Director – Mark Deputter \ quadrimestral \ distribuição gratuita
Jornal 4
(Re sp ubl ica /
Res pri vat a)
Setembro | Dezembro 2010 no Teatro Maria Matos
Setembro 10
21h30
Patrícia Portela • A Colecção Privada de Acácio Nobre
11
21h30
Patrícia Portela • A Colecção Privada de Acácio Nobre
12
18h00
Patrícia Portela • A Colecção Privada de Acácio Nobre
14
21h30
Patrícia Portela • A Colecção Privada de Acácio Nobre
15
21h30
Patrícia Portela • A Colecção Privada de Acácio Nobre
16
21h30
Patrícia Portela • A Colecção Privada de Acácio Nobre
17
21h30
Patrícia Portela • A Colecção Privada de Acácio Nobre
18
21h30
21
sexta
sábado
domingo
terça
quarta
quinta
Outubro 1
21h30
TOK’ART • Landscape with Figures/Lake/Work
2
21h30
TOK’ART • Landscape with Figures/Lake/Work
6
22h00
Faust
8
18h00
sexta
sábado
quarta às
O Que é o Comum? • Michael Hardt + Unipop
sexta
21h00
9
21h30
Cão Solteiro & Vasco Araújo • A Portugueza
13
18h30
Economia, comunismo e pirataria João Rodrigues e Miguel Serras Pereira
sábado
quarta
14
10h00 +
Companhia TPO • A República Dança
quinta
14h00
Patrícia Portela • A Colecção Privada de Acácio Nobre
15
10h00
sexta
14h00
22h00
anbb: alva noto & blixa bargeld
16
22
10h00
Cie Jardins Insolites • CouCou
17
11h00
Companhia TPO • A República Dança
23
10h00
Cie Jardins Insolites • CouCou
20
18h30
Cidades, centros comerciais e praças públicas Miguel Silva Graça, Manuel Graça Dias e João Pedro Nunes
22
21h30
Tiago Rodrigues • Hotel Lutécia
sexta
23h30
Hauschka & Ensemble
23
18h00
sexta
sábado
terça
quarta
quinta
24 sexta
10h00 21h30 às
23h30 11h00 +
25
sábado
16h00 18h30 21h30 às
23h30
sábado
domingo
quarta
Cie Jardins Insolites • CouCou Ana Borralho & João Galante • sexyMF
Cie Jardins Insolites • CouCou Super Disco Ana Borralho & João Galante • sexyMF
24
Companhia TPO • A República Dança Super Disco
às
20h00
Tiago Rodrigues • Hotel Lutécia I. Minhós Martins & B. Carvalho • Daqui vê-se melhor Tiago Rodrigues • Hotel Lutécia
18h30
Media, propriedade e liberdade Daniel Oliveira, Nuno Ramos de Almeida e Rui Pereira
28
21h30
Nuno Cardoso/Ao Cabo Teatro • A Gaivota
29
21h30
Nuno Cardoso/Ao Cabo Teatro • A Gaivota
30
21h30
Nuno Cardoso/Ao Cabo Teatro • A Gaivota
31
18h00
Nuno Cardoso/Ao Cabo Teatro • A Gaivota
Cie Jardins Insolites • CouCou
28
10h00
Cie Jardins Insolites • CouCou
22h00
Jóhann Jóhannsson & Iskra String Quartet
quinta
29
10h00
Cie Jardins Insolites • CouCou
30
10h00
Cie Jardins Insolites • CouCou
21h30
TOK’ART • Landscape with Figures/Lake/Work
quarta
sexta
quarta
16h00
Ana Borralho & João Galante • World of Interiors
27
+
quinta
16h00 18h30
domingo 21h30
11h00
terça
Companhia TPO • A República Dança
sábado 21h30
26
domingo 16h00
+
sábado
domingo
Oficina do mês Escolas do 3.º Ciclo | dança | Clara Andermatt • Vamos dançar?
teatro
performance
música
filme
dança
projecto educativo
conversa
Novembro 3
18h30
A. F. Cascais e I. do Carmo • Medicina, ciência e saberes
21h30
A. Borralho & J. Galante com R. Catalão • Untitled, Still Life
4
10h00
Patrícia Portela & Cláudia Jardim • Jogo das Perguntas
21h30
A. Borralho & J. Galante com R. Catalão • Untitled, Still Life
5
10h00
Patrícia Portela & Cláudia Jardim • Jogo das Perguntas
sexta
21h30
A. Borralho & J. Galante com R. Catalão • Untitled, Still Life
6
16h00
Patrícia Portela & Cláudia Jardim • Jogo das Perguntas
7
11h00
quarta
quinta
sábado 21h30
domingo 18h00
A. Borralho & J. Galante com R. Catalão • Untitled, Still Life Patrícia Portela & Cláudia Jardim • Jogo das Perguntas A. Borralho & J. Galante com R. Catalão • Untitled, Still Life
8
21h30
10
18h30
Escola, ordem e emancipação António Avelãs e Jorge Ramos do Ó
21h30
mala voadora & Third Angel What I Heard About The World
segunda
quarta
12 sexta
Ana Borralho & João Galante com Rui Catalão Untitled, Still Life
13
21h30
mala voadora & Third Angel What I Heard About The World
14
18h00
mala voadora & Third Angel What I Heard About The World
15
21h30
mala voadora & Third Angel What I Heard About The World
17
21h30
mala voadora & Third Angel What I Heard About The World
18
21h30
mala voadora & Third Angel What I Heard About The World
19
21h30
mala voadora & Third Angel What I Heard About The World
sábado
domingo
segunda
quarta
quinta
sexta
Dezembro 3
sexta
4
22h00
Fim-de-semana Especial Masayoshi Fujita & Jan Jelinek / Radian
22h00
Fim-de-semana Especial Fennesz, Dafeldecker & Brandlmayr / Ben Frost
21h30
tg STAN • The Tangible
21h30
tg STAN • The Tangible
21h30
tg STAN • The Tangible
18h30
Super Disco
21h30
tg STAN • The Tangible
10h00
Maria Radich • A Arca
10h00
Maria Radich • A Arca
sábado
8
quarta
9
quinta
10 sexta
11
sábado
14 terça
15
quarta
16
10h00
Maria Radich • A Arca
22h00
Daniel Carter, William Parker & Federico Ughi
17
10h00
Maria Radich • A Arca
18
16h00
Maria Radich • A Arca
11h00
Maria Radich • A Arca
quinta
sexta
sábado
19
domingo 21h30
20
segunda
21h30
Alain Platel/les ballets C de la B • Out of Context – for Pina
Alain Platel/les ballets C de la B • Out of Context – for Pina
Oficina do mês 3 aos 5 anos | expressão plástica e movimento | Catarina Claro • Habitantes
20
18h30
23
22h00
Sonic Scope #10 A Parte Maldita / Gigantiq com Matteo Uggeri
24
22h00
Sonic Scope #10 Sei Miguel / Carlos Santos & Paulo Raposo
25
22h00
Sonic Scope #10 Rodrigo Amado Quartet / @c
28
18h00
André e. Teodósio e estudantes Quando pensamos em Res publica | Res privata - Obra Completa
29
22h00
The Divine Comedy (Neil Hannon Solo)
30
22h00
The Divine Comedy (Neil Hannon Solo)
sábado 21h30
terça
quarta
quinta
domingo
Super Disco
do meu teatro
mala voadora & Third Angel • What I Heard About the world
segunda
terça
Oficina do mês Escolas do 1.º Ciclo | dança | Victor Hugo Pontes • Vamos dançar?
www.teatromariamatos.pt
Ana Borralho & João Galante ocupam um lugar único na criação contemporânea portuguesa. Ao longo dos anos, construíram uma obra de grande coerência formal e consistência temática numa área de cruzamento entre a performance, a instalação e a live art, sentindo-se igualmente à vontade no palco do teatro, na galeria de arte ou na club scene. No centro do mundo maravilhoso da dupla está a dicotomia público/privado. Em quase todas as suas peças, procuram tornar o evento teatral - por definição comunitário - num encontro íntimo e privado, convidando o público a interagir directamente com os intérpretes ou a colaborar no próprio surgimento da obra. A forma como o fazem sem imposições, manipulações ou regras pré-estabelecidas é provavelmente um dos aspectos mais surpreendentes e encantadores da sua arte. Escolhem preferencialmente temas que investiguem as implicações sociais de opções individuais ou, ao contrário, as repercussões das imposições da vida em comunidade na vida privada. Daí a preeminência de tópicos como a sexualidade, as funções corpóreas ou a livre vontade. Apresentamos as performances/ instalações sexyMF, World of Interiors e a ainda pouco divulgada Untitled, Still Life, o vídeo Vanishing Act e a exposição de fotografias I Put a Spell on You. Também o dossier deste Jornal é dedicado à obra de Ana Borralho & João Galante. Para o 41.º aniversário do Teatro Maria Matos, convidámos o encenador e dramaturgo Tiago Rodrigues para realizar o projecto Hotel Lutécia. Neste espectáculo, o palco transfere-se para os quartos do hotel. Uma bancada ao ar livre será montada na rua em frente ao edifício e o público assistirá ao espectáculo que decorre nas varandas da fachada do Hotel Lutécia, ouvindo os diálogos com auscultadores. O espaço privado do quarto é exposto ao olhar público da rua; um evento de arte pública procura a intimidade do quarto. O efeito espelho aumenta na medida em que o próprio hotel é um microcosmos onde o público e o privado convivem perigosamente perto.
No espectáculo A Colecção Privada de Acácio Nobre, Patrícia Portela inventa uma figura pública da Primeira República, reconstrói o seu acervo pessoal fictício e apresenta-o ao público com o objectivo de “reavivar a obra de um homem, anónimo, como tantos outros, e de questionar a memória colectiva de um país”. Pode a vida e a obra de um homem mudar o rumo de um país? A Colecção Privada de Acácio Nobre é um jogo de ficção e realidade, mas também uma alegoria sobre o silenciamento dos valores inovadores da República pela ditadura.
N Na altura em que o país comemora o Centenário da República, A Portugueza do grupo de teatro Cão Solteiro e do artista plástico Vasco Araújo é um antídoto saudável contra os excessos do patriotismo. Uma análise mordaz, inteligente e por vezes bastante cómica do Hino Nacional demonstra que o amor pela Pátria costuma ser celebrado com algum simplismo, muito pathos e militarismo q.b. No entanto, é apenas uma aula de canto.
No âmbito do projecto Quando pensamos em…, voltamos a propor a reflexão sobre o nosso tema quadrimestral a um criador português em conjunto com um grupo de estudantes do ensino secundário. Depois de Tiago Rodrigues (Quando pensamos em Governar) e Tiago Guedes & Pietro Romani (Quando pensamos em Tempo), André e. Teodósio criará com os estudantes um trabalho artístico a partir do tema Quando pensamos em Res publica | Res privata.
A República Dança é um projecto de dança e novas tecnologias para adolescentes, dedicada à história da Primeira República. Uma encomenda original por parte da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República, aos criadores Davide Venturini e Giacomo Scalisi.
Pela segunda vez, a Unipop organiza uma série de conversas e debates no Teatro Maria Matos. Ao duplo antagónico do nosso tema quadrimestral juntaram um terceiro termo, o Comum. Inspirados pela publicação mais recente de Antonio Negri e Michael Hardt, Commonwealth, desenham um percurso através de diferentes dimensões do quotidiano, que tenta evitar a simples oposição entre o Estado e o Mercado, entre o Público e o Privado. O pontapé de saída é dado pelo próprio Michael Hardt, seguido por uma série de conversas sobre a organização do trabalho, os processos educativos, o espaço mediático, as políticas de saúde e a construção das cidades.
o ano em que o país comemora a Primeira República, o Teatro Maria Matos olha para o duplo Res publica | Res privata. O termo latino res publica refere-se, na sua origem, a tudo que não seja privado e que pertença à comunidade ou ao Estado; a res privata é o domínio da propriedade privada, mas também da vida íntima. Assim, um jardim na antiga cidade de Roma podia ser propriedade privada ou pertencer à res publica; de igual forma, certos assuntos ou esferas da vida eram considerados públicos, enquanto outros pertenciam claramente à res privata. A divisão entre as esferas pública e privada tem sido uma das bases estruturantes de todas as civilizações e encontra a sua aplicação concreta em sistemas extremamente complexos de regras, tradições, leis e princípios que atravessam todas as áreas da vida. Nas sociedades modernas, no entanto, os domínios do público e do privado deixaram de ser entidades diferenciadas. O filósofo Michel Foucault desenvolveu o conceito da Biopolítica para descrever como, nos estados modernos, o poder político invadiu a vida privada para regular práticas íntimas e assuntos privados como saúde, sexualidade, família, herança, bem-estar individual, etc. A própria vida tornou-se o objecto primordial da acção política. A introdução maciça de tecnologias de comunicação nas sociedades contemporâneas tem exacerbado esta tendência de fundo, impulsionando uma permeabilidade nunca antes vista entre as esferas pública e privada.
teatro | co-produção
Patrícia Portela
A Colecção Privada de Acácio Nobre Sala principal sexta 10 a sábado 18 Setembro (excepto segunda 13) terça a sábado 21h30 domingo 18h00 12€ / <30 anos 6€
Na cave dos avós de Patrícia Portela foi encontrado um baú com fragmentos de textos e maquetas de objectos idealizados por Acácio Nobre, um português de referência do início do séc. XX, mas agora esquecido; um homem com uma carreira política, científica e artística discreta e muito inovadora para o seu tempo. Um Lumière português, um Steve Jobs precoce, um bio-engenheiro sem par na História e um amante/apoiante acérrimo dos artistas e da arte, embora apenas daquela que revoluciona o mundo. Em suma: um Leonardo da Vinci português que uma ditadura silenciou e eliminou dos registos da História portuguesa. Patrícia Portela reúne os textos e os modelos encontrados no baú esquecido, segue as pistas até novos e preciosos documentos perdidos em arquivos pessoais e casas de amigos, e reconstrói algumas das obras, ideias políticas e ambiciosos projectos científico-artísticos de Acácio Nobre. Tendo o objectivo máximo de reavivar a obra de um homem, anónimo, como tantos outros, e de questionar a memória colectiva de um país que, se tivesse decidido atribuir a este homem a imortalidade que lhe era devida, seguindo alguns dos seus princípios, teria sido um país diferente. EN In her grandparents’ cellar, Patrícia Portela found a chest with texts and models of objects designed by Acácio Nobre, a renowned Portuguese at the beginning of the 20th century, but now forgotten. Portela brings together the material and reconstructs some of Acácio Nobre’s innovative designs, ideas and projects, thus questioning the collective memory of a nation.
