x D TE
Brasília, DF, Edição 33, Janeiro de 2015
asília r B a a Cheg or evento o mai ndo para u do m partilhar m se co eias id
Para driblar a crise, especialistas recomendam INOVAÇÃO nas empresas
O que esperar do TURISMO e do MERCADO IMOBILIÁRIO no Distrito Federal
Brasília: uma das capitais mais EMPREENDEDORAS no ranking nacional
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
1
2
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
3
EDITORIAL
Expectativas para 2015
O
ano de 2014 começou com grandes expectativas. A Copa do Mundo foi uma delas. Todos aguardavam a conquista do Brasil no Maracanã 64 anos após a derrota para o Uruguai em casa. Infelizmente, a espera foi em vão. A seleção não levou o título. Contudo, essa não foi a maior decepção encarada pelos brasileiros, nem pelos brasilienses. O ano, que prometia aquecer o comércio e alavancar a economia do país, não correspondeu às expectativas. A previsão de especialistas do setor produtivo para 2015 é de um ano difícil. Para que os empresários conheçam os principais entraves que terão durante este ano, a matéria de capa deste mês começa com a opinião dos representantes de instituições que fomentam o empreendedorismo na capital. Na reportagem, eles falam sobre quais serão as principais dificuldades e como as organizações conseguirão atravessar esse momento sem muitas perdas. Nas páginas seguintes, destacamos as tendências para dois setores que crescem a cada dia no Distrito Federal, o mercado imobliário e o turismo. E a última matéria sobre o futuro de Brasília traz uma mensagem positiva para os empresários. De acordo com a pesquisa lançada pelo Instituto Endeavor, estamos entre as cinco capitais mais empreendedoras do país. Neste mês, trazemos também as primeiras informações sobre o TEDx, que chega à capital pela Universidade de Brasília. O evento é derivado do TED (Tecnologia, Entretenimento, Design), que é uma fundação americana desenvolvida para espalhar ideias pelo mundo. O Grupo de Comunicação Tendências e Negócios é apoiador da iniciativa. Até março, divulgaremos informações sobre a organização e os palestrantes na revista e em nosso programa na TV Brasília.
O a a s p
P • Diretor Executivo: Alex Dias • Editora-Chefe: Carol Dias • Diretora Financeira: Ana Paula Santana • Redação: Elsânia Estácio, Gustavo Lúcio, Oda Paula Fernandes, Carolyna Paiva e Taise Borges • Diagramação: Alisson Carvalho • Imagens: Alisson Carvalho, Wagner Augusto, Marcos Paulo, Raphael Farias, Magnun Alexandre e Jonathan Felix Gestão de Pessoas: Caio Dias Redação (61) 3964-0626 Comercial (61) 8144-9935 9905-1677 Distribuição Gratuita emails: alexdias@tendenciasenegocios.com.br jornalismo@tendenciasenegocios.com.br comercial@tendenciasenegocios.com.br WWW.TENDENCIASENEGOCIOS.COM.BR
Carol Dias - editora-chefe
Mais Soluções Gráficas - fone: 3435-8900
4
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
O melhor curso de Brasília!
O Curso Técnico em Transações Imobiliárias a distância permite ao aluno estabelecer o seu próprio ritmo de aprendizagem. A avaliação é feita por disciplina e uma equipe de orientadores está sempre à disposição para esclarecer dúvidas. Não há aulas presenciais nem frequência obrigatória. Pré-requisito: Ter concluído o Ensino Médio ou estar em fase de conclusão. Matrículas de janeiro a janeiro.
ATENÇÃO CORRETORES DE IMÓVEIS Curso de Especialização Técnica de Nível Médio em Direito Imobiliário Curso de Especialização Técnica de Nível Médio em Avaliação Imobiliária
Únicos em Brasília Mais informações (61) 3218-8369
www.tticeteb.com.br ASA SUL – SGAS Qd. 603 Conj. C – (61) 3218-8300 / 3218-8369) TAGUATINGA – QSD Área Especial 1, Lote 4 Ed. Spazio Duo Salas 302-303 TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 :: (61) 3352-6527 / 3021-1149)
5
Paula Fróes
Sumário
34 Teatro Nacional
Capa - 22
Tecnologia - 50
O ano de 2014 foi de crise econômica em todo o Brasil. O setor produtivo da capital federal também foi afetado. Veja quais são as expectativas de especialistas do setor no DF para 2015 e as tendências que ajudarão empresas a não sofrerem com a crise.
Entenda como o Startaê, jovem empresa que presta serviços na área digital, vem conquistando espaço no mercado brasiliense ao valorizar a funcionalidade e o design dos sites e aplicativos que desenvolve.
Comportamento - 38
Destaque - 54
Entenda como funciona o coworking, modelo de trabalho em que diferentes empresas compartilham o mesmo espaço físico e aproveitam a oportunidade para trocar informações e fazer novos contatos.
Em busca de um melhor clima organizacional, a empresa de Gestão de Pessoas Integrah inova ao envolver líderes e colaboradores na execução das mudanças dentro das organizações.
Capacitação - 44
Preparo físico - 62
Alunos da Universidade de Brasília trazem, à capital federal, um dos maiores eventos mundiais para divulgação de novas ideias. O TEDx reunirá palestrantes capazes de inspirar os ouvintes a agir e impactar o mundo ao seu redor.
Zumba, a modalidade de dança que, além de dar equilíbrio e força, aliviar o estresse e queimar gordura, promete divertir os praticantes. Conheça o esporte que virou tendência nas academias brasilienses.
6
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
Divulgação
Wagner Augusto
Preparo Físico - página 76 Zumba : diversão aliada a condicionamento físico
Entrevista com Celina Leão, presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal
Fugindo da rotina - 64 Viajar sem perder o conforto de casa, fazer amigos e ter liberdade para mudar o roteiro da viagem quando quiser. Essas são só algumas das vantagens apontadas pelos adeptos do Motorhome.
editorias Dicas Empresariais
8
Entrevista
10
Prazeres Capitais
16
Consciência Empresarial
20
Receita do Chef
66
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
7
Dicas Empresariais
Alex Dias
8
1
O volume de dados torna a Declaração do Imposto de Renda uma das mais complexas tarefas para o contabilista e seu cliente. Para o sucesso da empreitada, a organização com prazos e a atenção durante o preenchimento dos formulários são essenciais. A Receita Federal tem investido em ferramentas eficientes para con-
2 3
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 32 2014 33 dezembro janeiro 2015
A Solução de Consulta nº 327/2014 publicada no Diário Oficial da União trouxe novas regras sobre a contribuição previdenciária substitutiva. A regulação é válida para empresas optantes pelo Simples Nacional e enquadradas nos grupos 421, 422, 429 e 431 da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0). No entanto, essa Solução difere daquela determinada pelo artigo 19 da
4
ter a sonegação. Gastos com cartões de crédito ou compra e venda de imóveis são descobertos com o cruzamento de dados fornecidos por cartórios e operadoras de cartões. Por isso, atenção: equívocos simples ou pequenas omissões no preenchimento são descobertos com facilidade e podem acarretar penalidades como multas e juros.
Por falar em Declaração do Imposto de Renda, é possível tomar algumas medidas para agilizar o processo de preenchimento dos formulários. Uma delas é solicitar seus informes de rendimento junto à empresa onde trabalha ou para a qual prestou serviço – mesmo que por um curto período de tempo. A empresa deve informar todos os rendimentos tributáveis, isentos, retidos na fonte e o desconto do INSS. Também é preciso solicitar informes de rendimento junto ao banco onde você é correntista, junto ao INSS e outras entidades de previdência privada.
Instrução Normativa nº 1436/2013 da Receita Federal – segundo ela, a regra da desoneração da folha de pagamento se aplica às empresas optantes pelo Simples Nacional, sujeitas à contribuição previdenciária incidente sobre a folha e cujas atividades principais estejam enquadradas nos grupos 412, 432, 433 ou 439 da CNAE 2.0. Para ter certeza sobre a regra que se aplica à sua empresa, é fundamental que o contribuinte consulte o Fisco e tire todas as dúvidas.
5 Antes de adquirir um computador, o pequeno empresário que deseja informatizar seu empreendimento deve pensar nos programas que vai utilizar – os softwares. Nas empresas, esses programas podem ser muito úteis em processos que demandam organização, precisão e agilidade. Os de automação de escritório são utilizados, por exemplo, na elaboração de contratos e planilhas eletrônicas. Já os softwares de gestão são capazes de gerenciar e integrar dados de todas as áreas da empresa, facilitar o arquivamento deles e permitir que sejam fornecidos com rapidez aos órgãos fiscais do governo. Existem softwares gratuitos – os livres ou open source – e os pagos, utilizados mediante a compra de licença. Mas, atenção: a cópia de programas pagos é ilegal e pode motivar sanções penais às empresas que os utilizam.
Na tentativa de fazer valer as leis trabalhistas, foi criado o e-Social, sistema eletrônico que permitirá ao governo cruzar informações de praticamente todas as operações empresariais. Agora, notas fiscais, informações sobre entradas de estoque nos estabelecimentos e operações com folhas de pagamento serão integradas em uma rede única que permitirá ao Fisco acompanhar, em tempo real, todas as operações da empresa. A medida, no entanto, afetará a dinâmica das férias dentro das organizações: os 30 dias de aviso prévio deverão ser registrados diretamente no e-Social, o que inviabilizará avisos retroativos. TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
9
Entrevista
Câmara Legislativa mais perto da população do DF Como presidente, Celina Leão visa aproximar a Casa e o cidadão | Carol Dias
A
deputada Celina Leão é a presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal para o mandato de 2015 e 2016. Nesta nova empreitada, ela deixará de lado os interesses do governo, do qual foi a principal aliada em tempos de campanha, para representar os outros 23 parlamentares da Casa. A composição da Mesa Diretora, que traz, pela primeira vez, duas mulheres na vice e na presidência, não foi nada fácil. A briga com a oposição pela disputa acabou deixando deputados opositores sem espaço, já que não aceitaram as posições reservadas a eles. Apesar de toda a confusão, a deputada Celina garantiu, em entrevista ao Tendências e Negócios, que as conversas já voltaram. Além de ouvir as demandas dos colegas, Celina garante que essa será uma gestão próxima ao povo. A presidente disse que, assim como em seu gabinete, o cidadão estará em primeiro lugar. E, para que isso aconteça, alguns projetos para se aproximar da população já estão sendo elaborados e efetivados, como a Câmara Cidadã - que terá a primeira sessão na rodoviária do Plano Piloto -, o Painel Popular e a TV
10
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
Distrital, projeto desenvolvido na gestão anterior. Após a eleição conturbada, como está a situação com a oposição hoje? As conversas já voltaram. Mesmo assim é bom deixar claro o que aconteceu. Fomos oposição durante quatro anos aqui, na Câmara Legislativa. Quando estava nessa situação, nunca escolhemos o lugar que ocuparíamos na Mesa. Em nosso mandato, também não deixamos a oposição de fora, separamos duas posições para eles, que eram a Primeira e a Terceira Secretarias. Contudo, a proposta não foi aceita, já que o grupo almejava a Segunda Secretaria e a vice-presidência. Por fim, eles reivindicavam somente a vice. Mas o acordo foi realizado entre 15 deputados. Nem a parlamentar eleita para ocupar o cargo, Liliane Roriz, nem os outros parlamentares acharam justo, naquele momento, abrir mão da negociação que havia sido construída em um consenso. Quando estávamos do outro lado, não tivemos a oportunidade de escolha. Sempre acatamos. Como minoria, tínhamos o nosso espaço, nossa representatividade, mas não era o espaço que gostaríamos de ter. Mesmo assim nós tentamos ne-
Fotos: Wagner Augusto/Magnum Alexandre Foto: Wagner Augusto
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
11
Entrevista gociar com o bloco que tentou derrubar a nossa candidatura até as vésperas da eleição. Não conseguimos. Em protesto, eles decidiram sair.
de servidores públicos efetivos, os outros 90% são cargos comissionados. Para melhorar de forma qualitativa, não é só a indicação popular, nós precisamos de um quadro qualificado permanentemente nas administrações. Para que não se perca um projeto realizado, a cada troca de governo.
Não serão leiloados cargos. Como a senhora pretende conciliar os deputados? O problema não era compartilhar os espaços com os deQuais são os projetos para a Câmara nesse putados e sim a forma de compartilhamento. Eu acho que começo? você tem que dividir os espaços públicos dentro de um proNós vamos ter a Câmara Cidadã, em que iremos às Rejeto, criando metas, programas, perfis e, é claro, chamando giões Administrativas. A primeira sessão popular, na primeia comunidade para participar junto, como eu acredito que ra semana de fevereiro, será na rodoviária do Plano Piloto, já vá acontecer neste primeiro momento. E acho que os parla- para ouvir os cidadãos. A intenção é levar o poder legislatimentares dessa Casa precisam ser ouvidos também na com- vo para mais próximo do povo. Muitas pessoas ficavam irritaposição das administrações. Um exemplo claro é como um das quando nós íamos entregar panflentos nas ruas dizendo: deputado que teve dois terços dos “Vocês só aparecem aqui na épovotos na sua região não é ouvido na ca da eleição”. Então, queremos dar “a fiscalização popular vai escolha de um administrador regiouma resposta de qualidade e aparenal? Ele teve aprovação popular na cer logo após as eleições, escutando melhorar muito a qualidade do sua região para ser um representancada um. Incentivando a todos a traprocesso legislativo” te legítimo da cidade. Alguns ingrezerem demandas para a CLDF. A podientes serão necessários nesse mopulação briga muito com esse poder, mento. Primeiro, nós não queremos pois não compreende o papel dele, fatiar o governo, mas compartilhar os projetos. E segundo, que é equilibrar os poderes, além de fazer com que os cidaouvir a Câmara de uma forma diferente e tentar passar por dãos tenham vez e voz. Os parlamentares trabalham muito essa transição de uma forma mais pacífica. além dos três dias de votação no plenário. Nós temos as comissões permanentes com reuniões, atendimento nos gabiDepois de ter vivido tantos escândalos, a po- netes e nos fins de semanas. Nosso objetivo é mostrar papulação fica na defesa em relação ao papel do ra a população esse trabalho da Câmara e aproximá-la dele. deputado? Esse poder é muito transparente. É o poder que mais soDe que outras formas o cidadão terá uma fre ataques. Você vê outros poderes encastelados. E é assim participação maior no trabalho dos parlamenque deve ser, já que esse é o poder que emana do povo, da tares? representatividade popular. Então, nós entendemos esse paA TV Distrital será mais uma ferramenta para que o povo pel e as cobranças. Mas acreditamos ser legítima a participa- possa acompanhar o nosso trabalho dentro da CL. No moção dos parlamentares na forma e na escolha dos adminis- mento, ela está em processo de legislação. Quando assumitradores, com legitimidade e metas claríssimas. Queremos mos o processo estava bem adiantado. Estamos, agora, vecompartilhar projetos para as regiões. Algo que me preocu- rificando se os prazos foram cumpridos e os trâmites, nos pa, que provavelmente não poderá ser resolvido a curto pra- conformes. Até o fim do mês, teremos a avaliação sobre o zo, é o que traz o maior incômodo para a população: a falta projeto para dar início ao processo licitatório, mas a primeide recursos humanos qualificados. Nós temos apenas 10% ra sessão não será transmitida ainda. Outro projeto é o Painel
“A primeira sessão popular, na primeira semana De fevereiro, será na rodoviária do Plano Piloto, já ouvindo os cidadãos.”
