BANCA EXAMINADORA
Prof. Me. Vanderlei Rossi (Orientador)
Prof. Me. Eduardo Vianna (Examinador Interno)
Annie Silveira (Examinadora Externa)
Rodrigo Prata (Examinador Externo)
São Paulo | Dezembro de 2022
Dedicoessetrabalhoaosmeuspaiseaomeuirmão por acreditarem em mim; ao meu orientador, que mergulhou de cabeça nas minhas ideias; aos meus avós;asminhasduasestrelinhas.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Me. Vanderlei Rossi. Obrigada por me exigir mais do que eu acreditava que seria capaz de realizar. Declaro aqui minha eterna gratidão pelo compartilhamento de seu conhecimento e tempo, bem como sua amizade, os nossos dias juntos serão para sempre lembrados
Ao meu pai e minha mãe, Sergio e Mara, por acreditarem em mim, por apostarem no meu potencial, por serem os melhores,
Ao meu irmão, Miguel, por ser meu porto seguro.
A Laura, Simone e Sandro, que são meus exemplos.
Ao Giovanni, por ser apoio e amor, por toda a compreensão com minha ausência em diferentes momentos.
A Mariana, minha companheira, por ser meu ombro amigo e minha maior incentivadora.
A Maria Vitória, por ser lar, por nunca ter soltado a minha mão, por dividirmos os mesmos pensamentos.
A Ynara e a Giovanna, por serem minhas grandes parceiras da arquitetura.
A Rose, por me acolher.
Ao meu amor incondicional, Madalena.
RESUMO
O Trabalho Final de Graduação (TFG) apresenta um anteprojeto arquitetônico que atua como Complexo Aeroportuário para o Aeroporto Dr. Leite Lopes em Ribeirão Preto (RAO) no estado de São Paulo.
Para elaboração do projeto, foi utilizado especialmente o conceito de Arquitetura Modular, em conjunto com a concepção de Não-Lugar e a definição de Terminal de Passageiros (TPS). A pesquisa aprofundada identificou que o uso do transporte aéreo vem ficando cada vez mais popular e, com isso, surge uma necessidade de aprimoramento.
Para um melhor desenvolvimento, foram estudados elementos teóricos pertinentes ao assunto e realizada uma leitura morfológica do terreno e do entorno em que foi feita a intervenção. Além disso, o estudo das legislações urbanas e específicas de um aeroporto, foram necessárias para um resultado apropriado, vista a complexidade do tema.
O anteprojeto tem como proposta a reforma do TPS existente, uma via de acesso elevado, um estacionamento coberto, uma passarela de interligação, uma galeria e um mirante. Foram usadas três projetos referências para o resultado final aqui apresentado.
Palavras-chave: Aeroporto; Estacionamento; Terminal de passageiros; Transporte aéreo.
ABSTRACT
The Final Work Degree presents an architectural draft project that acts as the airport complex for Aeroporto Dr. Leite Lopes, in Ribeirão Preto, at São Paulo state.
For the project elaboration, Modular Architecture was specially used, together with the concept of Non-Place and the definition of Passengers Gate (PG). The in-depth research identified that the usage of air transportation is becoming more popular, and, with that, the need of an upgrade arises.
In order to have a better development, theoretical elements relevant to the subject were studied and a morphological analysis of the land where the intervention was done and its surroundings was performed. Furthermore, the study of urban and airport-specific legislation was needed, intending to have an appropriate conclusion, taking into consideration the complexity of the subject.
The draft project proposes the remodeling of the already existing PG, an elevated access way, covered parking, interconnection walkway, a gallery and a overlook. Three reference projects were used for the final result here presented.
Key-words: Airport; Parking Lot; Aiport Terminal; Air Transport.
Minha escolha me ajudou a perceber que às vezes as decisões mais difíceis que uma pessoa pode tomar provavelmente levarão aos melhores resultados.
