REVISTA MÊS 02

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IMPRESSO circulação GRATUITA

PODE SER ABERTO PELA ECT

Editora Mês Ano 1 - nº 2 Fevereiro de 2011




entrevista Carlinhos Neves

“Não me considero o melhor preparador físico do País” Roberto Dziura

Simpático e disciplinado, após cumprimentar a reportagem da Revista MÊS, Carlinhos Neves já logo avisou que a conversa deveria ser rápida. Teríamos somente o 1º tempo de uma partida de futebol. O apito final seria nos primeiros 45 minutos de conversa. Depois, ele seguiria para o treino. No início, veio a preocupação em não conseguir fazer todas as perguntas para o curitibano, que é o mais novo coordenador da preparação física do Clube Atlético Paranaense e também já escalado para preparar as estrelas da Seleção Brasileira, ao lado de Mano Menezes. Apesar de muitas histórias para contar, o tempo foi suficiente para conhecê-lo. Objetivo e sério, Carlinhos Neves mostrou porque aos 54 anos conseguiu chegar onde qualquer outro profissional de sua área gostaria de estar. Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

Como foi o início da sua carreira no futebol?

No time de Maringá também atuou?

CN - Quando ingressei na universidade recebi o convite de um vizinho, que depois se tornou o meu compadre, para um estágio no Coritiba. Ele era funcionário da Móveis Cimo, que vendia para o Coritiba. Eu estava no primeiro ano da faculdade. Fui, e eles me encaminharam para trabalhar no departamento. Na época era juvenil, que hoje são juniores.

CN - Também. Primeiro fui a Porto Alegre. Do Grêmio de Porto Alegre fui para o Grêmio de Maringá. Trabalhei no Palmeiras por duas ocasiões, no Vitória da Bahia, no Atlético Mineiro, na Portuguesa de Desportos, no Botafogo do Rio e no São Paulo por duas ocasiões – uma de dois anos e outra de oito anos. Na seleção brasileira pré-olímpica de 2003 e agora na principal.

Quais times no Paraná você já trabalhou?

Qual foi o seu primeiro título? Como foi essa experiência?

CN - Coritiba, depois no Atlético Paranaense em 82, 83, no Pinheiros de 84 a 87, e depois no Paraná, quando foi fundado. 4 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011

CN - Foi no Coritiba na categoria de base. Fomos consecutivamente três

anos campeões da Copa Tribuna. Mas como equipe foi, coincidentemente, com o Atlético, em 1982 [Campeonato Paranaense]. O título é o coroamento de um trabalho. Quando você chega à conquista está ganhando um certificado de que foi competente. Às vezes, você faz trabalhos valiosíssimos, mas não chega à conquista. O primeiro foi muito especial, porque o Atlético não era campeão há muito tempo. Tinha um treinador superexperiente, o Geraldino [Damasceno], que me trouxe do Coritiba e a gente conseguiu fazer uma equipe maravilhosa, que marcou época com Washington, Assis, Lino, Nivaldo, Capitão, Jorge Luiz.


CN - Não concordo. Não me considero o melhor preparador físico do País. O Brasil é muito rico nessa área, muitos preparadores físicos de ponta, de expressão. Dá pra dizer que eu tenho me destacado nos últimos anos. Mas acho que você é a soma da trajetória da tua carreira. Tem muita coisa pela frente. Tem esse desafio enorme no Atlético Paranaense e o maior de todos que é a Seleção Brasileira. Se a Seleção sub-20 se classificar, nós vamos ter uma Olimpíada, em Londres. No meio do ano, a Copa América na Argentina, o ano que vem, a Copa das Confederações no Brasil, e se a gente chegar até lá, a Copa do Mundo de 2014 aqui no País. Tem muita coisa pela frente. Você nunca tinha trabalhado com o Mano Menezes. Como foi esse convite? CN - Essa história é bacana, porque no dia em que o Muricy [Ramalho] se reuniu com o presidente Ricardo Teixeira, no Rio de Janeiro, [na época em que ele recebeu a proposta para ser treinador da seleção] muita gente da imprensa, começou a me ligar, achando que pelo fato de eu ter trabalhado tanto tempo com o Muricy, teria chance de ser preparador. Quando ele não aceitou o convite muita gente, inclusive eu, falou ‘se havia alguma possibilidade não há mais’. Só conhecia o Mano de jogar contra. Conhecia seu assistente, Sidnei Lobo, que foi meu atleta no São Paulo. Nós jogamos a Copa Libertadores contra o Internacional, em Porto Alegre, e, no retorno, recebi o telefonema do Mano fazendo o convite oficial. Como que é o seu cotidiano na Seleção? CN - É um pouco diferente. No clube você tem o contato diário com os atletas, desde o momento em que eles chegam, aos controles de treinamento que é a pesagem, os indicadores bioquímicos, os testes, as avaliações, os exames médicos, os jogos. Em uma Seleção você recebe jogadores de diferentes países, cada um com métodos de treinos, sua característica, cultura futebolística, métodos de treinamento. Você tem de rapidamente assimilar isso tudo. O que nós estamos fazendo é montar uma rede de informações para absorver e sintetizar da melhor maneira possível. Isso nos jogos amistosos. Nas

Na academia do Atlético Paranaense, Carlinhos prepara os jogadores para mais um ano de competições competições, quando há um tempo maior de preparação, aí sim você consegue avaliar esses jogadores, fazer um diagnóstico e elaborar um trabalho melhor. É um desafio muito instigante. Como define o Mano Menezes como técnico? CN - A expressão que uso para o Mano é: um cara muito preparado, tanto como técnico de campo, como um gestor de pessoas, de grupo. Ele trabalha bem com tudo isso, com tudo que está nessa parte periférica, que é lidar com a imprensa, com o torcedor, acima de tudo lidar com o jogador. Ele se sai bem em todas essas situações, sabe que é importante dominar essas variáveis. Que jogadores você acredita que vão despontar no cenário nacional este ano e quais poderiam ganhar uma vaga na seleção brasileira? CN - Sobre isso, não me atrevo a falar porque extrapola a minha área. Não participo das convocações. Acho que o Brasil continua formando e revelando jogadores a cada competição, nos campeonatos estaduais e nacionais. Nós temos quatro anos pela frente. O que eu espero é que os [jogadores] que estão sendo convocados, confirmem-se como atletas. Pelo que você conhece do Mano, acha que teremos muitas surpresas em relação a isso? CN - Vai depender muito da produtividade e da performance dos atletas nos clubes. Jogadores mesmos afirmam isso. Espero que eles estejam sem nenhum problema clínico, físico e em alto rendimento. Isso facilita também o nosso trabalho na Seleção. Se pudesse fazer uma escalação dos mais preparados fisicamente quais jogadores escolheria? CN - Não posso entrar em nomes, mas o que todo preparador físico gostaria são os atletas que por questão fisiológica, genética ou até mesmo de habilidade, atinjam um rendimento

Roberto Dziura

Já conquistou muitos títulos. Mas algumas pessoas dizem que foi no São Paulo que você atingiu o status de melhor preparador físico do País. Você concorda?

alto de resistência, força, velocidade, coordenação e, acima de tudo, mentalmente fortes. Houve uma mudança em sua vida depois que assumiu a seleção brasileira? CN - Em termo de carga horária evidentemente que sim. Se já viajava bastante com os clubes, com a seleção viajo um pouco mais, mas isso não me incomoda. Ao invés de reclamar, eu tô aproveitando. Por exemplo, em fevereiro a Seleção joga em Paris. Devo permanecer por lá, vou conhecer a estrutura de outros clubes. Com relação ao assédio da imprensa, num primeiro momento sim, nos primeiros dias da convocação. Hoje já encaro isso como uma coisa normal. E como lida com a questão da pressão por resultado? CN - A gente sabe que nos clubes é assim e que na Seleção a pressão é maior ainda. Por enquanto, ainda não enfrentamos competições. Acho que essa pressão será maior na Copa América, aí já é uma competição oficial e importante para o Brasil, que é o atual campeão. Mas penso que quem está no esporte, independente do que seja, tem de estar acostumado e fazer com que essa pressão seja favorável, para que te instigue, te mantenha mais concentrado e focado. Como você faz para conciliar tudo isso com a vida pessoal? CN - Continuo fazendo as coisas que me dão prazer, as coisas que eu gosto, estar REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 5




Divulgação

entrevista Carlinhos Neves Qual é a diferença em ter um jogador com uma boa preparação física e um que não tem? CN - Jogadores que estejam abaixo da média dificilmente conseguem ser titulares de equipe. Hoje eles sabem que têm de estar muito bem treinados em todas as variáveis físicas. Então é quase inconcebível que um jogador não seja um atleta, da maneira que se joga futebol hoje. Na preparação física houve muita revolução nos últimos anos. Quais foram as principais diferenças?

Otimismo ao lado de Mano Menezes e da comissão técnica da Seleção Brasileira; objetivo principal é a Copa de 2014

com a família, com os amigos. Todas as pessoas gostam de cinema, de música, de teatro, acho importante isso também. Quando se está trabalhando tua energia tem de estar toda canalizada pro trabalho, mas é importante também esse equilíbrio mental. Você não é só preparador físico, também é cidadão. Então, é importante que todas as pessoas encontrem esse equilíbrio para que a tua vida profissional ande bem e que tua vida pessoal também. Quando assumiu a Seleção deu algumas declarações de que conseguiria conciliar o trabalho no São Paulo e a Seleção. Mas no final do ano passado, o clube preferiu não renovar seu contrato. Foi uma surpresa? CN - Não foi surpresa, porque mesmo o São Paulo me liberando para a Seleção percebia que existia certo desconforto. Acho compatível o modelo que nós encontramos aqui no Atlético Paranaense. No meu modo de ver é uma atitude muito inteligente do clube. Porque vai ter um profissional da CBF extremamente entusiasmado, motivado, aprendendo, fazendo intercâmbio com os profissionais. Se fizer uma somatória geral, numa temporada de 10 meses não fica, se for somar tudo, três meses à disposição da Seleção. Particularmente, acho importante esse convívio, esse corpo a corpo do dia-a-dia do clube. Quando vai para a Seleção você tá pronto, com conhecimento suficiente, afiado para trabalhar. 8 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011

Você será o coordenador da preparação física do Atlético. Quando estiver ausente vai ter uma equipe tocando os trabalhos? CN - Na verdade, a gente vai tocar junto isso. O Atlético tem um preparador físico que é o Márcio Henrique, depois tem o Jean Lourenço e o Edy Carlos. Sou o coordenador dessa equipe. Trabalhamos juntos durante a semana, elaboramos os treinamentos. O Márcio vai para o banco de reservas. Mesmo eu estando aqui, em Curitiba, ele viaja com a equipe. Mas todas as horas, todos os dias em que eu não estiver com a Seleção Brasileira, sigo os horários normais do clube. É um jeito novo de fazer, mas acho que é perfeitamente possível. Quais são seus objetivos no time? Teremos alguma novidade em termos de preparação física? CN - Não gosto de falar especificamente sobre o meu trabalho. Acho que o Atlético tem uma linha vitoriosa e respeitável, cientificamente falando, as coisas funcionam aqui. Eu estou respeitando o que se faz e contando com os conhecimentos desses profissionais das diferentes áreas. À medida que a gente for identificando o que existe, dentro da necessidade, vai implantado o que achar importante tanto em termos tecnológicos, quanto metodológicos.

CN - Realmente, a ciência e a fisiologia fizeram com que a preparação física evoluísse muito. Hoje há variações absolutamente precisas. Você consegue medir o equilíbrio ou o desiquilíbrio muscular, têm avaliações cardiológicas, metabólicas, indicadores bioquímicos, testes de força e velocidade. Tem um controle muito maior. Consegue individualizar o treinamento de acordo com as características especificas do atleta. Isso é importante, porque não o expõe a um desgaste desnecessário e, consequentemente, ele tem uma vida útil maior. Quais são seus novos desafios? CN - No Atlético Paranaense, criando esse novo jeito de fazer, que a gente consiga transportar todo conhecimento em resultados práticos, transformando isso em conquista de títulos. Isso vale também para a Seleção, num outro modelo. E, principalmente, que a gente consiga, a cada passo que for dado, estruturar essa equipe para a conquista principal que está lá na frente, em 2014. De uma maneira mais imediata seria a Copa das Américas. Acredita que estará junto da Seleção na Copa do Mundo de 2014? CN - Costumo dizer que pretendemos chegar até lá. A gente sabe que no futebol tudo depende de resultados e, na Seleção, mais ainda. Estamos nos preparando, procurando fazer as coisas da melhor maneira possível para que estejamos lá em 2014. Vejo de forma muito positiva, muito otimista pra que isso aconteça. Mas tem muito chão até lá. Era isso. Muito obrigada Carlinhos. CN - Nossa, em cima do laço hein! [diz olhando no relógio e observando que a entrevista tinha encerrado em 43 minutos]


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sumário

4

ENTREVISTA

12

MIRANTE

17

Mensagens dos leitores

23

COLUNA

37

5 perguntas para: Douglas Miranda

64

LIVROS

65

ÁLBUNS

66

OPINIÃO

67

FOTOGRAMA

Divulgação

Editora Mês Ano I – nº 2 Fevereiro de 2011

POLÍTICA 18 Promessa de mudanças na Casa de Leis 20 Grandes benefícios para poucos

CIDADES 24 Em casa e com segurança

COMPORTAMENTO 27 Em frente à TV, falta diversão e criatividade

MATÉRIA DE CAPA 14

Endometriose entra em cena TECNOLOGIA

EDUCAÇÃO

48 Duas décadas de muita revolução

30 Educação sem fronteiras

TURISMO

32 Música deve inundar as escolas em 2011

50 Carnaval: a folia dos paranaenses

SAÚDE

CULINÁRIA E GASTRONOMIA 52 Tentação permitida

34 Aids: ninguém está imune, mesmo 30 anos depois

ESPORTE

ECONOMIA

54 Correndo a passos largos

38 O novo e emergente Brasil

MEIO AMBIENTE

INTERNACIONAL 40 Os ventos da democracia chegam à África subsaariana

AGRICULTURA 42 A força do campo 45 Livre de agrotóxico e cheio de sabor 10 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011

56 Ergam as Araucárias

CULTURA E LAZER 58 A magnífica “máquina” humana

MODA E BELEZA 60 Do espaço sideral para as academias

AUTOMÓVEL 62 Offroad para a cidade


editorial

Equilíbrio saudável Mente sã em corpo são”, já diziam os gregos há milênios. A saúde e a busca pela qualidade de vida é de longe uma das grandes preocupações de nossa época. Vida movimentada, alimentação atropelada, inúmeros estresses e a saúde é a primeira a emitir um sinal de alerta. Por isso, a edição da Revista MÊS de Fevereiro traz a você retratos da saúde dos paranaenses. Na reportagem de Capa, vamos mostrar o problema da Endometriose, um dos temas que será estrelado na novela da Rede Globo Insensato Coração. Vamos mostrar também opções na alimentação, confirmando o ditado popular de que a saúde começa pela boca. Assim como pode estar na sobremesa, com uma deliciosa dica para este verão, o frozen de yogurt e, ainda, na atividade física, com a corrida de rua, primeiro esporte que cresce em número de praticantes no País. Além da saúde do corpo, você também poderá acompanhar, nesta edição, assuntos sobre a busca de uma mente sã desde os primeiros anos de vida. Sobre isso, vamos trazer uma análise das consequências na “saúde mental” das crianças, em decorrência da exposição excessiva à TV. E a Revista MÊS não para por aí. O assunto “saúde” continua em alta na busca do melhor lugar para se viver, na “saúde financeira” dos paranaenses e na “saúde moral e ética”, pré-requisitos aguardados na conduta de nossos novos representantes dos Poderes Legislativo e Executivo. O fato é que mesmo depois de milênios, os gregos continuam a ter muito que nos ensinar. A começar pela frequente busca pelo bem-estar físico e, ainda, na procura por respostas para os mistérios da existência humana e sua relação com o meio ambiente. Uma convivência que deve ter como base o equilíbrio saudável entre o Corpo e a Mente. Boa leitura!

expediente A Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Rua Comendador Araújo, 565, Centro – Curitiba (PR) – Fone / Fax: 41 3223-5648 – e-mail: leitor@revistames.com.br REDAÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815 / PR); Repórteres: Mariane Maio e Iris Alessi; Diagramação: Tércio Caldas; Projeto Gráfico: Carlos Nascimento Neto; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Departamento comercial: Sandro Alves – comercial@revistames.com.br – Fone: 41 3223-5648; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica; Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Wallace Nunes, Eduardo Bentivoglio, Bruno Cassucci, Will Leite e Lúcio Kamiji REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 11


mirante

E a briga continua

Mais uma família ocupa espaços no governo Beto Richa (PSDB). O tucano arrumou um empreguinho para os amigos da família do deputado Nelson Justus. Conseguiu uma vaga para o filho do deputado, Nelson Cordeiro Justus, em uma das diretorias da Cohapar, e para Aline Albano, nora do deputado nomeada como coordenadora de Assuntos Internacionais na Secretária da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul.

Tucanos próximos ao governador Beto Richa (PSDB) e ao ex-deputado Gustavo Fruet (PSDB) dizem que o clima não anda dos melhores entre os dois. Fruet estaria sentindo que o óleo de sua candidatura a prefeito começa a esquentar. Vocabulário impublicável de parte a parte é lugar comum. Essa situação estaria pavimentando a ida de Fruet para o PSC, com as bênçãos do deputado federal Ratinho Jr., para concorrer à prefeitura de Curitiba.

Roberto Dziura

Reunião em família

Wilson Dias / ABR

Lula de volta à Presidência Lula não para quieto mesmo. Ainda este mês ele voltou a ser presidente de honra do Partido dos Trabalhadores (PT). As eleições municipais em 2012 são o seu próximo alvo. Lula colocará à disposição do partido o seu carisma e, principalmente, a sua popularidade com o objetivo de fazer o PT eleger um grande número de prefeituras, fortalecendo ainda mais os dois últimos anos do governo Dilma e as bases sociais e eleitorais do partido para 2014.

Se a moda pega O vereador de Francisco Beltrão (PR), Celmo Salvadori (PP), disse na Tribuna da Câmara de Vereadores que pretende estudar a criação de uma pensão vitalícia também para os exprefeitos da cidade. Se a moda pega tem muita gente que vai querer ser prefeito para pegar o atalho para a sua aposentadoria.

Teto para salários de senadores

Outras propostas no Senado

A senadora Gleisi Hoffmann (PT) apresentou, logo no primeiro dia de trabalho legislativo, três projetos. Um deles regulamenta o teto de remuneração para senadores da República. Caso seja aprovada a iniciativa da senadora paranaense, nenhum senador poderá receber mais que o teto do salário do serviço público. Na prática, significa dizer que os senadores Roberto Requião (PMDB) e Alvaro Dias (PSDB), por exemplo, teriam de optar ou pelo salário de senador ou pelas aposentadorias de ex-governadores, enquanto tiverem no Senado.

As outras duas propostas apresentadas pela senadora petista caminham no mesmo sentido da moralização do Senado Federal. Uma delas veda a realização de posse de senadores durante os recessos. Isso vai permitir a economia com senadores de “mandato tampão” que nada votam, enquanto estão nomeados, mas que mesmo assim recebem salários e demais verbas de gabinete. A outra iniciativa, por sua vez, busca restringir o pagamento de verbas indenizatórias anuais a senadores. Vamos acompanhar para ver se os nobres senadores aprovam essas medidas mobilizadoras.

Novos tempos

Divulgação

Dois pra Um

12 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011

O Paraná está cada vez mais motorizado. Dados do Detran e do IBGE mostram que existe um carro para cada dois habitantes no Estado. O aumento foi de 7,6% de 2009 para 2010. Isso representa 5 milhões de veículos circulando no Estado. A região que ganhou mais “rodas” foi a Metropolitana de Curitiba. Araucária ficou no topo da lista com 12,6% de crescimento, seguida de Colombo (12,1%), São José dos Pinhais (11,6%) e Pinhais (10,3%). A Capital, já saturada em termos de mobilidade urbana, ficou em 15º lugar com crescimento de 4,2%.


Bate Pronto “Sou inocente, vai ser comprovado”

AE / Notícias

Afirmou ex-coronel do Corpo de Bombeiros Jorge Martins, acusado de nove homicídios

“Era ele, sem chances de errar. Na época, eu cheguei a anotar a placa do carro” Disse uma das testemunhas do inquérito no dia do reconhecimento

Paraná recebe recursos federais

Cartórios mais caros

Campo Largo, Curitiba, Paranaguá, Pato Branco e São José dos Pinhais vão receber recursos do Governo Federal, já anunciados pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior. A verba será destinada para obras de drenagem e contenção de encostas contra enchentes. O PAC 2 prevê este recurso, que será de R$ 11 bilhões para todo o Brasil. Os cinco municípios paranaenses vão receber, ao todo, uma verba de R$ 214,57 milhões para obras de canalização, drenagem, despoluição, construção de diques, reservas de amortecimento e ações educacionais.

Quem precisar dos serviços cartorários no Paraná pode levar um enorme susto. No final de janeiro, um decreto do Tribunal de Justiça (TJ) determinou aumento de 45% nas custas. Com a justificativa apenas de repor perdas inflacionárias, o aumento ficará ainda maior que o aprovado pelos deputados no final de 2010, que foi de 34%. As novas taxas farão o Estado ser o mais caro do Sul e do Sudeste. A OAB-PR entrou na Justiça contra o reajuste e orienta que as pessoas guardem os comprovantes de pagamento.

REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 13


matéria de capa

Endome entra em Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

A doença será estrelada na TV este mês, trazendo também informação às mulheres sobre a possibilidade de realizar o sonho de ser mãe

A

novela em horário nobre da TV Globo, convencionalmente, traz à tona polêmicas, tendências comportamentais, cobranças políticas e sociais. Com frequência, esses temas tornam-se “bola da vez” em rodas de amigos, conversas em família, na escola e no trabalho. A nova novela Insensato Coração promete colocar em foco este mês o tema da Endometriose, doença que acomete cerca de seis milhões de brasileiras. Na novela, a Endometriose entra em cena com a personagem Carol Miranda, vivida pela atriz Camila Pitanga. Ela é o estereótipo da mulher moderna. Tem um ar de bem resolvida, tem sucesso na carreira – apesar de viver pressão e estresse profissionais - cuida da aparência, tem uma alimentação saudável, faz exercícios físicos e quer ter filhos no adiantado da fase adulta, em meados dos 30 anos de idade. Ao tentar engravidar, naturalmente, muitas dessas mulheres se deparam com uma vilã: a Endometriose. De acordo com Regina Piazzetta, ginecologista, é comum as mulheres procurarem o médico em busca de uma gestação tranquila e encontrarem dificuldades em engravidar, justamente por conta dessa doença, que se caracteriza pelo deslocamento irregular do endométrio – revestimento do útero – para outros locais do organismo.

