RAÍZES
PARQUE EDUCATIVO CAMILA PANET BARROS - 10614176 | UNIPÊ | 2020
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA - UNIPÊ UBTECH CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
CAMILA PANET BARROS
ANTEPROJETO DE PARQUE EDUCATIVO NA COMUNIDADE DO "S" EM JOÃO PESSOA - PB
Projeto apresentado ao Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ, como requisito para a Conclusão do Curso de Arquitetura e Urbanismo, habilitação bacharelado. Orientador: Prof. Saulo Leal.
JOÃO PESSOA I 2020
ANTEPROJETO DE PARQUE EDUCATIVO NA COMUNIDADE DO "S" EM JOÃO PESSOA - PB
B333p
Barros, Camila Panet. Raízes: Anteprojeto de Parque Educativo na Comunidade do “S” em João Pessoa - PB Camila Panet Barros - João Pessoa, 2020. 95f. Orientador (a): Prof. Saulo Leal Filho. Monografia (Curso de Arquitetura e Urbanismo) – Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ. 1. Arquitetura. 2. Projeto. 3. Parque Educativo. 4. Comunidade do “S”. 5. Design Participativo.
UNIPÊ / BC
CDU – 712.253
BANCA EXAMINADORA
PROF. ESP. SAULO LEAL ERNESTO DE MELO FILHO (ORIENTADOR)
PROF. RODRIGO NASCIMENTO (AVALIADOR INTERNO)
(AVALIADOR EXTERNO)
JOÃO PESSOA I 2020
AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer a minha família, minha mãe, Amélia Panet, por ter me apoiado de todas as formas possíveis durante a minha formação acadêmica, por seu amor, carinho e companheirismo, e por ter me ensinado tanto sobre esse mundo tão vasto. Espero que um dia eu possa me tornar uma profissional tão exemplar como ela. A meu pai, Marco Antônio, por seu apoio e amor incondicional, e por sempre me motivar a me tornar minha melhor versão em todos os aspectos. Ao meu irmão, Marco Antônio, por seu bom exemplo e me motivar a procurar cada vez mais o amor pelos estudos e pela educação. A meus gatos Miró e Basquiat, por serem um porto-seguro nos momentos de dificuldade, mesmo sem entender muito. Aos meus queridos colegas de faculdade, e eterno grupo de trabalho, Vinícius, João e Maria. Vivemos momentos juntos no decorrer do curso que marcaram eternamente meu coração. Sou muito agradecida por ter tido essa experiência ao lado de vocês. Desejo para nós todo o sucesso do mundo no futuro, e que nossa amizade permaneça cada dia mais forte. Ao meu querido orientador Saulo Leal, pelos conselhos, observações, ensinamentos e conversas. Não poderia ter escolhido um professor melhor para me auxiliar durante essa reta final do curso. Muito obrigada por tudo. A minha professora de TCC II, e minha última professora oficial do curso de Arquitetura e Urbanismo, Cíntia Pedrosa, muito obrigada por toda a ajuda durante essa fase, e por ser a calma em tempos de estresse.
Um agradecimento a querida equipe da AGV Cursos, em especial Vitor Claudino, Gaby Filgueiras, e Letícia Leal que me acompanham durante a vida acadêmica desde 2018, cuja ajuda e apoio constante foram essenciais para a conclusão desse trabalho. Gostaria de agradecer a Fernanda Barros, por ter acreditado no meu potencial e ter me fornecido minha primeira oportunidade de estágio profissional, onde eu aprendi tanto e tive uma experiência incrível. A equipe do Terruá Arquitetura, em especial Ernani Henrique e Sílvia Muniz, por terem me acolhido como parte do seu time de arquitetos que admiro tanto, e por dividir ensinamentos que irei levar para sempre na vida e na arquitetura. A minhas queridas tias e primos Rose Panet, Miriam Panet, Marília Barros, Márcio Barros, Alex Oliveira, Tamie Panet, Clara Nóbrega, Luc Panet, Joaquim Panet, Gabryella Barros e Maryna Barros por sempre me apoiarem e me incentivarem a seguir meus sonhos. Aos amigos queridos e inesquecíveis que fiz dentro e fora da faculdade, em especial minhas amigas de infância Adriely Costa, Natália Cantalice, Maria Isabel, Giulia Fernanda e meus eternas colegas de sala Maria Luiza Xavier, Lara Raianny, Larissa Mangueira, Natália Martins, Ellen Jansen, Marylya Honorato, Maria Eduarda, Lucas Mangueira, Lucas Maximiliano, Lara Araújo e João Barreto. E a todos os professores incríveis que tive durante essa caminhada, cujos ensinamentos irão me marcar para sempre: Jackeline Silva, Giuseppe
Branquinho, Flávia Nóbrega, Sheila, Mayara, Sônia Matos, Marco Suassuna, Marcela Dimenstein, Antônio Claudio Massa, Andrei, Fhilipe Germano, Camila Sales, Ana Flávia, Kelly Lima, e um agradecimento especial ao meu avaliador interno, Rodrigo Nascimento. A meus avós que amarei para sempre, Carmen Panet, Fernand Panet, Lêda Barros e Marco Aurélio Barros, por sempre me motivarem e me apoiarem tanto nos estudos quanto na vida. Aos queridos amigos da família Pascal, Thaïs, Clarisse, e, em especial, Luciana Chianca pelo apoio e por sua experiência na área da Antropologia que me ajudou a entender melhor a área de intervenção. Por fim, obrigada a todos que me ajudaram, me motivaram e me apoiaram no decorrer dessa longa, mas muito gratificante, caminhada. Sou eternamente grata a cada um de vocês.