- Collen Hoover
Figura 46: Planta com Áreas de Segurança, nova Via de Acesso e Fluxos
Figura 47: Planta com Eixos Estruturais - Pavimento Térreo
Figura 48: Modelo 3D Exemplo - Pilar com Malha Espacial
Figura 27: Mapa de localização geral do aeroporto 48 Figura 28: Mapa de localização do TPS e dos estacionamentos 48 Figura 29: Entrada do estacionamento de carros do RAO 49 Figura 30: Acesso principal para o TPS com vista para a pista de voo 49 Figura 31: Rua Pouso Alegre a margem da pista de voo 49 Figura 32: Fachada principal do RAO e praça 49 Figura 33: Gráfico PAX/ano do RAO 55 Figura 34: Fluxo de pessoas 60 Figura 35: Implantação Macro e Micro do Aeroporto existente 62 Figura 36: Implantação Macro e Micro do Aeroporto proposto 63 Figura 37: Implantação do Aeroporto proposto 64 Figura 38: Planta de Layout - Pavimento Térreo 65 Figura 39: Planta de Layout - Pavimento Superior 66 Figura 40: Planta de Layout - Pavimento Galeria/Mirante 67 Figura 41: Planta de Cobertura 68 Figura 42: Planta de Setorização - Pavimento Térreo 69 Figura 43: Planta de Setorização - Pavimento Superior 70 Figura 44: Planta
71
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
de Setorização - Pavimento Galeria/Mirante
Figura 45: Planta com Áreas de Segurança, Redesenho do Sistema
Viário e Fluxos de Pessoas e Veículos - Pavimento Térreo 72
de Pessoas e Veículos - Pavimento Superior e Galeria/Mirante 73
74
75
75
76
24
26
3:
32
4: Vista lateral do FLN 32 Figura 5: Planta do térreo (desembarque) do FLN 33 Figura 6: Planta do pavimento superior (embarque) do FLN 33 Figura 7: Maquete eletrônica do FLN 33 Figura 8: Corte perspectivado do FLN 33 Figura 9: Fachada principal do KUN 34 Figura 10: Fachada posterior (PPD) do KUN 34 Figura 11: Planta do pavimento térreo (desembarque) do KUN 35 Figura 12: Planta do pavimento superior (embarque) do KUN 35 Figura 13: Planta de implantação dos estacionamentos do KUN 35 Figura 14: Corte transversal do KUN 35 Figura 15: Fachada posterior (PPD) do NSN 36 Figura 16: Vista do interior do NSN 36 Figura 17: Planta do pavimento térreo do NSN 37 Figura 18: Planta do pavimento superior do NSN 37 Figura 19: Elevação norte e sul, respectivamente, do NSN 37 Figura 20: Elevação leste e oeste, respectivamente, do NSN 37 Figura 21: Diagrama de localização do RAO 40 Figura 22: Mapa de hipsometria 41 Figura 23: Mapa do plano viário de Ribeirão Preto 41 Figura 24: Região próxima ao RAO 45 Figura 25: Mapa com curvas de ruídos 46 Figura 26: Zoneamento vigente na área de intervenção 47
Figura 49: Modelo 3D - Vigamento do Piso da Passarela
Figura 50: Modelo 3D da Ponte Telescópica para Embarque no RAO
Figura 1: Conceitos de Projetos de Terminais
Figura 2: Esquema comparativo com base em tempo de produção
Figura
Fachada principal do FLN
Figura
Tabela 01: Classe da infraestrutura do RAO no PAN 56 Tabela 02: Divisão de áreas externas ao TPS que compõem o aeródromo 57 Tabela 03: Programa de necessidades 57 Figura 51: Exemplo real da Ponte Telescópica para Embarque 76 Figura 52: Fachada A 78 Figura 53: Fachada B 78 Figura 54: Fachada C 78 Figura 55: Fachada D 79 Figura 56: Fachada E 79 Figura 57: Fachada F 79 Figura 58: Corte AA 80
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1.
