O PROJETO A partir da leitura do livro “7x7 Contos Crus”, nasce um projeto interdisciplinar. Contos Crus aborda uma temática social, de difícil digestão em que realidade e ficção caminham juntas. Os alunos do 8º Ano fizeram um estudo do meio “City tour em Sorocaba”, atividade da disciplina de História e Geografia para ampliar o olhar em relação ao contexto histórico e o meio em que vivem. Fotografaram os locais visitados para, mais tarde, produzirem um conto. Mas a escrita dos Contos Crus, assim como em 7x7, deveria ter um olhar crítico em relação as agruras sociais. O texto literário tem a função de apresentar ao leitor, através do belo, toda a realidade que o cerca. Mostrando que apesar de muitas contrariedades e dificuldades, a esperança deve existir sempre. Assim, Contos Crus é um convite à boa leitura, escrito por mãos que estão descobrindo a arte de escrever.
Boa leitura! Professora Samira Cristina Figueiredo Dufner
SUMÁRIO Ajudando uma estranha
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A rosa da guerra
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06
A rosa do jardim
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07
As rosas de Hiroshima
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09
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11
A última flor do jardim .........................................................................
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A verdadeira razão
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18
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20
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As flores confidentes
Dinheiro e morte Escravos do relógio
Esperança das flores
Favela não precisamos ter medo Liberdade
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Mosteiro de São Bento
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Nada é mais como antes O Cachorro
O castelo mal-assombrado O homem do cavalo
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O homem e o mestiço O lenhador de pesadelos
O menino que via o mundo de cima
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O que salvou a guerra O Soldado
Somente eu, sozinho Tarde demais
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Uma nova revolução francesa
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Um a menos não faz diferença! V e eu pensando no futuro Visita familiar
Ajudando uma estranha
O dia estava estranho para Lauren, uma jovem de 19 anos, de olhos verdes e cabelos pretos. A mesma havia se mudado há alguns dias para a famosa cidade de Miami e, como sua faculdade começaria somente em uma semana, ela resolveu conhecer a cidade. Mas quando estava andando na frente de uma escola, notou uma movimentação estranha, ficou observando por mais ou menos cinco minutos e quando resolveu ir embora, notou uma garota latina de mais ou menos dezoito anos no chão chorando enquanto alunos riam dela, Lauren notou que a garota tinha alguns machucados como se alguém tivesse batido nela. A mais velha não aguentou ver aquela cena e logo estava na frente da menina, ajudando-a a levantar-se e levou a garota à praça. A morena havia passado no caminho para que a latina se sentisse melhor, conversaram um pouco no caminho. Camila, como a mesma tinha se apresentado, estava com medo, mas uma sensação relaxante tomou conta de seu corpo assim que chegaram ao local. Camila estava confusa, sem saber o porquê de a morena tê-la levado à praça, mas não tanto quanto Lauren que estava sem saber o porquê de levar uma estranha a uma praça e ficar confortável. Conforme o dia foi passando, as duas já sabiam muitas coisas uma sobre a outra. Elas tinham muito em comum como, por exemplo, seus gostos musicais, suas séries favoritas etc. Lauren e Camila tinham desenvolvido uma amizade muito importante desde que se conheceram, essa amizade não era parecida com nenhuma que já tiveram durante as suas vidas, principalmente a de Camila que desde que se assumiu lésbica tinha perdido todos seus amigos e tinha começado a sofrer bullying. As duas iriam se encontrar no parque central da cidade, que para Lauren era um lugar perfeito para passar o dia antes de fazer o que estava planejando. As duas se encontraram no local combinado às duas da tarde. Logo que se viram, a latina gritou: — Lolo!!! — Camz!!! - gritou a mais velha enquanto ria pelo grito da mais nova. — Senti sua falta - choramingou Camila manhosa, enquanto entrelaçava suas mãos. A de olhos verdes levantou a sobrancelha e falou: — Mas nós nos vimos ontem!!! — Chata. - murmurou a latina.
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As duas foram andando pelo parque conversando, as duas estavam somente curtindo a companhia uma da outra. Quem olhasse diria que eram namoradas. Passaram o dia no parque e quando estava escurecendo, Lauren falou que iria levar a garota em um local especial. Demoraram mais ou menos meia hora para chegarem no local, mas conversaram o caminho inteiro. Quando chegaram, a morena abriu a porta para a outra e depois pegou em sua mão e foi levando Camila para um lugar onde havia uma toalha com uma cesta de piquenique. Camila se surpreendeu quando notou onde estavam e ainda mais quando notou o que estava na grama, olhou para a mais velha que a olhava sorrindo, sorriu de volta. Andaram até onde estava a cesta e se sentaram, tiveram uma longa conversa sobre coisas variadas de desenhos animados até carros, só aproveitando o momento. Quando faltava um minuto para dar meia noite, Lauren se levantou e caminhou com a latina até um banco que foi onde sentaram quando se conheceram e a mesma falou: — Camz, hoje faz exatamente um ano que nos conhecemos e cada dia que passa eu me apaixono mais por você, sim isso mesmo, eu estou apaixonada por você, você é apaixonante e perfeita e eu gostaria de poder ficar com você sem ser somente como uma amiga. Então, Camila você aceita ser minha namorada? Camila disse sim e pulou no colo da morena. Depois de um tempo a mais velha levou a outra para casa, deu-lhe um beijo e saiu pensando como era sortuda por ter Camila como sua namorada.
Isabella Peres Felizzola
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A rosa da guerra
Há muitos anos estava ocorrendo uma guerra em Beirute, o cenário era composto de escombros, a cor dos dias sempre cinza e o coração das pessoas em pânico, pois a qualquer minuto poderiam ser atacados. Nas escolas, 7X7 Contos Crus também era ensinado. Mas os pais não sabiam se veriam seus filhos, assim como os filhos não sabiam se encontrariam seus pais. Certa vez, em uma escola o recreio foi antecipado e a professora para acalmar os alunos, pediu que eles desenhassem na lousa o que ouviram e viram sobre aquele dia do F16. Quase todos, em um silêncio medroso, desenharam algo relacionado às explosões, as únicas que fizeram diferentes foram a Fairuz e a Lívia. Li, uma menina muito sensível, que desenhou uma rosa vermelha com espinho. A professora, bastante introspectiva, indagou Lívia: — Nossa, Lívia, que bonito! Mas por qual razão você desenhou essa rosa? — Professora, eu desenhei essa rosa porque o vermelho simboliza nosso coração, o amor e a esperança. Já os espinhos, representam as dificuldades em nossa vida. As pétalas significam o perfume e a beleza necessários para colorir o nosso viver. Esse é o nosso ciclo da vida, Professora. Logo depois, a professora se lembrou do poema “A rosa de Hiroxima”, de Vinícius de Moraes e ficou pensando sobre a rosa sem cor, sem perfume, sem rosa, sem nada:
“[...] A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose [...]”
Ao entardecer, aconteceu uma grande explosão já anunciada pela sirene no início do dia. Em meio aos escombros cinzas, havia uma rosa vermelha quase que uma antirrosa atômica. embaixo completamente vermelha e ainda com espinhos.
Um tempo depois acharam uma menina dessa rosa, mas a rosa estava
Pietra Montoro Amary
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A Rosa do Jardim Nunca damos valor às coisas, até elas serem perdidas. Se olharmos um país em guerra, por exemplo, vemos o quanto essas pessoas sofrem a cada dia. Pode não ser por mal, mas o primeiro pensamento que temos é “ainda bem que não é comigo”. A Rosa do Jardim conta a história de uma menina, que vivia em um país em guerra, seu povo sofria mais a cada dia, mas ao contrário dos outros, essa menina não pensava que tinha mais chances de morrer ou de se ferir. Todos diziam que ela era muito tranquila, apesar do que estava acontecendo, a resposta dela era sempre a mesma ''A vida é tão curta para somente sofrer''. O nome dessa menina era Madne Shaiata, ela vivia em Vanuatu e sua casa ficava perto de um jardim bem florido, porém com tantas flores, a menina só tinha olhos para uma rosa. Madne não sabia por que a rosa chamava tanto a atenção dela, mas ela não tinha interesse por flores, principalmente rosas. A família de Madne era muito diferente dela, desde que anunciaram o começo da guerra, seus pais ficaram desesperados, muito mais protetores e cuidadosos. Seu pai se chamava Johnny Shaiata e sua mãe Cartine, ela possuía um irmão, porém ele estava lutando na guerra. A cada dia, o desespero em sua cidade era maior, as famílias mais preocupadas, a falta de comida e água era maior ainda. Todos esperavam uma só coisa: que a guerra acabasse. Madne todos os dias voltava a pé de sua escola para casa e foi o que ela fez naquele dia, porém quando chegou a casa encontrou seus pais sentados à mesa de jantar, mas o que papai fazia ali tão cedo? Questionou ela. A menina foi se aproximando da mesa, até que percebeu que seu pai segurava uma carta e sua mãe, agarrada em seus braços aos prantos. Foram questões de segundos até a garota perceber o que havia ocorrido: seu irmão estava morto. Ela sempre foi do tipo que nunca chorava por nada, nunca demonstrava fraqueza, mas aquilo era uma coisa horrível, seu irmão havia morrido lutando pelo 7
país. O país onde seus pais, amigos e outras pessoas viviam, aquilo demonstrava uma grande bravura para Madne. A garota não queria permanecer ali assistindo sua mãe sofrer, então ela foi até o jardim, encostou em uma árvore e chorou baixinho, para que ninguém escutasse. Depois de um tempo, ela foi até a rosa, que ainda permanecia ali, porém algo estava errado, a rosa estava murcha. A jovem não entendia o fato de que pela manhã a rosa estava tão viva e agora ela estava praticamente morta. Na manhã seguinte, tudo aparentava estar mais calmo. Madne fez seu caminho até a escola, como sempre e passou pelo jardim, onde a rosa aparentava estar um pouco melhor. Era para ser um dia normal de escola, é claro que um dia normal em um país em guerra, é bem difícil, pois existe a chances de bombas explodirem. Porém, algo naquele dia algo não estava correto, as bombas eram frequentes, ocorriam de hora em hora, era um ataque que parecia planejado. Quando tudo parecia ter acalmado, Madne resolveu voltar para casa. No caminho, quase perto do jardim, a garota escutou um barulho, parecia estar chegando mais perto e mais perto, ela não podia crer no que estava ocorrendo, mais um míssil estava chegando em sua cidade. Ela correu e correu, mas foi em vão. No meio de destroços e poeira estava a jovem e ao seu lado estava a rosa, caída e morta. Madne Shaiata pode não ter tido a melhor vida de uma adolescente de 16 anos, mas ela fez o que muitos têm medo de fazer, ela aproveitou a vida. Maria Paula Mendes Prado
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As rosas de Hiroshima
Era uma manhã em Hiroshima, Gina pensava que seria um dia comum como todos os outros, todos pensavam que seria, mas estavam enganados. Gina foi a pé para escola, pois morava perto. Chegando lá, Matheus a esperava na entrada segurando uma rosa vermelha, ela se aproximou dele e exclamou: — Oi, Gina! É para você. — Oi, Matheus! Obrigado – agradeceu e toda sem graça.
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Matheus perguntou se ela queria entrar, ela fez que sim com a cabeça e eles entraram. Passando pelos corredores eles ouviram os alunos mais velhos falando sobre a guerra, se questionando se chegaria lá. Todos na cidade só falavam sobre a guerra. Os dois chegaram à sala e Gina foi conversar com as amigas e contou sobre a rosa que ganhou do Matheus pela manhã. Todas ficaram contentes pela amiga, mas logo já voltaram a ficar com medo. A professora chegou à sala e mandou todos se sentarem, logo que todos estavam sentados ela começou a dar sua aula. Não tinha passado nem 20 minutos e tocou o alarme de bomba, todos saíram e foram ao porão da escola, Gina ainda segurava à rosa que ganhou pela manhã. Depois de um tempo, os alarmes pararam e todos voltaram para suas salas, chegando lá a professora percebeu e falou: — Façam uma roda aqui na frente que eu vou ler uma história para vocês relaxarem um pouco, podem dormir se quiserem. Os alunos empurraram as cadeiras para o canto e sentaram na roda, alguns deitavam no colo dos amigos, outros se apoiaram no casaco. Não demorou muito para as pessoas começarem a dormir. Matheus percebeu que Gina estava desconfortável e com medo, ele também estava e sussurrou: — Gina, você está com medo? — Na verdade estou com um pouquinho, mas também quem não está? Ele concordou com a cabeça, afirmando que todos estavam com medo e ofereceu para ela deitar no seu colo, ela deitou e relaxou. Gina ainda segurava sua rosa vermelha que tinha ganhado de Matheus naquela manhã e acabou adormecendo no colo dele. Ele também adormeceu e, logo, todos em Hiroshima adormeceram. Mas não foi um sono normal, foi um sono profundo, tão profundo que ninguém em Hiroshima acordou novamente... E isso foi a Rosa de Hiroshima, de agosto de 1945. Descansem em paz!
