Como eu trato: Esquizofrenia Prof. Dr. Helio Elkis Prof. Associado- Departamento e Instituto de Psiquiatria- FMUSP Coordenador do Projesq- Programa Esquizofrenia- Ipq Presidente- Centro de Apoio a Pesquisa- IPq
Helio Elkis Declaração de Conflito de Interesses 2010-2011
Atividade
Instituição/Companhia
Honorários / Auxílio para congressos
Astra-Zeneca, Janssen, Lilly, Novartis
Verbas de Pesquisa Consultoria
Speaker’s Bureau
Fapesp, Janssen, Roche, Novartis Astra-Zeneca, Janssen, Pfizer Astra- Zeneca, Janssen, Merck-Sharp Dohme, Novartis
Evolução Longitudinal e Transversal de um caso de Esquizofrenia
Psicose
cesariana
0 infância
13 anos
Demora para ficar em pé anda com 1,5 Sintomas e Sinais
Timidez Poucas Amizades
17- 25
1ª inter.: 17a “Transtorno Bipolar”
Delírios e alucinações persistentes
• Isolamento social
Internações
Embotamento afetivo-volitivo
• Sintomas de depressão
Resposta parcial a vários antipsicóticos
Disfunção socioocupacional
maconha
Pré-mórbido
35
• Piora no desempenho e abandono escolar • Agressividade com os colegas e família
Dificuldades escolares Estágios da doença
14-17
Prodrômico
Progressivo
Crônico
Modelo a partir de Lieberman et al, Biol Psychiatry 50: 884-97, 2001
Evolução da Esquizofrenia Início da psicose: alterações da neutransmissão Estágio do Feto, desenvolvimento criança
puberdade e adolescência
Adulto jovem
Adulto
Idoso
normal Nível fincional Muito comprometido Estágio da doença Estágio Fisiopatológico
Desenvolvimento da resistência aos tratamentos
Início da Psicose Pré-mórbido
Prodromico
Progressivo
Crônico
Processos neurodegenerativos limitados
Processos do Neurodesenvolvimento
Jarskog & Gilmore. Textbook of Schizophrenia APP, 2006
Cronificação, Deterioração e do desenvolvimento de Refratariedade
Estágio do Feto, desenvolvimento criança
puberdade e adolescência
Adulto jovem
Adulto
Idoso
normal Nível funcional
Cronicidade Início da Psicose
Muito comprometido Estágio da doença Estágio Fisiopatológico
Pré-mórbido
Prodrômico
Progressivo
Crônico
Processos neurodegenerativos limitados
Processos do Neurodesenvolvimento
Jarskog & Gilmore, Textbook of Schizophrenia APP, 2006
Tratamento da Esquizofrenia Prevenção de Recaídas e Recuperação
Saúde
Início e progressão
Piora dos Sinais e sintomas
Pré-mórbido
0
10
Prodrômico
Prevenção de Recaídas
20
Progressivo
30
Recuperação
Crônico
40
50
anos
Lieberman et al, 2008
Dimensões sintomatológicas atuais da Esquizofrenia
Cognitiva Atenção Memória Abstração Funções executivas
Negativa Embotamento Afetivo Alogia Abulia Anedonia Positiva Delírios Alucinações
Esquizofrenia Humor/Ansiedade Depressão/Exaltação Ansiedade
Desorganização Desorganização do Pensamento Comportamento bizarro
Lindenmyer J et al, Schizophr Res 68: 22-31, 1995
Resposta, Remissão e Recuperação
Recuperação
Remissão
Resposta
Adaptado de Weiden P, et al. J Clin Psychiatry. 1996;57(suppl 11):53-60.