2. ESTUDOS DE CASO 32
2 . 1 AEROPORTO INTERNACIONAL DE
2
INTRODUÇÃO
APRESENTAÇÃO
CONCEITOS
JUSTIFICATIVA
OBJETIVO
METODOLOGIA
REFERENCIAL TEÓRICO
22 1 . 1
22 1 . 2
23 1 . 3
26 1 . 4
27 1 . 5
28 1 . 6
28
FLORIANÓPOLIS (FLN) 32
KAUNAS FLUXUS (KUN) 34
3 AEROPORTO DE NELSON (NSN) 36
. 2 AEROPORTO INTERNACIONAL
2 .
3. LEITURA MORFOLÓGICA 40
3 . 1 LOCALIZAÇÃO 40
3 . 2 REFERENCIAL HISTÓRICO 42
3 . 3 ANÁLISE DO ENTORNO 45
3 . 4 LEGISLAÇÃO URBANA 47
3 . 5 SITUAÇÃO ATUAL 48
4. PROJETO 54
4 . 1 LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA 54
4 . 2 PRÉ - DIMENSIONAMENTO 55
4 . 3 PROGRAMA DE NECESSIDADES 56
4 . 4 COMPLEXO AEROPORTUÁRIO 58
CONCLUSÃO 88
5.
92
6. REFERÊNCIAS
01 INTRO DUÇÃO
APRESENTAÇÃO CONCEITOS JUSTIFICATIVA OBJETIVO METODOLOGIA REFERENCIAL TEÓRICO 1 . 1 1 . 2 1 . 3 1 . 4 1 . 5 1 . 6
1.
1 . 1 APRESENTAÇÃO
O estudo em questão propõe para o Trabalho Final de Graduação (TFG) um anteprojeto arquitetônico que atue como Complexo Aeroportuário para o Aeroporto Dr. Leite Lopes em Ribeirão Preto (RAO) no estado de São Paulo.
O tema surgiu de um apreço da autora pelo estudo da aviação, o interesse pessoal por entender a logística e o funcionamento da infraestrutura majestosa dessa tipologia de edificação.
A pesquisa aprofundada identificou que vem havendo uma crescente demanda referente a reformas dessas construções. O uso do transporte aéreo vem ficando cada vez mais popular e, com isso, surge uma necessidade de ampliação e aprimoramento para atender o fluxo que recebe. No Aeroporto Dr. Leite Lopes tem-se um terminal de passageiros com uma infraestrutura insuficiente para a quantidade de pessoas que recebeu nos últimos anos.
O isolamento que ocorreu devido a pandemia da COVID-19 interrompeu por um tempo, globalmente, o uso desse meio de transporte, como forma de conter o contágio nacional e internacional. Dessa forma, os dados usados para análise são datados até 2020, anterior ao cenário atípico, saltando para as datas após 2021, com o retorno das funcionalidades.
Para elaboração do projeto, foi utilizado especialmente o conceito de Arquitetura Modular, em conjunto com a concepção de Não-Lugar e a definição de Terminal de Passageiros (TPS). O partido do anteprojeto para reforma do TPS existente, é um formato laminar
com ponto focal na disposição e escolha dos elementos estruturais. Em complemento a essa a edificação principal, há uma via de acesso elevado, um estacionamento coberto, uma passarela de interligação, uma galeria e um mirante, todos elementos marcantes que compõem o Complexo Aeroportuário proposto.