RESUMO Este trabalho acadêmico tem como objetivo, através da análise de uma comunidade carente da cidade de João Pessoa, elaborar uma intervenção a nível de anteprojeto que procure unir convivência social, cursos profissionalizantes, educação complementar, artes, cultura e esportes em um só lugar por meio da construção de um Parque Educativo, também conhecido como Parque Biblioteca, para a população que compõe a Comunidade do “S”, localizada no bairro do Roger, na capital paraibana de João Pessoa. O projeto do Parque Educativo se inspira em uma política pública criada na Colômbia, que buscava unir arquitetura com educação e vivência comunitária. A elaboração do projeto conta com técnicas do design participativo, arquitetura bioclimática, integração do interior (edificação) com o exterior (ruas e calçadas), e, principalmente, como trabalhar a relação do indivíduo com o coletivo, por meio da cultura, da educação e da convivência. PALAVRAS CHAVE: Arquitetura, Projeto, Parque Educativo, Comunidade do “S”, Design Participativo.
ABSTRACT This academic work seeks, through the analysis of a poor community in the city of João Pessoa, to develop an preliminary design intervention that plans to unite social coexistence, professional courses, complementary education, arts, culture and sports in one place through the construction of an Educational Park, also known as a Library Park, for the population that makes up the “S” Community, located in the Roger neighborhood, in Paraíba’s capital of João Pessoa. The Educational Park project is inspired by a public policy created in Colombia, which sought to unite architecture with education and community experience.The design’s creation relies on techniques of participatory design, bioclimatic architecture, integration of the interior (building) with the exterior (streets and sidewalks), and, mainly, how to work the relationship of the individual with the collective, through culture, education and coexistence.
KEY WORDS: Architecture, Design, Educational Park, The “S” Community, Participatory Design.
"PRIMEIRO A VIDA, DEPOIS ESPAÇOS, DEPOIS OS EDIFÍCIOS, O CONTRÁRIO NUNCA FUNCIONA" JAN GEHL
LISTA DE FIGURAS FIGURA 01: Mapa da cidade de João Pessoa de acordo com a incidência de responsáveis não alfabetizados ...............................29 FIGURA 02: Mapa da cidade de João Pessoa de acordo com o índice de vulnerabilidade social ..............................................................29 FIGURA 03: Taxa de analfabetismo nacional ................................30 FIGURA 04: Vista interna do Parque Educativo Zenufaná .............32 FIGURA 05: Vista lateral do Parque Educativo Zenufaná ..............32 FIGURA 06,07: Vista externa do Parque Educativo Zenufaná, em Venecia, na Colômbia ...................................................................33 FIGURA 08,09,10: Parque Educativo Raíces ................................34 FIGURA 11,12,13: Parque Educativo San Vicente Ferrer...............34 FIGURA 14: Os quatro pilares da educação segundo Delors (1996) ...............................................................................36 FIGURA 15: Parque Educativo Raíces ...........................................37 FIGURA 16: Parque Biblioteca Tomás Carrasquilla .......................37 FIGURA 17: Proposta de cidade compacta defendida por Richard Rogers (1997) ...............................................................................37 FIGURA 18: Skyline de Los Angeles, nos EUA ..............................38 FIGURA 19: Brasília, capital brasileira construída nos anos 50 ......38 FIGURA 20: Unidade VPUU inserida em uma comunidade na África do Sul ...........................................................................................39 FIGURA 21: Unidade VPUU ..........................................................39 FIGURA 22: Escolinha Império do Samb .......................................41 FIGURA 23: Quadrilha Lageiro Seco em apresentação .................41 FIGURA 24: Localização da Comunidade do “S” levando em consideração os contextos nacional, estadual e municipal ............44 FIGURA 25: Imagens de satélite representando a Comunidade do “S”