Objetivos do tratamento da esquizofrenia
Reduzir os sintomas agudos: alcançar Resposta Procurar atingir a Remissão
Manter a Adesão: Evitar Recaídas Promover a Recuperação: funcionamento social e vocacional independente Peuskens, 2009
Evolução do Tratamentos dos Transtornos Psicóticos
30
40
50
ECT Insulinoterapia/ Psicocirurgia
60
70
Haloperidol Flufenazina Tioridazina Loxapina Perfenazina
80
90
00
Clozapina Risperidona Olanzapina Quetiapina Ziprasidona
Clorpromazina
Antipsicóticos 1a Geração
Paliperidona Risperidona AP Quetiapina XRo Asenapina
Aripiprazol
Antipsicóticos 2a Geração
Duas eras de tratamento pré- neuroléptica x neuroléptica Estudo Seguimento N
Má evolução
(anos)
Stearns 1912
5
395
Rosanof 1914 5 Rupp 1940 10
169 641
Holmboe and Astrup 1957 18 Era Pré-Neuroléptica Astrup 1962 20
255 1102
Huber et al 1980 22
500
Kua et al 2003 20
216
Lee et al 1998 15
100
Wiersma et al 2000 15 Bland and Orn 1978 14
299 43
Masson et al 1995 113 Murphy and Raman 1971 12
63 90
Leon 1989 10
101
Thara et al 1994 10
90
Solokangas 1983 8 Stephens 1978 10
175 349
Waxler 1979 Kulhara and Wig 1978
6 6
89 174
Biehl et al 1986
5
70
Shepherd et al 1989
5
49 0
Perkins, Andersen, Lieberman, 2006
10
20
30
Evolução satisfatória
Boa evolução
40
80
50
Proporção
60
70
90
100
Hipótese Dopaminérgica Inicial Antagonismo Dopaminérgico Melhora dos sintomas Sintomas Positivos associado ao Bloqueio D2
SEP
Bloqueio de D2 SEP = sintomas extrapiramidais. DA = Dopamina
Hiperprolactinemia
Melhora dos sintomas positivos
Hipótese Dopaminérgica da Esquizofrenia Reformulada Hipoatividade Receptores D1 corticais sintomas negativos
Via nigroestriatal (parte do SEP)
Via mesolímbica-D2 Via tuberoinfundubular (inibe liberação de prolactina)
Hiperatividade: sintomas positivos
SEP = sistema extrapiramidal
Javitt & Laruelle, 2006
Bloqueio de Receptores D2 e dose dos antipsic贸ticos
Creese et al, 1976
Ação dos antipsicóticos sobre o sistema Dopaminérgico e Serotoninérgico (PET)
Controle
Haloperidol
Clozapina
Risperidona
Sedvall e Farde, Lancet 346 (8977):743-9 ,1995
Tamanho do Efeito
Antipsicóticos de Segunda Geração vs. Haloperidol Eficácia diferencial
1,0
0,0
-1,0
Davis et al Arch Gen Psychiatry. 60(6):553-64, 2003.
Efetividade aos Antipsicóticos de Segunda Geração 1,0
Clinical Antipsychotic Trials for Intervention
Proporção dos pacientes sem o evento
0,9
Effectiveness (CATIE)
0,8 0,7 0,6
Olanzapina (n=330)
0,5 0,4
Risperidona (n=333)
0,3
Perfenazine (n=257) Ziprasidona (n=182) Quetiapina (n=329)
0,2 P=0,001 (olanzapina vs quetiapina) P=0,002 (olanzapina vs risperidona)
0,1 0,0 0
3
6
9
12
15
18
Tempo de abandono por qualquer causa em meses Lieberman et al, NEJM 353: 1209-23, 2005
Meta-anรกlise depot x orais Abandonos de tratamento por qualquer causa
Study of subgroup
Depot
Oral
Risk Ratio
Risk Ratio M-H, Random, 95% CI
Events
Total
Events
Total
Weight
M-H Random, 95% CI
Arangi 2005
2
26
3
20
0,4%
0,51 [0,09, 2,78]
Barnes 1983
5
19
5
17
1,0%
0,89 [0,31, 2,56]
Del Guidece 1975
8
27
11
31
2,0%
0,84 [0,39, 1,77]
Faloon 1978
8
20
8
24
1,8%
1,20 [0,55 2,62]
Gaebel 2010
204
355
235
355
54,6%
0,87 [0,77, 0,98]
Potapov 2008
8
20
9
20
2,1%
0,89 [0,43, 1,83]
Rifkin 1977
13
23
7
28
2,0%
2,26 [1,08, 4,71]
Schooler 1979
94
143
106
147
36,0%
0,91 [0,78, 1,06]
642
100%
0,90 [0,81, 1,01]
Total (95% CI) Total events
633 342
384
Hetrogeneity: Tau2= 0,00; Chi2= 7,46, df= 7 (P=0,38); I2=6% Test for overall effect: Z= 1,86 (P=0,06)
0,5 0,7 1
1,5 2
Leucht et al, 2011
Principais antipsicóticos disponíveis no Brasil Antipsicótico
Doses recomendadas (mg/) Efeitos colaterais Primeira geração, convencionais ou típicos Clorpromazina 100-1000 Sedação, hipotensão, efeitos anticolinégicos Levomepromazina 100-1000 Sedação, hipotensão, afeitos anticolinégicos Tioridazina 100- 800 aumento do QTc Trifluoperazina 2-30 Sedação, SEP Pimozida 10- 30 aumento do QTc Penfluridol 20-60 Sindrome Extra-Piramidal (SEP) Haloperidol 5-20 SEP De segunda geração ou atípicos Clozapina 100-800 Alterações da , SM, anticolinérgicos Risperidona 2-8 SEP, aumento da prolactina, Risperidona Injetável 25 a 37,5 mg quinzenalmente Síndrome Metabólica S(M) de Prolongada Olanzapina 10-30 SM Quetiapina 300-800 Sedação, SM Ziprasidona 120-160 Sedação Aripiprazol 10-30 SEP Paliperidona 6 -12mg Sonolência,hipotensão, taquicardia e aumento da prolactina Elkis e Louzã, Clinica Psiquiátrica, 2011
1- Diagnóstico de Esquizofrenia ou Transtorno Esquizoafetivo SEMPRE considerar A.