Este é um drama silencioso para as mulheres e a novela dará voz ao tema, trazendo alguns esclarecimentos à população 14 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011


Esse movimento inverso ocorre depois da ovulação, no caso de não fecundado o óvulo, o tecido em torno do útero (endométrio) se solta e é eliminado pelo organismo, no período bem conhecido pelas mulheres, a menstruação. Em vez de todo o material ser expelido, algumas células se soltam e fazem a chamada “menstruação retrógrada”. Essas células que migram pela corrente sanguínea a lugares inadequados, como tubas uterinas (trompas de falópio), intestino, bexiga e até ao sistema nervoso, causam em muitas mulheres uma reação inflamatória. Isso ocorre quando as defesas do organismo não são suficientes para combater essas células “intrusas”. Aí, a inflamação caracteriza-se pela Endometriose.

Cura Misteriosa até para os especialistas, a Endometriose pode aparecer em diferentes graus, pode ter várias causas e são feitos tratamentos individualizados. Além disso, “não existe uma prevenção eficaz”, informa a médica Regina Piazzetta. O que se sabe também é que ainda não existe a cura. “Pode ter o controle”, diz. Já para o médico, coordenador de Reprodução Humana da Maternidade Curitiba, Ricardo Teodoro Beck, uma forma de prevenir, ao menos a volta da Endometriose, é a “anticoncepção hormonal contínua”. Processo que vai interromper a menstruação de vez, o que traz como efeito a incapacidade de ter filhos.

Sintomas A Endometriose é estudada há mais de 100 anos e atinge milhares de mulheres todos os anos, por vezes, que nunca saberão da existência da doença. Aliás, são longos anos em que a mulher deverá se queixar de alguns dos sintomas e, por ter difícil diagnóstico, a doença vai se agravando. Estudos demonstram que o tempo de queixa é maior que cinco anos, em 44% das mu-

Roberto Dziura

etriose m cena Muitas mulheres procuram o ginecologista planejando a gravidez e encontram a Endometriose

lheres que tem Endometriose. Os sintomas mais comuns são as fortes cólicas menstruais (dismenorreia), dor durante a relação sexual e ainda a dificuldade em engravidar. Algumas teorias indicam que justamente o jeito moderno da mulher lidar com a vida e se posicionar socialmente e no mercado de trabalho, como o de Carol da novela, tem levado às mulheres a desenvolverem a Endometriose. Poluição e estresses são também possíveis causas da doença, aponta o médico especialista Maurício Abrão, em entrevista ao site do médico Drauzio Varella. Segundo Abrão, as mulheres há pouco tempo – início do século passado – menstruavam 40 vezes durante a vida. Atualmente esse número saltou para 400 vezes, o que também aumentou as chances de as células em vez de caminharem para fora, voltarem para o corpo da mulher e se deslocarem para lugares inadequados.

pélvica, cólicas ou mesmo não apresentar sintomas. Trinta por cento das mulheres que não engravidam apresentam Endometriose, sendo este um dos indícios da doença. Podem acometer qualquer órgão, porém é mais comum nos ovários”, afirma Ricardo Teodoro Beck. Para investigar essa doença, os médicos lançam mão, principalmente, de dois recursos: a ecografia e o exame CA 125, “um exame de ouro”, conforme denominou a médica Regina Piazzetta para detectar essa reação inflamatória das células do endométrio. Já para o tratamento, existem diversas maneiras de controlar as células fora do útero. “Clinicamente, com medicações que atuam sobre os hormônios, criando uma menopausa ou, cirurgicamente, pela laparoscopia. E, para engravidar, por meio da fertilização in vitro”, orienta Beck.

Alguns dos fatores que influenciaram nesse aumento do número de vezes que as mulheres menstruam foram a diminuição da idade para a primeira menstruação – as meninas menstruam mais cedo -, o adiamento da gravidez para além dos 30 anos de idade, estresses variados, conflitos emocionais e o fato de ter menos filhos.

Por quase todos esses procedimentos já passou a assistente social Maribel Mariño Gonzalez. Ela tem 38 anos, é casada e está tentando ter filhos. Depois de oito anos de casamento, foi exatamente por conta da vontade de ser mãe que Maribel descobriu que tinha Endometriose. “Comecei a fazer um tratamento para engravidar e foi por eliminatória [que descobriu a doença]”, conta.

Diagnóstico

Gravidez

“Clinicamente, a endometriose tem diagnóstico difícil, podendo apresentar dor

Desde 2004, Maribel faz tratamentos ginecológicos para engravidar e cuidar REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 15


Roberto Dziura

matéria de capa dos focos da Endometriose. Já tomou vários tipos de remédios injetáveis, fez videolaparoscopia para cauterizar as inflamações nas tubas uterinas, ovários, intestino e bexiga. Em um dos períodos teve a menstruação interrompida por vários meses. “Tive o ‘calorão’ da menopausa. As pessoas falam que é frescura, mas não é. É muito forte o calor”. Além disso, ela comenta que durante esses tratamentos, um dos efeitos colaterais foi engordar, por conta das altas dosagens de hormônios que foram aplicadas em seu corpo. Agora, Maribel continua sua caminhada para trazer à realidade o sonho de ter filhos. Segundo ela, um fator que incomoda é o fato da expectativa das pessoas, com frases do tipo: “já engravidou?”, “tá tentando ainda?”. Para ela, isso se torna desgastante. Por isso, já impôs um limite para esse processo. “Conversei com meu marido e quero tentar até o fim do ano. Já começo a pensar na idade, no depois; quando ele [o filho] tiver 20 anos, eu vou ter 60. Não vou acompanhar mais”, analisa a paciente. A personagem de Camila Pitanga na novela Insensato Coração, mesmo tendo a Endometriose, terá um filho de André Gurgel, o anti-herói representado pelo ator Lázaro Ramos. Foi o mesmo que ocorreu com a dentista Danielle Gomide, 36 anos de idade, que em 2004 parou de tomar pílula ao tentar engravidar, mas descobriu que tinha Endometriose. “A chance de eu engravidar era mínima. Fiz toda a cauterização. Tentei por três meses. No dia 14 de outubro eu engravidei. Tive uma gravidez muito tranquila”, conta Danielle. Ela teve um menino saudável, chamado Eduardo, que hoje tem quatro anos e meio. A realização de ser mãe foi de forma natural e também milagrosa. “Seu filho é um milagre”, disse a médica de Danielle ao fazer o parto de Eduardo. No entanto, a Endometriose não a abandonou. Sua médica a alertou que durante o parto, Danielle teve muitas hemorragias, o que indicava a volta da Endometriose. Por isso, algum tempo depois, Danielle voltou a tratar a doença e foi submetida à segunda videolaparoscopia para eliminar os focos de Endometriose, que já tinham tomado conta da bexiga, ovário esquerdo, intestino e útero. No momento, “só estamos monitorando”, afirma a paciente que quer ter outro filho em breve. 16 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011

Maribel Mariño Gonzalez (36) está tratando da Endometriose, pois planeja ter um filho este ano

Para que ela possa realizar novamente seu sonho de ser mãe, uma opção apresentada pelo médico foi a fertilização in vitro. “Se não der, parto para a adoção”, confessa Danielle.

Idade Em média, as mulheres têm esse tipo de problema para engravidar aos 32 anos de idade, por conta de fatores anatômicos do útero causados pela Endometriose, ou fator hormonal, conforme indica o médico Maurício Abrão. Apesar de sérias consequências para o organismo e, ter como característica principal a proliferação de células anômalas, a doença não pode ainda ser taxada como maligna. Pelo menos, segundo Abrão, a relação com câncer é muito pequena entre 0,5 e 1% dos casos de Endometriose tornam-se câncer.

Esse é um drama silencioso para as mulheres e a novela dará voz ao tema e trará alguns esclarecimentos à população. Para o médico Ricardo Teodoro Beck - autoridade na questão da reprodução humana -, se a informação na novela for bem fundamentada será de grande valia. Porém, se for criado um pavor entre as pessoas, isso só deve piorar, pois há pouco acesso da população a médicos especializados e aos tratamentos, geralmente caros, para a doença, observa Beck. Por isso, é importante ressaltar que Endometriose não é sinônimo de infertilidade. Há chances. Pois assim como a Carol Miranda, na ficção, Danielle e - com esperanças - Maribel, na realidade, muitas outras mulheres realizam o sonho de ser mãe, mesmo tendo Endometriose.


Mensagens dos leitores

Vários canais para você falar com a Mês Leitor e Leitora, sinta-se à vontade para fazer críticas e sugestões, assim como elogios – que todo mundo gosta! Aqui será o espaço em que você poderá interagir ainda mais com a revista MÊS. As cartas da Revista são de mensagens enviadas à redação por correspondência ou de recados deixados em nosso perfil no Twitter: @mes_pr ou no Facebook: MÊS Paraná. Participe!

Sandro Blonski

circulação GRATUITA

Editora Mês Ano 1 - nº 1 Janeiro de 2011

IMPRESSO

“Olá, muito legal a revista Mês, em sua primeira edição, nas páginas 58 e 59 saiu matéria muito interessante sobre a 29º Oficina de Música de Curitiba, da qual tomei parte pela 1º vez, a oficina foi muito acima da minha expectativa. Participei das aulas com Léo Gandelman, Hector Costita, e da Banda Sinfônica com o maestro Dario Sotelo, o que aprendi integralmente neste Mês, foi de grande proveito, com grande conteúdo prático e objetivo. A Revista Mês está de parabéns!”

parabéns! PODE SER ABERTO PELA ECT

oficina de música

“Recebi de um conhecido o primeiro exemplar da Revista Mês e me encantei pela qualidade do conteúdo. Parabenizo pelo despertar inteligente e inovador desta Revista que fará muito sucesso com toda certeza”. Abrahão Barros e Sirley

“Parabéns, a Revista MÊS está bem interessante.” César Melgarejo, Consultório de Acupuntura

Estilo paranaense Luisa Padoan - @mes_pr Fiquei suuuuper feliz ao ver a Mês no Fran´s Café da Praça da Espanha esse fds. A revista está linda, gente! PARABÉNS! Andressa Savi - Agora dá pra ler a @mes_pr on line: http://verd.in/mlf A matéria sobre lanches pós balada está ótima!! =) Verônica Macedo - @mes_pr A capa ficou bonita, hein? Parabéns. Carlos Iadak - @mes_pr Parabéns pela Revista! Já tenho, já li e já recomendei! Parabéns de novo #euleio

“Muito boa! Mal recebi a revista em mãos e devorei. Simplesmente, gostei da maneira simples e direta das publicações. Mostrando um estilo paranaense, único. Estou ansioso para ver as novas edições. Como faço e aonde eu encontro?” Edmilson Soares de Oliveira

Denis Arashiro - Muito bacana o material! Curti! Cristina Boldrini - Ficou mto legal a revista, e a reportagem na calada da noite!!! Parabéns a todos... Sandra Borçoi - Muito bem... parabéns... adorei a matéria sobre Fibromialgia... tenho essa sindrome! hehehe

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REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 17


política

Promessa de mudanças na

Casa de Leis Eleição interna no Legislativo paranaense muda a cara da mesa diretora, que garante ter mudanças em breve

serão ocupadas por parlamentares já conhecidos pela Casa.

- apenas seis deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) se abstiveram e Ney Leprevost (PP) não foi à sessão por motivos de saúde - Rossoni tem como principal objetivo resgatar a moral da Alep, que teve sua imagem muito desgastada no ano passado, devido aos escândalos, como a descoberta de funcionários fantasmas. No entanto, das 54 cadeiras, 35

A renovação não foi promovida nas últimas eleições. Mesmo assim, a população cobra por mudanças na postura dos eleitos à nova legislatura. Segundo pesquisa divulgada recentemente pelo Instituto Paraná Pesquisas, 52,36% dos paranaenses esperam que essa legislatura seja melhor do que a anterior, classificada como ruim e péssima por 40,55% dos

Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

E

m sintonia com a população, ao menos no discurso, o deputado estadual Valdir Rossoni (PSDB) tomou posse como presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) no primeiro dia deste mês. Eleito pela maioria dos deputados (47)

deputados estaduais do Paraná Do total de 54, apenas 19 são novatos. Presidente - Valdir Rossoni (PSDB); 1º vice-presidente - Artagão de Matos Leão Jr. (PMDB); 2º vice-presidente - Augustinho Zucchi (PDT); 3º vice-presidente - Douglas Fabrício (PPS); 1º secretário - Plauto Miró Guimarães Fº (DEM); 2º secretário - Reni Pereira (PSB); 3º secretário - Stephanes Junior (PMDB); 4º secretário - Gilson de Souza (PSC)**; 5º secretário - Fabio Camargo (PTB). Demais deputados: Adelino Ribeiro (PSL)**; Ademar Luiz Traiano (PSDB); Ademir Bier (PMDB); Alexandre Curi (PMDB); André Bueno (PDT )**; Antonio Anibelli Neto (PMDB)**; Caito Quintana (PMDB); * Em disputa judicial até o fechamento da edição. ** Deputados novatos.

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Roberto Dziura

É isso que promete Rossoni. “As mudanças serão implantadas de forma técnica, em busca da eficiência. E comunico aos senhores deputados: não será pela vontade do deputado Rossoni. Vamos contratar a Fundação Getúlio Vargas para nos assessorar. E não serão boas as medidas, muita gente não vai gostar”, garantiu o deputado em seu discurso de posse na Assembleia Legislativa no último dia primeiro. Dentre as medidas anunciadas estão diversas auditorias, como nas aposentadorias concedidas pela Alep, recadastramento dos funcionários efetivos da Casa, recálculo da URV (Unidade Real de Valor), redução dos cargos comissionados e até mesmo realização de concursos públicos para compor quadros que devem ser ocupados por servidores de carreira. Para Rossoni todas estas mudanças representam uma oportunidade para que ele possa deixar sua marca e entrar para a história do Legislativo paranaense. “Tenho 58 anos de idade, não tenho mais tempo. Acho que estou recebendo da população e dos parlamentares uma oportunidade única. Se eu concluir esse trabalho em seis meses, posso até me despedir e ir pra casa, porque eu quero que meus filhos, meus netos, a minha família façam parte da história do Paraná”, afirma o deputado.

Outro desafio Além de recuperar a imagem e tornar a administração da Alep mais transparente, outro desafio deste novo mandato será o de resgatar uma das principais funções do Legislativo: fiscalizar. Segundo o presidente da Casa, para que a Alep possa “Uma oposição, desde que feita com maturidade e preparo, faz a diferença”, acredita Verri

“Se eu concluir esse trabalho em seis meses, posso até me despedir e ir pra casa”, diz Rossoni impor essa fiscalização precisa ter autoridade. “Quero dizer que o Tribunal de Contas tem autoridade, mas é um órgão auxiliar desta Casa. Ninguém vai usurpar o poder da Assembleia Legislativa”, avisa. Ao pedir apoio aos demais deputados para que essas mudanças possam ser implantadas, ele garante que a Alep viverá um novo tempo. “Não de idade. Mas de conceitos, de atitudes, de respeito com os parlamentares, de respeito com os servidores e, principalmente, de respeito com a população. Nós não teremos compromisso com o erro”, diz Rossoni. Um voto de confiança. Mesmo não tendo votado no novo presidente, alguns deputados da oposição acreditam que as mudanças virão. “A conjuntura é tão forte que ele será obrigado a fazer. É inevitável. Qualquer um que entrasse teria de aprofundar essas mudanças, sob pena da sociedade acabar com a Assembleia”, observa o deputado do PT, Enio Verri. Diante de tal cenário, Verri afirma que se Rossoni cumprir, de fato, o que colocou em discurso, terá o apoio dos petistas, por se tratar de assuntos importantes.

Divulgação

entrevistados. A maioria (56,69%) dos entrevistados disse acreditar que os novos deputados farão pequenas e grandes mudanças na Casa de Leis.

Oposição Já está está definido o bloco oposicionista. Será composto por 13 deputados e o líder da bancada de oposição será o deputado Enio Verri, presidente do PT Estadual. As maiores dúvidas na composição dessa bancada estavam com os deputados do PMDB, que foram eleitos pela base contrária do governador, mas que ficaram em sua maioria o apoiando nesta legislatura. “Ser oposição historicamente é minoria. Tivemos dois candidatos fortes. O que ganhou elegeu 32 deputados e o que perdeu 22. Seria algo mais equilibrado. Quando tem uma maioria esmagadora, tira a riqueza do papel da oposição, que é fundamental na democracia. Uma oposição, desde que feita com maturidade e preparo, faz a diferença”, comenta Verri. Mesmo tendo presidido a Assembleia durante o governo de Roberto Requião - lado contrário do novo governador - o deputado Nelson Justus (DEM) apoiará Beto Richa. “O governo tem um apoio não só do meu partido e do meu pessoal, mas da

Cantora Mara Lima (PSDB); Cesar Silvestri Filho (PPS)**; Cleiton Kielse (PMDB); Dr. Batista (PMN); Duílio Genari (PP); Edson Praczyk (PRB); Eduardo Cheida (PMDB); Elio Rusch (DEM); Elton Welter (PT)*; Enio Verri (PT); Evandro Jr. (PSDB)**; Fernando Scanavaca (PDT); Francisco Bührer (PSDB); Gilberto Ribeiro (PSB)**; Hermas Brandão Jr (PSB)**; Jonas Guimarães (PMDB); Luciana Rafagnin (PT); Luiz Accorsi (PSDB); Marcelo Rangel (PPS); Marla Tureck (PSC)**; Mauro Moraes (PSDB); Nelson Garcia (PSDB); Nelson Justus (DEM); Nelson Luersen (PDT)**; Nereu Moura (PMDB); Ney Leprevost (PP); Osmar Bertoldi (DEM); Leonaldo Paranhos (PSC)**; Pedro Lupion (DEM)**; Péricles de Mello (PT); Professor Lemos (PT); Rasca Rodrigues (PV)**; Roberto Aciolli (PV)**; Rose Litro (PSDB)**; Tadeu Veneri (PT); Teruo Kato (PMDB); Toninho Wandscheer (PT)**; Waldyr Pugliesi (PMDB).

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política Brasília No cenário nacional, a situação foi diferente do Paraná. Nomes já conhecidos e que atuavam nas mesas diretoras como presidentes foram confirmados novamente no Congresso Nacional. No Senado, José Sarney (PMDB-AP) foi reeleito com 70, dos 81 votos, e foi admitido pela quarta vez à presidente da casa. O único adversário, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), conseguiu apenas oito votos. Além disso, houve dois votos em branco e uma anulação. A senadora Marta Suplicy (PT-SP) foi eleita a primeira mulher como vice-presidente. Nesta legislatura, o Paraná terá como representantes no Senado duas novas cadeiras e a continuidade do mandato de Alvaro Dias (PSDB-PR). Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Roberto Requião (PMDB-PR) são os novos senadores empossados. Na Câmara dos Deputados, o ex-vice-presidente Marco Maia (PT-RS) foi eleito presidente com 375 votos e o apoio de 21 dos 22 partidos políticos. Maia, que já estava à frente da Casa desde a renúncia de Michel Temer (PMDB), para concorrer às eleições de 2010, teve outros três deputados como adversários, Sandro Mabel (PR-GO), Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Chico Alencar (PSOL-RJ). Para representar os paranaenses, a lista é composta por 30 deputados federais, sendo 10 novatos no cargo. grande maioria da Casa. Acho que a oposição vai exercer seu papel e cabe a nós, que pertencemos à base do governo, defendê-lo e facilitarmos as coisas para que o Estado avance”. Para Verri, ser oposição com tão poucos deputados não será tarefa fácil, mas também não significa derrotas em todos os momentos. “No Paraná, a maioria é tão grande que nós nunca vamos conseguir fazer uma CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito]. O que eu aposto é que a política é muito dinâmica. Terão algumas pautas que, com a nossa capacidade de mostrar que está equivocado, ganharemos outros votos. A gente vai ter deputados que vão oscilar. De acordo com o tema e pauta estarão conosco, ou não”, conclui. 20 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011

Roberto Dziura

No cenário nacional, os paranaenses já marcam posição na 1ª votação

Grandes benefícios para poucos Legalidade das polêmicas pensões ficará por conta do STF; até o julgamento, ex-governadores e viúvas continuam recebendo as “polpudas” aposentadorias

A

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

s páginas da imprensa política durante janeiro foram tomadas por números e cifras de pensões vitalícias de ex-governadores de vários estados do Brasil. O debate está no ar também no Paraná. No Estado, as regras para o benefício estão previstas em Lei. Conforme o artigo 85, parágrafo quinto, da Constituição do Estado do Paraná (1989), tem direito a um

subsídio mensal vitalício os ex-governadores que tiverem exercido o cargo por qualquer período. Dez ex-governadores - Alvaro Dias, Emílio Gomes, Jaime Lerner, Jayme Canet, João Elísio Ferraz de Campos, João Mansur, Mário Pereira, Orlando Pessuti, Paulo Pimentel e Roberto Requião - e quatro viúvas recebem, cada um, mensalmente, o valor de R$ 24.117,62, segundo informações da Agência Estadual de Notícias. O valor


Assessoria de Imprensa

As pensões dos ex-governadores vêm sendo objeto de estudo da OAB-PR desde 2007, afirma Glomb a receber um benefício vitalício por ter ocupado o cargo. “Nós entendemos que há uma ilegalidade e que este tipo de benefício não se sustenta diante da Constituição Federal”, afirma Glomb.

total em pensões aos ex-governadores e viúvas pagas em um ano pode chegar a quase R$ 4,4 milhões aos cofres públicos. Questões como igualdade entre os cidadãos, moralidade dos atos administrativos e a reserva para obtenção de quaisquer benefícios levaram a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a ingressar com Ações Diretas de Inconstitucionalidade (Adins) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra todos os ex-governadores que solicitaram as pensões e passaram a recebê-las, incluindo os paranaenses. Apesar de vir à tona o assunto, por conta de pedidos dos ex-governadores daqui, o assunto não é recente na seccional da OAB no Paraná. Desde 2007, o tema vem sendo objeto de estudo do conselho estadual da instituição. “O Conselho da Ordem do Paraná examinou esta questão e entendemos, naquela ocasião, que essas pensões não seriam legais. Então, foi encaminhado ao Conselho Federal um parecer sobre isso”, diz o presidente da OAB-PR, José Lucio Glomb.