12
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
Popular. Vários projetos são votados sem que os deputados saibam a opinião pública sobre eles. Então, nós pretendemos disponibilizar essa informação aos deputados, por meio da votação do povo sobre cada projeto. Tudo interligado, os votos serão pela internet do cidadão que está acompanhando a sessão do plenário ou pela TV Distrital. O fato de a população acompanhar ajuda para que não aconteça um rombo como esse do último governo? Acredito que sim. Se a oposição tivesse sido um pouco maior, o governador teria recuado em alguns momentos, gastado menos, como o estádio por exemplo. Acho que, com a fiscalização popular, vai melhorar muito a qualidade do processo legislativo. Como a Câmara Legislativa vai se comportar em relação ao apelo de profissionais do setor público pela reestruturação de cargos e salários diante desse rombo orçamentário deixado pelo governador Agnelo? Acho que a população entende o momento que estamos passando, todos os sindicatos, todas as carreiras. Estamos em um momento que pode faltar tudo em todas as áreas, é grave. Tem algumas áreas que são muito sensíveis, a Saúde por exemplo. Se faltar dinheiro para pagar o servidor e se faltarem insumos, o resultado disso pode ser até a morte. Por isso, temos que gerenciar essas crises e resolver problemas graves que devem ser solucionados a curto prazo. Assim, poderemos encaminhar projetos importantes como os de reestruturação.
Como a formação em administração vai ajudar na presidência? A administradora tem o foco na gestão, além de eficiência e eficácia. Isso vai nos ajudar. O meu gabinete, por exemplo, apesar de ser pequeno, era todo dividido em áreas, legislativo, comunicação, atendimento ao cidadão; nós tínhamos um organograma; trabalhávamos com meta e foco, além de nos preocuparmos com o atendimento dos cidadãos. O melhor lugar do meu gabinete era a recepção. Assim como na empresa privada, esse é o lugar onde se recebe o cliente. É claro que o serviço público envolve muita política. Nosso objetivo é mesclar as duas partes, tanto a administrativa quanto a política, para alcançarmos um foco maior. Esse será um grande desafio para mim, pois todos conhecem a Celina, deputada corajosa. Esse é o momento de mostrar que consigo construir um outro lado que eu tenho de gestão até por formação. Deixe um recado para o setor produtivo. Essa Casa tem que estar de portas abertas para o setor. Durante a campanha do Rodrigo, nós conversamos muito com os empresários do DF. Acho que eles vão ser os grandes parceiros do governador. Vamos precisar de muita criatividade para tirar a cidade da crise. Quem vai trazer isso é o setor produtivo, que pensa com uma energia diferente da do governo, com rapidez e com o intuito de trazer investimentos para a cidade. Muitos governos têm o olhar de que o empresário está sempre pedindo, mas dependendo da demanda ele deve ser encarado de outra forma. O setor produtivo traz: gera emprego, renda, impostos.
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
13
ARTIGO
BRASIL 2015/2018: RETOMAR O CRESCIMENTO ECONÔMICO, NUM CONTEXTO DE CRISE MUNDIAL, PRESERVANDO AS CONQUISTAS SOCIAIS
O
Brasil terá, nos próximos quatro anos, um grande desafio pela frente: retomar o crescimento econômico que, no período 2004/2010, chegou a cerca de 5% ao ano, num contexto de continuidade da crise econômica mundial, mas buscando preservar as conquistas sociais obtidas nos últimos anos. A economia voltou a apresentar um baixo crescimento e déficits acentuados em suas transações correntes. Contudo, para enfrentar a crise, não recorreu à tradicional receita de impor sacrifícios ao povo. Apresentou vários aspectos positivos, o aumento do nível de emprego e da formalização e o aumento da renda das famílias foram dois deles. Para o próximo período de governo, o papel do Estado no crescimento econômico deve ser questionado. Há quem defenda a continuidade da atual metodologia, com presença regulatória, outros defendem a redução do papel do Estado. No âmbito do debate mais amplo sobre o papel do Estado, há um específico sobre a atuação dos bancos públicos. Como o governo deve agir diante da participação dos bancos públicos na concessão de créditos? O subsídio pelo BNDES é nociva à saúde fiscal do governo federal? Nos dois últimos anos, houve redução do nível de investimentos no país. Não se discute a necessidade de ampliá-lo, mas o debate é sobre as alternativas para ampliá-lo. Observando-se a estrutura de gastos públicos do governo federal, entre os 5 grandes grupos, houve uma relativa estabilização dos gastos com “pessoal e encargos” e “custeio”; a ampliação dos “gastos sociais” e com “isenções, desonerações e subsídios” e redução dos “gastos com juros”, embora este se mantenha num patamar elevado, de R$ 246 bilhões em 2013, ou 5% do PIB. Como deve se comportar a distribuição dos principais componentes dos gastos públicos para facilitar a retomada do crescimento econômico? A Constituição Federal de 1988 promoveu um importante aumento da proteção social no Brasil, processo que foi ampliado nos últimos anos. São programas sociais de transferência de renda, como o Bolsa Família; a ampliação e melhoria da cobertura previdenciária, assentada na formalização das relações de trabalho, na universalização da aposentadoria rural e no aumento do valor real do Salário Mínimo e na implementação de inúmeras políticas públicas, como o FIES, o Prouni e o Mais Médicos. Tais medidas, se beneficiaram milhões de pessoas, incorreram em substantiva ampliação dos gastos governamentais. O Governo deve manter, reduzir ou ampliar a proteção social no país? A concessão de isenções fiscais, desonerações e subsídios, com o intuito de tornar as empresas mais competitivas e, as-
14
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
*Júlio Miragaya
sim, estimular a atividade produtiva, cresceu de forma substantiva nos últimos anos. O Governo deve manter, reduzir ou ampliar a renúncia fiscal como forma de estimular a atividade produtiva no país? Já os gastos com juros da dívida pública, da ordem de quase R$ 300 bilhões (5,5% do PIB) sangram o orçamento público. Como reduzir os gastos com pagamento com juros da dívida pública? No cenário externo, a Balança Comercial brasileira tem sido tradicionalmente superavitária para fazer frente a uma historicamente deficitária balança de serviços e rendas. Mas nos últimos três anos, a BC passou a apresentar equilíbrio, que somado ao enorme déficit na balança de serviços e rendas, da ordem de US$ 80 bilhões, gerou um déficit em transações correntes da mesma dimensão, ainda financiado por investimentos externos diretos. Por outro lado, o país acumulou um enorme passivo externo, o que ressuscitou o risco de vulnerabilidade externa, tão presente na década de 1990, muito embora tal risco seja atenuado pela elevação das reservas internacionais, da ordem de US$ 380 bilhões. A balança de transações correntes fortemente deficitária é um problema a ser corrigido? Que medidas devem ser adotadas para promover maior equilíbrio? Há risco latente de crise nas contas externas do país? Há praticamente consenso entre os economistas que a atual taxa de câmbio, oscilando entre R$ 2,30 e R$ 2,40 por dólar (USA) está apreciada, impactando fortemente nossa balança comercial e de serviços e, consequentemente, nossas transações correntes, com reflexos importantes na atividade econômica, particularmente a industrial. Muitos apontam a taxa de câmbio apreciada como maior responsável pelo suposto processo de desindustrialização do país e de reprimarização de sua pauta exportadora. Por outro lado, sua depreciação geraria impactos negativos na taxa de inflação. A atuação do Banco Central deve visar um câmbio flutuante ou deve intervir para promover a depreciação de nossa moeda? Por fim, o país nos últimos anos tem priorizado as relações comerciais e políticas com os países do Hemisfério Sul, em particular com o Mercosul, a Unasul, o continente africano e os BRICS. Alguns economistas têm criticado esta opção, defendendo a retomada de relações preferenciais com os países ricos da OCDE. O Governo deve priorizar as relações com que grupos de países? Eis algumas questões que mobilizarão a agenda econômica nos próximos quatro anos. • Júlio Miragaya – Diretor do Sebrae/DF e Vice-Presidente do Conselho Federal de Economia
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
15
Prazeres Capitais Carol Dias
A arte de cuidar 16
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
A
missão do Nüwa é cuidar das pessoas. O zelo já começa na entrada, quando o cliente recebe o necessário para passar o momento mais relaxante do dia, que varia de 50 minutos a quatro horas, dependendo do tratamento. O relaxamento começa antes mesmo da massagem, com um banho de ervas nos pés. O convite para entrar na sala vem de uma voz suave. Nos quartos, decorados com tema oriental, a pessoa se esquece dos problemas e é capaz de viajar no tempo e no espaço. A jornada pode ser para diferentes lugares. Apesar da filosofia baseada em técnicas orientais, as massagens são especialidades de vários países: a ayurvédica nos remete à Índia e relaxa em meio a movimentos de alongamento; a ducha de Vichy permite co-
nhecer um pouco da França e, da China, recebe-se o shiatsu. Estela Boner, dona do spa, cuida para que os tratamentos oferecidos sejam fieis às origens. “Alguns deles, como a ayurvédica, eu mesma ministro aos funcionários”, garante. A atenção com o corpo e com a energia emitida por ele é a paixão de Estela que, desde os 15 anos, se interessa pelo assunto. Apesar de ser formada em análise de sistemas e ter trabalhado muitos anos na área, ela sempre fez cursos e estudou temas ligados à saúde. “Por isso, há sete anos, resolvi abrir o spa no Ícone Parque, no Setor de Clubes Sul.” Apesar do sucesso, o Nüwa mudou de endereço. Em setembro, o spa foi inaugurado no Royal Tulip. A mudança proporcionou um relaxamento ainda maior ao cliente, que sai do tratamento com uma bela vista para o Lago Paranoá. O deslocamento para o hotel também possibilitou novos programas. Estela conta que, para fugir das festas do Carnaval e descansar durante o feriado, por exemplo, o spa apresenta pacotes com atividades físicas, alimentação e massoterapia. “No futuro, pretendemos realizar esse projeto durante uma semana ou até mesmo um mês. Já estamos montando tudo com nossa nutricionista.” A receptividade dos clientes e dos hóspedes foi tão grande, que os planos são de abrir o Nüwa em outro hotel, ainda indefinido pela proprietária.
Fotos: divulgação
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
17
Prazeres Capitais
Livraria de rua Há quatro meses, quem passa pela comercial da 211 Sul tem uma surpresa inusitada: uma livraria de rua. A Le Calmon é um projeto do casal de advogados Petrônio Calmon e Adriana Beltrame que começou em 2012 com a criação de uma editora. A paixão por livros foi o principal motivo para o casal lançar a Gazeta Jurídica. “Nós transitamos muito por esse meio, foi como surgiu a ideia. Em menos de um ano, já havíamos publicado 50 títulos”, conta Adriana. Não demorou muito tempo para que a editora expandisse os horizontes e lançasse livros fora do segmento. “Com isso, surgiu o selo Le Calmon. Foram publicadas cinco obras literárias de advogados e três de escritores de Brasília.” Com a livraria o processo foi diferente. O projeto, desde o início, era mesclar a leitura jurídica com literatura, a área infantil, a ficção e os clássicos. “A ideia era realmente criar um espaço de convivência, onde quem estivesse passando pudesse entrar, ler um livro e aproveitar”. Para isso, o mezanino se tornou um café. O espaço aconchegante funciona como um empório com produtos especiais, que podem ser servidos na hora. Nas estantes, chás de vários sabores e uma wiskeria. “No começo, quando pensávamos nos livros jurídicos, dizíamos: ‘tem que ter wisky, né?’. Os juristas gostam”, declara em tom de brincadeira. O ambiente também se tornou palco de lançamentos e noites de autógrafos, além de incentivar projetos da cidade. “Estamos, junto com outra editora, montando uma prateleira para divulgar artistas brasilienses”, anuncia Adriana.
18
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
Brasil na Argentina A franquia Sr. Mor instalou-se na 407 Sul sete anos após a criação da matriz, inaugurada em Buenos Aires em 2006. Os sócios, a argentina María Georgina e o brasileiro Sandro Alencar, se interessaram pela proposta da loja em oferecer diversos produtos de designers e artistas argentinos, e trouxeram a ideia para Brasília. Contudo, a vontade da dupla não era só essa. “Também gostaríamos de fazer um intercâmbio cultural entre Brasil e Argentina e exportar o trabalho de brasileiros”, revela Georgina. Para começar o sonho, há pouco tempo, a Sr. Mor de Brasília lançou produtos de artistas conhecidos na cidade, como Cris Conde e Carol Nogueira.
Fotos: da redação
Uma baguette autêntica Sentir o gostinho da França é um privilégio que os brasilienses usufruem há alguns anos. Depois de uma temporada de três anos em Paris, o que mais me fazia falta não eram as elegantes pâtisseries – legítimas confeitarias francesas – nem mesmo os croissants que desmancham na boca, mas sim as simples e comuns baguettes. Depois de quatro meses de volta ao Brasil, tive o prazer de comer uma autêntica, na casa de uma tia. Quando perguntei, descobri que o pão vinha da padaria francesa La Boutique, na 213 Norte. Os proprietários Marco Túlio Pena Costa e Benoît Rataboul se conheceram quando Benoît, que é francês, passava uma temporada na Chapada dos Veadeiros. Formado pela principal instituição de formação de padeiros e confeitos da França (Institut National de la Pâtisserie -Boulangerie) e tendo trabalhado no sul do país e na capital, Rataboul entrou na sociedade em 2013.
