16092013

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Alternância da Onda T Sistemas de avaliação e protocolos

Dr. Horácio Gomes Pereira Filho – INCOR HCFMUSP


Onda T e repolarização ventricular

• Repolarização no ECG : – Segmento ST e onda T (Intervalo QT).

Soma da repolarização de todas as regiões e células do miocárdio

Somatório de todos os potenciais de ação dos miócitos.

• Se onda T normal = Repolarização ventricular normal.


Repolarização Ventricular

Repolarização Ventricular anormal – Alerta para a Morte Súbita Cardíaca (MSC) Morte Súbita Cardíaca

Repolarização Ventricular Anormal


Morte Súbita Cardíaca


Como avaliar a Repolarização Ventricular? Índices de Repolarização Ventricular

• • • • • • • • •

Eletrocardiograma de repouso. Vetorcardiograma. ECG de alta resolução Teste ergométrico. Holter, Looper Variabilidade da FC Turbulência Cardíaca Análise do Segmento ST Table Tilt Test

• • • •

• • • •

Duração do intervalo QT Dispersão do intervalo QT Tempo de Repolarização Ventricular (intervalo JT e dispersão de JT) Início da Repolarização Ventricular (Qta - onda q ao ramo ascendente da onda T) Final da Repolarização Ventricular (intervalo do pico de onda T - final da onda T) Área de T / Área total onda T Alternância / Microalternância de onda T Variabilidade de T Análise da onda U


Instabilidade Primária X Secundária à Arritmias Medidas Clínicas Intervalo QT Dispersão do QT Potenciais Tardios Micro-alternância da onda T

Turbulência da Freq.Cardíaca


O que é alternância de T ? Flutuação persistente na amplitude ou na morfologia da repolarização ventricular (segmento ST, ondas T e U) a cada par de batimentos no registro de ECG.

Alterações de amplitude do ST que se repetem a cada 2 batimentos, criando um padrão para batimentos, pares e ímpares. JACC (2006) 47: 269-281


ALTERNÂNCIA DE T: Macro e Micro

MACRO-alternância de T

MICRO-alternância de T

Circulation August 4, 2009

Heart Rhythm, Vol 6, No 3, March 2009


ALTERNÂNCIA DE T: Cronologia

Histórico • Curiosidade eletrocardiográfica • Transição do foco : da Macro para a MicroMicro-alternância • Impacto na estratificação do risco • Base Experimental sólida

Primeira metade Século XX

Década de 80

Década 1990/2000

Atualidade


Micro-alternância : gênese e bases fisiopatológicas.



Micro--alternância : gênese e bases fisiopatológicas. Micro • Aumento na dispersão da repolarização • 2 mecanismos distintos, simultâneos ou não – Dispersão Espacial – Dispersão Temporal

JACC (2006) 47: 269-281


DISPERSÃO da Rep.Ventricular “Dispersão da RV, significa: tempos distintos de recuperação do miocárdio ventricular, ou uma repolarização , temporalmente, não uniforme”

Antzelevitch,C.Circ.Res.69,1427-49,1991


Micro-alternância : gênese e bases fisiopatológicas. Importância na Repolarização Ventricular. Dispersão Espacial (transmural transmural)) da refratariedade refratariedade: Origina alternâncias na propagação e na repolarização (Circulation 1977,56:217-24) Heterogeneidade Temporal (bat/bat) da repolarização: Alternância batimento a batimento da duração do PA da célula M comparada com as células EPI e ENDO (Circulation 1999,99:1499-507)


Dispersão Espacial Regiões distintas possuem PAs distintos Dispersão Intramural Dispersão Transmural DISPERSÃO DA REPOLARIZAÇÃO Ápico--Basal Ápico Intramural Antero--posterior Antero Transmural (ENDO EPI)


Dispersão Espacial – Transmural

Célula M • Histologia semelhante ao ENDO e EPI • Eletrofisiologia distinta • Farmacologia distinta • Ventrículos –Cão, coelho, porco, homem, porco-da-índia Eur Heart J Supplements (2001) 3: K2-K16


Dispersão Temporal 2 mecanismos – Alternância de origem primária elétrica – Alternância de origem primária química


Dispersão Temporal – Origem Elétrica

Curva de Restituição Elétrica: Duração do PA X Intervalo Diastólico

Physiol Meas (2004) 25: 10131013-1024


Dispersão Temporal – Origem Química  Íon Ca2+  Papel importante  Fase 02 do PA (Platô)  Acoplamento eletromecânico (liberação das reservas do RS, contração muscular)