Júlia Cardozo Silveira
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As flores confidentes
Elisa chegou às duas horas, como fazia todo dia, com o mesmo regador de margaridas amarelas brilhantes e fundo azul, a água transbordava do regador e a cada passo que ela dava algumas gotas caiam no chão. Sentou-se no mesmo banco, que já havia ficado com marcas no lugar onde ela sentara, a brisa da tarde bateu e seus cabelos brancos esvoaçaram ao vento e mais água do regador de margaridas caiu no chão. Como sempre, começou a regar as lindas flores rosas que tanto amava. Elisa já havia conversado com a direção do parque para que contratassem alguém para regar as plantas, pois elas prefeririam uma pessoa do que uma máquina as regando. Como sempre ela fora ignorada e acabara por ela mesma regar as plantas do parque. — Esses dias ando pensando muito no meu marido e sinto falta dele ao meu lado, sinto falta do macarrão que ele preparava para toda a família aos domingos, do sorriso dele, dos abraços e dos filmes que a gente assistia toda quarta para animar a semana. — Mas isso faz muito tempo, desde a morte dele toda a família se separou, meus filhos foram morar em outras cidades e os que ficaram não ligam para mim confessou ela às flores.
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Nesses mesmos dias, estou começando a ler um livro chamado Tecnologia e ser humano, que fala sobre a tecnologia de hoje em dia e como as pessoas andam viciadas nesse tal de WhatsApp. As pessoas estão virando escravas dessa tecnologia. Algum tempo atrás, quando fui visitar meus netos mais velhos, que ainda ligam para a minha existência, ouvi um deles falando que era para a gente tirar uma selfie fiquei muito confusa, pois ainda não sabia o que era. Mas voltando ao assunto, uma das frases que o programa disse que mexeu muito comigo foi “Devido ao bullying muitos jovens gays devem ter namorado com quem não queriam por causa do medo de se expor perante a sociedade”. — O homem está tornando esse mundo num verdadeiro inferno para todos os seres que o habitam, eles dizem que todos possuem o direito à felicidade, mas eu não a vejo e não a sinto há tanto tempo, que nem lembro como é me sentir feliz, me sentir livre. - contou parecendo acreditar em cada palavra que dizia. — Não tem muito a ver sobre o assunto oficial do livro, mas eles falam um pouco de tudo, fiquei perplexa com essa frase e para tentar me distrair um pouco pedi um táxi e fui ao shopping para tomar um sorvete e passear. Quando entrei, todos os meus pensamentos sobre o assunto do livro voltaram. Vi muitas pessoas mexendo no celular e me senti mal. Elas não olham à sua volta, só ficam grudadas nas telas de seus aparelhos, muitas vezes, até enquanto estão comendo. Percebi que o homem criou algo que não pode ser controlado sabe, seu maior inimigo, ele criou algo que o deixa escravo daquele objeto, com a promessa de entretê-lo e trazer felicidade, mas aquilo só tira a felicidade, pois o ser humano fica tão viciado que não percebe o que está acontecendo em sua volta, ele está perdendo a sua chance de viver, de encontrar amor, de ser feliz. O homem criou a tecnologia, os celulares, as redes sociais, claro que essas coisas têm um lado bom, mas esse lado não é tão bom quanto a felicidade e liberdade que o homem não possui mais - confessou `as flores. A mulher levantou cansada de tanto falar e regar as flores, à essa altura a água do regador já tinha acabado e as flores já estavam bem regadas. Ela andou até a saída pelo mesmo caminho de sempre e saiu. Passaram-se alguns dias e Elisa não foi ao parque como costumava fazer, mas aquele dia ela voltara e com um olhar mais triste do que nunca, parecia cansada, mas continuara com o mesmo regador transbordando de água ao seu lado, se sentou no banco de sempre e começou a apreciar a beleza das flores cor de rosa, com miolos claros e amarelos. — O homem está realmente perdido, não me resta esperança - murmurou com lágrimas nos olhos. - Minha filha mais velha que antes não ligava para minha existência foi me visitar uns dias atrás e me contou que seu marido havia traído-a, estava arrasada e acho que queria um pouco de colo de mãe. Então, ela passou um tempo na minha casa, por isso não conseguir vir aqui regar vocês. Todas as flores pareciam entretidas ouvindo a história. — Sabe, hoje em dia, o homem continua sendo racista, agora as pessoas traem mais, na minha época existia amor verdadeiro, existia respeito, existia o amor tanto desejado, se eu tivesse esse amor com meu marido, mas, agora, conseguir o 12
que consegui é muito difícil por muitas razões. Já observei muitos amores falsos como da minha filha mais velha, só pelo dinheiro ou pela beleza é esse tipo de amor que o homem está cultivando hoje - contou a mulher abaixando os olhos e colocando o regador já vazio ao seu lado. — Acho que vocês estão virando minhas confidentes, falo mais com vocês do que qualquer outro ser humano - comentou com um sorrisinho conversando com as flores. Na entrada do parque, uma menina que aparentava ter oito anos, entrou em sua bicicleta rosa e parou perto da mulher, ela nunca aparecera no parque, então Elisa ficou curiosa e começou a observá-la. Ela parou sua bicicleta em uma árvore, pegou sua garrafinha de água também rosa e tomou um pouco do líquido. Observou o parque de fio a fio e derramou a água de sua garrafinha nas plantas e foi andando para conseguir molhar todas que pudesse com o pouco de água que tinha. Elisa se virou para as flores rosas, arqueou as sobrancelhas e virou para a menina de novo, enquanto a chamava para se sentar com ela e sussurrava às flores. — Talvez ainda haja esperança tanto para o homem quanto para mim.
Carla Oliveira Quintans Graça
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A Última Flor do Jardim
Passavam-se as horas e Ana continuava sentada em sua cama sem saber o que fazer. Sua mãe, na cozinha, somente pedia-lhe para que fosse discreta e não fizesse nenhum ruído desnecessário. Já seu pai, passava o dia todo em casa, lendo os poucos jornais que lá chegavam e falavam sobre os confrontos entre o Brasil e o Japão. — Filhinha, sua avó e seus tios passarão alguns dias aqui conosco para que fiquemos todos unidos - dizia o homem à sua pequena, que quase não entendia do que se tratava a conversa. — Mas papai, eles vão vir do Rio de Janeiro até aqui só para ficarmos juntos? Nesse momento, antes de terminar a conversa, o adulto ligou o rádio da sala de estar e escutou que bombardeios ocorreriam no Rio. — Sim, minha querida. Mas não se preocupe você só tem nove anos, tudo ficará bem, eu prometo. Ana, esperta, entendeu de que não se tratava apenas de uma visita e sim de uma prevenção de bombardeios, mísseis e explosões, como ocorrido na semana passada no Campolim e no Jardim Botânico, perto de onde morava. Mesmo assim, decidiu continuar calada, como todos os outros habitantes da nação... Mesmo com tudo que estava acontecendo, a garota ainda acreditava numa salvação dos problemas que estavam acontecendo. Para ela, isso era tão possível quanto encontrar uma flor viva no meio da poeira deixada pelos mísseis. O que, para sua mãe, era impossível e perda de tempo. Os tios e a avó, após alguns dias, enfim chagaram ao humilde apartamento dos familiares, em Sorocaba. Todos achavam que a tensão diminuiria um pouco, porém os adultos passavam às tardes trancados na cozinha conversando sobre a guerra e suas consequências negativas. Ana já estava cansada de ficar só observando o mundo pela janela de seu quarto e decidiu sair de casa numa das tardes de conversas para brincar com algumas colegas em frente a sua moradia. Até que Bruno, seu irmão mais novo, a viu e avisou os pais que sua irmã havia saído do apartamento. — Não preciso falar nada sobre isso, não é? Você sabe que não se pode ficar saindo daqui, filha... – afirmou a mãe, preocupada. — Me desculpe mamãe. Não farei mais nada assim – prometeu a menina, sabendo que aquele sofrimento seria necessário. Os meses se passavam e a menininha já estava se tornando uma jovem, muito preocupada e triste. Alguns de seus parentes haviam morrido, assim como as boas lembranças dos lugares que costumava ir antes da guerra contra os japoneses. Até que uma noite, ela teve um sonho maravilhoso. Sonhou que estava no Jardim Botânico de Sorocaba, passeando por perto das flores, até que uma explosão ocorreu bem perto do local onde estava. Mas ela não se feriu e nem parou de acreditar que coisas boas 14
poderiam acontecer. Andou mais um pouco no jardim e tropeçou numa pedra. Quando caiu, fez um buraco no meio daquele monte de poeira e encontrou uma flor vermelha muito bonita, que coloriu sua vida e a da sua família. Quando contou tudo isso ao seu pai, ele não acreditou que algo assim pudesse acontecer um dia com eles. — Querida, eu acho ótimo que você pôde ter sonhado com algo tão bom assim. Você deveria continuar tendo esperança, assim como em seu sonho e transmitir isso a outras pessoas também. Imagine só se todos nós encontrássemos flores no Jardim Botânico! As cinzas sumiriam e a felicidade se espalharia por todo lado. A mãe de Ana via que sua filha estava sofrendo em casa, como se estivesse numa prisão, então a convidou para ir a um mercadinho em frente ao apartamento. Para a jovem, seria uma oportunidade única. Ela poderia caminhar um pouco e respirar um ar mais puro por algumas horas. Chegando lá, se separou de sua mãe e foi para a pequenina e desfalcada sessão de revistas. Até que olhou pela imensa janela de vidro do mercado e avistou um passarinho azul, bem pequenino. Ela não resistiu à tentação de criança de brincar um pouco e resolveu sair do mercado por alguns minutos e mexer com o pássaro. Ela o seguia correndo até que foi parar no Jardim Botânico. Lembrou-se de seu sonho e procurou o local onde estava a flor. Não encontrou nada, porém não desistiu. “A esperança é a última que morre”. - dizia a jovem a si mesma. Na saída do jardim, a caminho do mercado, ela encontrou com sua mãe desesperada. — Ana! Eu já te alertei há muito tempo e esperava não ter que lhe repetir isso! Imagine se houvesse uma bomba lá ou até mesmo um inimigo! — Mas eu só quis encontrar uma flor... Desculpe-me se estou tentando trazer cor e alegria para nossas vidas! A mais velha não se importou com a fala da jovem e apenas deu-lhe um conselho para que ela não tentasse fazer tudo sozinha, pois não conseguiria. Então, sendo ela obediente, nunca mais procurou flores em lugar algum. E foi desse modo que a esperança de todos, infelizmente, morreu...