Andrade (2007)1 ressalta que os terminais aeroportuáriossãodiversificadosentresiequepossuemum certonúmerodecaracterísticasqueostornamlugares “sem igual”. O autor coloca ainda que, mesmo havendooutrostiposdeedificaçõescontemporâneas semelhantesemcomplexidadedeuso,sofisticaçãoe amplitudedeescala,háaspectosquesãoexclusivos de terminais aeroportuários quando comparado a outros modais. Dentre tais particularidades, o autor destaca: a dupla interface entre os lados terra e ar, asgrandesdimensõesinternas,apresençadeequipamentosmecânicosautomáticosparaotransporte depassageiros(AutomatedPeopleMover-APM)ea necessária flexibilidade para crescer e se modificar, que é ainda imprevisível frente à potencialidade de desenvolvimento da indústria da aviação. Assim, ao afirmaremque“oterminaldeumaeroportoestána posição singular de acomodar as necessidades tantodasaeronavesquantodospassageiros”,Younge Wells(2014,p.239)2expõemumaquestãofundamen-
COMPLEXO AEROPORTUÁRIO 22
INTRODUÇÃO
1 ANDRADE, Nelson. Arquitetura dos terminais aeroportuários de passageiros: função, identidade e lugar.334 f. Tese de doutorado em arquitetura. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
2 YOUNG, Seth; WELLS, Alexander. Aeroportos: Planejamento e gestão. Tradução: Ro-
talnacompreensãodasingularidadedessesequipamentos.(CAVALCANTE,DUARTE,COHEN,2017).
1 . 2 CONCEITOS
Os conceitos apresentados a seguir foram usados para basear o projeto de edificação elaborado. Foram escolhidos os termos terminal de passageiros, não-lugar e arquitetura modular.
Terminal de Passageiros
O guia da Transportation Research Board (2010) segrega o Complexo Aeroportuário em três componentes primários: lado ar, terminal e lado terra1, sendo o componente de interesse o terminal. A definição de Terminal para a modalidade aérea é encontrada no dicionário como a área de embarque ou desembarque em um aeroporto (terminal de passageiros/carga).
Nelson Andrade (2007) disserta sobre as funcionalidades desse tipo de edificação, começando pela questão do terminal como complexo funcional. O primeiro nível de exigência é constituído da infraestrutura
relacionada com o processo de transferência dos passageiros do transporte terrestre ao aéreo, abrangendo operações internas e externas. Todavia, já não basta aos terminais transferir com rapidez e eficiência os passageiros entre os meios de transporte (ou entre voos consecutivos como conexões), hoje temos uma enorme quantidade de bagagem que deve também ser transportada da mesma maneira.
O autor então aponta outra resolução de um diferente nível de exigência, os comércios e serviços que “(...) tem transformado os
nald Saraiva de Menezes. 6ª edição. Porto Alegre: Bookman, 2014.
1 Tradução literal da aluna, sendo as nomenclaturas originais "airside, terminal, landside".
terminais em híbridos de terminais e shopping centers trazendo inegáveis benefícios aos passageiros e às administrações aeroportuárias, mas também, problemas.” (ANDRADE, 2007). Como funções complementares, locais para reuniões e hospedagem, facilitadores de comunicação e transmissão de dados, são cada vez mais incorporados aos programas.
Nelson Andrade (2007) cita então características especiais e específicas desse tipo de edificação, apontando alguns desafios a serem vencidos: ser um edifício com dupla interface, com os lados terra e ar; a grande dimensão; o fato serem ou edificações isoladas ou que estão em conflito com edificações existentes; a necessidade de ligação entre terminais; e por fim, a contínua necessidade de flexibilidade para expandir e modificar.
Em complemento, as Premissas Básicas para Estudos Técnicos Arquitetônicos de Terminais de Passageiros (INFRAERO, 2007) coloca inúmeras áreas de uso público e restrito que são requisitos mínimos para esse tipo de edificação. Ainda sobre layout interno, temos o Manual de Anteprojeto (ANAC, 2021) que apresenta cálculos de dimensionamento, necessidades específicas de ambientes, memorial descritivo e caderno de especificações técnicas, dentre outras informações.
Trocando a escala tem-se os conceitos de projetos de terminais e suas aeronaves a partir da década de 40, que foram resumidos na imagem a seguir.