AudioMenus mmcafé Entrada livre, disponível 1h30 antes do início do espectáculo O cliente escolhe uma das várias histórias do menu que o conduz até ao universo de Acácio Nobre, às suas teorias e pensamentos inacabados e aos seus filósofos e escritores favoritos. 6
Jornal
texto e imagens Patrícia Portela máquina de escrever e instalação sonora Christoph de Boeck programação, efeitos especiais, pós-produção de imagem Irmã Lúcia efeitos especiais performer André e. Teodósio cinematografia Leonardo Simões desenho de luz Daniel Worm d’Assunção jóia de Acácio Nobre Alda Salavisa mesa de Acácio Nobre João Gonçalves edição de texto Isabel Garcez direcção de produção e produção executiva Helena Serra e Pedro Pires produção Prado co-produção Maria Matos Teatro Municipal apoio La Porta (Barcelona) e Fundação Calouste Gulbenkian Prado é uma estrutura financiada pelo Ministério da Cultura/DGArtes apresentação no âmbito da rede
co-financiada por
© Kai von Rabenau
música
anbb: alva noto & blixa bargeld Sala principal terça 21 Setembro 22h00 15€ / <30 anos 7,50€
Dizem que a electrónica é apenas matemática, dizem ainda que o digital é previsível e frio, dizem que grande parte da música da editora Raster Noton é demasiado minimalista e repetitiva. Contudo, e ouvindo a música de Alva Noto – ou seja, Carsten Nicolai, um dos fundadores da Raster Noton, com Olaf Bender e Frank Bretschneider –, há ambição e centelhas de inspiração suficientes para testemunharmos o sucesso de colaborações com o classicismo de Ryuichi Sakamoto, a tensão de câmara dos Ensemble Modern ou o minimalismo cinematográfico de Michael Nyman. Por outras palavras, para música aparentemente tão fechada ao mundo exterior, e com regras julgadas intransponíveis, há algo de mágico na estrutura reticular do universo digital de Alva Noto quando se anexa a discursos tão díspares. É esta qualidade que nos faz acreditar que o matrimónio da música de Alva Noto com a voz de Blixa Bargeld não poderia ter outros resultados: as canções, se assim as podemos categorizar, são inebriantes convulsões de electricidade unidas pelo conforto do ritmo certo que, nos momentos mais arrojados, se espraiam por um amplo campo de paisagens inabitadas e atmosferas pesadas. Blixa sobrevive com charme a todas estas comissões, ou não fosse ele o homem do leme dos Einstürzende Neubauten, um dos mais versáteis e poderosos veículos rock de sempre. EN Blixa Bargeld, pilot of the eternal Einstürzende Neubauten and an essential Bad Seed for Nick Cave for 20 years, submitted himself to the benign dictatorship of Carsten Nicolai’s intricate digital electronics to create a duel of multiple hypotheses and results based on a new concept of futurist electronic pop.
electrónica Carsten Nicolai voz, efeitos Blixa Bargeld Jornal
7
teatro | 6 aos 15 meses
Cie Jardins Insolites CouCou (Angers/Lisboa)
Sala de ensaios quarta 22 a quinta 30 Setembro (excepto segunda 27) semana 10h00 sábado e domingo 11h00 e 16h00 Criança 2,50€ | Adulto 5€
Cou Cou! Ah! Cou Cou, não está, Cou Cou, olha, está aqui! Cou Cou, olha, já não está!
Emoções teatrais de pequena dimensão e grande intimidade. Num círculo, os pais serão o sofá dos seus filhos. Sentados nesses sofás quentes e confortáveis, os mais novos aprendem a descobrir a delicadeza de cada detalhe e a força dos momentos mais intensos. Uma experiência pautada por sons, movimentos, texturas e cores, onde um bando de gaivotas a voar, a textura de um pequeno pedaço de papel ou o movimento de um objecto colorido convidam as crianças a experienciar uma iniciação ao ritual do teatro. EN Theatrical emotions, small in size and large in intimacy. In a circle, the parents will be their children’s sofa. Sitting on these warm, comfortable sofas, the youngest learn to discover the delicateness of each detail and the power of the most intense moments. An experience guided by sounds, movements, textures and colours.
criação Isabelle Kessler e Thérèse Angebault interpretação Ana Cloe cenário e figurinos Maria João Castelo 8
Jornal
© O rato e o macaco
performance/instalação
Ana Borralho & João Galante sexyMF Palco da sala principal sexta 24 e sábado 25 Setembro sessão contínua 21h30 às 23h30 Preço único 6€
sexyMF é uma performance/instalação para 13 performers e dois músicos. Partindo do imaginário erótico, sexyMF questiona as assimetrias que regulam as identidades sociais e as definições de masculino/feminino, criando um jogo de sexualidades possíveis, através de uma releitura dos corpos dos performers. Baseia-se no desejo de provocar em cada espectador uma emoção forte perante a confrontação com personagens sexualmente ambíguas. Como acontece frequentemente nas criações de Ana Borralho & João Galante, o espectáculo foi estruturado a partir de workshops, com o objectivo de integrar pessoas da comunidade local na performance. O público é convidado a estabelecer um contacto directo com os performers e a circular livremente pelo espaço. EN sexyMF is a performance/installation for 13 performers and two musicians. The work questions the asymmetries that regulate social identities and the definitions of male and female by confronting the spectator with characters whose bodies are sexually ambiguous. The audience is free to establish a direct relationship with the performers or perambulate in the space.
conceito e direcção artística Ana Borralho & João Galante performers Ana Freitas, André Abreu, Bruno Simão, Carolina Hofs, Catarina Bernardo, Fabiola Montiel, Francisca Santos, Ludovina, Luís Godinho, Marlon Fortes, Marta Simons, Pedro Frutuoso e Sofia Pimentão criação caracterização Jorge Bragada caracterização Jorge Bragada, Marija Pavlovic e Alda Salavisa produção casaBranca produção executiva Ana Borralho e Mónica Samões co-produção casaBranca, Dupla Cena/Temps d’images e Culturgest apoio Face Off, Galeria Graça Brandão, JGM, RE.AL, Fórum Dança, Cinecor, Comida no Chiado, Quinta das AVES, Galeria Zé dos Bois, Land – Território Artes e Bomba Suicida projecto financiado por Ministério da Cultura/DGArtes casaBranca é uma estrutura financiada pelo Ministério da Cultura/DGArtes, apoiada pelo IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional e Fundação Calouste Gulbenkian Jornal
9
música
Jóhann Jóhannsson & Iskra String Quartet (Islândia/Reino Unido)
Sala principal terça 28 Setembro 22h00 12€ / <30 anos 6€
Apesar da grandiosidade da armada de músicos islandeses que navega por mares internacionais, há sempre pequenas embarcações lideradas por timoneiros destemidos que escondem o verdadeiro tesouro. Jóhann Jóhannsson tem sido uma dessas relegadas figuras da história, apesar de ser um dos mais importantes elos de solidificação da cena experimental de Reiquiavique durante os últimos anos ao ter sido um dos impulsionadores da Kitchen Motors, uma espécie de acelerador de criatividade que motivou muitos nomes correntes que hoje conhecemos a desenvolverem e exporem as suas ideias através de concertos, exposições, filmes ou livros. Esse confronto foi, naturalmente, benéfico para o próprio Jóhannsson, que na última década se aplicou em múltiplas colaborações e plataformas de criação. Uma abertura de espírito que se tem manifestado amplamente em quase todos os seus discos, quer seja através das encomendas de bandas sonoras, quer através dos seus álbuns, onde elabora impressionantes enredos para servirem a sua música. A polarização entre o academismo formal das orquestrações e o gosto pelo risco tem feito com que a sua música seja única, perdida entre um encanto fantasmagórico intemporal e uma modernidade ainda por catalogar, apreciada pela sua beleza universal e arrojo das suas formas. EN Instigator of some of the most significant musical creations from Iceland over the last decade, Jóhannsson is renowned as a highly original modern composer, working compulsively for theatre, the cinema, documentaries and installations and showing his gifted classical ambient talent.
10
Jornal
piano, computador e electrónica Jóhann Jóhannsson violino Ivo Stankov violino James Underwood violoncelo Charlotte Rook viola Emma Ownes vídeo Magnus Helgason
© Pedro Soares
dança
TOK’ART
Landscape with Figures/Lake/Work Sala principal quinta 30 Setembro a sábado 2 Outubro 21h30 12€ / <30 anos 6€
A TOK’ART foi fundada em 2006 pelo coreógrafo André Mesquita e pela bailarina do extinto Ballet Gulbenkian, Teresa Alves da Silva. Tem residência artística no Centro Cultural do Cartaxo onde desenvolve os seus projectos. Nas peças que compõem este programa, André Mesquita questiona-se sobre o que está por trás da criação e propõe tornar visível no palco as manifestações físicas que estão presentes no processo criativo. EN TOK’ART was founded in 2006 by choreographer André Mesquita and dancer from the former Ballet Gulbenkian, Teresa Alves da Silva, as a meeting place for creators and practitioners of dance. In the choreographies that comprise this programme, André Mesquita wonders what lies behind creation, and aims to make visible on stage the physical manifestations involved in the creative process.
Lake No espaço vazio e efémero do teatro, Teresa Alves da Silva interpreta um solo comovente, inspirado numa carta que Nadehzhda Mandelstam escreveu em 1938 para o seu marido e poeta russo Osip Mandelstam: “Não tenho palavras, meu querido, para escrever esta carta. Estou a escrevê-la no espaço vazio. Quando voltares, talvez não me encontres aqui”. Lake venceu dois prémios no International Solo-Tanz-Theater Festival 09, em Estugarda. coreografia André Mesquita luzes André Mesquita, Miguel Ramos e Nuno Salsinha música David Lang intérprete Teresa Alves da Silva
Landscape with Figures
Work
Acompanhado por uma palestra da escritora americana Elizabeth Gilbert sobre a criatividade para a famosa série de conferências TED – Ideas worth spreading, Landscape with Figures desconstrói de maneira inteligente e com humor o mito do génio artístico.
