TCC NOTA 10 ARQ | CENTRO DE DESENVOLVIMENTO PEDAGÓGICO E TERAPÊUTICO - TAMILY SCURIA by TCC Nota 10 Arquitetura

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO PEDAGÓGICO E TERAPÊUTICO Uma proposta arquitetônica de equipamento institucional designado ao atendimento da criança portadora do Transtorno do Espectro Autista.

Arquitetura e Urbanismo | Tamily Scuira

CENTRO UNIVERSITÁRIO PADRE ANCHIETA Arquitetura e Urbanismo

TAMILY SCUIRA CENTRO DE DESENVOLVIMENTO PEDAGÓGICO E TERAPÊUTICO ESTIMULAR- Uma proposta arquitetônica de um equipamento institucional designado ao atendimento da criança portadora do Transtorno do Espectro Autista.

Trabalho de conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação da professora Amanda Neves P. F. Pelliciari. JUNDIAÍ I SP DEZEMBRO 2021

TAMILY SCUIRA CENTRO DE DESENVOLVIMENTO PEDAGÓGICO E TERAPEUTICO ESTIMULAR - Uma proposta arquitetônica de um equipamento institucional designado ao atendimento da criança portadora do Transtorno do Espectro Autista.

BANCA EXAMINADORA

Professor orientador

Avaliador interno

Avaliador externo

Dedicatória Dedico esta pesquisa acadêmica a todos os profissionais, especialistas e envolvidos no Transtorno do Espectro do Autismo infantil, que buscam incansavelmente por melhorias em prol da saúde, bem-estar, inclusão e socialização desta comunidade, desempenhando um papel de suma importância na vida dessas crianças. Dedico em especial aos pais e familiares, que com amor e carinho buscam continuamente por melhorias no sistema, em função de proporcionar uma vida melhor para seus filhos, pois atrás de cada criança que acredita em si mesma, está uma família que acreditou na criança primeiro.

Agradecimentos Inicialmente agradeço a Deus por ter me capacitado e me conduzido até aqui, concedendo-me sabedoria e discernimento para concluir de forma efetiva esta etapa na minha vida. Agradeço imensamente aos meus pais Sergio e Angelica, que desde o princípio me incentivaram e apoiaram incondicionalmente durante toda minha trajetória, abraçando este sonho junto comigo. Não poderia deixar de agradecer a minha irmã Taini, que se fez presente desde o início, dedicando seu tempo, disponibilizando todo suporte e compartilhando todo seu conhecimento para o pleno desenvolvimento desta pesquisa. Meus sinceros agradecimentos a minha tia Natalina e a minha prima Sophia que durante toda a minha jornada, perante a todos os obstáculos que encontrei, me motivaram a seguir em frente. Agradeço também aos meus docentes que ao longo destes anos compartilharam conhecimentos e transmitiram ensinamentos que foram indispensáveis para a realização deste trabalho e fundamentais para a minha formação. Em especial agradeço a minha Profª e orientadora Amanda que acima de tudo acreditou no meu potencial e que com tamanha presteza e excelência mentorou o meu Trabalho de conclusão de curso, sempre à disposição, me apoiando e orientando no decorrer deste trabalho Agradeço aos meus amigos de curso Katia, Lenyra, Mauricio e Moises que até aqui me fortaleceram, participando e compartilhando comigo momentos e experiências inesquecíveis. Por fim, minha imensa gratidão, a todos que direta e/ou indiretamente contribuíram e se fizeram presentes na minha jornada acadêmica tornando o meu sonho possível.