Constituição Antes da Constituição Federal de 1988, os ex-presidentes também tinham direito

Para o presidente da seccional paranaense da OAB, a Constituição do Estado está se sobrepondo à Federal, que mudou a regra com a Constituição de 88, suspendendo esses benefícios aos ex-presidentes. “É a razão pela qual ficou entendido que essa cláusula não se sustentaria aqui no Paraná”, completa.

Jurisprudência Um dos primeiros casos levados pela OAB ao STF foi o do ex-governador do Mato Grosso do Sul, Zeca, do PT. Em 2007, o Supremo decidiu pela cassação da pensão recebida pelo ex-governador. Aqui no Paraná, três ex-governadores solicitaram, recentemente, a pensão vitalícia: Alvaro Dias (PSDB) e Roberto Requião (PMDB), ainda em 2010, e Orlando Pessuti (PMDB), em 2011. “A questão da jurisprudência auxilia, mas o problema é que o Supremo Tribunal Federal está abarrotado de outros casos que também têm jurisprudência”, diz o presidente da OAB-PR, sobre o fato do benefício já ter sido suspenso pela Justiça no Mato Grosso do Sul. Glomb acredita que esses benefícios devem ser cancelados, porém não é possível estimar em quanto tempo isso deva ocorrer.

Ex-governadores O senador Alvaro Dias, que governou o Estado de 1987 a 1991, defendeu em seu blog pessoal que o dinheiro recebido das pensões

era doado a instituições beneficentes. “Esse foi meu objetivo ao requerer a aposentadoria: dar a esse dinheiro a destinação social que considero adequada. Acredito que será melhor aplicado do que tem sido”, escreveu o senador. Além da solicitação da pensão mensal, o senador do PSDB apresentou um equivocado recibo com data futura de umas das instituições de caridade, também solicitou o recebimento de valores retroativos de cerca de R$ 1,4 milhão. A Procuradoria Geral do Estado (PGE) recomendou que os valores retroativos solicitados pelo senador Dias não fossem pagos. A sugestão foi acatada pele Secretaria de Estado da Administração (SEAP). “Volto a ser exceção, uma vez que todos os ex-governadores e viúvas recebem o benefício. Não discuto a decisão e não a contestarei judicialmente”, declarou o senador novamente em seu blog. Segundo ele, se houver interesse, as entidades beneficiadas podem recorrer à Justiça. Atualmente, o senador acumula essas duas fontes de renda, a aposentadoria como ex-governador, e o salário como parlamentar. Sua assessoria informou à reportagem da Revista MÊS que não poderia atender a solicitação de entrevista por conta do início do ano legislativo e de sua agenda “tumultuada”. Outro ex-governador que vai acumular a pensão e salário de senador é Roberto Requião, que governou o Paraná entre 1991 e 1994 e entre 2003 e 2010. Os dois senadores, que agora representam o Paraná no Congresso Nacional, receberão pouco mais de R$ 50 mil reais por mês, cada um. A reportagem da Revista MÊS também tentou contato com o senador Roberto Requião e o ex-governador Orlando Pessuti, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 21


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Não dê chance ao mosquito da dengue. Se for guardar garrafas de vidro ou plástico, mantenha sempre a boca para baixo.


sobre a política

E a Assembleia Legislativa... Por Tiago Oliveira tiago@revistames.com.br

É nela que se encontram e se enfrentam todas as contradições de nossa sociedade

Na Assembleia Legialtiva do Paraná, essa verdade parece se tornar absoluta. Contudo, uma burocracia encastelada, parlamentares detentores de mandatos, frouxidão nos controles, favoreceram a construção de uma realidade em que a comparação mais plausível para o leitor médio seja com a máfia. Funcionários fantasmas, desvios de verbas, espionagem, contratos superfaturados, desvios de salários e algo que ainda não apareceu, mas que eu não ficaria nada surpreso: negociação de votos. Tudo isso é receita de uma instituição abalada em suas estruturas éticas e morais. Por tudo isso, criticar aos quatro ventos a Assembleia Legislativa, tenha se tornado o nosso esporte preferido. Nosso, quero dizer, da imprensa e da sociedade paranaense. Contudo, é importante que se faça um alerta. Joguemos a água suja, mas seguremos a bacia e, fundamentalmente, a criança. Uso esse ditado popular para chamar a atenção de que a crítica deve ser sempre dirigida aos deputados e não à instituição Assembleia e ao Poder Legislativo. O problema são as pessoas, ou melhor, algumas pessoas que lá se instalaram, e que são passageiras. Diferentemente da instituição que é permanente e, ainda bem, que assim o seja. Nossa obrigação é apontar os responsáveis pelas atitudes ilegais e ilícitas cometidas no desempenho de uma função pública. O Bibinho (Abib Miguel), caso se confirmem as denúncias – o que parece que acontecerá, deve ser condenado e punido. Mas não só ele. É impossível que uma trama desse porte tenha ocorrido por anos a fio sem que houvesse a conivência de outros atores, dentro e fora daquela Casa de Leis. A rede de relações que alimentavam e se alimentavam de todo o esquema precisa ser revelada. Não podemos nos contentar com um culpado apenas por tudo isso.

Roberto Dziura

Um dos poderes mais importantes para o fortalecimento e a consolidação de nossa jovem democracia é o Legislativo. É nele que se encontram e se enfrentam todas as contradições de nossa sociedade. Talvez, até por isso, é no Legislativo que essas contradições estão mais aparentes.

Para o bem da instituição, a investigação deve ir a fundo e não se acomodar com a possibilidade do primeiro espetáculo midiático. Vou além. A verdade não será encontrada se apenas os próprios parlamentares forem responsáveis pelas investigações. Por isso, a atuação do Ministério Público e de outros poderes é fundamental. Porém, se os próprios parlamentares também não agirem no sentido de encontrar os responsáveis e corrigir os problemas, a dúvida irá pairar sobre todos e, por consequência, sobre a instituição – enfraquecendo o Poder Legislativo e não só apenas os mandatos, individualmente. Quem pode descobrir quem e como eram contratados os fantasmas e apresentar um modelo transparente de contratação e remuneração de servidores, em especial, os de livre nomeação, se não os próprios parlamentares? Quem pode criar um sistema de controle interno, que não dê à mesa diretora o poder monárquico de administrar os contratos com fornecedores, se não os próprios parlamentares? Quem pode dar transparência efetiva – e não o limitado Portal da Transparência – às iniciativas da Assembleia Legislativa, se não os parlamentares que lá estão e que receberam o poder de nos representar? Por isso, acredito que os novos – e os velhos – representantes do nosso Legislativo estadual devem assumir sua responsabilidade e manter o “passar a limpo” em pauta permanente. Não aceito o discurso de que isso imobilizaria o Poder Legislativo, pelo contrário: o oxigenaria em suas relações internas e em sua relação com o eleitor paranaense. Boa sorte aos deputados e deputadas que foram eleitos por voto popular! REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 23


cidades

segurança

Em casa e com

O conforto de uma casa, associado à segurança de prédios, é o que procuram moradores mais exigentes de Curitiba

S

Imobiliário no Estado do Paraná), na região cercada por condôminos em Curitiba foram liberadas, de janeiro à setembro de 2010, mais 21.051 unidades para construção. Os bairros Campo Comprido, Cascatinha, Santa Felicidade, Santo Inácio, São Braz e São João, têm sido os preferidos para a construção dos condomínios horizontais na Capital. Destaque para Santa Felicidade, o maior bairro em ofertas de condomínio de casas (379) e condomínios de terrenos (534), conforme dados da Ademi-PR, atualizados até setembro de 2010.

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

Segundo números da Secretaria Municipal de Urbanismo, em Curitiba, hoje são mais de 5,3 mil condomínios horizontais, sendo que somente 27% dos imóveis estão disponíveis. Com o boom imobiliário brasileiro, vêm mais condomínios por aí. Segundo dados da Ademi-PR (Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado 24 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011

Fotos: Roberto Dziura

egurança. É o principal fator para os moradores de Curitiba que procuram um lugar para morar. Por conta desse pré-requisito, muitas pessoas optam por comprar casas em condomínios fechados, em que é possível conciliar a segurança ao conforto e espaço de uma planta térrea.

Segundo Daniel Alves Guimarães, gerente de vendas da Paysage Condomínios, Roberto Marangon – os condomínios trazem o risco das “ruas que acabam ficando desertas e sem qualquer comunicação com as residências”


empresa especializada neste tipo de imóvel, 11 empreendimentos já estão à venda e a empresa planeja lançar mais 12, em 2011, com terrenos de tamanhos que variam entre 200 e cinco mil metros quadrados de área privada.

Esse foi o principal motivo que levou o empresário Israel Libanio a escolher morar em condomínio fechado. “Na verdade, nós pretendemos ter filhos. E as crianças não podem brincar na rua”, diz Libanio que antes morava em uma casa, sem os artifícios de um condomínio. Além da segurança, outro diferencial encontrado em condomínios fechados é a privacidade. Segundo Marcelo Velloso, economista, “a privacidade também representa segurança, porque quando você mora em casa de frente para a rua, acaba ostentando o que a família tem”. Para Daniel Alves Guimarães, hoje as pessoas procuram ter uma casa com segurança, que tenha infraestrutura e ofereça atrativos de um clube social. Outro fator na preferência deste consumidor é não ter o barulho do andar superior e também a possibilidade das crianças brincarem na rua tranquilamente. No entanto, a segurança interna pode ser um problema para o lado de fora. Quando há condomínios grandes, com muros muito altos, a via pública fica isolada, já que não há nenhuma ligação com os imóveis, observa o superintendente de Projetos da Secretaria Municipal de Urbanismo de Curitiba, Roberto Marangon. “As ruas que acabam ficando desertas e sem qualquer comunicação com as residências. Em alguns casos até se proíbe que faça muros muito altos e totalmente vedados”.

Áreas de lazer As áreas de recreação não são apenas uma exigência dos compradores ou diferencias de mercado. “Para a cidade, a legislação estabelece que quando há mais de quatro residências [num mesmo terreno] tem de existir uma área de recreação, que é calculada em função do número de unidades dos condomínios. Então isso gera uma área destinada à recreação e, muitas vezes, isso fica aliada à preservação ambiental e ao controle da densidade no condomínio”, explica Marangon. Para o presidente da Ademi-PR, Gustavo Se-

Roberto Dziura

Segurança

Segurança foi principal motivo que levou Israel Libanio a escolher uma casa em condomínio fechado

lig, áreas de lazer como piscina, espaço gourmet, quadra, bosque são praticamente obrigatórios neste tipo de condomínio. Nessas áreas de lazer torna-se possível também resgatar hábitos de gerações anteriores, quando os vizinhos conviviam mais do que apenas em um breve diálogo de elevador. “Eu prefiro [casa em condomínio], porque a convivência é mais familiar quando as pessoas moram no mesmo nível. Me sinto mais à vontade morando assim”, ressalta Velloso que mora com a esposa e três filhos em um condomínio na região curitibana caracterizada por este tipo de empreendimento imobiliário. Entretanto, os empreendimentos têm buscado se diferenciar também na qualidade e no número de opções de lazer para toda a família. “Hoje fazemos condomínios com mais opções de lazer, proteção, mobilidade, decoração”, afirma Guimarães.

Negócios Além das opções de lazer, os compradores destes imóveis têm procurado bons negócios. O empresário Rafael Bozzi, que antes morava em apartamento, escolheu o imóvel por ter sido “uma oportunidade boa na hora da compra”. De acordo com Gustavo Selig, hoje este é um mercado de vários padrões. “Há uma variedade muito grande de perfis de construção”. Por isso, os valores variam de acordo com a localização e o púbico-alvo. Fazer um bom negócio foi também o que estimulou Israel Libanio a comprar o imóvel em que vive. “O imóvel foi também um investimento”. Conforme o empresário, a localização do imóvel, que fica perto do trabalho, da casa do pai e perto da saída para as praias, ajudou no fechamento do negócio.

à venda na região DOS CONDOMÍNIOS* Terrenos Casas Total Região Curitiba Região Curitiba Região Curitiba

Empreendimentos Nº de empreendiment. à venda

21

58

19

32

40

90

Total de unidades à venda

864

3.463

519

909

1.383

4.552

Disponíveis

170

1.033

129

201

299

1.234

Percentual Disponível

20%

28%

25%

22%

22%

27%

Fonte: Ademi-PR Dados de set/10

Valor do m2 e da área total na região regiÃO CONDOMÍNIOS Casa Terreno

CURITIBA Casa Terreno

Área total (média)

382m2

1.163m2

305m2

881m2

Valor do m2 (médio)

R$1.968,74

R$398,79

R$1.847,34

R$355,00

Fonte: Ademi-PR Dados de set/10 * A Ademi-PR entende como região dos condomínios os seguintes bairros: Campo Comprido, Cascatinha, Santa Felicidade, Santo Inácio, São Braz e São João.

REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 25


comportamento

Em frente à diversão e c Crianças estão deixando de brincar para assistir TV, especialistas alertam para os riscos desse hábito que incentiva o consumo e desestimula a criatividade e a interação social

P

Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

ega-pega, amarelinha, esconde-esconde, gato mia, escravos de Jó... Brincadeiras de infância. Que tempo bom esse, diriam os mais velhos! Momentos de criatividade, descontração e poucos equipamentos mediando à diversão. A imaginação era o principal instrumento de construção de ideias, formação intelectual e interação social das crianças de décadas atrás. Atualmente, pouco se vê crianças brincando com esse tipo de atividade. Cada vez mais, elas estão mediadas por equipamentos, botões, aparatos tecnológicos que exigem pouco exercício criativo e incentivam sobremaneira ao consumo infantil e à violência. Um dos principais ícones da disseminação desses comportamentos sociais é a televisão. A telinha, muitas vezes, incentiva à violência, ao estresse familiar, erotização precoce, obesidade infantil e outros fatores sociais e psicológicos. Estudos mostram que as crianças brasileiras estão cerca de 4 horas em frente à TV. Se forem consideradas as crianças da periferia, esse número sobe para 8h diárias. Isso significa dizer que quando chegarem à juventude, já te-

Atenção para as diferentes fases do crescimento das crianças! Na relação com o consumo, a criança passa por três etapas. Leia e aprenda a lidar:

• De 0 a 2 anos de idade: Universo das Observações, em que não se distingue marcas; • De 3 a 5 anos de idade: Universo das Indagações, é a fase do “eu quero” ; • De 6 a 12 anos de idade: Universo Racional, quando começa a ver o exemplo dos pais, tem noção do valor (dinheiro), tem capacidade de tomar decisões, tem integração com o ambiente e de se comunicar (facilidade no relacionamento com outras pessoas). Fonte: Trabalho - “A interferência de alterações sociais sobre o comportamento do consumo infantil”, de Christiane Coutheux Trindade (USP-SP).

Roberto Dziura

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Divulgação

àTV, falta criatividade rão, aproximadamente, seis mil horas de programação televisiva. E não precisaria de muito para influenciá-las, pois somente 30 segundos são capazes de influenciar as crianças (dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE).

Influência Ainda conforme dados do IBGE, a influência da publicidade, dos desenhos animados e outros programas têm reflexo direto no comportamento das crianças e no consumo das famílias. Cerca de 80% da influência de compra na família vem dos filhos. O bombardeio desses elementos televisivos é ruim, dizem os especialistas. “A exposição das crianças à TV de forma indiscriminada não é saudável. Influencia na educação geral e na aquisição dos valores humanos negativamente, pois a criança ainda é um ser psiquicamente frágil”, afirma a psicóloga, Theresinha Vian.

“Comprar filmes em DVD, também é uma segunda opção” para direcionar o conteúdo adequado aos olhos infantis.

“O mundo que deixaremos para as crianças dependerá das crianças que deixaremos para o mundo!”

Uma frase bastante conhecida dá a dimensão da questão: “O mundo que deixaremos para as crianças dependerá das crianças que deixaremos para o mundo!” Por isso, a pergunta é: qual o legado que estamos deixando para o mundo? Para a senadora paranaense, Gleisi Hoffmann (PT), a resposta para essa pergunta é a construção de uma sociedade mais educadora. Mãe de duas crianças, Gleisi defende vários mecanismos que resguardam a boa educação na infância e a promovam envolvendo diversos atores: “governo, sociedade e canais de TV. Nós temos de peneirar o conteúdo que passamos para as crianças”.

ta, “que é um exagero”, ela optou por colocar TV à cabo em casa. “A TV traz a violência à flor da pele. Não é por aí”. A relação deve ser baseada em diálogo, de acordo com Elizete, e os desenhos “têm de assistir junto. Tem de dar limites”. Na família Fonseca, o uso do computador e vídeo game é só aos sábados. Para a mãe, uma opção interessante seria se as famílias pudessem escolher os programas e horários dos filhos assistirem à TV. Roberto Dziura

Elizete Fonseca, empresária e mãe de Ana Carolina (3) e Luis Felipe (6) assiste, pela manhã, os desenhos com os filhos, além de incentivar as brincadeiras lúdicas. À tarde, os filhos frequentam a escola. Segundo Elizete, para fugir da violência e do incentivo ao consumismo da TV aber-

Cena do premiado “Brichos”; incentivo à animação nacional é uma das saídas para melhorar o conteúdo

Luis Felipe (6) e Ana Carolina (3) já sabem os limites ao ver TV; mãe acompanha de perto

Leis A exemplo do que acontece com a bebida e com o cigarro, em que há advertências obrigatórias após a veiculação na TV, os alimentos com alto teor calórico e baixo valor nutricional também deveriam ter restrições para se veicular na “telinha”, segundo projeto da senadora Marisa Serrano (PSDB), que está para ser votado e segue o mesmo raciocínio do projeto anterior do senador Tião Viana (PT), datado de 2003 e arquivado este ano. São mais 11 propostas que tramitam no Congresso Nacional e que trabalham essa questão. Alguns países já utilizam restrições aos desenhos animados e publicidade infantil. Na Alemanha, por exemplo, os programas infantis não possuem publicidade nos intervalos comerciais. Também na Bélgica, Dinamarca, no Canadá há restrições REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 27


Waldemir Barreto / Agência Senado

comportamento

A senadora Gleisi Hoffmann (PT) pretende debater novos caminhos com a sociedade para melhorar a programação infantil

quanto à publicidade e aos programas infantis. Em Portugal, Luxemburgo e Áustria, a proibição diz respeito a qualquer tipo de publicidade nas escolas. “Pretendo apresentar no Senado da República uma legislação referente ao conteúdo da programação infantil. Chamar os canais de TV para conversar. E para as grandes empresas falar: ‘a responsabilidade social de vocês não está em tirar o dinheiro e botar uma fundação para ajudar às crianças da favela, a maior responsabilidade social que vocês podem dar é, dentro do negócio de vocês, fazer a coisa diferente’”, afirma Gleisi Hoffmann que pretende começar a discutir essa questão já no início do mandato. “Vou provocar muito esse debate”.

Saída Uma das saídas também seria mais incentivos à produção de animação nacional, o que traria à TV traços culturais locais e um maior cuidado com o incentivo ao consumismo e à violência na sociedade brasileira. Já há incentivos para isso. O projeto de 28 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011

lei PL 1821/03, do deputado Vicentinho (PT), traz como obrigação às TVs a veiculação de desenhos animados nacionais. O estúdio paranaense Tecnokena é um desses produtores locais, situado em Curitiba. Foram responsáveis por diversos trabalhos premiados, como por exemplo, a série “Brichos”, de autoria de Paulo Munhoz, com inspiração na fauna e no povo brasileiros e que ganhou o Prêmio Amigo do Cinema Infantil. Para Paulo Munhoz, cineasta e mestre em Tecnologia, “a área tem crescido muito, em quantidade e qualidade. Aos poucos estamos chegando a todas as telas, com trabalhos de muita qualidade”. De acordo com Munhoz, “a animação é um produto muito saudável. Nos meus filmes, não estimulo o consumismo, pelo contrário, busco estimular as crianças a criarem seus próprios brinquedos e jogos”. Por isso, também não se pode demonizar a TV. Segundo a psicóloga, as crianças precisam ter orientação ao assistir TV. “Sem orientação, a criança absorve as in-

formações que vê e ouve, o subconsciente armazena essas informações e traduz num comportamento socialmente disfuncional”, alerta Theresinha. Além disso, uma boa estrutura familiar, com diálogo, carinho, dedicação dos pais na construção do caráter dos filhos são bases sólidas para a “formação de um ser humano bem constituído psiquicamente, capaz de lidar com situações de conflito”. Por isso, também é preciso incentivar outras atividades. “Preocupante é a criança que é prejudicada nas fases do desenvolvimento cognitivo, sem brincar com uma bola, jogar e se divertir na companhia indispensável dos pais”, adverte a psicóloga. Para ela, melhor que as leis, são os pais que podem ensinar aos filhos a distinguir e preferir programas que façam pensar e que tragam novos conhecimentos. Também é importante explicar a função do horário comercial. “Se a criança é facilmente manipulada pela mídia, o argumento dos pais deve ser também suficientemente forte para persuadi-la do contrário”.


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educação

Educação sem fronteiras

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Iris Alessi - iris@revistames.com.br

m fevereiro, começou o segundo ano de duas novas universidades federais instaladas no Paraná. A Universidade da Fronteira Sul (UFSS) e a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). Apesar de diferentes propostas, as duas novas instituições de ensino superior têm como principal característica serem voltadas às necessidades regionais. A Fronteira Sul tem campi nos três estados do Sul do Brasil – no Paraná, em Laranjeiras do Sul e Realeza – e a Unila tem sua sede em Foz

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do Iguaçu. Ainda em instalações provisórias, mas já em funcionamento. Segundo o vice-reitor da UFFS, Jaime Giolo, a universidade traz benefícios para a região. “Simbolicamente, estar localizado numa região é muito importante. Vira ponto de referência cientifico tecnológico e de relacionamento internacional.” Para o pró-reitor de graduação da Unila, Orlando Pilati, “o aumento de ofertas de vagas em instituições, favorece a democratização do ensino superior”. E foi dessa democratização que participou a estudante de Licenciatura em Ciências da UFFS, no campus de Realeza, Flávia Rommel. A estudante, natural de Salgado Filho (PR), cursou o ensino fundamental e médio em escolas públicas e sempre sonhou em estudar em uma universidade federal. Flávia escolheu a Fronteira Sul,

“porque é uma universidade nova. Por ter a opção do curso que queria [cursar] e por ser próxima de casa”.

