em que as roupas não servem mais, os pais podem devolve-las para a
com a divisão de setores por gênero, em suas lojas físicas ou websites (CRESCER, 2017).
fábrica, que se responsabiliza no processo de reparos e higienização para encaminhamento com destino a uma nova família. (VIGGA, 2017) A peça é usada por toda sua vida útil, ela passa por cerca de cinco famílias e só é descartada quando não tem mais condição de uso, minimizando o desperdício. Como toda a roupa é feita com material natural, sua decomposição é mais rápida em comparação com materiais sintéticos, além disso a empresa estima que durante o processo de compartilhamento de roupas, há uma redução de aproximadamente 5.400 litros do desperdício de água e das 67.000 kg emissões de dióxido de carbono. (VIGGA, 2017). Relativo ao segmento de moda sem gênero, ainda não há estudos sobre este mercado e quais suas contribuições para a econômia e manutenção do setor têxtil brasileiro. Através das pesquisas para análise de similares, concluiu-se que não há no mercado opções que alinhem malharia retilínea e moda sem gênero no vestuário infantil. As marca infantis estão entrando no segmento agênero de maneira lenta e tímida, muitas vezes ainda
FIGURA 12 - SISTEMA EMPRESA VIGGA FONTE: Vigga Blog 2017 .
39 01
3.3 - PÚBLICO ALVO
De acordo com um questionário de pesquisa qualitativa feito pessoalmente com 5 pais e 8 crianças, e uma visita a escola Cabana dos Brinquedos, foi possível observar melhor o comportamento das crianças, e a partir disso definir as características do público alvo a ser trabalhado. As perguntas deste questionário encontram-se no Apêndice A, e suas respostas, apresentadas através de gráficos e tabelas, encontram-se no Anexo A. O público alvo deste projeto, são crian-
portâncias as artes, o amor a natureza, a inteligência manual, aos contos de fadas pois acham importante contar as crianças os contos populares locais e do resto do mundo, aprendem através de imagens, os professores são educadores.(GREENME,2017) Uma das características do público infantil é que o consumidor é o pai e a mãe, porém com forte influência da criança sendo na grande maioria das vezes uma compra negociável entre ambos (DESENVOLVIMENTOCOLEÇAO,2011). Os pais não se
ças com idade entre 4 e 8 anos, com uma forma de criação não convencional, onde os pais são na maioria mais jovens com idade média entre 26 a 31 anos, e com a mente mais aberta, na maioria destas famílias o casal não é divorciado, e a média de filhos por família é 1 ou 2, elas mantêm a educação da criança mais livre, sem gerar preconceitos ou estereotipagem, valorizam o fato da criança ser criança, e que brinquem ao ar livre, andem deslaço, se sujem. Geralmente moram em lugares com bastante espaço livre para a criança brincar, com quintal grande. São famílias de classe média, com formação de ensino médio completo ou superior completo. (QUESTIONÁRIO APLICADO PELAS ALUNAS, 2018) A grande maioria das crianças estudam em escolas com metodologias diferenciadas, onde a pedagogia e os princípios são bem diferentes das escolas comuns, estas escolas não buscam a qualificação profissional, ou a produtividade econômica, a criança cresce aprendendo a compreender qual será seu papel no mundo, também dão im-
importam com a questão de cor ou estamparia para as roupas das crianças, o que eles mais buscam é a durabilidade, a praticidade (na hora de lavar, guardar), se está na moda e conforto da peça. O preço médio, apontado no questionário, que estes pais gastam com roupa para os filhos gira em torno de 59,99 a 129,99, o que viabiliza a inserção do segmento retilíneo junto a moda agênero, já que o primeiro eleva o valor das peças.
40 01
FIGURA 13 - Painel Semântico Públicot FONTE: As autoras.
