37. Diabetes autoimune latente do adulto - LADA
37. Diabetes autoimune latente do adulto - LADA PHB, 55 anos, masculino, branco, professor. Aos 49 anos, pesando 93 kg, fez um teste oral de tolerância à glicose que mostrou:
Basal
2 horas
123
219
29
118
Glicemia Insulinemia
Não foi tomada nenhuma conduta e, após 2 anos, o paciente passou a ter glicemias
de jejum em geral acima de 140mg (entre 140 e 180mg/dL). Quatro anos após, foi a uma festa na qual bebeu e comeu muito exageradamente; no dia seguinte teve glicemia de cerca de 500mg/dL. Foi então tratado agudamente com insulina, ficando depois com glibenclamida 1 cápsula ao dia, mantendo glicemias capilares em jejum entre 135 e 165mg/dL, e à noite (sem relação com alimentação, às vezes antes, outras vezes depois) entre 202 e 345mg/dL. Tem hipotireoidismo em uso de levotiroxina sódica 100mcg/dia há 10 anos. EF Alt: 181cm. Peso: 84,5kg. IMC: 25, 8 Kg/m2. PA 120x80mmHg. Exame físico sem anormalidades. Exames: HbA1c 9,8%; HDL colesterol 42mg/dL; LDL colesterol 95mg/dL. Triglicerídeos 202mg/dL. Creatinina 0,7mg/dL FO normal. Antitireoperoxidase: 1/6400. Anticorpo antidecarboxilase do ácido glutâmico-anti GAD 144,7 U/mL (nl = < 1.0).
DISCUSSÃO Este paciente tem o quadro clínico do Diabetes autoimune latente em adultos (LADA). Este termo descreve um tipo específico de diabetes, caracterizado por início na idade adulta, a presença de autoanticorpos contra as ilhotas, a independência de insulina no momento do diagnóstico, e rápido declínio na função das células β. A prevalência de LADA entre os pacientes com diabetes tipo 2 varia de 2% a 20%, de acordo com a população do estudo. Alguns critérios para este diagnóstico são: 1) idade igual ou superior a 35 anos; 2) positivos para pelo menos um dos 4 anticorpos antipancreáticos comumente vistos no DM1: autoanticorpos de células das ilhotas (ICA), anticorpo antidescarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD), anticorpos antiproteína 2 associada à Insulinoma (IA2A), autoanticorpos anti-insulina (IAA), e 3) não requerendo terapêutica com insulina nos primeiros 6 meses após o diagnóstico.
Com frequência, pessoas com LADA têm autoanticorpos contra outras glândulas,
sendo comum o hipotireoidismo por tireoidite autoimune como o que este paciente apresenta. Na verdade, o quadro clínico de LADA é heterogêneo demais para ser classificado como uma entidade à parte, sendo que a evolução da perda de capacidade secretora de célula β pode ser indolente, mas, às vezes, é muito rápida. Uma questão importante ainda não esclarecida se refere ao tratamento: há alguma droga capaz prevenir a deterioração da célula β e progressão para a dependência de insulina? Alguns estudos mostram que as sulfonilureias levam mais rapidamente à dependência de insulina e apresentam pior controle metabólico em comparação com a insulina.
Como elas estimulam as células β a produzirem insulina é possível que isto sig-
nifique maior exposição antigênica das células pancreáticas na vigência de seu uso. Não há diretrizes atuais para tratamento de LADA, uma vez que esta condição ainda não tem definição clara, mas o controle intensivo com insulina é certamente uma atitude acertada