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
19
Comercial Reis e as novas metas para 2015 Conseguimos superar muitos obstáculos em 2014. agora, vamos iniciar o ano com muito trabalho
A
rede de supermercados Comercial Reis tem muitos motivos para comemorar o ano de 2014, que foi marcado por vários acontecimentos positivos. Prosperamos, crescemos e alcançamos as nossas metas, conseguimos captar novos clientes que nos proporcionaram faturamentos e resultados satisfatórios. Somos merecedores desse privilégio. No mês de dezembro, comemoramos 25 anos de luta e muito trabalho. Para nós, é uma honra contribuir anualmente pelo crescimento e desenvolvimento da economia local do Distrito Federal. Outro fato importante que vale ressaltar foi o aumento do quadro de menores aprendizes na empresa. Nós oferecemos a esses jovens a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho por meio de treinamentos, qualificação profissional e cursos sem prejudicar os estudos, com os direitos trabalhistas garantidos de acordo com a lei de estágio. Todo esse trabalho resulta na geração do primeiro emprego, renda e na redução da desigualdade social em nosso país. Conforme pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a falta de profissionais qualificados
20
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
afeta principalmente a busca das empresas por eficiência. Hoje, o menor aprendiz que nós contratamos está preparado para o mercado de trabalho e, para nós, isso é motivo de orgulho e satisfação. Durante o ano, oferecemos aos nossos clientes segurança, conforto, praticidade e variedade de produtos com preços acessíveis à comunidade nos supermercados do Paranóa e Lago Sul. Minha expectativa é grande quanto ao novo ano que se aproxima: 2015 será um ano de muitas conquistas para a rede de supermercados Comercial Reis. As mudanças vão começar pela unidade do Paranóa e, depois, vão se estender para o supermercado do Lago Sul. Estamos investindo alto nesse processo de mudança. Vamos trabalhar com novas tecnologias acompanhadas de equipamentos modernos para os nossos funcionários, que têm o objetivo de diminuir as filas nos caixas e melhor atender os clientes. Acreditamos que esse investimento vai proporcionar melhores resultados para a empresa. Já conseguimos parte desses equipamentos e já estamos em processo de teste. Tenho certeza que nossos clientes vão aprovar nossas mudanças e se sentirem mais confortáveis com o atendimento que ficará melhor.
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
21
CAPA CAPA
2015 SERÁ UM ANO DIFÍCIL Empresários devem aproveitar o momento de estagnação para avaliar o negócio e criar novas saídas para a crise | Carol Dias e Oda Paula Fernandes
22
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
E
specialistas acreditam que a crise que acometeu 2014 ainda não passou e se estenderá durante, pelo menos, o primeiro semestre de 2015. Apesar do mau presságio, nem tudo está perdido. Para o diretor de regionais da Câmara Americana de Comércio (Amcham), Fernando Schmitt, os próximos doze meses serão melhor aproveitados pois, ao contrário do ano anterior, não teremos Carnaval tardio, Copa do Mundo e eleições. “As empresas terão mais tempo para produzirem em relação ao ano passado”, explica. Mesmo assim, os empresários vão ter que driblar algumas dificuldades que rondam o setor. O presidente da Federação de Comércio do Distrito Federal (Fecomércio-DF), Adelmir Santana, alerta para o “risco da retomada inflacionária. Por isso, medidas duras terão de ser tomadas para evitar o retorno da inflação, a elevação das taxas de juros e as dificuldades em acessar o crédito”. Segundo Santana, esses serão os principais fatores que dificultarão o crescimento do setor de comércio e serviços em Brasília. “Cuidado com o endividamento!”, alerta o presidente da Associação Comercial do Distrito Federal (ACDF), Cleber Pires. E esse não é um problema só das empresas. Segundo o economista sócio da Consultoria Positiva Brasil, Evandro Santos, “o crescimento do consumo, nos últimos anos, esteve ligado à expansão de crédito, o que resultou no maior percentual de endividamento das famílias desde 2005”. Esse fator, associado à sinalização de mudanças na política econômica – com destaque para o fim da desoneração tributária de diversos segmentos, forma de concessão de crédito pelo
BNDES e aumento dos juros – aponta para um cenário de baixo crescimento econômico. Em 2015, as indústrias devem enfrentar os mesmos problemas do ano anterior, de acordo com o presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), Jamal Jorge Bittar. As principais queixas dos empresários foram identificadas pela Sondagem Industrial do DF, pesquisa realizada mensalmente pela Fibra. Em primeiro lugar, ficou a elevada carga tributária (55,6%), seguida pela falta de demanda (42,2%) e pela escassez de mão de obra qualificada (31,1%). “Inadimplência dos clientes, competição acirrada de mercado e alto custo da matéria-prima também compõem a lista de reclamações”, completa Bittar. No comércio, as dificuldades resultaram em lojas fechadas. Levantamento feito pela ACDF entre os meses de dezembro de 2014 e janeiro de 2015 identificou aumento de 4,12% nos comércios que não funcionam nas Asas Sul e Norte – o que representa 228 pontos inutilizados. Contudo, o presidente da instituição é otimista: “Acredito que aqueles que deveriam encerrar as atividades já o fizeram”, um alívio aos empresários, mas que não indica aos trabalhadores a garantia de emprego. O presidente do Sindicato dos Varejistas do Distrito Federal (Sindivarejista), Edson de Castro, avisa: “O comércio vai funcionar normalmente. No entanto, as lojas terão que reduzir o número de funcionários devido ao aumento do dólar, da inflação e dos juros”. Segundo ele, muitas empresas sólidas se adequarão à nova realidade. “A economia sempre foi assim. Ela não é sempre estável. Esse é o momento de recuperação e ajuste do setor produtivo”, afirma.
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
23
CAPA
Um aliado É unanimidade entre empresários e especialistas que o papel do governo é fundamental para que o setor ganhe força. No entanto, os acontecimentos recentes na política e o rombo deixado pelo governo anterior são motivos para desânimo entre os brasilienses. Segundo o economista André Clemente, a credibilidade do novo governo será um fator importante para a melhora da economia. Contudo, “esse resgate não acontece de uma hora para outra. Tanto o setor produtivo, quanto a classe política e as sociedades trabalhadoras desejam resgatar a estabilidade econômica do DF. Só assim será possível planejar o futuro e melhorar a qualidade de vida”. O novo formato de gerenciar as 31 Regiões Administrativas causa impacto e gera incertezas na população, mas também apresenta uma esperança de solucionar, de forma pontual, a demanda de cada cidade do DF. “Isso não é tarefa fácil. Exige o envolvimento de especialistas e trabalhadores que doutrinem e façam”, acrescenta Clemente. A cobrança na Fecomércio é de que o governo seja
mais eficiente. “Precisamos de um Estado enxuto e mais ágil nas decisões e ações que visem a implantação e o funcionamento das empresas”, reclama o presidente. Segundo ele, o setor público não acompanha a velocidade do privado, o que atrapalha no crescimento das empresas. Já Cleber, da ACDF, anseia por maior incentivo ao empresariado local. “As grandes obras do DF, como o estádio Mané Garrincha e o BRT, foram executadas por grandes consórcios do Rio de Janeiro, de São Paulo. Todos esses recursos e impostos foram levados para outros estados”, se queixa. No âmbito federal, Schmmit afirma que, sob um cenário político-econômico conservador, o país não cresce. O que, de acordo com ele, “invariavelmente não faz com que a atividade econômica tenha uma pujança muito forte. Já que o desenvolvimento das empresas está diretamente relacionado com a perspectiva e o crescimento do governo, uma vez que as instituições têm uma relação extremamente próxima”, prevê.
Renovação Com a falta de perspectiva de crescimento no setor público, a dica aos empresários é olhar para dentro do próprio negócio. “Sem um ambiente que estimule o fortalecimento do mercado, as organizações devem descobrir onde podem buscar forças para melhorar”, aconselha Schmmit. A melhor forma para driblar a crise, de acordo com o gerente da Amcham, é aumentando a produtividade por meio do melhor gerenciamento dos investimentos, de treinamentos voltados para equipes de venda e da revisão de processos. Este último ponto é, na crença do consultor credenciado pelo Sebrae Ricardo Masstalerz, uma tendência para 2015. “Um grande problema enfrentado pelo país é a falta de mão de obra qualificada e a ausência de procedimentos dentro das empresas”, atesta. Segundo Masstalerz, “uma tendência vem sempre ao encontro da resolução de problemas que foram gargalos em uma situação anterior”, por isso ele acredita que muitos negócios já começam a buscar metodologias para as atividades diárias. Outro caminho que, na opinião do consultor, as empresas deverão seguir é o de se preocuparem com o engajamento dos funcionários, principalmente os da nova geração. “Os anseios mudaram. Os jovens não estão focados em ganhar dinheiro. A realização pessoal é o que os move. Quem souber estimular essa mão de obra que, a cada dia, está mais capacitada, sairá na frente”. Ouvir o cliente é o terceiro e mais importante direcionamento em que Ricardo aposta para 2015. “A empresa tem que estar pronta para atender a demanda do cliente. Muitas vezes, o que é tendência para Brasília não é para o seu negócio.” Para ele, a visão externa ajuda a encontrar respostas para proble-
24
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
mas que parecem não ter solução. “Os empresários não estão atentos aos detalhes. Eles estão mais preocupados com o volume do que com a permanência no mercado”, conclui.
Intactos A crise não assombrou alguns centros comerciais da cidade. O Pátio Brasil, por exemplo, registrou crescimento de 14,4% nas vendas de dezembro em relação ao ano anterior – muito acima dos 2% alcançados pelo setor. “Esse é o melhor resultado do shopping nos últimos três anos”, comemora o superintendente Carlos Passos. Segundo ele, os números são consequência de inovação e criatividade. Outra empresa que soube aproveitar o momento foi o vizinho Venâncio 2000. O economista pós-doutor pela Sorbonne José Ernesto está à frente da administração do shopping e garante que este é o momento ideal para empresários correrem riscos, investirem e planejarem novos negócios. A expectativa do economista é que, a partir de março, já não existam sintomas dessa possível crise financeira. “Brasília tem um comportamento diferente dos outros estados. As pessoas consomem durante o ano todo por causa da renda per capta, que é uma das maiores do país”.
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
25
CAPA Divulgação
Ano de otimismo para o mercado imobiliário do DF Imóveis compactos e empreendimentos híbridos, residenciais e comerciais, são apostas das empreiteiras para alavancar as vendas do mercado imobiliário local este ano | Gustavo Lúcio
26
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
N
a última década, o país entrou em fase constante de crescimento imobiliário. O fato ocorre devido a ações governamentais para estimular o setor. Entre as políticas públicas bem sucedidas no mercado, estão o estabelecimento de taxas de juros mais competitivas e correção de valores dos imóveis para a classe média, medidas que elevaram o teto para o uso do FGTS. Além disso, o governo atendeu uma demanda habitacional antiga da população: a criação do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), em 2009, mudou a situação de muitos brasileiros, que agora podem comprar imóveis populares com valores bem abaixo do praticado no mercado. Essas tendências públicas devem continuar alavancando o mercado imobiliário nacional em 2015. “Os incentivos governamentais contínuos na área de habitação social, aliados a oferta de crédito a juros baixos, devem continuar estimulando o mercado imobiliário nos próximos anos. Só o programa MCMV já entregou milhões de moradias em todo o país e a expectativa é que pelo menos mais três milhões sejam entregues até 2018”, afirmou o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Distrito Federal (CRECI / 8ª Região), Hermes Alcântara. Por outro lado, em Brasília, a iniciativa privada aguarda com expectativa a aprovação de novos projetos imobiliários por parte do GDF, princi-
palmente pela renovação da nova equipe técnica de governo em vários setores. Na gestão do governador Agnelo Queiroz (PT), o DF teve queda no número de construções privadas: em 2011, foram 85 lançamentos; em 2012, 54; já em 2013, apenas 21, e, até setembro de 2014, somente 16 edificações residenciais foram entregues pelas construtoras, conforme dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon). Para Alcântara, “a burocracia até então existente e a demora nos procedimentos para liberar alvarás de construção atrasam e encarecem a entrega de obras, comprometendo, assim, o crescimento da região, os profissionais do mercado e principalmente os compradores. Com a transição para o novo governo, esperamos também que as parcerias público -privadas sejam uma saída para o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva”. Inicia-se um novo ano e as construtoras possuem empreendimentos em fase avançada de construção. A estimativa é que o mercado brasiliense volte a subir, mas, devido à recessão dos anos anteriores, os empresários apostam na alta dos preços. “Estamos confiantes na retomada do mercado, tanto que programamos quatro lançamentos para o primeiro trimestre do ano. Com os estoques reduzidos, a tendência será dos preços dos imóveis voltarem a subir e regiões nobres como o Plano Piloto – e em especial o Noroeste – continuarem se valorizando”, garantiu o gerente comercial da Emplavi, Wilson Charles.
“Os incentivos governamentais contínuos na área de habitação social, aliados a oferta de crédito a juros baixos, devem continuar estimulando o mercado imobiliário nos próximos anos”, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Distrito Federal, Hermes Alcântara.
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
27
Tendências para 2015
CAPA
28
Uma tendência mundial, e que as construtoras brasilienses já se especializam, além de ser uma possível ferramenta para o crescimento do mercado imobiliário local, é a construção de imóveis compactos, que aliam conforto e melhores condições econômicas. Nos últimos anos, a população brasiliense buscou unidades menores, como quitinetes e apartamentos de um quarto. “Esses imóveis mais compactos, como as quitinetes de 30 m2 ou apartamentos de 60m2, são cada vez mais ofertados no mercado. Essa é uma alternativa de moradia de boa qualidade, com boa localização e preços compatíveis”, enfatizou Hermes Alcântara. A mudança do perfil residencial do DF se dá, principalmente, por três fatores distintos, todos eles interligados à forma de agir da população. Júlio Miragaya, presidente da Companhia de Planejamento do DF (CODEPLAN) até o fim de 2014, explica que o ponto que mais contribuiu foi o novo modelo familiar, cada vez mais reduzido. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) aponta que a mulher brasiliense tem em média um filho, enquanto a média nacional é de dois para cada mãe. O segundo fator diz respeito à quantidade de divórcios: Brasília tem o maior percentual do país. Após a separação, há sempre uma busca por lares menores. O serviço público é o terceiro fator que modifica o perfil imobiliário do DF. Esse tipo de emprego atrai pessoas de outros estados que, muitas vezes, chegam à cidade para morarem sozinhas. Além dos elementos comportamentais citados, Miragaya sublinha que “a compactação dos imóveis também se dá por motivos econômicos, por exemplo, o corte nos custos de construção”. Ele destaca as regiões mais novas do DF, Águas Claras e Sudoeste, onde os imóveis são menores e o percentual de pessoas que
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
moram sozinhas é maior. A cineasta Radha Nicihoca é uma dessas pessoas que foram atraídas para Brasília pelos estudos e trabalho. Mesmo tendo familiares na cidade e após passar anos na casa deles, atualmente mora sozinha em um apartamento de um dormitório com cerca de 40m2. “Morar na casa dos pais tem o seu lado positivo. A independência é vislumbrada por todos os jovens adultos (com média de 19 a 28 anos). Hoje, posso realizar várias tarefas que quero sem ter que dar satisfações. Situações que jamais pude fazer morando com eles”, disse. O Sindicato da Habitação do DF (SECOVI) confirma o crescente número de ofertas de imóveis reduzidos. Em novembro de 2014, cerca de 939 mil quitinetes e 1,5 milhões de apartamentos com um dormitório estavam disponíveis para comercialização em todo o DF. No mesmo período do ano anterior, a quantidade de ofertas chegou a 912 mil e pouco menos de 1.45 milhões, respectivamente. A maioria desses imóveis estão localizados nas regiões administrativas ou nos bairros novos que surgem no DF, mas os empresários reclamam da burocracia governamental. O diretor executivo da empresa imobiliária Lopes Royal, Marco Antônio, revela que a procura por esse tipo de imóvel é alta, mas, segundo ele, os projetos para novos lançamentos há muito tempo não são aprovados pelo GDF. “No Plano Piloto, não existem mais construções previstas de um dormitório ou quitinetes e, no Noroeste, apenas seis edificações vêm com essas características.” O corretor afirma que “os novos lançamentos devem ficar nas cidades satélites. Se não houver novas aprovações, os imóveis que serão comercializados devem ser somente os que estão no estoque, o que vai gerar prejuízo a toda cadeia imobiliária do DF”.
