TELESSAÚDE: FERRAMENTA DE SUPORTE E EDUCAÇÃO CONTINUADA PARA A ATENÇÃO PRIMÁRIA DE MUNICÍPIOS REMOTOS EM MINAS GERAIS Milena Soriano Marcolino 1,2,Tati Guerra Pezzini Assis 1,2, Lidiane Aparecida Pereira de Sousa 2, Maria Beatriz Moreira Alkmim 2 1 2
Faculdade de Medicina - Universidade Federal de Minas Gerais
Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Rede de Teleassistência de Minas Gerais
INTRODUÇÃO No Brasil, os profissionais de saúde se concentram de nas grandes cidades, o que deixa os municípios remotos desamparados. Além disso, os profissionais que atuam nesses municípios muitas vezes são inexperientes e têm pouco acesso a programas de educação continuada. A telessaúde surge nesse cenário como estratégia de suporte a esses profissionais, por meio das teleconsultorias (segunda opinião formativa). OBJETIVO Avaliar as teleconsultorias realizadas por um serviço público de telessaúde de Minas Gerais, para demonstrar sua importância no suporte aos profissionais de saúde dos munícipios remotos do estado. MÉTODOS Estudo observacional e retrospectivo, que incluiu as teleconsultorias solicitadas entre abril de 2007 e dezembro de 2012. Estas foram classificadas quanto aos profissionais e municípios solicitantes, além de especialidades solicitadas. As teleconsultorias de Janeiro a Março de 2012 foram classificadas quanto ao tipo de dúvida e em relação ao capítulo do CID-10 a que se referia a dúvida. RESULTADOS No período do estudo, 47.689 teleconsultorias foram realizadas; 53,2% por enfermeiros e 34,3% por médicos. Em 2012, a média foi de 1.283 teleconsultorias por mês. Profissionais das áreas de medicina de família e comunidade (23,3%), dermatologia (19,8%), enfermagem (12,2%) e ginecologia e obstetrícia (10,7%) responderam à maior parte das dúvidas. Os 10 municípios que mais solicitaram teleconsultorias (9,5% do total) têm uma população menor que 20.000 habitantes e IDH inferior ao da capital do estado; 7 deles estão a pelo menos 300 quilômetros da capital. Da análise das teleconsultorias entre janeiro e março de 2012 (n=2.027), 77,7% se relacionavam à assistência de pacientes e 22,3% eram dúvidas gerais. As dúvidas mais frequentes foram sobre etiologia (33,3%), tratamento farmacológico (24,8%) e tratamento não farmacológico (22,3%). Segundo a classificação do CID-10, as áreas em que os profissionais possuíram mais dúvidas foram: doenças da pele e do tecido subcutâneo (15,4%), algumas doenças infecciosas e parasitárias (10,8%), seguidas por doenças do aparelho digestivo (7,8%) e genitourinário (7,1%) DISCUSSÃO Este estudo revelou que profissionais das áreas básicas responderam à maioria das dúvidas dos profissionais de saúde de municípios remotos, ou seja, dúvidas que o próprio profissional destes municípios deveria ter a capacidade de solucionar. Isso indica grande necessidade de desenvolver estratégias de treinamento direcionado para os atuais
profissionais da Atenção Primária, principalmente para aqueles que trabalham em municípios remotos, e de melhorar a qualidade de ensino nas universidades, para formar profissionais mais preparados, no futuro. Além disso, o estudo mostra o potencial da telemedicina em gerar conhecimento aos profissionais de saúde isolados, promovendo discussão de casos e resolução de dúvidas, assim servindo também como ferramenta de educação continuada. CONCLUSÃO Este estudo revela o potencial da telessaúde em promover suporte e educação continuada em serviço aos profissionais de saúde da Atenção Primária em municípios isolados, além de ampliar o acesso da população ao cuidado especializado. O grande número de teleconsultorias demonstra que a atividade já foi incorporada ao sistema de saúde dos municípios.
E-mails de contato: Milena Soriano Marcolino: milenamarc@gmail.com Tati Guerra Pezzini Assis: tatigpassis@gmail.com Lidiane Aparecida Pereira de Sousa: v-tostes@uol.com.br Maria Beatriz Moreira Alkmim: balkmim@yahoo.com.br