R.L. Verrier, M. Malik / Journal of Electrocardiology (2013) in press


Dispersão Temporal – Cálcio (“faísca diastólica)

R.L. Verrier, M. Malik / Journal of Electrocardiology (2013) in press


Dispersão Espacial e Temporal Ativação Repolarização

Bat 1

Bat 2

Mapas Isócronos e PA registrados durante isquemia Am J Physiol Heart Circ Physiol (2005) 288: H400-H407


Então se.... •

A repolarização normal é a soma dos Potenciais de Ação intracardíacos que se ativam uniformemente e com dispersão normal...Temos PA s uniformes (pouco alternantes)

A dispersão da repolarização anormal está aumentada, tanto espacial quanto temporalmente, os PA se ativam com variações, nãouniformes...Temos alternância dos PAs ( PA intracardíacos alternantes)


Potenciais discordantes  FV!

Verrier et al, JACC Vol. 58, No. 13, 2011, 1309 –24


Saindo do laborat贸rio....... laborat贸rio

.... E indo para a pr谩tica cl铆nica.


Alternância de PA e Onda T •

22 pacientes para EEF – 10 sem TV induzida ou TWA (-) – 12 com TV induzida ou TWA (+) – Grupos semelhantes para idade, gênero, FEVE, etiologia da cardiomiopatia

Pacientes com CMP do grupo EEF(+) ou TWA(+) – Maior heterogeneidade na repolarização na região anteroseptal dos ventrículos • VD-ENDO e VE-EPI Am J Physiol Heart Circ Physiol 290: H79– H79–H86, 2006.


Alternância de PA e Onda T 14 pacientes, FEVE 29 ± 2% ECG de 12 derivações e registros intracardíacos conforme estudo anterior

J Am Coll Cardiol 2007;49:338–46)

Alternância no PA – Dispersão espacial e temporal não uniforme – Magnitude aumenta com a FC – Número de sítios com alternância aumenta com a FC


PRIMEIRA CONCLUSÃO Alternância de Onda T Medida da dispersão da repolarização Relacionada com : Alternância na repolarização celular Mas qual a sua real importância no estudo da repolarização ventricular?


Tipos de Alternância •

ALTERNÂNCIA CONCORDANTE – PAs alternantes em fase – Período refratário de cada PA relativamente uniforme

Pequeno aumento na dispersão •

ALTERNÂNCIA DISCORDANTE – PAs alternando fora de fase em diferentes regiões do tecido  Grande aumento na dispersão Circulation (2005) 112: 12321232-1240

Circulation (1999) 99: 13851385-1394

MAOT é o equivalente clínico da Alternância dos PA intracardíacos


Alternância de PA, onda T e FV Circ Res (2002) 91: 727727-732

ALTERNÂNCIA

FV

Alternância de T: 1º. passo na escada! Alternância concordante

Alternância discordante

Circulation (2003) 108: 2704-2709

 Dispersão da Repolarização

Circulation (2005) 112: 1232-1240 Circulation (1999) 99: 1499-1507 Circulation (1999) 99: 1385-1394

.

Heart Rhythm. 2009 March; 6(3): 416–422

Bloqueio unidirecional Reentrada

Fibrilação


Alternância de T no modelo de arritmias A extra-sístole, em si, não traz as respostas

 Dispersão

Repolarização + longa

Reentrada

• Heterogeneidade do tecido • FATORES DINÂMICOS CELULARES Fibrilação

Alternância do PA é uma medida direta

Disponível como micromicro-alternância de T


Atenção!!!!! • Não faz sentido pensar em pessoas com MAOT nula!  Todos temos um grau de MAOT • MAOT é dependente da FC – Para FC altas, MAOT é normal • MAOT é dependente da estimulação adrenérgica – Quaisquer indivíduos possuem uma MAOT basal – Problemas: • MAOT basal for alta • MAOT basal altamente responsiva à FC e adrenalina


Alternância e Flutuações Fisiológicas  Características da MAOT como preditor de arritmias são afetadas por flutuações fisiológicas

HOLTER 24h Início TV

T 1 2

Valor TWA basal

-120

-60

-30

-10 0

min

42 pacientes com TV espontânea e sustentada

Circulation 2006;113:2880 2006;113:2880--2887


Circulation 2004;109:1864-1869

Alternância e Estresse X Exercício FASE TWA (V)