Nova moda Além dos imóveis menores, outra tendência imobiliária que se destaca no DF é a construção de prédios residenciais sobre espaços comerciais. O Plano Piloto foi projetado com blocos comerciais separados das quadras de moradias. Já nas cidades satélites, é comum encontrarmos construções híbridas, com junção de torres residenciais, comerciais e serviços dentro do mesmo condomínio. De acordo com o o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos do DF, Júlio Perez, “essa é uma tendência mundial e o Brasil não poderia ficar de fora. Devido aos enormes congestionamentos que as cidades enfrentam diariamente, o brasileiro perde muito tempo com deslocamento entre casa, trabalho e vice-versa. Tendo estas bases em um mesmo lugar diminui gradativamente as horas de deslocamento”. Seguindo a moda, a construtora LB Valor-Empreendimentos desenvolve prédios residenciais interligados aos shoppings centers. De acordo com a empreiteira, esse novo produto surgiu após vários estudos de hábitos de consumo da população brasiliense, que prefere comodidade e segurança próximo às residências. Atualmente, um empreendimento está em funcionamento em Águas Claras, outros dois estão em fase final de construção, em Gama e Ceilândia, e a construtora não descarta novos lançamentos em outras cidades do DF. “Estamos com a promessa de 12 unidades nas regiões administrativas. A concepção é a mesma com imóveis residenciais e shoppings abertos que atendem não só a população do condomínio, mas também todas que estão em volta dele. Só no Gama, a torre residencial vem com 800 unidades e a área comercial vai abrigar 31 lojas com serviços que variam entre banco, alimentação e saúde, além de um hipermercado nacional”, destaca o gerente, Luiz Bezerra Com essas tendências, os empresários apostam que 2015 será um ano favorável ao mercado, principalmente para os investidores. Apesar de possuir o terceiro metro quadrado mais caro do Brasil, a compra de imóveis aqui tem garantia certa de retorno. Segundo o gerente comercial da Damha Urbanizadora, Leandro Gonçalves, a expectativa é boa. “Estamos otimistas em relação ao mercado. Primeiramente porque em 2015 teremos um calendário mais favorável que em 2014 (ano de realização de Copa do Mundo e eleições). O atu-
al momento de incertezas que a economia vem enfrentando tende a incentivar investidores a comprar imóveis por serem investimentos seguros, principalmente na praça do DF”, destacou. Especialistas do setor ressaltam ainda a região do Noroeste como uma aposta de ótimos investimentos. Para Marco Antônio, da Royal Lopes, “o lugar será, em 2015, o principal mercado de lançamentos e lá serão construídos apartamentos de 2, 3 e 4 quartos. O momento do Noroeste é bom para se comprar. Os preços estão valorizando e subirão ainda mais”.
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
29
CAPA CAPA
Turismo
Portas abertas para o turismo Ao contrário do que muitos acreditam, Brasília está preparada para receber e atrair pessoas de todo o mundo | Carolyna Paiva Foto: Paula Fróes
30
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
A
s férias e a chegada do Carnaval despertam a dúvida nos brasilienses sobre as opções para aproveitar o verão. Mas quem pensa que Brasília não é uma cidade turística, engana-se. A capital, construída por brasileiros de todo o país, tem em seus traços e curvas a inspiração para o turismo. Nos últimos anos, no entanto, problemas políticos e de ordem financeira denegriram sua real beleza. E, se recentemente, conseguimos mostrar ao mundo a verdadeira face de região acolhedora e organizada, durante a Copa do Mundo, essa também será a tarefa em 2015: resgatar a imagem de Brasília através de sua cultura viva, parques e belezas naturais. Para aumentar o alcance na área, o Distrito Federal promete consolidar a imagem da cidade em algumas frentes. O principal ponto de atenção está no Turismo de Negócio. A ideia é aproveitar a localização privilegiada de Brasília e a proximidade com os poderes federais para fomentar eventos coorporativos e congressos. Jaime Recena, Secretário de Turismo, afirma que “vamos trabalhar para que os visitantes permaneçam um dia a mais ou um final de semana para conhecer uma outra Brasília, a que não é falada”. Ele ressalta essas particularidades: terceiro polo gastronômico do país, museu a céu aberto, sede do maior parque urbano das Américas e abrigo das obras de um dos maiores arquitetos do século XX. De fato, a admiração é grande ao conhecer a cidade. A brasiliense Carol Oliveira mora em São Paulo há quatro anos e trouxe o namorado Thomas Luk para passear na capital. O tour por Brasília foi completo.
Paula Fróes
Lucas Lopes, 28
O paulista visitou a Catedral, o Memorial JK, o Catetinho, a Esplanada e a Legião da Boa Vontade. Enquanto comprava souvenirs na Feira da Torre, ele se declarou admirado com o que encontrou: “Eu pretendo voltar. Fiquei surpreso com a logística e a arquitetura de Brasília.” Para finalizar a viagem, o casal foi à Torre de TV e ao mirante desfrutar a vista da cidade. Perto dali, no
Congresso Nacional, os venezuelanos Jaime D’Derlee e Maira Alfonço confessaram estar impressionados: “A cidade é organizada e agradável. As pessoas são muito educadas”. O turismo já trouxe melhores resultados para o comércio, garante a comerciante Rosita Pereira. Ela trabalha na Torre de TV há 28 anos com a venda de pro-
Foto: Paula Fróes
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
31
CAPA dutos temáticos sobre Brasil e Brasília e, apesar de abrir todos os dias da semana, reclama do baixo lucro. “Quando tem congressos ou férias, conseguimos aumentar as vendas, mas ainda faltam atrações para melhorar o turismo.” Questões como segurança e infraestrutura incomodam a senhora que confessa ser baixo o fluxo de pessoas: “Foi bom com a inauguração do Estádio Mané Garrincha e com a Copa em 2014. Quando têm eventos, conseguimos faturar bem, mas espero desenvolvimento para 2015”. Para Hugney Velozo, Diretor Secretário da Associação Brasileira de Agências de Viagem do Distrito Federal (ABAV-DF), o desinteresse na capital também está relacionado à crise do governo local e federal. “A questão é acabar com a imagem de cidade fria e sem opções e colocá-la como portão de entrada para lugares maravilhosos. Quando um turista chega, se impressiona por ser uma cidade tão agradável.” Na opinião dele, falta divulgação efetiva, por meio de campanhas mais atrativas. A solução do problema, segundo Jaime Recena, já está sendo providenciada. Além de trazer shows de artistas nacionais e internacionais, como Paul Mccartney e David Guetta, o secretário pretende inserir Brasília no cenário de feiras de turismo e estabelecer contato mais forte com agências de viagem. “Hoje em dia, há um polo cultural pulsante para quem vive ou visita a cidade, como exposições no CCBB e Centro Cultural da Caixa, Festivais de Cinema Brasileiro ou grupos de teatro. Há espaço para descobrir coisas novas.” Ainda, próximo do DF, o turismo ecológico é outra forma interessante e produtiva de se divertir. Mesmo com as incertezas no setor, a capital desperta interesse de estrangeiros. A francesa Karine Cannard está fazendo um tour pelo Brasil para conhecer o país e aprender português. “Como estamos utilizando o transporte terrestre para nos locomover e só temos um mês para viajar, decidimos ir ao Sul e, talvez, Brasília”, comenta. O que mais atrai a europeia é a característica multicultural do DF. “Desejamos descobrir as particularidades de uma cidade planejada e constituída por pessoas de todo Brasil. Por isso, pode ser um lugar interessante para ver o país a partir dos encontros com diferentes pessoas.” Para o Carnaval também há novas perspectivas. O crescimento do número de habitantes inspirou o surgimento de novos blocos e desenvolveu os já existentes. Muitas pessoas são atraídas, desde o entorno a estados vizinhos, como Minas Gerais. O Lago Paranoá e o Parque da Cidade também oferecem opções e serão reaquecidos este ano. Jaime Recena (foto) enfatiza saber que esses lugares ainda carecem de ações e melhorias, mas trabalhará nesse sentido, com a retomada do Projeto Orla, para que esses espaços se tornem, cada vez mais, referências no Brasil e em Brasília.
32
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
Foto: Paula Fróes
Um turista brasiliense O português Bernardino Nunes conheceu Brasília em 2014 e se apaixonou pela capital “Sempre foi um sonho, desde criança, conhecer o Brasil, que é minha segunda pátria.” Por muitos anos, Bernardino Nunes (foto), nascido em Portugal, pesquisou e leu sobre nosso país. Com o tempo, surgiu o amor. De início, não pensava em conhecer Brasília, tinha foco no Nordeste e Amazônia. “Várias vezes falei com pessoas, mesmo brasileiros de outras cidades, que me diziam que Brasília não tinha nada para ver, não tinha história, era muito quente e não era cidade de turismo.” Quando realizou o ideal de visitar a Amazônia, acabou passando dois dias em Brasília. “Eu era apaixonado pelo Brasil, mas nunca imaginei que, na primeira vez que eu pisasse em suas terras, iria ser tão bem recebido. Em nenhum momento me senti estrangeiro.” Amigos brasilienses o levaram para conhecer a capital e provar comidas típicas. O português ficou admirado
com “o trânsito fluido e em pouco tempo se atravessa a cidade nessas vias rápidas e tesourinhas para sair e mudar de sentido”. Apesar de conhecer a arquitetura de Brasília por pesquisas, ele ficou impressionado ao vê-la pessoalmente. Também as árvores frutíferas dentro da cidade chamaram a atenção. Para ele, “a cidade pode não ter uma história muito antiga, mas tem grande futuro. Ela representa todo o Brasil”. O resultado da jornada foi marcante: “Nesta viagem maravilhosa, o calor que eu encontrei foi o calor humano e do sol. O frio da França é que eu não estou aguentando mais”. Com saudades, ele confessa a vontade de voltar e, por fim, se questiona: será que sou um turista muito diferente dos outros? Foto: Oda Paula Fernandes
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
33
CAPA
Capital para empreender Apesar do mercado fortalecido, ainda é preciso consolidar a cultura empreendedora entre os brasilienses | Taise Borges
P
esquisa recente constatou que Brasília é uma das cinco capitais mais empreendedoras do país. O estudo foi feito pela Endeavor Brasil, organização de incentivo ao empreendedorismo no país. Das 27 capitais brasileiras, foram analisadas as 14 que comportam, pelo menos, 1% das empresas de alto crescimento do Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Brasília foi superada apenas por Curitiba, Vitória, São Paulo e Florianópolis. Sete critérios e quase 50 indicadores foram utilizados na avaliação das melhores capitais para se abrir um negócio. Nossa cidade surpreendeu pelas boas opções de mercado: mesmo localizada no interior do país, fora do eixo de maior dinamismo econômico do Brasil, os empreendedores brasilienses encontram facilidade para comercializar
34
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
produtos e serviços localmente. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, apenas 22 mil empresas brasileiras são consideradas exportadoras – menos de 1% do total. Portanto, a maioria dos empreendedores não avalia o mercado de forma global, pois volta as atenções para o desenvolvimento econômico da própria região e o poder de compra dos consumidores locais. São Paulo é a única capital que nos supera no critério “mercado”. Para a avaliação desse índice, foram analisadas as características dos clientes em potencial e o desenvolvimento econômico regional – renda per capita, crescimento real do PIB, PIB total, entre outros indicadores. A renda per capita dos potenciais clientes em Brasília é a terceira maior entre as cidades analisadas: R$ 1.781,11. Ficamos atrás apenas de Vitória (R$ 1.959,55) e Porto Alegre (R$
Foto: Alisson Carvalho
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
35
CAPA 1.941,71). Também temos o terceiro maior PIB total do país: R$ 164.482.129,00, atrás de São Paulo (cerca de R$ 477 milhões) e Rio de Janeiro (aproximadamente R$ 209 milhões). Outro aspecto analisado está relacionado ao processo de abertura ou reforma de uma empresa, em que o empreendedor enfrenta a burocracia necessária à obtenção do registro do negócio. Esses procedimentos demandam tempo e dinheiro e, por isso, influenciam no grau de incentivo da cidade ao empreendedorismo. Em relação à complexidade do ambiente regulatório, Brasília aparece em quarto lugar no ranking. O critério compreende a duração dos processos para abertura do negócio, aprovação do projeto arquitetônico, obtenção de registro imobiliário e energia elétrica e para quitação das taxas nos tribunais locais de justiça. A avaliação incluiu, também, a análise do custo dos impostos (alíquota média do IPTU e imposto sobre as pequenas e médias empresas). A pesquisa concluiu que, em Brasília, o tempo para se abrir um negócio é de 75 dias. Somos superados, apenas, por Florianópolis (80 dias), Rio de Janeiro (100) e Porto Alegre (245). O tempo para obtenção de registro imobiliário também é alto em relação às demais capitais: 90 dias, menor apenas que em Fortaleza, onde o registro é obtido após espera de cinco meses. Apesar disso, o tempo para aprovação de projetos arquitetônicos na capital federal é menor que na maioria das
cidades estudadas. Aqui, os projetos são aprovados em dois meses, prazo maior apenas que em Salvador, onde a aprovação ocorre em 45 dias. Quanto à infraestrutura, Brasília aparece em sexto no quadro comparativo das 14 capitais. Para a análise, foram considerados o transporte interurbano e condições urbanas como acesso à internet, tempo de deslocamento, custo de energia elétrica e preço médio do m2. Esses fatores impactam diretamente o cotidiano dos empreendedores, funcionários e clientes, afetam a produtividade dos negócios e, consequentemente, o valor dos produtos e serviços. Quanto melhor a infraestrutura de logística, produção e comunicação disponível, mais atrativa a cidade é para os empreendedores. Em relação ao preço médio do m2, só perdemos para a capital carioca: aqui, paga-se R$ 8,670, enquanto lá, o valor é de R$ 9,937. Apesar disso, somente Vitória e Florianópolis nos superam na conexão com a internet: enquanto 70,93% de nossa população tem acesso à rede, 74,46% da cidade capixaba usufrui do serviço. O índice na capital catarinense é o maior entre as 14 cidades: 76,96%. O custo da energia elétrica em Brasília é a segunda menor: R$ 0,25647 por KwH, valor maior apenas que em São Paulo, onde a população paga R$ 0,23844. As capitais paulista e carioca também são as únicas que nos superam na quantidade de voos diretos.
