Caso45

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45. Cistite enfisematosa em portador de diabetes


45. Cistite enfisematosa em portador de diabetes BLS, 72 anos, masculino, portador de diabetes mellitus há 15 anos. O paciente é hipertenso e dislipidêmico; apresentou-se com febre, calafrios e hematúria macroscópica. Aos 65 anos teve um infarto agudo do miocárdio, foi quando cessou o tabagismo que era de 50 anos/maço. Era tratado com Insulina NPH, metformina, sinvastatina, ciprofibrato, atenolol, hidroclorotiazida, amlodipina e aspirina. Seu controle glicêmico era inadequado mantendo com frequência hemoglobinas glicadas maiores que 9%. Quatro dias antes da admissão, observou que a frequência urinária aumentou, teve urgência, incontinência ocasional e a presença de bolhas de ar durante a micção. Ao exame físico, sua temperatura era de 38,2 ° C, pulso 78, BP 112/70 mm / Hg. O exame clínico era inespecífico sem sinais particulares no abdome, porém havia dor intensa á palpação pélvica. Avaliação laboratorial: hemograma: hemoglobina 15,1g, leucócitos 17.400 células/mm3, glicose 273 mg/dl; o exame de urina revelou 35000 leucócitos e incontáveis hemácias por campo. Urocultura: Escherichia coli sensível. A maioria dos antibióticos testados Radiografia simples do abdome mostrou que havia ar na parede da bexiga. A tomografia computadorizada da pelve confirmou a presença de gás no lúmen e parede da bexiga. O paciente foi tratado com ciprofloxacina inicialmente parenteral e, após 4 dias, por via oral durante 3 semanas; nova urocultura após o término do tratamento foi negativa.

DISCUSSÃO: Trata-se de paciente diabético com controle inadequado e sintomas agudos fortemente sugestivos de infecção urinária por germe produtor de gás - pela queixa de pneumatúria. A cistite enfisematosa é uma entidade rara, caracterizada por “bolsões” de gás em torno da parede da bexiga e produzida por fermentação bacteriana ou fúngica. As queixas são em geral as


mesmas de uma infecção urinária comum. Uma história de pneumatúria é altamente sugestiva, mas rara. Neste paciente, esta queixa levou a avaliação radiografica que confirmou o diagnóstico. A doença é frequentemente no sexo feminino, diabetes mellitus, pacientes com infecção urinária recorrente, estase urinária, bexiga neurogênica e em receptores de transplante. O microrganismo mais comum é a E. Coli, mas incluem Klebsiella pneumonia, Proteus mirabilis, Staphylococcus aureus, Streptococcus, Clostridium perfringens que também podema causar cistite enfisematosa. Além da cistite, pode haver pielonefrite enfisematosa e formação de abcesso renal. Pacientes com cistite enfisematosa tem um curso da doença mais indolente; ou seja, não são tão agudamente doentes como aqueles com pielonefrite. O exame de imagem permite localizar a coleção gasosa, principalmente se está restrito à bexiga ou se envolve o parênquima renal, onde neste caso a mortalidade é maior e às vezes requer nefrectomia, enquanto que na cistite enfisematosa a intervenção cirúrgica é raramente necessária, exceto quando existe uma anormalidade anatômica


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