39. Diabetes tipo 2 na inf창ncia
39. Diabetes tipo 2 na infância LM 37, feminino ,técnica de enfermagem. Nasceu com 5350 g, e 53 cm. Sempre foi mais alta e mais pesada que seus colegas, sempre acima do percentil 95 da curva de crescimento. Aos 9 anos foi feito o diagnóstico de diabetes (DM) em exame de rotina. Foi tratada com biguanida e clorpropamida durante 1 ano, tendo então abandonado o tratamento. Aos 24 anos, assintomática, fez uma glicemia que foi maior que 400mg/dL. Ficou sem tratamento, portanto, dos 10 aos 24 anos. Tem fortíssima história familiar de obesidade e diabetes; mãe e pai com obesidade grau 3, duas irmãs fizeram cirurgia bariátrica. Tem diarreia intercalada com obstipação intestinal, e reclama também de parestesias e câimbras em ambas as pernas. EF: 177cm, 112kg PA 148/85 deitada e 125/87 de pé O exame neurológico mostrou insensibilidade térmica e dolorosa em ambos os pés; Fundo de olho: retinopatia não proliferativa. Proteinuria 850 mg/24 horas. Glicemia: 321 mg/dL. Peptídio C: 2,0 ng/mL. A paciente foi tratada então com múltiplas doses de insulina NPH e regular além de metformina, glibenclamida e rosiglitazona, o que fez a concentração de Hb A1c diminuir de 12,3% para 7,2% em 3 meses. O peso aumentou de 112 para 118kg. Depois disso, foi encaminhada para a cirurgia bariátrica, permanecendo livre de insulina em uso de meio comprimido ao dia de glibenclamida.
DISCUSSÃO Trata-se de paciente com 36 anos e portadora de várias complicações do diabetes: neuropatia periférica, neuropatia visceral, nefropatia e retinopatia diabéticas; não temos informações sobre doença macro-vascular. Todas essas complicações estão presentes com um tempo de doença de 28 anos, dos quais 14 sem tratamento algum. Apesar do diagnóstico na infância, este é um quadro típico de diabetes do tipo 2: forte
história familiar, obesidade ( já nasceu grande para a idade gestacional) independência de insulina e, finalmente, a dosagem de peptídeo C que era consistente com capacidade secretória das ilhotas pancreáticas mesmo após todo esse tempo de doença. Peptídeo C plasmático maior que 1 ng/mL, um ano após o diagnóstico é altamente sugestivo de diabetes tipo 2. Finalmente, a mudança total do quadro metabólico após a cirurgia bariátrica deixando-a independente de insulina e com dose baixa de sulfonilureia confirma este diagnóstico. A prevalência de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) em crianças e adolescentes tem aumentado ao longo dos últimos 20 anos em muitos países e vários grupos étnicos, provavelmente por relação direta com obesidade sedentarismo e estilo de vida de sociedades industrializadas Os fatores de risco para diabetes tipo 2 em jovens incluem: história familiar, raça e etnia, obesidade e sedentarismo. O risco de desenvolver diabetes tipo 2 é 5 vezes maior para indivíduos com parentes de primeiro grau com diabetes tipo 2 em comparação com os controles do mesmo sexo, idade e peso, sem história familiar de diabetes. Fatores determinantes para esse risco já estão presentes na vida fetal, sendo maiores para os que nasceram grandes para a idade gestacional (GIG) ou pequenos para a idade gestacional (PIG). Se o diagnóstico correto tivesse sido feito aos 9 anos de idade, em vez de insulina, talvez ela pudesse ter sido tratada com medicações orais e, sobretudo, apoiada para procurar o controle do peso. Além disso, poderia ter se beneficiado do tratamento realizado mais precocemente, talvez reduzindo a gravidade das complicações crônicas.
Ver no site: Diabetes na infância. Aula com a Dra. Márcia Queiroz.
Sugest達o de leitura: Halpern A, Mancini MC, Magalh達es ME, et al. Metabolic syndrome, dyslipidemia, hypertension and type 2 diabetes in youth: from diagnosis to treatment. Diabetol Metab Syndr. 2010 Aug 18;2:55.