ΔFC (bpm)

TWA (basal)

15,8 ±0,8

-

TWA (resposta à raiva)

21,3 ±1,6

9,7 ± 7,7

TWA (aritmética mental)

24,7 ±1,7

14,3 ± 13,3

TWA (4 min pós-estresse)

25,4 ±3,4

ND

Exercício (Estágio 01)

31,1 ±2,6

ND

Exercício (Pico)

35,5 ±3,1

53,7 ± 22,7

p < 0,05

p < 0,05

p < 0,01


SEGUNDA CONCLUSÃO

Alternância de T é uma medida indireta do substrato arritmogênico dinâmico Mas como avaliá-la?


Sistemas de Avaliação de MAOT • Aproximadamente 10 metodologias diferentes – Desenvolvidas entre as décadas de 1980-2000

• Somente 2 são comercialmente disponíveis – Método Espectral – Média Móvel Modificada


Sistemas de Avaliação • Onda T alternante

Média Móvel Modificada

– Padrão ABABAB

E

Método Espectral – FREQÜÊNCIA: 0,5 cpb (ciclos por batimento)


Método 01: Método Espectral

1ª. publicação com humanos: 1994

Alternância (ΔA) = (Pico onda T)B – (Pico onda T)A Freqüência = 0,5 cpb (ciclo por batimento)

1 ciclo ∆A A t1

B t2

A t3

B t4

A

B

A

B

A


128 batimentos alinhados

MĂŠtodo Espectral


Método Espectral Transformada de Fourier

O mesmo ponto em 128 batimentos consecutivos Espectro de Freqüências (Quais freqüências estão presentes naquele trecho e com que potência)


MĂŠtodo Espectral

Para 128 pontos igualmente espaçados, ao longo dos 128 batimentos


Método Espectral Calcula-se a média dos 128 espectros

Respiração

Pedalada

TWA2

Valor de TWA no laudo é a raiz quadrada desta medida

Freqüência da micro-alternância Faixa de freqüências para medição do ruído (0,44 – 0,49 cpb)


MĂŠtodo Espectral


MĂŠtodo Espectral


MĂŠtodo Espectral


Método Espectral • Resultado : Positivo, Negativo, Indeterminado • Teste positivo se: – Houver MAOT sustentada ao repouso. – Houve MAOT sustentada < 110 bpm. – Magnitude > 1,9 micro V ( 1 der. ortogonal ou 2 precordiais) – Score K > 3,0 (Razão entre poder de alternância e o DP do ruído). • Ruído : descrecido do valor de MAOT obtido (0,44 – 0,49 cpb)


Método 02: Média Móvel Modificada • MÉDIA – Média aritmética de N batimentos • MÓVEL – São sempre incluídos novos batimentos no cálculo da média, 1 por vez – Janela deslizante (cálculo contínuo). • MODIFICADA – Batimentos intercalados (Grupos A e B) – Pesos para a soma de cada novo batimento


Separa os batimentos em 2 grupos:

A

A – ímpares B – pares 1ª. publicação com humanos: 2002

Média Móvel Modificada

B


Média Móvel Modificada Média do Grupo

Cálculo iterativo dos batimentos médios

Próximo Batimento válido

1/x Grupo A ou Grupo B

INCREMENTO FRACIONADO  x = 8, 16, 32 ou 64  Para x menor

Atualização mais rápida da média ► Maior resposta a variações transitórias ►


Média Móvel Modificada Média Grupo A Média Grupo B

TWA

Medidas de ruído efetuadas ao longo do segmento TP





Média Móvel Modificada • Positivo ou Negativo / Presente ou ausente • Análise de MAOT até 125 bpm. • Teste ergométrico (durante o exercício): – Para pacientes com risco de MSC : > 47 microVolts – Para populações de baixo risco: > 65 microVolts • Holter: – Positivo > 47 microvolts. • Ruído: até 20 microvolts.