Flávia de Almeida Padilha
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A verdadeira razão
Fazia dez anos que Mari não via cor no seu dia a dia. Tudo que via era cinza e indicava agonia. Só se viam pessoas se escondendo e rezando para que nada acontecesse com elas ou as viam chorando por causa de uma perda. Não se ouvia ninguém cantando (igual faziam antigamente), só se ouviam barulhos de armas e bombas sendo disparadas e alarmes para que a população se protegesse do ataque do inimigo. Todos os dias quando Mari acordava, corria para a janela da cozinha de sua casa e olhava para o campo de flores para ver se ele ainda existia. Semanas e semanas foram se passando e a menina percebia que as flores iam desaparecendo, contou a sua mãe o que tinha percebido e ela explicou à filha o que estava acontecendo. “Filha, as flores estão morrendo por causa da guerra que está acontecendo no nosso país e se ela continuar daqui a pouco o que vai começar a desaparecer somos nós.” “Não diga uma coisa dessa mãe! Nós não vamos morrer. Temos que ter esperança de que tudo isso vai acabar e vai acabar logo.” “Não espere por isso Mari, essa guerra só vai acabar quando não existirmos mais. O objetivo dessa disputa é a terra em que vivemos e o inimigo só vai parar quando conseguir o que quer, porém só vai conseguir isso quando todos estiverem mortos e é isso o que vai fazer. Matar todos os que vivem nessas terras.” A menina pensava dia e noite nas palavras da mãe, não queria que aquilo acontecesse, mas com o passar dos dias percebeu que as flores já estavam quase todas mortas e a guerra estava cada vez mais forte. Durante uma noite, o alarme da cidade soou. Toda a população acordou e saiu correndo para um ginásio que tinha no centro da cidade. Todos fizeram o que haviam aprendido com as instruções do que deveriam fazer se o alarme tocasse. Sentaram-se no chão, encostados em uma parede e ficaram lá por uma hora. Quando as pessoas puderam sair do lugar que estavam se protegendo, viram uma imagem horrível. A cidade estava destruída, várias famílias estavam sem casa, a população não tinha nada e não sabiam como iam sobreviver. 16
Mari voltou para sua casa, que não tinha sido destruída, com sua mãe para pegar algumas coisas para as pessoas que perderam suas casas. Logo que entrou nela, saiu correndo para a janela para ver o campo de flores. Quando olhou, percebeu que todas as flores estavam mortas, menos uma que estava no meio do campo. A garota saiu correndo para mostrar para sua mãe o que estava vendo. “Mãe olha aquela flor no meio do campo! Ela foi a única que sobreviveu do míssil que o inimigo jogou.” “Que flor linda filha! Ela teve muita sorte de não ter morrido.” “Eu falei para você que nós não íamos morrer. Ela não morreu e nós conseguimos ficar vivos também. Ela está mostrando que nunca podemos perder as esperanças.” “Mari, então era por isso que você ficava olhando pela janela todos os dias? Era para ver se alguma flor sobreviveria? Para falar que a gente precisa ter esperança e que nós não vamos morrer?” “Sim mãe. Essa era a verdadeira razão para eu olhar para a janela todos os dias. Era para te falar que nunca devemos perder a esperança. Eu só acreditaria que iríamos morrer também, quando todas as flores morressem. Ah! Não se esqueça de que também temos que ter esperança que essa guerra vai acabar e logo.” Como disse Mari, a guerra acabou na hora em que o míssil foi disparado. Foi a última tentativa do inimigo de conseguir o seu objetivo.
Valentina da Silva Gagliardi
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Dinheiro e morte Perdido na vida, João, um menino órfão adotado por um casal meio diferente dos outros casais, pois eles eram muito apegados ao JP, como era chamado na infância. Acho que mesmo por terem muito dó dele, pois era muito excluído em sua escola e não falavam que ele era adotado. Com 15 anos, João soube a verdadeira história de sua vida. Como já tinha 15 anos, já tinha suas responsabilidades e decidiu fugir de casa, pois havia se revoltado com o que aconteceu em sua vida, além do choque, sofreu bullying na escola, apesar de excluído na escola, tinha um amigo fascinado em cartas, com isso pegou a mania e abusou disso para sobreviver. Na rua, com 15 anos, fome e vontade de uma cama ou um chuveiro prevaleciam em sua cabeça, foi então que ele decidiu usar o que ele sabia de cartas e apostar tudo nelas, literalmente. Foi para Sorocaba para tentar conseguir dinheiro nos muitos cassinos da cidade, começou apostando com R$ 5 reais que ele tinha arrecadado pedindo na rua e saiu de lá um ano depois com 1 milhão de reais. Bom, passou-se um ano e a cidade de Sorocaba estava em guerra. Com 17 anos, se tornara um menino rico e decidiu se encontrar com os pais, que ele mesmo abandonou há dois anos. E assim fez, procurou sua velha casa e nada, apenas destroços explodidos por bombas. “Por que eu fiz isso, eu os amava tanto, fui uma criança” dizia a ele mesmo. Com dinheiro, foi saber o que havia acontecido encontrou um homem que sabia de tudo mais só ia falar por um milhão de reais, pois ia salvar todos que estariam no Jardim Botânico em Sorocaba, lá onde as pessoas foram se abrigar da guerra. Ele não pensou duas vezes em dar o dinheiro para o homem e correr para lá, chegando nesse lugar viu seus pais sentados num canto com uma cara triste. Ele correu e gritou “pai, mãe eu amo vocês e nunca deveria ter abandonado os dois, agi feito uma criança, espero que vocês me desculpem agora vamos sair”. Os pais como estavam muito chateados não quiseram ir. João triste, sem casa e sem dinheiro, a única coisa que restou foi procurar por seu amigo apelidado de TF, pois gostava muito de um personagem que mexia com cartas. Foi até a casa dele e TF forneceu tudo a ele moradia, roupas e até novos baralhos, caso João quisesse voltar a ganhar dinheiro. Cinco dias se passaram e JP voltou aos cassinos que diminuíram na cidade, pois a guerra destruiu a maioria, mas, enfim, no primeiro cassino estava ele sentado e bebendo quando ele viu na televisão que ia cair uma bomba no Jardim Botânico onde estavam mais de 10 mil pessoas, e o homem ainda não resolveu a situação com o dinheiro que João havia lhe dado. No dia seguinte, João tomou uma decisão de morrer com os pais e andou para procurar o homem que havia recebido o seu dinheiro. Depois de discutir com o homem, foi procurar seus os pais. Quando os encontrou, João queria muito que eles o perdoassem. João falou que se a bomba caísse, ele iria morrer ao lado dos pais e 18
foi isso que aconteceu, a bomba matou mais 10 mil pessoas e acabou com a hist贸ria de muitas fam铆lias.
Marcelo de Marco Mattiazo
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Escravos do relógio
Era uma tarde de verão, as crianças estavam brincando na praça e os pais estavam em casa ou trabalhando. Uma dessas crianças era Bel, uma menina de 10 anos que adorava brincar e observava tudo ao seu redor. Os pais de Bel eram dona Isabel, professora, e senhor Rubens, funcionário público já aposentado. Bel era muito esperta e adorava saber de tudo o que estava acontecendo em sua cidade. Ela estudava no período da manhã, na mesma escola onde sua mãe trabalhava. Enquanto ambas estavam na escola, o senhor Rubens dava uma pequena arrumada na casa e ia preparar o almoço. Dona Isabel, era professora do primário, era muito atenciosa e gentil. Sempre ajudava a filha com deveres e trabalhos escolares. Senhor Rubens, também era muito gentil e atendia a todas as necessidades da filha. Mãe e filha acordavam bem cedo, se arrumavam, tomavam um rápido café da manhã e iam de carro para a escola. O pai de Bel, mesmo sendo aposentado, também acordava bem cedo, limpava a casa, fazia uma pequena caminhada e depois voltava para preparar o almoço.
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Quando o ano letivo acabou, chegaram as férias de fim de ano, as que Bel adorava, pois como sua mãe era professora, ela também saía de férias e a família ia viajar para vários lugares. Além disso, quando eles não estavam viajando, Bel sempre saía para caminhar com sua mãe e seu pai e depois paravam em uma sorveteria. A cidade onde viviam era muito tranquila e não eram presos ao relógio, eles seguiam o ritmo da natureza e do corpo. O único horário que se preocupavam era o de acordar para ir à escola ou ao trabalho. Porém, certo dia essa realidade começou a mudar. Bel, dona Isabel e senhor Rubens estavam voltando para casa, depois de uma caminhada pelo bairro, quando viram um caminhão parado na frente da igreja. Eles ficaram observando por uns dez minutos, porém, como nada de estranho aconteceu, eles foram embora. Quando estava quase anoitecendo, Bel decidiu olhar a rua pela janela de seu quarto e percebeu que muitas pessoas estavam na frente da igreja, além disso, o caminhão que ela e seus pais haviam visto à tarde, ainda estava lá. Querendo saber o que estava acontecendo, a menina contou aos pais e pediu para que eles a levassem até lá. Também curiosos, os dois concordaram e foram para a igreja. Quando chegaram, viram vários homens carregando um relógio gigante, então decidiram perguntar o que estava acontecendo. Quem respondeu foi o padre, que disse que a partir daquele momento, a cidade teria um grande relógio para que todos pudessem ver as horas. No início, todos gostaram da novidade, pois tanto a igreja quanto a cidade ficaram mais elegantes com o relógio. Porém, algumas semanas depois, esse gosto começou a mudar. Com ele, as pessoas não seguiam mais o ritmo da natureza ou o do corpo, mas sim o do relógio. As pessoas não dormiam quando estavam com sono, não comiam quando estavam com fome, não descansavam quando estavam cansadas, não brincavam quando queriam se divertir, mas sim quando estava na hora. Se você não cumprisse a hora, levava punições, as quais podiam ser a demissão ou a redução de salário. A partir desse dia, as pessoas olhavam para o relógio toda hora, para saberem quanto tempo faltava para tal coisa começar, quanto tempo faltava para outra coisa acabar. Além disso, o grande relógio tocava de hora em hora para que as pessoas nunca se esquecessem do horário. Bel detestou a nova mudança, pois agora não podia brincar na praça com suas amigas até quando quisesse e sim até quando desse o horário, pois ela precisava jantar em tal hora para dormir cedo e acordar para ir à escola no outro dia. O barulho do relógio incomodava Bel, pois cada DIN-DOM ela e as outras pessoas da cidade lembravam que mais uma hora havia se passado e que eles tinham que ver o horário para não se atrasarem em nada. A menina tentava viver como antes, sem se preocupar com o relógio, porém, era quase impossível, pois todas as pessoas falavam que já estava na hora de tal coisa, que não podiam se atrasar, que tinham que marcar um horário para fazer algo. As pessoas se tornaram realmente escravas do relógio. Era ele quem decidia o horário em que as pessoas iriam trabalhar, estudar, passear, comer, dormir e quase respirar! Larissa Ferreira Campos 21
Esperança das flores Em uma cidade normal, num bairro normal, numa casa normal uma menina diferente tentava parecer normal. Mas afinal o que é normal? Qual é a diferença entre normal e natural? Acalme-se! Vou esclarecer todas essas dúvidas numa história que parece comum, mas é bem diferente das outras. Era uma vez uma menina sonhadora de cabelos louros, olhos azuis e pele pálida. Ela se chamava Áurea, parecia uma garota como todas as outras, mas tinha uma preferência distinta, as flores. Seu lugar preferido era o Jardim Botânico, pois era lá que ela podia refletir sobre a vida junto de suas fiéis amigas com pétalas, além do mais, elas a ajudavam a superar problemas e exterminar a tristeza. Áurea adorava estudar, mas detestava a escola, pois era lá o lugar onde estavam às pessoas maldosas que a reprimiam, desrespeitavam e discriminavam e, o pior, era que ela era obrigada a chamar essas pessoas, que a zoavam por conta de ela preferir as flores a colegas de classe. Todos os dias após a aula, a pobre lourinha corria aos prantos para o Jardim Botânico para poder ser consolada pelas suas amigas floridas, sempre abordavam assuntos diferentes, que faziam Áurea se sentir melhor. Mas essa tarde foi diferente, a garota somente se deitou em meio às margaridas se sentindo como Alice, da obra de Lewis Carroll, antes de descobrir que o País das Maravilhas realmente existia. Alice, em uma das passagens do livro, já no País das Maravilhas, encontra um jardim de belas flores onde é recebida muito bem, como se fosse parte delas. Juntas cantaram uma música e a letra dizia: “Tudo pode se aprender com as flores, sobretudo aquelas em botão, quem sente o aroma dessas flores, sente o bater de um coração”. Áurea concordava com a letra desta música porque já havia aprendido muitíssimo com as flores, como exemplo a respeitar espécies diferentes mesmo não tendo nada em comum e sempre se sentia acolhida em meio delas, como se cada uma possuísse um coração cheio de amor. No País das Maravilhas, logo após a música, as flores descobrem que Alice não é uma delas e sim uma impostora, então a julgam como uma erva daninha. Nenhuma das flores queria mais impostoras no Jardim então expulsaram a pobre menina que não teve como evitar. Áurea se sentia como uma erva daninha no colégio, algo que ninguém queria por perto ou algo que queriam que desaparecesse, por esta causa não se sentia feliz e nem acolhida na companhia de seus “colegas”. Voltando para o “País das Não Maravilhas”, onde bullying é lei e o choro é consequência, Áurea tinha que voltar para sua casa e terminar um trabalho para a escola sobre exatamente o que ela estava sofrendo e refletindo, o bullying. Ficou a noite toda trabalhando no seu texto, que ela queria que possuísse muito impacto, inspirasse seus colegas, para isso usou como exemplo “Alice no País das Maravilhas”. Áurea sempre sonhou, desde pequena, em ser alguém importante para o mundo, por volta dos quatro e sete anos pensava em ser uma princesa, uma fada ou uma heroína, mas nunca imaginou que seria a pessoa que acabaria com o bullying. 22
Sempre que pensava nesse assunto, o que era bem frequente, Áurea se lembrava de uma pequena história que sua falecida mãe lhe contava. Ela falava sobre um senhor que nasceu junto ao mar, mas logo após a guerra foi levado para o deserto, depois de passar muitos anos morando no Saara ele decidiu que já era hora de dar o passo seguinte, ou seja, sair em busca do mar, o que faria com que as outras pessoas que estavam infelizes o seguissem e assim por diante, até uma chegar ao tão sonhado destino. Isso mostra que mesmo que sua atitude pareça insignificante, você fez sua parte, e isso fará com que outras pessoas façam a sua. O pai de Áurea sempre diz à ela que pequenas atitudes fazem grandes heróis e era isso que ela queria ser. No dia seguinte, a garota apresentou seu trabalho, comoveu a todos e levou muitos de seus colegas às lágrimas. Áurea foi quem deu o primeiro passo para transformar o mundo no “País das Maravilhas” e fez com que fosse possível todos serem felizes para sempre. Essa foi uma bela história não? Caso esse conto não tenha esclarecido todas as suas dúvidas, vou tentar respondê-las. Normal é tudo, assim como o diferente, basta você acreditar. E o natural é o normal da natureza, mas a única diferença é que na natureza não existe o diferente!