e seu entorno imediato.................................................................45 FIGURA 26: Faixa A do zoneamento da cidade de João Pessoa ....47 FIGURA 27: Carta Solar da cidade de João Pessoa ........................49 FIGURA 28: Rosa dos Ventos da cidade João Pessoa ....................49 FIGURA 29: Resumo meteorológico da cidade de João Pessoa ....49 FIGURA 30: Mapa hidrográfico do entorno da área estudada .......50 FIGURA 31: Diagrama 01, análise do terreno ...............................55 FIGURA 32,33,34: Comunidade do “S” vista por imagem satélite...........................................................................56 FIGURA 35: Diagrama conceitual exemplificando a setorização dos elementos que contribuem, segundo Delors (1996) uma educação formativa de boa qualidade ..........................................................62 FIGURA 36: Diagrama 02, estudo de manchas e viabilidade.........66 FIGURA 37,38,39: Conceitos e croquis iniciais exemplificando a forma inicial “trespassada” dos blocos, com uma área comum entre eles ..............................................................................................67 FIGURA 40,41,42,43: Diagrama 03, 04, 05, 06 representando a evolução da forma, e sua setorização final ....................................68 FIGURA 44: Diagrama 07, volumetria final explodida ...................69 FIGURA 45,46: Diagrama 08 e 09, incidência solar e ventos predominantes na volumetria; principais acessos e principal fluxo central ..........................................................................................69 FIGURA 47: Tipo de laje utilizada na proposta: laje lisa nervurada com capitel ..................................................................................70 FIGURA 48: Espessura de laje utilizada na proposta.....................70 FIGURA 49: Diagrama da materialidade escolhida para o projeto ......................................................................................71 FIGURA 50: Esquema dos pilares dispostos em planta, destacando os eixos de conexão da estrutura ..................................................71
FIGURA 51: Brises verticais em concreto aparente .......................71 FIGURA 52: Croqui do efeito chaminé, que permite a ventilação higiênica ......................................................................................72 FIGURA 53: Exemplo de dômus, um elemento que garante luz natural e amplia o espaço .........................................................................72 FIGURA 54: Diagrama indicando o funcionamento de vigas vagão. .....................................................................................................72 FIGURA 55: Perspectiva do Projeto - 01........................................73 FIGURA 56: Perspectiva do Projeto - 02 .......................................74 FIGURA 57: Perspectiva do Projeto - 03........................................75 FIGURA 58: Perspectiva do Projeto - 04 .......................................76 FIGURA 59: Perspectiva do Projeto - 05 .......................................77 FIGURA 60: Perspectiva do Projeto - 06 .......................................78 FIGURA 61: Perspectiva do Projeto - 07 .......................................79 FIGURA 62: Perspectiva do Projeto - 08 .......................................80 FIGURA 63: Perspectiva do Projeto - 09 .......................................81 FIGURA 64: Perspectiva do Projeto - 10 .......................................82 FIGURA 65: Perspectiva do Projeto - 11........................................83 FIGURA 66: Perspectiva do Projeto - 12 .......................................84 FIGURA 67: Perspectiva do Projeto - 13 ........................................85 FIGURA 68: Perspectiva do Projeto - 14 .......................................86 FIGURA 69: Perspectiva do Projeto - 15 .......................................87
LISTA DE TABELAS TABELA 01: Marcos teóricos ........................................................24 TABELA 02: Índices de desigualdade entre os países da América do Sul................................................................................................31
TABELA 03: Dados socioeconômicos do Bairro do Roger .............40 TABELA 04: Dados socioeconômicos da Comunidade do “S” .......46 TABELA 05: Análise de projetos correlatos...................................56 TABELA 06: Programa arquitetônico, Aprender a Conhecer.........64 TABELA 07: Programa arquitetônico, Aprender a Fazer ...............64 TABELA 08: Programa arquitetônico, Aprender a Conviver ..........64 TABELA 09: Programa arquitetônico, Aprender a Ser ..................64 TABELA 10: Programa arquitetônico, Apoio ................................64