Work refere-se a uma tradição na pintura abstracta de chamar os quadros simplesmente Obra #1, Obra #2, etc. Eliminando toda a retórica e até a própria significação do processo de criação, o que fica? Entre a abstracção da mensagem e a fisicalidade do corpo, onde se encontra a obra de arte?
coreografia e espaço cénico André Mesquita luzes André Mesquita e Nuno Salsinha base sonora a partir de uma conferência de Elisabeth Gilbert intérpretes Teresa Alves da Silva, Guzmán Rosado e Shumpei Nemoto
coreografia e espaço cénico André Mesquita luzes André Mesquita e Nuno Salsinha banda sonora alva noto (arranjo sobre sample) intérpretes Teresa Alves da Silva, Ana Margarida Brito, Guzmán Rosado, Ricardo Teixeira e Shumpei Nemoto
Jornal
11
música
Faust
(Alemanha)
Em colaboração com a Galeria Zé dos Bois
Sala principal quarta 6 Outubro 22h00 15€ / <30 anos 7,50€
Nascidos em Hamburgo e criados numa comuna/estúdio em Wümme, os Faust corporizaram desde o primeiro momento um estado primitivo de consciência, nunca definitivo, nunca absoluto. Suficientemente livres dos paradigmas do rock americano para colocar a ênfase nas novas electrónicas e em estilos vanguardistas como o minimalismo e a música concreta, o sexteto alemão metamorfoseou-se num OVNI pós-psicadélico, polirrítmico, atento a todas as possibilidades. Diferentes de tudo o que veio antes ou virá depois, os Faust tornaram-se inquestionavelmente uma das grandes experiências criativas do nosso tempo. A par de outros grupos como os Can e os Neu!, os Faust foram ao longo da primeira metade da década de 1970 a linha da frente do rock experimental alemão. São desse período os seus principais álbuns, todos documentos essenciais para a evolução das diferentes músicas experimentais contemporâneas. Dois músicos omnipresentes em todos estes momentos foram os multi-instrumentistas Jean-Hervé Péron e Werner “Zappi” Diermaier, elementos basilares do cânone Faust e que constituirão o núcleo da formação que se estreará – finalmente, e com esperado estrondo - em Lisboa. EN “Zappi” and Péron are two of the founding members that feed the most faithful incarnation of Faust that can be witnessed today. All the energy and organised chaos with which they founded krautrock in the 1970s continue to be meticulously exhibited on stage, proving that their music is eternal. 12
Jornal
Workshop com Faust 7 Outubro, 19h00 às 22h00 | Galeria Zé dos Bois Preço 15€ Reservas disponíveis na Galeria Zé dos Bois www.zedosbois.org | 213 430 205 | reservas@zedosbois.org
baixo, trompete, guitarra acústica, máquinas industriais, voz Jean-Hervé Péron percussão, máquinas industriais Werner “Zappi” Diermaier guitarra eléctrica, percussão James Johnston sintetizador, guitarra eléctrica, piano acústico, voz Geraldine Swayne
teatro | co-produção
Sala principal sábado 9 Outubro 21h30 12€ / <30 anos 6€
Na altura em que o país comemora o Centenário da República, o Teatro Maria Matos repõe uma das criações mais singulares do ano passado, uma colaboração entre o grupo de teatro Cão Solteiro e o artista plástico Vasco Araújo, à volta do Hino Nacional. Em A Portugueza são arrumados dentro de uma “caixa preta” os seguintes elementos: um piano, uma masterclass de canto, um pianista, uma professora, um cantor, quatro actores, um Hino Nacional, algumas dissonâncias e uma incerta apoteose filarmónica. No fim, ficam a caixa e o piano. O Cão Solteiro não põe em cena outra coisa além do lugar. “Rien n’aura eu lieu que le lieu.” EN At the time the country commemorates the Centenary of the Republic, Teatro Maria Matos brings back to the stage one of last year’s most unique creations: a collaboration between theatre company Cão Solteiro and plastic artist Vasco Araújo, based on the National Anthem. In A Portugueza we encounter on stage: a piano, a pianist, a teacher, a singer, four actors, a National Anthem, some dissonances and an uncertain philharmonic apotheosis.
criação Vasco Araújo, Paula Sá Nogueira, Mariana Sá Nogueira, Joana Dilão, Duarte Barrilaro Ruas, Cátia Pinheiro, Raimundo Cosme, André Godinho, André e. Teodósio, Miguel Manso, Myriam Madzalik, Nicholas Mcnair, Teresa Louro, Palmira Abranches, Maria José Baptista, Natália Ferreira, Filipe Pereira, José Manuel Rodrigues, Ricardo Santanna, Nuno Tomaz e Paulo Reis A Portugueza Alfredo Keil (música) e Henrique Lopes de Mendonça (letra) produção Cão Solteiro co-produção Maria Matos Teatro Municipal
I Heróis do mar, nobre povo, Nação valente, imortal, Levantai hoje de novo O esplendor de Portugal! Entre as brumas da memória, Ó Pátria sente-se a voz Dos teus egrégios avós, Que há-de guiar-te à vitória! Às armas, às armas! Sobre a terra, sobre o mar, Às armas, às armas! Pela Pátria lutar Contra os canhões marchar, marchar! II Desfralda a invicta Bandeira, À luz viva do teu céu! Brade a Europa à terra inteira: Portugal não pereceu Beija o solo teu jucundo O oceano, a rugir d’amor,
© Joana Dilão
Cão Solteiro & Vasco Araújo A Portugueza
E o teu braço vencedor Deu mundos novos ao Mundo! Às armas, às armas! Sobre a terra, sobre o mar, Às armas, às armas! Pela Pátria lutar Contra os canhões marchar, marchar! III Saudai o Sol que desponta Sobre um ridente porvir; Seja o eco de uma afronta O sinal do ressurgir. Raios dessa aurora forte São como beijos de mãe, Que nos guardam, nos sustêm, Contra as injúrias da sorte. Às armas, às armas! Sobre a terra, sobre o mar, Ás armas, às armas! Pela Pátria lutar Contra os canhões marchar, marchar!
Jornal
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© zoom‘o’foco/CNCCR
teatro/dança | a partir dos 10 anos
Companhia TPO
(Prato/Lisboa)
Teatro di Piazza o d’Occasione
A República Dança Sala principal com bancada quinta 14 a domingo 17 Outubro semana 10h00 e 14h00 sábado 16h00 domingo 11h00 Criança 2,50€ | Adulto 5€
Uma conspiração, uma manifestação, uma intenção de futuro... A revolução republicana, através de uma breve narrativa fotográfica projectada numa grande cortina suspensa no ar, ganha vida e forma pelo movimento coreográfico de um dueto masculino. A fotografia, a dança, a música e as novas tecnologias reúnem-se num projecto que utiliza imagens apelativas da História da Primeira República para levarem ao público jovem uma história contada com a energia do corpo em movimento. EN A conspiracy, a demonstration, an intended future... Through a brief photographic narrative, projected onto a big curtain suspended in the air, the republican revolution comes alive, taking form in the choreographic movement of a male duo. Photography, dance, music and new technologies come together to take part of our History to a young audience. direcção artística Davide Venturini/Companhia TPO e Giacomo Scalisi co-criação e interpretação Peter Michael Dietz e Nuno Nunes desenho digital Rossano Monti desenho de som Spartaco Cortesi desenho de luz Cristóvão Cunha técnico de imagem Luís Bombico técnico de luz e som Joaquim Madaíl figurinos Ainhoa Vidal
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Jornal
teatro
Aniversário sexta 22, sábado 23 e domingo 24 Outubro
Teatro Maria Matos
No dia 22 de Outubro de 1969, o Teatro Maria Matos abriu pela primeira vez as suas portas. Passados 41 anos, convidamos o público a festejar o aniversário com um programa excepcional com teatro, música, uma performance e um espectáculo para toda a família. Um fim-de-semana prolongado onde condensamos várias propostas que traduzem aquilo que fazemos durante toda a temporada, mas, claro, com um toque especial. Uma peça de teatro, construída a partir de textos de sete escritores portugueses e estrangeiros, posta em cena na fachada do Teatro Maria Matos e do Hotel Lutécia; um concerto de Hauschka, onde o seu piano é acompanhado por um ensemble especialmente formado para esta noite; uma performance de Ana Borralho & João Galante na qual o público pode e deve intervir; e um espectáculo para toda a família onde se conta a História do teatro desenhada em tempo real.
sexta 22 teatro Tiago Rodrigues Hotel Lutécia 21h30 música Hauschka 23h30 sábado 23 performance Ana Borralho & João Galante World of Interiors 18h00 às 20h00 teatro Tiago Rodrigues Hotel Lutécia 21h30 domingo 24 projecto educativo Isabel Minhós Martins & Bernardo Carvalho Daqui vê-se melhor 16h00 teatro Tiago Rodrigues Hotel Lutécia 21h30
Um especial Bilhete aniversário dá acesso a todos os eventos pelo preço de 25€ / 12,50€ com desconto. Jornal
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teatro | co-produção
Tiago Rodrigues Fachada do Teatro Maria Matos e do Hotel Lutécia sexta 22 a domingo 24 Outubro 21h30 12€ / <30 anos 6€ | Bilhete aniversário 25€ / <30 anos 12,50€
Em Outubro de 1969, na cidade de Lisboa, foi construído um edifício que é um hotel e também um teatro. Há 41 anos que os cenários dos espectáculos entram pela mesma porta por onde saem os lençóis e as colchas para a lavandaria. Há 41 anos que hóspedes vão por engano pedir as suas chaves à bilheteira do teatro e espectadores distraídos tentam comprar bilhetes na recepção do hotel. Há mais de quatro décadas que o Teatro Maria Matos e o Hotel Lutécia partilham um edifício, mas essa não é a única coisa que têm em comum. Tanto o teatro como o hotel passaram todos estes anos a ser anfitriões de gente muito diferente, vinda de todos os cantos do mundo. Tal como a sala do Maria Matos, os quartos do Lutécia também foram palco de dramas, comédias, tragédias e coreografias inesquecíveis. Neste espectáculo de celebração do 41.º aniversário do Teatro Maria Matos, o palco transfere-se para os quartos do hotel. Sete dramaturgos portugueses e internacionais foram convidados a escrever uma história que se passa num quarto deste hotel. Uma bancada ao ar livre será montada na rua em frente ao edifício e o público 16
Jornal
assistirá ao espectáculo que decorre nas varandas da fachada do Hotel Lutécia, ouvindo os diálogos com auscultadores. Hotel Lutécia é uma visita ao universo de histórias cruzadas de uma noite na vida de um hotel. Ocupado por hóspedes diferentes, com vidas e línguas e ambições diferentes, mas todos de passagem a caminho de outro lugar nas suas vidas. Tiago Rodrigues EN In this performance celebrating the 41st birthday of Teatro Maria Matos, the rooms of Hotel Lutécia become a stage. Seven Portuguese and international playwrights were invited to write a story that takes place in seven different rooms of the hotel. As the action unfolds in the rooms and on the balconies, the audience watches from the street and listens to the dialogues through headphones. encomenda Maria Matos Teatro Municipal produção Mundo Perfeito e Maria Matos Teatro Municipal apoio Hotel Lutécia
música
Hauschka
(Alemanha)
Sala principal sexta 22 Outubro 23h30 12€ \ <30 anos 6€ | Bilhete aniversário 25€ / <30 anos 12,50€
Esta noite é também especial por recebermos Foreign landscapes de Hauschka, exactamente na semana de lançamento desta nova obra, porventura a mais ambiciosa até à data. Conhecido sobretudo pelos seus intimistas concertos a solo, esta composição coloca oficialmente Volker Bertelmann como um dos mais originais orquestradores contemporâneos, numa linha moderna que terá paralelo com Nico Muhly, Max Richter ou Keith Kenniff. A comparação fará sentido porque o músico alemão também não se deixa circundar pelas fórmulas do academismo, preferindo passear pelas suas influências musicais sem nunca as deixar de incorporar nas suas partituras.
E este ciclo pode começar em Cowell ou Cage, pelo modo como tem desenvolvido com sucesso a sua própria linguagem em piano preparado, mas, tanto historicamente como musicalmente, é a Erik Satie que algumas das suas mais fortes inspirações parecem nascer. Foreign landscapes é uma circunferência de harmonias e canduras irresistíveis, onde pequenos detalhes incaracterísticos a estes arranjos dançam em torno de uma pulsão de câmara pastoral quase cinematográfica. Se para a obra em disco foi a Magic Magic Orquestra de São Francisco que completou a companhia, em Lisboa vamos ter um original ensemble de 11 elementos feito à medida para este concerto.
EN Hauschka has always been synonymous with intimate concerts for prepared piano, but with this new work his delicate minimalist compositions take on a new dimension and importance with the interpretation of an orchestral ensemble. New colours and dynamics, but the same old post-Satie feeling.
