Revista MÊS 12

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Previsões para 2012 Confira as tendências deste ano para as áreas de Trabalho, Comportamento, Economia, Política e Esporte. Faça suas apostas!

Cidades Curitiba se volta ao Centro; região terá boom este ano com verbas públicas e privadas

Saúde Saiba porque o número de cesáreas ultrapassou pela 1ª vez o de partos normais no BR

Turismo Descubra Montevidéu, capital do Uruguai; confira a sugestão de destino deste mês

circulação GRATUITA

IMPRESSO

PODE SER ABERTO PELA ECT

Editora Mês Ano 1 - nº 12 Janeiro de 2012




entrevista Nany People

Roberto Dziura Jr.

A mineira Nany People, de 46 anos de idade, é uma figura autêntica. É atriz e humorista. Mas em sua versatilidade construída na escola da vida, já foi auxiliar de escritório, trabalhou em bilheteria, foi camareira, trabalhou na administração de um teatro, na técnica, assim como foi cantora, drag queen, trabalhou em revista e foi repórter de programa de TV. Apesar da vida pública, não conta seu nome original. Nasceu homem e só aos 37 anos de idade assumiu sua condição de transexual. Não quis fazer a mudança de sexo por um pedido da mãe, em seu leito de morte. Mas não se arrepende. Diz estar bem resolvida e feliz. Leva tudo com humor e perspicácia, características peculiares a ela. Mas o papo com nossa equipe, realizado durante sua última passagem por Curitiba no Risológico, foi sério. Mais do que falar da graça dos relacionamentos amorosos, assunto tão abordado no palco em sua apresentação, ela refletiu sobre a vida, em um discurso que transitou entre a comédia e o drama. Falou sobre amor e dinheiro, sabedoria e ansiedade, diferenças entre homens e mulheres. Confira a seguir:

“Tem de saber até que ponto pode perder a piada para não perder o amigo” Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br Roberto Dziura Jr. - roberto@revistames.com.br

Como era a questão da transexualidade dentro da sua família? Nany People (NP) - Minha mãe me dava todo o apoio. Eu tive um choque quando mudei para Poços [de Caldas (MG)]. Eu fui estudar em uma escola estadual, eu não consegui sair no recreio no dia seguinte. Quando o pessoal fala hoje em bullying, eu fui mais que hostilizada. Eu não brincava com os meninos, sempre brincava 4 | REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012

com as meninas, peteca eu era campeã, cama elástica, corda só dava eu. Então, não tinha nada a ver com os meninos. Também nunca levei desaforo para casa. Se Jesus dissesse algo, eu argumentava com Jesus, [minha mãe] falava. Mas aí, por conseguinte, eu tive esse choque social muito grande. A minha inclinação artística já era tão evidente que aí o palco me salvou. Com nove anos, tinha um concurso de futebol amador lá em Poços da liga de futebol dos times na cidade e meu pai era juiz, fi-

zemos um show de calouros para angariar fundos. Eu fui cantar, porque gostava muito. Ganhei 500 cruzeiros na época. Chacrinha foi a Poços e eu cantei no Chacrinha. Ele voltou dois meses depois e eu cantei de novo. Aí tive uma bolsa de estudos, porque Poços de Caldas é um conservatório musical, fui estudar canto. Não tinha voz formada, fui ter aula de iniciação musical e ali eu consegui um filão econômico e profissional que eu nunca imaginei. Comecei a cantar em casamento.


NP - Fiz tudo que você possa imaginar de teatro. E quando o teatro me acolheu, o teatro é uma terra de loucos e terra de ninguém, então era possível ser o que eu quisesse, porque eu era artista. A minha sexualidade ficou meio apagada. Eu me projetei no teatro, fiz muita comédia, fiz muito infantil. Mas com 20 anos, Poços ficou pequena e eu fui para ‘Sampa’ estudar teatro. Em 1993, comecei a fazer show na noite como drag. Até que apareceu Caca de Lima. Ia estrear um show na noite em uma boate muito famosa chamada Janes, eu estava em São Paulo já há sete anos, já tinham chamado para fazer noite, mas eu: “Não. Quero ser ator”. Daí uma drag queen famosa, Márcia Pantera, fraturou a costela, então eu fui chamada para substituí-la em um esquete que ia estrear no domingo. Eu entrei na Janes para fazer uma ponta e acabei virando estrela. Como é sua produção de Nany? NP - Depende do tempo que eu tenho. Quando era drag era mais produção, era mais coisa. Quando eu virei transexual fui tirando. Hoje, tenho um peito falso, quadril de mentira. Porque eu trabalhava como Nany People desde os 27, com 37 eu assumi a transexualidade. Demorei 10 anos, se você não vir a Nany produzida, você acha que é aquilo o tempo todo. Chegava em casa tirava o peito, tirava o quadril, tirava o cabelo. Fora isso, era meio Maria Gadu misturada com fazer a ‘bandida’ do Luan Santana (risos). Era “People” demais. Não tinha essa forma, porque tinha o cabelinho raspado curtinho, peitinho de hormônio. Ninguém sabia o que era direito. Agora tudo mudou. Agora estou com 46 anos, faz nove anos que ando como dona Nany. Como surgiu o humor? NP - Minha família era muito piadista, toda vida foi. E eu queria ser

o centro das atenções, eu queria aparecer, a verdade é essa. E o stand up começou em minha vida, porque o Diogo [Portugal] e o Marcelo Neves me chamaram para fazer o Risorama, há 8 anos, que virou este carrossel. Para você, qual é o limite de uma piada? NP - O limite é o microfone, é uma arma. Isso que estou falando é porque faço plateia há muito tempo. Isso pode ser uma arma a seu favor ou contra você. Pode dar um tiro em alguém, e isso tenho visto muito pela mídia ou pode dar um tiro no ouvido, no pé. O palco te dá um poder insano. Tem de saber até que ponto pode perder a piada para não perder o amigo. É a tal da maturidade, do devo, mas não posso, ou posso, mas não preciso. Onde busca referências? NP - Sou uma artista e eu sou o retrato do meu tempo. Tenho que absorver tudo isso, porque senão sabe o que eu sou: uma boba da corte. Chaplin dizia: “se eu tivesse acreditado na minha brincadeira de dizer a verdade, teria ouvido verdades que eu insisto em dizer brincando”, falei muitas vezes como palhaça, mas nunca desacreditei da importância da plateia que me vê. Como foi a transformação de vez para a Nany People? NP - Olhei para o espelho e falei: pode parar de brincar e “ser”. No meu texto

Roberto Dziura Jr.

Como começou no teatro?

eu falo que quando faz 40, a metade da ampulheta caiu. Você não fica fingindo que sabe, você tem que declamar, você não finge que tem, você tem que possuir. Quando você tem 20, fica escrevendo de acordo com o que lhe dizem. Você quer ser aceita, quando faz 30, vai escrever sua vida pessoal. Tem gente que vai atrás do seu destino, tem gente que fica ali no funcionalismo público, vai ter um câncer mais tarde. Vi meus irmãos passarem por isso. Mantém um clã, pagam o mercado, mas ele dentro de casa é um estranho para a própria família. Estou falando do que tenho visto com 46 anos. Então, quando minha mãe teve um câncer, ela iria fazer 85 anos, tive um mês e meio para passar pelo turbilhão todo, e Deus foi tão bom comigo, que ela morreu nos meus braços. Então, quando você passa por uma situação dessas, descobre que o dinheiro, como diz Barbra Streisand: “é um adubo, é um esterco”. Serve para adubar o seu jardim e o jardim de quem você gosta. Tá aí o presidente da Apple que não deixa mentir. O homem mais rico do mundo e não teve jeito. Então, você vê que dinheiro muda de mão, tesão de direção, amor de intensidade. A coisa mais importante do mundo é a amizade, isso não é “viadagem”, isso é real. As pessoas vão te respeitar pela tua formatação e você vai ter que ser esperto o suficiente para que você se divirta. Se você ficar quatro anos estudando em uma universidade para ganhar dinheiro [depois], achando que o mundo vai ser obrigado a te dar?! Não, meu bem. Dinheiro não aguenta desaforo. Até o dinheiro vir, você lambe muito rodapé. O problema que hoje todo

“O dinheiro muda de mão, tesão de direção e amor de intensidade” REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 5




entrevista Nany People

Como você trabalha na produção dos seus textos para o stand up? NP - O que pude ver da metade da minha vida, como homem, e quando fiz 37, como mulher. Então, posso ver os dois lados. Homens e mulheres são muito diferentes e eu posso dizer com conhecimento de causa que a diferença é muito grande. Em alguns casos a diferença é enorme. Homens e mulheres se completam, mas quase nunca se entendem. Porque a mulher quer compreensão, o homem quer aprovação, mulher quer carinho, homem quer carrão. Mulher quer romance, homem sexo, mulher quer conversa, homem quer sexo, mulher quer sexo, homem quer sexo a três, a cinco... Como equacionar essas diferenças? NP - Aí que tá a eterna busca do equilíbrio, a tal da matemática, quem é que quer fazer a conta? Quem é que quer se sentir responsável por alguém? É complicado isso. O homem em sua maioria desenvolve até os dois anos de idade, depois só cresce. E toda mulher sente isso quando casa e acha que não é mais, mas é. Como lida com seus relacionamentos? NP - Só namorei hetero. Nunca namorei gay, nunca fiquei presa no gueto. Então, eu conheci um cara lindo, que na verdade ele me viu fazendo show, mas ele era noivo. Ficou enlouquecido, a situação dele com a noiva já era meio complicada, já namorando há 12 anos, tava enrolando. Quando ele me conheceu eu disse: “escute, e aí como é?” As pessoas olham a minha condição ficam naquela ambiguidade. Mas se eu tivesse vocação para ser prostituta, eu não teria ficado no Brasil, tinha ido embora para a Itália, igual minha geração toda. Não tinha vocação para isso, não mesmo. Sempre fui burra, sempre namorei gente 8 | REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012

muito jovem. Mais formatei do que usufrui. Você com uma pessoa jovem põe para fazer autoescola, estudar, por aparelho de dente. Se você contar as carteiras de motorista que já paguei, eu abria uma autoescola [risos]. Tenho essa de cuidar de alguém. Estou envolvida com um menino de 23 anos. Eu digo: “amor, você é maravilhoso. Mas tem que voltar para a sua cidade e terminar seus estudos, essa tua cara linda vai embora daqui a pouco”. Mas tem o espírito da geração Y, que compra eletrodoméstico e acha que não precisa ler o catálogo, acha que sabe tudo. Você tenta orientar seus namorados? NP - Mas tem que ser. Eu seria muito canalha, muito covarde, se eu usufruísse da beleza. A juventude é um éter, ela exala, ela evapora rápido. Tem gente que passa o resto da vida tentando manter o frescor da juventude. Eu falo uma coisa que é piada, mas é verdade que, a beleza dos 20 vem de graça, dos 30 você corre atrás, dos 40 a gente compra. Paguei e te garanto que não fica igual. Mas como manter o relacionamento? NP - Acho que sexo é química, amor é matemática. Para você amar alguém, precisa estar disposto a ver se a soma do quadrado do seu cateto é igual a soma da hipotenusa do outro. Tem que tentar resolver a equação do segundo grau da pessoa. A pessoa nunca vem sozinha, ela vem com um