LISTA DE SIGLAS PMJP: Prefeitura Municipal de João Pessoa IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia Estatística PPC: Paridade do Poder de Compra ONU: Organização das Nações Unidas SEDS: Secretaria de Segurança de Defesa Social VPUU: Violence Prevention through Urban Upgrading SEMHAB: Secretaria Municipal de Habitação Social CBTU: Companhia Brasileira de Trens Urbanos CAGEPA: Companhia de Água e Esgotos da Paraíba ZI-3: Zona Industrial 3 ZR-2: Zona Residencial 2 ZEP-3: Zona Especial de Preservação 3 SE: Serviços Especiais AOE: Área Objeto de Estudo EJA: Educação de Jovens e Adultos DML: Depósito de Material de Limpeza FDE: Fundação do Desenvolvimento da Educação
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO
18
1.1 INTRODUÇÃO 1.2 OBJETIVOS
18 20
3
EMBASAMENTO TEÓRICO
3.1 A DESIGUALDADE SOCIAL BRASILEIRA E O PAPEL DA EDUCAÇÃO
3.2 PARQUES EDUCATIVOS: UM APROFUNDAMENTO
3.3 A EDUCAÇÃO COMO ELEMENTO TRANSFORMADOR 3.4 A EXPERIÊNCIA HUMANA E O ESPAÇO COMPARTILHADO
2
3.5 O BAIRRO DO ROGER E SUA PRODUÇÃO CULTURAL
METODOLOGIA
24
2.1 EMBASAMENTO TEÓRICO 2.2 PESQUISA DE CAMPO 2.3 PESQUISA DOCUMENTAL 2.4 PROPOSTA PROJETUAL 2.5 DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA
24 24 24 25 25
28 28 32 34 36 39
5
CONCEPÇÃO PROJETUAL
62
5.1 CONCEITO 5.2 PROGRAMA ARQUITETÔNICO 5.3 DIRETRIZES 5.4 EVOLUÇÃO VOLUMÉTRICA 5.5 ESTRUTURA E MATERIALIDADE 5.6 PERSPECTIVAS
62 63 65 66 70 79
4
6
PESQUISA DOCUMENTAL
44
CONSIDERAÇÕES FINAIS
90
4.1 A COMUNIDADE DO “S” 4.2 LEGISLAÇÃO 4.3 CONDICIONANTES AMBIENTAIS 4.4 MAPAS DOCUMENTAIS 4.5 ANÁLISE DO TERRENO 4.6 ANÁLISE DE PROJETOS CORRELATOS
44 46 48 51 55 57
6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS 6.2 REFERÊNCIAS
90 92
"EDUCAÇÃO NÃO TRANSFORMA O MUNDO. EDUCAÇÃO MUDA PESSOAS. PESSOAS TRANSFORMAM O MUNDO" PAULO FREIRE
INTRODUÇÃO 01
PARQUE EDUCATIVO RAÍZES | 18
1.0 INTRODUÇÃO 1.1 INTRODUÇÃO AO TEMA A educação sempre foi um dos pilares do desenvolvimento humano, ela é libertadora, um agente de mudanças, e contribui para a promoção da justiça social necessária ao exercício pleno da cidadania. Como afirma Paulo Freire (2013), a educação tem caráter permanente e é transformadora. O tema deste trabalho, portanto, está na interface da educação com a arquitetura. Se propõe ao estudo temático dos ‘Parques Educativos’ tendo como inspiração conceitual e projetual, as propostas realizadas no departamento de Antioquia, na Colômbia. O propósito final é a realização de uma proposta semelhante, em nível de anteprojeto, tendo como contexto a cidade de João Pessoa. O conceito de Parque Educativo se popularizou inicialmente na Colômbia, por meio da política pública “Antioquia Mais Educada” que surgiu entre os anos de 2012 e 2015, de acordo com o governador de Antioquia Sergio Fajardo Valderrama. Em entrevista dada à Revista “The Dialogue”, Valderrama (2015) esclareceu que tal ideia foi fruto de um grupo de políticos que reconheceu a sua influência na sociedade e se dedicou a procurar soluções para as adversidades da sua comunidade. Por meio de extensas pesquisas, foi percebido que a região de Antioquia, principalmente a cidade de Medellín, possuía três problemáticas principais: as profundas desigualdades sociais, a violência presente nas últimas décadas e a sua cultura da ilegalidade (VALDERRAMA, 2015). Essas constatações viraram metas a serem trabalhadas e combatidas por meio da educação. Como governador do departamento de Antioquia, na Colômbia, Valderrama teve papel fundamental na implantação dos ‘Parques Educativos’. Em 2012, durante a sua gestão, uma convocatória foi apresentada aos municípios do departamento para que os interessados pudessem se candidatar para a construção de equipamentos educacionais que pudessem desenvolver as capacidades individuais e coletivas com base na educação formal e