INTRODUÇÃO 23
Figura 1: Conceitos de Projetos de Terminais
resumidamente, que um não lugar é representado pela ausência de identidade, sem referências históricas ou sociais, anônimos. Esses não-lugares podem ser entendidos como não identitários, ambientes com os quais o sujeito não consegue estabelecer vínculos relacionais durante a sua ocupação. Essas duas categorias devem ser vistas antes como polaridades onde tanto os próprios lugares e as relações se recompõem e onde “...o primeiro nunca totalmente apagado e o segundo nunca se realiza totalmente” (AUGÉ, 1994, p.74 apoud SCHNEIDER, 2014).
Fonte: YOUNG; WELLS, 2014 1 apoud CAVALCANTE; DUARTE; COHEN, 2017, p.60 Não-Lugar
Para o antropólogo Marc Augé, os espaços antropológicos são todos aqueles que apresentam fortes vínculos sociais, é o espaço vivido, do cotidiano, que carrega consigo a afetividade e a memória, de profunda relação do indivíduo com o mundo que o cerca, apresentando características identitárias, relacionais e históricas. (AUGÉ, 1994 apoud
SCHNEIDER, 2014)
A definição de não lugar não é encontrada de forma geográfica, pois se trata de um conceito criado também por Marc Augé que diz,
1 YOUNG,
Os não lugares são tanto as instalações necessárias à circulação acelerada das pessoas e bens (vias expressas, trevos rodoviários, aeroportos) quanto os próprios meios de transporte ou os grandes centros comerciais, ou ainda os campos de trânsito prolongado onde são alojados ou refugiados do planeta. (AUGÉ, 1994, p.36)
Se tratando do ambiente aeroportuário, é possível identificar uma linguagem genérica e sem individualidade. Essa falta de personalidade confere aos aeroportos em sua maciça maioria um status de não lugares, sendo que “Um aeroporto é o primeiro ponto de contato e ao mesmo tempo a última memória de um destino.” (ESTEVES, 2016)
Essa definição nos direciona a uma perspectiva diferente dessas grandes estruturas, sobre como os aeroportos têm um potencial de criar uma relação entre a região inserida e os visitantes que por ali passam, ou até mesmo se tornar um ponto de encontro e um destino propriamente dito. Aeroportos que se representam através da gastronomia local em suas áreas de alimentação e produtos de venda que comuniquem a
COMPLEXO AEROPORTUÁRIO 24
Seth; WELLS, Alexander. Aeroportos: Planejamento e gestão. Tradução: Ronald Saraiva de Menezes. 6ª edição. Porto Alegre: Bookman, 2014.
cultura local ou até mesmo uma hospitalidade para longos tempos de permanência se tornem menos desagradáveis. Ou seja, começa a surgir uma ideia de se criar experiências para os que passam por ali. (ESTEVES, 2016)
Arquitetura Modular
A ideia do uso de proporções modulares para regular projetos de edificações é antiga (LE CORBUSIER, 1954 1 apoud GOSLING et al. 2016 2). Bastos (2015) descreve o histórico da construção modular advindo do interesse humano por proporções e por ordenação já na Antiguidade, com exemplos através do uso de relações modulares entre pirâmides e seus blocos de pedras na civilização egípcia, e proporções entre diâmetro e altura das colunas, na civilização grega. (BAÚ, 2021)
Ainda segundo Bastos (2015), a construção modular recente baseia-se nos conceitos da teoria da coordenação modular e de metodologias de produção racionalizadas, desde a Revolução Industrial, no século XIX, e com ascensão marcada pela criação da primeira norma de coordenação modular, logo após a 2ª Guerra Mundial, a DIN 4172ModularCo-ordinationinBuildingConstruction. (BAÚ, 2021)
No Brasil, a NBR 15873:2010 “Coordenação modular para edificações”, tem como objetivo a coordenação modular e sua multiplicidade, visando promover a compatibilidade dimensional entre elementos e componentes construtivos, permitindo racionalizar
processos e definindo princípios da coordenação modular para edificações (ALMEIDA, 2015).