Risco de Suicídio
B.
Catatonia ou SNM
C.
Agitação/ Violência
D.
Falta de Adesão
E.
Depressão ou sintomas de Humor
F.
Abuso de substâncias
G.
Fase Prodrômica ou primeiro episódio
H.
Efeitos colaterais induzidos
2- Considerar aspectos iniciais e críticos que influenciam o tratamento e a escolha da medicação (aqui e em cada ponto subseqüente) MONOTERAPIA 3 - 4 a 6 semanas de tratamento com um Atípico (AMI, ARIP, OLANZ, QUET, RISP ou ZIP) ou, se não estiverem disponíveis, usar HAL, CLOR ou outro Típico
NÃO
4- Dose, duração tolerabilidade adequadas
NÃO 5-Psicose persiste após ajuste de dose? MONOTERAPIA 6- 4 a 6 semanas de tratamento com um Atípico (AMI, ARIP, OLANZ, QUET, RISP ou ZIP) ou, se não estiverem disponíveis, usar HAL, CLOR ou outro Típico NÃO 7- Tratamento adequado? NÃO 8-Psicose ou DT após ajuste da dose? 9- Tratamento com CLOZ por 6 meses até 900 mg/dia
11- Otimizar ou potencializar CLOZ com ECT, antipsicóticos ou outros medicamentos
SIM
10-Sintomas persistem?
NÃO
12- Fase de Manutenção
Para ser usado somente por profissionais de saúde e não por pacientes
IPAP- Algoritmo para o tratamento da Esquizofrenia
Copyright International Psychopharmacological Algorithm Project (IPAP) www.ipap.org
Síndrome Metabólica e Antipsicóticos: acompanhamento
Basal
4 semanas
8 Semanas
12 semanas
Trimestral
Anual
Historia Pessoal e Familiar
+
Peso (IMC)
+
Circunferência Abdominal
+
Pressão Arterial
+
+
+
Glicemia
+
+
+
Perfil Lipídico
+
+
+
+ +
+
+
+ +
Elkis et al, 2008
Cronificação, Deterioração e do desenvolvimento de Refratariedade
Estágio do Feto, desenvolvimento criança
puberdade e adolescência
Adulto jovem
Adulto
Idoso
normal Desenvolvimento da refratariedade
Nível funcional
Início da Psicose
Muito comprometido Estágio da doença Estágio Fisiopatológico
Pré-mórbido
Prodrômico
Progressivo
Crônico
Processos neurodegenerativos limitados
Processos do Neurodesenvolvimento
Jarskog & Gilmore, Textbook of Schizophrenia APP, 2006
Esquizofrenia Refratária 30%- 40% dos pacientes com Esquizofrenia Quando comparados a pacientes Não Refratários (Responsivos) apresentam Maior número de internações Maiores taxas de suicídios Pior qualidade de vida Maior gravidade psicopatológica Maiores perdas cognitivas Maiores custos financeiros e psicossociais
Meltzer e Kostakoglu, 2001; Elkis, 2007
Critérios para esquizofrenia refratária Kane et al, 1988
Conley et al, 2001
• 3 tratamentos com antipsicóticos • 2 tratamentos de 4-6 semanas (duas classes químicas diferentes) com doses 400-600mg de nos últimos 5 anos, sem melhora clorpromazina ( 8-12 mg de haloperidol, sem resposta) • BPRS >45 com 2 dos itens “positivos” ≥3 : desorganização conceitual, delírios, alucinações ou desconfiança; CGI 4 (moderadamente doente)
• Persistência da doença: 5 anos de mal funcionamento
• Sintomas psicóticos • Falha em reduzir o BPRS em 20%/ persistentes: <35 ou CGI <3, com 60 mg de BPRS> 45 e >4 em dois itens haloperidol por 6 semanas “positivos”
Remington in Elkis e Meltzer, 2010
Antipsicoticograma
Jan Apr Jul
Oct Jan Apr
2006
Jul
2007
Oct Jan Apr
Jul
Oct
2008
Jan Apr
Jul
Oct
2009
Apr 2010
Relapse of psychosis
First psichotic episode Olanzapine
Olanzapine Aripiprazole Olanz.