não formal de seus municípios. A ideia visava promover a ciência, a inovação, a cultura e o espírito empreendedor a partir da construção coletiva da cidadania. Cada município teve autonomia para propor as diretrizes dos seus parques educativos, com a participação ativa da comunidade de cada contexto. Os municípios procuraram encontrar suas próprias necessidades que se transformaram em programas e diretrizes para os projetos de arquitetura, por meio de técnicas de design participativo. Esse aspecto contextual faz parte da própria definição dos Parques Educativos, pois sua concepção visa o bemestar e as particularidades da comunidade em que se insere, evitando a padronização dos espaços. Os mesmos transformam-se em ambientes que reconhecem todos os aspectos de seu entorno, sejam eles sociais, culturais ou físicos e o colocam em posição de evidência, com a capacidade de desenvolver as atividades e fomentar experiências locais, as quais permitem a criação e consolidação de memórias e de aspectos culturais de uma comunidade. O nome “Parque Educativo” provém da integração com a natureza, ausência de barreiras físicas, e o fato de reunir um programa educacional diverso em um conjunto de equipamentos públicos, cujo formato foi implementado em diversas regiões carentes de Antioquia (LÓPEZ, 2016). No conceito mais abrangente da palavra ‘parque’, segundo o dicionário, pode configurar como um conjunto de instalações ou de dispositivos da mesma categoria em um só lugar (ex.: parque habitacional, parque industrial), e não apenas como uma área de preservação, unidade de conservação ou diversão e lazer (PRIBERAM, 2019). Nesse sentido, os Parques Educativos de Antioquia se consolidaram como política pública, com a inserção de equipamentos educacionais em várias comunidades conformando, assim, um ‘Parque Educativo’ pelo conjunto dos seus estabelecimentos com as
19 | INTRODUÇÃO
funções semelhantes. Seu uso configura como uma união de diversos aspectos educacionais complementares em um só lugar, como artes, cultura, esporte e tecnologia, a serviço de uma comunidade. O seu diferencial é disponibilizar métodos alternativos para uma educação complementar mais rica, auxiliando assim a formação humana além das instituições de ensino básico. Com base nessa experiência da Colômbia, e considerando suas semelhanças sociais e econômicas com algumas comunidades localizadas nas metrópoles brasileiras, e tendo como base os dados fornecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU, 2018), que revelam que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro, 0,759, é próximo do colombiano, 0,747. Acredita-se que políticas públicas de estruturas semelhantes aos Parques Educativos colombianos possam colaborar com o desenvolvimento de jovens brasileiros. O Brasil possui profundas desigualdades sociais, com índices de violência alarmantes, de acordo com o Atlas da Violência do Brasil (2019), o país registrou mais de 65 mil homicídios em 2017. No caso do estado da Paraíba, por exemplo, a taxa de homicídio por 100 mil habitantes foi de 60,2, de acordo com os estudos produzidos pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Logo, acredita-se que projetos dessa natureza podem ser igualmente transformadores, contribuindo para a formação e capacitação de pessoas e oferecendo oportunidades para o desenvolvimento profissional, social e cultural. Assim, essa proposta de trabalho segue nesta direção, considerando as especificidades inerentes ao contexto em que a intervenção será inserida, na Comunidade do “S”, localizada no bairro do Roger, na cidade de João Pessoa.
A escolha do bairro do Roger para a implantação do Parque Educativo vem não só da intensa produção cultural do local, cuja necessidade de um equipamento específico para ajudar a manter sua cultura e história ativa se torna cada dia mais necessária (NASCIMENTO, 2010), como também, seus dados socioeconômicos, que revelam uma situação de precariedade estrutural e social em locais específicos do bairro, principalmente ao levar em consideração a própria Comunidade do “S”. É interessante considerar a implantação do Parque Educativo como um equipamento a ser erguido em conjunto com outras reformas de caráter urbano e social, que ajudem a evidenciar a riqueza e potencial cultural do bairro do Roger (BISPO, 2015). Nessa proposta de Trabalho Final de Graduação, a intenção será trabalhar o espaço pedagógico como um campo mediador entre
OLÁ
esse é um spoiler do resultado de um dos nossos TCCinhos
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