Roberto Dziura Jr.

mundo quer começar master, ninguém quer começar estagiando.

monte de parentes, de colegas. Tem que ver se você está a fim de fazer a conta ou não. Como lida com a traição? NP - Não sou puritana, já traí e já fui traída. Acho que a questão da traição é muito relativa. Você pode estar casada com alguém, estar indo dormir na sua casa e seu marido se masturbando no computador. Isso é fidelidade? A gente tem um senso muito cristão de moral. Moral não quer dizer estar junto o tempo todo, como um peso na vida do outro. Acho que as pessoas têm que casar para somar. Tem que ter um dia para cada um sair com seus amigos. As pessoas fazem com a gente o que a gente deixar, até quando a gente deixa. Qual o legado que quer deixar? NP - Mude, reinvente-se o tempo todo. A gente tem que sobreviver às pessoas. Faço um poema no final do meu solo que falo disso: “sobreviver às pessoas é sempre uma coisa muito boa, eu tenho tido isso há anos, com tanta convicção, que por mais que o tempo passe é sempre uma oração, entre amigos e namoros, cada coisa a seu tempo. Falei tanto para vocês, tome agora o meu exemplo: amei corações levianos, com tanta convicção que por estar apaixonada vivia na contramão. Mas o tempo, o tempo é caprichoso leva tudo e também traz. Uma hora te enaltece, outra hora se desfaz. Porque toda equação quando começa tem uma proposta de somar, e se a conta for perfeita tente se multiplicar. Mas, às vezes, acontece de ter que subtrair, força nessa tabuada para ela não se dividir. O negócio é ter paciência, tentar não se apavorar, fazer o casamento ou até mesmo separar. E na escola dessa vida, eu repito todos os dias: sobrevivam às pessoas e nunca esqueçam o bom humor”. Eu tive essa inspiração quando minha mãe estava passando mal, daí me baixou o santo para sobreviver a isso.


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mensagens do(a) leitor(a)

Mês de Natal

A matéria de Capa de fim de ano foi fantástica. Muito bonita. Também gostei muito das sugestões interessantes para nossa ceia de comes e bebes, enfeites e histórias sobre o Natal. Vou usar a receita da carne para fazer em casa com minha família neste Natal. Também gostei bastante das ideias sobre decoração com flores e folhas.

Adriana Alves, por e-mail

LEITOR@MES.COM.BR Em casa Recebemos a Revista Mês em casa, com a matéria sobre o Natal e ficou superbacana! Parabéns pela qualidade das matérias!

Renata Monteiro

Veja e a falácia Não concordo que o voto distrital puro seja uma falácia. É claro que o ideal é o voto distrital misto. A metade dos votos seria em lista fechada e a outra metade pelos distritos. De qualquer forma, o voto distrital puro ou misto contribuiria para facilitar ao eleitor uma escolha de melhor qualidade, pois teria oportunidade de conhecer os candidatos. No sistema atual isso é impossível, pois a quantidade de candidatos é enorme e cada um deles dispõe de poucos segundos para dizer aos eleitores qual é a sua proposta ou a do seu partido. Em segundo lugar, haveria diminuição da corrupção porque os eleitores se lembrariam em quem votaram e não os reelegeriam se fossem apanhados desviando recursos públicos. Em terceiro lugar, o custo das campanhas seria menor por que ela ocorreria somente no distrito e não em todo o Estado. Em quarto lugar, é óbvio que pessoas como o “Tiririca”, radialistas, artistas e esportistas 10 | REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012

dificilmente se elegeriam, já que havendo segundo turno, teriam que comprovar competência (é claro que entre eles há os competentes, porém a maioria sabidamente não são). Devo acrescentar que o voto distrital deveria ter, sempre, segundo turno. Isso porque, tendo em vista a enorme quantidade de partidos no Brasil, dificilmente um candidato teria, no primeiro turno, a metade dos votos mais um. Quanto aos argumentos do Senhor Tiago Oliveira, não concordo que o voto distrital devolveria o poder político aos coronéis. Isso acontecia, porque antigamente não havia imprensa livre, não havia debate de ideias e, principalmente, não havia segundo turno. Ele diz que defende a democracia mas, para mim, quem pensa como ele combate a democracia. Nós devemos lutar para aperfeiçoar a nossa jovem democracia, estabelecer formas de o eleitor poder, realmente, votar com consciência. No nosso atual sistema eleitoral isso é impossível.

Odir Claudino Paris

Compartilhando a Revista Primeiramente quero dar-lhes os parabéns pela revista. Recebi o n° 10 e aproveitei cada matéria, principalmente a da capa, pois trabalho com orientação profissio-

Envie suas mensagens para a Revista MÊS pelo leitor@revistames.com.br | Twitter @mes_pr | Facebook MÊS Paraná. Participe!

nal e planejamento de carreira e, muitas vezes, os clientes pensam que é somente através de profissões “tradicionais” que se alcança o sucesso, mas a matéria mostra que não é bem assim... inovação faz toda a diferença! Estou divulgando e repassando a alguns clientes.

Gilvanise Gulicz Vial

Gustavo Fruet Muito boa a entrevista com o ex-deputado Gustavo Fruet publicada na última edição. As respostas do ex-deputado confirmam a impressão que tenho dele desde que comecei a acompanhar sua vida pública. Fico com a sensação de que a política ainda conta com bons representantes.

Simone D’Avila

Receber a Revista Adorei a revista mês, vocês estão de parabéns. Pois é uma revista de conteúdo muito bom, passa informações muito importantes para nosso dia a dia. Gostaria muito de receber a revista em minha casa.

Rosane Roberti

Resposta: Para receber, basta enviar seus dados (nome da rua, número, CEP e cidade) para leitor@revistames.com.br. O conteúdo também está disponível pela Internet, no site: http://issuu.com/revistames.


@mes_pr

Jimi Vargas

@mes_pr meu pai estava de férias por aqui e levou todas as revistas que eu tinha para São Paulo, pois adorou!

Acaba de completar um ano e já comemora com um prêmio.

Revista Mês, vencedora do 30 Prêmio Unimed de Jornalismo do Paraná.

Rafaela Ronconi

Confira minha participação na entrevista sobre blogs de moda para a Revista @mes_pr

Renata Braga Artacho

RT @mes_pr: Algumas padarias já abrigam a @mes_pr pegue a sua tbm. É grátis! /MÊS Paraná

Sergio Miguel Nicolau Bier

Mas não é que a Renatinha ficha limpa foi dar uma lustradinha na ficha lá na Itália e não foi uma vez só... [Sobre reportagem de Política da Revista MÊS ed. 10]

Juliana Hasse de Rezende

Parabéns à Revista Mês pela entrevista com o parlamentar Gustavo Fruet. Político pé no chão, inteligente e centrado - peça rara no contexto brasileiro!

Carla Carvalho

Adorei a entrevista com o Gustavo Fruet. Me pareceu uma pessoa competente e focada.

Tem sugestões de pauta? Uma ideia para fazer uma reportagem? Envie sua sugestão também para leitor@revistames.com.br “AIDS: Ninguém está imune, mesmo 30 anos depois”, matéria da jornalista Iris Alessi publicada na edição de fevereiro de 2011, 3ª colocada no Prêmio Unimed de Jornalismo do Paraná. REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 11


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ENTREVISTA

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Mensagens dos leitores

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MIRANTE

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5 perguntas para: Lucas Dezordi

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COLUNA

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DICAS DO MÊS

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OPINIÃO

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FOTOGRAMA

POLÍTICA 24 Constituição de Curitiba tem novas regras CIDADES 28 O retorno ao Centro EDUCAÇÃO 30 Currículo renovado no exterior SAÚDE 32 Filhos de cesáreas ECONOMIA 34 Lucrando mais e pagando menos 36 Dinheiro de plástico: redução de custos para comerciantes TECNOLOGIA 38 Impressão de objetos é realidade 40 Dispositivo móvel à procura do imóvel ideal INTERNACIONAL 42 Estados Unidos da Europa COMPORTAMENTO 44 Rotina da descontração AGRICULTURA 46 Grãos que valem “ouro” MEIO AMBIENTE 48 Metal precioso 12 | REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012

Roberto Dziura Jr.

sumário

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MATÉRIA DE CAPA

2012, um ano cheio de mistérios 17 O planejamento da carreira e da vida 18 Tendências de consumo da sociedade brasileira 19 Economia estável e agricultura em queda 21 Eleições Municipais e o segundo ano dos Governos 22 Vêm aí as Olimpíadas TURISMO 50 Montevidéu, contada tijolo por tijolo

ESPORTE 52 Sonho de um craque AUTOMÓVEL 54 O Off Road urbano MODA E BELEZA

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56 Confortáveis, mas com estilo CULINÁRIA E GASTRONOMIA 58 Gostosuras e travessuras CULTURA E LAZER 62 Holocausto em imagens, sons e sensações

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editorial

MÊS continua em Festa A

s festas de fim de ano já tiveram o ponto final em 1º de janeiro, mas neste mês temos um motivo maior para colocar uma vírgula e continuar esta comemoração. A Revista MÊS Paraná completa um ano! Tivemos nossas primeiras palavras impressas em janeiro de 2011, trazendo um jeito novo de informar os paranaenses. Nestes 12 meses, traçamos um enredo que só está começando. Assim, é com alegria e exclamação que o embrião nasceu, cresceu, está tomando corpo e maturidade com a participação mais que importante de nossos interlocutores: você e os demais leitores desta publicação. Na matéria de Capa desta edição, antecipamos algumas tendências para 2012 em diversas áreas, como Política, Economia, Comportamento e Esporte, assim também trabalhamos para informar você sobre a Agricultura, a maior riqueza do Paraná; trazemos detalhes sobre o novo Museu do Holocausto, o primeiro do Brasil; mostramos inovações como a impressora 3D; analisamos a crise na Europa, em Internacional; demos dicas de destino turístico, sugestões de livros e álbuns de música e muito mais. Entre pontos e vírgulas começamos este ano com energia renovada, repletos de boas ideias, verbos transitivos e intransitivos para entregar uma revista cheia de conteúdo informativo, reflexões do cotidiano, tendências de comportamento, atualidades em imagens e frases, opiniões, previsões para 2012 e muitos pontos de interrogação para aquilo que está fora do lugar. O ano passado foi o início desta bela história, contada em meio a muitos desafios e descobertas. Por isso, queremos que 2012 seja Surpreendente! Seremos o canal de notícias quentes, personagens interessantes, especialistas de ponta, multiplicidade de opiniões, tudo isso para a construção de uma sociedade melhor e mais coesa no papel e fora dele. É como dizia o poeta inglês John Milton, “a imprensa é a luz da liberdade”. E é para isso que continuaremos com uma palavra atrás da outra, publicando mensagens de interesse público e compartilhando essa oração de feixe de luz sobre a ignorância, o desconhecido e o corrompido. Um brinde à MÊS e boa leitura!

expediente A Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Endereço da Redação: Alameda Dom Pedro II, 97, Batel – Curitiba (PR) Fone / Fax: 41. 3223-5648 – e-mail: leitor@revistames.com.br REDAÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815/PR); Repórteres: Mariane Maio, Roberto Dziura Jr. e Iris Alessi; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Distribuição: Sandro Alves; Publicidade: Lucile Jonhson - atendimentocomercial@revistames.com.br – Fone: 41.3223-5648 e 41.9892-0001; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica; Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Márcio Baraldi, Renato Sordi, Aivan Gomes e Gleisi Hoffmann. Auditoria: ASPR - Auditoria e Consultoria.