Números de Brasília Renda per capita
PIB total
1º Vitória R$ 1.959,55
1º São Paulo R$ 477 milhões
3º Brasília R$ 1.781,11
3º Brasília R$ 164 milhões
2º Porto Alegre R$ 1.941,71
36
2º Rio de Janeiro R$ 209 milhões
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
Aprovação de projetos arquitetônicos
População com acesso à internet
Média de voos diretos por ano
1º Salvador 45 dias
1º Florianópolis 76,96%
1º São Paulo 493,739
2º Goiânia 60 dias
3º Brasília 70,93%
3º Brasília 179,656
2º Brasília 60 dias
2º Vitória 74,46%
2º Rio de Janeiro 270,573
O que é preciso Cultura para melhorar empreender Quando uma empresa abre as portas ou está em fase de desenvolvimento, o empreendedor precisa ter dinheiro para financiar suas ideias e investir em melhorias. No quesito “acesso a capital”, Brasília fica na sétima colocação. Os cálculos consideraram o capital disponível via dívida (total movimentado em operações de crédito) e acesso a capital de risco. Ao colocar barreiras no acesso dos empreendedores aos financiamentos, ficamos em desvantagem em relação às cidades analisadas que oferecem melhores condições para a abertura e manutenção das empresas locais. A inovação também não é nosso ponto forte: estamos na sexta colocação. Para a análise, foram considerados a intensidade de investimentos públicos e privados nas áreas de Ciências e Tecnologia e o potencial dos cidadãos para geração de ideias – pedidos de patentes, proporção de trabalhadores nas áreas de Engenharia, Matemática, Ciências e Tecnologia, quantidade de mestres e doutores nessas áreas. Ficamos na mesma colocação em relação ao capital humano disponível. A análise se baseou no acesso à mão de obra básica e qualificada e na qualidade dela – escolaridade da população, porcentagem de matriculados em cursos de alta qualidade, entre outros indicadores.
A capital federal fica na última colocação quando analisada a cultura empreendedora dos moradores. Nesse critério, foram avaliados o potencial empreendedor da população e a imagem do empreendedorismo na cidade – a presença dele na mídia local, o incentivo familiar e a importância atribuída a ele para o desenvolvimento do país. Entre os brasilienses, 15% considera que empreendedores são pessoas que exploram os funcionários – a média das capitais analisadas é de 10%. Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro também são as únicas onde menos de 53% da população reconhece os empreendedores como os principais responsáveis pelo progresso do Brasil. A última colocação pode ser explicada pelo fato de termos milhares de funcionários públicos atuando na capital das decisões políticas do país. De acordo com a mais recente Pesquisa de Informações Básicas Municipais, promovida pelo IBGE, o Distrito Federal é a unidade da Federação com a maior média de servidores públicos entre a população economicamente ativa: são 136.668 profissionais, 5% dos brasilienses. Nesse estudo, foram considerados apenas os profissionais alocados na administração do DF. Foto: Alisson Carvalho
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
37
COMPORTAMENTO COMPORTAMENTO
Colaborar para
crescer
Nova forma de trabalho conhecida como coworking cria espaços em que é possível compartilhar informações, contatos e clientes com empresas de diferentes ramos | Carolyna Paiva
38
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
O
ideal de cooperação mudou o perfil do mercado de trabalho. Um novo modelo de colaborar, que supera a simples forma de cumprir as obrigações previstas, dá espaço ao método de unir esforços em prol de um objetivo maior em comum. Dedicar-se ao que gosta, fazer a diferença na sociedade e promover trocas além do arquétipo tradicional de oito horas de trabalho motivou o aparecimento de novas tendências. Dessa postura surgiu o coworking.
Em um mesmo ambiente, profissionais de diversas áreas compartilham o mesmo espaço, separados, normalmente, por baias. Enquanto realizam suas atividades, podem dividir experiências com empresas diferentes, aumentar a rede de contato, conseguir novos clientes. Tudo isso sem se preocupar com a manutenção, burocracia ou segurança do ambiente compartilhado. O contato se estende até para projetos em parcerias e contrato de fornecedores de interesse geral, por exemplo. A cooperação é o fio condutor do sucesso. O conceito ainda é jovem em todo o mundo. Não se sabe ao certo quando a prática surgiu, apesar de o nome ter sido criado em 2005 nos Estados Unidos. Entretanto, antes disso, países da Europa já seguiam a tendência. No Brasil, o hábito é novidade e tem menos de cinco anos. Contudo, em São Paulo, o sistema já foi aperfeiçoado e as empresas o utilizam até para solucionar o problema de mobilidade, ao fazer com que o funcionário esteja conectado no horário do expediente e não perca tempo com trânsito. Para Brasília, a tendência é ainda mais recente e causa receio em decorrência da grande força do mercado público. No entanto, as empresas que apostaram na capital se surpreendem e aprimoram-se a cada dia. Armando Freitas, diretor do BR-Offices, empresa de coworking com sedes em Brasília e Goiânia, afirma que o crescimento vem sendo exponencial e os clientes gostam muito de trabalhar de acordo com o modelo em que mesmo empresas concorrentes se juntam para fazer uma entrega.
Exemplo desse progresso é a criação de uma associação nacional. A instituição nasceu para dar suporte a escritórios virtuais e, há dois anos, adicionaram o coworking. Armando Freitas, que exerce também o cargo de vice-presidente na Associação Nacional de Coworking e Escritório Virtuais (Ancev), conta que o objetivo é gerar o cooperativismo entre os associados. Atualmente são 80 em todo o Brasil e cinco no DF. A cooperação é prática entre os associados que realizam reuniões presenciais durante o ano e criam um núcleo seguro em todo o Brasil. Outra empresa de Brasília, a 4Legal, tem forte o sentimento de colaboração. A sócia, Juliana Guimarães, explica que muito mais do que dividir espaços, a prática consiste em uma ajuda mútua e, consequentemente, crescimento de todos que usufruem o espaço. “Se estou com uma dúvida no campo jurídico, por exemplo, mas não tenho um escritório que presta consultoria para mim, pergunto a alguém que está ao meu lado. E eles não vão cobrar por isso. Ao mesmo tempo em que se eu começar a ter uma demanda fixa, posso firmar uma consultoria”. Juliana conta que “quando escolhemos vir a Brasília, cidade tão voltada ao serviço público, acharam que a gente era maluco. Mas a cidade é muito jovem e o governo, um grande comprador. Se temos o maior PIB per capita do país e há tantas pessoas querendo fazer diferente, por que ignorar esse mercado?”. Para a 4Legal, estar junto do governo faz com que Brasília não só seja lugar de empreender, mas também de encontrar parceiros que pensam como a empresa e apoiem projetos.
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
39
COMPORTAMENTO
O que é Coworking ? Ilustrações: Radha Nicihoca
Coworking é um estilo inovador de trabalho. Ele consiste, fisicamente, em dividir recursos e um mesmo espaço, mas, ideologicamente, em compartilhar conhecimentos, contatos, experiências e até clientes. Isso é possível porque profissionais de diferentes ramos estão juntos em prol do desenvolvimento de todos.
Origem do Coworking 40
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
Coworking x Escritório virtual O isolamento do escritório virtual é um fator antagônico ao coworking. Neste é possível interagir e trabalhar de forma descontraída, além da redução de custos e da possibilidade de utilizar todos os recursos do local.
Coworking x Escritório particular Apesar da privacidade do escritório particular, um espaço compartilhado permite dividir experiências e conhecer gente nova. Dessa forma, fomenta-se o networking, a inovação e o contato com as mudanças do mercado de trabalho.
Coworking x Home Office Em casa, o clima dificilmente será 100% propício à produtividade. Não só pelas distrações simples, como cama, cozinha e telefone, mas também por não haver um horário fixo de trabalho. O coworking evita o comodismo e estimula o crescimento.
Coworking x Cafeterias/ Lanchonetes/Restaurantes Espaços gourmets são opções para realizar reuniões de negócio. No entanto, o coworking tem a vantagem de ser um ambiente preparado para atender clientes. Com isso, não há risco de perder o contrato por falta de profissionalismo ou internet, por exemplo.
Há alguns anos, o conceito de escritórios virtuais e a prática de home office explodiram no mercado. No entanto, há diferenças entre esses modelos e o coworking. O escritório virtual é uma “evolução” do aluguel de escritórios, mas com objetivo de oferecer endereço comercial ou fiscal para diversas empresas, além de espaços reservados, como sala de reunião. Saulo Da Rós, diretor da SMART Escritórios Inteligentes, empresa de escritórios virtuais e coworking, explica que o escritório virtual não exige que o cliente esteja presente necessariamente. Já o home office consiste em utilizar o ambiente doméstico para desenvolver as mesmas atividades de escritório, mas contando com a facilidade e comodidade de se trabalhar em
casa. Clarice Dewes, consultora de imagem, vivenciou a experiência do home office e abandonou para aderir ao coworking: “A situação doméstica acaba incomodando. Tem o telefone, a campainha e, com o passar do tempo, passei a não render”. Ao desejar voltar a ter rotina de trabalho, começou a utilizar o coworking. Hoje, o motivo de permanecer é outro. “Fi-
quei apaixonada pelo networking. Dificilmente alguém vai procurar um serviço fora se há uma empresa do ramo aqui dentro. Hoje, a razão de círculo profissional é muito maior que outros focos.” Ela afirma que o próprio local seleciona quem vai ficar: “O perfil das pessoas é muito parecido: gosto por novidade, por se comunicar e empreender”.
Benefícios do modelo Saulo Da Rós começou o negócio com escritórios virtuais, mas, com o crescimento do processo, aderiu ao coworking. Ele explica que “é uma opção muito econômica para um profissional que está começando. Você tem um espaço com direito à internet, ambiente executivo, linha telefônica, um local para fazer networking com várias pessoas que podem ser clientes ou que também estão começando”. No entanto, não são só empresas novas que adotam a prática. A redução de custo fixo e burocracia, além do contato direto com pessoas que incentivam a inovação, são estímulos a instituições já consolidadas. Esse é o caso de uma empresa de advocacia que decidiu trabalhar em um espaço compartilhado para aumentar a proximidade com um dos clientes e aproveitar para ampliar as oportunidades. O sócio Gabriel Gravina afirma que será muito vantajoso, porque “não preciso me preocupar com problemas do dia a dia, já que há um responsável para gerenciar isso”. Na sala ao lado, os coworkers reconhecem o espaço como um ambiente propício para o desenvolvimento. “Todo mundo é focado no trabalho e quer crescer. Você acaba ajudando também. A relação de troca é muito
real”, ressalta Raphaella Rodrigues, diretora da Editora Capital. O ingresso veio do encanto pelo sistema apresentado. “No início foi um risco, mas com o passar do tempo, vimos todos os benefícios que temos aqui.” Esse é outro carro-chefe do empreendimento: oferecer localização privilegiada que inclua facilidade de infraestrutura, como estar perto de cartório, correio, restaurantes e de fácil mobilidade. Além disso, o acesso à internet de qualidade e ao espaço 24h por dia, com controle de entrada e saída monitorada, criam a confiança que permite segurança e privacidade. Ainda é possível desfrutar de uma secretária em comum, impressora e serviço de limpeza e, dependendo do pacote, utilizar salas privadas e estacionamento. O agrado também vem com o “baixo custo em comparação a manter um escritório tradicional, a praticidade de não estar gerenciando o espaço e poder interagir com diversos empresários”, comenta Armando Freitas. Apesar da maioria dos empresários ser jovem e estar abrindo negócios, as multinacionais também estão enviando funcionários para esses polos por perceber uma oportunidade de conhecer melhor o mercado local e não se acomodar. TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
41
CAPACITAÇÃO
Educação fi n ancei r a ajuda a controlar gastos
Programa de cooperativa de crédito incentiva alunos da rede pública a reduzirem desperdício | Elsânia Estácio
42
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
A
pesar da pouca idade e responsabilidade, as crianças devem ser conscientes da necessidade de se preocuparem com o amanhã. Com esse intuito, o Sistema Cooperativo de Crédito Sicoob Executivo foi para dentro das escolas ensinar às crianças como se poupa para depois não faltar. Eduarda Chaul assistiu às aulas e aprendeu: “Sou um tipo de pessoa que adora gastar. Com essas aulas, descobri como se economiza bastante. Assim, cuido do meu futuro”. A primeira experiência financeira do programa “Em Dia com as Finanças”, que tem parceria da Cooperativa Oficina das Finanças, foi no Centro de Ensino Fundamental 01 da Candangolândia. As aulas foram desenvolvidas para crianças e adolescentes do 1º ao 9º ano de escolas da rede pública e privada, com o objetivo de apresentar uma nova metodologia nas salas de aulas, por meio de livros e atividades sobre o tema, de ferramentas pedagógicas e suportes para professores. Segundo Leonardo Silva, diretor executivo da Oficina das Finanças, o programa já está presente em algumas escolas particulares do Distrito Federal. Ele aposta na orientação desenvolvida para adolescentes com especialistas do segmento de finanças e, por isso, quis estender as aulas à rede pública. “O nosso grande início de trabalho e novo desafio é nas escolas públicas. Ao todo queremos atender 350 crianças entre o 6º e o 8º ano dessas instituições”, garante. O diretor da primeira escola pública a participar do “Em Dia com as Finanças”, Fabiano Pereira, diz que recebeu o programa com “a expectativa de poder contribuir na formação dos nossos professores. Os tutores vão lidar diretamente com a forma-
ção dos alunos, que serão os multiplicadores desse processo”. Segundo a coordenadora do projeto, Silvana Iunis, a iniciativa oferece, aos alunos, disciplina para gerir o próprio dinheiro desde cedo. “A nossa ideia é levar educação e inteligência financeira para essas crianças desde pequenas, para que elas possam começar a pensar que o dinheiro não foi feito só para gastar, que pode guardar parte desse dinheiro com objetivos de segurança, conforto e independência.” Durante a oficina, os estudantes tiveram palestras sobre como administrar e poupar dinheiro com o analista de negócios do Sicoob Executivo, Átila Gomes. “Acertamos em cheio com esse projeto. Estou vibrando, porque nunca tive essa experiência de trazer, para dentro de uma sala de aula, o sistema financeiro. Mostrar como lidar com as despesas é muito importante na formação dessa geração que é nosso futuro”, comemora. Os alunos que participaram das aulas se envolveram com as atividades e perceberam as mudanças que as novas atitudes positivas podem provocar. Foi o que aconteceu com o estudante Andrey Ferreira. “Depois que assisti às aulas, passei a guardar meu dinheiro. Às vezes, eu gasto um pouco mais, mas agora procuro economizar. Além disso, as aulas ficaram mais divertidas”. O presidente do Sicoob Executivo, Luiz Lesse, ressalta que a formação financeira é importante para as pessoas, principalmente quando novas. “Essas crianças precisam ser educadas não somente em relação à tecnologia, mas também devem saber como gerir suas finanças pessoais e suas riquezas para serem adultos mais conscientes da forma de usar o dinheiro”, afirma Lesse. Foto: Rafael Farias
Átila Gomes ensina a crianças do Centro de Ensino Fundamental 01 da Candangolândia maneiras para melhor controlar os gastos
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
43
CAPACITAÇÃO
Brasília, um lugar de possibilidades
Capital recebe evento com objetivo de espalhar boas ideias que inspirem pessoas e gerem um mundo melhor | Carolyna Paiva
44
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
O
espírito de que boas ideias merecem ser compartilhadas invade Brasília em 2015. A cidade sediará um dos maiores eventos de inovação e capacitação do mundo: o TEDx. Estruturado por meio de experiências transformadoras, o projeto consiste em desenvolver palestras e ações que inspiram mudança, liderança e criam um olhar visionário nos envolvidos. A capital é mais uma região a abraçar a oportunidade já vivida por centenas de comunidades voluntárias ao redor do mundo. A marca TED significa tecnologia, entretenimento e design e, desde 1984, converge os temas para realizar conferências com objetivo de promover a disseminação de grandes ideias. Com o passar do tempo, a iniciativa amadureceu. Hoje, além de reunir líde-
res mundiais e pessoas transformadoras nos Estados Unidos, foi criado o TEDx, ramificação independente de eventos para compartilhar ideias que façam a diferença em qualquer campo do mundo, como negócio, tecnologias, cultura e questões globais. O projeto atrai diversos públicos devido ao formato de palestras rápidas – até 18 minutos. No centro do Brasil, quem aceitou organizar o TEDx foi um grupo de estudantes da Universidade de Brasília (UnB). Desde 2011, os universitários tiveram contato com a proposta do TED em outros países e, há dois anos, o desejo por consolidar uma universidade melhor os incentivou a estruturar a iniciativa. Caio Cavalcante, coordenador de parcerias e aluno de Engenharia Mecatrônica, revela que “percebemos na UnB um polo de desenvolvimento social capaz de promover tecnologia, cultura e nos aproximar do mercado de trabalho. Por isso, decidimos expandir as oportunidades”. Entretanto, a tarefa está além da universidade. A ideia de que Brasília é uma cidade engessada não está presente na cabeça dos organizadores. Para a equipe, a capital é um lugar de possibilidades e o objetivo do TEDx é transformá-las em realidade. Caio acrescenta: “Dentro e fora da UnB, conhecemos pessoas admiráveis que trabalham para mudar o mundo a partir da perspectiva micro. Utilizaremos a UnB como instrumento para que a gente não só permita, mas também estimule atores sociais.”