Resumo O Transtorno do Espectro Autista (TEA), desde sua descoberta, encontra-se cada vez mais presente em nossa sociedade, de modo que ainda se vislumbra um grande despreparo acerca do assunto. Ao longo dos anos a temática tem sido pauta de debates e pesquisas em relação a sua natureza, diagnóstico e tratamentos. Paralelamente a estes estudos surgiram pesquisas que indicaram a influência do ambiente construído no comportamento e desenvolvimento do autista em seus aspectos comportamentais, sensoriais, perceptivos e de comunicação, despertando o interesse de variados profissionais incluindo arquitetos na projeção de ambientes amigáveis para o referido público. Tendo em vista que as crianças autistas lidam, diariamente, com inúmeros desafios em função da precariedade na infraestrutura e na metodologia de atendimento nas instituições, perante as suas limitações e suas singularidades, o trabalho a seguir, visa apresentar uma proposta arquitetônica de um Centro de Desenvolvimento Pedagógico e Terapêutico designado ao público infantil portador do Transtorno do Espectro Autista, para o município de Jundiaí/SP a partir de uma estrutura arquitetônica dotada de ambientes estrategicamente projetados, inerentes as necessidades e singularidades do público favorecendo o desenvolvimento de suas potencialidades na escola regular e na sociedade. A pesquisa foi fundamentada a partir da análise documental e bibliográfica, partindo-se, inicialmente, da compreensão do transtorno e como a arquitetura pode contribuir no desenvolvimento pessoal e social da criança portadora do TEA. As pesquisas bibliográficas somado aos estudos de casos e referências projetuais, contribuíram na elaboração das diretrizes para programa arquitetônico ora proposto. Palavras chaves: Autista, Transtorno do Espectro Autista, ambiente, desenvolvimento.

Abstract The Autism Spectrum Disorder (ASD), since its discovery, is increasingly present in our society, in a way that we still see a great unpreparedness about the subject. Over the years, the theme has been the subject of debates and research regarding its nature, diagnosis, and treatment. In parallel to these studies, researches have emerged which indicate the influence of the built environment on the behavior and development of autistic people in their behavioral, sensory, perceptual, and communication aspects, arousing the interest of several professionals, including architects, in adapting and projecting friendly environments for this public. Considering that autistic children deal, daily, with numerous challenges due to the precariousness of the infrastructure and methodology of care in institutions, given their limitations and their singularities, the following work aims to present an architectural proposal for a Center for Pedagogical and Therapeutic Development designed for children with Autism Spectrum Disorder, for the city of Jundiaí/SP from an architectural structure endowed with strategically designed environments, inherent to the needs and singularities of autistic children, favoring the development of their potentialities in the educational and social spheres.The research was based on documental and bibliographic analysis, starting, initially, from the understanding of the disorder and how architecture can contribute to the personal and social development of the child with ASD. The bibliographical research added to case studies and project references contributed to the elaboration of guidelines for the architectural program proposed herein.

Keywords: Autistic, Autistic Spectrum Disorder, Environment, Development.

“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê”. Arthur Schopenhauer

Lista de Figuras Figura 01: Levantamento de Instituições de Suporte ao Autista ��21 Figura 02: Intervenções Terapêuticas �� 29 Figura 03: Integração dos sentidos do autista�� 36 Figura 04: Aspecto perceptivo: Pessoas Neurotípicas x Pessoas Atípicas Portadoras do TEA�� 38 Figura 05: Advance Center for Autism� ��44 Figura 06: Advance Center for Autism- Fachada ��44 Figura 07: Advance Center for Autism- Setorização �� 45 Figura 08: Advance Center for Autism- Zoneamento Sensorial �� 46 Figura 09: Advance Center for Autism- Vista Externa do Jardim� �� 47 Figura 10: Advance Center for Autism- Vista Externa Área Comum �� 47 Figura 11: Center for Autism and the Developing Brain Breaks (CADB)- Hall de entrada�� 48 Figura 12: Center for Autism and the Developing Brain Breaks (CADB)- Recepção �� 48 Figura 13: Center for Autism and the Developing Brain Breaks (CADB)- Sala de Terapia�� 49 Figura 14: Center for Autism and the Developing Brain Breaks (CADB)- Circulação �� 49 Figura 15: Haverford Autism Intitute-Volumetria explodida �� 50 Figura 16: Haverford Autism Intitute- Hall de entrada �� 50 Figura 17: Haverford Autism Intitute- Sala Multissensorial �� 51 Figura 18: Haverford Autism Intitute -Acomodação ��52 Figura 19: Sitio Mundo Azul- Jardim Sensorial �� 54 Figura 20: Sitio Mundo Azul- Texturas Jardim Sensorial�� 55 Figura 21: Miami Children’s Museum- Pavimento Térreo �� 58 Figura 22: Miami Children’s Museum- Pavimento Superior �� 58 Figura 23: Miami Children’s Museum - Desenho esquemático vista lateral esquerda�� 59 Figura 24: Miami Children’s Museum - Desenho esquemático vista lateral direita �� 59 Figura 25: Miami Children’s Museum -Sala Snoezelen �� 59 Figura 26: Miami Childrens Museum- Display interativo �� 60