Isabela Celeste Pilão
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Favela não precisamos ter medo Numa segunda feira em Sorocaba, no interior de São Paulo, Marquinhos e Claudinei fizeram uma caminhada e, como estava muito calor, decidiram entrar no centro da cidade para pegar as sombras dos prédios. Havia muitos prédios altos e bonitos, muitas pessoas com camisas sociais (ternos e gravatas) saindo de seus trabalhos. Depois de meia hora, o sol de Sorocaba já estava se pondo e os garotos decidiram entrar em uma área de casas pequenas e bem simples, conhecida popularmente como favela. Marquinhos ficou com muito medo, pois seus pais falaram que as favelas eram muito perigosas e com muitos bandidos, porém, Claudinei querendo impressionar seu amigo entrou dentro dela. Marquinhos assustado gritou para seu amigo voltar, mas Claudinei seguiu em frente e disse: — Venha Marquinhos não tem nenhum perigo. — Mas meu pai disse que é muito perigoso. Claudinei respondeu: — Pare de ser marica ... venha logo aqui! Marquinhos achando que iria ficar com uma fama de “menininha”, aceitou o convite e entrou na favela. O lugar estava muito calmo sem nenhuma movimentação, Marquinhos já tinha perdido sua preocupação, quando de repente eles encontraram uma senhora de idade e começaram a perguntar um monte de coisas sobre aquele local. A senhora morava numa casa bem pequena e convidou-os a entrar, batendo um longo papo. Depois de um tempo, os meninos saíram da casa da senhora e tinham perdido o preconceito em relação às favelas. Saindo da favela, Marquinhos foi para sua casa, que ficava em frente à praça do canhão para descansar depois de um dia cheio de conhecimento.
Rodrigo Alexandre Blessa Duarte
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Liberdade
Nós nos conhecemos na 5ª série, e desde então soube que você seria especial, na verdade não conversamos direito até uma festa no 1º colegial, em que eu te beijei, não sei se aquilo foi o certo para o momento, pois logo depois daquilo você se afastou e só voltamos a nos ver dois anos depois. Lembro-me com clareza do dia em que fomos à festa da Pandora e te beijei novamente, mas dessa vez você não se afastou. Também me lembro do dia em que fui à sua casa e ficamos conversando até tarde, tão tarde que acabei dormindo lá com você, e como te ajudei a ganhar a eleição para presidente de turma do Cook, mas essas lembranças nem se comparam com o dia em que você parou na frente da minha porta e sentou na frente dela, tudo porque eu não queria abrir, lembra? Pois bem, nesse dia você me disse que se sentia uma pessoa melhor, mais feliz, menos sozinha e menos solitária. Aquela foi com certeza a melhor coisa que poderia ter me dito, mas foi a última, pois tudo começou a dar errado. Descobriram sobre nós, não sei como e nem tenho mais vontade de saber, só descobriram e isso já foi o suficiente para virar o nosso mundo de ponta cabeça, não podíamos mais nos encontrar nem sequer andar uma do lado da outra na rua, apenas um lugar... não sei se vai se lembrar, mas meio afastado da cidade tinha uma praça e em uma parte em que ninguém passava havia um pequeno campo de flores, um banco e uma espécie de armação branca cobrindo-a, era lá que conseguíamos 25
tirar um descanso do mundo horrível em que viemos parar e nos encontrar, nem que fosse por minutos. Tirando isso, lamento em te lembrar que era horrível, todos os comentários preconceituosos, olhares feios de todos os lados, principalmente, no colégio e isso era a pior parte porque ninguém lá era perfeito (nem de longe) e nos incomodavam o dia todo, sem descanso. Para piorar tinha os comentários maldosos em casa, acho que a sua mãe até que aceitou bem, mas Katie e minha mãe nem sequer queriam olhar para o meu rosto por dias e dias, só quando pensaram que não nos veríamos mais e que “aquela horrível fase havia passado” que voltaram a me tratar como gente, mas não mais como parte da família. A melhor lembrança que tenho dessa época, era do final das tardes em que íamos nos encontrar no nosso banco, ninguém podia nos ver e éramos nós mesmas e foi assim por não sei, talvez uns dois meses. Mas parece que nada pode ser fácil para nós, pois alguém, não sei como descobriu esse novo esconderijo (tenho minhas suspeitas, dessa vez acho que foi a Katie) e, se tinha como piorar, piorou. De qualquer forma, parece que seu pai não é tão receptivo quanto a sua mãe e decidiu na mesma hora te mandar para um internato, para ver se “conseguia corrigir essa sua fase”. Desde então, não nos vimos mais, só trocamos algumas poucas cartas. Agora comecei a pensar, todo mundo por aqui se acha o inteligente, evoluído e penso que o mundo todo é assim, mas se são tão evoluídos como dizem, como podem perseguir e fazer coisas horríveis com pessoas que não fizeram nada, além de não seguir a religião padrão ou de não gostar do sexo oposto? Sinceramente acho que ainda tem muito o que evoluir, quem sabe, daqui uns 50 anos talvez. Bom, mas não quero ficar ocupando mais o seu tempo e, além do mais, não quero que seja pega lendo isso, só saiba que sinto sua falta e que vou te esperar até o dia em que te liberarem daí.
Anna Carolina Demarzo Lopes
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Mosteiro de São Bento
Havia homem chamado Baltasar Fernandes. Ele foi responsável por muitas viagens bandeirantes. Essas viagens o levaram a fundar uma vila que iria se tornar uma cidade. Ele deu início a cidade de Sorocaba. Esse nome Sorocaba tem origem indígena, que quer dizer fenda. Ela teve início em uma igreja no centro da cidade chamada mosteiro de são bento. Essa igreja foi importante para a cidade, pois havia um senhor responsável pela construção dela. Esse senhor se chamava bento. Ele era um grande amigo de Baltasar Fernandes. Houve uma vez em que Baltasar disse a ele: “faça uma estátua sua na frente do mosteiro”, mas bento recusou-se e fez uma em memória de seu grande amigo. Em recompensa, Baltasar Fernandes deu o nome do mosteiro ao seu grande amigo bento. Quando a cidade foi crescendo, essa lembrança nunca foi esquecida, nem para ambos e nem para ninguém. Baltasar continuou fazendo expedições bandeirantes pelo país e quando voltava a Sorocaba sempre passava para visitar seu amigo bento e para comer. Bento nunca havia pedido nada a Baltasar, mas um dia ele pediu uma coisa, mais precisamente ir a uma viagem bandeirante até o sul do país. Ele recusou num primeiro momento, dizendo que era muito perigoso por causa de ataques indígenas às tropas. Bento implorou e Baltasar perguntou: “por que queres tanto ir para o sul?” Ele respondeu: “senhor minha família está lá”. Baltasar com pena de seu amigo o levou consigo e com os bandeirantes. Ao amanhecer, eles saíram em sentido ao sul. Baltasar mostrou a bento o trajeto que precisava fazer, mostrou a mula que ia viajar e também mostrou os tipos de alimentos que eram consumidos durante o percurso. No caminho, eles passaram por rios, lama, calor insuportável, ventos muito fortes e muita chuva... Quase chegando ao fim do caminho, eles foram surpreendidos por muitos índios tentando roubar as mercadorias. No meio do tumulto, Baltasar mandou seu amigo ficar atrás de uma das mulas, enquanto ele ia para a batalha. Houve muito sangue, no fim da batalha muitos bandeirantes mortos, inclusive o grande amigo Bento que havia levado uma flechada 27
no peito. Os bandeirantes sobreviventes, junto a Baltasar, levaram o corpo de bento de volta à Sorocaba onde foi enterrado. Ao fim da cerimônia, Baltasar disse ao seu grande amigo “aqui te conheci com felicidade e bravura e aqui me despeço de você com coragem e honra.”
Rodrigo Prado Zúcolo Rodrigues Fernandes
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Nada mais é como antes
‘’Há sempre algo que muda’’ dizia o velho e sábio cavaleiro aos seus amigos, ‘’nada mais é como antes, pois agora deixei de ser o primeiro e único, o primeiro sempre vou ser, mas o único não mais’’. Por que algum dia foi o único? Ah, essa é minha história favorita sobre meu avô, que quando mais novo foi considerado um vilão para muitos. Na rua Brooklyn, em 1982, com apenas 21 anos morava meu vô, que na época passava por dificuldades, entre elas o racismo, não havia mais nada que ele quisesse, a não ser a igualdade. Mas tudo era muito difícil, pessoas tinham medo de encarar uma às outras e isso se tornava cada vez mais sofredor para muitos, que sofriam calados. Todos seus “amigos’’ empinavam o nariz e sempre o julgavam por suas escolhas, decisões e obviamente pela sua cor, mas questionavam sempre seu medalhão. Nada nesse mundo para Charles, meu avô, era mais significativo que ganhar respeito e admiração pela coragem que tinha e pelo desempenho, decidiu então mostrar que não era um fracassado. Naquela época ele trabalhava com a realeza, sempre foi um trabalhador real, para ele isso já era o bastante para ser respeitado, mas falavam que ele não passava de um pobre lavador de chão. Como esses comentários eram repetitivos, e ele já estava totalmente cheio, decidiu fazer algo que alguém jamais faria. No dia seguinte à sua decisão, Charles resolveu enfrentar o Rei Arthur em frente de toda a população, discutiram fortemente e ele se perguntava “mas pra que tudo isso?” Como se não bastasse, as pessoas continuaram falando, continuaram julgando, então resolveu fazer uma coisa muito maior, convocou todos para uma reunião. Quando todos chegaram, meu vô estava totalmente furioso, em cima de seu cavalo, pensando em sua casa simples, no seu trabalho e no respeito que iria ter. ‘’RESPEITO ISSO QUE EU QUERO’’ ele gritava, mas aquilo era suficiente? Obviamente, não. Todos continuaram, por dias, meses, nada mudou, só piorou. Mas isso não foi o suficiente, ele tinha uma inspiração, Napoleão, e sempre citava a frase favorita dele ‘’Cada hora de tempo perdida na mocidade é uma possibilidade a menos nos sucessos do futuro’’ isso o motivava, o fazia ser quem ele é. Orgulhoso, não desistiu, voltou lá em seu cavalo novamente, mas dessa vez para valer, exclamou para todos sobre seus interesses e ao mesmo tempo seu medalhão caiu. A rainha tinha um anúncio para fazer, gritou para todos que Charles era o mais novo rei, pois seu marido estava morto. E esse é o motivo de eu ser o mais novo herdeiro dessa família, lutar para o sucesso e nada de fracasso.