E a espera é grande. O universitário Pedro Siqueira confessa que “as expectativas são enormes, porque teremos nomes de peso fornecendo estímulos e levantando questionamentos. Espero que o evento rompa um pouco o senso comum de que nossa cidade respira apenas serviço público”. Assim como ele, a engenheira eletricista Cecília da Rocha também espera adquirir grandes conhecimentos com o TEDx Brasília: “Assisto às palestras até na academia. Estou ansiosa com a oportunidade de participar pessoalmente de um evento que vejo apenas pela internet.” Camila Yarla, 24 anos, organizadora do evento, garante que o cuidado é grande em prezar pela alma do TEDx, já que trazê-lo a Brasília não foi fácil. Organizar a iniciativa exige uma série de obrigatoriedades, como licença prévia, que mantenham a qualidade do evento da mesma forma com que acontece em outros países. Precisou-se, portanto, explicar a causa e demonstrar conhecimento, interesse e responsabilidade. O grupo estuda o material disponível no site, além de entrar em contato com ex-organizadores e com a representante do TED no Brasil. “A ideia é observar todas as regras e estar alinhado com a equipe que representa o TED em nosso país”, explica Camila. A primeira oportunidade de contato externo surgiu com uma ex-organizadora de TEDx, Caroline
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
45
CAPACITAÇÃO MacDonald. A escocesa, em viagem por Miami, encontrou pessoas com o mesmo interesse pela plataforma TED. O grande motivador foi a oportunidade de unir pessoas de origens diferentes e vivenciar a miscigenação. Dessa forma, ela coordenou o primeiro evento TEDx na cidade. Mas parar não fazia parte dos planos de Caroline, que, por fim, organizou mais três edições. “É uma descoberta do que a gente realmente é e uma oportunidade de entender o mundo.” Com intuito de conhecer pessoas e aprender o português, ela veio ao Brasil. Tempo depois, recebeu a ligação dos atuais organizadores do TEDx em Brasília. Agora, contribui como conselheira e ajuda com a experiência de outras edições. “Cada TEDx é dife-
rente e tem sua identificação. A riqueza é essa em proporcionar diversidade cultural, ajudar pessoas, entender o meio e trabalhar junto”, afirma Caroline. As dicas variam desde apoio financeiro e logístico, até forma de escolher palestrantes. A estrutura deve ser idealizada para que o evento discorra sobre uma variedade infinita de assuntos, trazendo ideias originais e interessantes. Segundo Caroline, “o desafio maior é ter palestrantes que entendam o TED e saibam falar de maneira interessante durante o tempo determinado. Eu costumava pedir que eles fingissem que contavam uma história para suas avós”. Portanto, para ter uma experiência engrandecedora, vale desde matemáticos a especialistas em tubarões, por exemplo. Foto: Wagner Augusto
Alunos da Universidade de Brasília, organizadores do TEDx, se reúnem para discutir diretrizes do evento Sabendo disso, o esforço é grande para trazer pessoas responsáveis por ideias que mereçam ser compartilhadas. E dois desses palestrantes já foram confirmados. Um deles é Chiquinho que, há 40 anos, é responsável pela acolhedora livraria do Instituto Central de Ciências da UnB. O popular livreiro da universidade teve a importância reconhecida ao ser condecorado com o título de cidadão honorário de Brasília. Outro palestrante é Marco Gomes, fundador da Boo-box. O jovem abandonou os estudos aos 20 anos para perseguir o sonho de fundar o próprio negócio. Hoje, sua empresa de tecnologia digital tem dezenas de funcionários e é especialista em estratégias inovadoras de publicidade.
46
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
Em relação a patrocinadores, a equipe busca empresas compromissadas com o desenvolvimento socioeconômico de Brasília e interessadas em se consolidar como líderes nas áreas em que atuam. Os organizadores – 16 estudantes de diferentes cursos – têm o apoio da universidade. Para o professor Ivan Camargo, reitor da UnB, o contato com pessoas inovadoras como os palestrantes do evento será uma grande oportunidade para os alunos: “Quando estamos na universidade, achamos normal assistir palestras de pesquisadores, vencedores de prêmios Nobel. Quando saímos é que percebemos como é difícil ter acesso aos grandes intelectuais. Por isso, tenho certeza que o conhecimento proporcionado pelo TEDx será muito significativo para nossos estudantes”.
CAPACITAÇÃO
Aceleração da aprendizagem é alternativa à defasagem escolar Alunos de escolas municipais são atendidos por programa desenvolvido pelo Ceteb | Oda Paula Fernandes
P
onderada a gravidade do problema nacional de defasagem entre idade e ano escolar e a falta de ações públicas coerentes com a realidade da educação brasileira, o Programa de Aceleração da Aprendizagem (PAA), desenvolvido e oferecido pelo Centro de Ensino Tecnológico de Brasília (Ceteb), surge como uma alternativa pedagógica para correção do fluxo escolar. Segundo dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cada cem alunos matriculados no Ensino Fundamental, apenas 15 concluem o Ensino Médio e cerca de três terminam o Ensino Superior. O PAA foi pensado como uma ação específica destinada a corrigir essa defasagem. Comprometido com a aprendizagem significativa do aluno e com o prosseguimento dos estudos, o projeto traz o estudante de volta à sala de aula, ainda que em idade diferente da regular. “Nosso projeto responde aos imperativos dos novos tempos, em termos de desenvolvimento de competências e habilidades cognitivas básicas e da construção da autoestima do estudante. Também propõe regularizar o fluxo dos alunos nos anos iniciais do Ensino Fundamental”, explica Rosa Peccina, diretora do Ceteb. Para garantir o sucesso do programa nos municípios, o Ceteb realiza uma supervisão que atribui competências, define ações, firma compromissos, estabelece cronogramas, avalia resultados e fornece feedbacks a todos que integram o projeto. “O Programa de Aceleração de Aprendizagem vem sendo desenvolvido pelo Ceteb no Brasil desde 1995 e, em outros países da América Latina, desde 1999. Aproximadamente 400 mil alunos que se encontravam em atraso escolar superior a dois anos já foram beneficiados”, acrescenta a diretora. Em função dos interesses e disponibilidades financeiras dos estados e municípios, o assessora-
mento técnico-pedagógico prestado pelo Ceteb se diversifica em três formas: Capacitação Inicial, Capacitação em Serviço e Avaliação do Programa. Técnicos pedagógicos do Ceteb são enviados até o município para preparar, por duas semanas, a equipe de professores e fornecer o material didático necessário à execução do projeto. Em seguida, há o acompanhamento das aulas aplicadas por eles e, na terceira fase, é feita a avaliação de resultados junto aos alunos atendidos pelo PAA.
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
47
ARTIGO
Comunicação : tendências para 2015
A
transição entre o final de um ano e o começo de outro é um momento mágico para a maioria das empresas. Momento de definir e de desdobrar metas, hora de formular o planejamento dos 12 meses que estão por vir, de retomar as energias e de se preparar para consolidar os aprendizados do ano que passou para mirar novos objetivos. Esse sentimento é comum entre empresas de diferentes áreas e nas de comunicação e marketing não é diferente. Já que estamos em fase de renovação, é propício tentar entender o que está por vir e usar essas informações como insumo para planejar o ano de forma mais assertiva. O ano de 2014 foi, do ponto de vista de resultados financeiros, frustrante para a maioria dos segmentos. O varejo cresceu de forma geral apenas 3,7% em vendas, abaixo da inflação acumulada no período e pior resultado em mais de 10 anos. Com exceção de alguns setores bem específicos, afetados pela Copa do Mundo no Brasil, o sentimento geral foi de que 2014 foi um ano fraco para os negócios. O começo de 2015, turbulento, do ponto de vista econômico, e cheio de incertezas, vai influenciar o comportamento do mercado de comunicação durante o ano todo. Além disso, algumas outras tendências nos fornecem bons indícios do que vem por aí. Nos tópicos abaixo, listo três dos pontos que, para mim, serão decisivos no mercado da comunicação. • Redução da Verba em Mídias Tradicionais – Em um movimento que já vem acontecendo ao longo dos últimos anos, grandes e pequenos anunciantes vão seguir reduzindo investimento em mídias tradicionais (TV, rádio, jornal, revista) e aumentando sua verba em veículos digitais. O motivo é simples: migração de audiência. Com cada vez menos gente consumindo as mídias tradicionais, a eficiência dessa divulgação cai ao longo do tempo, já que o preço da veiculação não diminui proporcionalmente. • Fazer > Dizer – As pessoas esperam das marcas ca-
4848
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015 :: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 31 dezembro 2014
• João Pedro Costa
da vez menos discurso e mais atitude. Portanto, é natural a intensificação de um movimento de marcas promovendo ações concretas que correspondam ao que elas dizem. Um exemplo de marca que dá show nesse aspecto é o Itaú: Uma de suas principais plataformas de marca é o mote “Isso muda o mundo”, que posiciona o banco como um vetor de impacto positivo na vida das pessoas. Para tangibilizar isso, o banco promove em várias capitais brasileiras um serviço de aluguel de bicicletas extremamente eficiente e acessível com impactos reais em mobilidade urbana nessas praças. Sem dúvida, esta ação muda o mundo e concretiza o posicionamento da marca. • Mobilidade e Internet das Coisas – Falar no crescimento da internet móvel é chover no molhado: isso já é realidade faz tempo. De qualquer forma, esse é um mercado que segue avançando, com o aumento do acesso a smartphones e tablets, principalmente nas classes C e D, barateamento do custo dos dispositivos, pacotes cada vez mais atraentes das operadoras de telefonia e acesso cada vez mais fácil a redes wi-fi. Além disso, a internet também tem alcançado outros dispositivos. Começando com a proliferação das Smart TVs, cada vez mais utensílios do nosso dia-a-dia (relógios, geladeiras, tênis) vão começar a se integrar à internet de alguma maneira. Do ponto de vista de comunicação, abre-se um leque de oportunidades. Como falar com a legião de usuários de internet móvel (celular e outros dispositivos) de forma criativa e eficiente? As marcas que conseguirem achar a resposta mais rapidamente certamente sairão na frente! Quais são as suas crenças do que vai acontecer com o mercado da comunicação em 2015? Se quiser trocar uma ideia a respeito, manda um e-mail para joaopedro@agencialooknfeel.com.br e terei o maior prazer em falar a respeito! Até o próximo mês! • João Pedro Costa - empresário do setor de comunicação, sócio da Agência Look’n Feel
Foto: divulgação
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
49
TECNOLOGIA
Tecnologia aliada ao Design Equipe de jovens empreendedores ganha espaço entre as empresas do DF ao unir funcionalidade e estética nos sites e aplicativos que desenvolve | Taise Borges
U
m publicitário, um administrador, um programador e um designer – todos apaixonados por tecnologia – se juntaram, em 2002, para criar uma startup capaz de impactar a vida de outros empreendedores. Pela iniciativa de Rafael Torales, Flavio Rudgero, Julio Protzek e Renato Carvalho nasceu o Startaê, empresa que presta serviços na área digital e que se destaca por valorizar, além da funcionalidade, o design dos projetos que desenvolve. Hoje, a empresa atende, principalmente, startups em um nível mais elevado de maturidade, financeiramente estáveis.
Startups são empresas que nascem a partir de ideias inovadoras e arriscadas e de modelos de negócio repetíveis, o que significa que são capazes de entregar o produto ou serviço em escala ilimitada. Também têm baixos custos de conservação e são potencialmente escaláveis, isto é, conseguem aumentar a receita em uma velocidade maior do que a dos custos de manutenção da empresa.