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mirante

O óleo aquece

Crime eleitoral

Mais problemas

A vida para o prefeito Luciano Ducci (PSB) promete não ser muito tranquila nos próximos meses. A arena de batalha deve ser a jurídica. Além de ter de se explicar sobre as mensagens de telemarketing com a sua voz, supostamente pagas pela prefeitura, o prefeito socialista também poderá ter de se explicar sobre a coincidência entre as imagens veiculadas por campanha publicitária da Prefeitura e por materiais de seu partido.

“Oie, tudo bem? Aqui é o Prefeito Luciano Ducci. Estou ligando para contar para você que somente nesse último ano nós asfaltamos mais de 4 km na região do Abranches e do Taboão”. Esta é a mensagem que está sendo questionada na Justiça. A Prefeitura já divulgou nota oficial afirmando que o serviço está sendo feito pela Ouvidoria do Município. Então, se você é um dos que recebeu essa ligação, saiba que foi você mesmo quem a pagou.

E como tudo o que está ruim pode piorar, Ducci também deverá enfrentar os questionamentos sobre o contrato milionário firmado com o Instituto Curitiba de Informática (ICI). Segundo a oposição, este contrato significa colocar a responsabilidade pelas áreas de informática da maioria dos serviços prestados pela Prefeitura, ou seja, o cérebro da gestão da Capital, nas mãos de um único grupo de empresas sem nem mesmo realizar uma licitação.

AEN / Ricardo Almeida

Luciano cristianizado Segundo analistas da política curitibana, conforme o andar das denúncias contra Ducci, pode acontecer de o governador Beto Richa (PSDB) deixar o seu ex-vice sozinho no meio da estrada. Empresas que trabalham com campanhas eleitorais, que antes haviam sido orientadas a iniciar a montagem da estrutura para atender a empreitada, receberam a contraordem de recolher os flaps. Um plano B pode estar passando pela cabeça do governador tucano.

Agora vai

Vários deputados estão indignados com o presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB). O tucano teria confirmado em reunião realizada com vários líderes partidários, no final do ano passado, que manteria o pagamento dos 14º e 15º salários dos deputados. Contudo, depois da reunião, deu declarações à imprensa afirmando justamente o contrário. Disse que para moralizar a administração da Casa, havia cancelado o pagamento dos benefícios. Deputados prometem o troco ao que adjetivam, no limite do que é publicável, de oportunismo.

A decisão tomada pela corrente majoritária do PT, em reunião realizada no final de dezembro, em relação à postura do partido para as eleições deste ano, consolida cada vez mais a possibilidade de uma aliança entre os partidos da presidenta Dilma e do ex-deputado Gustavo Fruet (PDT). Esta corrente, da qual fazem parte os ministros Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo, os deputados federais André Vargas e Angelo Vanhoni e, os estaduais, Enio Verri e Péricles, foi clara em seus documentos, que quer o partido caminhando junto com Fruet para conquistar a Prefeitura de Curitiba.

Thea Tavares

Jogando para a plateia

Câmara Municipal

Pizzaria Derosso A CPI do caso Derosso (PSDB) acabou em pizza e mostrou o poder do nobre parlamentar sobre os demais. A investigação referente às irregularidades nos contratos de publicidade de R$ 31 milhões chegou ao fim no mês de dezembro sem nenhuma punição. O relatório apresentado por Denilson Pires (DEM), e aprovado por seis votos a três, não indicou punição e isenta de qualquer responsabilidade o presidente licenciado. O documento segue para o MP. 14 | REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012


Bate Pronto

“Muito embora não tenhamos chegado a provas concretas, pela existência de indícios e irregularidades [...] somos pelo encaminhamento ao ministério Público”

Fotos: Roberto Dziura Jr.

Conclusão do vereador Denilson Pires (DEM) no relatório da CPI do caso Derosso

“Não temos apenas indícios, temos elementos concretos de que houve irregularidades” Vereador Pedro Paulo (PT), que apresentou, junto com o vereador Paulo Salamuni (PV), um relatório paralelo

Recursos federais para Curitiba Combate ao crack A Ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), reuniu-se no mês passado com o prefeito Luciano Ducci (PSB) para assinar uma autorização que permitirá à Prefeitura de Curitiba realizar licitação para três importantes obras viárias, com verba do Governo Federal. Fazem parte do pacote um viaduto na Rua Francisco H. dos Santos, uma trincheira na Rua Guabirotuba sob a Avenida das Torres e a implantação de um conjunto de medidas para melhorar a gestão do trânsito na Capital.

E por falar em Governo Federal, a presidenta Dilma lançou o Plano de Ações para o Enfrentamento ao Crack e a outras Drogas. Por meio de três eixos – prevenção, cuidado e autoridade – o plano ampliará a oferta de tratamento e atenção aos usuários e seus familiares e, ao mesmo tempo, reforçará o combate ao tráfico e promoverá ações de educação e capacitação para dependentes. Com investimentos de R$ 4 bi, serão feitas parcerias com estados, municípios e sociedade civil e, em especial, com as comunidades terapêuticas.

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Banco de imagens

matéria de capa

2012, um ano cheio de mistérios Este ano chega com muitas dúvidas e fatos importantes: eleições municipais, jogos olímpicos, desconfianças na economia e mudanças de comportamento; avalie os cenários e programe o seu 2012 Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

E

ste ano chega com muito misticismo em torno do destino do mundo. Será que vai acabar? É a pergunta que muitos se fizeram e o enigma que rolou na internet e em outros meios de comunicação nos últimos meses.

16 | REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012

Segundo as profecias, a data para o término será o dia 21 de dezembro. O fato é que 2012 teve início (já que você está lendo essa reportagem) e é melhor preparar-se para o caso de não acabar o Planeta. Brincadeiras à parte, o primeiro mês do ano é sempre uma boa oportunida-

de para aproveitar e rever conceitos, lembrar o que passou e renovar metas. As festas de fim de ano ficaram para trás e agora é tempo de traçar novos objetivos. Por isso, a Revista MÊS ouviu especialistas em cinco áreas para que você possa avaliar que caminho tomar neste Ano Novo. Veja as perspectivas para Economia, Política, Carreira Profissional, Comportamento e Esporte em 2012. Confira a seguir:


Roberto Dziura Jr.

O trabalho em 2012

O planejamento da carreira e da vida

‘‘

A vida não acabou este ano”. Não se trata de uma profecia desta vez, mas de uma análise comportamental para planejar sua carreira e vida pessoal. A frase é da coaching Simone Nosima no caso de você não conseguir cumprir todas as metas neste ano. Ela ajuda alguns profissionais a darem novos rumos na carreira e também a tomarem as rédeas na vida pessoal. A primeira coisa que se orienta é revisitar as metas do ano que passou. “Avaliar o que conseguiu ou não realizar”, comenta Simone. Isso servirá para entender as dificuldades que teve e poder melhorar neste ano. “É um ponto de melhoria, mudar um comportamento ou buscar uma formação”. Depois da avaliação, é chegada a hora de traçar novas metas. Por exemplo, comprar um carro este ano, fazer uma viagem para o exterior, realizar o sonho da compra da casa, perder peso, ter mais tempo para a vida pessoal, a família, os amigos. Feita a lista de desejos, em seguida, é preciso traçar o plano de ação de cada objetivo.

A coaching dá o exemplo de quem quer ou precisa perder peso. Segundo Simone, é importante planejar de que forma vai fazer isso e a cada mês

reavaliar se está conquistando seu objetivo. Se não está dando certo, é preciso mudar de rumo. Reavaliar e buscar novos caminhos e ações. Neste período, as pessoas basicamente se dividem em dois grupos: os que são autocríticos severos e os que são muito bonzinhos consigo mesmos. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra. “Coloque metas que sejam importantes para você, que não sejam impossíveis de alcançar, mas que não sejam muito fáceis, para que você ainda consiga ter a sensação da realização [...] E trabalhar emocionalmente para não se cobrar a ponto de não aceitar errar nunca”.

Na vida profissional, uma dica é investir na inteligência emocional Na vida profissional, uma dica é investir na inteligência emocional. As pessoas “se esquecem que o diferencial hoje é a estrutura emocional e o comportamento [dentro da empresa]”. Para ela, as empresas atuais valorizam (além do conhecimento técnico) a ética, a pró-atividade, dar e receber feedback, aceitar a liderança, promover a colaboratividade, ter um com-

Para Simone, é importante valorizar as conquistas no decorrer do ano

portamento positivo e bem-humorado, relacionar-se bem com os colegas. Outro ponto importante é comemorar as pequenas e grandes conquistas. “A gente cada vez é cobrado mais, estuda mais, trabalha mais e comemora menos. A gente chegou num ponto em que as pessoas já não percebem mais se elas fizeram realmente aquilo que elas tinham se proposto. É o automático”, avalia a coaching como sendo uma postura negativa. Por isso, valorize as vitórias do cotidiano e persiga suas metas. Pronto para fazer sua lista de desejos para 2012? Então, leia toda a reportagem e fique bem informado para poder tomar suas decisões de forma mais consciente este ano.

Metas 12 dicas para seu ano começar bem 1. Avalie as metas do ano passado; 2. Estabeleça metas possíveis para este ano; 3. Trace um plano de ação; 4. Tenha ideia de que caminho percorrer;

5. Avalie em cada mês o que está certo ou precisa mudar; 6. Aprenda com os erros; 7. Não se cobre tanto; 8. Aprenda sempre sobre si. Autoconhecimento é fundamental;

9. Concilie as metas profissionais, com as pessoais; 10. Seja positivo; 11. Motive-se a perseguir sua meta; 12. Se não conseguir, avalie e passe para o ano seguinte.

Fonte: Simone Nosima

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matéria de capa

O comportamento em 2012

Tendências de consumo da sociedade brasileira

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e do ponto de vista pessoal é possível controlar algumas variáveis e traçar um caminho, nem tão certos assim são os rumos que a sociedade toma ao longo do tempo. A dinâmica social é bem mais complexa. No entanto, para as “caças tendências”, Andrea Greca Krueger e Paula Abbas, da empresa Berlin, neste ano é possível apontar alguns caminhos. Na área de consumo, os brasileiros – principalmente da Nova Classe C – vêm num ritmo de consumo acelerado e as empresas percebendo isso investiram na transparência, na co-criação de novos produtos e serviços, como também no valor do ter, do saber e do experimentar (as três fases por que passam os consumidores).