41
3.4 - TENDÊNCIAS
Como forma de definir as direções aplicadas ao desenvolvimento do projeto, a pesquisa de tendências estabelece particularidades na roupa, nas quais estarão em voga nos próximos anos. Para isso, o projeto em questão foi fundamentado em pesquisas no portal Use Fashion, no qual delimitou-se apenas nas microtendências da moda infantil referente ao outono/inverno do ano de 2019. Conforme a autora Macarena San Martin (p. 54, 2012): “Não é fácil adivinhar o que o público desejará na próxima coleção – especialmente quando se trabalha um ano antes de ela começar. Portanto, a fim de ser capaz de reunir os recursos necessários para o planejamento adequado da coleção, é imperativo realizar uma avaliação, de longo alcance, sobre o que está acontecendo no mundo. Para isso, é necessário estar atualizado quanto às tendências de moda, sociais e de consumo”. Dentre as microtendências analisadas no website, foram selecionadas três das quais relacionam-se com elementos trazidos no painel de tema e o estudo do segmento do público. A primeira tendência é o vestido com modelagens minimalistas (FIGURA 13), em que o conforto é o atributo primordial, essa amplitude favorece os movimentos das crianças, as texturas são valorizadas e os cortes precisam favorecer tanto meninos como meninas, já que não há distinção de gênero nesta tendência (USEFASHION, 2018). Outra microtendência infantil que estará em voga no próximo ano é a capa (FIGURA 14), é uma peça clássica no vestuário feminino
42 01
por sua elegância. No ano de 2017 o artefato ressurgiu ganhando novas características, como: golas diferenciadas, aviamentos, materiais como peles, bordados e aplicações, que garantem um diferencial diante da mesma modelagem que esta vestimenta possui. Uma nova proposta é investir em novos cortes que tragam lembranças do passado, entretanto com um visual totalmente inovador (ibid). A última tendência analisada, apontada pelo Use Fashion (2018), traz as linhas horizontais para indumentária infantil (FIGURA 15), cobrindo predominantemente toda a superfície da peça, resgatando o visual navy com o azul marinho e o branco. Outro ponto são as listras com visual retrô, que utilizam composições diversas, a ideia é que, a partir de uma linha simples aplica-se uma lembrança manual nos riscos, criando uma irregularidade natural na extensão, no sentido e nas cores dos traços.
FIGURA 14 - TENDÊNCIA VESTIDO FONTE: Use Fashion, 2018.
FIGURA 15 - TENDÊNCIA CAPA FONTE: Use Fashion, 2018.
FIGURA 16 - TENDÊNCIA LISTRAS FONTE: Use Fashion, 2018.
43
3.5 - TEMA DA COLEÇÃO
O filme americano “O mágico de Oz” foi lançado no ano de 1939, foi baseado no livro infantil de mesmo nome, do escritor Lyman Frank Baum, publicado no ano de 1900. O enredo da obra cinematográfica conta a história da menina órfã Dorothy Gale, que morava no Kansas com seus tios Emma e Henry e seu cachorro totó. Depois da vizinha Almira Gulch ter ameaçado levar seu cachorro embora, Dorothy foge de casa e encontra o Professor Marvel, que a partir da sua bola de cristal revela que sua tia estava triste e doente com a partida da sobrinha, então a garota decide voltar para sua casa. tQuando a jovem volta para o seu lar, um tornado passa levando ela, sua casa e seu cachorro para o mundo de Oz, ao chegar nesse novo lugar Dorothy é vista como heroína na cidade dos anões, pois a casa cai sobre a bruxa malvada do Leste, assim salvando a cidade de suas malvadezas, como forma de agradecimento a bruxa boa do Sul Glinda lhe dá os sapatinhos de rubi que possuem uma magia poderosa. Mas com a preocupação em relação à sua tia, Dorothy apenas quer voltar para casa, então Glinda fala para a garota procurar o Mágico de Oz na cidade das esmeraldas, para conseguir chegar até lá ela deveria seguir a estrada de tijolos amarelos. Ao decorrer do caminho a jovem encontra um Espantalho que sente falta de ter um cérebro, depois encontra um homem de lata todo enferrujado, no qual manifesta a inexistência de um coração e por último um leão que não tem coragem, então ela sugere que todos vão com ela até a cidade das esmeraldas pedir ajuda para o grande mágico. Ao chegar na cidade, o mágico faz uma proposta de resolver os problemas deles somente se eles levarem até ele a vassoura da