Figura 27: Miami Childrens Museum- Sala Music Makers �� 60 Figura 28: MUSC Shawn Jenkins Children’s Hospital �� 61 Figura 29: MUSC Shawn Jenkins Children’s Hospital- Sala Sensorial �� 62 Figura 30: MUSC Shawn Jenkins Children’s Hospital- Esplanada �� 62 Figura 31: MUSC Shawn Jenkins Children’s Hospital- Acomodação �� 63 Figura 32: MUSC Shawn Jenkins Children’s Hospital- Temáticas Visuais�� 63 Figura 33: Critérios mínimos para escolha do lote de intervenção�� 66 Figura 34: Levantamento de Equipamentos de Infraestrura do entorno imediato �� 67 Figura 35: Paisagem Urbana do lote de Intervenção �� 68 Figura 36: Levantamento topográfico do lote de intervenção �� 69 Figura 37: Seção - Perfil Natural do lote de intervenção �� 70 Figura 38: Caracteristicas bioclimaticas em relação ao lote de intervenção �� 71 Figura 39: Incidência de vento no município de Jundiaí �� 72 Figura 40: Mapa de Estrutura Viária �� 74 Figura 41: Mapa Cheios e Vazios �� 75 Figura 42: Mapa Uso e Ocupação de Solo ��76 Figura 43: Vista lateral direita do lote de intervenção ��76 Figura 44: Mapa Gabarito de Altura ��77 Figura 45: Vista lateral esquerda do lote de intervenção ��77 Figura 46: Mapa Sistema Viário��78 Figura 47: Conceito do Projeto �� 82 Figura 48: Conceito do Projeto �� 83 Figura 49: Estudo volumétrico do Projeto �� 84 Figura 50: Identidade Visual-Logo/Pista Visual �� 85 Figura 51: Identidade Visual Marca �� 85 Figura 52: Setorização�� 90 Figura 53: Acessos e Fluxos�� 92 Figura 54: Fluxograma �� 95 Figura 55: Volumetria Subsolo��96

Figura 56: Planta Humanizada-Subsolo ...................................................................................................................................... 97 Figura 57: Volumetria Térreo ...................................................................................................................................................... 98 Figura 58: Planta Humanizada-Térreo ........................................................................................................................................ 99 Figura 59: Paginação Jardim Sensorial ....................................................................................................................................... 101 Figura 60: Volumetria 1 Pavimento..............................................................................................................................................102 Figura 61: Planta Humanizada-1 Pavimento ................................................................................................................................ 103 Figura 62: Cores .........................................................................................................................................................................104 Figura 63: Legibilidade visual ..................................................................................................................................................... 105 Figura 64: Acabamentos ............................................................................................................................................................ 105 Figura 65: Seção - Perfil do lote após a intervenção ................................................................................................................ 107 Figura 66: Dimensionamento reservatório de água ................................................................................................................... 108

Lista de tabelas Tabela 01: Característica do TEA (Transtorno do Espectro Autista) �� 27 Tabela 02: Sensibilidades do Autista �� 37 Tabela 03: Permissibilidade de Usos �� 73 Tabela 04: Ocupação, permeabilidade e aproveitamento�� 75 Tabela 05: Altura máxima das edificações de acordo com a via �� 75 Tabela 06: Recuos mínimos das edificações �� 75 Tabela 07: Linhas de Ônibus Urbano ��78 Tabela 08: Programa de Necessidades �� 86