Neste ano, o consumismo deverá ser menor. O endividamento das famílias deve crescer em 2012 e os efeitos serão sentidos no final do ano ou já em 2013. Para Paula, “o novo con-

Em Curitiba, as pessoas querem ir cada vez mais para as ruas sumidor da classe emergente não é que esteja criando uma consciência, mas já está percebendo que não está conseguindo pagar dívidas que foram feitas nos anos anteriores”. Assim, é bom pensar se não é hora de colocar o pé no freio na economia doméstica. Outro fator que deverá levar a esse movimento do comportamento dos consumidores é o luxo, que está muArquivo / Revista MÊS

“As pessoas têm tanto acesso às informações na internet que não adianta contar uma história hipócrita para o consumidor”, comenta Paula. Por isso, hoje “a marca precisa ser uma

ponte, um veículo para o consumidor contar suas histórias. Ele não quer só consumir, eles querem co-criar”, observa também Andrea.

Para elas, os curitibanos estão criando uma nova forma de se relacionarem e irem mais às ruas 18 | REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012

dando de lugar. O que antes era valorizado, agora se transformou. O luxo “é fazer o que você gosta para aproveitar as coisas simples da vida. Ir buscar o filho no colégio, poder trabalhar no que gosta, mais do que trabalhar para ganhar dinheiro. Ter tempo para si, ter tempo para fazer o que gosta. Mais para as pessoas que já estão num momento da pirâmide, que já conquistaram determinadas coisas, que já não têm necessidades básicas”, afirma Paula Abbas. Mais uma tendência é o gosto pelo retrô. É a chamada “retromania”. “O mundo está muito acelerado e são muitas inovações. E o nosso cérebro não consegue lidar com tantos estímulos e tantas informações. Daí a gente para e volta para o passado, que é um lugar seguro para nós, confortável, um lugar que a gente conhece. As empresas estão pegando na memória afetiva das pessoas”, analisa Andrea. E Curitiba não ficou de fora dessas tendências. Por aqui, o movimento local é a criação de uma nova forma dos curitibanos (moradores ou de nascimento) se relacionarem. “Hoje eu percebo que localmente as pessoas estão querendo ir para a rua cada vez mais”, comenta Paula. Isso porque de certa forma, a cidade está bastante miscigenada (com a quase maioria de pessoas vindas de fora) e os costumes locais, que eram de um povo fechado, pouco sociável, estão se transformando. As influências são dos “estrangeiros”. “Pode ser que surjam novos movimentos culturais, a partir do momento que as pessoas passem a ter menos medo, vão para as ruas, falem com o próximo, voltem de fato a se relacionar off-line”, finaliza Paula.


A economia em 2012

No ano passado, o Brasil fechou em torno de 3% de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), que é a soma de todas as riquezas produzidas. Em 2010, o saldo havia sido de 7,5% positivos. Este ano, o aumento do PIB deve manter-se estável em relação ao de 2011. O Governo Federal apresentou no ano passado a redução de taxas de juros – uma posição correta do ponto de vista dos especialistas econômicos – e também segurou o ritmo de crescimento dos gastos públicos, o que deve fazer neste ano também. A grande incógnita para o início do ano é se o Ministério da Fazenda manterá a política fiscal inalterada (maior queda das taxas de juros) ou a flexibilizará, ao reduzir a meta de superávit primário, o que consequentemente provocaria menor espaço para a queda dos juros. Já as taxas de emprego e a inflação devem ficar controladas. O Paraná tem um cenário bastante peculiar, como explica Eduardo Morei“A dinâmica da agricultura ainda está sustentando o nosso crescimento”, diz o economista Garcia

preços das commodities. “A resposta do nosso campo deve ser provavelmente pior”, afirma Garcia. Por isso, os preços devem registrar quedas de 10% em dólar.

O Governo do PR precisa fazer a lição de casa ao melhorar a infraestrutura ra Garcia, vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon/ PR). “A questão básica e que é muito forte é a agropecuária. Você tem Curitiba e a Região Metropolitana industrial, mas o interior basicamente é agropecuária e agroindústria fortes”. No último ano, a safra foi muito positiva do ponto de vista da produtividade, dos preços e do clima. No entanto, para este ano, com a crise mundial à espreita, a tendência é de queda dos Edson Cowboy

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epois de falar de consumismo, é importante entender quais as tendências da macroeconomia do Brasil e do Paraná para analisar que passos tomar em sua vida financeira e na vida de sua empresa ou do trabalho que exerça.

Divulgação

Economia estável e agricultura em queda

Para o economista, a previsão do PIB deve seguir a regra: “a dinâmica da agricultura ainda está sustentando o nosso crescimento. Se por acaso os preços das commodities caírem, como estão falando, e nosso câmbio não ajudar, a nossa situação não deve ser tão boa”. Outro efeito do novo Governo Estadual, apontado pelo vice-presidente do Corecon-PR, é a grande atração de investimentos privados para o Estado. “Os investimentos no Paraná estão absurdos. A gente trabalha no Banco de Desenvolvimento, a gente verifica os repasses do BNDES para o Sul: 50% são para o Paraná”, comenta Garcia. No entanto, para manter esses investimentos do setor privado no Estado, o Governo precisa fazer a lição de casa ao melhorar a qualidade da infraestrutura neste e nos próximos anos. “Melhorar nossos gargalos para permitir um crescimento mais sustentado”. REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 19


Toma lá dá cá

Roberto Dziura Jr.

5 perguntas para: Lucas Dezordi

Os olhos dos economistas estão voltados à crise na União Europeia e ao comportamento da economia norte-americana. Os movimentos de lá vão afetar as estruturas daqui. De um lado, os Estados Unidos têm dado sinais de melhora; já os países europeus da zona do euro não conseguiram superar a recessão. Veja análise do economista da Inva Capital, Lucas Dezordi Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

Qual seria o balanço da economia brasileira de 2011? Lucas Dezordi (LD) - A economia brasileira começou bem aquecida. O fator positivo é que foi realmente a melhora das condições das variáveis domésticas, por exemplo, o consumo aumentou, o investimento das empresas também, a geração de empregos foi positiva. A taxa de empregos chegou muito próximo do pleno emprego. Agora, destaco pelo menos três aspectos que contribuíram para reverter a tendência em maior grau. O primeiro deles: a piora no quadro da

O que se destaca hoje em dia na economia paranaense é a agropecuária zona do euro. Essas condições de incerteza prejudicaram muito a economia madura e, consequentemente, a economia brasileira. Podemos destacar, também, o impacto negativo que a instabilidade política orçamentária dos Estados Unidos teve nos agentes econômicos. Um terceiro fator foram as medidas macroprudenciais que o governo já adotou desde 2010 e, com mais intensidade neste ano, que tiveram um impacto no segundo semestre. Essas medidas do governo também arrefeceram um pouco a economia brasileira. 20 | REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012

De que forma o Governo Federal pode minimizar os efeitos da crise mundial neste ano? LD - Acho que o governo deve focar nos estímulos monetários, ou seja, as taxas de juros. A taxa de juros está fechada para 2011 em 11% mesmo. Também estimo para dezembro de 2012 uma taxa de juros Celic de 9%. Então, tem espaço para cair dois pontos percentuais, para tentar estimular a economia brasileira. Também as fiscais seriam interessantes. Existe o processo de desindustrialização no Brasil e no Paraná? LD - Essa dinâmica que o Brasil vem crescendo nos últimos anos de câmbio lá embaixo e custos trabalhistas e tributários altos, fizeram com que o Paraná perdesse participação na indústria. A gente vem observando que o Paraná e o Brasil vêm sofrendo esse processo de desindustrialização, que é uma participação relativa menor no valor adicionado à produção total. Como avalia as políticas econômicas no Brasil? LD - Acho que o principal problema do Governo Dilma é a dificuldade em fazer mudanças estruturais na economia. Gostaria de ver, nos próximos anos, mudanças significativas no que se refere à reforma da previdência, à reforma fiscal e também à ampliação dos investimentos em

educação. Agora, em termos de condições de juros, acho que o Governo está indo muito bem. Essa inflação que a gente observa no Brasil, que está alta, também é uma consequência da política monetária dos Estados Unidos, que está interligada. O Brasil infelizmente foi afetado. Como vai se comportar a economia paranaense em 2012? LD - A economia do Paraná vai fechar com participação parecida do PIB, em torno de 5% do PIB [Brasil]. O que se destaca hoje em dia na economia paranaense é a agropecuária. A capacidade de geração de riqueza da economia paranaense está mais forte no campo do que na cidade. Aí você vê como o interior do Estado vem registrando um aumento da qualidade de vida, da produção, da produtividade invejável para muitos países, inclusive, se você comparar com China e Índia. Mas vejo agropecuária subindo, demanda doméstica caindo. O que sustentou o preço da agropecuária até este final de ano foram as exportações. Então, se o mercado der uma arrefecida, e eu acho que vai acontecer isso, a gente vai ter um excesso de oferta.


matéria de capa

A política em 2012

Eleições Municipais e o segundo ano dos Governos

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m parte, muito da economia é regulada por meio da visão dos políticos. Por isso, vai aí um breve balanço dessa área crucial no ano de 2011 e algumas projeções para este ano. O ano passado foi o primeiro dos Governos Estadual e Federal e dos legisladores. Segundo a avaliação dos especialistas ouvidos pela Revista MÊS, o Governo Dilma (PT) ficou marcado pela postura contra a corrupção.

ção, ela agiu. Marca pessoal muito dela”, comenta também o professor da Universidade Positivo, Pedro Eloi. Com isso, veio a resposta da população: “Dilma vem ampliando a popularidade dela no Paraná”, completa Oliveira.

Outros pontos observados pelo cientista político sobre o Governo Estadual foram: a derrota de seu secretário, Ricardo Barros, perante o empresariado do Paraná na eleição da Fiep; a prática de nepotismo e o aumento do número de comissionados.

Com as Eleições / 2012, os olhares estarão voltados para os municípios

De acordo com o cientista político Ricardo Costa de Oliveira, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Dilma ganha a imagem da limpeza ética. Ainda segundo ele, os presidentes Lula e FHC tiveram a mesma média de saída de ministros. “A questão é que no Governo Dilma o ministro sai sempre com denúncias”.

No Congresso, “Dilma é a presidente que tem a mais ampla e confortável maioria na Câmara e no Senado”. Isso tornou a aprovação de projetos encaminhados pelo Governo sem grandes solavancos.

A segurança também apresentou fragilidades. “Isso ficou muito visível na saída do comandante da Polícia Militar no final do ano”, comenta Oliveira ao comentar sobre o caso do coronel Marcos Teodoro Scheremeta que saiu em novembro de 2011.