piano Volker Bertelmann trombones, violino, viola, violoncelos, clarinetes Ensemble Maria Matos
Jornal
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© Ana Borralho & João Galante
performance/instalação
Ana Borralho & João Galante
World of Interiors Palco da sala principal sábado 23 Outubro sessão contínua 18h00 às 20h00 Preço único 6€ | Bilhete aniversário 25€ / <30 anos 12,50€
Somos confrontados com uma imagem inquietante: pessoas deitadas no chão, de olhos fechados e sem movimento evidente. Perante este vazio é-nos exigida uma acção, uma aproximação, um toque, um avanço na intimidade dos corpos para que se dê uma partilha deste mundo interior. Nessa intimidade somos interceptados por textos, as palavras de Rodrigo Garcia são-nos sussurradas dentro de uma ténue fronteira íntima. De tempos a tempos ouvimos a música de Mahler. World of Interiors explora a fronteira entre o espectador e a obra, integrando o público no espaço e no tempo da performance, identificando as tensões que se criam entre a arte e os códigos que regem a sociedade. O espectador é convidado a entrar e sair livremente, definindo o tipo de relação que estabelece com os performers, a sua duração e o momento de corte. EN We are confronted with a disquieting setting: people lying on the floor, eyes closed, apparently motionless. In the face of emptiness, we have no choice but to act, to approach maybe, to intrude into the intimacy of the bodies lying before us, to get a glimpse of a suspected interior world. In this new intimacy, we are caught off guard by the whispered words of Rodrigo Garcia. 18
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conceito, direcção artística, espaço cénico e luz Ana Borralho & João Galante performers Ainhoa Vidal, Alina Bilokon, André Duarte, Antonia Buresi, Célia Jorge, Chris Scherer, Elisabete Fradique, Laurinda Chiungue, Luís Godinho, Maria Manuela Marques, Pedro Frutuoso, Pietro Romani, Renata Portas, Ricardo Barbosa e Rui de Sousa texto a partir de fragmentos da obra teatral de Rodrigo Garcia tradução e colaboração dramatúrgica Tiago Rodrigues aconselhamento artístico Fernando Ribeiro aconselhamento luz Thomas Walgrave edição som Rui Dâmaso produção executiva Ana Borralho, Mónica Samões e Míriam Vale produção casaBranca co-produção alkantara festival 2010, Museu Colecção Berardo, Útero/Espaço Land e Centre National de Danse Contemporaine Angers apoios Atelier Real, Grande Cena, IEFP, JGM, VôArte, Centro de Reabilitação e Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian e TNT/ Manufacture de Chaussures-Bordéus apoio à estreia Départs, Culture Programme of the European Union residência artística CNDC - Centre National de Danse Contemporaine Angers casaBranca é uma estrutura financiada pelo Ministério da Cultura/DGArtes, apoiada pelo IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional e Fundação Calouste Gulbenkian
© Bernardo Carvalho
teatro | produção a partir dos 4 anos
Isabel Minhós Martins & Bernardo Carvalho Daqui vê-se melhor Palco da sala principal domingo 24 Outubro 16h00 Entrada livre No aniversário do Teatro Maria Matos, convidamos o nosso público, dos mais pequenos aos mais velhos, a conhecer a História do teatro. A escritora Isabel Minhós Martins escreveu o texto e Bernardo Carvalho, ilustrador de livros para a infância, desenhará em tempo a real esta história. Vamos ver e ouvir como surgiu o teatro e como se desenvolveu até aos dias de hoje. Não sabemos (mas queremos saber) quem construiu os primeiros teatros. Não sabemos (mas queremos saber) quem subiu aos primeiros palcos. Não sabemos (mas gostávamos muito de saber) o que disse, porque o fez, se foi aplaudido ou vaiado Não sabemos também quem estaria do lado de cá, sentado ou de pé (não sabemos), o que foi ali fazer, se gostou do que viu e ouviu, se pagou bilhete ou se voltou. Isabel Minhós Martins
EN To celebrate Teatro Maria Matos’ anniversary, we invite our audience, young and old alike, to find out about the History of theatre. Writer Isabel Minhós Martins wrote the text, and Bernardo Carvalho, illustrator of children’s books, will illustrate the story in real time. We are going to see and hear how theatre emerged and how it has developed up to the present day. texto original Isabel Minhós Martins imagem e desenho em tempo real Bernardo Carvalho Jornal
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© João Tuna
teatro co-produção
Nuno Cardoso/ Ao Cabo Teatro A Gaivota de Anton Tchekov Sala principal quinta 28 a sábado 30 Outubro 21h30 domingo 31 Outubro 18h00 12€ / <30 anos 6€ Depois de Platonov, criação de 2008 considerada pelo jornal Público como melhor espectáculo do ano e merecedora de uma Menção Especial da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro, e antes de Três Irmãs, projecto a desenvolver em 2011, A Gaivota é o segundo passo de uma estruturante viagem empreendida por Nuno Cardoso aos textos fundamentais de Tchekov.
EN A Gaivota (The Seagull) is the second step of Nuno Cardoso’s voyage through Chekhov’s fundamental texts. A grand paraphrase on artistic creation, on the emergence of a “new theatre”, but also on the mismatch of love and life, A Gaivota boasts a cast of intense but disenchanted characters, intelligent to the point of knowing that it is unlikely that their hopes and desires will become reality. 20
Jornal
Grande paráfrase sobre a criação artística, sobre a emergência de um “novo teatro” além de toda a trivialidade, mas também sobre o desencontro do amor e da vida, sobre os tempos que acabam antes que saibamos quais os tempos que vêm, A Gaivota vive de um elenco de personagens intensas mas desencantadas, inteligentes ao ponto de saberem que o desejo dificilmente se tornará futuro. Resta compreender a contemporaneidade da abordagem de A Gaivota, num país onde a criação artística é cada vez mais aquilo que se faz com menos, e se possível se faz menos... São, realmente, necessárias “formas novas”. Se não, necessariamente, no modo como se abordam textos fundamentais, pelo menos no modo como se interpelam cidadãos, na consciência de como se exerce um acto de criação que é também um acto de reinvenção das formas de sermos e estarmos juntos. Nuno Cardoso
conceito e tradução António Pescada encenação Nuno Cardoso assistência de encenação Victor Hugo Pontes cenografia Fernando Ribeiro desenho de luz José Álvaro Correia figurinos Storytailors sonoplastia Luís Aly interpretação Maria do Céu Ribeiro, João Pedro Vaz, Jão Eduardo Silva, Luís Araújo, Micaela Cardoso, Cristina Carvalhal, Jorge Mota, Pedro Almendra, Lígia Roque, João Castro e Paulo Freixinho criação Ao Cabo Teatro co-produção Teatro Nacional São João, Centro Cultural Vila Flor, Maria Matos Teatro Municipal e Teatro Aveirense em colaboração com As Boas Raparigas… apresentação no âmbito da rede
co-financiada por
performance
Ana Borralho & João Galante Rui Catalão Untitled, Still Life em colaboração com
Sala de ensaios quarta 3 a segunda 8 Novembro segunda a sábado 21h30 domingo 18h00 12€ / <30 anos 6€ Saber quem somos e o que fazemos implica aceitar de onde vimos. Partilhamos influências e referências. Inspiramo-nos em artistas com quem trabalhámos e outros houve de quem apenas fomos seus espectadores. Fizemos um levantamento de cenas, momentos de peças que nos marcaram, processos de trabalho. Abordámos tabus sexuais, regressámos à exposição do corpo e fomos surpreendidos pelo facto dos nossos corpos poderem servir de empréstimo a um desejo de ruptura projectado por terceiros. Uma frase, fixada na parede de um restaurante, serviu-nos de mote: “dança como se ninguém estivesse a ver-te”. Objectivando a nossa presença, a nossa nudez, o nosso estar perante o outro, incluímos a fotografia, ou melhor ainda, a pose fotográfica e com ela uma certa ideia de realidade legada ao futuro. As imagens no tempo, as imagens através do tempo, inspiram histórias. Sentimo-las, a essas imagens fixas, a produzirem matéria para criar sentidos, narrativas. E no entanto, não sentimos estar a produzir ou a viver uma história. E mesmo assim resistimos a criar história, ou a revivê-la. Queríamos antes, e queremos ainda, estabelecer um espaço a partilhar e a ser inscrito pelo público que há-de vir. Apercebemo-nos então de que o único adereço de cena com que vínhamos trabalhando – um sofá – era ele próprio um marco a definir presenças e ausências: quem ficava, quem esperava, quem partia, quem voltava. Rui Catalão
Durante o período de apresentação do espectáculo Untitled, Still Life decorre a exposição de fotografia I Put a Spell on You e a projecção do vídeo Vanishing Act de Ana Borralho & João Galante. EN At the origin of Untitled, Still Life is a phrase on the wall of a restaurant: “dance as if nobody were watching you”. The exposure of the body. It leads us to photography, or more accurately, the photographic pose, objectifying our presence and fixing it in time. And we feel how these poses have the potential of creating narratives, without ever realizing them. What is left is a space to share and to be inscribed by the visitors to come. conceito Ana Borralho, João Galante e Rui Catalão direcção artística Ana Borralho & João Galante dramaturgia Rui Catalão co-criação Ana Borralho, Cláudio da Silva, João Galante, Rui Catalão, Yingmei Duan colaboradores Antonia Buresi, Francisca Santos, Maria Lemos, Mónica Samões e Yann Gibert dispositivo cénico Ana Borralho, João Galante, Rui Catalão som João Galante produção executiva Ana Borralho e Mónica Samões produção casaBranca co‑produção Útero e DeVIR/CaPa Centro de Artes Performativas do Algarve apoio Atelier RE.AL, Grande Cena e Galeria Zé dos Bois projecto financiado por Ministério da Cultura/ DGArtes casaBranca é uma estrutura financiada pelo Ministério da Cultura/DGArtes, apoiada pelo IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional e Fundação Calouste Gulbenkian Jornal
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teatro | co-produção a partir dos 8 anos
Patrícia Portela & Cláudia Jardim
Jogo das Perguntas Palco da sala principal quinta 4 a domingo 7 Novembro semana 10h00 sábado 16h00 domingo 11h00 Criança 2,50€ | Adulto 5€
Quantas igrejas tem o céu? Há mais folhas numa pereira ou num livro de Harry Potter? Porque se suicidam as folhas quando se sentem amarelas? São algumas das perguntas deste jogo feito de muitos jogos, onde se podem marcar pontos, ter sorte, ganhar guerras ou países, tudo graças à eloquência dos jogadores. Um super-jogo cheio de perguntas e sem uma única resposta possível.
apresentação no âmbito da rede
EN How many churches are there in heaven? Are there more leaves on a pear tree or in a Harry Potter book? Why do leaves commit suicide when they feel yellow? These are some of the questions in this game made of many games, where one can earn points, be lucky, win wars or countries, all thanks to the eloquence of the players. A super game full of questions and without a single possible answer.
co-criação Cláudia Jardim e Patrícia Portela programação, efeitos especiais Irmã Lúcia efeitos especiais desenho sonoro e música Christoph de Boeck direcção técnica e design de luz Cláudia Rodrigues apoio à dramaturgia Isabel Garcez o inspirador e guest star Pablo Neruda produtora Conceição Narciso produção Prado co-produção Teatro Viriato e Maria Matos Teatro Municipal Prado é uma estrutura financiada pelo Ministério da Cultura/DGArtes
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Jornal
co-financiada por
© Worldmapper.org
teatro | co-produção
mala voadora & Third Angel
(Lisboa/Sheffield)
What I Heard About The World Sala principal com bancada sexta 12 a sábado 20 Novembro (excepto terça 16) segunda a sábado 21h30 domingo 18h00
apresentação no âmbito da rede
co-financiada por
12€ / <30 anos 6€
Em What I Heard About The World, a mala voadora e a companhia inglesa Third Angel tentam mapear um planeta esférico numa superfície plana. Com base numa recolha global de situações do quotidiano onde a realidade integra o falso, Jorge Andrade, Alexander Kelly e Chris Thorpe catalogam países e partilham histórias num espectáculo no qual se interroga se temos de fingir o mundo para percebê-lo. As duas companhias conhecem-se desde 2004 e têmse encontrado ocasionalmente para discutir ideias com vista a uma colaboração. Foi dessas conversas que resultou o projecto para What I Heard About The World.
A mala voadora é uma companhia sedeada em Lisboa, dirigida por Jorge Andrade e José Capela. Depois de três criações com encenadores convidados, a partir de Os Justos de Camus (menção honrosa do Prémio Madalena Azeredo Perdigão 2004), Jorge Andrade tem dirigido os projectos da companhia. Com What I Heard About The World, a mala voadora regressa ao Teatro Maria Matos, após as co-produções Chinoiserie e Spitx. Third Angel é uma companhia inglesa, dirigida por Alexander Kelly e Rachel Walton. Em Portugal, colaboram com o Programa Gulbenkian Criatividade e Criação Artística, orientando workshops de encenação. Também já se apresentaram na Culturgest com Where from Here (2002) e Presumption (2008).
