19 junho a 4 julho 2!18 TEATRO, DEBATE E PENSAMENTO, MASTERCLASS
O tema das migrações encerra a temporada 2!18-2!19 do Maria Matos Teatro Municipal. Neste caderno de textos, propomos que se prolongue o tempo de debate e de reflexão abertas pelas peças performativas e pelos debates deste programa. O texto de Claire Rodier, Fechar as fronteiras para esconjurar o medo: a resposta da Europa à “crise migratória” de 2!15 instiga-nos a pensar sobre a reação ao fluxo migratório que nos últimos anos se tem dirigido para a Europa, passando pelas resistências ao acolhimento e fecho de fronteiras, à distinção feita entre refugiados e migrantes económicos e pelas relações que a Europa estabeleceu com países terceiros na gestão da sua política migratória. Em Linguagem e deslocamentos: os efeitos das narrativas sobre mobilidades entre África e Europa, Iolanda Évora reflete sobre o modo como o uso que fazemos das palavras, e do imaginário que estas veiculam, interfere na integração e na possibilidade de participação social dos migrantes. Mehdi Alioua, em Viver nas fronteiras europeias: os migrantes subsarianos na África mediterrânica, dá-nos uma perspetiva do espaço Schengen quando visto do lado de fora, introduzindo-nos também ao continente africano como um espaço de grandes mobilidades internas. Estes são tópicos retomados na entrevista que Cristina Peres realiza ao encenador sul-africano Brett Bailey, a propósito do que o motivou na criação de Sanctuary, uma performance-instalação que trabalha com a experiência de migrantes refugiados que procuraram acolhimento na Europa. Já Gonçalo M. Tavares, tendo como mote o testemunho de uma mulher portuguesa emigrada em Great Yarmouth (Inglaterra), a vila que Marco Martins tomou como terreno de ancoragem e de criação para a sua peça, traz-nos a imagem de uma Europa cujos processos de controlo não se exercem somente nas suas fronteiras, mas se encontram também internalizados.
Migrações