Edson Cowboy

“Dilma não ignorou em nenhum momento. Em todos os casos de corrup-

Neste ano, os grandes desafios do Executivo ficarão em torno do PAC, dos preparativos da Copa, das políticas econômicas e da reforma ministerial. Já as reformas tributária, fiscal e política devem ficar mais à frente. “Daqui a pouco começam os interesses do cenário político nacional polarizado pelas eleições municipais. E aí não há espaço político para outra agenda diferente”, analisa Oliveira. Um pouco diferente do Governo Federal foi a conquista da governabilidade de Beto Richa (PSDB), pondera o professor da Federal. Ele começou com a minoria na Assembleia Legislativa e com uma forte articulação política, hoje, governa com tranquilidade. “Mesmo não tendo elegido a maioria dos deputados da Assembleia Legislativa, ele conseguiu uma base situacionalista expressiva ao cooptar o PMDB”. O cientista político acredita na eleição polarizada entre Ducci X Fruet

Para este ano, os holofotes deverão ficar concentrados nas eleições municipais, em que serão eleitos prefeitos e vereadores de todo o País. Uma eleição-chave será a da Capital paranaense. Por aqui, a tendência é de uma polarização entre os candidatos Luciano Ducci (PSB) e Gustavo Fruet (PDT), segundo Ricardo Costa de Oliveira. As alianças estão se construindo e neste início de ano já começa a corrida em busca do voto do eleitor. Na Câmara Municipal de Curitiba, por conta dos escândalos dos últimos meses, deverá haver uma maior renovação dos nomes, conforme afirmam dois especialistas entrevistados pela MÊS. “Acredito que vai haver uma maior renovação, porque os vereadores estão muito desgastados depois da polêmica do Derosso. O problema é que, às vezes, na Câmara, as eleições são muito controladas. São redes muito antigas de clientelismo que são difíceis de serem modificadas”, conclui o cientista político da UFPR. Segundo o professor Eloi, pelo menos dois ou três vereadores deverão complementar a oposição da Casa para 2013. REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 21


matéria de capa

O esporte em 2012

Vêm aí as Olimpíadas

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Para este ano, em relação às contratações não deve haver grandes surpresas. “O Coritiba tem uma base boa, que funcionou bem [...] e precisa de poucos ajustes, quatro, cinco reforços no máximo. O Coritiba precisa ser cirúrgico nas contratações”, observa. Alguns reforços já foram anunciados, entre eles está o volante Junior Urso e o meia Lincoln.

Em relação ao futebol, o Coritiba deixou o Campeonato Brasileiro com gostinho de “quero mais”, já que por pouco não conseguiu uma vaga para a Libertadores. “Há dois reflexos diretos disso em 2012: a torcida viu que é possível o clube disputar os principais títulos e não vai admitir que o clube no mínimo não repita o que fez este ano”, analisa o jornalista esportivo e comentarista, Leonardo Mendes Junior.

Quem atrapalhou os planos do Coxa em disputar a Libertadores, este ano, foi o seu principal adversário do Estado, o Atlético Paranaense, que precisava ganhar para sair do sufoco do rebaixamento, mas caiu mesmo com a vitória no último jogo.

Roberto Dziura Jr.

lém do jogo político, este ano também é um período cheio de novidades para o Esporte do Paraná e do Brasil, os Jogos Olímpicos de Londres em meados do ano, e o desempenho dos principais times de futebol do Paraná, que estarão em posições opostas neste início de temporada.

Segundo Mendes Junior, algo que certamente se ouvirá é “herança maldita”. A única herança realmente maldita é o rebaixamento. No entanto, isso poderá servir para fortalecer o time, já que “clubes do porte do Atlético que passaram pela Série B nos últimos anos sempre voltaram mais fortes, com uma aproximação maior entre time e torcida, aposta nas categorias de base etc. E o Atlético terá a manutenção da receita de TV que teria na Série A, cortesia do novo contrato de TV do Brasileirão”. À frente do projeto estará Mario Celso Petraglia que assumiu, ainda no ano passado, a presidência do Conselho Administrativo do Atlético. Outra baixa do time será o fechamento da Arena por obras da Copa. Por isso, a nova fase será bastante curiosa. “A última vez que o Atlético saiu regularmente do seu estádio foi entre 97 e 99, para a construção da Arena. Exceto neste ano de rebaixamento, o Atlético sempre soube usar a Arena a seu favor. Vamos ver como o time irá Giba marcou como despedida das quadras as Olimpíadas de Londres

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se adaptar a essa nova realidade”, comenta o jornalista esportivo.

É possível que as Olimpíadas percam em torcida este ano, segundo Mendes Junior Mas o fato mais marcante deste ano que começa são (ou deveriam ser) as Olimpíadas de Londres (Inglaterra). No entanto, a atenção dos torcedores ainda é um mistério. “Essa é uma incógnita, pois será uma Olimpíada que estará fora da maior rede de TV do País. Então, acho que o alcance será menor, embora quem acompanhar certamente olhará com mais atenção. Mas para o grande público mesmo, aquele que só se liga em esportes olímpicos na hora da Olimpíada, temo que os Jogos sejam quase invisíveis, o que será uma lástima”, pondera Leonardo Mendes Junior. Entre os atletas paranaenses devem estar os nomes de Natália Falavigna, que ganhou medalha na Olimpíada de Pequim, além de Giba, que vai se despedir das quadras e Alexandre Pato, estrela paranaense no futebol. Eles “dentro das suas seleções também têm boas chances de trazer medalha para o Estado. O Emanuel, ao lado do Alisson, é favorito para o ouro no vôlei de praia. Fora isso, teremos gente na ginástica, na natação, no atletismo, mas, infelizmente, sem chance de medalha”. Por isso, é possível que não se consiga avançar no número de medalhas em relação às últimas Olimpíadas, realizadas em Pequim, em 2008, quando o Brasil conquistou três ouros, quatro pratas e oito bronzes, num total de 15 medalhas olímpicas.


É sempre bom comemorar o primeiro aniversário.

A Revista Mês chega, em janeiro de 2012, à sua edição de número 12. Ao completar o nosso primeiro ano de vida e entrarmos no segundo ano, mantemos o mesmo compromisso de levar aos paranaenses, em especial, aos curitibanos, informação relevante e de qualidade. Muito obrigado a todos os nossos leitores, ponto de partida de nossa pauta e estímulo maior para seguirmos buscando sempre melhorar. REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 23


política

Constituição de Curitiba tem novas regras

Lei Orgânica Municipal foi alterada pelos vereadores em 2011 e passa a valer a partir deste ano; dos 214 artigos, 122 foram modificados Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

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provada em dezembro do ano passado na Câmara Municipal de Curitiba, a revisão da Lei Orgânica Municipal (LOM), maior lei do município, começa a valer a partir deste ano. Desde 1990 esta é a primeira vez que a lei foi revisada por completo. Segundo o vereador Paulo Salamuni (PV), relator da Comissão de Revisão, dos 214 artigos da lei, 122 sofreram alterações, sendo que 30 emendas foram recebidas como sugestão da sociedade civil organizada. A quantidade mostra a necessidade da reformulação da Lei e a expressiva

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participação popular. Há quatro anos, vereadores estudavam essas alterações, que de acordo com Salamuni, só conseguiram ser completadas no ano passado, devido ao momento político em que a Casa se encontrava. “Acabou ficando propícia essa mudança. É uma satisfação que o conjunto de vereadores dá para a população em várias questões”, afirma. As principais mudanças e polêmicas da Lei ficaram por conta do trabalho do próprio legislativo municipal. As sessões agora serão de 1˚ de fevereiro a 30 de junho e de 1˚ de agosto a 20 de dezembro, uma diminuição de 20 dias do recesso. Os vereadores que faltarem às sessões sem justifi-

cativa comprovada terão descontado 1/30 do seu subsídio, por sessão. Até o ano passado, os nobres não tinham nenhuma perda financeira, caso não fossem às sessões. Para proibir casos antes não regulamentados e que geraram polêmica em 2011, como a contratação da empresa da esposa do vereador João Cláudio Derosso (PSDB) na prestação de serviços de comunicação à Câmara Municipal, o artigo 98 da Lei também foi ampliado. Antes, apenas servidores eram impedidos de serem diretores ou integrantes de conselho de empresas fornecedoras ou que realizassem contratos com o município. Agora, a proibição se estende para cônjuges,


Fotos: Roberto Dziura Jr.

companheiros ou parentes em linha reta, colateral, ou por afinidade, até terceiro grau.

Roberto Dziura Jr.

Outra mudança que gerou bastante discussão foi em relação à reeleição da mesa diretora. A proposta da Comissão de Revisão era de que fosse vedada a reeleição para qualquer cargo. Com isso, eles esperavam oportunizar que mais vereadores assumissem os cargos. “Isso é salutar à democracia e evita a criação de feudos, porque o que aconteceu nesta Casa no último período foi a criação de um feudo. Acho que nesse sentido a Câmara deixou de avançar”, questiona a vereadora Professora Josete (PT). Porém, a emenda apresentada pelo vereador Celso Torquato (PSD), assinada por mais 13 vereadores e aprovada pela maioria, determinou que a reeleição ficará proibida apenas para o mesmo cargo. “Quem vota são os próprios vereadores. Se eles querem uma renovação, votam o contrário. É mais democrático. Senão amanhã ou depois o terceiro e quarto secretário não vão crescer, porque não pode ser reeleito para outro cargo”, afirma o autor da emenda. Para o presidente da Comissão de Revisão, o vereador Paulo Frote (PSC), não houve protecionismo. “Uma gestão de apenas dois anos, se toda hora muda totalmente os membros, dificulta a própria administração da Casa”, diz.

Meio Ambiente e Urbanismo Outra alteração bastante significativa na “Nova Lei” diz respeito às questões ambientais e urbanísticas. O artigo 147, que visa assegurar a política de desenvolvimento urbano, incluiu a “prioridade ao transporte coletivo público e universalização da mobilidade, promovendo a diversidade de O vereador Paulo Frote diz acreditar que não houve protecionismo na votação da lei orgânica

Para o vereador Paulo Salamuni, a revisão da Lei Orgânica foi uma resposta dos vereadores à sociedade

modais de transporte e a acessibilidade” e também a “conservação e recuperação do ambiente natural, dos recursos minerais e da água subterrânea”, menciona o novo texto. Regras antes não previstas. A preocupação com o meio ambiente também fica destacada nos artigos 189 e 190. O município terá agora de elaborar uma “carta de risco geológico-geotécnico com a definição das áreas propícias a apresentarem problemas de instabilidade durante extremos e plano de contingência para a retirada de moradores” e também terá de criar e “manter um agrupamento da Defesa Civil, de forma permanente, especializado e equipado para o enfrentamento de desastres naturais e ambientais”.

Servidores municipais Apesar dos avanços, duas mudanças não agradaram os servidores municipais, que inclusive fizeram diversos protestos durante a votação. Dois artigos suprimidos da antiga Lei Orgânica, segundo eles e alguns vereadores, retiraram direitos dos servidores. A vereadora professora Josete (PT) disse que pretende voltar a discutir o assunto este ano. “No nosso entendimento trazem prejuízo. Um deles em relação à isonomia salarial entre servidores que executem funções semelhantes e a outra que trata do zeramento inflacionário anual. Claro que a gente sabe que a Constituição Federal garante, mas no nosso entendimento não tem nada que impeça que na Lei Orgânica seja garantido também”, diz. Paulo Frote rebateu as críticas dizendo que um dos artigos foi suprimido, pois já consta na Constituição. “A questão da Data Base tem uma lei municipal que fixa a data base do servidor do município. A questão da revisão anual, o artigo 39 da Constituição é claro: ‘a todos os servidores municipais, estaduais e federais é obrigatória a revisão anual’”, afirma. O outro artigo foi retirado por estar em desacordo com uma decisão do Tribunal de Justiça (TJ). “Como eu vou fazer uma revisão de uma Lei Orgânica se já existe uma decisão do Tribunal de Justiça dizendo que um artigo é inconstitucional. Eu estaria desobedecendo a uma decisão judicial”, argumenta. REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 25


Para quem curte navegar com informação de qualidade.