Lista de abreviaturas ABA - Análise do comportamento aplicada ABRA - Associação Brasileira de Autismo AEE - Atendimento Educacional Especializado AMA - Associação de Amigos pelo Autista. APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais CABD - Center for Autism and the Developing Brain Breaks CDC - Centers for Disease Control and Prevention CID - International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems. CIPTEA - Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista DIR - DIR Floortime DSM - Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais. IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística OMS - Organização Mundial da Saúde. ONU - Organização das Nações Unidas. OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde. PECS - Picture Exchange Communication System RTI - Reserva Técnica de Incêndio TEA - Transtorno do Espectro Autista. TEACCH -Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits de Comunicação ZCA - Zona de Conservação Ambiental ZDU - Zona de Desenvolvimento Urbano ZPB - Zona de Preservação dos Bairros ZPSC - Zona de Proteção da Serra dos Cristais ZQB - Zona de Qualificação dos Bairros ZUI - Zona de Uso Industrial

Sumário 01

INTRODUÇÃO

1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................. 23 1.2 OBJETIVOS ................................................................. 23 1.2.1 Objetivo Geral .................................................................... 23 1.2.2 Objetivos Específicos ......................................................... 23

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISMO (TEA) NO BRASIL

3.1 Arquitetura, Educação e o Transtorno do Espectro Autista ..................................................................................... 33

AUTISMO NA ARQUITETURA

4.1 Aspectos Sensoriais e Perceptivos do portador do TEA........................................................................................... 36 4.2 O Autismo e o Espaço Físico ....................................... 38

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

2.1 Panorama Histórico...................................................... 26

ESTUDOS DE CASO

2.2 Caracterização do Transtorno do Espectro Autista 27

5.1 Advance Center for Autism ......................................... 44

2.3 Diagnóstico ..................................................................... 27

5.2. Center for Autism and the Developing Brain Breaks (CADB)..................................................................................... 47

2.4 Categorias do Transtorno do Espectro Autista ........ 28 2.5 Intervenções e Acompanhamentos Terapêuticos .. 28

5.3. Haverford Autism Intitute .......................................... 49 5.4 Sítio Mundo Azul ........................................................... 53

REFERÊNCIAS PROJETUAIS

8.2 Partido.............................................................................. 83 8.3. Estudo Volumétrico ...................................................... 84 8.4. Identidade Visual........................................................... 85

6.1 Miami Children’s Museum .......................................... 58

8.5. Programa de Necessidades ........................................ 86

6.2 MUSC Shawn Jenkins Children’s Hospital e Pearl Tourville Women’s Pavilion................................................. 61

8.6. Setorização e Zoneamento Sensorial ....................... 89

8.7. Acessos e Fluxos ........................................................... 91 8.8.Projeto arquitetônico .................................................... 94

ÁREA DE INTERVENÇÃO

8.9. Elementos construtivos, de design e de estimulação ........................................................................... 102

7.1Caracterização da Área .................................................. 66

8.10.Sistema Construtivo .................................................... 104

7.1.2 Topografia........................................................................... 69 7.1.3 Características Bioclimáticas ............................................ 71 7.1.4 Diretrizes Projetuais .......................................................... 73

7.2 Levantamentos Urbanísticos....................................... 75 7.2.1 Cheios e Vazios................................................................... 75 7.2.2 Uso e Ocupação do Solo................................................... 76 7.2.3 Gabarito de Altura ............................................................. 77 7.2.4 Sistema Viário ..................................................................... 78

PROPOSTA ARQUITETÔNICA

8.1 Conceito .......................................................................... 82

8.10.1.Terraplanagem....................................................104 8.10.2.Sistema Estrutural...............................................105 8.10.3.Sistema de Cobertura.........................................106

