A Importância da Telemedicina na Qualidade e Segurança Assistencial em Hospitais Públicos Secundários Nacionais
Carlos Alberto Cordeiro de Abreu Filho, Milton Steinman, Nelson Akamine, Eliezer Silva, Renata Albaladejo, Ruy Guilherme Cal, Ana Helena Vicente Andrade, Ana Christina Vellozo Caluza, Felipe Piza, Miiguel Cendoroglo Neto, Alberto Kanamura, Cláudio Lottemberg.
Hospital Israelita Albert Einstein – São Paulo - Brasil
Introdução: É de grande importância no cenário de saúde brasileiro o aprimoramento da qualidade assistencial na urgência e emergência, estudos mostram grande variabilidade de resultados. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a telemedicina (TM) compreende a oferta de serviços em saúde nos casos em que a distância é um fator crítico, usando tecnologias de informação e de comunicação para o intercâmbio de informações médicas. O Projeto TM foi constituído em parceria com o Ministério da Saúde por meio do Programa de Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS). A TM é uma tecnologia alinhada aos princípios do SUS, de equidade, universalidade e igualdade, ao transferir conhecimentos de um centro de excelência para instituições com menos recursos. O objetivo deste trabalho é descrever os resultados iniciais da TM no apoio diagnóstico e terapêutico ao doente gravemente enfermo. Método: O projeto TM foi implantado através de cobertura integral em tempo real de áudio-visual, com instalação da Central de TM, Endpoint 97 MXP Solução Cisco ®, no Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), hospital terciário, privado em São Paulo. Em 4 hospitais públicos secundários, Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch (SP), Hospital Senhora Santana (MG), Complexo Tarcísio Buriti (PB) e Hospital Platão Araújo (AM) foram instalados sistemas móveis, MXP ISDN/IP da Cisco ®, nos serviços de emergência e/ou terapia intensiva conetados através de internet. Resultados: Ocorreram 570 teleconsultas em 18 meses, em 314 (55%) casos ocorreram na UTI e 256 casos (45%) na sala de emergência. Os principais diagnósticos atendidos pela TM foram: sepse (35%), acidente vascular cerebral
(AVC) (29%), síndromes coronarianas agudas (9%) e trauma (7%). A média de idade dos pacientes foi de 55,2 anos, sendo 57% do sexo masculino. Entre os pacientes atendidos, 68,4% receberam alta hospitalar, o tempo médio de internação na UTI foi de 6,5 dias e internação hospitalar 9,3 dias. A mortalidade hospitalar foi 26% e 5,6% dos pacientes foram transferidos para hospitais terciários. Após a implementação da TM, o protocolo de trombólise para AVC foi iniciado e aplicado em 23,2% dos pacientes com AVC isquêmico. A introdução da TM reduziu a necessidade de transferências para avaliação neurológica externa em 25,9%. O protocolo de sepse foi adotado sendo observada redução da mortalidade em 30,4% nos casos de sepse grave e choque séptico. . Conclusão: A aplicação da Telemedicina na urgência e emergência tem impacto positivo no sistema de saúde público, principalmente relacionado à: redução de transferências externas, implementação de protocolos gerenciados e como ferramenta no apoio à decisão médica, especialmente em relação à trombólise no AVC. Estes resultados destacam o papel da TM como um vetor de transformação da cultura hospitalar e seu impacto sobre a segurança e qualidade assistencial.