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Novas universidades federais no Paraná trazem uma janela de oportunidades para os jovens e mais desenvolvimento para o interior do Estado

Projeto, feito pelo arquiteto Oscar Niemeyer, das futuras instalações da UNILA, em Foz do Iguaçu


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Foco na região Os cursos das novas universidades são elaborados para atender as demandas das regiões na qual estão instaladas. No caso da Fronteira Sul no Paraná, as graduações são nas áreas de Agricultura, Produção de Alimentos, Pecuária e Recursos Hídricos, necessidades da realidade local. “E também tem os cursos de licenciatura, como cursos de [Licenciatura em] Educação no Campo, em Laranjeiras [do Sul]; Ciências para o Ensino Fundamental e Médio; e Letras”, destaca Giolo.

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A proposta da Unila é semelhante, mas com foco na integração da América Latina. Pilati explica que os cursos têm, além do conteúdo padrão e obrigatório, para os cursos, o olhar para a América Latina e a integração de diferentes povos. Por exemplo, no curso de Relações Internacionais, as disciplinas estão relacionadas com a integração latino-americana para fomentar a integração econômica entre os países da região. As vagas na instituição são divididas entre brasileiros e alunos de outros países, como Uruguai, Argentina e Paraguai. O foco regional também favorece aos estudantes das regiões próximas às universidades, que não precisam se deslocar para centros urbanos, como Curitiba, Londrina e Maringá. Para a estudante Flávia Rommel, na universidade há um ingresso maior de estudantes da região, mas isso depende do curso de graduação. “Em Veterinária, por exemplo, tem muitos alunos de outras regiões, mas nos outros cursos a maioria dos alunos é da região mesmo”.

Entrada para novas oportunidades, na Universidade da Fronteira Sul, em Laranjeiras do Sul

Além do desenvolvimento educacional, as novas universidades trazem o crescimento econômico

Escolas públicas A democratização dessas instituições também se traduz no formato do processo seletivo ao valorizar a escola pública. O estudante que cursar o ensino médio da rede pública de ensino chega ao processo seletivo com prioridade na pontuação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Por exemplo, se o aluno cursou os três anos do ensino médio terá 30% de bônus na nota do Exame. Para Pilati, quando a universidade valoriza a escola púbica, os responsáveis por ela também vão valorizar. A prioridade dada aos estudantes de escolas púbicas não significa que alunos das privadas não tenham chances. “O que queremos valorizar é o mérito.”

O professor Giolo lembra que na maioria dos municípios brasileiros só tem escola pública. Na UFFS, segundo o vice-reitor, 90% dos alunos da primeira turma eram provenientes de escolas públicas e 85% dos estudantes é a primeira geração que chega ao ensino superior. “Essas pessoas vão mobilizar a família inteira. Até os vizinhos. Ele leva o conhecimento e pode favorecer a comunidade”, aponta. Além do desenvolvimento educacional, as novas universidades trazem para os locais em que são instaladas, o crescimento econômico. Uma das mudanças é percebida no início da instalação da instituição, com o aumento do fluxo de pessoas e o consumo de professores e alunos de fora, que passam a residir nesses locais. Depois vem um dos grandes ganhos a longo prazo, a maior qualificação de mão-de-obra, grande gargalo econômico no País, e ainda, o aumento do nível educacional no interior do Estado. A região ganha, as pessoas e o Paraná também, já que a educação é sem fronteiras.

UNILA

1ª turma, em 2010: 200 alunos, provenientes do Uruguai, Paraguai e Argentina, sendo a metade das vagas ocupadas por brasileiros. Processo seletivo de 2011: 600 vagas abertas, divididas entre Brasil (metade das vagas) e países da América Latina (Uruguai, Paraguai, Argentina, Chile, Peru, Bolívia, Equador e Colômbia).

UFFS

1ª turma, em 2010: 1.823 alunos, nos três Estados: PR, SC e RS. Processo seletivo de 2011: 2.160 vagas abertas. Fontes: Unila e UFFS.

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educação

Música deve inundar as escolas em 2011 Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

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ste ano, as aulas começam com uma novidade “sonora”. A Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008, acrescenta à LDB (Lei de Diretrizes e Bases), o sexto parágrafo em que torna a música um conteúdo obrigatório em sala de aula na disciplina de Artes. A mesma lei determina que as escolas de ensino público e particular tenham de adequar-se a norma no prazo de três anos. Ou seja, neste ano, os estudantes brasileiros devem ganhar um incentivo extra para ter contato com esta arte tão rica e complexa na volta às aulas. “A política educacional com a música é a melhor política social”, afirma o estudioso alemão Hans Gunther Bastian em seu livro: “Música na Escola”. Nessa linha de pensamento, mais de 11 mil pessoas e cerca de

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O conteúdo de Música passa a ser obrigatório a partir deste ano em todo o País; escolas, governo e educadores devem se adequar às notas musicais em sala de aula 100 entidades nacionais e internacionais se mobilizaram em torno de um manifesto, em 2006, para transformar em lei essa política social. O movimento deu certo. Hoje é lei. Mas será que já se tornou realidade? A lei não especifica os conteúdos que serão levados às crianças, nem a abrangência das séries e nem como será fiscalizada essa determinação. Por isso, ainda educadores, secretarias de educação e escolas estão se articulando de forma individualizada para encontrar caminhos e trazer mais significados que o simples som dentro de sala de aula. “A lei sozinha não garante tudo, somente com o trabalho dentro das escolas”, afirma Edinete Fátima de Souza, diretora do De-

partamento de Educação Básica da Secretaria Estadual de Educação (SEED). Por isso, algumas iniciativas foram elaboradas, como a construção das Diretrizes Curriculares Estaduais de Arte para Educação Básica, elaboração de livros, aquisição de materiais pedagógicos, como violão, flautas entre outras ações. “Reconhecemos o trabalho feito no governo anterior e vamos dar continuidade e aprofundamento ao que já estava sendo executado. Sempre na perspectiva do trabalho com a música”, garante a diretora. No entanto, há o reconhecimento também de que ainda faltam professores para a área. Atualmente, são em torno de 3,5 mil professores de Artes. Se contabilizarmos todas as 2.112 escolas da rede pública do


A música socializa, estimula intelectualmente e provoca a busca por descobertas culturais nas pessoas Estado, multiplicadas por oito turmas em cada escola (da 5ª série ao Ensino Médio), o déficit alcançaria mais de 13 mil professores de educação artística no Paraná. Isso evidencia o descompasso da lei frente às dificuldades estruturais do Estado. “A música não pode ser um só um passatempo [em sala de aula], precisa ser feita com seriedade”, disse Renate Weiland, Coordenadora do Curso de Educação Musical, da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap).

Iniciativas O Colégio Estadual do Paraná, localizado em Curitiba, mostra que a harmonização entre as normas e a prática pode ser conquistada. “Na escola existe o conteúdo na grade curricular e extra-curricular (gratuitos), em que formou-se uma banda musical sinfônica, com sopro, corda, bateria... Uma banda muito premiada”, disse Geraldo Honorato, coordenador da Disciplina de Artes do Colégio Estadual. Por lá, as crianças e jovens tem à sua disposição a Escolinha de Artes, que já existe há 50 anos, segundo Honorato. E o conteúdo de música é ofertado nas séries: 5ª e 6ª séries , do ensino fundamental e, no ensino médio, dentro do 1º e 2º ano. “O professor é habilitado em música. Dentro da proposta pedagógica de cada turma, o professor monta as aulas. Nos primeiros anos de forma mais lúdica, com audição e até execução de músicas. No ensino médio, é mais aprofundado, estudam a história da música, fazem canto em grupo, tem piano, violão, flauta”. Para a estudante Tetra Schindler, de 21 anos, hoje estudante de Ciências Sociais, a música fez grande diferença em sua formação. Ela estudou no Estadual de 2004 a 2006, no ensino médio, mas desde os seis anos cantava em coral infantil, aos 9 anos fez piano em escola de música, depois violão no colégio. E os benefícios? “Tem 300 mil maneiras de contribuir. Eu era meio reprimida e a música me ajudou muito. Me fazia me sentir melhor. Na parte psicológica me ajudou imensamente. Na parte intelectual estimula muito. E, culturalmen-

Filhos em volta às aulas, sempre é tempo dos pais reverem alguns conceitos e renovar as energias para mais um ano letivo

te também, porque te faz conhecer novas culturas e conhecer novas coisas”.

Volta às aulas

Também no Colégio Positivo, a música já faz parte do currículo. “Desde a educação infantil até o 5º ano no currículo normal. E também tem disciplina extra curricular”, afirma Zair Cândido Oliveira Neto, Supervisor de Esportes e Cultura do Colégio Positivo.

Além da presença da música, com a volta às aulas, sempre é tempo de rever alguns conceitos e renovar as energias para mais um ano letivo. Por isso, é preciso sempre ficar atento ao material escolar, ao local de estudos, ao uso adequado da mochila e escolher bem as atividades extras-classe para seu filho.

Benefícios A música como conteúdo do currículo escolar tem muito a agregar aos estudantes, apontam os estudiosos da área. “A música pode desencadear uma gigantesca sinfonia de forças”, coloca Hans Gunther Bastian em seu livro. Essas “forças” podem ser canalizadas para melhorar o convívio social, para diminuir a agressividade de estudantes e torná-los mais integrados ao grupo. “A música estimula o cérebro de maneira impressionante, a neurociência tem feito investigações e pesquisas demonstrando isso cada vez mais”, acrescenta Renate. A música é capaz de trabalhar diferentes áreas do cérebro, o que conduz a um maior equilíbrio intelectual e psíquico. Para a estudante Tetra, “seria uma oportunidade muito boa de abertura dos horizontes”. Além disso pode contribuir na “organização, concentração, percepção do mundo, sensibilidade, lógica. É um conteúdo aproximador e motivador”, aponta Edinete Fátima de Souza. Também já se provou que a combinação de silêncios e sons traz ao estudante o aumento de QI (Quociente de Inteligência), auxilia nas relações interpessoais, nos estudos de outras disciplinas e trabalha questões como estética e capacidade de ouvir as pessoas.

Para a compra do material escolar, o Procon por meio da Divisão de Estudos e Pesquisas, realizou um levantamento de preços de 153 itens do material escolar, entre os dias 10 e 14 de janeiro de 2011, em dez papelarias de Curitiba. Os dados mostram mais uma vez que pesquisar preços é o melhor remédio. A diferença em alguns itens chegou a mais de 127%. Já em relação a mochila, o fisioterapeuta e professor em Ergonomia, Douglas Campos Sales da Silva, alerta para os pais. “Precisa vistoriar a mochila das crianças e retirar os materiais que não sejam necessários no dia. O ideal é que a mochila seja 10% do peso da criança. As [mochilas] de duas alças são mais adequadas, pois é possível distribuir melhor o peso”. Em relação ao local de estudos, seja em sala de aula ou em casa, é interessante que a cadeira apresente regulagem, tenha apoio para os pés, os joelhos fiquem no ângulo de 90%. Caso, as escolas não tenham o mobiliário adequado, “os professores precisariam incentivar o alongamento, mudança de postura entre as aulas, andar nos intervalos. Importante mesmo é essa alternância de postura”. Segundo Silva, investir quando crianças na postura correta e no cuidado com a coluna vertebral pode prevenir muitas doenças na fase adulta e na velhice. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 33


saúde

Ninguém está imune, mesmo 30 anos depois

A Aids já apresentou avanços e qualidade de vida aos soropositivos nestas três décadas, mas a cura não existe; todos precisam se prevenir

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Iris Alessi - iris@revistames.com.br

proveitar a vida da melhor maneira possível. É o desejo e a conquista diária de João Correia (nome fictício), soropositivo há 15 anos. Ele vive, atualmente, em uma instituição que abriga outros soropositivos na capital paranaense. Desde 1996, ano de surgimento do coquetel de remédios, ele convive com o vírus e os preconceitos que a Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) ainda carre-

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“Conseguimos lutar contra a doença, conseguimos tratar todos os pacientes”, afirma Rosana Camargo, diretora do Hospital Oswaldo Cruz ga nos dias atuais. Por conta do preconceito a vida ainda não é fácil para os portadores de HIV. No entanto, a perspectiva

tem sido cada vez mais animadora, principalmente, em relação ao tratamento. Hoje já existem medicamentos que dão mais qualidade de vida aos soropositivos. Mas nem sempre foi assim. A doença causou uma revolução na medicina moderna e desafia até hoje os médicos a entender como combater, de forma decisiva, o vírus que derruba as defesas do corpo. A vacina ainda não existe, apesar de grandes investimentos em pesquisas por todo o mundo. Por isso, enquanto a descoberta


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Sede do Grupo Amigos, entidade de apoio às pessoas portadoras do vírus

Rosana Camargo, diretora clínica do Hospital Oswaldo Cruz, conta que a evolução da medicação desde o descobrimento da doença foi surpreendente. “No começo a gente não tinha medicação nenhuma e, hoje, nós temos mais de 20 drogas. Conseguimos lutar contra a doença, conseguimos tratar todos os pacientes.”

Segundo o médico Paulo Faria, a mortalidade era muito elevada antes do surgimento do coquetel, em 1996

O relato da doença como tal foi em 1981. No Brasil, o primeiro caso foi diagnosticado em pacientes de São Paulo, já no ano seguinte. E, em 1983, já existiam testes que comprovavam a doença. No Estado, o ano de 1984 foi o marco inicial para os soropositivos paranaenses. Do primeiro caso até 2010, foram diagnosticados 24.155 casos de Aids em maiores de 13 anos no Paraná, segundo dados preliminares da Secretaria Estadual de Saúde. Já em menores de 13 anos o número é de 872 casos. Em relação aos medicamentos, em todo o Paraná, 10.608 adultos e 213 crianças retiraram o medicamento no mês de dezembro do ano passado.

Visão Uma doença avassaladora e taxada como uma sentença de morte. Era essa a visão

Roberto Dziura

da cura não acontece, o melhor é a prevenção e a luta contra o preconceito.

Tratamento

que as pessoas tinham ao contrair o vírus HIV nos primeiros anos da descoberta da doença. Também não era para menos. Mesmo depois de uma década da descoberta da doença, em 1993, mais de 3,7 milhões de novas infecções foram diagnosticadas no mundo todo. Eram mais de 10 mil por dia, sendo que no mesmo ano cerca de 350 mil crianças nasceram infectadas. Poucos recursos estavam disponíveis para combater os efeitos cruéis e rápidos desse vírus no corpo humano. Segundo o diretor Paulo Faria, do Hospital Oswaldo Cruz, referência no tratamento do HIV/Aids no Estado, “o arsenal terapêutico da medicação era pequeno, uma ou duas drogas praticamente. A mortalidade era muito elevada na época e o índice de sobrevida dos pacientes era muito curto”.

Sobre isso é importante ressaltar que as pessoas não morrem de Aids, elas são vítimas da perda da imunodeficiência no organismo, com isso doenças oportunistas, por vezes simples de tratar, podem causar verdadeiros estragos na saúde e levar até a morte do paciente. Por isso, o tratamento é tão complexo. O AZT foi um dos medicamentos iniciais e surgiu na França em 1986. Mas o avanço de fato veio com o coquetel, um conjunto de medicamentos, que trouxe mais qualidade de vida aos portadores da doença. Atualmente, é distribuído gratuitamente pela rede púbica de Saúde e proporciona ao soropositivo uma melhora impressionante de saúde, conta o presidente do Grupo Amigos – grupo de apoio aos soropositivos, familiares e amigos – Douglas Miranda. Ele observa que a rejeição aos medicamentos é pequena. Porém, quando isso ocorre no Grupo Amigos é dada a orientação para que a pessoa, antes de abandonar o tratamento, procure orientação médica. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 35


saúde “Às vezes ele [o médico] pode dar outra combinação [de remédios] e ela deixa de ter os efeitos colaterais e acaba aproveitando melhor esse medicamento”, complementa Miranda. Rosana destaca que por conta do modelo de tratamento gratuito no Brasil foram geradas duas consequências positivas. Uma delas é a oportunidade de uma vida normal para os pacientes, com grande expectativa de vida e, ainda, a diminuição da transmissão do vírus para outras pessoas. Segundo ela, isso fez com o que o Brasil não tivesse uma epidemia descontrolada da Aids.

Preconceito Apesar dos medicamentos e das pesquisas nessa área estarem avançando, o caminho contra o preconceito ainda é longo. Segundo João Correia, essa postura ainda pode ser vista até por profissionais da Saúde. Como conta a diretora Clínica do Hospital Oswaldo Cruz, nos primeiros casos, o medo estava até mesmo em um simples aperto de mão. “Isso se vê de uma forma muita clara cada vez que se interna um paciente e que se faz diagnóstico. A primeira coisa que se faz é pedir transferência [para um hospital de referência]”, afirma Rosana. Segundo Miranda, todo o receio com que as pessoas recebem o diagnóstico e o preconceito que embala toda a sociedade ainda são muito grandes. “Costumo dizer que todos estamos vulneráveis aos vírus do HIV/Aids, independentemente de sexo, idade, religião, porém as pessoas continuam com uma mentalidade de que a Aids é um problema do outro e não é um problema seu”.

De acordo com Miranda, o preconceito, o estigma e a discriminação, se comparados com as décadas de 80 e 90, são menores. Mas há um consenso de que o preconceito ainda é grande e ligado fortemente a questões relacionadas à sexualidade de cada indivíduo ou à população marginalizada.

Remédios sociais Um dos grandes problemas quando se fala em prevenção é a falta de consciência de que a síndrome pode acometer a qualquer um. O fato é que ninguém está imune. “Enquanto isso não mudar, vai continuar gerando o preconceito e a discriminação”, afirma o presidente do Grupo Amigos. Muitas vezes, a questão do preconceito contra os soropositivos ocorria pela falta de informação e mitos sobre a doença. Para Miranda, hoje 95% das pessoas têm informação necessária sobre as formas de contágio, mas o grande problema é a falta de conscientização na prevenção. Todos estão vulneráveis e precisam se prevenir, essa é a informação que deve ficar. Para os diretores do Hospital Oswaldo Cruz, um dos grandes problemas é que a informação sobre a prevenção fica mais concentrada em datas específicas como, por exemplo, no período próximo ao carnaval e antes do verão. Para a diretora clínica do Hospital, essa é uma questão “que tem de ser trabalhada no dia-a-dia junto com todos os outros aspectos que envolvem a educação do indivíduo”. A informação sobre HIV deve ser um assunto que deve ser debatido com as crianças nas salas de aulas e também ir além dos bancos escolares, conforme aponta a médica.

HIV Confira as formas de contágio do vírus:

• Sexo sem camisinha: vaginal, anal ou oral.

• De mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação.

• Uso da mesma seringa ou agulha contaminada por mais de uma pessoa.

• Transfusão de sangue contaminado com o HIV.

• Instrumentos que furam ou cortam, não esterilizados.

Evitar a doença não é difícil. Basta usar camisinha em todas as relações sexuais e não compartilhar seringa, agulha e outro objeto cortante com outras pessoas. O preservativo está disponível na rede pública de Saúde. Caso não saiba onde retirar a camisinha, ligue para o Disque Saúde (0800 61 1997). FONTE: Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais

Para Miranda, falta diálogo entre pais e filhos e também entre os casais. O diálogo pode ser um importante caminho na prevenção da doença e de outras doenças sexualmente transmissíveis. Pois é como dizia o sociólogo, Herbert de Souza, “a Aids não é mortal. Mortal somos todos nós”. Betinho, como era conhecido, contraiu a doença por meio de uma transfusão de sangue e morreu aos 61 anos por causa de uma Hepatite C. Ele foi um grande exemplo em defesa da vida e contra o preconceito dos portadores do vírus HIV.

estado do paraná Distribuição de casos de Aids em maiores de 13 anos

14.061 10.094

As regionais com mais casos da doença - 1984 a 2010 Metropolitana..................11.194

As regionais com menos casos da doença - 1984 a 2010 Ivaiporã..................................91

Maringá..............................1641

Cianorte................................120

Londrina.............................2366 Ponta Grossa.......................1298 Foz do Iguaçu.....................1233 Paranaguá...........................1390 Cascavel...............................926

1984 - 2000

2001 - 2010

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Apucarana............................608 Guarapuava...........................485

Irati.......................................118 Telêmaco Borba....................171 União da Vitória...................185 Francisco Beltrão..................193 Pato Branco..........................205 Campo Mourão.....................229 Cornélio Procópio.................287


5 perguntas para: Douglas Miranda Roberto Dziura

Prevencão: o melhor remédio Trocar experiências e dar apoio às pessoas que vivem com HIV/Aids são alguns dos objetivos do grupo Amigos, presidido por Douglas Miranda. Há 10 anos, o grupo promove a conscientização e leva informação a vários setores da sociedade em busca da prevenção de homens e mulheres e pela melhoria da qualidade de vida dos soropositivos.

Douglas Miranda, presidente do Grupo Amigos

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

Como o grupo contribui para a vida dos soropositivos? Douglas Miranda (DM) - O Grupo Amigos é uma ONG que dá apoio às pessoas portadoras do HIV e aos seus familiares e amigos na luta por seus direitos civis de cidadãos. Fornece material informativo, tira essas pessoas da clandestinidade. E o principal objetivo do Grupo Amigos é a prevenção, para que outras pessoas não venham a se infectar com o vírus da Aids. Quais as principais mudanças das pessoas que fazem parte do grupo? DM - Eu vejo a melhora física e emocional das pessoas. Porque aqui é o espaço no qual eles vão, além de trocar experiências, fazer novas amizades. Eles têm um local de encontro. Muitos falam que aqui eles veem como um clube de amigos para jogar baralho, para assistir um filme e para, principalmente, adquirir informações, manter-se atualizado na questão da doença. Hoje, o coquetel dá mais qualidade de vida para o portador do vírus? DM - O coquetel começou a ser distribuído pelo governo federal em outubro de 1996. Ai tivemos a divisão de responsabilidades e formou-se o que chamamos de tripartite. O governo federal ficou responsável pelos medicamentos antirretrovirais; os governos estaduais pelos

medicamentos para combater as doenças oportunistas; e os insumos ficaram sob a responsabilidade das prefeituras. Desde então as pessoas recebem gratuitamente os medicamentos. A melhoria na saúde e na qualidade de vida das pessoas realmente é impressionante. O governo mesmo diz: entre custear uma pessoa que está no leito hospitalar e distribuir os medicamentos sai mais barato para o governo pagar os medicamentos mensalmente. As pessoas ainda têm a mentalidade de a doença estar longe da sua realidade? DM - Isso até hoje a gente costuma ver com frequencia. Acreditamos que o estímulo à prevenção não deva ser feito apenas em datas pontuais. Ela deve ser estimulada todos os dias. A gente faz o trabalho indo nos parques, em ruas movimentadas, orientando e encaminhando as pessoas para as unidades de saúde, para que elas possam fazer o teste de HIV. Até proque acreditamos que quanto mais cedo ela fizer o teste melhor é para ela.

