EB
Sumário
com o comandante 10 Entrevista do Exército Brasileiro
48
A Universidade da Polícia Rodoviária Federal
20 SARCs: Uma revolução
60
Ensaio Fotográfico: Bombeiros de Aviação do Exército
40
A nova geração de carros de combate e seus possíveis impactos nos planos do Brasil
4 TECNOLOGIA & DEFESA
Palácio do Planalto
| ENTREVISTA |
Publicações especializadas são vetores imprescindíveis O comandante do Exército Brasileiro fala à T&D 10 TECNOLOGIA & DEFESA
oda profissão ou atividade apresenta certas nuances que as caracterizam diferenciando umas das outras ou, em algumas circunstâncias, aproximando-as, ainda que possam parecer diametralmente opostas. São as chamadas situações desafiadoras, problemáticas e de resolução complicada, que requerem extremas dedicação e competência, acima de tudo. Certamente esse é o quadro que hoje permeia o cotidiano de um sul-riograndense de Dom Pedrito, oficial da Arma de Cavalaria e comandante do Exército Brasileiro (EB), o general-de-exército Edson Leal Pujol. Pode-se dizer que o general Pujol e seus colegas do Ministério da Defesa e das demais Forças Singulares, junto a outros militares que passaram a integrar o governo a partir de janeiro de 2019, assumiram seus cargos no Planalto em meio a uma mistura de alegria e satisfação de um lado e de estupefação, de outro. O País havia avalizado o rompimento com um sistema viciado, pleno de dicotomias e que mostrou-se extremamente danoso, com muitos de seus principais dirigentes transformando-se em assíduos frequentadores das páginas e programas policiais da mídia. Mas a verdadeira tragédia que se desnudava (e já fazia tempo) ainda não tinha se revelado em toda a sua extensão. Houve a questão das “queimadas na Amazônia” que trouxe em seu bojo um conhecido questionamento sobre a soberania nacional naquela região, uma campanha internacional liderada por uma adolescente e um presidente europeus, apoiados por histéricos grupos de pseudo militantes de causas ambientais, integrados, inclusive, por centenas de brasileiros. É claro que os olhos incrédulos e preocupados da Nação miravam o Distrito Federal e as Forças Armadas as quais, sob toda a sua cadeia de liderança apresentaram uma resposta adequada, dissuasória e lógica àquelas descabidas demandas, bem como a investidas verbais de governantes vizinhos, até empregando políticas de auxílio humanitário. Talvez o ponto onde, independente de procedimentos regulamentares internos, o Exército mostrou que continuava muito bem comandado. Afinal, o general Pujol substituira ao general Eduardo Dias da Costa Villas Boas, um dos oficiais mais emblemáticos e respeitados da Força Terrestre. A missão prossegue árdua já que o Brasil, que estava engatinhando seus passos rumo a tempos de recuperação, não escapou – como de resto o mundo todo – da pandemia da Covid-19 e todas as suas consequências. Esse, entretanto, é o desafio para o general Pujol; ou seja, manter a instituição no caminho do processo de transformação mesmo que em um quadro não tão favorável, assegurando a manutenção de um índice
| SISTEMAS | Ares
1
SARC,
a revolução no Exército Paulo Roberto Bastos Jr.
té a virada do século 20, os dispositivos de aquisição de alvos, mira e disparo da maioria dos armamentos do Exército Brasileiro (EB), salvo algumas poucas exceções, como as unidades equipadas com o sistema de lançadores de foguetes Astros II ou com os carros de combate M60A3 e Leopard, resumiam-se a dispositivos óticos ou mecânicos, que tinham limitada eficiência em determinadas situações, como combates noturnos ou em condições de visibilidade baixa. Também dependiam da experiência e dos sentidos (visão e 20 TECNOLOGIA & DEFESA
audição) dos tripulantes, os quais precisavam exibir capacidades de assimilação de informações e tomada de decisões e tinham pouco ou nenhum apoio para isso. Porém, o avanço da tecnologia da microeletrônica e informática, fez surgir dispositivos que superavam em muito os recursos humanos, aumentando a eficiência, mudando completamente a relação do homem com seu equipamento e a forma de combater. Atualmente, os sensores podem localizar e identificar ameaças usando diferentes faixas do espectro eletro-
magnético, a distâncias impensáveis há pouco tempo. Estão equipados com processadores que recebem milhares de informações distintas, em tempo real, e os apresentam de forma a criar uma consciência situacional que, combinados com conjuntos de atuadores compactos e precisos, tornam as armas muito mais eficientes. Essas tecnologias estão presentes nos modernos carros de combate, como aqueles que o EB está estudando adquirir. Esse enorme ganho de performance se dá a um custo do desenvolvimento não
Vandeir Santos
33º BI Mec
3
2
1: REMAX instalada em um blindado Piranha do Corpo de Fuzileiros Navais para testes 2: Teste do REMAX no 4º D Sup 3: REMAX lançando granadas fumígenas
só de novas doutrinas de emprego e de logística, mas ainda toda uma mudança de visão na utilização e manutenção de equipamentos. Ao trabalhar em pesquisas para obter um sistema de armas que atendesse a uma necessidade específica, o EB chegou a uma solução interessante que iria alterar a cultura de grande parte da tropa, não só no aspecto operacional mas, principalmente, logístico e que foi denominada REMAX.