50
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
No Distrito Federal, existem outros modelos para prestação de serviços digitais, mas nenhum pensa o design como elemento estratégico, capaz de contribuir para que o cliente atinja seu objetivo. “Não desenvolvemos um software sem pensar no design dele. Acreditamos que esse elemento atue junto da tecnologia para proporcionar uma experiência diferente e satisfatória para o usuário”, explica o administrador de empresas Flavio. O Startaê trabalha para melhorar a presença dos clientes no meio digital, definindo mensagens que são traduzidas em elementos visuais de sites e aplicativos. Também auxilia novas empresas ao fazer protótipos das soluções oferecidas por elas, sempre levando em conta as necessidades dos usuários. Entre os projetos do Startaê, está um aplicativo que ajuda comerciantes virtuais a se protegerem de fraudes e outro que possibilitou a uma construtora realizar uma pesquisa online de satisfação entre os clientes. Restaurantes, bares e cafés puderam disponibilizar os cardápios na Web e dispositivos móveis graças a outro aplicativo criado pela empresa. O Startaê também desenvolveu uma rede social para registro de viagens, trocas de informações e dicas entre os usuários; um site que fornece opções de fundos de investimento para cada perfil de investidor e uma página que incentiva brasilienses e turistas a experimentar as atrações da capital federal. A qualidade dos serviços, o diferencial das soluções oferecidas e a equipe de ponta credenciaram a empresa a competir com o mercado internacional. Um dos objetivos para este ano é exatamente estreitar o contato com as empresas do Vale do Silício, nos Estados Unidos. “No exterior, o foco na experiência do usuário é fundamental. Esse princípio, que norteia
nosso trabalho, não é comum no Brasil”, explica Lucas Lo Ami, cientista da computação que se uniu aos fundadores da empresa na composição do grupo. Em 2014, graças à crescente demanda pelos serviços, o Startaê dobrou o tamanho da equipe. A tecnologia Ruby on Rails, utilizada pela empresa no desenvolvimento de softwares, converge com a filosofia do grupo sobre a importância da estética e funcionalidade dos produtos. Com o Ruby, os membros do Startaê são capazes de reinventar qualquer software de forma mais rápida, dando agilidade a projetos cuja conclusão seria mais demorada se utilizadas outras técnicas. “Além de simples, o Ruby é uma tendência. No Brasil, ela é pouco comum, mas nos Estados Unidos, é uma das mais requisitadas dos alunos que saem da universidade”, ressalta Lucas. Ao simplificar o trabalho dos programadores, o Ruby on Rails permite que mais esforços sejam aplicados em etapas como o design dos projetos. A simplicidade, aliás, é um dos valores que orientam o trabalho da equipe. O próprio Startaê surgiu a partir de uma filosofia mais simplificada sobre a fundação de uma empresa. “Para colocar uma ideia na prática, não é preciso um grande investimento. Desenvolva a versão mais simples e viável do seu produto ou serviço e coloque na mão das pessoas. Receba opiniões e invista aos poucos. O importante é entregar valor para o cliente”, destaca Flavio. Na época de criação da empresa, o conceito startup chegava a Brasília. A equipe foi uma das primeiras a levantar a bandeira desse tipo de empreendimento. O grupo também propõe simplificar a relação entre o Startaê e os clientes e a dinâmica de trabalho dentro da própria empresa. Apoiados pela tecnologia tão presente em suas rotinas, eles resol-
O trabalho remoto não prejudica a união da equipe de profissionais do Startaê Fotos:Wagner Augusto
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
51
veram adotar a cultura do trabalho remoto: os profissionais podem trabalhar onde desejarem, seja na sede do Startaê, em casa ou em um café. “As pessoas são produtivas em momentos diferentes do dia, por isso incentivamos essa flexibilidade. Cada um faz seu horário e trabalha onde estiver, onde se sente bem”, explica Flávio. Além de Brasília, o Startaê tem clientes em São Paulo, Rio de Janeiro, Califórnia. “Estimulamos a comunicação remota até mesmo com os clientes daqui e, por meio dela, deixamos todos cientes do que está sendo feito pela nossa equipe”, complementa. Outra estratégia utilizada pelo grupo tem aproximado empresa e clientes: a Superquadra. A escola virtual é um braço do Startaê em que os membros compartilham informações sobre tecnologia e design. “Além de nos aproximar de pessoas interessadas pela área em que atuamos, a Superquadra possibilita que nossos clientes entendam melhor alguns processos e, ao verem que somos capazes
52
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
de ensinar o que fazemos, ganhamos a confiança deles”, justifica o administrador. A Superquadra nasceu a partir da ideia de ensinar às pessoas como desenvolver um site ou aplicativo próprio. Dessa forma, elas podem investir em outras necessidades de seus jovens empreendimentos. Além de enxergar a união entre tecnologia e design como princípio fundamental, o Startaê se destaca pela equipe multidisciplinar: cada integrante da empresa é capacitado em uma área distinta e, juntos, são capazes de enxergar soluções diferentes para o mesmo problema. “Para entregar um produto que tenha consistência em design e tecnologia, como a arquitetura de um novo software, por exemplo, é fundamental termos olhares de pessoas com habilidades diferentes e preocupadas com a mesma entrega”, explica Flavio. Lucas complementa com um desejo do grupo: “Ao optar por essa equipe, criamos um jeito próprio de trabalhar, um jeito que pode se tornar referência. E é isso o que queremos: que o Startaê seja referência para outros empreendedores”.
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
53
DESTAQUE
O valor de uma equipe Empresa de Gestão de Pessoas inova ao demonstrar o quanto o clima organizacional influencia o progresso dos empreendimentos | Taise Borges Ilustrações: Jonathan Felix Foto: Magnum Alexandre
54
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
S
ua empresa está em processo de evolução ou o crescimento é prejudicado pela competição entre os funcionários? Seu líder, além de preparado para direcionar as tarefas do grupo, sabe lidar com as emoções dos colaboradores? Essas e outras questões são, cada vez mais, levadas em consideração pelas empresas. A tendência reflete no avanço da área de Gestão de Pessoas dentro das organizações. Mas para que as mudanças internas de atitude sejam definitivas, é preciso enxergar o que está por trás das causas que limitam o progresso dos empreendimentos. Essa é a proposta da Integrah, empresa de Gestão de Pessoas pouco convencional, que propõe uma metodologia diferente de atuação. Por meio do trabalho desenvolvido, os consultores da Integrah já resgataram empresas que estavam prestes a fechar e uniram sócios com dificuldades de relacionamento. Transformaram diretores em líderes mais participativos e, em outros casos, trabalharam para que os gestores fossem menos autoritários. Atuaram, também, dentro de empresas familiares que necessitavam de organização, mas desejavam que as mudanças não causassem atrito entre os membros. “Nosso diferencial está no olhar que lançamos sobre as equipes e seus padrões de funcionamento. Sem essa compreensão sobre o que é realmente necessário aos profissionais, de nada adiantam as técnicas mais avançadas”, afirma o psicólogo Henrique Santana, fundador da empresa. Ao contrário das consultorias tradicionais, a Integrah não sugere, às organizações, um método específico de trabalho. Seu papel é diagnosticar as necessidades e, a partir daí, estimular e acompanhar a renovação das empresas, dando espaço para que as transformações ocorram de modo natural, consciente e sustentável. Os líderes e colaboradores são considerados os grandes responsáveis pelas mudanças. Portanto, é improvável que a renovação seja permanente se eles não estiverem motivados. “Somos facilitadores da transformação, mas as mudanças dependem totalmente do engajamento dos profissionais. Se eles não estão dispostos a mudar, podem até acontecer alterações mas, logo, tudo volta a funcionar como antes”, explica o psicólogo. Henrique Santana criou a empresa em 2012 mas, antes da Integrah, ele já atuava no desenvolvimento de pessoas. Para fornecer suporte a jovens que desejavam crescer e criar as próprias organizações, Henrique fundou a Interagir aos 18 anos de idade. A ONG promovia o Fórum de Protagonismo Juvenil, que chegou a reunir 600 participantes em uma das edições – pessoas de diferentes classes sociais, vindos de diversos lugares do Brasil e da América Latina. O psicólogo empreendedor se especializou em enxergar o invisível no padrão de funcionamento das equipes, abordagem que o credenciou a fundar a Integrah.
Em 2014, a empresa foi consultora de médias e pequenas organizações localizadas em cidades como Brasília, Manaus, Belém, Salvador, Teresina, São Paulo e Porto Alegre. Hoje, ela presta quatro tipos de serviço, sendo, um deles, o desenvolvimento de Processos de Aprendizagem. Por meio de oficinas conectadas à realidade do empreendimento, as equipes são incentivadas a refletir sobre as próprias práticas, experimentar novas formas de atuação e avaliar as diferenças entre elas.
“Somos facilitadores da transformação, mas as mudanças dependem totalmente do engajamento dos profissionais.” Henrique Santana, fundador da Integrah
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
55
DESTAQUE Outro serviço é a Consultoria Transformacional, na qual são avaliados os processos e a cultura das organizações e sugeridas mudanças que vão ao encontro da visão da empresa. “Já atuamos no desenvolvimento de sócios que tinham objetivos diferentes para o empreendimento e, por isso, não se entendiam. Identificamos o que estava por trás dos conflitos e se eles deviam, ou não, continuar juntos”, lembra Henrique. A metodologia central do processo é o diálogo. Por meio dele, busca-se compreender o histórico da organização e o futuro desejado para ela. Toda a equipe é estimulada a perceber a dinâmica da empresa, o que interfere no desenvolvimento dela e no bem-estar dos colaboradores.
Líderes e empreendedores que desejam melhorar seus desempenhos profissionais, têm dificuldades de relacionamento ou dúvidas sobre a carreira costumam aderir às Conversas Transformadoras. Segundo Henrique Santana, os diálogos não ocorrem de acordo com perguntas específicas, como acontece no Coaching tradicional: “Identificamos as características das pessoas, suas culturas, modelos mentais e buscamos entender, por exemplo, por que ela adota uma postura negativa diante dos fatos ou por que tende a controlar e não confiar nos colegas de trabalho”. A Biologia Cultural é uma das orientadoras dessas conversas. Entre as várias abordagens, a metodologia estuda a tendência dos grupos humanos ao conservadorismo. Segundo o psicólogo, profissionais e organizações tendem a manter seus padrões culturais. Com essa atitude, permanecem inseridos em um contexto de vícios, sem capacidade
para identificá-los e agir sobre eles. “Existem pessoas que se submetem a trabalhos que não gostam e sócios que, para não abalar a amizade, preferem não discutir a necessidade da organização de mudar e evoluir. Todas essas escolhas são feitas, inconscientemente, para que os padrões de funcionamento sejam mantidos”, explica. A Integrah é formada por uma rede de consultores que utilizam as mesmas abordagens. Para o futuro, a empresa pretende atuar em outros estados do país e contribuir com organizações, equipes e profissionais que anseiam por mudanças em seus padrões de vida e dentro dos ambientes de trabalho. “Queremos expandir a consultoria em Gestão de Pessoas e lidar com equipes que desejam efetivamente transformar suas atitudes, trabalhar as causas que impedem sua evolução e que afetam a harmonia dos colaboradores”, almeja Henrique.
O Processo Seletivo aplicado pela Integrah também foge do tradicional. Ele é pautado na escolha mútua: o profissional, além de avaliado pelos selecionadores, é estimulado a refletir se seus valores são compatíveis com os da organização. Para decidir, ele recebe informações sobre a empresa que, geralmente, não são fornecidas em uma seleção convencional. “Um colaborador que não se identifica com o propósito do empreendimento onde trabalha pode afetar negativamente o clima organizacional dele”, alerta o psicólogo.
56
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
Elo Consultoria Empresarial e Produção de Eventos SCN Quadra 02 Bloco A 1° andar Brasília – DF Inscrições e Informações (61) 3327-1142 www.eloconsultoria.com TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
57
EMPRESA VERDE
Pacto Global ONU define princípios para incentivar empresas de todo planeta a investir em iniciativas socioambientais | Oda Paula Fernandes
58
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
Foto: Fellipe Abreu
Organizações que praticam ações colaborativas para desenvolver economicamente, e de forma sustentável, as localidades em que atuam se destacam no atual mercado competitivo. As preocupações socioeconômicas e ambientais colocam as empresas à frente dos concorrentes, fortalecem suas imagens perante os investidores e contribuem para ganharem a simpatia dos consumidores mais exigentes. Foi pensando nisso que a Organização das Nações Unidas (ONU) desenvolveu o programa Pacto Global, presente, hoje, em 145 países. O objetivo do projeto é mobilizar a comunidade empresarial para adoção de práticas sustentáveis de negócio. Detalhado em dez princípios que abordam as áreas de direitos humanos, meio ambiente, trabalho e combate à corrupção, o programa tem adesão de empresários de todo o planeta. Hoje, o projeto é a maior iniciativa voluntária do mundo relacionada à responsabilidade corporativa. No Brasil, a Rede do Pacto Global foi fundada em 2003 e representa a 5ª maior do mundo, com mais de 600 empresas cadastradas, sob a gestão de 39 organizações referências em sustentabilidade – líderes em setores estratégicos para a economia brasileira. O trabalho para implantação dos projetos socioeconômicos é feito em parceria com governos e sociedade civil locais e os resultados sobre o progresso dessas iniciativas são divulgados anualmente pelas empresas. As organizações que aderem ao Pacto Global se comprometem com os Dez Princípios do programa para, assim, carregarem o título de empresas socialmente responsáveis. Elas têm acesso direto às experiências e ao conhecimento das Nações Unidas sobre questões de sustentabilidade e têm voz ativa na construção da Agenda de Desenvolvimento da ONU. No entendimento da diretora executiva da Rede Brasileira do Pacto Global, Renata Seabra, o ideal é que as organizações tenham a percepção do seu papel junto à comunidade. “As empresas devem se comprometer a participar ativamente da resolução dos desafios enfrentados pela sociedade. Porém, nem o setor privado, nem o setor público e nem as ONGs conseguirão resolver todos os problemas sociais de forma individual. É preciso que haja união entre esses atores para discussão de soluções em parceria”, ressalta.
Aprendizado e oportunidades A Rede Brasileira do Pacto Global possui dez Grupos Temáticos (GTs) que permitem o desenvolvimento prático, colaborativo e segmentado de uma cultura sustentável dentro das organizações. Nos GTs, se desenvolvem ações relacionadas a temas estratégicos como Educação, Anticorrupção, Direitos Humanos e Trabalho, Água e Saneamento, Alimentos e Agricultura. Em uma visão macro, o programa alcança toda a sociedade e o meio ambiente, uma vez que as ações empresariais são amparadas pela legislação local e pela Constituição Brasileira. Os projetos organizacionais objetivam orientar empresas sobre iniciativas de toda natureza, que podem ser implantadas no local de trabalho, no mercado ou na comunidade. Um exemplo é o de uma empresa projetada para ajudar organizações no desenvolvimento de práticas para manejo da água. Outra iniciativa visa a divulgação dos direitos da criança e outra, ainda, está ligada à valorização da mulher e foi criada para orientar empresas sobre a forma de capacitar as mulheres para o mercado de trabalho. As organizações que fazem parte da Rede do Pacto Global são convidadas a integrar diversas plataformas e programas de capacitação já consolidados internacionalmente e que contam com apoio de empresas de destaque. É caso do site Business Partnership Hub, plataforma interativa que favorece a formação de parcerias para projetos relacionados ao tema sustentabilidade.