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JĂŠssica Carolina Ribeiro De Assis Camargo
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O Cachorro
Um menino estava andando na rua quando de repente vê uma multidão correndo na direção dele, mas ele não sabia o que estava acontecendo no momento, até que escuta uma explosão perto dele e sai correndo. No outro dia quando tudo estava mais calmo o menino foi ver o que teria explodido naquela região. Quando ele chegou ao local da explosão viu que tinha caído uma bomba em um parque para onde o menino estava indo, mas ninguém sabia quem teria enviado essa bomba em Sorocaba, então eles esperaram talvez uma próxima bomba para saber quem seria o remetente da bomba que causou mortes para a cidade. Então no outro dia outra bomba foi enviada para a cidade, mas as pessoas do exército avisaram todos para saírem do local onde iria cair a bomba. As pessoas talvez devessem sair até da cidade, pois estava muito perigoso morar em Sorocaba. Depois que evacuaram o local onde iria cair a bomba eles só aguardaram-na cair, pois ela caiu e fez uma cratera gigante no chão, pois foi feita com uma potência maior que a outra que teria caído não muito tempo atrás. Depois da bomba ter caído, o exército foi ver de onde ela teria vindo e por qual razão. Viram que a bomba teria vindo da Jamaica, pelo motivo de uma pessoa brasileira ter feito uma tentativa de homem bomba, mas os policiais da Jamaica conseguiram capturá-lo antes que ele explodisse. A Jamaica se sentiu ameaçada e começou a atacar bombas no Brasil. Mas no meio dessa guerra teria um acampamento antibombas para as pessoas que não tinham lugar para se refugiar ou sair da cidade e nesse acampamento teriam quatro crianças e um cachorro que gostavam de brincar muito, mas eles não podiam se expor a radiação das bombas, então brincavam no
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acampamento e o cachorro que estava ali era muito esperto e tinha uma audição muito boa. Até que uma noite, o cachorro se levantou no meio da noite e começou a andar para fora do acampamento enquanto todos dormiam, mas algumas crianças estavam acordadas e viram o cachorro saindo do acampamento. Resolveram seguilo e cada vez mais ele se afastava do acampamento, até que eles escutaram uma explosão. Todos foram ver onde teria explodido. Quando viram teria caído uma bomba no acampamento onde eles estavam. O cachorro tirou as crianças do acampamento, então elas ficaram sem saber o que fazer, mas o cachorro como era esperto começou a andar e as crianças que brincavam com ele entenderam que seria para eles seguirem o cachorro. Até que um dia à tarde, o cachorro chega com as crianças em um rio com água potável para beberem água. Depois disso o cachorro levou as crianças para um lugar seguro para dormirem. Esse lugar era debaixo de um círculo de ferro com umas pontas indicando o meio do círculo e isso estava em um orquidário. No outro dia quando eles acordaram, ficaram indignados, pois uma bomba teria caído em cima deles, mas não explodiu, pois o círculo de ferro amorteceu a queda da bomba e ela não explodiu, então o cachorro e as crianças saíram do local imediatamente e correndo, pois a bomba ainda poderia escorregar e explodir no chão. Mas quando tudo já teria explodido a cidade inteira, o cachorro e as crianças encontraram um posto de gasolina na estrada com uma loja do lado, então as crianças entram para ver se conseguiam alguma coisa sem estar com radiação de bombas para comerem. Quando as crianças já estavam satisfeitas e o cachorro também, pois as crianças deram comida para ele, continuaram andando para ver se achavam mais alguém vivo na cidade ou até encontrar outra cidade para eles morarem. Mas depois de muito tempo andando, eles encontraram uma cidade, mas a cidade também estava destruída por inteiro, mas depois de um tempo eles conseguiram achar algumas pessoas vivas nas cidades destruídas e a cidades não destruídas começaram a ajudá-los a reconstruir as cidades de volta. Depois de alguns anos, uma das crianças, que já tinha crescido, encontrou o cachorro que a salvou e como essa criança, que agora é adulto e virou prefeito, adotou o cachorro e construiu o círculo de metal que o salvou em um orquidário de volta, pois essa escultura agora virou uma coisa simbólica para ele e que salvou a vida dele. E esse menino encontrou as outras crianças que ficaram com o cachorro também e mostrou o cachorro e a escultura que salvou a vida delas, só que depois de um tempo, o cachorro que agora tinha o nome de Jack, começou a ficar doente e velho, até que ele não resistiu mais e morreu.
Gustavo Fernandes Ferreira 32
O castelo mal-assombrado
Na Inglaterra, há vários castelos grandiosos e várias batalhas aconteceram neles. Muitas pessoas morreram nessas batalhas, mas também morreram pelos fatores causadores dessas guerras, a fome, a violência, a disputa por territórios. As almas desses guerreiros permaneceram no lugar. Vagando durante vários anos e atormentando todos que ali habitavam. Correntes mexiam à noite pelos corredores, quando alguém ia ver o que era, encontrava um corredor longo, escuro, com um pouco de neblina na janela. Durante séculos foi assim e pessoas foram morrendo diante desses acontecimentos. Passaram-se muitos anos e chegamos ao século XXI, as coisas não mudaram muito não, a fome continua, temos a pobreza aumentando cada vez mais, os castelos continuam lá e seus “habitantes” também. Um grupo de jovens amadores decide provar que em algum castelo da região há algum espírito. Levaram muitos equipamentos. Um desses equipamentos funcionava de verdade, ele marcava de 1 a 7. Se o ponteiro estivesse no 1, estava tudo bem, se estivesse no 2, alguma coisa havia ali, no 3, vários espíritos estavam ali observando-os, no 4, eles deveriam sair do lugar correndo o quanto antes, pois no 4 o bicho estava pegando. Com isso eles procuraram um castelo da região, acharam um abandonado, um grandioso, um castelo aparentemente negro. Na antiga história da cidade, aquele castelo era um presídio, lá ficavam presos os mais perigosos assassinos da época... E os jovens decidiram entrar no tal castelo. Quando estavam já lá dentro, sentiram um calafrio. Entraram, então, no 1º pavilhão, um lugar macabro, grades retorcidas, tudo escuro e o barulho do vento assobiando na janela. Então, eles viram que ali o sensor marcava 1, logo eles aprofundaram mais e mais. Chegando ao salão principal do castelo, com uma grande mesa e enormes quadros antigos, eles colocaram ali, de frente para a lareira uma câmera e, se algo por menor que fosse, passasse em frente, ela iria acionar o alarme e tirar a foto. Chegando aos dormitórios, o marcador estava no 2. Eles tinham um notebook com eles, eles viram que naquele dormitório estava um dos maiores guerreiros de Londres, foram até a parte mais sombria e escura da prisão. Lá ficava a cela mais tenebrosa de todas e era chamada de solitária. Nesta solitária, dois jovens entraram e tiraram uma foto do banco e da cama. Lá o marcador estava ainda no 2 quase 3. Eles revelaram a foto ali mesmo, viram que na cama onde eles tiraram a foto havia um formato de uma pessoa deitada de bruços sem sua cabeça e na outra foto revelada que 33
era a do banco, mostrava a cabeça da pessoa de bruços. Olharam no notebook e viram que ali, o maior guerreiro teria decapitado seu parceiro de cela e deixado sua cabeça debaixo do banco. Eles começaram a se assustar, pois era o mesmo rosto da pessoa da foto no notebook, a cabeça era parecida com a que estava na foto. Então, juntou o pânico de um, com o pânico do outro e, em poucos instantes, estavam todos com os passos acelerados nos corredores longos es escuros do castelo. Se escutava apenas os passos apressados. De repente, o som da câmera no grande salão começa a apitar, os garotos vão correndo lá para ver o que era. Chegando lá, eles pegaram a foto que já estava revelada e nela tinha um rosto e uma boca. A foto mostrava olhos abertos debaixo da lareira, os olhos estavam brancos e a boca era negra... Eles repararam bem no rosto e perceberam que era o cara que matou o parceiro de cela da solitária. O sensor atingiu o número 5. Eles entraram em pânico, saíram correndo escutando as correntes vindas de trás deles. Eram passos, galopes e quanto mais rápidos eles iam mais os barulhos ficavam altos. Na saída, eles pularam rapidamente para fora do presídio e fecharam a porta, não olhando para trás. Eles nunca mais voltaram em um lugar como aquele.
Manuela Braga de Oliveira
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O homem do cavalo
Hoje, os homens montados em seus cavalos não apareceram para levar mais meninos para a guerra, talvez eles não estejam mais precisando de soldados. Será que estamos ganhando? Todos os dias eles aparecem para pegar vários meninos e homens para a guerra. Eles nos dizem que é necessário para que eles não percam a guerra. Ontem esses homens levaram o meu irmão; ele só tem 15 anos, ou tinha, eu não sei se ele ainda está vivo. Minha mãe não anda muito bem, ela só fica pela vila perguntando a todos se eles sabem sobre os mortos da guerra, mas todos respondem a mesma coisa: — Desculpe senhora, mas eu não sei de nada, lamento muito pelo seu filho, mas você não está sozinha, tem a sua filha. Acho que a minha mãe já se cansou de ouvir isso das pessoas. Quando meu pai morreu na guerra todo mundo falava para ela “Você ainda tem seus filhos!”. Ela cuidou da gente muito bem, mas agora que o meu irmão se foi ela anda meio estranha. Às vezes, eu acho que ela só não enlouqueceu por causa do meu irmão, que era a cara do papai. É claro que ela continua me dando comida e abrigo, mas eu sinto que ela não está presente, é mais ou menos como se fosse um fantasma. 35
Queria poder fazer alguma coisa para ajudá-la, mas acho que isso não será possível. Talvez só o meu irmão possa fazer isso. Às vezes, eu a vejo mexendo nas fotos do meu pai e do meu irmão e de repente, quando ela ainda está olhando, ela começa a chorar e eu tenho a impressão de que são lágrimas de alegria por se lembrar dos bons momentos passados ao lado deles, porém, logo depois, percebo com muita agonia e dor que sua suposta alegria transforma-se em lágrimas de tristeza ao sentir que não os tem mais ao seu lado. Hoje, à noite, recebemos notícias de que os homens em seus cavalos vão vir em nossa vila pela manhã para dizer os nomes dos mortos e levar mais alguns meninos. Minha mãe anda muito ansiosa para receber a notícia, tanto que até abriu uma clareira no quintal de casa, de tanto que anda para cima e para baixo. Sinto que lá no fundo de seu coração ela se ressente em receber, talvez, mais uma notícia que poderá dilacerar seu coração e levar sua alma para sempre...De mim. Eu estou preocupada com minha mãe porque tenho medo que ela se esqueça de que ainda tem uma filha. Já é quase meia noite, por mais que eu a chame, ela parece estar em transe lá no quintal, cada fez mais afundando o caminho com suas pisadas ora fortes como se estivesse decidida a acreditar, ora fracas como se estivesse a esperar pela mão de um anjo a levar. O melhor mesmo é tentar dormir e esquecer o vazio de minha alma, pois quem sabe eu sonho com o homem do cavalo e, finalmente, dessa vez seja ele o herói secreto que de longe eu aviste chegando e chegando e, assim, ao vê-lo, desvende-se o belo rosto de meu irmão!
Laura Gutti Arruda
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O homem e o mestiço
O homem era um daqueles chatos, muito metido e arrogante. Vivia esnobando os outros, sempre querendo levar vantagem em tudo, se achava o melhor... Ele estava de férias sentado nas margens de um rio no interior do Amazonas desejando pescar um pouco. Avistou um pobre mestiço pescador e falou: — Qual é a sua canoa? Eu estou querendo pescar um pouco por aqui... Nem ao menos perguntou se a pessoa podia ou não o levá-lo. Falou imperativamente e o homem, então, começou um trajeto no qual sabia bem o caminho ... Mal a pequena canoa começou a navegar e o homem, mesmo sabendo que o mestiço não tinha nenhuma instrução, perguntou: — Qual é a sua especialização? — O que é isso meu senhor? — Quero dizer qual faculdade você fez ...? — Mas eu não fiz faculdade nenhuma! — Então, você não fez nada da sua vida? Pelo menos fez o terceiro colegial? — Não fiz isso não... — Então, o primeiro? — Não. O mestiço tinha percebido que talvez perdera vários anos de sua vida. Ele olhava o homem com admiração, respeito, mas ao mesmo tempo estava triste por ter perdido tantos anos de sua vida e não ter estudado...ficou triste e chateado com a humilhação. E o homem ainda fez mais uma pergunta: — Você sabe ao menos ler e escrever? — Não sei não, sou analfabeto.