@mes_pr Mês Paraná Versão on line: http://issuu.com/revistames 26 | REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012


sobre a política

“A PrivatariaTucana”: uma boa leitura para as férias O ex-governador tucano se limitou a chamar o livro de “lixo” O livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Junior, desnuda uma fase importante da história brasileira e, em especial, de um dos grandes atores políticos brasileiros: o PSDB. A publicação traz denuncias sérias contra o PSDB e o ex-governador José Serra e acusa alguns meios de comunicação, como os jornais Folha de S. Paulo e o Estado de São Paulo, de serem aliados dos tucanos. Coincidentemente, apesar de ter suas edições sempre esgotadas antes mesmo de chegar às livrarias, ele não consta na lista da Folha de S. Paulo como um dos mais vendidos. O livro busca mostrar como o Banco Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, um dos maiores beneficiários das privatizações patrocinadas pelo governo FHC (PSDB), aportava recursos em paraísos fiscais em empresas supostamente de propriedade de Verônica Serra, filha de José Serra. Mas a teia continuaria com uma possível utilização desse dinheiro na simulação da compra da casa onde mora o ex-governador paulista.

Por Tiago Oliveira tiago@revistames.com.br

facilitou e se beneficiou de contratos envolvendo bancos oficiais? O dinheiro para a compra da casa dele veio de paraísos fiscais? O ex-governador tucano se limitou a chamar o livro de “lixo”. Se chamou de lixo é porque leu o que lá estava escrito. E se leu, no mínimo, deveria se dignar a responder as questões apontadas. Que processe o autor, mas que diga a “sua” verdade sobre tudo o que está escrito.

O livro apresenta, também, um suposto esquema de tráfico de influência, no qual pessoas próximas a Serra se beneficiavam com negócios realizados com o Banespa (o então banco estatal do Governo de São Paulo), com o Banco do Brasil e em paraísos fiscais, onde as mesmas holdings utilizadas também por outros personagens controversos da política brasileira serviam para esquentar o dinheiro.

Como disse Luis Nassif em seu blog, “o livro provocou uma rachadura no cristal” que sempre blindou a imagem de José Serra. E esta rachadura, com certeza, terá reflexos no PSDB. Internamente colocará combustível na luta entre serristas e não serristas. Externamente repercutirá na imagem que o partido tenta sempre construir de ser o panteão da seriedade e da ética política.

As explicações sobre o conteúdo do livro são necessárias. Houve por parte do PSDB ou do ex-governador José Serra o patrocínio de irregularidades envolvendo empresas privatizadas e relações com paraísos fiscais? Serra

Também é uma publicação que terá repercussão na política brasileira como um todo. Portanto, se você tiver a sorte de encontrar o livro nas livrarias ou conseguir um PDF emprestado, boa leitura. Vale a pena. REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 27


cidades

O retorno ao Centro Vítima de um processo de descentralização realizado no passado pela Prefeitura, a região central ganha vida com boom imobiliário devido a novos investimentos públicos e privados Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

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or muito tempo o Centro de Curitiba foi sinônimo de comércio. Morar no local significava escolher, na maioria das vezes, uma residência mais antiga e quase sempre sem garagem, conviver com a falta de segurança e até mesmo com vizinhos indesejados. Atualmente, incentivos

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públicos e privados têm causado um boom e mudado o perfil da região. Segundo a pesquisa Perfil Imobiliário Curitiba, realizada pela Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário no Estado do Paraná (Ademi-PR), entre janeiro e outubro do ano passado, o Centro foi o segundo bairro de Curitiba que teve mais alvarás liberados, com 2.149. Já a região central, que contempla também os bairros Rebouças, São Francisco e Centro Cívico, foi responsável por 14% das unidades liberadas em 2011, ficando em primeiro lugar em relação às demais regiões da cidade. Para o arquiteto Mauro Magnabosco, do Instituto de Pesquisa e Planeja-

mento Urbano de Curitiba (IPPUC), essa antiga realidade criada no Centro foi reflexo de ações da Prefeitura no passado. “Desde a implantação do seu plano diretor, [Curitiba] começou um processo de descentralização, através dos eixos de transporte. O IPPUC criou uma série de incentivos para descentralizar e congelamos alguns que tinham no Centro, porque queríamos que a cidade se espalhasse através dos eixos. O ‘abandono’ do Centro é um efeito colateral de uma solução que a gente tomou para descentralizar a cidade”, explica. De acordo com Magnabosco, hoje a Prefeitura está fazendo o caminho inverso, criando incentivos para que as pessoas voltem a escolher o Cen-


Roberto Dziura Jr.

Entre janeiro e outubro de 2011 o Centro teve 2.149 alvarás liberados Opinião também compartilhada pelo arquiteto Gustavo Pinto, presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura no Paraná (AsBEA-PR). “Nas cidades pequenas o Centro tem um conjunto entre comércio, residência e você tem vida em diversos períodos do dia. Quando as cidades vão crescendo, esses usos vão se transformando. Com isso, acaba tirando a vida desse Centro e acaba sendo um decorrer de coisas. A partir do momento que você não tem vida em todos os horários acaba degradando um espaço e servindo para marginalização. Acaba criando grandes vazios urbanos dentro de áreas construídas na cidade”, diz.

Investimento privado A incorporadora curitibana Invespark percebeu esse potencial do Centro há oito anos, quando lançou seu primeiro imóvel no local. No final de 2011, a Invespark contava com mais sete empreendimentos. “A gente atua nesse segmento de apartamentos compactos. Pelo perfil do comprador existe uma preferência pela região central, pela questão dos serviços”, justifica o diretor de Incorporações, Eduardo Quiza. Tendo como usuário final executivos, público single, terceira idade e até mesmo estudantes, com uma faixa média de renda mensal de R$ 5mil, a incorporadora está exatamente no perfil da região. De acordo com a Perfil Imobiliário Curitiba, o Centro é composto por moradores com renda média Para o arquiteto, a falta de vida em todos os horários no Centro acaba gerando degradação e marginalização do local

por domicílio de R$ 3.350 a R$ 8.499. Além disso, a pesquisa mostrou que 27% dos entrevistados têm pretensão de comprar um imóvel nos próximos 12 meses, 96% deles querem imóveis residenciais, sendo que destes 58% têm preferência por apartamento e a maioria (48%) considera o preço ideal do imóvel entre R$ 200 mil e R$ 500 mil. Este valor contempla o bairro, que tem o quarto preço por m² privativo mais caro da cidade para um apartamento de dois quartos, valendo em média R$ 5.231. Segundo Quiza, um apartamento de 34m² de um de seus empreendimentos custa em média R$ 200 mil. “O Centro é uma região valorizada, claro, que não é todo lugar. Tem regiões mais degradas e regiões excelentes”, afirma o diretor.

Ações públicas Os investimentos públicos na região também são responsáveis por boa parte da remoralização que o Centro está sofrendo. “O projeto Novo Centro é um projeto de recuperação da área, que vem com uma série de incrementos. Além da Prefeitura requalificar as vias, calçadas, iluminação, segurança, nós entramos sempre com algumas ‘pegadas’ de incentivos fiscais”, afirma o arquiteto do IPPUC. Roberto Dziura Jr.

tro, principalmente, quando o assunto é moradia. “A gente acredita que onde mora gente, tem um movimento maior”, afirma.

Enquete Você moraria no Centro de Curitiba? • Em caso afirmativo. Por quê? • Em caso negativo. Por quê? Mande sua opinião para a Redação da MÊS: @mes_pr Mês Paraná leitor@revistames.com.br Uma dessas ações foi a revitalização da Rua Riachuelo. As mudanças foram aprovadas pela comerciante Maribel Mattos, dona da Móveis Ideal. Há nove anos no local, ela afirma que depois da reestruturação da rua suas vendas dobraram. “[A Riachuelo] era muito mal vista antigamente, porque tinha prostituição, drogas e muita gente nem passava na nossa rua. Com as propagandas da revitalização, muitas pessoas vieram conhecer as nossas lojas”, conta. Para Pinto, esse retorno ao Centro é um processo que ainda está em andamento e deve ser sentido com mais intensidade entre cinco e dez anos. “Tem investimentos do mercado imobiliário acontecendo, há leis de incentivo, projetos da Prefeitura para ruas específicas. A partir do momento que você tem esse investimento público, o privado começa a entender e temos esses avanços. Tende a melhorar a qualidade do espaço urbano e as pessoas vão usufruir disso”, afirma. Maribel, que já escolheu o centro como local de trabalho pretende, inclusive, selecioná-lo como moradia. “Eu mesmo estou pensando em mudar para o Centro. A gente mora na saída de Curitiba e é um transtorno todo dia. A região central te oferece tudo que você precisa, desde médico, farmácia, alimentação. Então se você puder morar neste local e trabalhar, está tudo resolvido”, acredita. REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 29


educação

Currículo renovado no exterior Viajar para fora do País não é mais privilégio de poucos; muitos brasileiros já buscam cursos de diversos tipos no exterior para se aperfeiçoar profissionalmente Iris Alessi - iris@revistames.com.br Colaborou Roberto Dziura Jr. - roberto@revistames.com.br

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eis semanas em Cambridge (Inglaterra) para melhorar o inglês. Este foi o tempo e destino escolhidos pelo administrador Alisson José Montanarin (24). “Comecei a pesquisar e gostei do clima de cidade universitária e resolvi tentar”, conta Montanarin, que em janeiro de 2010 fechou o contrato para viajar e embarcou em novembro do mesmo ano.

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Para poder viajar sem comprometer o trabalho, tirou férias e o restante do tempo conseguiu negociar na empresa em que trabalha. Segundo o administrador, a experiência foi bem interessante pelo lado profissional também. “Porque uma coisa é você falar inglês aqui, outra coisa é ter um curso de lá”, avalia. O resultado foi percebido, por exemplo, em uma visita recente do diretor-geral da empresa, Montanarin conseguiu dialogar sem necessidade de um intérprete.

Próximos destinos Para poder realizar o curso na Inglaterra, Montanarin precisou investir cerca de R$ 12 mil e escolheu residência estudantil em vez de casas de família, o que seria uma opção mais barata. “Nessa hospedagem não estava incluído alimentação, que eles consideram cem libras por semana”, explica. Montanarin considerou a experiência tão valiosa, que o administrador já


Roberto Dziura Jr.

pretende voltar a estudar fora. O próximo destino será os Estado Unidos, neste ano. Ele vai cursar oito semanas de inglês americano, ainda não definiu a cidade, mas deve ficar entre Boston e Chicago.