EN In What I Heard About The World, mala voadora and Third Angel attempt to map a spherical planet onto a flat surface. Based on a comprehensive collection of everyday situations, in which reality embraces fiction, the creators create a catalogue of countries and share stories in a performance that asks if we have to fake the world in order to understand it.
conceito, autoria e interpretação Jorge Andrade, Alexander Kelly e Chris Thorpe desenho de luz James Harrison coprodução Sheffield Theater, Maria Matos Teatro Municipal e PAZZ Performing Arts Festival, em associação com worldmapper.org Jornal
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música
Sonic Scope #10 Programado por Grain of Sound
Sala principal com bancada terça 23 a quinta 25 Novembro 22h00 Preço único 1 dia 6€
Preço único 3 dias 15€
É fácil elogiar o Sonic Scope porque não são todos os festivais que mantêm esta regularidade temporal e de princípios. Há aqui, por isso, uma oportunidade para se estenderem mais alguns elogios e muito respeito a quem acha que há música em Portugal que merece ter este destaque de cartaz. Têm sido dez anos de constante insistência, de valorização de grandes ideias musicais que merecem ser vistas e ouvidas na sua escala natural, de consagração de projectos e músicos que facilmente se tornaram referências para a própria evolução da cena nacional. Com este ritmo imperturbável, o Sonic Scope atinge a maioridade com a edição número 10, um número que traz consigo a acrescida responsabilidade de manter a tradição do seu currículo e prometer novos caminhos para a próxima década. Este ano há novo formato com três noites consecutivas de sons e algumas imagens: na primeira parte, a improvisação em larga escala com os A Parte Maldita e a minúcia dos pormenores de Gigantiq; na segunda, o jazz do futuro de Sei Miguel e os panoramas electrónicos de Carlos Santos e Paulo Raposo; e por fim, o novo quarteto explosivo de Rodrigo Amado e o abstraccionismo digital de @c. EN Ten years of Sonic Scope celebrated on three consecutive days with six concerts of new and established projects by established and emerging Portuguese musicians. Oblique genres, between jazz and electronic music, with a necessary and healthy dose of experimentation and adventure: a convincing set up of homemade proposals. 24
Jornal
terça 23 Novembro
A Parte Maldita guitarra eléctrica Nuno Rebelo guitarra eléctrica António Chaparreiro saxofone tenor Abdul Moimême baixo Jorge Serigado bateria Rui Alves computador Miguel Sá computador Fernando Fadigas contrabaixo Hernâni Faustino
Gigantiq com Matteo Uggeri computador, gira-discos Nuno Moita sintetizador analógico, instalação vídeo André Gonçalves computador, objectos Matteo Uggeri
quarta 24 Novembro
Sei Miguel © Nuno Martins
trompete Sei Miguel trombone alto Fala Mariam electrónica analógica Travassos percussão César Burago
Carlos Santos e Paulo Raposo computador, elementos piezo-eléctricos, objectos Carlos Santos e Paulo Raposo
quinta 25 Novembro
Rodrigo Amado Quarteto saxofone Rodrigo Amado bateria Gabriel Ferrandini contrabaixo Hernâni Faustino guitarra Manuel Mota
@c computador Miguel Carvalhais computador Pedro Tudela Jornal
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André e. Teodósio e estudantes do ensino secundário
Quando pensamos em Res publica|Res privata Obra Completa Sala principal com bancada domingo 28 Novembro 18h00 Criança 2,50€ | Adulto 5€
No âmbito do projecto Quando pensamos em…, voltamos a propor a reflexão sobre o tema da programação do Teatro a um criador português em conjunto com estudantes do ensino secundário. Depois de Tiago Rodrigues e Tiago Guedes & Pietro Romani, o convidado é André e. Teodósio que, durante dois meses, cria com um grupo de estudantes um trabalho artístico a partir do tema Res publica | Res privata denominado Obra Completa. Neste dia apresentam o resultado da sua reflexão conjunta. EN Last season, Teatro Maria Matos started a long-term project of creations with secondary school students around the central theme of the programme and accompanied by professional artists. After two editions around the themes of Governance and Time, we have invited theatre maker André e. Teodósio to create a piece around the theme Res Publica | Res privata. André e. Teodósio é membro do Teatro Praga (a companhia mais megalopsyquica™ de todos os tempos) e colabora regularmente com a companhia de teatro Cão Solteiro. É autor dos textos Shoot the Freak e Cenofobia. 26
Jornal
Obra Completa Uma vez um amigo elucidou-nos da seguinte evidência: É esta a nossa condição. A partir daquele dia a Obra ficou completa. Fomos de Platão a Platoon. Fomos de Aristóteles a Aristogatos. Deixámos de ter vergonha de chorar e de sorrir e de cozinhar mal e de pedir aos pais para carregar o telemóvel e de fazer vídeos caseiros para o youtube e de misturar o infortúnio da Torre Bela com o fim do Real bigode. Disseram-nos: Isso é um mito. Respondemos: Eu não mito! Somos nós que nos expomos à República e não o inverso. E nós, adolescentes, somos pela Res publica e pela Res privata como somos pelo rés-do-chão da realidade. Porque amor com amor se apaga. André e. Teodósio O processo criativo pode ser acompanhado em http://obracompletablogoficial.blogspot.com
© Javier Núñez Gasco
teatro | produção a partir dos 12 anos
música
The Divine Comedy Neil Hannon Solo
(Reino Unido)
Sala principal segunda 29 e terça 30 Novembro 22h00 20€ / <30 anos 10€
Neil Hannon já tinha confessado há uns anos que é sempre mais seguro transformar totalmente um disco para tocá-lo em palco do que tentar mimetizá-lo na perfeição. Para quem ambicionava chegar ao Royal Albert Hall e rodear-se de uma grande e esmagadora orquestra, este facilitismo era uma contradição, mas mesmo assim a surpresa chegou este ano com o músico irlandês, depois de se assumir mais uma vez como o solitário autor dos Divine Comedy, a planear a nova digressão, imaginem, sozinho. Alertou que não é um exímio instrumentista e que irá revelar as limitações da sua técnica, mas também sossegou o seu público confessando saber onde e como quer que a sua música soe. Mas quem o quer ouvir agora, a mostrar o novo Bang goes the knighthood e algum do seu antigo repertório, não irá querer perder a hipótese deste unplugged inesperado, deste desfile raro de canções em estado puro, sem adornos e personagens secundárias, provando o quanto vale em ouro o peso das suas palavras e partituras. Depois há ainda o factor intimista que nasce naturalmente nestes momentos, e os recentes relatos da sua tournée aguçam-nos o apetite - para além de Neil Hannon ser indiscutivelmente um dos melhores escritores de canções britânicos, digno de comparações a Robert Wyatt ou Paddy McAloon, espera-nos também uma noite de entertainment. EN If on record The Divine Comedy continue to show its orquestral splendor, in 2010 Neil Hannon takes his alter ego to the stage alone, unveiling, with utmost simplicity, the high quality of his words and music.
guitarra, piano e voz Neil Hannon Jornal
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música
fim-de-semana Sala principal sexta 3 Dezembro 22h00
Masayoshi Fujita &Jan Jelinek
(Japão/Alemanha)
Esta segunda aparição de Jan Jelinek no Teatro Maria Matos em 2010 significa simplesmente o quão importante é para nós comungarmos a sua música. Depois da lição condensada do poderio bélico de Groupshow em Fevereiro, houve tempo para concretizar uma nova etapa na sua carreira e provar uma vez mais a sua generosidade sem limites ao estabelecer nova união perfeita, agora com o japonês Masayoshi Fujita. Se quisermos simplificar, há aqui uma nova hipótese de jazz; se quisermos tornar tudo mais interessante, explique-se que electrónica e acústica se entrelaçam numa suspensão sonora abençoada pelo silêncio. Elogios nos resultados, claro, ao mestre Jelinek, que continua a entender o seu ambientalismo no modo mais rico e perpétuo possível; e a Fujita que, depois de um autoexplicativo álbum entitulado Rebuilding Vibes, aparece na cena europeia como um dos mais promissores talentos num instrumento modificado à sua medida. E à nossa.
EN We already know that Jan Jelinek alone represents a decade of the best possible electronic music, while Masayoshi Fujita has proved himself to be a new architect for the vibraphone. Together, they reformulate, with original streaks of ambient, the subliminal romance that the first has always had with jazz.
vibrafone Masayoshi Fujita electrónica Jan Jelinek 28
Jornal
15€ / <30 anos 7,50€ | Preço especial 2 dias 22€ / <30 anos 11€
Radian
(Áustria)
Tenha sido um golpe de sorte do tamanho do Danúbio ou um desígnio misterioso de alguém superior, o ano de 1996 testemunhou um decisivo acontecimento em Viena quando três jovens músicos apropriaram-se dos ventos quentes da electrónica que assolavam a capital austríaca para se dedicarem ao rock na sua forma mais interessante de então. Seja ainda classificado de electrónica ou algo já distante ou aparentado com o pósrock, a música que nasceu do trio é um híbrido revolucionário que resiste com bravura em todos os cinco magníficos discos que os Radian perfilham nos 15 anos de actividade. Contudo, o golpe fatal é dado em palco, ao vivo, quando nos apercebemos da conquista do groove ou do caminho que percorrem atrás dos silêncios pela mão de Martin Brandlmayr, um baterista fora de comum que merece toda a vassalagem sempre que o virem em acção.
EN A fundamental trio in modern electronic music, the Viennese Radian are leaving behind an explicitly polyrhythmic phase and charting a new, freer and rawer course, without losing the power of inventing groove in the smallest spaces and least expected moments.
bateria, sampler, sequenciador Martin Brandlmayr guitarra, computador, sintetizadores Stefan Németh baixo John Norman Apresentação em Lisboa apoiada pela Embaixada da Áustria
© Bjarni Grímsson
música
especial
3/4 Dezembro
Sala principal sábado 4 Dezembro 22h00
Fennesz Brandlmayr &Dafeldecker(Áustria)
15€ / <30 anos 7,50€ | Preço especial 2 dias 22€ / <30 anos 11€
Ben Frost (Austrália)
Tem sido interessante observar que promessas vingaram desse generoso contingente de músicos, editoras e projectos que Viena distribuiu durante os últimos 15 anos. O tempo tem essa faculdade filtrante inquestionável, e por isso é que estes três nomes são inderrubáveis para quem acredita que a música está sempre a renovar-se e a precisar de porta-estandartes. Fennesz é, dos três, o que ostenta maior fama na comunidade, por tudo aquilo que fez pela computer music - Hotel paral.lel e, sobretudo, Endless summer serão sempre o seu convite vitalício para o red carpet da electrónica. Werner Dafeldecker tornou-se peça central na nova música europeia, colocando o seu contrabaixo a dialogar com grande parte dos improvisadores actuais. Martin Brandlmayr é um génio absoluto da bateria, conseguindo deslumbrar pela sua técnica invejável e pelo seu domínio da tecnologia, com os quais constrói um léxico rico, próprio e único, e retira do seu instrumento impossíveis estruturas de sons e ritmos. Com uma cumplicidade construída lentamente ao longo dos últimos cinco anos, dificilmente esperaremos em palco menos que a soma exacta das suas altas qualidades individuais.
Theory of machines, a imponente obra de 2007 de Ben Frost, ficou injustamente na penumbra depois da edição de By the throat em 2009. Passavam poucas semanas após o lançamento deste álbum quando recebemos nesta sala a Whale watching tour, com Frost em companhia dos seus amigos e colegas da Bedroom Community a desvendarem diante de nós, numa magnífica polifonia, partes de By the throat. Um ano depois, ainda em paixão com esta obra-prima, quisemos desafiá-lo a expor a reconstrução desse seu portento, com Shazad Ismaily e Borgar Magnason a enriquecerem e a amplificarem ao limite a conhecida parede de som que Frost irá catapultar nesta escura e intensa noite polar de Dezembro. E o nosso encontro não poderia estar a acontecer em melhor altura, com o australiano a viver um autêntico annus mirabilis – para além de começar em breve um ano de acompanhamento e colaboração com Brian Eno, no âmbito de uma bolsa cultural da Rolex, Ben Frost juntará ao seu currículo várias novas obras: Solaris (peça inspirada pela obra homónima de Tarkovsky e escrita com Daníel Bjarnason), World of darkness (jogo para computador) e FAR (coreografia de Wayne McGregor).
EN If you have ever dreamed about materialising in music a perfect equilateral triangle, try listening to one of such incarnations: Fennesz, the patriarch of contemporary electronics, joins Brandlmayr, genial drummer of Radian and Trapist, and Werner Dafeldecker, all-round key figure of new European music.
EN After having visited us last year with Nico Muhly and friends, Ben Frost returns to present us with his masterpiece By the throat, one of the most fascinating examples of how electronics is not a state, but a language capable of unifying emotions, images and many musical genres.
guitarra, computador Fennesz contrabaixo, efeitos Werner Dafeldecker bateria, sampler, sequenciador Martin Brandlmayr Apresentação em Lisboa apoiada pela Embaixada da Áustria
computador, guitarra Ben Frost bateria, percussão Shahzad Ismaily contrabaixo Borgar Magnason Jornal
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© Brynjar Vik
teatro/dança | co-produção
tg STAN The Tangible (Antuérpia)
Sala principal com bancada quarta 8 a sábado 11 Dezembro 21h30 15€ / <30 anos 7,50€ Espectáculo falado em árabe e em inglês | Legendado em português
“No dia seguinte acompanhei-o até à ruína. Havia vários epicentros onde tudo tinha sido reduzido a pó, rodeados por pequenos fragmentos. Excepto tubos e fios, não permaneceram objectos reconhecíveis. Tudo o que tinha sido construído durante toda uma vida desapareceu sem deixar rasto, perdeu o seu nome. Uma amnésia não da mente mas do tangível.” From A to X, John Berger
The Tangible procura o mito e a realidade do Crescente Fértil, o Al Hilal Al Khaseeb, que outrora englobava a Mesopotâmia e o Antigo Egipto, o “berço da civilização”. Hoje em dia, a área corresponde, sensivelmente, ao actual Egipto, Israel, Palestina, Líbano e partes da Jordânia, Síria, Iraque, Kuwait, Turquia e Irão e é considerada um barril de pólvora. Usando poemas do palestiniano Mahmoud Darwish e da libanesa Etel Adnan, relatos do britânico John Berger e textos do palestiniano Mourid Barghouti, um pequeno grupo de bailarinas, actores e artistas visuais de países de origem tão
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diferentes como Noruega, Bélgica, Palestina, Síria, Canadá e Itália experimentam uma aproximação. Como falar sobre o Médio Oriente sem cair em paternalismo, saudosismo ou num neo-orientalismo fácil? The Tangible é uma reflexão que vai para além das notícias e das estatísticas, um testemunho pessoal e íntimo sobre os indivíduos, ao invés dos seus partidos políticos; sobre a perda, a injustiça e a continuação da vida, ao invés das declarações oficiais. Ou, talvez, seja simplesmente uma declaração de amor ao berço da civilização, que sempre renasce das cinzas. EN The Tangible goes in search of the myth and the reality of the Fertile Crescent, today’s Middle East. The performance attempts to talk about a complex reality without falling into paternalism or simplifications. It is a personal account of loss, injustice and the continuation of life. Or, perhaps, a simple declaration of love for the cradle of civilisation, time and again rising from its ashes.
texto Etel Adnan, Samih al-Qasim, Mourid Barghouti, John Berger e Mahmoud Darwish criação e interpretação Eid Aziz, Tale Dolven, Liz Kinoshita, Federica Porello, Rojina Rahmoon e Frank Vercruyssen elementos visuais Ruanne Abou-Rahme e Yazan Al Khalili com a participação de Jolente De Keersmaeker tradutora Lore Baeten tradução Tania Tamari Anasir, Lore Baeten e Martine Bom produção tg STAN co-produção Ashkal Alwan, Théâtre de la Bastille, Festival d’Automne, Théâtre Garonne, Teatergarasjen, Black Box Teater e Maria Matos Teatro Municipal
teatro | co-produção a partir dos 7 anos
Maria Radich A Arca Sala de ensaios terça 14 a domingo 19 Dezembro semana 10h00 sábado 16h00 domingo 11h00 Criança 2,50€ | Adulto 5€
Um tapete de feltro minuciosamente trabalhado por um grupo de seniores do Fundão torna-se o ponto de partida para contar uma possível História da lã. Não a História factual, mas uma história sensorial contada através da Arca de Noé de Regina Guimarães. Assim um tapete transforma-se numa arca onde, dois a dois, os animais eleitos embarcam durante 40 dias, salvando-se do dilúvio anunciado. Iremos descobrir que animais são estes e o que aconteceu nestes dias, enchendo o corpo de ideias e o tapete de movimento. Histórias que falam sobre nós e sobre o que sentimos quando reconhecemos o que nos é contado.