Houve um aumento significativo nos últimos anos de mulheres casadas e de idosos se infectando com o vírus HIV. Como você vê essa questão? DM - O idoso é um público que antigamente era ignorado. Porque acreditavam que eles não faziam sexo e depois do Viagra essa realidade mudou. A terceira idade passou a resgatar a vida sexual que tinha e, com isso, o índice de pessoas contaminadas nesta faixa etária com HIV aumentou muito. Sobre as mulheres, nós estimávamos para cada dez homens soropositivos, uma mulher soropositiva. Hoje, em algumas cidades do Estado do Paraná já está um por um. Em Curitiba, já está dois por um. Está aumentando muito a quantidade de mulheres soropositivas. Falta o diálogo, para que elas possam inserir o preservativo nas suas relações e no seu dia-a-dia. Por isso, o índice de mulheres contaminadas. Porque as mulheres falam assim: “Eu sou bem casada. Eu tenho o meu marido. Eu não preciso disso”. E, de repente, são justamente elas que estão mais vulneráveis. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 37


economia

O novo e emergente

Brasil

Favorável cenário econômico, geração de empregos e programas governamentais fizeram com que milhares de pessoas migrassem de classes mais baixas para a Classe C; em 2014 devem formar 58% da população Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

A

curitibana Rosângela Pires Steenbock, de 37 anos de idade, é uma dessas brasileiras que representa a cara do “novo” Brasil. Abandonada por seus pais com dois anos de idade, foi criada por uma família pobre. Sem condições financeiras, morou por muito tempo em uma casa de pau a pique, onde dormia no chão de barro. Com oito anos começou a trabalhar como empregada doméstica e não parou desde então. Mudou-se para Barra do Turvo (SP) e trabalhou como frentista, com apenas 15 anos de idade. A situação que já era ruim ficou ainda pior. Uma noite, saindo do trabalho, foi violentada por um caminhoneiro, engravidou, teve o fi-

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lho retirado de sua companhia e ainda foi expulsa de casa pela família adotiva. Morou por um tempo em Rio Grande (RS), mas pouco depois voltou à Curitiba. Aos 17 anos de idade, tudo iria mudar em sua vida, novamente. Conheceu um rapaz, com quem foi morar junto. Na época, também comprou seu primeiro esmalte e alicate e deu início a sua profissão atual, manicure. “Para conseguir cliente, eu cobrava R$ 1 pé e mão, enquanto no salão custava na época R$ 6”, lembra ela. Dois anos mais tarde, Rosângela engravidou e teve Cristhian Thiago Steenbock de Oliveira, hoje com 18 anos. Quando seu filho tinha apenas um ano de idade, separou-se do companheiro e foi morar em Colombo (PR), na Região Metropolitana de Curitiba.

Com uma vida classificada por ela como miserável, lembra que normalmente não tinha o que comer. Para conseguir dar conta de tudo, trabalhava às segundas-feiras como diarista e de terça a sábado como manicure, em um salão de beleza. No salão, ganhava em torno de um salário mínimo e meio. Já o trabalho de limpeza lhe rendia R$ 60 mensais. Com esta renda comprou um terreno e aos poucos construiu uma casa de “nove peças”, como faz questão de frisar. Para a manicure, sua vida começou a melhorar no ano de 2002, mas seus problemas ainda estavam longe de terminar. Rosângela teve de vender a casa, pois não tinha segurança. Além disso, ainda tinha a questão da distância do trabalho. “Demorava quase


Brasileiros das classes D e E tendem a migrar para a classe C, que será predominante em 2014

quatro horas para chegar ao meu emprego”, conta. Com o dinheiro da venda do imóvel (R$ 26 mil), a manicure deu entrada em um apartamento em um bairro bem conceituado em Curitiba, o Bigorrilho, onde mora há dois anos. Os outros R$ 82 mil foram financiados pela Caixa Econômica Federal (CEF) ao longo de 30 anos. Apesar de ser uma longa dívida, Rosângela consegue pagar tranquilamente com os aproximadamente R$ 2,5 mil que ganha hoje, somados aos R$ 1,3 mil do filho que trabalha como cabeleireiro infantil.

10% 7%

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60% 2014

Fonte: Data Popular

nova e grande classe C é jovem - de 16 a 30 anos - e 68% são mais escolarizados que os pais. Em 30% das famílias, as mulheres ganham mais que os homens. “A mulher da classe emergente é uma agente de transformação e se beneficiou muito com as mudanças na classe”, comenta Meirelles. Com essa concretização da classe emergente, a classe D aparece como a bola da vez. “A classe D será a classe C de amanhã”, afirma Meirelles. Também composta por jovens e formadores de opinião, estes já representam número superior à classe A de estudantes em faculdades brasileiras. “Com escolaridade maior que a paterna, esses jovens já estão conquistando melhores empregos e participando cada vez mais da renda familiar, a tendência evolutiva é inegável”.

Mudança Como a história de Rosângela, a vida financeira de muitos brasileiros deu um grande salto nos últimos anos. Segundo estudo do Instituto Data Popular, 28% subiram de classe entre 2002 e 2009. Esse número, que já é animador, ainda deve aumentar. Projeções mostram que até 2014, 21% da população deve galgar posições mais altas na pirâmide social. “O cenário econômico favorável contribuiu para o aumento de empregos formais, o que favoreceu o acesso ao crédito. Os programas governamentais também tiveram a sua cota, e com isso, a população teve a oportunidade de transformar seus antigos sonhos em meta, e foi às compras”, explica Renato Meirelles, sócio-diretor da Data Popular.

Outra grande tendência é a possível extinção da classe E. Se o levantamento da Data Popular se confirmar, daqui a poucos anos a classe mais baixa deve praticamente deixar de existir, já que em 2014 deve representar apenas 3% da população. Para Meirelles, apesar de não ser possível fazer uma estimativa exata, a tendência de extinção da classe E é inevitável. “Ainda mais se o País continuar nesta evolução econômica gradativa. Para o Brasil isso significa um grande passo de desenvolvimento”.

Se todas as condições econômicas e sociais continuarem favoráveis e o País continuar no mesmo rumo, em três anos, a classe média deve atingir 58% da população. Esta Patricia Stavis

Roberto Dziura

mudança da pirâmide populacional

Segundo estudo do Instituto Data Popular, 28% da população subiu de classe entre 2002 e 2009

Consumo Com a casa própria, carro na garagem, televisão de última geração e até mesmo algumas milhas acumuladas com os primeiros vôos, a classe C está aos poucos descobrindo seu poder de consumo. “As possibilidades são infinitas. Se planejar, tudo é possível”, garante o sócio-diretor da Data Popular. Essa lição a manicure Rosângela, que agora está em busca de seu filho, aprendeu faz “A população teve oportunidade de transformar seus antigos sonhos em metas”, afirma Renato Meirelles

tempo. Depois de comprar o apartamento, vem mobiliando o imóvel aos poucos. Sua primeira aquisição foi uma geladeira duplex e depois os móveis dos quartos. No ano passado, ela comprou a televisão de LCD, o sofá, uma mesa e um tapete - tudo pago à vista. “Como sou autônoma, não consigo comprar a prazo. Então, junto dinheiro e compro um objeto por vez”. Apesar de ainda faltar algumas coisas para a casa, seu próximo objetivo é conseguir quitar dois anos da dívida adquirida pela compra do apartamento. Além disso, ela já faz planos para ano que vem. “Faz seis anos que não viajo. Tenho vontade de conhecer Pernambuco e Ceará. Em 2012, vou comprar um pacote”, sonha a manicure que nunca viajou de avião. A classe C também representa o novo consumidor: mais exigente na hora de escolher um produto, serviço ou marca. “Quem empurra o produto baratinho e de qualidade inferior para este público está fadado à falência”, afirma Meirelles. Com um orçamento limitado, a classe média é muito atenta ao custo/benefício. Uma compra errada no supermercado, por exemplo, pode trazer consequências para a família toda. “Se a dona de casa compra um pacote de arroz ruim, terão de se contentar a consumir esse produto até o final do mês. Por isso, este consumidor não se importa de pagar um pouco mais se a recompensa for um arroz gostoso na mesa”, explica o diretor da Data Popular. Essa nova visão nem sempre é tão clara para as empresas brasileiras. Mas uma coisa é certa, quem não se adaptar ficará de fora da preferência da maioria da população. E que maioria! No ano passado, a classe C consumiu R$ 881,2 bilhões em produtos e serviços, do total de R$2,1 trilhões, sendo assim a maior classe consumidora. “O emergente é o Brasil de verdade e este requer das empresas uma visão inovadora, a quebra de paradoxos, o desafio de se reinventar. Topa o desafio?”, convida Meirelles. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 39


internacional

Os ventos da democracia chegam à África subsaariana As quedas de Zine al-Abidine Ben Ali, ex-premiê da Tunísia, e Hosni Mubarak, presidente do Egito, entram para história e inauguram a nova era no mundo árabe Wallace Nunes - wallace@revistames.com.br

N

o continente africano onde predomina a língua árabe, as pessoas tiram seus sapatos e os agitam com a mão esquerda em sinal de descontentamento. Foi assim nos protestos da Tunísia, que resultou

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na queda do ditador Zine al-Abidine Ben Ali, e no Egito, do agora ex-presidente Mohammad Said Hosni Mubarak. Este último, no poder há 30 anos, deu lugar a uma junta de militares que iniciará um ciclo renovador no país dos faraós. A população, cansada de sofrer com a pobreza

e a miséria, saiu às ruas para protestar e, com êxito, fez com que Mubarak deixasse o governo, que teve início em 1981. Para tirar o ditador do poder, centenas de milhares de pessoas se reuniram na principal praça da capital Cairo. Foram 20 dias de protestos. Explica-se. Nessas três décadas de governo Hosni Mubarak agradou mais do ponto de vista externo do que a população de seu país. Aliado de primeira hora dos Estados Unidos, o país - porta de entrada para o Oriente


Fotos: Afp Photo / Attila Kisbenedek

Da mesma forma que Hosni Mubarak no Egito, Ben Ali (foto acima) também viu seu “reinado” acabar na Tunísia

Médio, dita as regras da política e da religião na região. Do ponto de vista religioso, os egípcios são fervorosos, mas não radicais. Na capital Cairo está situada a universidade de estudos islâmicos mais antiga do mundo, a Al Azhar. Foi dela, nascida no século 10, que surgiram teorias utilizadas por muitos líderes radicais. A Al Qaeda, de Osama Bin Laden é um exemplo. Embora tenha boas relações com os EUA e usufrua dessa atitude para garantir uma verba anual de US$ 1,7 bilhão, a nação secular, com 87 milhões pessoas - formada por uma maioria de jovens desempregados e sem perspectiva de futuro, viram que o governo não colocaria um fim no ciclo de graves problemas sociais que perduram desde que o país era um reinado.

Flavio Rocha, professor de relações internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), admitiu que, pela convulsão social, a situação tendia para deposição de Mubarak e a consequente queda do regime. “Mas ainda há o fator da desconfiança. Os EUA consideravam Mubarak um aliado. Ele ratificou acordos na região – a paz com Israel é um exemplo - e entendiam que derrubá-lo poderia dar voz às facções políticas religiosas radicais. E, por isso, veem com cautela o fim regime ditatorial egípcio.” A posição norte-americana para os dias atuais, parece compreensível. Os EUA temem que a nação árabe seja governada por radicais islâmicos. Em seu primeiro pronunciamento após a queda do líder egípcio, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ressaltou que dias “difíceis devem continuar durante a transição para a democracia”. Para a população, o sentimento era de alívio e consequente alegria. Jovens, adultos e idosos gritaram por quase 20 dias Allah ú Akbar (Deus é o maior), que no fundo tinha o significado de “Deus é justo com os justos, não com os desviados”.

Fervorosos, mas não radicais O Egito é um país muçulmano de maioria sunita, cerca de 90%. O restante da população, 10%, é composta por coptas, comunidade cristã mais antiga do mundo.

Populares protestaram mais de 15 dias nas ruas do Cairo No país dos faraós uma entidade muito respeitada é a Irmandade Muçulmana. É a segunda instituição mais organizada do Egito, depois do Exército. Entretanto, não é um grupo coeso. Há divergências internas sobre qual rumo à organização deveria tomar. Alguns defendem a atuação política. Outros são contra. O poder também é dividido entre a nova e a velha guarda. O uso da violência foi colocado de lado há anos. Em caso de vácuo de poder, tendem a ocupar espaço. O professor Fawaz Gerges, da London School of Economics, disse que a Irmandade amadureceu muito nos últimos anos. Abdicou da violência há algum tempo e não tem levado adiante atentados terroristas.

Futuro dos países árabes Os ventos da democracia, que nasceram com a morte de um feirante tunisiano, prometem ser fortes nas nações de língua árabe. Tunísia e Egito são os embriões dos que querem democracia e melhores condições sociais. Todos entendem que é chegado o momento de mudar e os governantes que não entenderem a situação deverão ter o mesmo fim de Zine al-Abidine Ben Ali e de Mohammad Said Hosni Mubarak. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 41


agricultura

A força do campo E

Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

m 2050 a população mundial atingirá o número de 9,1 bilhões, o que representa um aumento de 34% se comparado aos dias atuais. Para sustentar o crescimento também da demanda por alimento o mundo terá de aumentar em 70% a produção de cereais, segundo dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). Para fechar essa conta, entram em pauta, desde já, as melhorias em produtividade, ações sus-

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Em tempos de aumento da demanda por alimentos, a pesquisa e os equipamentos, mostrados no Show Rural Coopavel, são essenciais para buscar a excelência no campo

tentáveis e tecnologia para uma agricultura de precisão.

do setor. A feira recebe visitantes de várias partes do País e também do exterior.

As feiras agropecuárias e de tecnologia funcionam como vitrines para as novidades nessa área e mostram a força do campo. A feira que abre o calendário agropecuário brasileiro é realizada no Paraná. O Show Rural da Coopavel, promovido pela Coopavel Cooperativa Agroindustrial, tornou-se um evento de renome internacional. Realizada em Cascavel, no Oeste do Estado, é um evento em que participa a maioria dos fornecedores e entidades de pesquisa

O Show Rural Coopavel, que teve início em 1989, seguiu entre os dias 07 e 11 de fevereiro, apresentando muitas novidades para o setor. “A Coopavel é o início do nosso circuito de feiras nacionais. É o grande termômetro do ano à beira da colheita 2010/2011”, afirma Marcos Arbex, gerente de vendas especiais da New Holland. Em 2011, segundo a organização da feira, foram feitos “investimentos em infra-


estrutura para o conforto do visitante”, conta Jorge Luiz Knebel, responsável pela organização do evento. De melhoria em melhoria, a feira vai crescendo. Por isso, os números e a importância da feira se agigantaram nos últimos anos (veja quadro). Apesar de não divulgarem o valor negociado na edição anterior, um levantamento não oficial dá conta de que foram gerados R$ 600 milhões em negócios em 2010. O otimismo continua presente para este ano, já que a safra está caminhando bem. De acordo com Cesar di Luca, diretor comercial da Case IH, “nossa expectativa é de um crescimento de 70% em negócios para essa edição”. Para sua empresa que comercializa máquinas agrícolas, a feira é uma das mais importantes do País. Nos últimos três anos a Case IH tem lançado seus produtos neste evento.

Divulgação

Novidades Os lançamentos ficaram por conta de mais de 360 expositores, dentre empresas e entidades, com maquinário e novidades em variedades de grãos. “A tecnologia é o grande destaque. Em 2011, as empresas mostram os lançamentos tanto em equipamentos, quanto em grãos novos e também para a pecuária”, disse Mário Zambiazi, da equipe da organização do evento. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, trouxe novidades de 19, dos 46 centros de pesquisa da empresa. Entre eles está a “Arca de Noé” da Embrapa, um projeto que reuni plantas e micro-organismos, formando uma grande variabilidade genética para trabalhar em prol da sustentabilidade da agricultura. Também foram apresentadas as cultivares de soja BRS 316 RR, ideal para os estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e região Sul de Mato Grosso do Sul e a cultivar BRS 317, que tem como característica o alto potencial produtivo. Outras novidades que estão na lista são: fazendas experimentais com boas práticas e novas tecnologias para a obtenção de energia limpa, em que se aproveitam florestas e até amendoim de coloração branca. A New Holland, multinacional que detém quase 50% da fatia de mercado paranaense, trouxe lançamentos para o Show Rural Coopavel. “Uma novidade deste ano é a Forrageira Autopropelida”, anuncia

Em 72 hectares, mais de 150 mil pessoas passaram no Show Rural Coopavel, 1ª feira no calendário agrícola Marcos Arbex. Também foram apresentados os tratores cabinados e a Colheita CR 9060, com duplo rotor, antes importada e agora fabricada no Brasil. Para ele, os agricultores gostam de tecnologia, mas hoje priorizam a questão operacional. “Vale mais, consumir menos, ter confiabilidade do produto, olhando a questão do custo/benefício.” Ao anunciar esses equipamentos, Arbex também aponta como grande tendência a

exploração de fontes de energias renováveis. A Forrageira Autopropelida também terá como objetivo a colheita para biomassa, utilizando materiais como cana-de-açúcar e até eucaliptos menores de, no máximo, 15 cm de diâmetro. “E depois é levado para a queima e geração de biomassa”. Já a Case IH, que participa desde 1998 da feira, lançou oficialmente a colheitadeira de grãos Axial-Flow 7120. “O alimentador, o rotor, o sistema de limpeza, o manuseio do grão, o gerenciamento de resíduos e os sistemas de força são projetados visando otimizar o fluxo do material colhido e maximizar sua produtividade”, analisa Felipe Dantas, especialista em colheitadeiras da Case IH. A empresa também apresentou os planos de nacionalizar, a partir de março deste ano, a produção

O quadro abaixo mostra a evolução da feira rural que acontece todo ano desde 1991

2010 181 mil

Show Rural

2008 181 mil

Show Rural

2006 139 mil

Show Rural

2002 118 mil

Show Rural

1998 50 mil

Show Rural

1995 10 mil

Show Rural

1994 2.5 mil

Dia de Campo

1991 200

Com 3.800 experimentos, 180 apresentações técnicas, 342 expositores e com uma abrangência internacional Com 4.700 experimentos, 200 apresentações técnicas, 320 expositores e com uma abrangência internacional Com 5.000 experimentos, 200 apresentações técnicas, 297 expositores e com abrangência internacional Com 4.500 experimentos, 165 apresentações técnicas, 203 expositores e com abrangência internacional Com 4.020 experimentos, 120 apresentações técnicas, 120 expositores e com abrangência no Mercosul Com 1.135 experimentos, 45 apresentações técnicas, 64 expositores e com abrangência no Paraná Com 720 experimentos, 30 apresentações técnicas, 58 expositores e com abrangência regional

Dia de Campo

Com 330 experimentos, 16 apresentações técnicas, 35 expositores e com abrangência para os associados

Em número de visitantes REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 43


Fabio Conterno

agricultura

A feira apresenta diversos lançamentos em maquinário e implementos agrícolas, além de inovações em grãos e contatos no setor

de tratores Farmall com cabine, na fábrica de Curitiba. A marca levou cerca de 15 equipamentos para a exposição e uma equipe de 50 pessoas.

Características Uma cidade dentro de Cascavel. É assim que pode ser observado este evento. A área ocupada é de 72 hectares, o que equivale a 720 mil metros quadrados ou 72 campos de futebol. Possui restaurante, ruas asfaltadas e cobertas, praça para descanso, e uma infinidade de pessoas por todos os lados. A organização contabilizou 153 mil visitantes no endereço da feira (Rodovia BR 277, Km 577, Cascavel-PR). São mais de três mil pessoas trabalhando e uma montanha de negócios sendo gerados. “Somos referência internacional. São empresas do mundo inteiro e vem gente de outros países para visitar”, afirma Jorge Knebel. Mais parece uma Torre de Babel com muitos idiomas, sotaques e novidades para a agricultura. Mas, diferentemente da história contada na Bíblia, na Feira Show Rural Coopavel todo mundo se entende em negócios e em melhores práticas para o campo. Para a New Holland, que levou quatro 44 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011

colheitadeiras com plataformas, 18 tratores, uma forrageira e 160 profissionais, o balanço da feira deste ano deva ser muito parecido com 2010. “Indicadores nos mostram otimismo,” afirma Arbex. De acordo com a empresa, o Paraná é hoje o segundo maior comprador de tratores e colheitadeiras do Brasil. “Em tratores, só fica atrás de São Paulo; e de colheitadeiras, atrás do Rio Grande do Sul”, comenta Marcos Arbex.

Produtores Para o produtor, seja dono de pequenas ou grandes propriedades, é a chance de ver e conversar com os principais fornecedores e entidades da área, além de conhecer as melhores práticas da agricultura. A vitrine do Show Rural Coopavel traz uma cartela de grãos, pesquisas, experimentos, máquinas e gente de todos os setores da cadeia produtiva, disseminando conhecimento e negócios. Conforme o agricultor Isaias Luiz Orsato, que está para completar quatro décadas de trabalho no campo, a feira traz “um conhecimento a mais, é um aprendizado de experimentos, como fazer para produzir mais com menos custos. Conhecer as novidades

dos transgênicos”. Ele revela que participa desde a primeira edição e já utilizou muitas técnicas e equipamentos mostrados na feira em suas plantações de soja, milho, trigo, aveia e pecuária. Orsato possui, atualmente, propriedades em Cascavel e Nova Laranjeiras, num total de 500 hectares em terras paranaenses. Para ele, “o Show Rural é o melhor do Brasil, inclusive em nível internacional. Venho para conhecer os maquinários de última geração. Uma coisa fenomenal. A gente sempre procura se atualizar na área”, enfatiza o produtor. Uma das missões para contribuir na questão do crescimento do consumo de alimentos está sendo cumprida: o aumento de produtividade. De acordo com a Coopavel, nos experimentos em edições anteriores, a soja que rendia cerca de 1,8 mil kg/hectare; rende hoje 3,4 mil kg e essa média já está sendo projetada para 4,6 mil kg/hectare. Já o milho saltou de 3,8 mil kg/hectare para atingir a média de nove mil kg/hectare e com potencial para chegar a 12 mil kg /hectare. Outros objetivos, como ações sustentáveis e mais políticas para a produção e acesso aos alimentos, é preciso avançar.


agricultura

Livre de agrotóxico e cheio de sabor

Mercado de alimentos orgânicos vive fase de crescimento, mas ainda enfrenta algumas dificuldades para a comercialização Fotos: Roberto Dziura

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

Não tem vantagem nenhuma colocar veneno”, enfatiza Gabriel Konzen, produtor de hortaliças e frutas orgânicas. Ele e sua esposa, Cláudia Capeletti, têm uma propriedade no município de Colombo, Região Metropolitana de Curitiba, onde investem em qualidade de vida e produção sustentável. Para eles, trabalhar com produtos orgânicos é mais que produzir um alimento livre de agrotóxicos, é ter um alimento de qualidade, com muito sabor em sua mesa para oferecer aos seus filhos. Seguindo a tendência mundial de mais qualidade à mesa e com uma produção de menor impacto ao meio ambiente, o mercado de orgânicos está em crescimento. Assim como o casal, cerca de sete mil agricultores estão de olho nesse mercado no Paraná que apresenta destaque no cenário nacional.

