Utilidade e aceitação das teleconsultorias: estudo de revisão bibliográfica Sandra Silva Mitraud Ruas – Mestre em Saúde Pública - Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMSA), Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
Neuslene Rievrs de Queiroz - Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Renata Trad - Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
OBJETIVOS As teleconsultorias estão disponíveis para os médicos dos Centros de Saúde de Belo Horizonte (Minas Gerais) desde 2006 e tem apresentado baixa adesão. O presente estudo tem como objetivo conhecer a situação da teleconsultoria no mundo e identificar modelos teóricos que permitam conhecer os fatores de aceitação no contexto de Belo Horizonte.
MÉTODOS Foram realizadas pesquisas nas bases de dados SCIELO, LILACS E MEDLINE, a partir dos seguintes descritores: referral and consultation, remote and consultation, telemedicine, Primary Health Care, Health Services Evaluation. Dos artigos recuperados (N=920), foram selecionados 21de acordo com critérios de seleção (avaliação da utilidade, avaliação da utilização, fatores relacionados ao uso) e exclusão (descrição de projetos piloto). Foram acrescentados 4 estudos identificados de acordo com a experiência dos autores.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Estudos experimentais revelam que as teleconsultorias são válidas e confiáveis em diversas especialidades e que têm potencial efetivo em reduzir os encaminhamentos para atenção secundária. Também foram encontrados bons resultados em relação à satisfação de médicos e pacientes. Ainda assim, sua utilização não tem ocorrido em escala significante em muitos países. Alguns autores aprofundaram-se nessa questão abordando a telessaúde como uma inovação. A Teoria da Difusão da Inovação defende que a difusão de uma inovação sofre a influência de cinco grupos de variáveis: atributos da inovação, tipo de uso (voluntário, consensual ou obrigatório), canais de comunicação empregados na
divulgação, contexto social e influência dos agentes promotores de mudança nas organizações. O Modelo da Aceitação de Tecnologia foca no indivíduo e sugere que a intenção voluntária para usar uma inovação é determinada pela percepção individual de facilidade e de utilidade. O Modelo de Adoção e Utilização Continuada, por sua vez, combina elementos das duas teorias anteriores. Nas fases iniciais, a influência social (gestão de topo, supervisores, pares e amigos) seria o principal determinante da intenção de adotar uma tecnologia. Para a continuidade do uso, teriam mais peso às variáveis individuais, especialmente a utilidade percebida. Diversos estudos têm utilizado essas teorias e suas variações para identificar fatores de adesão à telessaúde. Alguns autores propõem uma sistematização dos fatores de adoção da telessaúde
nas
seguintes
categorias:
fatores
tecnológicos,
ambiente
organizacional, variáveis individuais e ambiente externo. Estes fatores podem variar de acordo com o tipo de aplicação de telemedicina empregada e podem interagir entre as categorias, influenciando o sucesso ou fracasso da telemedicina. Em uma pesquisa de revisão sistemática, o tempo requerido no uso aparece como principal barreira e como fatores preditores positivos aparecem o suporte organizacional, o treinamento, a experiência e a familiaridade com tecnologia. Estudo conduzido no setor público de saúde de Hong Kong identificou a atitude dos médicos em nível coletivo e a percepção de risco como os fatores mais significativos na adoção das tecnologias de telemedicina.
CONCLUSÃO A Utilização de teleconsultorias é um fenômeno complexo e vem ocorrendo em baixa escala numérica também em contextos internacionais. Os modelos teóricos relatados neste trabalho apresentam importantes contribuições e podem embasar futuras investigações sobre os fatores que influenciam a utilização das teleconsultorias em Belo Horizonte.
Sandra Silva Mitraud Ruas – sandramitraud@pbh.gov.br Neuslene Rievrs de Queiroz - neuslene@pbh.gov.br Renata Trad – trad@pbh.gov.br