“As empresas devem participar ativamente na resolução dos desafios enfrentados pela sociedade.” Renata Seabra, diretora executiva da Rede Brasileira do Pacto Global
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
59
Suporte
A Rede Brasileira do Pacto Global possui empresas de todas as regiões do país e o suporte a essas organizações é diário. No Brasil, o auxílio é responsabilidade da Secretaria Executiva da Rede Brasileira do Pacto Global, que funciona no escritório da ONU em São Paulo. Para Zilma Ferreira, gerente do Instituto Invepar, grupo que adere ao Pacto Global desde 2010, a principal vantagem do programa é ter um guia que direciona os esforços das empresas. “Não há como fazer, sozinho, a diferença na sociedade. Para nos consolidarmos como uma empresa cidadã em âmbito mundial, precisamos de esforços coletivos, não individuais. É preciso compromisso e articulação”, define. A Invepar é um grupo brasileiro que atua no Brasil e no exterior no segmento de infraestrutura em transportes. O foco da empresa é a gestão e operação de rodovias, sistemas de mobilidade urbana e ae-
roportos. De acordo com Zilma Ferreira, a adesão ao Pacto foi um movimento natural, uma vez que os valores da Invepar convergem com os princípios do programa: “Além do Instituto, outras quatro empresas do grupo aderiram ao Pacto”. No entendimento da gerente, os princípios mais fáceis de serem seguidos são aqueles que dependem exclusivamente da empresa, como o de eliminar a discriminação no emprego. No entanto, para ela, os projetos que apresentam resultados mais relevantes são aqueles que atendem às necessidades específicas da comunidade onde são implantados. “Existem temas mais relevantes para uma e outra realidade como, por exemplo, os diferentes desafios da zona rural e da zona urbana. O que faz realmente a diferença é o comprometimento da empresa na execução e melhoria contínua dos seus planos de ação”, afirma.
Destaques
EMPRESA VERDE
As iniciativas colocadas em prática pela Invepar se relacionam com a realização de diagnósticos participativos sobre a realidade socioambiental das comunidades locais. As empresas do grupo apoiam ações de plantio, educação ambiental, preservação da fauna silvestre, artesanato sustentável e formação de conselhos para proteção ambiental. Os destaques nas ações da Invepar, no entanto, são a adoção de um Código de Ética e Conduta – já considerando a nova lei brasileira anticorrupção – e a implantação de um canal de comunicação para denúncias, administrado por uma
empresa externa e independente. As ações visam garantir que todos os funcionários e fornecedores da Invepar conheçam os valores e condutas esperadas pelo Instituto e colaborem com a melhoria contínua dos processos internos das empresas do grupo. Elas objetivam, também, informar a esses colaboradores sobre as cláusulas – presentes em todos os contratos de prestação de serviço ou fornecimento de bens – que se referem às leis trabalhistas e à proibição do uso de mão de obra infantil ou análoga à escrava.
Foto: Fellipe Abreu
60
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
Adesão
Para fazer parte da Rede Brasileira do Pacto Global, o empresário deve acessar o site da ONU, fazer o download da carta de adesão e preenchê-la. O documento será enviado, por e-mail, ao escritório da ONU em Nova Iorque, nos Estados Unidos, para avaliação em parceria com a Rede do Pacto Global no Brasil. Quando não há restrições após a análise, a empresa é aceita pela Rede. As restrições podem estar relacionadas, por exemplo, a processos trabalhistas ou exploração do trabalho infantil e escravo – ou seja, casos em que a empresa está em desacordo com a legislação e não se mostra alinhada à política do programa. Organizações, empresas de grande, médio e pe-
queno porte, ONGs, indústrias – praticamente toda instituição pode fazer parte do Pacto Global da ONU. “Temos apenas uma restrição quanto às empresas do setor de tabaco. Elas podem aderir ao Pacto, mas não recebem ajuda financeira da ONU e não podem fazer uso do logo como fazem as outras instituições”, esclarece Renata Seabra. O segmento do tabaco vai de encontro à missão e aos valores do Pacto. “Quando todo o contexto é analisado, entendemos por que não vale a pena: empresas desse setor nem deveriam existir, devido ao mal que provocam às pessoas”, conclui. Atualmente, apenas duas empresas de tabaco, no mundo todo, fazem parte do Pacto Global.
Os Dez Princípios do Pacto Global
1
Respeitar e apoiar os direitos humanos reconhecidos internacionalmente na sua área de influência
6
Estimular práticas que eliminem qualquer tipo de discriminação no emprego
2
Assegurar a não participação da empresa em violações dos direitos humanos
7
Assumir uma abordagem preventiva, responsável e proativa para os desafios ambientais
3
Apoiar a liberdade de associação e reconhecer o direito à negociação coletiva
8
Desenvolver iniciativas e práticas para promover e disseminar a responsabilidade socioambiental
4
Eliminar todas as formas de trabalho forçado ou compulsório
9
Incentivar o desenvolvimento e a difusão de tecnologias ambientalmente responsáveis
5
Erradicar efetivamente todas as formas de trabalho infantil da sua cadeia produtiva
10
Combater a corrupção em todas as suas formas, incluindo extorsão e suborno
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
61
: a b Zum PREPARO FÍSICO
a dança conquista o mundo das academias | Elsânia Estácio
D
o acaso surgiu um dos esportes hoje tendência em Brasília e no mundo. A zumba – palavra colombiana que significa “mover-se rapidamente e se divertir” – é uma aula de dança aeróbica inspirada em vários ritmos latinos. Isso porque seu criador, o bailarino colombiano Alberto Perez, um dia esqueceuse de levar o material para a turma de ginástica. A saída do professor foi usar fitas cassete de música latina. O improviso rendeu o encantamento dos alunos e o começo de uma atividade divertida e prazerosa. O exercício alcança o equilíbrio, alivia o estresse, queima gordura e produz energia e fortalecimento para todo o corpo. Com a metodologia de passos simples e fáceis de acompanhar, a zumba faz sucesso nas principais academias do DF. De acordo com a professora de educação física da academia Premier Fitness Nayara Isabel, a atividade é indicada para todas as idades. Saber dançar não é um requisito obrigatório para praticar o exercício. “As aulas são sempre cheias e há uma procura enorme por ser uma aula diferente e que queima em média de 600 a 800 calorias. É um ótimo jeito de se manter em forma dando boas risadas.” Valdemir Rodrigues, educador físico da Companhia Athletica, diz que “o fluxo de alunos nas aulas de zumba é grande. As salas estão sempre cheias”, garante. Ele ressalta também o diferencial da atividade para os donos das academias, que abrem cada vez mais turmas para o exercício. “Por ser uma aula simples que só precisa da sala, do som, de música e de muita disposição, a atividade conquistou pessoas de todas as idades. Temos professores dando aula fixa de zumba.” Adepto da modalidade, Eric Nunes não perde nenhuma aula. “O treino é viciante e trás muitos benefícios para a saúde como: autoestima, confiança e equilíbrio. Estou perdendo peso e me divertindo ao mesmo tempo”. Segundo a presidente do Conselho Regional de Educação Física (CREF7), Cristina Queiroz Mazzini Calegaro, a modali-
62
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
dade é um estilo de dança festiva e eficaz. Ela explica: “As exigências que temos quanto às aulas de zumba é serem ministradas por profissionais de educação física, com formação de bacharelado para poder atuar no Brasil”. O programa zumba, criado na década de 1990 por Alberto Perez, foi divulgado em CDs e DVDs. Aos poucos muitos professores se juntaram a Perez, para ensinar a modalidade. O número de educadores cresceu e em conjunto com os sócios Alberto Aghion e Alberto Pearlman, croiu-se, em 2001, a marca Zumba Fitness, maior empresa fitness do mundo. A instituição chegou ao Brasil e está nas principais capitais. Segundo o especialista educacional de zumba e representante da marca no Brasil, Raphael Rosa, hoje a empresa possui aproximadamente 25 mil instrutores oficiais, em mais de 140 lugares e 185 países, garantindo cerca de 50 mil aulas. O programa surgiu no Brasil em 2010, e desde então tem apresentado ao público das academias uma malhação que reúne ritmos internacionais e coreografias fáceis de acompanhar. As aulas duram de 45 minutos a uma hora. Em 2014, a empresa participou do maior evento de saúde, esporte e bem estar do país, Brasília Capital Fitness, realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. O público conheceu os novos ritmos utilizados pela zumba em suas aulas, como o hip hop, pop, rap, bhangra, flamenco, dança do ventre e dança africana. “Para atingir esse objetivo, a empresa oferece cursos para formação de novos instrutores nas maiores feiras fitness do país. Tivemos um crescimento de alunos e também de instrutores”, comemora Rosa. De acordo com a instrutora de zumba da academia Vasco Neto Márcia Araújo Motta, a dança aeróbica estourou no Brasil, há quatro anos, e se tornou sucesso em vários países. “No Distrito Federal não é diferente. A procura pelas aulas é grande, porém os alunos devem tomar cuidado: todo instrutor deve ser licenciado e credenciado pelo programa Zumba Fitness.” É possível verificar se o instrutor é licenciado no site: www.zumba.com.
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
63
FUGINDO DAROTINA
Motorhome: um estilo de
vida e de viagem sofisticada
Viajar com o conforto de casa é só uma das vantagens apontadas pelos adeptos do veículo | Oda Paula Fernandes
O
s modelos são diversos. Alguns, muito sofisticados, podem chegar a quase R$ 1 milhão. O clima no planalto central também favorece o hobby. Em dia de folga, quem é proprietário de um motorhome não pensa duas vezes antes de pegar a estrada. O veículo é uma espécie de casa ambulante. No DF, os “motorhomistas”, pessoas com hábito de viajar nessa casa sobre rodas, garantem ser mais barato do que pagar passagens e hospedagens. Mas a grande vantagem é outra: a liberdade de mudar o roteiro quando quiser, sem ficar refém dos pacotes de viagem e da burocracia do check in em hotéis e aeroportos. No interior do automóvel, cada centímetro é aproveitado para dar ao proprietário o máximo de conforto e utilidade. Na cabine de comando, há espaço para o motorista e um acompanhante. A cozinha americana tem pia, fogão, geladeira e armários embutidos. Espaços são pensados para guardar utensílios e estocar
64
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
alimentos. A área destinada à sala possui sofás fixos ou retráteis. No banheiro, há chuveiro, pia e vaso sanitário. No quarto, cama de casal e armários para as roupas. A jornalista Nilva Rios é apaixonada por acampamento. Sua lua de mel, em 1985, foi a bordo de um trailler pelo litoral brasileiro. Ela e o marido, então, adquiriram um motorhome e, com o veículo, já fizeram vários passeios. Em 2014, alugaram um motorhome para percorrer parte da Alemanha e Suíça. “Gosto desse estilo de vida. Mas a Europa tem mais infraestrutura do que o Brasil. Lá, é muito fácil viajar em veículos assim”, enfatiza a funcionária pública. Em Brasília, os donos de motorhome se encontram em bares e nas casas uns dos outros. O grupo Gaviões do Planalto promove reuniões regulares entre os proprietários dos veículos. Segundo o presidente do grupo, Gilberto Gomes, o Brasil tem potencial para atingir níveis de países adeptos ao estilo de vida. “Chegar aos padrões do primeiro mundo é o ideal, mas uma infraestrutura mínima já seria suficiente. O país tem muitos parques e natureza
exuberante. A exploração desses locais de maneira sustentável ajudaria, não apenas a indústria dos veículos de recreação, como também a do turismo ecológico”, explica.
COMO ADQUIRIR UM MOTORHOME
A rigidez da legislação brasileira inviabiliza a abertura de novas empresas no setor. A maioria das companhias estão no Sul do Brasil, o que encarece o investimento em outras regiões do país. O valor para adaptar carros pequenos, como uma Kombi ou Van, gira em torno de R$ 45 mil e pode atingir um milhão de reais quando se trata de veículos maiores. O tamanho do carro, o acabamento interno na mobília e os itens de luxo e segurança definem o preço. A falta de infraestrutura nas praças de pedágio e postos de atendimento aos usuários nas rodovias também dificulta a prática. Melhorias são esperadas com alguns Projetos de Lei que tramitam na Câmara dos Deputados e visam a instalação de pontos de apoio em rodovias e a isenção de impostos para produção e aquisição dos veículos.
PLANEJAMENTO DE VIAGEM
Em toda viagem, seja de carro, de avião ou em qualquer outro veículo, o viajante precavido prepara o roteiro e se planeja antes de iniciar o passeio para garantir o máximo de satisfação. “Conosco não é diferente. Há muita interação via internet entre os viajantes de motorhome. Trocamos informações sobre pontos de parada, campings e outros locais aptos a nos receber”, explica Gomes, presidente do Gaviões do Planalto. Nos acampamentos, há um grande espírito de solidariedade que dá aos aventureiros a sensação de liberdade e segurança. Se algum motorhome está com problemas mecânicos, por exemplo, há sempre alguém para ajudar. “Em Alto Paraíso, debaixo de chuva, montamos um acampamento magnífico. Quando um novato do grupo atolou na entrada do camping, a turma não descansou enquanto ele não foi colocado em um local adequado e incluído no grupo”, lembra Gomes. Há um espaço privado para estacionar motorhome no DF. Os proprietários dos veículos, porém, reclamam das condições do local e preço cobrado para utilização do espaço: o carro pode ficar o mês inteiro, mas se paga uma mensalidade ao clube e mais uma quantia pela vaga no estacionamento. O valor desestimula muitos proprietários a manter os veículos no local. O funcionário público aposentado Luiz Toste é precursor no uso dessa área que fica em um clube do Lago Norte. “No auge do campismo, existiam muitos traillers e motorhomes, mas cada gestão que assume [o clube] modifica o espaço, diminui a área e aumenta os preços das mensalidades”, lamenta. O casal Aldo e Darci Tavares escolheu começar a vida a dois no estilo do campismo, em uma barraca. “Depois que chegaram nossas filhas, compramos um motorhome. Somos pioneiros aqui em Brasília com esse tipo de veículo”, conta Darci. O motorhome é uma das maneiras mais sofisticadas e intimistas de se aventurar e explorar o mundo. Contudo, como demonstra o casal, um desejo verdadeiro, um roteiro, um mapa e uma barraca já são suficientes para cair na estrada, seja com o destino que for.
Foto: Magnum Alexandre
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
65
Receita do Chef Este mês, o chef do restaurante La Tambuille, Laureano, preparou uma receita de um prato famoso em Portugal. O Bacalhau Lagareiro foi criado em Beira. A região é a principal produtora de azeite do país e, no passado, a receita servia para testar a qualidade do produto. Ingredientes: • Bacalhau • Azeite • Batata • Tomate • Brócolis • Cebola • Alho • Azeitona • Sal Modo de preparo: Fritar levemente o bacalhau com um pouco de azeite. Depois, levá-lo ao forno coberto até a metade com azeite por 20 minutos.
C
M
Y
Acompanhamentos: Batata ao murro, tomate e brócolis Assar a batata com casca durante 20 minutos temperada com um pouco da sal e alecrim. Depois de assadas, amasse-as com as mãos fechadas. Leve ao forno novamente por mais 5 minutos. Sirva o bacalhau com a batata, tomate sem pele e brócolis cozido. Para dar um toque, frite alho laminado, refogue cebola e jogue por cima do bacalhau.
CM
MY
CY
CMY
K
Foto: Alisson Carvalho
66
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015
Anúncio Tendencias e Negocios n33 - Imagens Promoções (GRAFICA).pdf 1 18/12/2014 18:23:26
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS Ed. 33 janeiro de 2015 ::
67
68
:: TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS - Ed. 33 janeiro 2015