ECT Olanzapine Risperidone consta
Paliperidone
Olanzapine Clozapine Risperidone Flupertixol
2006 Jan Apr Jul
2007
2008
Oct Jan Apr Medication
Jul
2009
Oct Jan Apr
Episode of illness
Jul
Oct
Admission
Jan Apr
2010 Jul
Oct
Apr
ECT
Lambert in Elkis e Meltzer, 2010
Mortalidade por antipsic贸ticos
Tiihonem et al, 2009
Efetividade dos Antipsicóticos: redução de risco de hospitalizações em 242 pacientes após alta do IPq Probabilidade cumulativa de não ser internado
1,1 1,0
Clozapina= 59 0,9 0,8 APG = 70 0,7
ASG= 113
0,6 0
200
400
600
800
1000 1200
Dias *“Logrank” χ2 = 6,59; df=2; p=0,037 entre três grupos “logrank” χ2 = 6,24; df = 1; p = 0,0125 entre ASG x Clozapina Werneck, Hallak, Nakano e Elkis: aceito Psychiatry Research
Freqüências de Esquizofrenia NãoRefratária, Refratária e Super- Refratária
Esquizofrenia Refratária 30-40% Esquizofrenia NãoRefratária 60-70%
Esquizofrenia Super- Refratária 10%
Elkis H, Psych Clin North Am 30: 511-33, 2007
1- Diagnóstico de Esquizofrenia ou Transtorno Esquizoafetivo SEMPRE considerar A.
Risco de Suicídio
B.
Catatonia ou SNM
C.
Agitação/ Violência
D.
Falta de Adesão
E.
Depressão ou sintomas de Humor
F.
Abuso de substâncias
G.
Fase Prodrômica ou primeiro episódio
H.
Efeitos colaterais induzidos
2- Considerar aspectos iniciais e críticos que influenciam o tratamento e a escolha da medicação (aqui e em cada ponto subseqüente) MONOTERAPIA 3 - 4 a 6 semanas de tratamento com um Atípico (AMI, ARIP, OLANZ, QUET, RISP ou ZIP) ou, se não estiverem disponíveis, usar HAL, CLOR ou outro Típico
NÃO
4- Dose, duração tolerabilidade adequadas
NÃO 5-Psicose persiste após ajuste de dose? MONOTERAPIA 6- 4 a 6 semanas de tratamento com um Atípico (AMI, ARIP, OLANZ, QUET, RISP ou ZIP) ou, se não estiverem disponíveis, usar HAL, CLOR ou outro Típico NÃO 7- Tratamento adequado? NÃO 8-Psicose ou DT após ajuste da dose? 9- Tratamento com CLOZ por 6 meses até 900 mg/dia
11- Otimizar ou potencializar CLOZ com ECT, antipsicóticos ou outros medicamentos
SIM
10-Sintomas persistem?
NÃO
12- Fase de Manutenção
Para ser usado somente por profissionais de saúde e não por pacientes
IPAP- Algoritmo para o tratamento da Esquizofrenia
Copyright International Psychopharmacological Algorithm Project (IPAP) www.ipap.org
Esquizofrenia Super Refratária (ESR) Também chamada resposta incompleta a clozapina ou resistência a clozapina. Ausência de remissão, mesmo com o uso da clozapina, sobretudo dos sintomas positivos e de desorganização. Pelo menos um terço dos pacientes refratários são posteriormente diagnosticados como super refratários. BARBUI et al, 2008
Elkis H, Psych Clin North Am 30: 511-33, 2007
ESR: Critérios diagnósticos
Tratamento com clozapina ≥ 8 semanas Níveis plasmáticos > 350 μg/L e melhora do BPRS < 20% Sem um período de bom funcionamento social/ ocupacional ≥ 5 anos com GAF ≤40 BPRS ≥ 45 com escores ≥ 4 em dois itens positivos ; CGI ≥ 4 Remington in Elkis e Meltzer, 2010 [baseado em Mouffak et al, 2006]
A politerapia antipsic贸tica funciona?
Barbui et al, 2009
Estratégias farmacológicas e não farmacológicas de potencialização da clozapina Antipsicóticos Clorpromazina, Pipotiazina, Amisulpride, Sulpiride Risperidona
Estabilizadores do Humor Lítio,Lamotrigina, Topiramato
Agentes glutamatérgicos Glicina, D- Cicloserina, D- Serina,CX15= 2 estudos
Ácidos graxos Etil- ecopentosanoico
Nootrópicos Donepezil
ECT EMT Terapia Cognitivo Comportamental Remington; Champatana in Elkis e Meltzer, 2010
Potencialização da Clozapina com Lamotrigina
Tiihonem, 2009
Intervenções Psico- Sociais na Esquizofrenia
Psicoterapias Individuais Treino de Habilidades Sociais (THS) Intervenções Familiares (Psicoeducação) Emprego Protegido Tratamento comunitário assertivo
Mueser e McGurk, 2004; Swartz, Lauriello e Drake, 2006
Obrigado! helkis@usp.br