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Eles já estavam quase chegando ao lugar desejado, quando o mestiço, conhecendo aquelas águas, desviou o bote com força e ele se chocou violentamente com uma pedra; a água invadiu a canoa e ela começou a afundar ... O homem da cidade entrou em desespero, começou a chorar... O mestiço perguntou ao homem: — O senhor não sabe nadar?!? — Não! - Disse o homem apavorado. O mestiço pulou na água e foi se afastando... lentamente. — Pois então, o senhor perdeu a sua vida inteira! - disse ele, virando-se Aqui de nada adianta ter feito tudo o que o senhor me perguntou, nossas vidas são outras... mesmo assim vivemos com dignidade! Enquanto o homem se afogava, junto com todo o seu conhecimento, o mestiço calmante nadava para a margem certo de que o mundo seria melhor sem uma pessoa daquelas Enquanto isso, o homem ia para o céu com toda a sua sabedoria se lembrando de que as pessoas só gostam das rosas, mas esquecem dos espinhos.
Maria Luiza Calheiros
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O Lenhador dos Pesadelos
Tudo começou nas férias de inverno. O maníaco morava há anos em uma cabana no meio de uma floresta construída pela própria família. Vivia lá, com sua mulher e seu filho, que trabalhavam cortando lenha. Eram inocentes seres isolados no verde escuro. Em um dia, o filho Pedro, saiu e voltou a casa após brincar no riacho que cortava a floresta, denominada negra por dois motivos: um deles porque ao cair da madrugada, era tão impossível enxergar algo devido ao escuro que parecia não acabar. O garoto ao chegar a casa encontrou o pai cortando lenhas num tronco na frente da cabana. Eles se encararam e Pedro viu uma sombra no ferro do machado e perguntou ao seu pai sobre ela. O pai respondeu dizendo que matara um veado que perambulava por ai. Então entrou, foi até seu quarto e se deitou, cansado como se estivesse voltado de uma maratona, dormiu o exausto menino. De repente, abriu os olhos assustado e se levantou ofegando muito. Arregalou os olhos e viu pela janela aberta que já era noite. Ficou imaginando há quantas horas estaria dormindo ali. Levantouse e encontrou o pai sentado numa cadeira de balanço olhando o céu. Pedro perguntou sobre a mãe e o pai respondeu que ela havia ido embora para a cidade porque um familiar próximo havia sofrido um acidente. A criança ficou triste no primeiro momento e deitou no colo do pai, observando as estrelas junto a ele. Na manhã seguinte, Pedro acordou e foi até a cozinha e então ouviu uma cantiga de ninar. Ao se aproximar da porta viu um corpo em pé lavando os pratos. Vestia o avental de sua mãe, mas não cantava ou tinha a voz dela. Ele a chamou, mas não teve resposta alguma. Ela se virou e Pedro teve a pior visão de sua vida. A coisa era sua mãe, ria e cantava como um demônio e sua face estava totalmente modificada. Ele gritou e saiu correndo dali do meio da floresta sem olhar para trás. Foi aí que trombou com seu pai que o segurou e com os olhos esbugalhados, muito nervoso lhe fez inúmeras perguntas, questões que Pedro não conseguia responder, somente ficou paralisado ali sendo balançado para frente e para trás pelo pai, como se estivesse em estado de choque e talvez realmente estivesse. Pedro disse que viu algo horrível na casa e então o lenhador disse algo sobre um cadáver dentro da fossa. O filho assustado, sem compreender, respondeu com outra pergunta, sobre qual cadáver e qual fossa. Talvez a fossa dos fundos? Sim, seria mais possível. Mas, e que cadáver? E então o rosto do pai, nervoso e apavorado se transformou numa doce máscara humilde e amiga. Abraçou o menino com um dos braços e disse para voltarem. Quase chegando à cabana, ele disse novamente que viu algo horrível e então perguntou o que acontecera com sua mãe, depois que ela sumira na noite 39
passada. O homem parou de andar e então olhou para o filho. Perguntou se a viu e ele disse que sim, ela estava em pé lavando a louça enquanto cantava e gargalhava. O senhor se arrepiou. "Como disse?" E Pedro disse o que viu, disse que a mãe estava com o rosto modificado, algo semelhante a golpes de... O lenhador pegou o jovem e o puxou ferozmente pelas árvores até chegarem a casa. Foram até a cozinha e nada ali. Pedro chorou de horror e, mais calmo, foi levado pelo pai até os fundos e se ajoelhou próximo a fossa com os olhos tampados. O cheiro podre vindo do fundo após a tampa ser aberta chegou ao nariz do garoto, que então destampou os olhos. Tremeu inteiro ao ver no fundo um corpo entre os dejetos. Era sua mãe, podia saber que era ela, com a mesma roupa, o mesmo avental, tudo. E as estranhas marcas no rosto. Pedro abriu a boca para berrar para a eternidade quando ouviu um som estranho, inclinou o pescoço para o lado e... A cabeça rolou até o fundo da fossa e o corpo caiu logo após. Em cima, em pé, o lenhador com seu machado.
Gabriela Affonso Faria
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O menino que via o mundo de cima
Uma vez eu conheci uma pessoa que me contou sua história, e a partir daquele dia sempre penso nisso e em como poderíamos evoluir como pessoas. Você já vai entender, o nome dele era Sandro, um menino órfão que morava no jardim botânico. Vários anos se passaram e ele viveu e cresceu sozinho, fugindo do serviço social, se escondendo na estufa do jardim botânico e à tarde, quando não havia mais ninguém lá, subia no lugar mais alto para ver a cidade que ele tanto temia, mas que achava tão admirável. Conforme foi crescendo, Sandro aprendeu a ler e a escrever com alguns conhecidos que haviam estudado em escolas públicas, o que não ajudava muito. Mas fez com que ele entendesse um pouco mais desse pequeno mundo em que vivia, como placas na cidade e os próprios livros sobre plantas que havia no jardim botânico. Um dia ele foi convidado por um amigo para ir até o centro na cidade, e é claro, Sandro aceitou o convite, pois ele nunca tinha tido a chance de ver a cidade realmente pelo o que ela era só por cima. No meio do caminho, eles acabaram sendo roubados no meio da multidão: — Como alguém pode roubar outra pessoa só para tirar vantagem? - disse Sandro que ainda não entendia como a sociedade funcionava — Você ainda é muito inocente para entender, a cidade é muito perigosa precisamos tomar cuidado com as nossas coisas - respondeu. Na rua, Sandro começou a ver o lixo e a poluição que lá havia e a escassez de árvores e plantas, não entendia como as pessoas podiam sujar o lugar onde elas viviam por livre e espontânea vontade. Quando foram almoçar, o restaurante estava lotado de pessoas, era um restaurante por quilo e a qualidade da comida era horrível, também não entedia porque as pessoas pagavam por uma coisa que elas não iriam gostar de comer e ainda várias pessoas estavam fazendo a mesma coisa. 41
Quando estavam voltando, o amigo de Sandro o explicou que estava na hora do rush, que é quando tem uma grande quantidade de carros ao mesmo tempo na estrada, por isso tínhamos que tomar cuidado quando atravessássemos a rua. Sandro só tinha visto um carro uma ou duas vezes, então achou surpreendente quando viu aquela quantidade enorme de carros parados e buzinando como se não houvesse amanhã. Quando chegaram, Sandro concluiu com sua primeira visita à cidade que as pessoas eram mais violentas e desrespeitosas quanto pareciam, que mesmo com os locais adequados para jogar o lixo visíveis e acessíveis, as pessoas, por preguiça, preferem jogar o lixo em seu próprio lar, que por falta as pessoas fazem de tudo para sobreviverem e que a ordem da cidade não era organizada e, sim, totalmente uma bagunça lotada e barulhenta. — E aí, gostou da viajem? — Até que foi legal, mas eu prefiro ver a cidade de cima do que de dentro, as pessoas tornam a beleza da cidade feia e com a qualidade de vida quase impossível. A boa vivência numa cidade grande só é proporcionada para poucos, muito poucos que excluem o resto da população da sua vida, para tentar fingir que o mundo é bom, mas ele não é. E as pessoas fecham os olhos para não ver o que está acontecendo com o mundo, desde os conflitos urbanos casuais até as guerras mundiais, nós estamos destruindo um ao outro, destruindo nossa própria espécie. As pessoas se odeiam, mas na verdade, estão odiando a si mesmas porque não se aceitam como diferentes dos outros. — E tudo isso você deduziu sozinho? — Tenho bastante tempo para refletir o real sentido da nossa existência nesse mundo distorcido pelo ser humano que é egoísta e que sonha em dominar todo o mundo, é claro que nem todos são assim, enquanto uns destroem, uns tentam consertá-lo, mas infelizmente eles são a minoria de pessoas nesse mundo gigante em que conhecemos tão pouco, mesmo estando aqui há tanto tempo, tentando escapar da realidade renovando cada vez mais e tudo isso vendo a cidade de cima. Agora eu lhe peço que reflita sobre seus atos e pense nas consequências deles no mundo, às vezes, jogar um papel no lixo ou dizer bom dia à uma pessoa na rua faz a diferença. Gabriela Valladares de Toledo Corrêa
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O que salvou a guerra
Estava uma confusão, crianças chorando, pais aterrorizados, todos correndo e procurando um lugar seguro. Naquele momento, as únicas coisas que se ouvia eram explosões, gritos e todos à procura de proteção... Eu estava escondida atrás de arbustos na tentativa de entrar na catedral e me refugiar, comecei a ver cada vez mais e mais aviões atirando e soltando bombas. Ainda permanecia muita dúvida entre os moradores da cidade, ninguém entendia o exato motivo do ataque, seria o começo de uma nova guerra? Após um bom tempo, avistei um velho pela janela da catedral sentado e rezando com sua esposa. Perguntei-me como eu não havia conseguido entrar lá e ele sim. Observei-o por um bom tempo e descobri que aquele senhor não era apenas uma pessoa comum e sim o porteiro de meu antigo condomínio, que sempre nos avisava sobre ataques da antiga guerra. Era um senhor sem cabelo e magricelo, todo esse tempo que não o vi, fiquei pensando onde ele tinha se metido. Cada vez mais bombas estavam chegando, a cidade estava totalmente destruída com exceção da catedral. Percebi que as bombas pararam por uns dois minutos, sai correndo em direção a velha Igreja, alcancei-a com segurança. Quando adentrei, reparei que os dois idosos saíram do local, não sabia onde foram, mas espero que estejam seguros. Procurei alimento, água e roupas quentes para me salvar do frio. Eu não imaginava quando tempo duraria o ataque. De repente ouço pessoas entrando e 43
crianças chorando, uma família estava lá. Perceberam minha presença e eu perguntei por que estavam lá, me contaram que estavam indo ao correio buscar encomendas quando o carteiro os avisou sobre o ataque. Decidi sair um pouco para ver como a cidade estava e vi tudo derrubado, pessoas estavam machucadas ou até mesmo mortas. Como algumas sociedades têm coragem de fazer isso com outras? Por que estavam fazendo? Será que isso era para “mostrar poder”? O ataque havia terminado e resolvi ir para casa, estava cansada... Cheguei e como sempre não tinha ninguém, pois meus pais não ligavam para mim, muito menos o resto de minha família. Depois daquele dia, ninguém possuía mais esperanças do país voltar a ser o que era. O presidente havia fugido e a câmara de deputados fechado, o país estava realmente horrível. Mas era impossível ir para outro, nenhuma nação nos queria, estávamos quebrados, com tudo destruído. Não sabia o que fazer para ajudar os outros, meu sonho ainda era salvar o país, lembrei-me do porteiro, queria que ele ainda estivesse aqui para ajudá-lo. Depois de alguns dias, descobri que o porteiro havia sido baleado por terroristas em um aeroporto e me senti muito mal. Fiquei pensando em quantas pessoas ainda morreriam, pois não tínhamos capacidade de salvar o país. Após três anos, um novo presidente subiu ao cargo, por pura coincidência era o filho do pobre senhor que sempre nos ajudou, todos esperávamos que ele tivesse o mesmo coração enorme do pai, que estaria muito orgulhoso se estivesse aqui para ver e ajudar seu filho a melhorar o país. Depois desse dia, comecei a perceber que nunca devemos desistir, a esperança deve ser a última a morrer. O país se reconstruiu, o exército melhorou, mas mesmo assim acho que ainda não estava preparada para outra guerra, afinal, nunca estamos... Porém, aprendi que se formos persistentes e acreditarmos naquilo que queremos, conseguiremos.