EN A carpet turns into an arch, thanks to the words of Regina Guimarães and the dedicated efforts of a group of seniors from Fundão. The chosen animals, two by two, are being shipped for 40 days, saving themselves from the announced flood. Which animals are they? What happens during these 40 days? Where does this carpet come from?
Dizem velhos contadores Dos pormenores da ficção Que quando a arca se abriu, Ó Senhoras e Senhores, Grande tapete de feltro O maior que já se viu Tapava a todo o comprido O que servira de chão Ao enorme ajuntamento De casais da criação Arca de Noé Regina Guimarães
criação e interpretação Maria Radich texto Regina Guimarães música Ricardo Freitas bonecos Dina Ladina manufacturação do tapete de feltro Diana Regal e Academia Sénior do Fundão, no âmbito de um atelier da Oficina do Feltro co-produção Maria Matos Teatro Municipal e Câmara Municipal do Fundão/A Moagem – Cidade do Engenho e das Artes
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música
Daniel Carter William Parker & Federico Ughi
(EUA/Itália)
Em colaboração com a Filho Único
Sala principal quinta 16 Dezembro 22h00 12€ / <30 anos 6€
The Dream, editado em 2006, foi o primeiro, e único até à data, disco que mostrou a interessados e curiosos o elevado nível de excepção em que este trio de músicos sediado em Nova Iorque navega. Com uma dinâmica de colectivo fluida e pujante, assente numa congruência admirável de dinâmicas e registos ao longo do disco, uma combinação quase homeoestática de improvisações mais extensas e breves interlúdios, o álbum expõe Daniel Carter a tocar piano pela primeira vez, num estilo reminiscente do incontornável Cecil Taylor ou de Dave Burrell, William Parker a espraiar-se em encantações amplas em tuba e Federico Ughi afirmando-se como um baterista com níveis de energia e entrega evocatórias de um Rashied Ali, do período Interstellar Space de Coltrane. No entanto, é com base na instrumentação típica e querida a cada um deles, Carter em sopros e piano, Parker no contrabaixo e Ughi na bateria, que a actuação no Teatro Maria Matos tomará forma e conteúdo. EN The album The Dream, released in 2006, revealed a trio to be watched. Free and inventive improvisation with Daniel Carter, supreme on wind instruments and surprising on the piano, William Parker, securing the rhythm on the double bass and Federico Ughi proving to be a phenomenally resourceful drummer. 32
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saxofone alto e piano Daniel Carter contrabaixo William Parker bateria Federico Ughi
Alain Platel les ballets C de la B
© Chris Van der Burght
dança
(Gent)
Out of Context – for Pina Sala principal domingo 19 e segunda 20 Dezembro 21h30
apresentação no âmbito da rede
co-financiada por
15€ / <30 anos 7,50€
“A dor é verdadeira quando se consegue que outros acreditem nela. Se ninguém além de ti acredita nela, a tua dor é loucura ou histerismo.” Naomi Wolf Em Out of Context, Alain Platel regressa ao essencial da dança, partindo da convicção de que o corpo humano é uma ferramenta emotiva, um detentor de memórias, uma matéria-prima para a arte.
de receptividade num sentido físico. O medo e a falta de à-vontade dos que vêem o corpo neste estado é, por vezes, grande. Mesmo assim, acredito que ao vê‑lo, estar próximo é uma experiência positiva. Permite-nos entender que este comportamento específico, tal como outras formas de comportamento estranho, extremo e provocador fazem parte da nossa humanidade. Alain Platel EN In Out of Context, Alain Platel returns to the essence of dance, starting out from the
Um dos temas que de forma mais proeminente tem sobressaído no meu trabalho em anos mais recentes é o do “corpo em estado de histeria”. Não me refiro à histeria como doença, mas antes como expressão da ultra-sensibilidade em relação à vida. Sempre que as palavras não conseguem exprimir as nossas mais íntimas emoções, o corpo toma conta. A dança deve ter tido esta função ao longo dos tempos: lutar para ser uma tradução física de sentimentos exacerbados. É interessante notar que a palavra coreografia deriva do grego chorea, um termo médico que se refere a uma desordem do sistema nervoso e cujos sintomas são súbitos, incontrolados e histéricos movimentos do corpo. Nos últimos anos tenho optado pela colaboração com bailarinos exímios na arte do movimento, porque eles conseguem transmitir este estranho estado
conviction that the human body is an emotive tool and a holder of memories. The piece investigates the body in a state of hysteria, not as pathology, but as a modus of ultrasensibility. It is a sometimes shocking, but mostly touching masterpiece about the extremes of the human condition. concepção e direcção Alain Platel interpretação e criação Matthieu Desseigne Ravel, Kaori Ito, Emile Josse, Mélanie Lomoff, Ross Mc Cormack, Romeu Runa, Elie Tass, Rosalba Torres Guerrero e Hyo Seung Ye produção les ballets C de la B co-produção Théâtre de la Ville, Le Grand Théâtre de Luxembourg, TorinoDanza, Sadler’s Wells, Stadsschouwburg Groningen, Tanzkongress 2009/Kulturstiftung des Bundes, Kaaitheater, Wiener Festwochen les ballets C de la B é Embaixador da Unesco-IHE, Institute for Water Education Jornal
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mm Oficinas A partir dos 3 anos
Visitas guiadas ao teatro Dentro de Cena pág. 35 3 aos 5 anos
Oficina expressão plástica e movimento Catarina Claro Habitantes do meu teatro pág. 35 A partir dos 6 anos
Oficina de dança Victor Hugo Pontes Vamos dançar? pág. 36 A partir dos 12 anos
Oficina de dança Clara Andermatt Vamos dançar? pág. 36
Conversas Super Disco pág. 37 Ciclo de debates Unipop Privado – Público – Comum págs. 38 e 39
Visitas guiadas ao teatro a partir dos 3 anos
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Dentro de Cena Entrada livre, mediante marcação prévia
3 aos 5 anos Atrás do palco, há luzes que espreitam, músicas para cantar, esconderijos para descobrir e camarins onde nos podemos transformar em personagens. Esta visita é uma primeira abordagem ao teatro, na qual se privilegia a descoberta sensorial dos seus espaços. 6 aos 12 anos Zonas invisíveis ao público em geral são desvendadas nesta visita através dos testemunhos de quem nelas trabalha. Da plateia ao palco, passando pelos camarins e zonas técnicas, damos a conhecer como funciona o teatro. A partir dos 13 anos Um percurso pelo palco, teia e outros espaços do teatro guiado pela História da instituição até aos dias de hoje. A construção do complexo arquitectónico, a escolha do nome e os vários géneros teatrais que definiram este teatro.
EN We open the doors of the theatre to show its hidden places and visit the magical world of the stage, the dressing rooms and the technical spaces, imagining how they come to life whenever there is a show on.
monitores Equipa TMM Rafaela Gonçalves, Rosa Ramos e Vasco Correia
Oficina expressão plástica e movimento 3 aos 5 anos
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Catarina Claro Habitantes do meu teatro Sala de ensaios quinta 2 a domingo 5 Dezembro semana 10h00 às 11h30 sábado 16h00 às 17h30 domingo 11h00 às 12h30 Preço 1,50€ | Duração 1h30 Como fico quando estou zangado? E quando estou com pressa? Como é o meu corpo quando durmo? A ideia de inventar uma personagem para representar é o ponto de partida para esta oficina, onde se explora o movimento através de jogos de improvisação e se cria com desenhos e pinturas um painel gigante onde todas as personagens possam habitar.
EN What is it like when I’m angry? And when I’m in a hurry? What is my body like when I sleep? We’ll invent characters to play and find movements for them. We’ll play improvisation games and create a gigantic board of drawings and paintings where all these characters are going to live. Catarina Claro nasceu no Porto em 1979. Licenciou-se em Artes Plásticas na FBAUP, estagiou no Serviço Educativo do Museu de Serralves e no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona. Mestrado em Arte-terapia e Desenvolvimento Humano no ISPA, Barcelona. Desde Março de 2007 é coordenadora do Espaço Azul. Jornal
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oficina de dança
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oficina de dança a partir dos 12 anos | Escolas do 3.º Ciclo
© Jorge Gonçalves
© Susana Neves
a partir dos 6 anos | Escolas do 1.º Ciclo
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Victor Hugo Pontes Clara Andermatt Vamos dançar? Vamos dançar? Sala de ensaios quinta 18 e sexta 19 Novembro 10h00 às 12h00
Sala de ensaios quinta 7 e sexta 8 Outubro 10h00 às 12h00
Preço 2€ | Duração 2h
Preço 2€ | Duração 2h
Em Vamos dançar?, a dança é protagonista de um espaço de experimentação e descoberta para crianças de várias idades. Com o criador Victor Hugo Pontes, as crianças do 1.º ciclo têm uma oportunidade para conhecer e explorar o percurso de um coreógrafo português. Questões como: de onde surgem as ideias? Como se constroem e ganham forma até serem apresentadas ao público? Serão o ponto de partida para esta oficina, onde a ideia será inverter papéis e dar a conhecer aos alunos o universo criativo de Victor Hugo Pontes.
Em Vamos dançar?, a dança é protagonista de um espaço de experimentação e descoberta. Uma oportunidade para conhecer e recriar as práticas e metodologias de criação de bailarinos e coreógrafos contemporâneos com percursos importantes no panorama português. A oficina começa com uma conversa, ilustrada por imagens e filmes da obra de Clara Andermatt, seguida de uma série de experiências práticas.
EN Shall we dance? is a series of workshops oriented by professional choreographers and dancers for children and youngsters of all ages. Victor Hugo Pontes develops a workshop for school classes of the 1st cycle around the basic questions of dance and creation: where do ideas come from? How are they constructed and how do they take shape until they are presented to the audience?
Victor Hugo Pontes nasceu em Guimarães, em 1978. É licenciado em Artes Plásticas – Pintura na FBAUP e fez formação em Dança e Teatro. Trabalha regularmente como actor, encenador e coreógrafo, tanto em Portugal como no estrangeiro. O espectáculo Vice-versa, apresentado no Teatro Maria Matos em 2010, foi o seu primeiro trabalho para crianças. 36
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EN Vamos dançar?, is a dance workshop, in which the participants are given the opportunity to discover and experience the creative processes of professional choreographers. After an initial talk, illustrated with images and film fragments of Clara Andermatt’s work, the participants are invited to partake in a series of practical exercises.
Clara Andermatt é diplomada pelo London Studio Centre e pela Royal Academy of Dancing. Foi bailarina da Companhia de Dança de Lisboa, sob a direcção de Rui Horta e da Companhia Metros de Ramón Oller, em Barcelona. Em 1991 funda a sua própria companhia (ACCCA), com a qual criou e produziu um vasto número de obras, regularmente apresentadas em Portugal e no estrangeiro.