UM POUCO DE HISTÓRIA Em 2004, o Conselho de Segurança das Nações Unidas criou a Missão para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), visando restaurar a ordem no país após um período de insurgência, causado pela deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide. O Brasil assumiu a coordenação e enviou o maior contingente de militares das três Forças Armadas e inúmeros integrantes de diversas Polícias Militares. Houve muito enfrentamento com as milícias formadas por ex-policiais e ex-integrantes das Forças Armadas Haitianas, e bandidos comuns no controle de grandes áreas no entorno da capital, Port au Prínce, e que estavam de posse de armas militares, saqueadas do espólio
do Exército Haitiano, ou seja, uma grande quantidade de fuzis e metralhadoras. Isso obrigou as unidades da MINUSTAH, incluindo as brasileiras, é claro, a adaptarse a um novo e peculiar tipo de conflito. Para atuar nesse ambiente foram introduzidas novas táticas junto a improvisações de equipamentos. Um ponto crítico, observado pelo EB, foi a exposição do operador da metralhadora de apoio das VBTP 6X6 EE-11 Urutu, o que levou ao desenvolvimento de modelos de torres protegidas pelo Centro Tecnológico do Exército (CTEx) e pelo Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), bem como o estudo de um sistema de armas remotamente controlado (SARC), como os CWS 30, da empresa israelense Rafael, equipado com uma metralhadora de 7,62mm, instalada em um blindado brasileiro. Essa demanda propiciou o desenvolvimento de um SARC nacional. No segundo semestre de 2006, o CTEx apresentou os projetos básicos do reparo de metralhadora automatizado X (REMAX), um SARC que poderia utilizar uma metralhadora .50 BMG, ou 7,62mm, dotado de um sofisticado módulo de optrônico, câmera diurna, térmica e telêmetro laser. O projeto foi aprovado no mesmo ano, sendo contratada a empresa brasileira Ares Aerospacial e Defesa
S/A para a construção de um protótipo de avaliação, chamado REMAX 1, concluído em 2009, seguido do segundo, o REMAX 2, em 2011. Este SARC possui 100% de sua propriedade intelectual sob controle do EB. Esses protótipos passaram por diversos testes e modificações e o modelo de produção, chamado de REMAX 3, teve um lote piloto de 76 unidades iniciado em 2012 e o de produção, com 215 unidades, em 2015. Já são cinco anos de operação regular do SARC REMAX, tendo sido entregues 179 exemplares ao EB, instaladas em VBTP-MSR 6X6 Guarani e, em breve,
...o CTEx apresentou os projetos básicos do reparo de metralhadora automatizado X (REMAX), um SARC que poderia utilizar uma metralhadora .50 BMG, ou 7,62mm, dotado de um sofisticado módulo de optrônico, câmera diurna, térmica e telêmetro laser TECNOLOGIA & DEFESA 21
| BRASIL |
O
futuro dos
Qual caminho o Exército 40 TECNOLOGIA & DEFESA
carros de
JoĂŁo Paulo Morales / Gino Marcomini
combate
Brasileiro deve seguir? Paulo Roberto Bastos Jr.
TECNOLOGIA & DEFESA 41
ombeiros do B as 24 horas do dia, da Base de Aviação de Taubaté (BAvT), helicópteros de combate, cumprindo missões operacionais ou voos de instrução e formação, circulam pelo pátio e pista de decolagem.
Exército
De tipos de menor porte como o HA-1 Fennec até modelos maiores como o HM-1 Pantera e HM-4 Jaguar, em média, por ano, são quase 18 mil pousos e decolagens. A segurança dessa intensa movimentação também passa por um grupo de 43 especialistas bombeiros de aeródromo do Serviço de Prevenção, Salvamento e Combate
Textos e fotos: João Paulo Moralez 60 TECNOLOGIA & DEFESA
TECNOLOGIA & DEFESA 61