44 01
bruxa má do Oeste. Depois de descobrirem que a bruxa derrete em contato com a água, eles resgatam a vassoura para levar à Cidade das Esmeraldas, então o mágico resolve o a coragem do leão dando-lhe uma medalha de honra, o cérebro do espantalho dando-lhe um diploma e o coração do homem de lata dando-lhe um relógio em forma de coração. Porém quando Dorothy ia conseguir uma carona para o Kansas no balão do mágico, ele acaba partindo sozinho deixando-a na cidade. No final da história aparece a bruxa boa do Sul Glinda dizendo para a menina bater três vezes o calcanhar, pronunciando as seguintes palavras “Não há melhor lugar como o nosso lar” que os sapatinhos de rubi a levariam de volta para sua casa. E assim Dorothy acorda em sua cama, com seus tios dizendo que tudo aquilo que ela havia passado era apenas um sonho. Esse tema foi escolhido para reviver a questão da história lúdica do Magico de Oz, que os pais das crianças viveram em sua época de infância, trazendo os ensinamentos desse conto clássico para a nova geração. Já que diante da análise da pesquisa de público com os pais, esse filme marcou suas vidas como uma grande referência do cinema na fase infantil.
FIGURA 17 - Painel Semântico Tema FONTE: As autoras.
45
3.6 - MIX DE COLEÇÃO
3.6.1 - MIX DE MODA A função do mix de moda é categorizar o estilo das peças da coleção entre básico, fashion e conceitual (ou vanguarda).
46 01
TABELA 05 - MIX DE MODA FONTE: As autoras.
47
3.6.2 - MIX DE PRODUTO O mix de produto consiste na definição das peças que irão compor a coleção, divididas entre TOP, BOTTONS e PEÇAS ÚNICAS.
48 01
TABELA 05 - MIX DE PRODUTO FONTE: As autoras.
49
3.7 - GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS
A geração de alternativa é a etapa do projeto em que as primeiras opções de produtos são geradas, levando em consideração todas as etapas anteriores. Com base no mix de produto e de moda já desenvolvidos, foram esboçadas alternativas de paças para possivelmente compor a coleção. Estas alternativas , após selecionadas, foram digitalizadas e vetorizadas para então testar as visualizações dos pontos de malharia retilínea.
50 01
FIGURA 18 - GERAÇÕES DE ALTERNATIVAS FONTE: As autoras.
FIGURA 19 - GERAÇÕES DE ALTERNATIVAS PONTOS FONTE: As autoras.
51
4. RESULTADOS
4.1 - COLEÇÃO
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
4.2 - CARTELA DE CORES
66
4.3 - CARTELA DE MATERIAIS
FIOS FIO LANSUL
FIO LUREX
COMPOSIÇÃO: 100% PAC
COMPOSIÇÃO: 60% PES METALIZADO 40% PA
GRAMATURA: GRAMATURA:
TECIDOS MALHA
PELO SINTÉTICO
TRICOLINE
COMPOSIÇÃO: 100% CO
COMPOSIÇÃO: 100% PES
COMPOSIÇÃO: 100% CO
AVIAMENTOS BOTÃO DE FERRO
FIVELA
COMPOSIÇÃO: Ferro
COMPOSIÇÃO: Ferro
TAMANHO: 17mm
TAMANHO: 30mm
REBITE REDONDO
ELÁSTICO
COMPOSIÇÃO: Alumínio
COMPOSIÇÃO: 71% PES; 29% ED
TAMANHO: 17mm TAMANHO: 30mm
CORDÃO ACHATADO (CADARÇO)
REGULADOR DE ALÇA COMPOSIÇÃO: Ferro
COMPOSIÇÃO: 100% CO TAMANHO: 30mm GRAMATURA: 4x7mm
67
4.2 - FICHAS TÉCNICAS
68
69
70
71
72
3. PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA
01
01
6. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
6.1 - ANÁLISE DE VIABILIDADE
81
82
O preço de venda das peças ficou em uma média de R$115,00 e 390,00 reais. O valor de venda ficou um pouco acima do esperado, porém por serem peças exclusivas e de malharia retilínea, os clientes acham que está dentro do valor e que vale a pena pagar isso por elas. Pela qualidade e exclusividade, e pelo fato de ser uma coleção agênero, os pais ficam mais confiantes em investir, sabendo que poderão passar as peças a diante, para outros filhos ou filhos de parentes.