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super disco
mmcafé
sábados 18h30 25 Setembro, 16 Outubro, 20 Novembro, 11 Dezembro Entrada Livre Sempre com um disco como ponto de partida, estas sessões revisitam o percurso de quem o escolheu. O objectivo final são as histórias pessoais que enriquecem o património colectivo de quem tem a música perto do seu centro de interesses na vida. O que se faz pela música, como se chegou lá, que importância tem. Propomos aos convidados que escolham discos que considerem importantes e que partilhem em público o que sabem sobre eles e o que sentem ao ouvilos. O filtro natural e a memória de cada convidado são indicadores culturais valiosos para unir pontos que têm pouco espaço nos canais habituais de comunicação e muito menos nos livros. Uma vez por mês, em formato de programa de rádio gravado ao vivo, Super Disco é a nossa contribuição para as entrelinhas da História popular recente da Música em Portugal, não exclusivamente na óptica da
criação mas sobretudo na da paixão que os convidados transmitem pela música que acompanhou e acompanha as suas vidas: Vítor Belanciano (jornalista), Pedro Gomes (promotor de concertos, músico), Rui de Castro (ex-músico e editor), Rui Miguel Abreu (jornalista), Joaquim Paulo (coleccionador, programador de rádio), DJ Ride (DJ, produtor), Jerry The Cat (músico, DJ), Zé Pedro Moura (músico, DJ), Manuela Paraíso (radialista, divulgadora), Sam The Kid (rapper, produtor) e Pedro Tenreiro (DJ, músico)escolheram os seguintes discos: Talking Heads Remain in light, Sonny Sharrock Black woman e Magic Sam West side soul, Rui de Castro O pirata (pirate rap attack), De La Soul 3 feet high and rising, John Heartsman and Circles Music of my heart, DJ Shadow Endtroducing, Pharoah Sanders Live at the east, The Clash Sandinista!, The Flying Lizards The Flying Lizards, Gang Starr Moment of truth e Sly & The Family Stone There’s a riot goin’ on.
EN At the Super Disco (Super Record) sessions, invited guests bring a record of their choosing and take us on a guided tour down memory lane. How did they get involved in music? What is their relationship to it? What place does it occupy in their lives? Their personal stories and memories enrich the collective heritage of those who hold music close to their heart.
Super Disco um programa da Flur e do Maria Matos Teatro Municipal com os apoios da Rádio Oxigénio e da MK2 Jornal
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Ciclo de debates
Privado Público Comum
sexta 8 Outubro a quarta 10 Novembro Entrada livre | Organização Maria Matos Teatro Municipal e Unipop www.u-ni-pop.blogspot.com
Há mais vida além do Estado e do mercado? Ao longo dos últimos anos, a oposição entre público e privado tem vindo a ocupar um lugar fundamental nos debates políticos e com a crise económico-financeira esta tendência acentuou-se de modo ainda mais nítido. Neste ciclo de debates, a Unipop propõe partir das contraposições entre Público e Privado e entre Estado e Mercado, discutindo-as em diferentes dimensões do quotidiano, da organização do trabalho à construção das cidades, passando pelos processos educativos, pelo espaço mediático e pelas políticas de saúde. Procuraremos analisar as transformações das últimas décadas, tanto à escala nacional como à escala global, e apontar novos caminhos, num debate que vai além da simples contraposição entre Público e Privado ou Estado e Mercado, contraposição cuja rigidez tende muitas vezes a confinar o combate aos processos de privatização à defesa do controlo estatal. Se por um lado queremos mapear claramente o que separa Privado e Público, por outro trata-se de questionar formas de poder transversais ao espaço público e à esfera privada.
EN In recent years, the opposition between the Public and the Private has come to occupy an important place in political debates, a trend accentuated by the economic and financial crisis. In this series of debates, we start from the contrasts between the Public and the Private and between the Government and the Market, discussing them in different dimensions of everyday life: the organisation of work (13 Oct), the construction of cities (20 Oct), media space (27 Oct), health policy (03 Nov) and educational processes (10 Nov). We will seek to analyse changes over recent decades, both nationally and globally, and pinpoint new paths in a debate that goes beyond simple opposition between the Public and the Private or the Government and the Market. If, on the one hand, we want to clearly map out what separates the Private and the Public, on the other we want to question forms of power that reach beyond these binary concepts. The initial discussion with Michael Hardt (11 Oct) immediately sets de mark, proposing an alternative category: the Commonwealth. 38
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mm Sala principal sexta 8 Outubro 18h00 às 21h00 O que é o comum?
mmcafé quarta 27 Outubro 18h30 Media, propriedade e liberdade
Com Michael Hardt e Unipop | Em inglês
Com Daniel Oliveira, Nuno Ramos de Almeida e Rui Pereira
Com a publicação de Império, em 2000, Michael Hardt e Toni Negri renovaram de modo significativo os termos do debate político à esquerda. O livro, entre muitos outros pontos de debate, procurou repensar a política além da alternativa entre o Capitalismo e o Socialismo, assumindo como tarefa a renovação de um imaginário radical igualmente crítico do Estado e do Mercado, retomando as tradições autónomas do movimento operário, assumindo-se como herdeiro de Maio de 68 e acompanhando os novos movimentos alterglobais. Em Multidão, primeiro, e, mais recentemente, em Commonwealth, Hardt e Negri continuaram a reflexão iniciada em 2000, nomeadamente em torno dos temas da propriedade, da produção e do rendimento, articulando alguns dos principais debates marxistas em torno da economia com os estudos foucauldianos acerca da Biopolítica e da governamentalidade. Sublinharam, em particular, a necessidade de construir uma política assente no Comum, entendido como condição essencial do Comunismo, tal como o Privado será condição do Capitalismo e o Público do Socialismo. Dez anos depois de Império, Michael Hardt discute em Lisboa, com a Unipop, alguns dos aspectos mais importantes do trabalho político da dupla Hardt e Negri.
De que falamos quando falamos de liberdade de expressão? Nos últimos anos, os grandes meios de comunicação social fazem alarde da liberdade de expressão contra alegadas interferências do Estado, mas poderemos falar de liberdade de expressão no quadro de uma economia dos media em que a concentração impera? Neste contexto, importa atender a novas formas de comunicação que, à margem do controlo directo do Estado e dos grandes grupos privados, têm vindo a tecer redes muito vastas em que a fronteira entre emissor e receptor parece fragilizar-se. É o caso de uma série de meios suportados pela internet, que, aliados aos novos desenvolvimentos tecnológicos, permitem colocar em cima da mesa novas possibilidades de estender o direito de emissão televisiva ou radiofónica além das empresas públicas e das empresas privadas de comunicação.
mmcafé quarta 13 Outubro 18h30 Economia, comunismo e pirataria Com João Rodrigues e Miguel Serras Pereira Nos últimos anos tem sido frequentemente debatido o maior peso do Estado ou do mercado na vida económica. Ao culto da livre iniciativa empresarial contrapõese a necessidade de maior regulação estatal, num debate a que não são de todo indiferentes as transformações ideológicas do Liberalismo e do Socialismo no século XX e as dinâmicas de globalização nas últimas décadas. Ao mesmo tempo, a partir de experiências como as que caracterizaram a crise argentina de início deste século, retomaram a sua actualidade debates acerca do próprio modo de organização do poder no seio da empresa, reavivando-se tradições conselhistas ou de auto-gestão, assim como colocando na ordem do dia novas práticas comunais, de que se encontra exemplo em relação à questão dos direitos de autor e de propriedade intelectual. João Rodrigues é economista do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e Miguel Serras Pereira é tradutor.
mmcafé quarta 20 Outubro 18h30 Cidades, centros comerciais e praças públicas Com Miguel Silva Graça, Manuel Graça Dias e João Pedro Nunes
Daniel Oliveira, Nuno Ramos de Almeida e Rui Pereira são jornalistas.
mmcafé quarta 3 Novembro 18h30 Medicina, ciência e saberes Com António Fernandes Cascais e Isabel do Carmo Em tempo de guerra ou em tempo de paz, o sistema estatal de saúde constitui um dos elos mais importantes da relação entre os estados e as populações e durante a segunda metade do século XX os sistemas estatais de saúde têm sido considerados, na Europa mas não só, como uma das áreas primordiais de intervenção estatal, entre outras coisas visando impedir que as desigualdades económicas entre pessoas e classes se reflictam de modo ainda mais marcante no direito universal à saúde. Durante o mesmo período, contudo, as relações entre médico e doente têm vindo a ser cada vez mais objecto de debate, no quadro do questionamento das lógicas de poder subjacentes ao conhecimento científico, daqui resultando importantes discussões acerca da importância do “atendimento” em meio hospitalar (questão particularmente valorizada por agentes privados do sector da saúde), por um lado, e, por outro, e da necessidade dos sistemas públicos integrarem saberes e conhecimentos heterodoxos face às correntes dominantes na medicina (questão com implicações a nível nacional mas também no quadro dos debates em torno das valências de diferentes práticas culturais). António Fernandes Cascais é professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e Isabel do Carmo é médica no Hospital de Santa Maria.
mmcafé quarta 10 Novembro 18h30 Escola, ordem e emancipação Com António Avelãs e Jorge Ramos do Ó
A cidade tem sido palco de conflito entre interesses privados e públicos, conflito em que a questão imobiliária e os debates em torno do planeamento, colocando em causa a sacralidade do direito à propriedade privada, têm assumido particular destaque. Entretanto, a fronteira entre público e privado nem sempre resulta clara, seja porque a questão da privacidade tem sido colocada no âmbito do próprio espaço público (vejam-se os debates em torno da videovigilância), seja porque existem determinados espaços privados, como os centros comerciais, que parecem assumir funções de encontro e reunião que antes eram apanágio da rua ou da praça. Ao mesmo tempo, os problemas específicos da habitação, dos chamados bairros de lata aos novos bairros sociais, passando pelos condomínios fechados, pelos processos de gentrificação ou pelos movimentos de ocupação de casas, têm colocado as fronteiras entre públic e privado em transformação, nuns casos, consolidando-as, noutros, atenuando-as.
A disputa pelo método de educar atravessa a História e é motivo de concórdia e discórdia entre professores, ministros, pais, psicólogos, alunos. Entre o ensino público e o ensino privado, o primeiro financiado pelo Estado e o segundo suportado pelas famílias, têm-se travado muitos destes debates, que se cruzam com outros tantos, à volta do ideal iluminista da educação como emancipação, e do seu potencial para corrigir as desigualdades ou, pelo contrário, para as reproduzir. Entretanto, a disputa pelo método de educar coloca igualmente em campo professores e alunos. As relações de poder que entre eles se estabelecem, das reiteradas críticas à falta de autoridade dos docentes à tentativa de levar a cabo experiências pedagógicas emancipatórias da condição estudantil, têm suscitado um debate pouco informado, mas nem por isso menos acirrado, e que constitui o ponto de partida para esta conversa.
Miguel Silva Graça é arquitecto e doutorando na Universidade de Valladolid, Manuel Graça Dias é arquitecto e professor de Arquitectura na Universidade do Porto e João Pedro Nunes é sociólogo e investigador do CIES-ISCTE.
António Avelãs é professor e presidente do Sindicato de Professores da Grande Lisboa e Jorge Ramos do Ó é historiador e professor do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. Jornal
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O mundo m de Ana Borr & Jo達o Gala
maravilhoso ralho ante Retrato de Ana Borralho e João Galante por Rui Catalão Reconhecer em João Galante e Ana Borralho não tanto uma dupla de artistas mas um casal é central para a compreensão do seu trabalho. A dupla pressupõe, ou pelo menos admite, a conjugação de duas forças, enquanto neste casal essa conjugação torna-se numa só. Não é impunemente que em todos os seus trabalhos em conjunto eles nunca estejam frente a frente. O frente-a-frente, em Galante-Borralho, é o de um casal com o seu público. Mesmo em No Body Never Mind 001, em que o público os rodeava num círculo, Galante estava virado para uma metade do público, e Borralho para a outra. Tal como nos retratos de família, eles não se olham – eles olham-nos. Essa é uma das razões para que o feminino e o masculino, no seu trabalho, seja simultaneamente revelado e invertido. Eles não operam na dicotomia, mas no símbolo unificado. Também não se trata de um jogo de máscaras de quem-é-quem. O trabalho de Galante-Borralho não é dois-em-um, mas uma unidade separada em dois corpos. A identificação de um implica a iconografia contida no outro. Sem cara, não há coroa. (publicado in Programa do Lab 11/REAL)
Notas soltas sobre World of Interiors por Rui Catalão um corpo está deitado, desarmado, desarmante, de olhos fechados, sibilante, dizendo um texto que não lhe pertence, numa voz que mais parece transmitir do que dizer (qual corpo-transmissor, corpo-radiofónico)… deitamo-nos junto ao corpo, e entramos na intimidade – entramos? Não, não entramos. O que nós acedemos é à proximidade, a essa proximidade que só temos junto dos parceiros amorosos, quando ele/ela já dorme e nos deitamos a seu lado… e deitamo-nos no chão, junto de um, dois, três, quatro, de tantos mais corpos deitados numa sala acolhedora… o cenário (ou a paisagem?) é feito de corpos deitados (entre os quais o nosso) e torna o espaço da sala (as paredes, o tecto) subitamente imenso, tão grandioso como o céu, para onde estes corpos parecem apontar… e estas vozes-transmissoras, sibilantes, dir-se-ia orarem e então acontece que as vozes se erguem, e fazem um coro (um coro é um corpo feito com várias vozes), e depois voltam a descer; de ouvidos apurados, notamos que as vozes, outra vez sibilantes, partilham as mesmas palavras por mais algum tempo, mas depois voltam a separar-se, cada voz isolada no seu texto… estes corpos inertes, vestidos, alguns calçados, estão à nossa mercê, perpetuam um texto que não lhes pertence, um texto que porventura ignoram, cujo sentido provavelmente lhes escapa, e esse texto é tudo o que sabemos deles. É? Não, não é… sabemos tanto destes corpos como sabemos de nós. Ou melhor, sabemos mais destes corpos do que sabemos de nós: sabemos, por exemplo, que estes corpos não nos pertencem e também sabemos, pelo menos por enquanto, que estes corpos não pertencem a quem habitualmente os usa… estes corpos, são corpos de empréstimo! E o nosso, o que é?
