35. Gastroparesia diabĂŠtica
35. Gastroparesia diabética CP, 55 anos , do lar. Portadora de diabetes tipo 2 há 15 anos, controlada com insulina NPH, 15 unidades pela manhã e 22 ao deitar, além de metformina, glibenclamida, enalapril, atenolol, hidrolorotiazida, sinvastatina e AAS 100mg/dia há pelo menos 3 anos. Vem reclamando persistentemente de que qualquer alimento a deixa empachada e com enjôos, razão pela qual diminuiu a quantidade de alimentos e vem tendo alguns episódios de hipoglicemia. Como investigar? Deve-se atribuir tudo aos medicamentos em uso ou deve-se fazer o diagnóstico de gastroparesia do diabetes?
DISCUSSÃO Ter náusea, ou enjoo pode ocorrer como manifestação de um grande numera de doenças, sendo particularmente frequente em pessoas que usam um número muito grande de remédios. No entanto, a paciente usa as mesmas medicações há vários anos e os sintomas são aparentemente independentes. Além disso, os sintomas referidos são muito sugestivos de gastroparesia diabética.
Gastroparesia é definida como esvaziamento gástrico retardado. Sua prevalência
real é desconhecida, porém estima-se que 20 a 40 por cento dos pacientes com diabetes, principalmente aqueles com longa duração de doença e com outras complicações desenvolvem gastroparesia Os pacientes com gastroparesia diabética pode ser assintomáticos ou apresentar sintomas que não estão diretamente relacionados com a gastroparesia, como controle glicêmico ruim, particularmente os que são tratados com insulina. Vários fatores podem contribuir para o controle da glicose errático na presença de gastroparesia, sendo o principal a variabilidade na absorção de alimentos. Por sua vez, um estado glicêmico variável pode agravar ainda mais a gastroparesia. Em controles saudáveis e pacientes com diabetes tipo 1, a hiperglicemia retarda o esvaziamento gástrico.
Em contraste, a indução de hipoglicemia leva a esvaziamento gástrico retardado. Gastroparesia resulta do controle neural anormal da função gástrica. Em modelos animais de diabetes e em pacientes com gastroparesia diabética, a neurotransmissão nos plexos mioentéricos é anormal, resultando em disfunção muscular subjacente. Os sintomas clínicos que sugerem gastroparesia incluem saciedade precoce, náuseas, vômitos, inchaço e distensão abdominal pós-prandial. (quadro) Em contraste, dispepsia refere-se a um complexo de sintomas de doenças crônicas ou recorrentes, dor abdominal superior ou desconforto, que pode ter associados sintomas de saciedade precoce, náuseas e plenitude pós-prandial / inchaço. Há uma sobreposição de sintomas de gastroparesia e dispepsia funcional. O diagnóstico de gastroparesia baseia-se na presença de características clínicas compatíveis, esvaziamento gástrico retardado, e na ausência de uma lesão obstruindo estrutural no estômago ou no intestino delgado por endoscopia ou radiografia com contraste (bario). A presença de alimentos residuais no estômago após um jejum necessário para a realização de uma endoscopia digestiva fala a favor do diagnóstico. O tratamento deve ser direcionado para aliviar os sintomas relacionados à estase gástrica, sabendo-se que há uma fraca correlação entre retardo no esvaziamento gástrico e sintomas. O tratamento primário de gastroparesia inclui mudanças na dieta e administração de antieméticos e pró-cinético. Sinais e sintomas de gastroparesia: • Azia • Náusea • Vômitos de alimentos não digeridos • Uma sensação precoce de plenitude ao comer • Perda de peso • Inchaço abdominal • Níveis de glicose no sangue erráticos • Falta de apetite • Refluxo gastroesofágico • Espasmo da parede do estômago • Movimentos intestinais erráticos