FIGURA 20 - PROVA DAS ROUPAS FONTE: As autoras.
83
6.2 - ANÁLISE ERGONÔMICA
84
6.3 - VALIDAÇÃO COM USUÁRIO
85
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como escopo a criação de um projeto de design de malharia retilínea com foco no segmento agênero. Primeiramente, houve uma pesquisa sobre a história da malharia retilínea, suas aplicações e técnicas. Através das análises de similares realizadas pode-se observar através da sincrônica possíveis concorrentes e também ter noção das peças que estão sendo produzidas e ofertadas no mercado. O segmento agênero foi estudado e contextualizado, assim como a análise da indumentária infantil. Aliou-se design e malharia retilínea para a criação de uma coleção de 10 looks, com 21 peças, que representasse o tema escolhido, o filme “O Mágico de Oz” de 1939. A execução das peças após a definição da coleção trouxe ricas experiências sobre a produção de artigos de moda. Pode-se compreender a complexidade do processo produtivo, e principalmente, a complexa tarefa de interagir com fornecedores e realizar uma ideia. Há muita dificuldade em se comunicar com pessoas que sabem a técnica mas não tem conhecimentos de design. As questôes sobre prazos também tornaram-se aprendizado, visto que em Curitiba as opções de produção de malhas em malharia retilínea são reduzidas, e isto fez sobrecarregar o fornecedor, trazendo empecilhos com relação a entrega no prazo desejado. Confirmou-se a teoria de que
88
o uso de aviamentos em malharia retilínea requerem atenção, devido a dificuldade do manuseio da malha e seu comportamento ao receber aviamentos. E também, pode-se ter noção de quanto investimento é necessário para trabalhar com essa técnica e também, justificou-se os valores mais altos de peças em malharia retilínea.
8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARTOLA, POLYANE. conheça os tipos de malharias da indústria têxtil. Disponível em: <http://www. audaces.com/conheca-os-tipos-de-malhariasda-industria-textil/>. Acesso em: 15 mar. 2018.
dolf-steiner>. Acesso em: 10 abr. 2018.
CASTILHO, E.W.V. O que é gênero. Disponível em: <http://pfdc.pgr.mpf. m p . b r/ p f d c / i n f o r m a c a o - e - c o m u n i c a c a o /e v e n t o s / m u l h e r/d i a - d a - m u lher/verbet>. Acesso em: 20 mar. 2018.
MARTIN, Macarena San. Como ser um designer de moda: Marcelo Nissen Ribas. 1 ed. São Paulo: Escala, 2012. 1-199 p.
CASTILHO, Kathia. Moda e linguagem. rev. São Paulo: Ed. Anhembi Morumbi, São Paulo, n. 2, jul. 2009. COTIDIANO UFSC. Liberdade para ser e vestir o que quiser. Disponível em: < t>. Acesso em: 04 abr. 2018. DESENVOLVIMENTO COLEÇÃO. Características do mercado infantil: público alvo. Disponível em: <http://des e nvo lv i m e n to c o l e c a o . b l o g s p o t . c o m . br/2011/04/caracteristicas-do-mercado-infantil.html>. Acesso em: 12 abr. 2018. ELLE. Como o tricô perdeu a fama de roupa de vovó e se tornou uma das peças mais fashion do armário. Disponível em: <https://elle.abril.com.br/moda/como-o-trico-perdeu-a-fama-de-roupa-de-vovo-ese-tornou-uma-das-pecas-mais-fashiondo-armario/>. Acesso em: 28 mar. 2018. GREEN ME. Pedagogia Waldorf: 10 princípios da filosofia da educação de Rudolf Steiner. Disponível em: <https://www. greenme.com.br/viver/especial-criancas/2578-pedagogia-waldorf-10-principios-da-filosofia-da-educacao-de-ru-
IEMI, Relatório Setorial da Indústria Têxtil Brasileira. Instituto de Estudos e Marketing Industrial, São Paulo: Free Pess, mar./jul. 2007.