Os orgânicos surgiram no Paraná em 1982 no município de Agudos do Sul (PR) e, hoje, apresenta um crescimento de 19% ao ano, segundo a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab). O Estado é campeão em propriedades com certificação, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já foram certificados 909 agricultores paranaenses com este modo de produção, que se caracteriza por utilizar “o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais, respeitando as relações sociais e culturais”, define o Ministério da Agricultura.

Claudia Capeletti produz barrinha de cereal e o brownie com produtos que vem do circuito

Este mercado está ganhando força e importância também no cenário nacional. Mostra disso, é que pela primeira vez, o IBGE realizou no Censo Agropecuário um levantamento de produtores orgânicos no REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 45


Roberto Dziura

Paraná é o estado que mais tem produtores orgânicos certificados no Brasil, segundo IBGE na produção de alimentos de forma sustentável, sem prejuízos ao meio ambiente.

Quase toda a produção de Konzen vai para restaurantes

País. Em todo o Brasil são mais de 90 mil produtores orgânicos. Segundo dados desta pesquisa realizada em 2006, existem no Paraná cerca de 370 mil estabelecimentos de agricultura, sendo que destes 7.527 trabalham com agricultura orgânica entre aqueles que possuem certificação (909) e outros que não são credenciados por entidades do setor (6.618).

Produtor Este tipo de agricultura tem, em sua maioria, foco nos pequenos agricultores. São variados os motivos que os levam a trabalhar com produtos orgânicos. Segundo o diretor-presidente da Associação de Agricultura Orgânica do Paraná (AOPA), Marcelo Passos, para alguns agricultores voltar-se ao mercado de orgânicos era uma questão de saúde. Muitos deles já sofreram com problemas graves em decorrência à alta exposição aos agrotóxicos. Outros privilegiam esse mercado porque acreditam

Diferentemente do que se pode imaginar, muitos trabalham com essa técnica por apresentar menores custos e vantagens na produção. Caso optassem por utilizar agrotóxicos em sua propriedade teriam prejuízos, pagariam para trabalhar, conforme explica Passos. O custo é menor com este tipo de alimento, pois na “agricultura orgânica, o agricultor busca produzir todos os insumos dentro da sua propriedade”, afirma o diretor.

Mercado Para vender os produtos sem agrotóxicos existem várias opções: feiras, supermercados e restaurantes, por exemplo. O agricultor Gabriel Konzen foi pioneiro na comercialização de orgânicos em feiras na região de Curitiba. Junto com a AOPA, criou a primeira feira deste tipo de produto no Largo da Ordem, na região central de Curitiba. E o mercado está se ampliando. Antes na feira; “agora a produção vai praticamente toda para o restaurante”, lembra Gabriel. O diretor-presidente da AOPA aponta que este mercado “está num momento muito bom”. “A procura por esse tipo de produto vem aumentando, o que é positivo, pois estimula a produção, que tem tido maiores oportunidades de comercialização”, afirma a engenheira agrônoma do Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA), Ana Simone Richter.

Há ainda outro mercado para os produtores de orgânicos: a venda para a merenda escolar. Este é um setor que pode trazer ao produtor uma renda garantida de até R$ 9 mil reais ao ano, segundo Passos. Mas não é qualquer produtor que pode entrar nessa concorrência. “Para participar dos processos de licitação em programas dos governos federal e estadual é exigida a certificação aos produtores, organização da produção e do abastecimento, a assistência técnica, além de criar uma pessoa jurídica”, explica a engenheira.

Certificação Este é um dos grandes diferencias dos orgânicos: a certificação. O selo garante as exigências e padrões de qualidade que um produto orgânico precisa ter. “A certificação sem dúvida facilita o acesso aos mercados, que são cada vez mais exigentes quanto à qualidade e origem do produto. No entanto, nem todos os agricultores têm acesso a esse tipo de serviço, seja pela distância ou pelos custos”, completa Ana. Atualmente, são disponíveis diversas formas de o produtor obter a certificação, seja por entidades credenciadas ou outros órgãos do setor. Para ela, a melhor alternativa é a certificação participativa, pois é um processo integrado em que os produtores têm participação na certificação do grupo do qual fazem parte, gerando uma corresponbilidade na qualidade do produto de cada um dos membros do grupo. Marcelo Passos também acredita que este modelo de certificação é o mais adequado para o pequeno produtor. O Ministério da Agricultura está fazendo um levantamento de produtores de orgânicos que podem receber o selo oficial.

Conheça as diferenças entre orgânicos e convencionais:

Convencional

Hidropônico

Orgânico

Preparo do solo

Adubação

Controle de pragas e doenças

Utiliza apenas água: as plantas não têm contato com o solo

Utiliza apenas água: as plantas não têm contato com o solo

Uso de produtos químicos: fungicidas e bactericidas, principalmente

O solo é considerado um organismo vivo e deve ser revolvido o mínimo possível

Uso de adubos orgânicos de baixa solubilidade

Controle com medidas preventivas e produtos naturais

Em sistemas de plantio convencional, o solo é intensamente revolvido, perturbando a vida do solo

Uso de adubos químicos altamente solúveis: ureia, NPK, etc.

Fonte: Alimentos Orgânicos: um guia para o consumidor consciente. Moacir Roberto Darolt – 2ª Ed. Ver. Ampl. – Londrina: IAPAR, 2007

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Uso de produtos químicos: inseticidas, fungicidas e bactericidas


Roberto Dziura

10 motivos para consumir produtos orgânicos 1 – Proteger as futuras gerações Garantir a saúde do solo, da água e dos seres vivos, o que proporcionará qualidade do ambiente

Para Marcelo Passos, o mercado de orgânicos “está mum momento muito bom”

Para isso, a legislação brasileira firma três exigências: a certificação, os sistemas participativos de garantia e o controle social para a venda direta sem certificação. Os selos são de certificadoras devidamente cadastradas no Ministério da Agricultura e também fazem a fiscalização dos produtos.

Dificuldades Apesar do selo e do crescimento de demanda, nem sempre a comercialização dos orgânicos é fácil. Os agricultores ainda encontram muitas dificuldades na logística, com o transporte, venda e também no desenvolvimento de novas tecnologias para a produção. Um dos principais pontos dessa dificuldade é o fato de os produtos orgânicos não poderem ser transportados e nem colocados para venda com os convencionais. Para Passos isso é um limitante de venda. “Sempre é uma dificuldade para nós colocarmos junto com o convencional. Tem de ter uma separação [dos produtos].” Para encontrar formas de vencer essas dificuldades, a Associação trabalha em

Controle do mato

O mato é considerado uma erva daninha e deve ser eliminado. Uso de herbicidas, controle mecânico ou manual

conjunto com vários grupos de agricultores orgânicos da Rede Ecovida, união de parceiros no Sul do País para ampliar e fortalecer os produtores. São 26 núcleos que formam esse circuito. “Há caminhões que passam entre esses núcleos e fazem a troca dos produtos”, conta diretor da AOPA. É com esse intercâmbio de produtos que Cláudia Capeletti consegue agregar mais valor a seus produtos e incrementar a renda do casal. Em sua propriedade, são produzidas barrinhas de cereais, brownie, granola, geléias de frutas, molho de tomate e pesto de pinhão. Da propriedade, a agricultora usa “só as frutas, o resto tenho de pegar da rede”, conta Cláudia. Procurando alternativas e formas de avançar, o mercado de orgânicos se fortalece e têm ganhado o gosto das pessoas que priorizam a saúde e a qualidade dos alimentos. No Paraná, as pessoas encontram com mais facilidade o produto nas regionais de União da Vitória, Toledo, Paranavaí, Paranaguá, Jacarezinho, Francisco Beltrão, Cascavel e Curitiba; localidades onde estão concentrados os produtores de orgânicos no Estado.

Teor de nitrato na planta Médio

2 - Prevenir a erosão do solo Preocupando-se em manter saudável o solo, a agricultura orgânica previne a erosão da camada superficial das áreas agrícolas, um efeito negativo da agricultura convencional. 3 – Proteger a qualidade da água A agricultura orgânica não polui as fontes de água com pesticidas, problema que afeta todo o meio ambiente. 4 – Rejeitar alimentos com agrotóxicos Escolhendo alimentos orgânicos, evita-se a ingestão de produtos contaminados com agrotóxicos. 5 – Melhorar a saúde dos agricultores O agricultor que produz alimento orgânico não fica exposto a agrotóxicos que prejudicam a saúde. 6 – Aumentar a renda dos agricultores Utilizando fertilizantes naturais, os produtores de orgânicos economizam mais, o que aumenta a renda da família. 7 – Apoiar os pequenos produtores Adquirindo alimentos orgânicos cresce o rendimento dos pequenos produtores, responsáveis pela maior parte da produção orgânica.

Poluição das águas e degradação do solo

8 – Prevenir gastos futuros A produção convencional não está projetando os gastos futuros que a sociedade terá para recuperar o meio ambiente.

Efeitos no meio ambiente

Não existe o problema, pois o ambiente é controlado em estufas plásticas

Alto

Poluição das águas por elementos químicos residuais

9 – Promover a biodiversidade Com a continuidade das colheitas e com o solo protegido, a agricultura orgânica mantém o meio ambiente equilibrado.

O mato faz parte do sistema. Pode ser usado como cobertura de solo e abrigo de insetos. O controle é preventivo: manual e mecânico

Baixo

Preservação do solo e das fontes de água

10 – Descobrir sabores naturais Os alimentos orgânicos são ricos em nutrientes e repletos de sabores naturais. Fonte: Cartilha Produtos Orgânicos: A Saúde que vem do Campo – Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento do Paraná (SEAB)

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tecnologia

Duas décadas de muita revolução Do antigo “tijolão” ao Iphone 4G, os celulares tornam-se indispensáveis no cotidiano dos brasileiros; no País são cerca de 200 milhões de aparelhos Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

A

inda adolescente, ele sabe para que veio e já mostra para onde vai. Ao longo dos seus 20 anos, mudou a forma das pessoas de se relacionar e de se comunicar. A dependência é seu maior defeito, comparado as inúmeras e positivas facilidades que proporciona. Seu tamanho, peso, cores e formatos mudam com quase a mesma velocidade de uma ligação. Acompanhar suas tendências e novidades nem sempre é tarefa fácil e barata. Já deve estar imaginando de quem se trata. Há apenas duas décadas no Brasil, o celular entra de vez na vida das pessoas, causando uma verdadeira revolução. Se você estivesse lendo essa reportagem há 20 anos tudo isso não faria o menor sentido. Da mesma forma que se ler no futuro não existirá nada mais ultrapassado. A verdade é que quando se trata do celular, a mudança é rápida e constante. Não só das funções, modelos e aplicativos, mas da forma como é utilizado, baseado na visão que as pessoas têm de mundo e forma com que se estabelecem as relações interpessoais.

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Um exemplo clássico - e que muita gente deve se identificar - é o simples ato de marcar um encontro no shopping com os amigos. Dificilmente horários e pontos de encontro são combinados previamente. Já frases como “te dou um toque quando estiver saindo de casa”, ou “alô, estou em frente à lanchonete, e você?”, são bastante comuns.

mero de acessos móveis. De acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em outubro de 2010 o número de acessos ultrapassou o total da população do Brasil. Curitiba, capital paranaense, aparece como a 6ª capital brasileira com mais aparelhos cadastrados (4,1 milhões) e a 9ª na relação celular por habitante, com 1,18.

Hoje em dia é praticamente impossível imaginar a vida sem um “aparelhinho” desses o tempo todo ao seu lado. “Como tudo está sempre acontecendo, ficar sem comunicação me deixa nervoso”, confessa o diretor de cinema, Edson Rogério Cardoso.

Do tijolão ao Iphone

Dono de três aparelhos - dois carregados diariamente e um que fica em casa fazendo a função de telefone fixo - Cardoso diz não entender como alguém conseguir viver sem esta tecnologia. “Se uma pessoa fala que não tem, você acha muito estranho. Como o preço está mais acessível, todo mundo tem e todo mundo fala”, diz. Com aproximadamente 200 milhões de linhas de celulares ativas, o Brasil conquistou o posto de quinto país com maior nú-

Se para outros setores duas décadas pode significar muito pouco, quando se fala em tecnologia os anos parecem ser contados em milésimos. Do famoso “tijolão” ao novo e requisitado Iphone 4G muita coisa mudou. O aparelho que antes tinha apenas a função de realizar e receber chamadas móveis, hoje agrega diversas funções e aplicativos. “Nos anos 90, o modelo da Motorola, StarTac, era o sonho de consumo de muitos brasileiros. No começo de 2000, a chegada dos smartphones no Brasil foi um marco importante no segmento. Hoje, o usuário exige muito mais de um aparelho, ele quer tirar fotos, acessar a internet,


Roberto Dziura

A tendência é que cada vez mais os brasileiros estejam conectados 24 horas por dia. Levantamento da The Nielsen Company, realizado em outubro do ano passado, mostra que a venda de smartphones, no Brasil, cresceu 128% no primeiro semestre de 2010 em relação ao mesmo período de 2009. O resultado desse boom é que 10% dos usuários da telefonia móvel do País já têm um desses aparelhos. Apesar de ainda ser maioria dentre os usuários da classe A (59%), a queda de aproximadamente 30% do valor destes aparelhos, fez com que ficassem acessíveis, inclusive para as classes mais baixas como a C (11%) e a D (4%). Outro ponto que colaborou, foi a acessibilidade de planos com pacotes de dados para uso de internet a preços baixos e que podem, inclusive, ser adquiridos por dia de utilização. “Os usuários procuram os smartphones, porque eles reúnem em um único aparelho, pequeno e móvel, as funções de um telefone e de um computador. Esse aumento também está ligado ao desenvolvimento das redes 3G. Os pacotes de dados das operadoras estão mais acessíveis e, além disso, as redes sociais aumentaram o apelo”, garante Castelo. Levantamento feito ano passado pela 4G Américas mostrava que a America Latina terminou 2010 com cerca de 34 milhões de usuários da tecnologia 3G. Em 2011, a previsão é de que esse número suba para 62 milhões, sendo 32 milhões apenas no Brasil. “Nós vamos nos deparar com pessoas navegando na internet via smartphone nos ônibus, na fila do banco e no trânsito. Com a queda nos preços, o jovem de baixa renda vai substituir o acesso

Roberto Dziura

assistir TV, interagir nas redes sociais, ouvir música e utilizá-lo como GPS”, afirma Marcelo Castelo, sócio diretor da F.biz, empresa especializada em Mobilidade e Plataformas Emergentes.

Leilão de venda das licenças do 4G para as empresas de telefonia deve ocorrer até começo de 2012 à internet na lan house pelo smartphone”, afirma o especialista.

O que vem por aí Como tudo que diz respeito ao celular, mais novidades estão próximas. Muitas pessoas ainda nem tomaram conhecimento da tecnologia 3G e já se fala na 4G, que promete velocidades até 100 megabites por segundo. O leilão de venda das licenças para as empresas de telefonia deve ocorrer já entre o final deste ano e o começo de 2012. O grande diferencial entre essas duas tecnologias será a velocidade. É como se a banda larga chegasse, realmente, aos celulares. “As redes 4G são uma evolução das redes 3G, com conexão mais rápida. Hoje, mesmo com o 3G é possível navegar pela internet e baixar vídeos pelo celular. Na rede 4G poderíamos assistir a um vídeo em alta definição ou realizar uma videoconferência com vídeo e áudio de alta qualidade”, avalia Marcelo Castelo. Outra tendência, que não é novidade, mas em breve deve estar presente em uma boa parte dos aparelhos é a televisão. O estudo da The Nielsen Company mostra que os modelos com TV Digital integrada representam apenas 2%. Mas 55% dos usuários pretendem ter esse recurso disponível no próximo aparelho que for adquirir. Conforme explica Castelo, “esta é uma tendência do mercado. As pessoas não apenas assistirão TV pelo celular, mas também poderão interagir por meio de aplicativos dentro dos programas”. Uma novidade que vai dar o que falar são as operadoras móveis virtuais (MVNO,

O diretor de cinema usa três celulares diariamente

sigla em inglês). “Com essa nova modalidade, bancos e redes varejistas poderão atuar no mercado de telefonia celular. As empresas, que serão operadoras virtuais, poderão alugar parte da rede das grandes operadoras (Vivo, Oi, TIM e Claro) e vender linhas ao consumidor e também oferecer serviços diferenciados por meio dos celulares”, explica o especialista. A regulamentação, já firmada pela Anatel em novembro do ano passado, deve tornar-se realidade em breve. Um exemplo estrangeiro dá a dimensão de como isso funcionará na prática no Brasil. A marca Red Bull lançou sua MVNO na Áustria. Clientes que comprarem o celular da operadora móvel terão acesso a um menu personalizado, com conteúdos abrangentes e exclusivos. Transmissão de esportes radicais patrocinados pela marca, por exemplo, estão entre as vantagens adquiridas pelo consumidor. Os preços também são bastante atraentes. Por € 19 o usuário tem acesso a mil minutos de voz e mil sms/mms e ainda 100 MB de download e acesso ilimitado a Red Bull TV e a comunidade virtual. Agora, nos resta esperar alguns meses (talvez dias, ou até minutos) para a “moda” chegar por aqui.

LINHA DO TEMPO 1990 Chegada dos celulares no Brasil

2000 Vinda dos smartphones. Mudança de conceito, de celulares para agregar funções dos computadores

2010 Vinte anos de celular no Brasil, com mais de 200 milhões de linhas de celulares ativas

2011 Possível início das operadoras móveis virtuais (MVNO) e leilão de venda das licenças 4G para empresas de telefonia

REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 49


turismo

A folia dos F paranaenses

Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

Levantamento da ABAV-PR aponta onde os paranaenses costumam passar o feriado de Carnaval; dentre os mais citados estão: Nordeste, Foz do Iguaçu e Buenos Aires Dicas de Viagem

Todas essas viagens, que antes eram acessíveis apenas para as classes mais altas da população (A e B), hoje estão ao alcance das classes emergentes (C e D). “As classes C e D estão viajando o que antes viajava a classe B”, afirma Bertoldi. Para ele, isso se deve ao fato de que o preço dos 50 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011

pacotes e até mesmo das passagens de avião diminuíram bastante de valor. Segundo o levantamento da ABAV-PR “não há mais distinção entre classes sociais na hora de optar por uma viagem nacional ou internacional. Com o câmbio favorável e as facilidades de pagamento, quem se planeja consegue viajar para onde quiser”.

inal de semana “prolongadíssimo”. Para muitos, pode chegar até a cinco dias de folga. O País inteiro para em ritmo de férias. Festas por todos os cantos. Atrações conhecidas, inclusive internacionalmente. Com tantos motivos, o tradicional Carnaval brasileiro, que este ano será no início de março, convida a todos a fugir da rotina e conhecer um dos incontáveis destinos nacionais. Para aqueles que fogem da folia, destinos internacionais também podem ser uma boa opção para os paranaenses. Programar é o melhor negócio. Com a distância das férias de janeiro ao Carnaval, muitas pessoas ainda não se programaram, por isso, ainda há vagas para alguns pacotes nas agências de viagem. Apesar disso, Silvio garante que muitos destinos já estão com lotação máxima. Uma dica, segundo o dire-


Mariana Cordeiro

dessas pessoas. Ela já passou o Carnaval em Buenos Aires, em 2009, e no Aguativa Resort (PR), em 2010; este ano, ela irá para Foz do Iguaçu (PR).

Grandes resorts em Foz do Iguaçu são uma das opções para os turistas que querem fugir da folia neste carnaval

justamente o motivo que levará o gerente financeiro, Leonardo Rodrigues de Araújo, sua esposa e um amigo para Salvador no Carnaval deste ano. Morador de Apucarana (PR), Araújo disse já conhecer a capital baiana, mas nunca ter visitado em época de Carnaval. “Escolhi pelas festas que oferecem”, afirma o gerente, que disse também pretender visitar pontos turísticos da cidade, já que ficarão dez dias no local. “Não terei pique para pular todos os dias”, confessa.

Folia no nordeste atrai muitos paranaenses todos os anos

Levantamento realizado pela Associação Brasileira das Agências de Viagens do Paraná (ABAV-PR), junto a suas associadas, a pedido da Revista MÊS, apresenta os destinos escolhidos pelos paranaenses neste feriado. No Brasil, os lugares mais citados foram na região Nordeste. Salvador (BA), Porto Seguro (BA), Fortaleza (CE), Recife (PE) e Olinda (PE) entraram na lista dos preferidos para cair na folia.

Silvio Bertoldi, diretor-financeiro e patrimônio da ABAV-PR, destaca que muitos paranaenses viajam no Carnaval por conta própria, sem procurar agências de turismo, na compra de pacotes ou outros serviços. “Para onde vai a tradicional família paranaense? Para as praias do Paraná e Santa Catarina. Muita gente tem casa [nesses locais]”, exemplifica. Além disso, ele comenta que uma atitude comum também é levar amigos e parentes para compartilhar deste momento.

Longe da folia

Além dela, muitos paranaenses irão para esse mesmo destino. A cidade das Cataratas do Iguaçu aparece em segundo lugar na pesquisa feita pela ABAV-PR, ficando atrás apenas dos destinos do Nordeste. Nilva, que ficará hospedada no tradicional Hotel Thermas & Resort Mabu, tem como intuito procurar tranquilidade. “Sempre viajo. Então no Carnaval, que consigo pegar de quatro a cinco dias de folga, procuro descansar”. Para Silvio Bertoldi, da ABAV-PR, é o momento de “parar o esqueleto”.