Viajantes

Arquivo pessoal

O administrador foi um dos 167.432 estudantes, que em 2010, partiram para o exterior para fazer algum tipo de curso, de acordo com pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Operadores de Viagens Educacionais e Culturais (Belta). Entre os países mais procurados pelos brasileiros estão o Canadá, os Estados Unidos e o destino do administrador em 2010: o Reino Unido. Segundo Valquiria Mac-Dowell, coordenadora regional da Belta no Paraná, os cursos de idiomas (inglês, espanhol, francês e italiano) estão em primeiro lugar na escolha dos estudantes, depois vêm os cursos de High School – no qual o adolescente pode fazer um ano de escola formal no exterior – e, em terceiro lugar, estão os cursos profissionalizantes.

167.432 estudantes brasileiros, em 2010, foram ao exterior para fazer algum tipo de curso Dentre os cursos técnicos no exterior, de acordo com Valquiria, os estudos de artes, cinema, gastronomia, hotelaria geram bastante interesse nos brasileiros. Com um olhar especial para a área de hotelaria. “O pessoal está procurando muito esses cursos de hotelaria para se profissionalizar melhor. Há cursos de um ano de duração, então as pessoas num ‘estantinho’ se preparam. Acho que ainda há tempo para ter uma boa posição durante os eventos [Copa e Olimpíadas] e iniciar uma carreira daí para frente”, explica a coordenadora.

Segundo Caroline, é preciso ficar atento às instituições nas quais se pretende realizar algum curso

“Você ter no currículo que estudou no exterior, que tem experiência fora, que estudou em outra língua que não é a tua, é a vantagem de ter uma experiência fora”, ressalta a adviser da World Study, Caroline Britto de Castro. No entanto, ela salienta que há cursos que não são tão bons no exterior, por isso é preciso ficar atento às instituições que pretende ingressar.

Planejamento Para poder viajar com segurança e não ter surpresas desagradáveis na viagem, são necessários cuidados na hora de escolher um bom curso. A palavra-chave para ir ao exterior é planejamento. Se o profissional pretende realizar um curso de idiomas, por exemplo, é preciso decidir de quanto tempo será este curso – há cursos de três semanas de aula em diante –, se informar sobre os documentos exigidos pelo país e até observar a disponibilidade de passagens aéreas. A coordenadora indica um planejamento de no mínimo três meses de antecedência para um curso de curta duração. “Quando você planeja direitinho, na hora em que você embarca, todas as suas contas estão pagas, está tudo certinho e você só vai desfrutar”, completa.

“Tudo realmente requer um planejamento. Os países que exigem visto, como Canadá, EUA, Austrália, são países que requerem um planejamento antecipado mesmo. [...] Para Inglaterra, para curso de idiomas não há necessidade, se for pra trabalhar tem. Mas Irlanda e Nova Zelândia, por exemplo, que são países que não exigem visto, havendo disponibilidade na escola, podemos fazer a matrícula” exemplifica a sócia-proprietária da CI no Paraná, Mônica Oliveira.

Investimento Existe também outro planejamento muito importante para quem pretende ir para o exterior: os custos. Mônica dá como exemplo um curso de quatro semanas no Canadá, com hospedagem em casa de família. O investimento fica em torno de R$ 6 mil. Outro exemplo, dado por Caroline, é um curso de Design Gráfico na Austrália de 25 semanas. O investimento (apenas para o curso) fica em sete mil dólares australianos. Com hospedagem, alimentação e transporte, o valor pode chegar a 15 mil dólares australianos. Por isso, além do interesse em ir para o exterior é preciso pesquisar e planejar os detalhes e custos, antes de preparar as malas e partir para o mundo. REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 31


saúde

Filhos de cesáreas Número de cesáreas ultrapassou pela primeira vez o de partos normais no Brasil; já no Paraná a proporção era maior e continua crescendo

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Iris Alessi - iris@revistames.com.br

número de cesáreas ultrapassou pela primeira vez o de partos normais no Brasil. Dados do Ministério da Saúde divulgados recentemente dão conta que foram 1.492.957 cesáreas no País, representando 52,26% do total de partos. No Sistema Único de Saúde (SUS), a taxa chegou a 37% e no setor privado a 80%. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que este número gire em torno de 15%. No Paraná, essa porcentagem é bem acima do recomendado: 58,42%, o que representa 88.811 cesáreas. Se no Brasil esta foi a primeira vez que o número de cesáreas ultrapassou o de partos naturais, no Paraná isso já se repetiu pelo menos nos dois anos anteriores. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), em 2008, 55,21% (83.435 partos) dos partos não foram naturais, já em 2009 essa porcentagem subiu para 56,45% (84.257 partos). Números parciais de 2011 revelam um percentual ainda maior de partos cirúrgicos: 60,22% do total de partos.

Roberto Dziura Jr.

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De acordo com o ginecologista, obstetra e professor de Obstetrícia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carlos Miner Navarro, há diversos modelos que devem ser considerados. O primeiro deles, segundo o obstetra, é o modelo de assistência que temos no País, no qual se privilegia um médico individual. “A paciente faz o pré-natal com um médico e esse médico vai atender o parto, então isso já gera certa dificuldade para ele estar disponível indefinidamente. Em outros paí-


Roberto Dziura Jr.

Cesárea Motivos para a realização da cirurgia O ginecologista, obstetra e professor de Obstetrícia da UFPR, Carlos Miner Navarro, explica os motivos que podem levar à cesárea, no entanto, ele ressalta que eles são relativos.

Bebê grande: quando o bebê é grande (acima de quatro quilos) pode haver complicação no parto, por isso, muitas vezes, há a indicação da cesárea; Sofrimento fetal: quando o bebê demonstra no trabalho de parto que não está recebendo oxigênio suficiente e começa a ficar com a frequência cardíaca alterada;

Placenta não está funcionando bem: quando o bebê não está se alimentando direito, está abaixo do peso e o líquido amniótico está secando. Às vezes, é preciso interromper a gestação. Isso normalmente ocorre com mães diabéticas e hipertensas; Placenta prévia: para o médico, essa indicação é absoluta, pois quando a placenta está totalmente na frente do canal do parto não é possível passar o canal através da placenta e ela não pode sair antes do bebê, já que ele morreria em dois ou três minutos. Fonte: Carlos Miner Navarro

ses, o modelo é diferente. As pacientes vão ganhar [o neném] com os médicos de plantão, assim como é o nosso sistema público”, explica o médico.

Cesárea Para Navarro, esse tipo de assistência individualizada dificulta um pouco a opção pelo parto natural. Outro aspecto levantado por ele é a questão cultural. “Ao longo do tempo foi-se passando uma imagem da cesárea ser algo muito fácil, corriqueiro, sem consequências. Muitas mulheres estão preferindo por fazer cesárea”, completa. Essa foi a opção da psicóloga Larissa Gasparim Bemben (30), mãe da pequena Maria Alice (4 meses). Larissa fez sua escolha depois de ter ouvido muitas mães que optaram pelo normal dizerem que na última hora, por diversos motivos, tiveram de fazer a cesariana. “A gente fica mais tranquila sabendo que não vai ter risco nenhum, você marca o dia, você consegue preparar a casa para receber o bebê, você consegue preparar a família para receber o bebê naquele dia”, avalia Larissa. Durante toda a gestação, Larissa não cogitou em nenhum momento a possibilidade do parto normal. Já a profes-

sora de ioga, Kathleen Romanini Pace (36), mãe de Bruno (8 meses), mudou de ideia. Antes de ser professora de ioga, ela pensava que quando tivesse um filho iria optar pela cesárea, mas com o passar do tempo e o conhecimento corporal que a ioga lhe deu, ela preferiu o parto normal.

Natural Para poder realizar a vontade de ver o filho Bruno vir ao mundo naturalmente, Kathleen teve que passar por oito ou dez médicos até encontrar um favorável. A escolha da professora veio depois de buscar muitas informações sobre o tema e concluir que o parto normal seria o melhor para o filho e para ela. “Eu acho que quando a mulher está prestando atenção no corpo, conectada com o corpo dela, ela sabe que vai ter uma dor e que aquilo vai passar e que aquilo vai ser bom para ela, para a recuperação dela e para o bebê”, salienta Kathleen, que acredita que há falta de informações para as mulheres e também o medo de sentir dor durante o parto. Para a doula Inês Baylão, a falta de informação e de conhecimento da sociedade como um todo é o que leva a este aumento de cesarianas. “Eu acho que

“Ao longo do tempo foi-se passando uma imagem da cesárea ser algo muito fácil, corriqueiro, sem consequências.”

não é uma questão de escolha, é uma questão de desinformação. Como que você pode escolher sobre algo que você desconhece. [...] São muitas gerações de mulheres sem informação correta”, diz.

Expectativa De acordo com Navarro, é preciso também avaliar de onde vem essa informação que as mulheres adquirem sobre os partos. Normalmente, a primeira fonte para sanar as dúvidas da gestante é o próprio médico. “Daí se o médico tem uma tendência a ser mais ‘cesarista’, vamos dizer assim, ela [a mãe] acaba indo mais para esse lado”, exemplifica. O médico conta que já recebeu pacientes frustradas com o primeiro parto, já que muitas tinham a expectativa de fazer parto normal e acabaram sendo levadas à cesariana em casos que não havia a necessidade desse tipo de método. Navarro não condena as cesáreas, pelo contrário, sabe que muitas vezes existe a necessidade. Mas, por outro lado, o parto normal não tem o risco de uma cirurgia e nem problemas pós-operatório, além de promover ao bebê melhor respiração, melhor recuperação (menos de 48h) para a mãe e o filho, melhor aleitamento materno, entre outros fatores. REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 33


economia

Lucrando mais e pagando menos Novo Simples Nacional aumentou o teto de faturamento das micro e pequenas empresas em 50%; medida valerá a partir deste ano Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

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ender mais e pagar menos impostos é o sonho de todo empresário. Em 2012, esta será a realidade de pelo menos 45 mil empresas, segundo estimativa do Sebrae. O Novo Simples Nacional, sancionado pela presidenta Dilma Rousseff no final do ano passado, ajustou em 50% o limite

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de faturamento das micro e pequenas empresas do País. Esta foi a primeira vez que o programa, criado em 2006 e iniciado em 2007, foi reajustado. A partir deste ano, as microempresas poderão faturar até R$ 360 mil e as pequenas empresas até R$ 3,6 milhões e ainda permanecerão no Simples Nacional. Os valores até o ano passado eram de R$ 240 mil e R$ 2,4 milhões, respectivamente. O teto para arrecadação dos empreendedores individuais também aumentou, de R$ 36 mil por ano para R$ 60 mil. Ao todo, pouco mais de 7,7 milhões de empresas no Brasil e quase 394 mil no Paraná faziam parte do programa até novembro de 2011.