Comparação entre métodos Média Móvel Modificada (MMM)

Método Espectral (ME)

Domínio do tempo INDEPENDENTE da FC SEM eletrodos especiais COM validação visual

Domínio da freqüência Dependente da FC Com eletrodos especiais Sem validação visual

HOLTER,, Esteira, Bicicleta, Pacing

Esteira, Bicicleta, Pacing

DIFERENÇA TOTAL entre A e B

½ Diferença média entre A e B

Ex: Seqüência da batimentos com alternância máxima de 30 30V, acumulada de 40 40V, onda T de 150ms.MMM: TWA = 30 30V ,ME: TWA = 4,6 V


Comparação entre métodos Ruído nas derivações Medido no segmento TP MMM

ME

Desconsiderado na estimativa da TWA. Analisado separadamente Medido na faixa de freqüências 0,44–0,49 cpb Estimativas de TWA ajustadas pro ruído ►

Ectopia / Batimentos inválidos

Duração mínima da Alternância

< 25% de batimentos excluídos no cálculo de cada média

≥ 15 s

< 30% durante fase de exercício

≥ 60 s

Performances clínicas similares entre métodos!

 Pacing Clin. Electrophysiol. 2007; 30:35230:352-358



MAOT após IAM 1041 pacientes 79% homens Teste de TWA 14 dias após IAM Sensibilidade 81% 2006 Ikeda T, Yoshino H, Sugi K, et al Am Coll Cardiol 2006;48:2268 2006;48:2268––2274

V. P. N. 99, 6%


Impacto do CDI na MCP Isquêmica 2002 MADIT II Redução 31% na mortalidade Colocação de CDI x tratamento convencional Pós IAM, baixa FE 2005: Indicação CDI para todos do perfil MADIT

Am J Cardiol 2005;95:1487 2005;95:1487––1491 1491..

Custo –Benefício?


MAOT e terapia com CDI MAOT NORMAL X ANORMAL

2004 Bloomfield et al. Microvolt T-Wave Alternans and ICD Therapy

MADIT II – NNT 18 . Se MAOT anormal : NNT 7 Circulation 2004;110:1885– 2004;110:1885–1889.


MAOT E DISFUNÇÃO VENTRICULAR ESQUERDA (EPHESUS)

• • • •

Sub-estudo SubHolter (MMM) 493 pacientes 46 óbitos (18 MSC) MSC

Resultados MSC : TWA ≥ 47 µV para V1 mod. (RR =5,2,P=0.002) e V3 mod. (RR =5,5 p< 0,001) Stein at al .J. Cardiov Cardiov.. Electrophysiology vol.19, 10: 10371037-1042


MAOT e atletas

Inama G et. Al. Ann Noninv Electrocardiol 2008;13:14 2008;13:14––21


MAOT na população geral (FINCAVAS) • Finnish Cardiovascular Study • 1037 pacientes (10/01 a 01/03) • TE em bicicleta • Resultados MAOT forte preditor para MSC – MAOT > 46µV → RR :2,9 – MAOT> 65 µV → RR : 7,4 Nieminen at al al.. Eur H Journal (2007) 28,223228,2232-2337


MAOT na população geral (FINCAVAS)

Heart J 2007;28:2332– 2007;28:2332–2337


Valores normais TWA-MMM Estudo

Ano

Cut-off(microV)

Fator

Tec.

ATRAMI

2003

40-70

1/8

Holter

Cox et al.

2006

10,75

1/16

Pace atrial

REFINE

2007

20-60

1/8

Holter Exerc.

EPHESUS

2008

43 -47

1/8

Holter

FINCAVAS

2007

45-60

1/8 e 1/32

Exerc.


Gradientes de MAOT e mortalidade

A cada 20 µV de elevação da MAOT, aumenta-se o risco de MSC em 58%



Subtrato Anatômico

Indução

(Fibrose)

+ Substrato Eletrofisiológico (Extra-sístole)

+

MICROMICROALTERNÂNCIA Arritmia DA ONDA T (MAOT)

Deflagradores (Isquemia) Adaptado de Myerburg RJ at al. Am J Cardiol 63:1512,1989

Morte Súbita Cardíaca

Manutenção


Perspectivas para MAOT • Excelente desempenho prognóstico : Valor Preditivo Negativo. • Compara-se como método não invasivo de estratificação de risco cardíaco ao EEF em indivíduos portadores de cardiopatia isquêmica. • MAOT MMM é mais acessível sob o ponto de vista de aplicação, realização e interpretação do que MAOT ME. • Aumento da experiência clínica adquirida com o método (novos estudos) .


No fim das contas... •

Alternância de Onda T 1. Medida da dispersão da repolarização 2. Relacionada com •

Alternância na repolarização celular

3. Medida indireta do substrato arritmogênico dinâmico

Ao analisar resultados sobre Alternância de T, sempre levar em consideração o método usado na medição


Muito obrigado!


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