09 10 11

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

APÊNDICE

Introdução

1. Introdução O Transtorno do Espectro Autista (TEA), desde sua descoberta, tem sido pauta de constantes debates e controvérsias em relação ao seu diagnóstico, tratamento e estrutura para um atendimento adequado. Esse transtorno consiste em um distúrbio neurológico que afeta os indivíduos nas suas características comportamentais, sensoriais, perceptivas e de comunicação, que na maioria das vezes se manifesta nos primeiros anos de vida de forma variada, com graus e intensidades diferentes, podendo manifestar-se em conjunto ou isoladamente. A incidência de diagnósticos disparou desde que a síndrome foi descrita pela primeira vez em 1943, através de um estudo realizado pelo médico austríaco Leo Kanner intitulado ”Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”, desde então, médicos, cientistas, estudiosos e especialistas passaram a concentrar esforços no diagnóstico do Autismo, que ao longo dos anos sofreu constantes classificações. Diante das inúmeras classificações, efetuadas ao longo dos anos, em 2013, foi dada uma classificação oficial ao distúrbio através do lançamento da 5ª Edição do DSM-V (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais), que passou a reunir todas as subcategorias do autismo em um único diagnóstico, o Transtorno do Espectro Autista (TEA). A partir de então os pacientes passam a ser diagnosticados em um único espectro com diferentes níveis de gravidade.

De acordo com a OMS (2017), em uma esfera global, estima-se que uma em cada 160 crianças seja portadora do distúrbio. No Brasil as contribuições do poder público, associados ao suporte às crianças autistas, surgiram de forma tardia, somente no ano de 2019, foi sancionada a lei 13.861/2019 que inclui as especificidades inerentes ao transtorno do espectro autista no censo demográfico. Dado esse, que até então não era exclusivamente contabilizado o que justifica a vulnerabilidade da sociedade perante ao assunto e o despreparo que vislumbra a questão. Hoje o município de Jundiaí, situado no interior do estado de São Paulo, conta com o suporte de variadas intuições que direta ou indiretamente fornecem suporte ao autista, dentre elas estão:

INTRODUÇÃO Figura 1: Levantamento de Instituições de Suporte ao Autista

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

É possível notar a presença da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), uma organização beneficente, sem fins lucrativos, fundada em 1957, com atuação direcionada as áreas de assistência social, educação, saúde, prevenção, trabalho, profissionalização, defesa e garantia de direitos, esporte, cultura, lazer, estudo e pesquisa. De modo geral, a entidade atende cerca de 1.700 pacientes por mês, sua missão (assim como as de outras instituições evidenciadas no levantamento) não se limita a atender somente pacientes com transtorno do espectro autista, mas também pacientes portadores de deficiência intelectual e múltiplas. Para Mantoan (2014), essa situação resulta em diversos problemas no atendimento do público autista, visto que elas, muitas vezes, são colocadas em locais com pessoas que possuem outros diagnósticos, fazendo com que o atendimento diversificado prejudique na maioria dos casos, o desenvolvimento das crianças dessa especificidade. Tendo em vista o reconhecimento do TEA no âmbito social do município, ainda que de forma tardia, em setembro de 2013 foi fundada a Associação de Amigos do Autista (AMA). De acordo com o fundador da AMA, Antônio Godoy, a associação foi criada para suprir a necessidade da população de Jundiaí e região, que até então não contava com uma entidade voltada exclusivamente para o tratamento de crianças portadoras do autismo. “Oferecemos aqui para as cerca de 60 crianças de 1 a 12 anos, atendimento nas áreas de Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Psicologia e Neuropsicologia” conta Antônio.

Além das entidades apresentadas acima, no âmbito educacional, o município é equipado pelo Núcleo de Educação Inclusiva que segundo a Secretaria da Educação de Jundiaí, hoje através do AEE (Atendimento Educacional Especializado) atende a 606 crianças (entre o ensino infantil e fundamental I) com algum tipo de deficiência, dessas 606 crianças, 254 são diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista. Comparando as crianças portadoras do transtorno matriculadas hoje (2021) na Rede Municipal de Ensino com as crianças inscritas na AMA (Associação de Amigos do Autista) em 2013, é notório a prevalência do

