7. Diabetes e o uso de drogas ilĂcitas
7. Diabetes e o uso de drogas ilícitas PENN, 45 anos, escriturário. O Sr. Paulo é diabético há 5 anos, após um episódio de pancreatite aguda secundário a abuso de álcool. Já foi dependente de cocaína. Atualmente usa Insulina NPH 20 unidades de manhã, 10 antes do almoço e 15 ao deitar, mantendo hemoglobina glicada de 7,5%. Não quer fazer monitoração glicêmica. Acha que o uso de cigarros de maconha lhe traz tranquilidade e às vezes sintomas parecidos com de hipoglicemia. Qual o risco do uso desta droga? Ela provoca realmente hipoglicemia? E o de ecstasy que ele também usa às vezes?
DISCUSSÃO O uso de drogas que possam alterar a cognição pode modificar a capacidade do portador de diabetes de reconhecer os sintomas de hipoglicemia, por não estar alerta o suficiente para perceber e corrigir a baixa da glicemia. Além disso, como parece ser o caso, ele pode confundir os sintomas de hipoglicemia com os efeitos da droga. Associado ao fato de não haver monitoração glicêmica, o risco de ter hipoglicemia com o uso de insulina (e também de secretagogos de insulina, como a sulfonilureia) realmente é grande. A maconha também altera o hábito alimentar. Algumas pessoas precisam comer grande quantidade de alimentos após seu uso, o que pode contribuir para aumento da glicemia.
Quanto ao ecstasy, seu efeito principal é que o usuário tem a impressão de uma
energia sem limite, pode dançar toda a noite sem nenhuma necessidade de se alimentar. Excesso de exercício e falta de comida, associados ao uso de insulina e diminuição da capacidade de perceber os sinais orgânicos reais fazem uma combinação explosiva para o risco de hipoglicemia grave.
Tanto a maconha quanto o ecstasy podem ter efeitos imprevisíveis e variáveis entre uma e outra tomada, o que dificulta a orientação para o paciente Além disso, se não houver, junto do paciente, pessoas que saibam que ele tem diabetes e possam ajudá-lo no caso de hipoglicemia, ele pode permanecer horas em coma erroneamente atribuído aos efeitos da droga, com resultados potencialmente muito graves.
É, portanto, bastante arriscado o uso dessas drogas. Se em todo o caso o pa-
ciente insiste em usá-las, uma medida de diminuição do risco é a monitoração glicêmica e conhecer os efeitos da droga e os tempos de ação da insulina para tomar medidas apropriadas, diminuindo a dose de insulina se fizer muito exercício e ficar sem se alimentar. Certamente é importante também avaliar a possibilidade de ajudá-lo a se livrar da dependência