Como avaliar se um portador de diabetes é apto para dirigir veículos

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3. Como avaliar se um portador de diabetes ĂŠ apto para dirigir veĂ­culos


3.Como avaliar se um portador de diabetes é apto para dirigir veículos ASC tem 55 anos, é portador de diabetes tipo 2 há 15 anos e usa insulina NPH duas vezes ao dia além de antidiabéticos orais. Ele também tem hipertensão arterial bem controlada. Não há complicações crônicas do diabetes. Ele vai trabalhar como motorista de uma empresa para transporte de pequenas compras, dirigirá um veículo pequeno e fará poucas viagens, dentro da cidade, em situações de falta súbita de material nas outras lojas da firma, o que quer dizer que isto pode comprometer os horários de alimentação. Provavelmente o número de viagens será menor que 2 ao dia, portanto um trabalho tranquilo, e ele estará à disposição apenas durante o dia. Tenho que fazer um relatório sobre seu estado de saúde e capacidade de dirigir veículos. Portadores de diabetes podem trabalhar como motoristas profissionais?

DISCUSSÃO Os estudos epidemiológicos que investigam a relação entre diabetes e acidentes de trânsito mostram resultados conflitantes: desde aumento a diminuição da frequência de acidentes envolvendo portadores de diabetes. As complicações crônicas do diabetes, especificamente o comprometimento visual e a neuropatia podem ser bastante prejudiciais para a direção veicular segura. Além disso, alterações glicêmicas, tanto para a hiper quanto a hipoglicemia, podem comprometer a capacidade de estar totalmente alerta. A hiperglicemia não controlada pode levar à fadiga, letargia e lentidão. No entanto, o maior risco de acidente está relacionado à ocorrência de hipoglicemia durante a direção, pois a concentração sanguínea decrescente de glicose leva à perda gradual de todas as funções cerebrais, juntamente com diminuição da atenção. Para que haja maior segurança na direção veicular, a Associação Médica Americana divide os pacientes com Diabetes Mellitus em três grupos, baseado na possibilidade de perda de consciência:


1) Grupo de baixo risco: paciente diabético, sem uso de medicação e não apresentou consciência alterada devido ao diabetes durante os três últimos anos;

2) Grupo de risco intermediário: diabético em uso de medicação ou não, sem apresentar alteração de consciência no último ano;

3) Grupo de alto risco: diabético em uso de medicação ou não, com alteração de consciência no último ano. A Associação Brasileira de Medicina do Tráfego recomenda que a avaliação do portador de diabetes seja criteriosa e individualizada, e que principalmente o médico que dará o laudo oriente o paciente sobre o risco de hipoglicemia. O perito deverá observar:

1) Portadores de diabetes mellitus tipo 2 em tratamento com dieta ou antidiabéticos orais tem baixo risco de hipoglicemia e poderão ser considerados aptos para a direção de qualquer tipo de veiculo.

2) D i a b é t i c o s q ue nec es s i tam de i nsu l i n a q u a n d o so b a co mp a n h a me n t o mé dico a d e q u a d o , b e m c ontr ol ados e s em e ve n t o s h i p o g l i cê mi co s n o s ú l t i mo s 1 2 m e se s po d e r ã o s e r c ons i der ados aptos p a r a q u a l q u e r ca t e g o r i a co m d i mi n u i çã o d o p razo d e v a l i d ade do ex ame per i c i al d e sa ú d e .

3) Deverão ser considerados inaptos temporariamente os condutores que apresentaram hipoglicemias graves que produziram perda de consciência nos últimos 12 meses. A orientação para a direção defensiva deve ser sempre praticada. Portadores de diabetes em insulinoterapia devem fazer a medida de glicemia capilar antes de dirigir e repetir o procedimento a cada três ou quatro horas. Se a viagem for de longa distância, ter sempre à disposição, além do monitor, carboidratos de absorção rápida e de fácil ingestão. A glicemia capilar menor do que 70 mg/dL contraindica a direção. Quando essa medida está entre 70 e 90 mg/dL, é recomendável a ingestão de carboidrato, e não se deve dirigir nos 45 a 60 minutos subsequentes à hipoglicemia leve a moderada.

4) Quando o perito diagnosticar que o portador de diabetes tem complicações crônicas


graves (retinopatia, neuropatia) deve determinar o afastamento definitivo da condução de veículos automotores. Voltando ao seu paciente, ele tem diabetes provavelmente tipo 2, sem complicações, em uso de insulina. Além disso, parece que ele não tem muitas hipoglicemias então ele se enquadra na recomendação número 2, acentuado-se que há a necessidade de implementar educação em diabetes para ele, em especial quanto a hipoglicemias. Importante: ele deve estar preparado para ter alimentos adequados no carro sempre que necessário pular o horário de uma refeição.

Sugestão de leitura: 1) Associação Brasileira de Medicina do Tráfego. Diabetes melittus e risco na direção veicular em www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/038.pdf

2) Nery M. Hipoglicemia como complicador no tratamento do diabetes melittus tipo 1. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2008 Mar;52(2):288-98. www.scielo.br/pdf/abem/v52n2/16.pdf


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