público ao longo dos anos. Embora o município possua instituições que visam o atendimento deste público, mesmo que com suas particularidades, é possível identificar que as instituições trabalham exclusivamente sobre a metodologia do tratamento, sendo a questão espacial raramente considerada, levando em conta ainda que parte das unidades existentes na região apresentam déficit na capacidade do atendimento, assim como dificuldades assistenciais, em função do público com patologias diversificadas, carência de especialistas no quadro de colaboradores, precariedade na infraestrutura, ausência de recursos e equipamentos, além de espaços inapropriados para as intervenções terapêuticas que não respondem as necessidades e sensibilidades dos portadores do distúrbio e ao objetivo de tal intervenção. O ambiente “fala”, transmite-nos sensações, evoca recordações, passa-nos segurança ou inquietação, mas nunca nos deixa indiferentes. O espaço [...] possibilita oportunidades para a aprendizagem, por meio das interações possíveis entre crianças e objetos e delas entre si. A partir desta perspectiva, o espaço nunca é neutro, podendo ser estimulante ou limitador de aprendizagens, dependendo das estruturas espaciais que estão postas e das linguagens que estão representadas (REDIN; MÜLLER; REDIN, 2007, p. 102).

Partindo deste pressuposto, a arquitetura espacial se torna de suma necessidade, visto que muitas pessoas dentro do espectro têm dificuldades em processar estímulos sensoriais e interacionais no ambiente em que estão inseridas. Bogdashina (2011) afirma que isso ocorre devido à hipo ou hipersensibilidade sensorial do indivíduo, o que pode dificultar sua leitura espacial, suas interações sociais, seu conforto, bem-estar e segurança perante ao local. Portanto, ao projetar uma edificação para este tipo de público, torna-se necessário conciliar o controle ambiental e compositivo

INTRODUÇÃO

a partir do zoneamento intervenção e previsibilidade dos espaços, do layout e sequenciamento dos ambientes, da distribuição dos mobiliários, da luminotécnica e acústica adequada, das cores e texturas aplicadas. São fatores primordiais capazes de influenciar no comportamento e estimular no desenvolvimento educacional e social da criança.

1.1 Justificativa Partindo da ideia que as sensações e percepções do ser humano estão diretamente relacionadas ao ambiente que o envolve, afetando seu comportamento (LAUREANO, 2017, p. 27), compreende-se que a projeção de um ambiente capacitado para atender pessoas dentro do espectro deve ser pensada de acordo com suas necessidades de percepção sensorial e interação social incluindo a arquitetura e os preceitos na neurociência aos sentidos mais aguçados do público. Tendo em vista a ausência de equipamentos institucionais na região de Jundiaí, com capacidade de atendimento, com programa multidisciplinar de terapias, estrutura arquitetônica apropriada para o acolhimento de crianças portadoras do distúrbio e sabendo-se que o autista tem dificuldades em se adaptar a arquitetura espacial das instituições convencionais necessitando de um aprimoramento arquitetônico, o presente projeto surge com o propósito de sanar tal carência por meio de uma proposta arquitetônica cujo espaço seja qualificado, com soluções arquitetônicas inerentes as sensibilidades do público perante ao espaço que os envolvem. A ideia é propor um programa integrado que reúna em uma única instituição atividades pedagógicas e terapêuticas multidisciplinares prezando pela saúde e educação, auxiliando a criança nas suas dificuldades, aprimorando suas habilidades, fortalecendo o seu desenvolvimento na escola regular de ensino e na sociedade, pois quanto mais precoce a intervenção e a estimulação, melhor e mais eficiente será o processo de inclusão na sociedade.

1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral Desenvolver uma proposta arquitetônica de um Centro de Desenvolvimento Pedagógico e Terapêutico designado ao atendimento da criança (de 03 aos 10 anos de idade) portadora do Transtorno do Espectro Autista no município de Jundiaí, atuando de forma contra turno à escola regular, fornecendo apoio substancial no processo de inclusão no âmbito educacional e social.

1.2.2 Objetivos Específicos • Entender o conceito e as características acerca do Transtorno do Espectro Autista (TEA); • Identificar as atividades terapêuticas que estimulam o desenvolvimento físico, motor, psíquico, linguístico e social da criança para elaboração do programa arquitetônico; • Identificar as dificuldades, sensibilidades, singularidades e limitações do público perante ao espaço que os envolvem; • Analisar soluções arquitetônicas que promovam a qualificação física-espacial influenciando na saúde, educação e bem-estar da criança autista. • Propor um equipamento institucional que estimule e preze pelo desenvolvimento pessoal e social da criança.

OLÁ

esse é um spoiler do resultado de um dos nossos TCCinhos

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