Promovendo a multiplicidade, desenvolve-se na revolução industrial novos equipamentos e técnicas que permitiram a manipulação de materiais, como aço e vidro, de forma ágil e eficiente, possibilitando a produção em série de elementos pré-fabricados (BREGATTO, 2008). O interesse por esses elementos cresceu, em busca da normatização da construção modular, pois trata-se de uma obra limpa, com diminuição de desperdícios e perdas, aumento da produtividade e agilidade durante o projeto. Dentre inúmeras vantagens, a construção modular vem sendo bastante explorada devido a sua versatilidade e rapidez na construção, principalmente em projetos emergenciais, como estruturas hospitalares e abrigos (MOREIRA, 2021).
1 Corbusier, L. (1954). Themodulor: A harmonious measure to the human scale universally applicable to architecture and mechanics. Faber and Faber, London
2 GOSLING, J., PERO, M., SCHOENWITZ, M., TOWIL, D., CIGOLINI, R. Defining and Categorizing Modules In Building Projects: An International Perspective. Journal of Construction EngineeringandManagement, v.142, n. 11, 04016062. 2016.
Focalizando na tipologia aeroportuária proposta, a redução do tempo de execução é um fator relevante, já que esse tipo de construção não pode permanecer fechada por um longo período de tempo. Essa redução do tempo de construção geral deve-se principalmente à possibilidade de execução de atividades de produção paralelas dentro e fora do canteiro de obras. Enquanto o processo de fabricação ocorre na fábrica, inicia-se a execução simultânea de atividades on-site. A produção dentro do canteiro na construção modular é um processo simplificado e resume-se à preparação do terreno para suportar as cargas e à conexão aos serviços principais de infraestrutura e, à montagem dos módulos. O esquema a seguir representa de forma genérica um cronograma de execução da construção modular em comparação a construção tradicional e a redução no prazo de execução gerado. (SILVEIRA, 2021)
INTRODUÇÃO 25
Juntamente a redução de tempo, tem-se a personalização e praticidade para ampliação. Assim como a construção tradicional, a construção modular também permite a personalização, no entanto, os edifícios modulares são adaptáveis às necessidades dos clientes e usuários no sentido de que é possível desenvolver um projeto no qual novos módulos possam ser acoplados criando novos espaços e ampliando a área construída sem afetar a existente. (SILVEIRA, 2021).
1 . 3 JUSTIFICATIVA
A demanda por serviços de transporte aéreo comercial cresceu exponencialmente na última década, alcançando resultados expressivos de números de passageiros, com recorde histórico de 119,4 milhões de viajantes transportados no mercado doméstico e internacional em 2019, segundo a ANAC.
Osnãolugaressãotantoasinstalaçõesnecessárias à circulação acelerada das pessoas e bens (vias expressas, trevos rodoviários, aeroportos) quanto os próprios meios de transporte ou os grandes centroscomerciais,ouaindaoscamposdetrânsito prolongado onde são alojados ou refugiados do planeta.(AUGÉ,1994,p.36)
De modo contíguo, é notório que os aeroportos tem uma enorme importância socioeconômica mundial, por exemplo o Aeroporto Internacional Hartsfield-Jackson que fica em Atlanta, uma cidade do EUA que tem em torno de 600 mil habitantes e é o maior aeroporto do mundo, com mais de 100 milhões de passageiros anuais. E, exatamente por esse fator, Atlanta se transformou uma das dez cidades com a melhor economia do mundo, conforme matéria do jornal Simple Flying. Concluindo, temos o apontamento do Leonardo Vasconcelos em seu trabalho de dissertação.