Internacional Fora do Brasil, a opção mais escolhida pelos paranaenses é Buenos Aires, na Argentina. De acordo com Silvio Bertoldi, o turista que escolhe este destino aproveita o feriado prolongado para fazer uma viagem internacional, já que a capital argentina é relativamente próxima. Outras vantagens são o baixo custo e o fácil acesso ao idioma. “O argentino está atendendo muito bem ao brasileiro”, afirma. Normalmente, nesse tipo de viagem, a folia do Carnaval é deixada de lado. “O turista que vai para Buenos Aires não é aquele que vai para curtir a festa”, garante Bertoldi. Nilva Motta, que foi para a capital argentina para passar o feriado do Carnaval de 2009, fez a escolha focada em um passeio específico com o marido. “Foi a oportunidade de algo mais romântico”, conta ela ao comentar que ficou em um hotel cinco estrelas.

Com festas tipicamente carnavalescas, as cidades citadas, com exceção de Fortaleza, atraem os turistas pelas programações oferecidas por conta da festa. Esse será

Apesar de o Carnaval ser tradicionalmente agitado, com muitas festas pelo País todo, tem aqueles turistas que aproveitam o feriadão para fugir desses lugares. Nilva Motta, gerente de uma agência de turismo em Maringá (PR), se considera uma

Além da Argentina, no levantamento exclusivo foram citadas ainda as cidades de Orlando, Miami e Nova Iorque, nos Estados Unidos; Europa, Peru, Chile e Caribe, também apareceram como destinos dos paranaenses que fogem em grande estilo da folia carnavalesca.

tor da ABAV-PR, é comprar um pacote para viagens nacionais, com três meses de antecedência e quando for viajar para fora do País, o melhor é fazer isso, no mínimo, seis meses antes. Assim, é possível garantir boas vagas, com preços acessíveis e sem transtornos de última hora.

Apesar de ainda não ser possível fazer uma previsão do número de pacotes vendidos para o Carnaval deste ano, Bertoldi garante que a expectativa é de aumento. “Se as coisas continuarem como estão o aumento é quase garantido. Mas não se sabe quanto, se 5% ou 10% [do valor das vendas]”, diz animado.

Salvador, Porto Seguro, Fortaleza, Recife e Olinda são os destinos preferidos pelos paranaenses para o Carnaval REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 51


culinária&gastronomia

Tentação

permitida Com cerca de 85 kcal, o frozen yogurt vem conquistando o status de doce preferido entre os que buscam o prazer saudável

Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

Q

uando se imagina uma sobremesa, vem logo à mente um chocolate, o sorvete, uma torta ou um bolo, grandes vedetes da culinária. Produzidas, na maioria das vezes, com ingredientes calóricos e não muito saudáveis, as tradicionais sobremesas aguçam o paladar e, de quebra, fazem sair da dieta. Um perigo frequente em iguarias quase irresistíveis. Algumas pessoas até tentam substituí-las por frutas, mas muitas garantem que o prazer não é o mesmo. Se você é uma dessas pessoas que também não resiste a um doce e quer conciliar com uma alimentação saudável, além de manter o peso, existe uma alternativa saborosa, refrescante e saudável. Com a consistência do sorvete, o frozen yogurt, chegou ganhando a atenção dos paladares mais exigentes. Ainda novidade no Brasil, as Yogurterias estão invadindo as cidades brasileiras. E o número de adeptos desse produto também não para de crescer. Segundo dados da Yoguland, marca pioneira no Sul do Brasil, 100g do produto equivalem a 85 kcal, 19g de carboidrato e 0g de gorduras totais, saturadas e trans.

Sorvete de creme / 100gr

19g

2g

0g

Valor calórico Carboidrato Proteína

90g

2,8g

Gorduras totais

7,5g

Fibras

0g

0g

Gorduras saturadas

33g

Sódio

0g

178 kcal

Fonte: Yoguland

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4g

Roberto Dziura

FrozenYogurt / 100 gr 85 kcal

Já em 100g de sorvete de creme, por exemplo, os valores são bem mais altos. Quem consumir essa delícia estará ingerindo 90g de carboidratos, 7,5g de gorduras totais e 4g de gorduras saturadas, além dos 178 kcal, de acordo com os dados de Flávia Pauluk, nutricionista, com experiência em gelados comestíveis e especialista em Segurança Alimentar e Nutricional. (veja tabela)

0g Fonte: Nutricionista, Flávia Pauluk

Recomendado Por ser livre de gorduras e de baixo teor calórico, o frozen é indicado inclusive


Marca curitibana teve faturamento bruto de R$8 milhões em 2010 e prevê aumento de 125% para este ano Para a nutricionista, o grande consumo do frozen não deve ser apenas um modismo passageiro. A nova opção veio para ficar. “Surgiu devido a uma tendência mundial da mudança no estilo de vida das pessoas que têm buscado alimentos mais saudáveis”.

Pioneirismo O objetivo de um dos donos da marca, Rafael Soares, é ter 100 lojas comercializadas até o fim deste ano

para quem faz dieta. Mas é bom lembrar que, neste caso, deve ser consumido sem os toppings, que são os acompanhamentos disponíveis nas Yogurterias.

Para a mãe, a advogada Kariane Bonetti (34), a Yogurteria é uma boa opção. “Não engorda e é saudável. ela já faz planos, combina com o nosso paladar”, conta ela dizendo que a filha prefere o yogurt ao tradicional sorvete. “É um docinho que faz bem. Sou bem fã, trago a família inteira”. Fotos: Roberto Dziura

E para quem não fica sem comer doce todos os dias, a nutricionista tem uma boa dica. “O mais indicado é substituí-lo por alguma refeição, como o lanche da tarde e não como sobremesa. Porém, isso quando se fala somente do frozen yogurt, sem as coberturas que aumentam seu valor calórico e teor de gordura. Neste caso, o consumo deve ser moderado”.

Quem ainda assim não resiste a um acompanhamento, deve dar preferência às frutas e produtos naturais, como a granola. A estudante Laura Bonetti (6), apesar de criança, é uma das que se rendeu ao frozen pela sua característica saudável. Dona de um paladar, no mínimo diferente para uma criança, a menina diz gostar de alimentos leves, como verduras, salmão, lentilha, ostra, polvo e mexilhão.

Mãe e filha consomem com frequência o frozen yogurt, por gostarem de sua característica saudável

A primeira marca do Sul do País é curitibana. Inaugurada na capital em 06 de agosto de 2009, a Yoguland, já conta com 25 lojas espalhadas pelo Brasil. Doze delas em Curitiba, quatro em cidades do interior do Paraná e as demais em Santa Catarina, São Paulo, Distrito Federal, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Esses números devem aumentar em breve. Outras 15 lojas já foram negociadas e devem estar em operação até maio deste ano. Além disso, até o final de 2011 o objetivo é ter no total 100 lojas comercializadas, no sistema de franchising. Os planos audaciosos foram revelados por um dos donos da marca, Rafael Luís Alonso Soares. E ele tem bons motivos para isso. Em 2010, o faturamento bruto das lojas em operação foi de R$ 8 milhões. Para 2011, a expectativa é que esse número chegue a R$ 18 milhões, um aumento de 125%. Para adquirir uma franquia da marca, o investimento fica entre R$ 150 mil e R$ 300 mil, dependendo do tamanho e da estrutura da loja. A margem de lucro fica, normalmente, entre R$ 25 mil e R$ 30 mil mensais. Isso significa que, provavelmente, no máximo em um ano, o investidor consiga recuperar o investimento inicial. Para os consumidores, a marca oferece três sabores fixos: natural, lichia e blueberry. Além disso, há sempre um sabor sazonal. O escolhido para o momento foi o de maracujá, mas em março a marca deve lançar o sabor de limão. Para acompanhar o gelado, são disponibilizados 31 toppings, entre frutas, caldas, doces e castanhas. O valor de um frozen médio, com três acompanhamentos é de R$ 10. Além desta empresa, a reportagem da Revista MÊS encontrou mais seis marcas que vendem o produto em Curitiba. Agora é só escolher e se deliciar, com a sobremesa que é uma tentação permitida!

REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 53


esporte

Correndo a passos largos Com mais de 4,5 milhões de praticantes, a corrida de rua é o esporte que mais cresce no País; em número de praticantes só fica atrás do futebol Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

N

ão seria redundante dizer que a corrida de rua “corre” a passos largos no Brasil. Com mais de 4,5 milhões de praticantes é o esporte que mais cresce no País. O aumento é de 30% ao ano, segundo pesquisa realizada pela Corpore Brasil, maior clube de corredores da América Latina, que tem aproximadamente 300 mil atletas cadastrados, sendo quase dois

mil só no Paraná. Perdendo apenas para o futebol em número de praticantes, o running, como também é conhecida a corrida de rua, é mania nacional. A facilidade em se praticar e a acessibilidade são os principais motivos que fazem da corrida de rua um esporte atraente, aponta o educador físico Leandro Alberto Hadlich, coordenador geral da HP Sports, empresa de assessoria esportiva. “A corrida é democrática. Basta ter um tênis e

calendário do mês de fevereiro/2011 Ficou com vontade? Antes de sair correndo dê uma olhada no calendário que a Revista MÊS traz a você com as principais provas de corridas de rua no Paraná do mês. 54 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011

13/02

uma roupa apropriados e já se pode sair correndo”. Apesar desta facilidade, Hadlich alerta para alguns cuidados básicos, mas necessários. “Quando for iniciar uma atividade física deve-se procurar o médico, fazer exames e atestar que está apto”. Segundo ele, para um melhor resultado e desempenho é importante também ter o acompanhamento de um profissional qualificado. Além de propiciar um real conhecimento do seu nível de condicio-

Circuito PR de Cross Duathlon - 1º etapa, Bocaiúva do Sul

13/02

Corrida Aniversário de Araucária, Araucária


Arquivo pessoal

Divulgação

namento, o personal trainer dará as coordenadas para que você não exceda seus limites. “A atividade física tem de trazer benefícios e não malefícios, como lesões ou problemas cardíacos futuros”, explica. Para o educador físico, a corrida é um esporte que se adapta a qualquer pessoa, do iniciante ao que já pratica outros exercícios. Como o treino é individual, o profissional de educação física consegue avaliar o condicionamento físico do praticante e determina um ritmo específico para o que ele deseja.

Perfil do Corredor Apesar de o esporte ser democrático, a Corpore Brasil traçou um perfil dos corredores de rua no Brasil: são, em sua maioria, homens (81%) adultos. Apenas 3% dos praticantes têm até 24 anos. A maior concentração fica na faixa dos 45 a 59 anos (36%), depois vem os que têm entre 35 e 44 anos (34%), em seguida, os de 25 a 34 anos (22%), atingindo ainda os com mais de 60 anos, com 5%. Além disso, os atletas amadores têm alto nível de escolaridade. Setenta e cinco por cento possuem ensino superior completo. A renda familiar também é alta. Sessenta por cento deles recebem mais de R$ 5 mil por mês. Apesar de não exigir muitos investimentos, por ser um esporte de treinos ao ar livre, o gasto médio anual com a prática pode chegar a R$ 1.700. Nesses custos estão incluídos compra de itens esportivos (54%), como tênis e roupas, treinamentos especializados (29%) e gastos com a participação em provas (17%), dentre eles inscrições, alimentação, viagens, hospedagens e turismo e lazer. Outro dado interessante é a diferença da preparação entre os homens e mulheres. A maioria deles prefere treinar sozinho (48%). Apenas 22% buscam academias, 15% personal trainer e 11% fazem as corridas em equipes. Já entre as mulheres, 28% treinam sozinhas, 34% em academias, 23% com personal e 12% em equipes.

16/02

2ª Etapa Circuito da Lua Cheia, Curitiba

19/02

Circuito PR de Corrida Cross Country - 2º etapa São José dos Pinhais

Com muita disposição e 20 quilos a menos, Mírian Correa (62) pratica de 3 a 4 vezes por semana

e mudei a alimentação do povo de casa. Hoje é regrada e nutritiva”, diz. Com isso, os resultados não ficaram só nos “quilinhos” a menos. “Antes minha pele era oleosa, com cravos e espinhas. Hoje é mais brilhosa e rejuvenescida”.

O esporte cresce aproximadamente 30% por ano no Brasil, segundo a Corpore

Bom exemplo A professora Mírian de Andrade Correa (62), de Paranavaí, aderiu à corrida há 11 anos. No início o objetivo era apenas de emagrecer cinco quilos para ficar em forma para a formatura do filho, que estava se aproximando. Hoje, com 20 quilos a menos, a corrida faz parte da sua rotina. Ao contrário de muita gente, a paixão pelo esporte é tamanha, que Mírian adapta seus horários ao exercício. “Já corri ao meio dia. Nem a falta de tempo, nem o clima são desculpas”, afirma ela ao confessar que mesmo se tiver visitas em casa, sai para correr. “A corrida é prioridade”. A professora pratica o running de três a quatro vezes por semana, além da academia que frequenta três vezes e o vôlei, duas vezes na semana. “Fazia futebol também, mas parei porque estava com excesso de atividades físicas”, conta. Essa mudança de hábitos esportivos levou também a uma mudança dos hábitos alimentares de Mírian e de toda a família. “Levei minha filha para correr comigo

19/02

Circuito Sesc Caminhada e Corrida de Rua, Cornélio Procópio

A filha, Crishna Mirella de Andrade Correa Rosa (31), garante não ter a mesma disciplina que a mãe, mas mesmo assim afirma também colher os resultados. “Regula o intestino, o horário de acordar e dormir, o humor, dá disposição e ainda melhora nossa determinação”, explica. Ela que é bacharel em Direito e professora universitária procura correr de três a quatro vezes por semana. Esses resultados alcançados com a corrida, não são exclusivos de Mírian e Crishna. Segundo a Corpore Brasil, 88% das pessoas que praticam o esporte têm melhorias na saúde. Além disso, 63% estimulam a prática esportiva em outras pessoas e 61% ficam preparadas para maiores desafios. Além disso, o running propicia conhecer novas pessoas, lugares diferentes, ser reconhecido como atleta e também ter a sensação de vitória. “O prazer está em competir e alcançar os resultados. A vida fica diferente, pois você tem outro objetivo além do trabalho”, diz Mírian que coleciona muitas medalhas, 40 troféus e o 10º lugar da categoria, na famosa Volta Internacional da Pampulha (MG), em 2010. “O lucro é o prazer de competir”, conclui.

20/02

21Km, 10km, 5km de Matinhos, Matinhos

26/02

1ª Volta da Cidade de Colombo, Colombo

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meio ambiente

Ergam as Araucárias Estudioso da área garante que o pinheiro vale mais em pé do que deitado; no Paraná existem apenas 2% de mata nativa da espécie Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

A

bela araucária, símbolo do Paraná, que emoldura muitas paisagens do Estado corre grandes riscos de extinção. A floresta intacta da espécie, que era de 40% no início do século passado, não chega a 2% nos dias atuais, segundo Flávio Zanette, engenheiro agrônomo, professor doutor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador do “Projeto Araucária”, que visa preservar a cadeia produtiva do pinhão e de quebra incentivar a preservação ambiental e cultural do Paraná. O estado vizinho, Santa Catarina, também teve sua área bastante reduzida, mas atualmente aparece como o mais preservado, com 5% de mata nativa. Além de Santa Catarina, pequenas áreas do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro mantêm florestas dessa espécie. O que é pouco para as extensas e altas flo-

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restas da Araucária que o Brasil possuía a algumas décadas atrás. Há 25 anos estudando sobre o assunto, Zanette garante que a solução não está apenas em incentivar grandes reflorestamentos. Para o estudioso, a grande sacada é mostrar ao produtor que a “Araucária vale mais em pé do que deitada”, pois muito além da madeira, dela tudo se aproveita. Segundo o professor, se mantida viva na natureza é possível aproveitar a grimpa (folha) na produção de biocombustível, adubo, cobertura morta e aglomerados; da casca se extrai a resina sem que isso destrua a árvore e, ainda tem o pinhão, fruto considerado de produção orgânica com 8% de proteína e 50% de amido.

Lei Com as exigências da lei brasileira em manter áreas obrigatórias de preservação vegetal, muitos produtores têm procurado

a espécie Araucária para plantio em áreas de reflorestamento ou para a beira de rios. Este é o caso do aposentado Carlos Alberto Bentivenha, morador de Curitiba (PR), mas com propriedade em Tijucas do Sul (PR). O produtor, que já tem Eucalipto e Pinhos plantados, buscou esta espécie por ser tipicamente estadual. “Como está em extinção quis colaborar.” O comerciante Donald Scholze tem 11 alqueires de terra no município de Paula Freitas (PR), sendo que em quatro deles pretende plantar a Araucária. Isso porque por lei, ele precisa ter espécies de mata nativa. Segundo Scholze, apesar de seu primeiro objetivo ser o reflorestamento, se for possível, pretende no futuro comercializar o pinhão. Esta ideia está absolutamente correta na opinião do professor Zanette. “Se o produtor plantar uma árvore qualquer, não tira nada de lucro, se plantar Araucária, todo ano colhe pinhão. Então, ele terá renda na


Fotos: Roberto Dziura

Roberto Dziura

Mapeamento genético pode garantir a continuidade da Araucária, símbolo do Paraná propriedade”. Renda essa que só no ano passado gerou a comercialização de mais de 905 toneladas de pinhão nas Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa/PR), com um valor total de mais de R$ 1,7 milhão. O preço médio do quilo chegou a R$ 1,96, segundo dados da Central.

Incentivos Justamente para incentivar o reflorestamento e o uso das Araucárias, Zanette faz, desde 2005, a venda de mudas selecionadas na UFPR (Universidade Federal do Paraná). O valor é simbólico, R$ 1 por muda. A espécie foi trazida de São Joaquim (SC), de um pinheiro que produz pinhão para a venda em, aproximadamente, 12 anos; enquanto que o normal levaria de 18 a 20 anos. Nesses seis anos, o projeto já rendeu muitos frutos. Foram atendidos mais de dois mil produtores, com um total de 35 mil plantas distribuídas. Para conseguir essa muda selecionada, o professor usa o processo de enxertia. “Se descobriu que enxertando o material produz antes, porque é uma clonagem. [...] Tenho hoje plantas com cinco anos, mas sei que em menos de cinco vão começar a entrar em produção”, explica Zanette.

No ano passado foram comercializadas mais de 905 toneladas de pinhão nas Ceasas do PR

Segundo ele, isso é feito comumente na floricultura, já com os pinheiros é novidade. “Alguém fez, mas não acompanharam o futuro. O pinheiro só tem alguns ramos que cresce pra cima, os outros crescem deitados. Então se eu enxertar ele, depois de certo tempo ele morre, porque não combina com o que vai pra cima”, detalha.

Políticas públicas Para tentar resolver o problema, em 2009, foi realizada na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) uma audiência pública sobre o assunto. Com representantes de órgãos ambientais, ONGs, autoridades, políticos e sociedade civil, a discussão fez surgir uma comissão de estudos, que se reúne periodicamente para achar soluções viáveis a fim de garantir a preservação da espécie no Estado.

Também participante da comissão, Flávio Zanette, conta que a principal decisão foi de que é preciso acelerar um diagnóstico genético desse tipo de espécie no Paraná. “Não adiada dizer temos, X% ou Y% de Araucária, porque podemos ter acabado com todas as tribos indígenas no Brasil e termos multiplicado por 500 os índios Guaranis e dizer que salvamos os índios. Nós salvamos a tribo Guarani e acabamos com o resto. Não podemos ficar contando números e não respeitando a diversidade genética”, esclarece. Para Zanette, estudos como este são feitos hoje no País apenas por iniciativas isoladas de pesquisadores. A proposta da comissão é de que todo o dinheiro arrecadado em multas de desmatamento da espécie se reverta em pesquisa de diagnostico genético. Ele alerta que isso precisa acontecer enquanto ainda existir mata nativa, pois só estas tem um material original. Além disso, o deputado Elton Welter (PT) apresentou, ainda em 2009, um projeto de lei nº 254/2009 que pretende regulamentar “mecanismos de proteção e utilização sustentável dos recursos florestais de povoamentos naturais e plantados do pinheiro do Paraná (Araucária Angustifolia)”.

Engenheiro agrônomo da UFPR, Flávio Zanette, se dedica há 25 anos ao estudo e preservaão da espécie

Dessa forma, o agricultor seria uma espécie de prestador de serviço ambiental, podendo inclusive ter compensações financeiras. Apesar da urgência ecológica, segundo o site da Alep, o projeto aguarda parecer da Comissão de Ecologia e Meio Ambiente desde dezembro de 2009, não podendo, portanto, ser colocado em votação. Com o projeto parado, iniciativas isoladas e ainda pouco difundidas, como a do professor Zanette, tentam salvar a Araucária, uma fonte rica da diversidade ambiental e símbolo do Paraná. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 57


cultura&lazer

chega ao Paraná A magnífica “máquina” Exposição trazendo a tridimensionalidade

humana

do corpo humano, com uma plasticidade ímpar que só a verdade nua e crua seria capaz de representar

Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

A

arte representa a vida e transforma em belo, as facetas do corpo humano. Mas somente o próprio material humano seria capaz de nos sensibilizar sobremaneira e ser

um agente de transformação. A exposição “O Fantástico Corpo Humano”, que está em turnê pelo Brasil, traz o peso da arte misturada à vida, com toda sua tridimensionalidade e a complexidade que nosso corpo carrega.

Na chegada à exposição, que está em cartaz em Curitiba até abril, é possível deparar-se com diversos ângulos do corpo humano numa percepção pouco vista pela maioria das pessoas, que são meros ex-

6 meses de exercício físico melhorarão 15 a 20% sua memória, sua capacidade para tomar decisões e sua capacidade de concentração.

vida média, o suficiente para encher mais de 3 navios cisternas.

O nariz pode lembrar de 50 mil aromas diferentes.

No momento da concepção, você é uma única célula durante, aproximadamente, meia hora. Quando já é adulto, seu corpo tem aproximadamente 100 bilhões de células.

Você sabia que... Se todos os seus músculos pudessem puxar numa mesma direção, geraria uma força de 35 toneladas. Em toda a nossa vida comemos mais de 30 toneladas de alimentos ou o equivalente ao peso de 6 elefantes. Aos 60 anos, 60% dos homens e 40% das mulheres roncam. 58 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011

O coração bombeia, aproximadamente, 1 milhão de barris de sangue durante uma

O cérebro pesa 1,4 kg.


