Educação em Saúde às Reversas: Propagação de Condutas Negativas em Blogs relacionados aos Distúrbios Alimentares. Autor: Caio Graco Bruzaca1, Wânnia Ferreira de Sousa2, Ilana Mirian Almeida Felipe3. 1
Médico pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) em 2013.1, 2Aluna do Curso de Nutrição da Faculdade Santa Terezinha (CEST), 3Doutoranda de Saúde Pública em Enfermagem pela Universidade de São Paulo(USP), Profa. Tutora da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS). São Luís, Maranhão, Brasil. Objetivos: Analisar a informação contida em blogs e sites não relacionados a entidades médicas em relação aos distúrbios alimentares. Metodologia: Foi realizada uma busca, na ferramenta Google, com os termos relacionados à campanha pró-anorexia e pró-bulimia: “pró-ana” e “pró-mia”. A partir desse resultado, foram analisados a primeira página exibida nessa plataforma, apenas analisou-se sites e/ou blogs em língua portuguesa. Foram excluídos desta análise: sites de órgãos oficiais, de entidades médicas, estivessem outro idioma, ou que não versavam sobre o tema. Resultados: Nesta plataforma foram encontrados 324.000 sites relacionados aos termos utilizados. Exibidos na pagina inicial, encontrou-se nove blogs de indivíduos normais, que relatam o dia-a-dia da convivência com os distúrbios alimentares, porem ao mesmo tempo, estavam relacionados à condutas negativas. Também se verificou uma referência sobre a definição destes termos numa enciclopédia virtual. Discussão: Não há consenso sobre a padronização da informação em saúde na internet, e, por conseguinte não há órgãos ou entidades controlem a qualidade desta. É crescente o número de sites e blogs na internet que contenham informações erradas ou até mesmo divulguem condutas negativas, ou seja, que em vez de auxiliar a cura do individuo, há o incentivo para manutenção ou piora do quadro clínico da doença. No caso dos distúrbios alimentares, existem os sites que incentivam a anorexia nervosa e a bulimia nervosa em indivíduos: os pró-ana e pró-mia, respectivamente. São diversos os materiais divulgados na web 2.0 a respeito de condutas negativas nessas duas psicopatologias, por exemplo: frases motivacionais de como se manter em jejum prolongado; o incentivo à técnica do “miar”, ou seja, a execução de uma êmese forçada após ingestão de alimentos de forma compulsiva. É importante ressaltar que uma informação errada sendo propagada é mais danosa para o indivíduo e para o sistema de saúde do que a própria falta de informação, uma vez que além de ser de difícil reversão, necessitaria de muitos recursos para recuperar o dano à saúde do individuo pós-execução de condutas negativas como as expressas, por exemplo nos blogs. Conclusão: Pode-se concluir que ao se deparar com pesquisas em ferramentas de pesquisa como o Google, deve-se atentar a qualidade da informação exposta, uma vez que não há
garantia da qualidade da informação obtida, podendo resultar até em uma desconstrução da educação em saúde e gerar danos à saúde do indivíduo.