World of Interiors fez-me sentir quase tão perverso quanto os velhos clientes que tinham acesso à “casa das belas adormecidas”. E no entanto é uma experiência pudica, casta, mais discreta do que olhar para um transeunte de passagem na rua… trata-se de uma experiência eticamente higiénica, como de resto o é cada uma das peças do casal Galante-Borralho. Eles dão-nos a ver a iconografia da intimidade sem nunca tocarem na intimidade e com isso dão-nos uma lição preciosa: os corpos não são nossos, não nos pertencem, foram-nos emprestados, para com ele engendrarmos uma vida e acedermos ao(s) outro(s). O outro, obviamente, somos nós, em outros corpos, e nós queremos espreitar para dentro desses outros corpos, todos os corpos onde ainda não tivemos licença de entrar… os Galante-Borralho são o nosso salvo-conduto: eles deixam-nos entrar: as suas peças, os corpos das suas peças, são corpos de empréstimo. Mas, por mais sedutora que possa soar, a experiência implica nada saber: nem do que se passa dentro dos corpos de empréstimos, nem do que se passa fora do nosso corpo: sim, podemos aproximar-nos dos corpos, podemos mesmo arriscar tocar-lhes (à semelhança do que fazemos a uma escultura numa sala de museu guardada por um segurança sisudo), mas nunca saberemos do mistério de quem os usa… já trabalhei com o casal Borralho-Galante, e já fui vezes suficientes espectador dos seus trabalhos para saber que o “espectador” é uma impossibilidade nos seus trabalhos: no mínimo existe uma visita; o ”espectador”, ou pseudoespectador, está condenado, querendo ou não, a tornar-se participante…
mas dizia eu: já trabalhei com o casal GalanteBorralho, e já estive em algumas das suas peças e o que é mais maravilhoso é a experiência neles ser tudo – tudo. Foi essa a minha maior (e mais difícil, diga-se de passagem) descoberta: a experiência é o conhecimento. Word of Interiors é uma experiência delicada, mas contém um fundo aterrador: sugere a possibilidade da transmissão da palavra ser uma experiência próxima da inexistência: o que nos pertence tem de estar necessariamente para lá dos corpos (que usamos) e das palavras (que dizemos), ou nada nos pertence – somos tão substituíveis como uma peça de mobiliário… aquilo que não somos é tão facilmente manuseável, nós, aqueles que acedemos ao mundo de interiores.
A Comunidade Imperceptível por Fernando Ribeiro Própria de uma conjuntura social empenhada no progresso técnico-científico como ponto de fuga civilizacional, a privacidade enquanto culto maciço é indissociável da Revolução Industrial e da consequente explosão demográfica, que doravante surge em cidades cujas escalas desmesuradas proliferam hoje por todo o globo. Adquirindo o estatuto de modelos da estrutura sociopolítica, os dispositivos mecânicos destituídos de uma totalidade que transcenda a soma das partes, incrementam o isolamento da experiência individual, através da divisão do trabalho pela especialização, ou dos media que isolam os acontecimentos. Consoante o sentido de comunidade se vai fragmentando até ficar inócuo, a privatização das vidas humanas torna-se a única estratégia possível de sobrevivência, ainda que esta versão do processo esteja já contemplada na composição da esfera pública. Em suma, a premência de privacidade aliena os sujeitos de um domínio dito público, que apenas perdura graças ao fetichismo da mercadoria, característico de quem desconhece - e teima em desconhecer - a origem e totalidade do seu impulso desejante; que é o mesmo que dizer, encontra-se alienado, igualmente, de si mesmo. 44
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As performances realizadas por Ana Borralho & João Galante ao longo dos últimos anos denotam noções paradoxais relativamente aos termos “público” e “privado”. Se o frequente enfoque na inter-relação estreita e imediata entre os performers e os espectadores, assim como do questionamento dos estatutos que lhes são tacitamente atribuídos, fomenta o seu isolamento, trata-se de uma dimensão que assume uma brevidade extrema: ainda que as acções desenvolvidas entre os performers e o público assumam um carácter privado, esta hipótese é sabotada pela dimensão voyeurística que o restante público é levado a incorporar, enquanto observa os jogos que se vão desenrolando no espaço cénico. Deste modo, inclusive os campos encarados como os mais privados (é o caso do corpo, do desejo, do Verbo e, até, da pose fotográfica), são gradual ou repentinamente absorvidos por uma sobreexposição que os instala no domínio estritamente público. Daí a insistência em convocar os espectadores como parte integrante das peças já que, por inerência, o seu carácter público é conferido pelo próprio público; incitado a comparecer numa esfera em que a fronteira entre o privado e o público é quase imperceptível. Enquanto a velocidade contemporânea retira a possibilidade de uma observação atempada das acções e reacções dos outros (sendo pela sua imitação que, segundo Walter Benjamin, são estabelecidas
as relações afectivas), Ana Borralho & João Galante dedicam-se à génese das afeições, pelo que as suas peças comportam uma indolência que pode atingir o carácter de Untitled, Still Life e que perpassa para os receptores, sendo a partir deste estado comum de contemplação mútua que o sentido de comunidade pode começar a despontar. A desmultiplicação dos performers patente nas peças implica uma diluição da sua aura e a subsequente formação do sentido de comunidade, a ser transferido para um público que, enquanto massa anónima, adquire então visibilidade e, por acréscimo, é conferido a cada sujeito uma identidade baseada na dialéctica do ver e ser visto - remetendo para a teoria freudiana de que nunca se sente pela primeira vez, pois todas as afeições experienciadas no presente são transferências, repetidas incessantemente, do que já foi vivido por outrem. O projecto de Ana Borralho & João Galante implica um isolamento do espaço cénico e a sua subsequente atmosferização: tanto os monólogos nos leitores de mp3 de World of Interiors como as músicas sensuais nos headphones em sexyMF e Mistermissmissmister, ou a(s) música(s) de fundo em Untitled, Still Life conferem ao som a capacidade de fornecer unidade aos eventos decorridos no (não-)lugar do espaço performativo. A miríade de apelos e reflexos tornam-se assim comuns e, subsequentemente, privatizam-nos em prol de uma comunidade formada a cada instante.
Mas é devido ao seu carácter efémero que a mesma privacidade pode - e deve - ser desmantelada; salvaguardando a consciência da sua iminente publicitação, quer para lá das fronteiras da zona comunitária, quer no próprio espaço performativo, através dos impulsos voyeurísticos e/ou narcísicos. Em World of Interiors, como o próprio título indica, o enfoque assenta num campo privado, sendo através do Verbo que o(s) sujeito(s) em estado comatoso adquirem a sua verticalidade interior e a sua (auto-) presença, passando a linguagem a adquirir contornos rigorosamente privados. Ainda assim, trata-se de uma presença veiculada por dispositivos protésicos, de leitores de mp3, pelo que o privado é sempre mediado pela esfera pública da hi-tech. Por outro lado, em sexyMF e em Mistermissmissmister a dimensão íntima do corpo é obstruída pela mudança da identidade sexual dos performers: se o desejo é instigado a comparecer até não se distinguir da carne, a sua singularidade é suplantada por uma persona cuja máscara impõe uma distância implacável entre performers e público. Tal como na fotografia e no filme, a persona adquire a neutralidade de um ecrã onde são projectadas as imagens fabricadas pelos espectadores-voyeurs, sendo assim que os rostos são privatizados, mas, ao isolar as partes do corpo e do conjunto da performance, confere-lhes uma sobreexposição que as remete para uma exterioridade propriamente pública. Em Untitled, Still Life a plateia vai gradualmente dissolvendo‑se até o público se imiscuir no campo Outro do palco para, aí, comparecer numa sessão fotográfica.
A sobreexposição dos espectadores no palco é, assim e em simultâneo, contrabalançada pela integração numa (micro-)comunidade que se sustém apenas enquanto Untitled, Still Life, ou seja, enquanto pose - fotográfica - que cria uma perenidade meramente utópica. Através da pose é assegurado o cariz privado de uma comunhão que se estende pela eternidade; veiculada apenas por uma memória protésica, sem ancoragem na experiência individual, mas cujas reverberações alimentam as imagens próprias dos participantes. A performance institui-se então como uma alternância constante entre a ruptura interior e a sua dissolução: se comparecem no mesmo corpo duas identidades sexuais (sexyMF e Mistermissmissmister), ou a inércia e a voz são simultâneas (World of Interiors), do mesmo modo que a integração do público só coincide com o contacto afectivo em breves momentos, tratam‑se de estados impossíveis, que tanto podem revelar uma condição traumática como podem denotar a premência de uma condição utópica. Os performers espoletam e colocam no palco o que é tido como a esfera privada de cada sujeito, mas acabam, em simultâneo, por desacreditá-la ao considerar a sua existência apenas passível de concretização graças a uma estrutura cénica que, inevitavelmente, comporta o recurso a dispositivos tecnológicos e a comportamentos reflectores de uma esfera pública imersa nos mecanismos da Biopolítica. Contudo, tratam-se de peças que não excluem a possibilidade de, exactamente no cerne dessas condições
sociopolíticas, poder eclodir uma singularidade imperceptível; possível apenas no instante mesmo do contacto íntimo entre performers e público. Assim que o contacto se desfaz, têm lugar todo o tipo de projecções e contra-projecções, responsáveis pelo egocentrismo dos espectadores e da sua entrega ao arquivo de identificações, isto é, desviando a peça para a sua dimensão pública: obstruindo a ligação afectiva com os performers, o público recua e, ao instaurar uma distância indelével, desconstrói a encenação até a reduzir a uma mera soma de aparatos prótesicos. Aquando da entrega à empatia por objectos - tanto materiais como humanos - que nos devolvam uma mais valia narcísica e, como o seu limite coincide com a imobilidade do ícone, os performers devem atingir o estatuto objectual de um espelho que reflicta as emoções registadas no arquivo psico-fisiológico do público. Ostentando a configuração fantasmática de objectos pertencentes a um passado remoto, os performers aguardam pela sua transfiguração, levada a cabo por espectadores que, num lapso de tempo, se permitam aceder a uma proximidade - seja visual, física ou verbal - sempre excessiva, porque irrompe para uma transparência anunciadora da condição inumana do Real.
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Teatro Maria Matos Bilheteira todos os dias das 15h00 às 20h00 em dias de espectáculo, até 30 minutos depois do início do mesmo 218 438 801 bilheteira.teatromariamatos@egeac.pt Outros locais de venda Fnac | ticketline 707 234 234 | www.ticketline.pt
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Co-produções TMM em digressão Setembro-Dezembro 2010 Teatro Praga Hamlet sou eu estreia: Outubro 2008 Viseu, Teatro Viriato 17, 18 e 19 Novembro 2010 Alcochete, Fórum Cultural de Alcochete, 5 Dezembro 2010 Leiria, Teatro José Lúcio da Silva, 12 Dezembro 2010 Santiago do Cacém, Biblioteca Municipal Santo André, 30 Setembro 2010
Aldara Bizarro A Casa estreia: Junho 2010 Sobral de Monte Agraço, Cine-Teatro, 25 Setembro 2010 Caldas da Rainha, Centro Cultural e Congressos, 3 Outubro 2010 Sesimbra, Cineteatro Municipal João Mota, 10 Outubro 2010 Cartaxo, Centro Cultural do Cartaxo, 12 Novembro 2010
Patrícia Portela A Colecção Privada de Acácio Nobre estreia: Setembro 2010 Guarda, Teatro Municipal da Guarda, 24 Setembro 2010 Viseu, Teatro Viriato, 1 e 2 Outubro 2010 Torres Novas, Teatro Virgínia, 4 Dezembro 2010
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Nuno Cardoso/Ao Cabo Teatro A Gaivota de Anton Tchekov estreia: Outubro 2010 Porto, Teatro Nacional São João, 15 Setembro a 3 Outubro 2010 (estreia) Guimarães, Centro Cultural Vila Flor, 16 Outubro 2010 Guarda, Teatro Municipal da Guarda, 22 Outubro 2010 Aveiro, Teatro Aveirense, 6 Novembro 2010
mala voadora & Third Angel What I Heard About The World estreia: Novembro 2010 Manchester, Universidade de Manchester, conferência Art and everyday mapping da Society of Cartographers, 9 Setembro 2010 Viseu, Teatro Viriato, 3 e 4 Dezembro 2010 Guarda,Teatro Municipal da Guarda, 10 e 11 Dezembro 2010
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