Exposição “O Fantástico Corpo Humano” Período: 15 de janeiro a 19 de abril Horário de Funcionamento: Segunda à Sexta 11h às 22h, Sábado 10h às 22h e Domingo 11h às 20h Investimento: segunda a Sexta feira: R$ 40,00 inteira e R$20,00 meia entrada

Roberto Dziura

Observação: Há pacotes família, grupos escolares e excursões com preços diferenciados. Mais informações Telefone: (41) 3092 3601 www.fantasticocorpohumano.com.br pectadores da vida. A não ser profissionais das áreas da Saúde e Biológicas, ninguém é capaz de conhecer com tanta riqueza de detalhes e compreender a perfeição pela qual nós somos formados. E nem mesmo esses profissionais. Impressionadas estavam as profissionais da saúde, Leoni Valle e Drielly Valle, mãe e filha, que visitaram a exposição no dia da abertura. Leoni mesmo trabalhando por 30 anos como enfermeira disse ser uma felicidade poder ver os mínimos detalhes do corpo humano e captar melhor o conhecimento da fisiologia e anatomia. Drielly, filha de Leoni, e estudante do 2º período de Enfermagem, descreveu como: “incrível” a exposição que visitaram na capital. Por trás do maior órgão do corpo humano, que é a pele, existe uma infinidade de funcionalidades e particularidades que pouco se dimensiona a olho nu. Na exposição, que tem como slogan: O que significa ser você?, isso é possível. Assim, como também é possível despertar no expectador a capacidade da auto-observação, do ato de refletir sobre a maravilha do sistema humano e do precioso material artístico que, muitas vezes, é desperdiçado. Se quiser ocultar sua identidade, não mostre a língua. Do mesmo modo, que as impressões digitais, as impressões da língua são únicas em cada pessoa. O riso reduz os hormônios do estresse, diminui a pressão sanguínea e fortalece o sistema imunológico. Rir é o melhor remédio.

Roberto Dziura

Sábado e domingo: R$ 50,00 inteira e R$ 25,00 meia entrada*

Visita A exposição já foi vista por mais de 10 milhões de pessoas em todo o mundo e agora está em Curitiba. A capital paranaense é a segunda cidade brasileira a receber os trabalhos de “O Fantástico Corpo Humano”. A primeira passagem foi em Belo Horizonte (MG), no mês de novembro do ano passado. Distribuídos em nove galerias, estão ao todo 10 corpos reais, completos, e cerca de 150 órgãos, em que se pode observar as minúcias da magnífica “máquina” humana, como os aparelhos: digestivo, circulatório, reprodutivo, músculos, esqueletos e até o desenvolvimento de um novo ser humano, o feto. O trabalho está exposto no Shopping Palladium e deve ficar em cartaz até o dia 19 de abril. Para chegar ao resultado obtido para a exposição, os corpos passaram pela plastinação, técnica desenvolvida pelo artista alemão, Gunther von Hagens, que é capaz de extrair todo o líquido por meio de métodos químicos e conservá-los por muito tempo. De acordo com Ana Maria Lima Santos, produtora executiva da Artbhz, empresa Se beber muito, nem o café, nem a água mineral com gás, nem água, nem qualquer outra coisa ajudará você a se recuperar, só o tempo. Seu fígado só pode metabolizar uma bebida padrão por hora. Pesquisas recentes indicam que o som e o ritmo da linguagem se aprendem no útero.

DETALHES Pelas diferentes galerias, que tem ar intimista e revelador, o expectador é acompanhado por instrutores que auxiliam a compreender o que nossos olhos percebem. A educadora física, Cristiane Furquim, é uma dessas profissionais que monitoram as visitas. “Já tinha ouvido falar, mas nunca tinha visto assim”, afirma Cristiane ao declarar-se surpresa. A exposição faz lembrar o legado deixado por Leonardo da Vinci, o gênio italiano, que produziu estudos e fez representar o corpo humano e sua plasticidade de forma ímpar e inovadora para a época (século XV). Para superar o artista renascentista só mesmo o corpo humano nu e cru. Assim, fica a dica que encerra a exposição: “Admire o ser humano. Admire a você mesmo!” responsável pela turnê no Brasil, os corpos são de chineses, povo que também desenvolveu a expertise da plastinação. Para ela, “o mais interessante [da exposição], além de você conhecer o corpo ao vivo, são as informações e dicas de saúde”. Seus pulmões são o único órgão que pode flutuar na água. Para manter a capacidade cognitiva durante dota a vida, você deve: manter-se fisicamente ativo; não fumar; conservar seu permanente interesse em aprender; ter uma vida social ativa.

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moda&beleza

Do esp para a A plataforma vibratória, que surgiu para que astronautas praticassem exercícios no espaço, agora conquista adeptos em academias e clínicas de estética

P

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

erder gordura localizada e reduzir a celulite. Esse é o sonho de muitas mulheres. A empresária Jane Cortez Carneiro, antes sedentária, agora está conquistando seus objetivos. Há um ano praticando exercícios em um equipamento inovador, ela diz estar muito satisfeita com os resultados obtidos com relação à perda de gordura e definição corporal. A empresária, que tinha realizado uma cirurgia de redução do estômago, conta que estava flácida. “É incrível como ganhei massa muscular [em um ano]”. Na verdade, a empresária não faz exercícios físicos, é a plataforma vibratória que faz por ela. A máquina desenvolvida para estimular os astronautas em períodos longos sem pisar em terra firme, ganhou destaque por ser utilizada por famosos como Madonna, Julie Andrews, Ivete Sangalo, Angélica, entre outras estrelas.

Roberto Dziura

Grande parte das pessoas que procuram esse tipo de exercício é de mulheres. A máquina tem uma base vibratória e pode ser encontrada em clínicas de estética ou, também comumente, em academias. O equipamento chega até R$ 40 mil. Por conta do investimento, as aulas têm preço médio de R$ 360, para 30 minutos de prática, duas vezes por semana.

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De acordo com o personal trainer e instrutor de plataforma vibratória de uma academia em Curitiba, Douglas Bacil, a


paço sideral as academias Com a plataforma é possível melhorar o fortalecimento ósseo, muscular e perda de gordura

é mais uma opção de exercícios, que muitas vezes, é procurada por pessoas que querem substituir a musculação. Mas o pouco esforço não significa falta de disciplina. Para ele, essa modalidade, assim como as outras, precisa ser praticada de forma regular e com disciplina para obter os resultados desejados.

Espaço A ideia original da plataforma vibratória veio da antiga União Soviética, na década de 1970, justamente, para auxiliar os astronautas no ganho de massa muscular. Isso faria com que eles pudessem ficar por mais tempo no espaço sideral. Ganho importante, já que, como quase não há força gravitacional fora da Terra, os homens perdiam rapidamente a força muscular. grande procura por parte das mulheres está relacionada ao pouco esforço físico, o trabalho de drenagem linfática e a tonificação dos músculos. Porém, a procura em academias ainda é tímida, segundo Bacil, por conta do desconhecimento do aparelho e de seus benefícios. A máquina proporciona o fortalecimento ósseo, fortalecimento muscular, ganho de força, ganho de massa muscular, melhorias na circulação, aumento de produção de hormônios, fortalecimento das articulações, ajuda no funcionamento do intestino e, ainda, na perda de gordura. Aliás, ficar durinha, com tudo em cima, é um grande chamariz para a prática. Para o educador físico e professor da área de Saúde do Esporte da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Rogério César Fermino, esta modalidade

Do espaço, a máquina foi parar em academias e centros de estética. No auxílio à beleza, a empresária Jane Carneiro também associou a atividade física com a musculação e percebeu como seu corpo se definiu no período de um ano. “Porque uma coisa é emagrecer e outra é definir”, ressalta Jane. Combater osteoporose foi também um dos motivos que levaram a empresária a procurar por esse exercício. O professor Fermino conta que há estudos em que mostram que é possível aumentar a densidade óssea, “mas se a pessoa fizer um trabalho muito leve na plataforma não consegue ter esse aumento”. Fermino aponta que a complementação com outro tipo de exercício é positiva. “Depende do objetivo de cada pessoa. Se ela quer emagrecer, [os exercícios na plataforma] tem de ser complementar ao exer-

Plataforma vibratória surgiu de pesquisas com astronautas e, agora, ganha as academias e centros de estética

cício aeróbico.” Da mesma forma indica o personal trainer. “A melhor forma [de ter bons resultados] é o conjunto entre o trabalho aeróbico, muscular e a plataforma”. Diferentemente da musculação, as dores musculares depois dos exercícios são menores, mas há um período de adaptação que é normal para qualquer prática física. Além disso, há algumas contraindicações para a utilização do aparelho vibratório. Segundo o professor Fermino, esse tipo de treinamento não é indicado para grávidas – por ainda não haver estudos com gestantes – e para pessoas com marca-passo cardíaco. O instrutor da academia também alerta a contraindicação desse tipo de exercício para diabéticos, pessoas que tenham lesão cirúrgica recente, implante dentário, trombose e tromboflebite.

Lesões Os exercícios na plataforma são isométricos, ou seja, trabalham os músculos sem movimento da articulação. Assim, o educador físico vai ajustar o equipamento de acordo com o objetivo do praticante, levando em conta o tempo de exercícios, vibração (calculada em hertz) e tamanho da onda vibratória da máquina. Os tipos de atividades com o auxílio da plataforma vibratória são inúmeros e podem ser bem prazerosos. Para as pessoas que se interessaram, existe a venda também no varejo para uso doméstico. No entanto, o uso desses equipamentos sem a orientação de um profissional pode ser perigoso para quem pretende praticar exercícios, alertam os profissionais. “Hoje em dia tem muita clínica de ortopedia cheia de pessoas que tiveram problemas com a plataforma”, afirma Bacil. “Toda e qualquer prática esportiva deve ser orientada por um profissional de educação física. O exercício sem acompanhamento pode levar a lesões”, finaliza Fermino. REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 61


automóvel

Fotos: Divulgação

Offroad para a cidade Citroen lança o Aircross, veículo que chama a atenção por sua robustez, e mostra um segmento mais do que competitivo ITENS DE SÉRIE Preço básico: R$ 56.400 Motor: 1.6 16V Flex Potência: 110 cv com gasolina e 113 cv com etanol a 5.800 rpm Torque: 14,6 mkgf (g) 15,5 mkgf (e) a 4.500 rpm

Rodas: de liga leve de série Comprimento: 4,27 metros Altura: 1,75 m Distância Entre-eixos: 2,54 m Porta-malas: 403 litros Peso: 1.293 kg Tanque: 55 litros Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. ABS e EBD na versão avaliada Air bag duplo: Opcional (R$ 1.300) Ar-condicionado: Série CD player: Série

Computador de bordo: Série Faróis auxiliares: Série

Retrovisores elétricos: Série Travas elétricas: Série

Vidros elétricos: Série

Velocidade máxima: Não divulgada Aceleração de 0 a 100 km/h:

Não divulgada

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Wallace Nunes - wallace@revistames.com.br

O

mercado brasileiro de automóveis está sendo inundado de novidades. Nos últimos meses, chineses e coreanos fizeram lançamentos que chamam a atenção da mídia. Para não ficarem para trás, os franceses da Citroën acabam de lançar no mercado o carro Aircross, que terá como seus principais concorrentes o Ford EcoSport, Volkswagen CrossFox e Fiat Idea Adventure. O modelo é uma versão do monovolume C3 Picasso cujo objetivo é atender aos amantes dos veículos estilo off road. Esse veículo esportivo tem visual aventureiro até mesmo nas versões normais. A produção do Aircross começou nos primeiros dias de outubro do ano passado e deverão ser fabricadas 2,5 mil unidades por mês. A fabricação começou apenas com a versão aventureira de câmbio manual, mas a partir deste ano, haverá opções com câmbio automático. Outras três versões do modelo serão com motor 1.6 16V flex de 113 cavalos. A versão GL chegará ao mercado por R$ 53.900, a GLX custará R$ 56.400, e a Exclusive, R$ 61.900. Pela lógica dos off road, o Aircross tem estilo elegante e não chega a exagerar no “fora de estrada”. É distribuído em 4,28m de comprimento, 1,69m de

largura, 1,75m de altura e 2,54m de entre eixos. Na frente curta, o capô é elevado e tem duas protuberâncias. Os faróis parecem se projetar para fora e têm contornos irregulares e geométricos. Possui entrada de ar central com o novo Deux Chevron da Citroën insinuado. Na parte de posicionamento, o Aircross deixa claro que quer se diferenciar e esbanjar certa sofisticação no segmento de pretensos “fora de estrada”. O modelo terá preços entre R$ 55 mil e R$ 65 mil e as três versões contam com o motor 1,6 16V de 110 cv /113 cv (G/E). Estas características o fazem mais competitivo frente aos rivais, o Ford EcoSport XLS 1,6 , Volkswagen CrossFox e Fiat Palio Adventure Locker. Com referência ao mercado, a Citroën avança sem parar. Dados recentes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) revelam que, de janeiro a agosto, a Citroën vendeu 51,4 mil unidades. Ivan Segal, presidente da Citroën no Brasil, comemora o resultado. “A marca é forte e estamos aproveitando um segmento que está crescendo no Brasil”, afirma. Segal destaca que a empresa quer reforçar ainda mais o conceito “premium” aplicado aos produtos. “A ideia não é elitizar, não gosto deste conceito de luxo. Queremos reforçar o conceito tecnologia criativa, de veículos bem equipados, e não vamos desenvolver carros populares”, observa.


REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 63


livros do mês

Bruno Cassucci - bruno@revistames.com.br Colaborou: Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

Ficção

Não ficção

A obra conta a história de uma jovem nigeriana, conhecida por Pequena Abelha, que tem sua vida modificada ao conhecer uma jornalista inglesa. Então, uma delas precisa fazer uma escolha que envolve vida ou morte e que afeta diretamente a vida da outra. Impressionante, brilhante e perturbador são alguns dos adjetivos mais comuns atribuídos ao livro. Aclamado pelo público e pela crítica internacional, a publicação, já lançada em 20 idiomas, fez tanto sucesso que deve ser adaptada para o cinema ainda este ano, em um filme estrelado por Nicole Kidman.

O AK-47 não é uma arma qualquer. Simples, barato e confiável, este fuzil está presente em 92 países, foi parte de 90% das guerras na segunda metade do século XX e matou pelo menos sete milhões de pessoas. Seja nas mãos terroristas, rebeldes e traficantes ou até mesmo estampado na bandeira de Moçambique, o AK-47 é um ícone do último século. Nesta obra, o jornalista Larry Kahaner traz a biografia dessa arma que mudou verdadeiramente a história do mundo e apresenta o seu papel na estabilidade mundial.

Pequena abelha

Editora: Intrínseca

Autor: Chris Cleave Páginas: 272

Preço: R$29,90

Além do planeta silencioso Este é o primeiro livro da aclamada Trilogia Espacial, do mesmo criador de As Crônicas de Nárnia. Escrita à época da Segunda Guerra Mundial, a obra é uma parábola de sua época, reconhecida não só pelo seu conteúdo moral, filosófico e teológico, como também pela fantástica narrativa de ficção científica. Na história, Ranson, um linguista de Cambridge é raptado por dois cientistas e levado até o planeta Marte. Ao chegar lá, ele consegue escapar e encontra os habitantes estranhos que vivem no planeta. Entretanto, Ranson descobre que os nativos são mais humanos do que os próprios habitantes da Terra.

AK-47

Editora: Record

Autor: Larry Kahaner Páginas: 266

Preço: R$44,90

Operação Araguaia - os Arquivos Secretos da Guerrilha Num brilhante trabalho investigativo, que durou mais de sete anos, os jornalistas Taís Morais e Eumano Silva, realizaram inúmeras pesquisas e entrevistaram civis e militares para reunir neste livro histórico os arquivos secretos sobre a Guerrilha do Araguaia, o maior confronto das Forças Armadas desde a II Guerra Mundial. A obra desmente as Forças Amadas, que por décadas afirmaram que os arquivos da Guerrilha haviam sido queimados. Dentre as principais revelações da publicação estão estratégias de operações, os nomes de seus comandantes, relação de mortos e feridos dos militares, depoimentos de guerrilheiros presos e muitas mais. Imperdível! Editora: Geração Editorial

Autor: Taís Morais e Eumano Silva Páginas: 656 Preço: R$64

Das telas para o papel A expressão que ficou famosa internacionalmente à época da Copa do Mundo, em 2010, e figurou como líder nos TTs do Twitter agora virou nome de livro. O “Calaboca Galvão” é uma espécie de homenagem do jornalista Pablo Peixoto ao narrador esportivo mais famoso da Rede Globo, ou talvez do Brasil, Galvão Bueno. De uma forma bem humorada, o livro traz 233 “pérolas” do narrador, comentadas pelo autor. Um exemplo é a frase dita por Galvão em junho de 2010, durante a Copa, no jogo do Brasil contra a Coréia do Norte. “Casagrande, eu tenho a impressão de que o Dunga pediu aos jogadores para chutar a gol.” Logo em seguida vem o comentário do autor. “Eééééé... não, Galvão, o Dunga pediu para os jogadores brincarem de amarelinha!!!”. Vale conferir essas histórias esportivas com pitadas de humor e ironia.

Editora: WMF Martins Fontes

Editora: Panda Books

Páginas: 220

Páginas: 140

Autor: C.S. Lewis

Autor: Pablo Peixoto

Preço: R$37,80

Preço: R$39,90

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álbuns do mês

Eduardo Bentivoglio - eduardo@revistames.com.br Colaborou: Iris Alessi - iris@revistames.com.br

Hip Hop T.I.

Rap Emicida No Mercy Warner Music

O primeiro álbum do rapper norte-americano T.I., após sair da prisão, é uma volta por cima com estilo e ritmo. Com participações especiais de Eminem, Kanye West e Cristina Aguilera, entre outros, Clifford Joseph Harris Jr. (nome de batismo) retrata dores, indecisões e a eventual redenção nas rimas cadenciadas por uma gama de instrumentos até então inusitados na carreira do artista. Destaque para as faixas All She Wrotes e Castle Walls.

Pop e Disco Miranda Kassin e André Frateschi Emicidio Independente

Emicida já é o artista do rap independente nacional mais influente dos últimos anos, e coroa seu reconhecimento com o a mixtape Emicidio, produzida no Laboratório Fantasma, que aposta em outro fenômeno nacional, o A.X.L., ambos parceiros de longa data. Vale a pena prestigiar o trabalho desse artista que se apresentará em um dos mais prestigiados festivais do mundo, o Coachella, realizado na California, nos Estados Unidos, em abril.

Hits do Underground Independente Releituras parecem ser a tônica dos artistas modernos e são poucos os que conseguem realizá-las de forma tão coerente e precisa, como no trabalho de Miranda Kassin e André Frateschi. Ambos são figuras carimbadas da noite paulistana e entregam verdadeiros hinos da música independente em uma roupagem pop acessível para quem gosta da agitação noturna em alto e bom som. Vanguart, Curumin e Mombojó, representantes do novo pop rock nacional - para não dizer regional - figuram entre os artistas selecionados pela dupla.

MPB

A coleção do síndico Para quem quer relembrar sucessos, como Não quero dinheiro e Primavera, vale a pena conferir a Coleção Tim Maia, que contempla os 15 discos mais relevantes de sua carreira. São mais de 200 músicas remasterizadas e cerca de 600 páginas contando a carreira desse ícone da musica brasileira. Também há uma raridade para quem completar a coleção: o inédito álbum Racional Vol.3.

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Divulgação

opinião

Lúcio Kamiji

Presidente da APL de TI Londrina e Região

Investir em educação básica é alternativa para avançar naTecnologia

N

o último estudo realizado pelo SEBRAE, com base nos dados da RAIS, o crescimento da mão-de-obra no setor de software foi de 26% entre os anos de 2008 e 2009. Se considerarmos que o ano de 2010 foi um ano de recuperação da economia nacional e mundial, e o crescimento foi mantido, a demanda por mão-de-obra qualificada na área de Tecnologia da Informação (TI) deve ter aumentado. Em Londrina e região, temos cerca de 140 empresas de software, com aproximadamente mil profissionais e uma necessidade estimada em 260 profissionais de tecnologia na área de TI.

cresceu ainda mais com o contínuo surgimento de novas soluções e de novas empresas no mercado. O setor de TI, por ser uma área transversal – atende todas as demais áreas – pode ser uma saída para os jovens entrarem nesse setor, pois eles podem atuar na área de preferência utilizando-se de TI para solucionar os possíveis problemas das empresas.

No entanto, esse cenário tem se agravado muito, se considerarmos que um dos maiores problemas é a educação básica. Muitos estudantes entram na academia despreO aumento pela procura de parados e não conseguem Um dos maiores desafios do Paraná mão-de-obra qualificada em evoluir o necessário para é resolver o desenvolvimento da TI reflete a busca por um acompanhar o nível da graeducação básica padrão mundial em seus produação. As autoridades dedutos e serviços. Dessa forveriam se preocupar em gema, na região de Londrina, rar uma massa crítica capaz houve um aumento de mais empresas certificadas com de satisfazer as necessidades do mercado de trabalho e da padrões mundiais de qualidade. Por exemplo, de duas melhoria de vida das pessoas. Assim, os Ensinos Técnico empresas certificadas no MPS.BR até o ano de 2009, o e Superior sofrem com a consequência desse grande desnúmero foi para cinco, segundo Sofitex, em 2010. Foi caso na educação básica. mais de 50% de crescimento em certificação. Isso mostra que as empresas no Estado do Paraná estão se qualifican- Um dos maiores desafios do Estado do Paraná é resolver o do cada dia mais e, com isso, necessitam de mão-de-obra desenvolvimento da educação básica e, da mesma forma, mais qualificada. as empresas e empresários se adequarem à nova realidade das gerações que estão entrando no mercado de trabalho. Atingir essa classe mundial no desenvolvimento de sof- Os empresários devem, em paralelo, iniciar uma campatware requer investimentos e mudança de visão em rela- nha para motivar os jovens a se interessarem e ingressação aos produtos e serviços, sendo assim, o maior investi- rem no mundo da tecnologia. Lembrá-los, por exemplo, de mento que deve ser feito para a nossa área é na formação que os jogos e a internet, os quais eles tanto utilizam, são de pessoas. produzidos por empresas que têm como base a tecnologia. Precisamos melhorar a nossa imagem perante aos jovens e Desde 1978, quando ingressei na área de TI, o maior pro- trazê-los para nosso mercado com uma qualificação condiblema era a mão-de-obra qualificada. Essa necessidade zente aos padrões exigidos no mundo da tecnologia. 66 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011


FOTOGRAMA Iris Alessi

Nos trens e trilhos de Antonina, a história do Ciclo da Erva-Mate permanece viva e em cores para quem quiser conhecer REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2011 | 67


dor M

mbarga

Rua Dese

uritiba /

81 / C otta, 29

-1303

41 3323


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