1 MODULAR BUILDING INSTITUTE (MBI). Website da Associação Comercial que trata de assuntos relacionados à Construção Modular. Disponível em: <https://www.modular.org/HtmlPage.aspx?name=why_modular>. Acesso em: 18 Nov. 2022.
COMPLEXO AEROPORTUÁRIO 26
Figura 2: Esquema comparativo com base em tempo de produção
Fonte: Adaptado por SILVEIRA (2021) de MBI (2021) 1
Palhares e Espírito Santo Jr. (2001)2 apud Kuhn
2
ESPÍRITO SANTO JR, R. A.; CORREIA, F. C.; PALHARES, G. L (2001) Airport Privatization in Brazil: Questions and Answers. In: 36th Canadian Transportation Research Forum (CTRF). Proceedings of the 36th CTRF Annual Conference A Transportation Odyssey. v. 1, p. 17-31. Van-
(2003)1 também classificam dois tipos de impactos econômicos gerados pelos aeroportos, em escala regional e nacional, considerando também que o aeroportopodeinterferirdiretamente(pelosmesmos mecanismos de receitas, impostos e geração de renda)eindiretamente(comofacilitadoresdeoutras atividades econômicas) no desenvolvimento da região.(VASCONCELOS,2007)
A escolha do RAO foi influenciada também devido ao processo de concessão que aconteceu em abril de 2022, mudando o órgão administrativo para a Rede Voa, comprovação do interesse político e econômico em aprimorar a arquitetura e a funcionalidade do aeroporto, devido ao aumento do fluxo de passageiros anuais do aeroporto. Sendo considerado o quarto aeroporto mais importante do estado, foi identificada então a necessidade de ampliação e o interesse social econômico da revitalização para atrair mais viajantes e visitantes para a área, além de investimentos no turismo e hotelaria, no lazer, prestação de serviços, dentre outros, gerando mais receita para Ribeirão Preto, conforme dito na matéria publicada no site da Prefeitura da cidade de Ribeirão Preto.
O levantamento realizado no mês de julho de 2022 identificou que os voos regulares feitos pelo RAO são com destino a Campinas, Rio de Janeiro e São Paulo, principalmente, e aos finais de semana e feriados os voos para Maceió, Porto Seguro e Recife são numerosos.
Os aviões levantam voo entre as 05:50 e 19:20, sendo dos tipos Airbus
A319/A320, ATR 72-600 e Embraer E195.
couver, Canadá.
1 KUHN, E.L. (2003) Impactos da competição entre aeroportos no Brasil. Dissertação de Mestrado. Departamento de Economia, Universidade de Brasília.
1 . 4 OBJETIVO
Objetivo geral
O objetivo geral do TFG é realizar um projeto de edificação que funcione como reforma e ampliação do TPS do Aeroporto Dr. Leite Lopes.
O RAO, em Ribeirão Preto, atua no município desde 1939 e a ampliação de sua arquitetura será para suprir as insuficiências identificadas com o passar dos anos.
Objetivos específicos
• Entender o sistema de locomoção aéreo juntamente com a arquitetura aeroportuária, justificando assim a necessidade de um aeroporto com um terminal de passageiros bem estruturado;
• Compreender os precedentes históricos, os conceitos relevantes e as normativas vigentes para um sistema aeroportuário funcional, seja em uma reforma, ampliação ou construção;
• Identificar e absorver os elementos técnicos importantes para a realização de um projeto desse porte, como setorização de áreas, organização e circulação de passageiros, disposição e ciclo de funcionamento de aeronaves, áreas técnicas, etc.;
• Estudar projetos existentes que possuem eficiência em conforto térmico, conforto lumínico e ergonomia;
• Entender como a arquitetura modular funciona para terminais aeroportuários;
• Interpretar as normativas e legislações vigentes, avaliando como a quantidade de visitantes que circulam por essas edificações influencia no dimensionamento, no programa de necessidades e na funcionalidade.
INTRODUÇÃO 27