27. Lipohipertrofia
27. Lipohipertrofia MS, 25 anos, feminino, diabética tipo 1 diagnosticada aos 16 anos de idade.
Queixa-se que, depois que começou a aplicar insulina, não consegue mais usar biquíni,
nem camiseta sem alça. Ao exame físico palpam-se nodulações com aproximadamente 10 cm de diâmetro em região posterior de braço e em abdômen, mais evidente em flanco direito. Posso afirmar que ela tem lipohipertrofia. Como devo orientar a paciente?
DISCUSSÃO A descrição das lesões é típica de lipohipertrofia, muitas vezes relacionada à aplicação de insulina de forma inadequada. Este é um problema frequente e que acomete aproximadamente 50% dos pacientes com diabetes mellitus tipo 1 (DM1), podendo estar associado ao mau controle glicêmico. A causa da lipohipertrofia ainda não está bem esclarecida, mas sabese que o trauma produzido por repetidas injeções de insulina num mesmo local é um importante fator predisponente. Histologicamente, há a duplicação do tamanho do adipócito no local da lipohipertrofia, além da presença de numerosas gotículas de lípides, em comparação ao tecido subcutâneo normal.
Continuar aplicando injeções de insulina no local de lipodistrofia pode levar à absorção
irregular de insulina, causando variação da glicemia e mau controle glicêmico. Desse modo, alguns princípios sobre aplicação de insulina devem ser seguidos, com o objetivo de se evitar o trauma causado pelas múltiplas aplicações e, assim, prevenir a ocorrência de lipodistrofia: a) Utilizar técnica adequada de aplicação de insulina: - i. Não reutilizar a seringa. Embora numerosos estudos relatem que a incidência de infecções no local da aplicação da insulina seja desprezível, e se oriente que as seringas possam ser reaproveitadas dentro de certos cuidados, deve-se lembrar de que a seringa descartável foi fabricada apenas para uso único. E no caso de lipohipertrofia, alguns relatos a referem mais frequente quando se reutiliza a seringa.
Lembre-se que a agulha perfura a borracha do frasco de insulina uma vez pelo menos ou até três a quatro vezes, quando dois tipos de insulina são misturados, antes que a agulha penetre a pele da pessoa com diabetes. Neste caso, a agulha perde o silicone e o corte, tornando sua introdução mais traumática e dolorosa, aumentando o risco de lipodistrofia e a diminuição da adesão da ao tratamento. - ii. Utilizar agulha de comprimento adequado ao subcutâneo (SC) da pessoa. - iii. Verificar qual a angulação correta da introdução da agulha na pele, conforme avaliação do subcutâneo e do comprimento de agulha disponível. b) Realizar o rodízio dos locais de aplicação: - i. Os locais de aplicação de insulina corretos são: face posterior dos braços, face anterolateral das coxas, quadrante superior externo das nádegas e abdômen, excluindo-se toda a região periumbilical (Fig 1). - ii. Cada aplicação de insulina deve ter, pelo menos, 1 cm de distância da aplicação anterior. - iii. As insulinas NPH e regular são absorvidas em velocidades diferentes, conforme o local de aplicação: mais rapidamente no abdômen, depois nos braços e coxas, e mais lentamente nas nádegas. - iv. Os análogos de insulina (Lispro, Asparte, Glulisina, Glargina e Detemir) são absorvidos da mesma maneira em todos os locais de aplicação. c) Se notar aumento do local de aplicação, parar de proceder a aplicação no mesmo e descansar durante pelo menos 15 dias, ou até que a área se recupere. Figura 1: Locais de aplicação de insulina
Informações disponíveis no site: http://www.telessaudesp.org.br/programa/diabetes/videos.aspx