MENDES, LAYLA. Malharia 4d: consegue imaginar?. Disponível em: <http:// b u ye r a n d b r a n d . c o m . b r/a s -1 0 - t e n d e n c i a s - d e - i nve r n o -2 0 17-2 0 1 8 - p ara-usar-ja/>. Acesso em: 15 mar. 2018. NOGUEIRA, Conceição. Um novo olhar sobre as relações sociais de gênero: feminismo e perspectivas críticas na psicologia social. Fundação Calouste Gulbenkian, Portugual, p. 01-440, mar. 2001. Disponível em: <https://sigarra.up.pt/ fpceup/pt/pub_geral.pub_view?pi_pub_ base_id=30136>. Acesso em: 29 mar. 2018. PERLIN, Rafhaela Luvison. Design e moda sem gênero como contribuintes para a expressão da subjetividade desterritorializada. . Trabalho de Conclusão de Curso – Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, n. 165f, nov. 2016. REVISTA CRESCER. Roupa sem gênero: a nova tendência da moda infantil. Disponível em: <https://revistac re s c e r. g l o b o . c o m /n o t i c i a /2 0 1 7/0 2 / roupa-sem-genero-nova-tendencia-da-moda-infantil.html>. Acesso em: 22 mar. 2018. RUBIN, ; G, . The traffic in women: notes on the “political economy of sex:
89
Toward na Anthropology of Women. [S.L.]: New York: Monthly Review Press, 1995. SCOTT, Joan. Gênero uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, nov./dez. 1995. Disponível em: <http://www.seer. ufrgs.br/educacaoerealidade/article/ view/71721/>. Acesso em: 04 abr. 2018. SENA, Taisa Vieira. TECNOLOGIA TÊXTIL II – Classificação dos tecidos. Trabalho não publicado, Curitiba, dez. 2017. SENAI, Malharia. 1 ed. São Paulo: Senai São Paulo, 2015. 171 p. SEVEGNANI, FÁBIO; SACOMANO, JOSÉ BENEDITO. A estratégia de manufatura do setor de malharia retilínea pela análise do processo produtivo – o cluster do circuito das malhas. Disponível em: <http://www.inovarse.org/filebrowser/ download/8959>. Acesso em: 29 mar. 2018. SILVA, MARCOS. Malharia – bases de fundamentação. Disponível em: <file:///c:/users/ ferre/downloads/malharia_bases_de__fundamentacao.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2018. SILVA, Susana Veleda. Os estudos de gênero no Brasil: algumas considerações. Revista Bibliográfica de Geografia y Ciencias Sociales, Barcelona, n. 262, p. 1-13, nov. 2000. SISSONS, Juliana. Malharia. 1 ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. 175 p. SORGER, Richard; UDALE, Jenny. Fundamentos de design de moda. 1 ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. 1-176 p.
90
TRICO CURSOS. Dicas úteis - sobre máquinas. Disponível em: < http:// w w w. t r i c o c u r s o s . c o m . b r/ d i c a s / m a quinas.asp >. Acesso em: 29 mar. 2018. UDALE, Jenny. Tecidos e moda: explorando a integração entre o design têxtil e o design de moda. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2015. 1-200 p. USEFASHION. Moda infantil inverno 2019. Disponível em: <https://www.usefashion.com/categorias/noticia.aspx?idconteudo=84621>. Acesso em: 27 mar. 2018.
8 - APÊNDICE 9 APÊNDICE A - PERGUNTAS QUESTIONÁRIO
91
92
10 - ANEXO ANEXO A - RESPOSTAS QUESTIONÁRIO
93
94
95