Juliana Latuf
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O Soldado Em setembro de 1954, o soldado Willians criou uma arma mortal que ajudaria os alemães na guerra. Esta arma era um canhão muito poderoso que apenas poderia ser utilizado com o comando de Willians, que era o general da Alemanha. Os americanos que estavam contra os alemães decidiram se unir a Rússia e juntos destruir a Alemanha. Porém, Estados Unidos e Rússia já sabiam da nova invenção dos Alemães, por isso decidiram invadir a Alemanha com ataques aéreos, pois não havia como o canhão atingir alvos aéreos, mas os alemães não esperavam que os Estados Unidos fossem se unir com a Rússia e, juntos, iriam atacá-los. Foi quando Willians e seu exército observaram jatos lançando mísseis para cá e para lá, a única coisa que o exército pensou naquele momento foi proteger Willians. Então, com muita pressa, os soldados de Willians pensaram em levá-lo para uma base subterrânea sem registro que era altamente protegida 24 horas por dia e que a única maneira de ser invadida era pelo método terrestre. Foi quando a Rússia e os Estados Unidos pensaram em desistir de derrotar os soldados alemães, porém tiveram um plano de invadir a casa de Willians e raptar sua esposa e filhos. Com isso, eles mandam uma mensagem para o coronel dizendo para ele se entregar ou iriam assassinar seus filhos e sua esposa. O coronel muito aflito com tudo isso que aconteceu se rendeu e seu exército foi dominado com muita tortura. O coronel é pregado em praça pública vendo seus soldados e sua família sendo mortos, enquanto ele sofria drasticamente perdendo sangue muito rápido.
Gustavo Pellegrini Leite Gomes
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Somente eu, sozinho
Aqui, agora, atrás das grades, penso, relembro, reflito aquela tarde de domingo, angustiado, a coisa que mais desejo no mundo inteiro é provar a minha inocência, porém com essa situação em que estou, até entendo o porque de o juiz não acreditar em mim, apesar da traição de Juliana e de meu melhor amigo João. Era tarde, quando estava em casa, deitado no sofá, lendo o jornal, após passar o dia vendendo pastéis na feira, cansado. Minha mulher Juliana era linda como o céu, cheirava a flores e sempre usava uma linda flor laranja em seus cabelos, que ela pegava de nosso pequeno jardim que havia na entrada da casa. Eu entrava em casa e pensava nela, sempre. Eu a amava muito, muito mesmo. Ela, que já havia se arrumado, colocado aquele esplêndido vestido azul que realçava seus lindos olhos e a flor nos louros cabelos, não poderia lhe faltar, disse-me que iria ao parque, passear com suas amigas. Quando a Ju saiu, eu percebi que ela havia esquecido seu celular em cima da mesinha da sala de estar, então liguei para sua amiga para avisá-la, mas a amiga disse que não estava sabendo de parque algum e que estava no shopping com as crianças e não sabia onde Ju estava. Fui até o parque que era logo na esquina de minha casa, bem confuso, mil pensamentos que não desejo a ninguém, desconfianças, inventando explicações, desde criança fui bem ciumento e desconfiado das coisas, não gostava de me sentir assim, mas era inevitável.
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Olhei para a roda-gigante, toda enferrujada pelo tempo e a única coisa que pude ver foi a flor, a linda flor laranja naqueles cabelos louros, quase pude sentir o aroma, mesmo de longe, era minha mulher. Queria poder dizer que não havia nada de errado, pegar na mão dela e poderíamos até ter aproveitado aquela tarde tomando sorvete. Mas não. Juliana estava ao lado de meu melhor amigo José e a coisa que mais me entristeceu nisso tudo foi seu lindo sorriso, que antes costumava ser meu, sendo mostrado em meio a gargalhadas a outro. Sem pensar, comecei a andar em direção a eles, se eu disser que não passou coisas absurdas pela minha cabeça, eu estou mentindo. Eu estava explodindo de raiva, queria vê-los sofrendo, não aguentava mais olhar para minha mulher feliz daquela forma. Havia um vendedor de cocada ao lado da roda-gigante, que segurava uma faca para cortar o doce, só pensei em dor e sangue, na verdade nada mais importava mesmo. Depois de um pequeno instante, parei em frente aos dois e comecei a olhar. A consciência começou a pesar, as consequências de qualquer ato meu não seriam benéficas, me acalmei enquanto os dois me olhavam espantados e desabei a chorar. A roda-gigante começou a girar novamente, depois disso só vi dor e sangue, sim, eu cravei uma faca em minha mulher sem querer, por pura inocência! E para explicar isso ao guarda? E ao juiz? Vejo que meu caso está perdido mesmo. Agora o que me resta é ficar aqui, atrás das grades, pensando, relembrando, refletindo aquela tarde de domingo, arrependido por um ato sem intenções, porém cometido, se pudesse teria feito tudo diferente. Frustrado? Claro. Estou atrás das grades esperando a minha vida acabar, sem amor, sem amigos, somente eu, sozinho.
Maria Gabriela Cerqueira Guimarães
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Tarde demais Nós assistimos à missa, porém mal prestei atenção no que o padre falava. A única coisa que eu fiz foi ficar olhando para ele, e pensando como iria ser sem ter Arthur por perto. Será que seria mesmo o último domingo que eu o veria? Mas na verdade nós nunca nos falamos de verdade. Eu tinha uma paixão secreta por ele. Bom, acho que não era tão secreta assim, muita gente sabia. A única pessoa que não sabia era ele, ou sabia? Nós frequentávamos a mesma escola desde que tínhamos uns seis anos, e, além disso, sempre nos víamos na igreja aos domingos. Ele me deixava louca. Acho que eram seus olhos. Por algum motivo eu não conseguia parar de encará-los. Toda vez que eu ia dizer alguma coisa para ele a vergonha ganhava e eu ficava quieta. Das vezes que nos falávamos era sempre, “ei, Julie, acho que seu lápis caiu no chão!” ou “Julie, me empresta suas anotações de ontem já que eu faltei?”. Acho que nosso maior diálogo foi na minha casa. Nossos pais se conheciam e eram muito amigos na época e nossos irmãos mais velhos também eram muito amigos. Então, meu pai os convidou para jantar. No começo foi um tédio, na mesa os adultos falavam de negócios e outras coisas que nenhuma criança de 10 anos gosta de conversar, meu irmão simplesmente sumiu na imundície de seu quarto junto do irmão de Arthur, e nós ficamos sentados olhando um para a cara do outro sem dizer nada por um tempo até que tomei coragem e perguntei “Ei, Arthur, você quer ir para a sala de estar comigo?”, ele hesitou em responder fingindo que estava prestando atenção na conversa de nossos pais sobre política e guerra, mas deve ter percebido que aquilo era realmente muito chato, olhou para mim e respondeu “pode ser”. Nós nos sentamos no sofá e ele me perguntou do que eu queria brincar, e eu disse que meu avô havia me ensinado um novo jogo de cartas e perguntei se ele queria jogar. Ele fez uma careta e balançou a cabeça de um lado para o outro querendo dizer que não. Do nada ele me perguntou se eu não tinha algum doce para nós comermos: — Deve ter na cozinha - respondi. Mas minha mãe não vai deixar a gente comer antes do jantar. — Vem comigo! — Como? — Vamos para minha casa. — Por quê? Ele não falou nada só puxou o meu braço e nós fomos para a casa dele, que por acaso era em frente à minha. Nós só precisamos atravessar a rua, mas mesmo assim eu estava me sentindo uma espécie de espiã, saindo sem avisar ninguém e escondida. Mas quando estávamos entrando pela janela, já que o pai dele havia trancado a porta, olhei para a cara dele que estava normal. Será que ele levava todas as suas amigas escondidas para sua casa e comia doce com elas? 48
Enquanto subíamos a escada indo para o quarto dele, ele só proferiu uma frase, “tenho um chocolate muito bom aqui”. Entramos no quarto dele e eu o ajudei a tirar todas as meias de uma de suas gavetas. Quando terminamos, havia somente balas, chocolates e pirulitos. Nós comemos algumas balas, e ele murmurou: — Acho que meu irmão pegou. — Pegou? — Sim. — Como assim? — Ele sabe onde eu tenho os chocolates e pegou aquele que eu queria que você comesse. O chocolate tem uma embalagem roxa e é bem fino e comprido. — Ah – falei. – Então, fica para a próxima. Nós voltamos para minha casa e ninguém percebeu a nossa saída. No final da noite, quando sua família estava indo embora eu o vi articulando com sua boca “procure o chocolate” fiquei surpresa, mas foi isso que fiz. Todo domingo eu saía da missa e andava até uma lojinha que tinha ali perto para procurar. Procurei também em bancas, supermercados e em lugares que pessoas nem imaginariam achar chocolate. Mas nunca achei. E lá estava eu. Depois de sete anos ainda apaixonada por ele, que nunca iria saber. Por causa de um único motivo, as razões desconhecidas por ter se alistado no exército. Ele estava indo para a guerra, indo lutar pelo nosso país. E eu aqui lamentando o fato dele ir embora. Sempre me achei egoísta. Aqui estava a prova. Algumas pessoas se reuniram na frente da casa dele, quero dizer, da família dele, pois aquela não seria mais a sua casa. Enquanto esperávamos o táxi que o levaria para o aeroporto e lá teria um avião que iria levá-lo para longe de nossas vidas, ele me chamou em o cantinho e ficou me olhando. Ficamos calados olhando um para a cara do outro por um bom tempo. De repente, o táxi chegou e a maioria das pessoas ainda estava dando último abraço, um possível adeus. Ninguém sabia o que o futuro reservava. As pessoas saíram de perto dele. Quando chegou perto de mim disse: — Não sei o que te dizer! — Você não precisa me dizer nada. — Sim, eu preciso. — Boa sorte. Ele me olhou com uma cara triste e simplesmente soltou: — Eu te amo. Eu o olhei perplexa abri a boca para falar alguma coisa, mas ele continuou. 49
— Desde que tínhamos dez anos não consigo te esquecer. Eu era muito envergonhado. O táxi buzinou. — Tenho que ir. — Você vai voltar. — Não sei. — Vou te esperar. Fiquei encarando o seu olhar triste, só parei quando ele me deu um pequeno embrulho. — Abra quando eu sair daqui. E foi embora. Dentro do embrulho havia um pacotinho duro, roxo e comprido. Não acreditei quando vi. Era mesmo o chocolate. E eu não o comi. Já haviam-se passado dois anos desde que Arthur entrou em combate e eu não havia aberto o doce. Mas eu recebi uma carta. Que não tinha notícias boas. Ele se foi. Morto em combate, a carta dizia. Não vou dizer que não tenha chorado, chorei muito. Fiz rios de lágrimas. Eu poderia até acabar com a falta de água no mundo. Mas a pior coisa foi ninguém ver que eu não estava tão sentida com aquilo. Eu não havia contado a ninguém e duvido que Arthur o tenha. Eu ainda tinha uma coisa dele, mas em um momento de raiva eu comi. Eu comi o chocolate. Após a missa de sétimo dia, eu só observei as pessoas saindo da igreja. Fiquei sentada sem me mexer ou falar algo. Um homem de idade se aproximou e me investigou com os olhos, depois começou a me consolar. Não importava. Ele não sabia o que eu passei, não sabia minha história e, provavelmente, não sabia meu nome. Como palavras de um completo estranho podem consolar alguém? Eu só consegui pensar que Arthur nunca iria comer outro chocolate daquele que dizia tanto gostar. — Tome. — Como? — Um chocolate, vai ver melhora sua vida. Uma embalagem comprida e roxa bem durinha. Uma embalagem que eu nunca mais abri. O chocolate não ia trazer Arthur de volta. Mas não piorava as coisas, mesmo não comendo. “Nunca mais irei vê-lo, nem eu nem ninguém”, pensei sentada no banco daquela velha e colossal igreja.
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Amanda Zocca Thomazetti
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Uma nova revolução francesa
No ano de 2007, o povo se encontrava insatisfeito com o governo da França, salários baixos, o presidente gastava todo o dinheiro do povo com coisas pessoais e a gigante corrupção que rondava a polícia e o governo do país, deixavam, cada vez mais, o povo irritado. Com o passar do tempo foram surgindo grupos buscando uma nova solução para o país, assim surgiram: os pacíficos e os fontaines (que levavam esse nome por conta de seu líder: Robert Fontaine). Os primeiros, que eram a maioria, buscavam melhorar o governo de uma maneira mais calma, ao contrário dos segundos que eram os mais radicais. Na noite de treze de dezembro do mesmo ano, um congresso foi convocado entre os líderes dos pacíficos e os governantes em busca de um acordo, mas nada se resolveu pois o presidente Thomas Dummont não largava mão de seus privilégios. Thomas chegando em casa encontra uma carta de Fontaine ameaçando a sua família: “Se você não mudar nós iremos fazer você sofrer, pegaremos cada um dos membros da sua família até você resolver sair do governo”. O senhor Dummont mostrou as ameaças à sua esposa, então ela sugeriu para que os dois ficassem no palácio protegidos até que a situação se resolvesse. Na noite seguinte, lá estavam os dois no palácio, o local era grandioso com grandes janelas de vidro, dois salões enormes e no centro desses uma parte mais alta, redonda, onde os dois se protegeriam. Duas semanas se passaram, o governo nada mudou e protestos iam acontecendo, a praça em frente ao palácio começou a ficar lotada de protestantes em todos os dias. Multidões de fontaines destruíam vários bens públicos, como vários ônibus e a situação cada vez mais piorava... Na noite chuvosa do dia 30 de dezembro de 2007, quando Thomas voltou para casa após ir a um debate, não encontrou a sua esposa lá, só as roupas dela jogadas. Ele se assustou, mas logo depois se lembrou da carta que havia recebido semanas antes e, então, escreveu uma carta a Fontaine mandando-o ir ao palácio para que resolvessem logo a situação. Passaram-se dois dias, lá estavam os dois, frente a frente no palácio... Robert F. para tentar ajustar a situação da corrupção no país esconde um revólver em sua roupa para matar o presidente! Já haviam-se passado vinte e sete minutos de discussão quando ele sacou a arma para cima do governante e o matou, logo depois pulou da janela de vidro do palácio para fugir dos guardas que acabaram ouvindo o barulho do tiro. Ele acabou caindo em um lago que ficava ao lado do local. Ele nadou um pouco e quando saiu do lago pegou um cavalo que lá estava e foi cavalgando para fugir. 52
Depois da morte do presidente, o governo foi assumido pelos líderes pacifistas e a corrupção na França melhorou, com a prisão de todos os políticos, policiais e juízes corruptos do país.
Matheus Cerezer Quibáo
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Um a menos não faz diferença!
Em uma cidade não tão grande, uma família não tão grande, com um filho não tão grande e seu nome não era tão grande e o motivo de dizê-lo também não é tão grande e, por isso, apenas direi que começa com S. S tinha 11 anos, acordava cedo e ia à escola como qualquer criança normal, porém essa história se inicia no começo de suas férias, no meio do ano. De manhã, os pais de S o levavam à praça perto de sua casa e seu pai, como de costume, ia caçar no meio do mato. S era um garoto que quase nunca pedia nada e não gostava de dar trabalho. Certo dia, quis ir caçar com seu pai, seu pai que nunca nega os poucos pedidos de seu filho o levou junto, deu-lhe uma arma de chumbo e munições, ensinou o garoto a atirar e a se proteger e eles foram caçar. Quando o pai de S avistou um cervo ele deixou com que seu filho atirasse e foi o que ele fez, seu pai pegou o cervo e levou até a traseira da caminhonete e ambos foram embora. O pai de S ensinou o filho a curtir a pele do animal para fazer casacos de pele quentinhos, S ficou contente com seu primeiro casaco de pele e foi logo contar aos amigos sua experiência, ele só ouvia alguns comentários como “uau”, “que legal!”, “me ensina”, etc. No outro dia, S saiu para caçar com seu pai, às vezes achava um amigo aqui, outro amigo ali, até que se deu conta de que a cidade estava vazia.
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Mesmo com tantos caçadores, S e os outros sempre pensavam “um animal a menos não faz mal” e eles continuaram caçando e os dias eram iguais, porém cada vez achavam mais caçadores e menos animais, mas sempre com o mesmo pensamento “um animal a menos não faz mal”. Algumas semanas depois, estava difícil de achar animais e todos estavam usando seus casacos de pele de cervo, lobo, tamanduá, gambá, chapéus com deslumbrosas penas de variadas cores etc. Ninguém sabia o porquê estava tão difícil de achar animais e o porquê das flores estarem murchando, as folhas das árvores caindo e os rios ficando sujos. Quando se deram conta do que havia acontecido, não havia mais animais, só carros, não havia mais árvores, só prédios e não havia mais água limpa, só esgoto. Mas ninguém se importava, pois uma árvore ou um rio a menos não faz diferença.
Santiago de Matos Fernandez Perez
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V e eu, pensando no futuro... Em um dia às 10 horas da noite... V estava sentada em seu quarto, pensando em como ajudar seu país a sair daquela situação em que estava. O país já tinha alcançado uma das maiores crises econômicas de sua história. Inúmeros protestos estavam acontecendo contra mortes, corrupção e violência. V tinha medo de muitas coisas, porém era valente e combatia seus medos de alguma forma, mesmo que se passassem vários anos. Para ela, seu maior medo era não combatê-lo. Teve um dia em que eu, a melhor amiga dela e ela, nos reunimos para discutir a crise econômica, social e política, pois se estamos com uma grave crise econômica em um país, que chega a ser uma das maiores dele, esta atingirá a sociedade e a política, fazendo com que a sociedade se revolte e tente tirar o presidente de seu cargo, por exemplo. Na escola em que V e eu estudávamos, todos eram muito relaxados com a exceção de nós duas. Nós sofríamos bullying na escola, pois nossos boletins vinham com notas só acima de 9,5. Concordo que eram notas excelentíssimas, porém era a consequência de nosso estudo, nossa dedicação e, acima de tudo, de nosso interesse. E foi em um dia, que tudo isso começou... Foi quando nosso boletim do 1º bimestre do 3º ano foi lançado. Nossa, ficamos superorgulhosas de nós mesmas e uma feliz pela outra também, pois tínhamos estudado juntas, pela primeira vez. E foi a partir daí que nunca mais nos separamos, estudávamos todos os bimestres juntas e tirávamos excelentes notas. O boletim foi lançado em uma sexta-feira. Na segunda-feira, alguns vieram nos perguntar se fomos bem e mostramos os nossos boletins...Perguntávamos como eles também tinham ido e a maioria respondia que tinha ido mal... Bom, a matéria daquele bimestre estava difícil, mas nada como um pouco do ‘’EDI’’ nome dado por nós, que significava ‘’estudo, dedicação e interesse’’. Falávamos que com um pouco de cada coisa que compunha o ‘’EDI’’ você iria bem na escola, aprenderia mais e teria mais informações sobre o país em que você está vivendo. Sempre que as pessoas vinham nos perguntar como conseguíamos tirar boas notas, nós falávamos sobre o famoso ‘’EDI’’. E ao fim de todo o bimestre, havia um momento em que a diretora ia passando de classe em classe dizendo um (a) aluno (a) em que toda a classe deveria procurar ajuda, por exemplo de como fazer seus estudos renderem mais. E sempre eram ou eu ou V..... E assim fomos indo até chegar ao 5º ano. Quando
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ninguém mais aguentava aquela diretora falando da aluna que era a “referência” para toda a classe, NINGUÉM MAIS NOS AGUENTAVA !!!!! Bom, agora vocês já sabem como tudo começou... Teve um dia em que eu e V fomos ao shopping, fazer umas comprinhas, e lá não tinha ninguém, quase todas as lojas fechadas...E fomos atrás de informações, né? Afinal, fomos lá para nos divertir... Avistamos um homem bem longe de nós, na saída principal do shopping e perguntamos o que havia acontecido. Ele nos disse que o shopping já estava para fechar, pois as pessoas não tinham mais dinheiro para comprar as coisas, já que o país estava passando por uma de suas maiores crises econômicas. Bom, fomos as lojas que ainda restavam e depois fomos tomar um milkshake e voltamos para a casa dela para debater sobre a crise. E seguiu assim, por muitos dias... E sempre jogando a culpa para o governo! Até que um dia chegamos à conclusão de que a culpa não era só do governo, a culpa era da sociedade também, que desde o início está praticando a corrupção a qual se agravou e hoje vivemos a consequência! Uma das maiores crises econômicas da história desse país! A corrupção começa quando andamos de carro pelo acostamento. Um ato comum nos dias de hoje e que a maioria das pessoas praticam!
Temos que parar para pensar nisso um pouco e refletir sobre tudo que já fizemos de errado. Quando isso acontecer e você decidir que irá contribuir para que o seu país tenha um desenvolvimento bom, para que ele seja cada vez melhor e para
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que seus filhos, netos e bisnetos, não tenham que passar por isso, estará contribuindo para um país melhor. Começamos a discutir questões sociais e políticas na escola. V e eu passamos a ser amadas pelos alunos do colegial porque eles já tinham a maturidade de compreender que para ser alguém na vida temos que pensar no futuro e estudar, pois se não fizermos isso acabaremos sendo um nada na sociedade e morreremos por nada. Porém, se fizermos algo bom e trabalharmos para construirmos um país melhor, teremos um mundo mais justo e mais fraterno. Então, faça a sua parte, pense no futuro e nas gerações que estão por vir!
Vittória de Souza Carmona
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Visita Familiar Um menino chamado Gabriel vivia em Sorocaba. Gabriel tinha 13 anos e morava com sua mãe e seu pai. Um dia ele soube que seu primo de Minas Gerais viria visitá-lo, então ficou feliz, pois queria lhe mostrar alguns pontos da cidade. Ele esperou e esperou, até que recebeu um telefonema dizendo que seu primo havia chegado à cidade. O garoto foi logo pedir à sua mãe para ir buscar seu primo. Então, lá se foi ele. Chegando, cumprimentou seus parentes e falou com seu primo sobre a viagem. Paulo, seu primo, tinha 12 anos e morava em Belo Horizonte. Já fazia dois anos que não se viam. Todos foram para sua casa e se acomodaram em seus respectivos quartos. Os dois meninos iriam dormir no quarto de Gabriel. Na manhã seguinte, Gabriel contou ao Paulo que tinha feito um passeio com a escola por vários pontos turísticos da cidade e perguntou se não queria ir com ele para visitar todos esses pontos. Paulo concordou, então logo depois de acordarem, Gabriel pediu à sua mãe para levar toda a família aos pontos turísticos da cidade. Saíram todos. Primeiro
foram
à
antiga estação ferroviária, que há muito tempo transportava passageiros. Na estação havia um museu sobre a história ferroviária da região. Nele havia fotos dos trens
mais
famosos,
das
estradas de ferro, de sua origem, de pessoas importantes em sua história, além de objetos, documentos, entre outras coisas.
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Depois de visitarem a estação ferroviária a família foi à Praça do Canhão, que tem este nome, pois era um forte contra invasões inimigas antigamente e ali tinham canhões. Lá havia um monumento referente a este período. Além desses lugares, visitaram muitos outros, como o Jardim Botânico, onde há várias espécies de plantas de variados lugares. Depois da visita, voltaram para casa e Gabriel mostrou ao primo o condomínio. Mostrou-lhe as trilhas, os lagos e as capivaras. Todos os outros dias foram muito divertidos, passearam ainda mais pela cidade, jogaram futebol com seus amigos, visitaram algumas cidades vizinhas, e o dia de Paulo ir embora estava próximo. Todo esse tempo com seu primo em casa foi ótimo para Gabriel, tinha passado ótimos dias com Paulo, havia esperado vários dias para ele chegar e não queria que ele fosse embora. Um dia antes de Paulo voltar para casa os dois foram até a beira do lago conversar. Paulo contou a Gabriel que estava muito feliz em tê-lo visitado e que foram ótimos dias em sua casa. Os dois combinaram que daqui a um tempo Gabriel iria visitá-lo em Belo Horizonte e que Paulo mostraria os pontos turísticos da cidade e que iriam se divertir muito. Na última noite, eles ficaram conversando até tarde. Falaram sobre tudo o que fizeram, quais foram as coisas mais legais e outras coisas mais. No dia seguinte, Paulo iria embora de manhã, pois a viagem seria longa. Logo que acordaram estavam tristes, pois iriam se despedir. Paulo falou pela última vez com Gabriel e entrou no carro. O garoto estava muito triste, entrou em casa e foi rever o passeio.
Gabriel Ruiz Fernandes
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REALIZAÇÃO Alunos do 8º Ano do Ensino Fundamental II
Coordenadora Geral Maura Maria Moraes de Oliveira Bolfer
Coordenadoras do Ensino Fundamental II Flávia Juliana Frasseto Siqueira de Proença Patrícia Carneiro Olmedo
Professora Responsável Professora de Português Samira Cristina Figueiredo Dufner
Coordenadora de Tecnologia Educacional Luciane Pakrauskas Vellozo
Auxiliares de Tecnologia Educacional Camila Mattos dos Santos Edna Renata Proença