“Foi uma mudança significativa e que deu impacto nas empresas. Aumentou o valor do teto e mantiveram as alíquotas, isso vai representar redução da carga tributária. E aquelas que estavam próximas do limite, que estavam saindo dos R$ 2,4 milhões, vão poder permanecer no regime, aumentando seu faturamento”, afirma César Rissete, coordenador estadual de Políticas Públicas do Sebrae/PR. Outra mudança considerada importante, é que o valor para exportações é ainda maior. A empresa pode faturar o dobro do que fatura internamente, podendo chegar até R$ 720 mil para microempresas e R$ 7,2 milhões para pequenas empresas. “É uma forma de


Para Silvestre Antonio Schmitt, o novo limite trouxe alívio aos empresários

Alívio

Mangostock

Essa nova faixa de enquadramento foi encarada como um auxílio pelo pequeno empresário Silvestre Antonio Schmitt, dono da fábrica de banheiras Plaforte, ele tinha expectativa de faturar mais que o limite de R$ 2,4 milhões, em 2011. Apesar de não ter ultrapassado a antiga faixa no ano passado, Schmitt diz acreditar que o novo teto possibilita que os micros e pequenos empresários tenham uma margem maior para trabalhar. “Ajudou bastante. Nos dá um alívio”, diz. Para Gilson Faust, diretor da Pactum Consultoria, este aumento comprova a solidificação do sistema. “A capacidade de competição das micro e pequenas empresas é muito diferente das médias e grandes empresas. Então para equilibrar essas diferenças tem de criar uma condição tributária diferen-

Mudanças Principais alterações do Simples Nacional, que serão válidas a partir de 2012: O limite de faturamento anual das microempresas subiu de R$ 240 mil para R$ 360 mil e das pequenas empresas de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões. O faturamento para as empresas exportadoras é ainda maior, podendo chegar ao dobro do que elas faturam internamente, ou seja, R$ 720 mil para microempresas e R$ 7,2 milhões para pequenas empresas. Para os empreendedores individuais o teto passou de R$ 36 mil para R$ 60 mil por ano. Dívidas tributárias poderão ser parceladas em até 60 meses (05 anos) para empresas do Simples. ciada para que, num sistema como um todo, as partes consigam sobreviver. Você tributa os contribuintes na medida da sua capacidade contributiva”. “Eles podem faturar 50% a mais, pagando o mesmo imposto. Se você fatura R$ 10 mil por mês, agora pode faturar R$ 15 mil, pagando os 4%”, completa Valdir Pietrobon, presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon), que participou da discussão das mudanças do Simples.

Fotos: Roberto Dziura Jr.

incentivar também as exportações”, explica Rissete. Mais uma novidade é que as dívidas tributárias poderão ser parceladas em até 15 anos.

Ajustes Apesar de acreditar que as mudanças tenham atingido os anseios dos empresários neste momento, Pietrobon defende que o limite de arrecadação seja atualizado com mais frequência. “Precisamos, no mínimo, a cada dois anos aumentar esse limite”, diz. Faust também concorda. “Na medida em que o País for crescendo, o perfil das empresas vai aumentando. O importante é que tenha essa sequência de incremento”, diz. De acordo com Schmitt, em vez de pedir redução de impostos, as entidades empresariais devem lutar para a simplificação com a extensão do Simples para todo o sistema produtivo brasileiro. “Se uma empresa for feliz, bem administrada, atender bem o mercado, acaba saindo do limite e cai de novo nos oito tributos diferentes. Depois de estar habituado com o Simples, como vai voltar à loucura total?”, questiona ele, sugerindo um Simples sem limite.

Entenda O que é o Simples Nacional?

“A capacidade de competição das micro e pequenas empresas é muito diferente das médias e grandes empresas”, diz Faust

O Simples Nacional é um Regime Especial Unificado de Arrecadação de Impostos e Contribuições das Microempresas (ME) e das Empresas de Pequeno Porte (EPP), criado pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 (LC 123/2006), e vigente a partir de 1º de julho de 2007. São oito tributos pagos em um único documento de arrecadação, sendo seis federais, um estadual e um municipal. Fonte: Cartilha do Comitê Gestor do Simples Nacional

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economia

Dinheiro de plástico: redução de custos para comerciantes Com o fim da exclusividade de bandeiras de cartões de crédito e credenciadoras, poder de negociação dos comerciantes aumentou e as taxas cobradas caíram

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Iris Alessi - iris@revistames.com.br

dinheiro de plástico – cartões de débito e de crédito – está nas mãos de praticamente todos os consumidores. “A tendência é o dinheiro eletrônico”, afirma o doutor e professor em finanças das Faculdades FAE, Armando Rasoto. Ele avalia que hoje é difícil ver as pessoas mu-

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nidas de dinheiro, mesmo que, muitas vezes, para a realização de pagamento de valores baixos. Por isso, a movimentação dos cartões está em curva ascendente. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões (Abecs), até setembro de 2011 o mercado de cartões (de débito, crédito e os cartões próprios de lojas) teve um crescimento de 25% sobre o

mesmo período de 2010. Para a movimentação financeira, a Abecs prevê para o acumulado de 2011 R$ 374,5 bilhões; só no crédito são R$ 189,3 bilhões e R$ 79 bilhões nos cartões de rede e de lojas. Por conta dessa exigência de mercado, as “maquininhas” estão em praticamente todos os estabelecimentos comerciais. E depois de um ano e meio do fim da exclusividade entre operadoras e bandeiras, já se tornaram mecanismos de negociação entre estabelecimentos comerciais e operadoras.

Negociação No restaurante Alegrini II Amici, a aceitação das mais importantes bandeiras de cartões pelas operadoras Cielo e Redecard abriu uma margem para a negociação do proprietário Marcelo Campos. Atualmente, apesar de ainda trabalhar com as duas cre-


Fotos: Roberto Dziura Jr.

Depois de 1 ano e meio do fim da exclusividade, estabelecimentos comerciais e operadoras ganharam mecanismos para negociar menores taxas denciadoras, Campos está utilizando apenas uma das máquinas. Isso porque ele estabeleceu a estratégia de bater uma meta de transações realizadas numa determinada máquina de cartões, o que deu a ele maior poder para negociar as taxas.

Roberto Dziura Jr.

Para ele, a competitividade das operadoras tornou-se interessante por conta da redução de custos para os comerciantes. Atualmente, Campos paga em torno de 1,7% do valor da venda no débito, quando antigamente esse valor girava em torno de 3%.

Redução Para Rasoto, a redução pode até não ser significativa, “mas qualquer redução é redução”. Diminuição de custos é também o que espera Augusto Costa, sócio do restaurante Vila Roti. Segundo ele, 80% do total dos pagamentos de clientes são feitos por transações com cartões. “A integração proporcionou uma coisa muito importante para o empresário que foi o começo da briga por taxa”, pondera Costa, que diz ter notado a primeira reação já no valor dos aluguéis das máquinas. Atualmente, o restaurante também mantém as máquinas das duas principais operadoras, apesar da integração. “Na verdade há a integração, mas tem algumas máquinas que aceitam alguns tipos específicos de coisas e a gente não deixa de ter para não deixar de oferecer vantagens ou opções para o cliente”, aponta Costa. O sócio afirma que poderia ter apenas uma das máquinas, mas ele prefere garantir, no caso de uma das máquinas falharem. Campos e as máquinas da Redecard e Cielo: opção por uma delas é estratégia de redução de custos

Costa explica que mantém as duas opções de máquinas para atender um maior número de clientes

Serviço Além da redução de custos, para o comerciante, a abertura do mercado nesse setor pode ajudar na melhoria dos serviços prestados pelas operadoras. Essa é uma tendência estimada pelo professor de finanças Rasoto, pois a escolha dos comerciantes ao contratar uma empresa poderá tam-

bém ter como critério de seleção a análise da qualidade do serviço. Apesar de ser um avanço, o Brasil ainda está muito atrás dos outros mercados. “Tanto é que muitas fontes comerciais não aceitam cartão de crédito, só cartão de débito. Isso na Europa e nos Estados Unidos não existe. Você usa qualquer cartão e ninguém te pergunta”. Segundo o professor, os custos por lá são mais baixos. Independentemente se é crédito ou débito. “A tendência com a desregulamentação é que haja mais concorrência e haja uma queda de valores de custo”, finaliza Rasoto. Menor custo para o comerciante, maior possibilidade de baixar os valores dos produtos e serviços para os consumidores. “Deverá ter alguma redução na ponta para o consumidor”, garante o professor. A Revista MÊS entrou em contato com as operadoras Cielo e Redecard, mencionadas nesta reportagem, mas não obteve retorno antes do fechamento desta edição. REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 37


tecnologia

Impressão de objetos é realidade Paranaense montou impressora 3D; especialista estima que no máximo em 10 anos a tecnologia deva estar difundida no Brasil

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Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

mprimir qualquer objeto pode parecer irreal para a maioria das pessoas. Mas para o paranaense Rodrigo Damasceno (25) isso foi possível com a impressão de um apito. E o mais instigante é que o objeto tomou forma com uma impressora 3D que ele próprio montou. No final do ano passado, Damasceno pesquisou na internet, importou os produtos e fez sua própria impressora. “A intenção é poder fabricar peças que às vezes a gente precisa rapidamente”, diz. Para isso, ele gastou cerca de R$ 3 mil.

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Desde pequeno Damasceno gosta de inventar. As criações sempre foram pensadas para facilitar seu dia a dia ou para colaborar com seu lazer. Em 2007, finalizou o curso técnico em eletrônica. Também usa sua habilidade para construir aeromodelos, algo que começou como hobby e agora se tornou seu ofício. Abriu uma loja de aeromodelismo em Maringá (PR). “A intenção é criar equipamentos que facilitem o trabalho”, comenta.

Mercado A impressão 3D já é realidade comercial há aproximadamente três décadas,

porém, ainda não foi popularizada. No Brasil, este tipo de experimento é restrito às grandes empresas, aos laboratórios e às universidades. Este é o caso da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que tem a tecnologia desde 1998. “A UTFPR foi uma das primeiras instituições no País a ter essa tecnologia. Deve ter sido a terceira ou quarta máquina a ser adquirida [no Brasil]”, afirma o engenheiro mecânico José Foggiatto, doutor na área de Fabricação (prototipagem rápida e ferramental rápido) e professor da UTFPR. Ele faz parte do laboratório de prototipagem rápida da UTFPR, que atende empresas no País todo disponibilizando o serviço de prototipagem. “O que a gente precisa é de um arquivo feito no CAD, no formato STL”, explica o professor. Os clientes mais atendidos são empresas que desenvolvem produtos e precisam ver na prática o resultado final antes de colocar no mercado. “Depois de concebido o


Antes das impressoras 3D, as empresas faziam isso a partir de moldes, mas o processo era muito mais caro e demorado. O professor estima que uma peça feita por meio do protótipo, que custa R$ 2 mil, podia chegar a

Roberto Dziura Jr.

Novos usos para a impressora O uso das impressoras 3D vai muito além do conforto pessoal e do desenvolvimento de novos produtos comerciais. Uma das áreas em que a aplicação desse tipo de serviço é promissora é a saúde. “Na área Médico-Odontológica, essa tecnologia está sendo usada progressivamente, introduzida como uma importante etapa, pois o uso de protótipos, que reproduzem com boa precisão a anatomia da região de interesse, permite melhorar bastante a visualização, facilitando o planejamento cirúrgico, diminuindo o tempo das cirurgias e minimizando as chances de erro”, afirma o professor da UTFPR, José Foggiatto, em seu artigo “O uso da prototipagem rápida na área médico-odontológica”. Para o professor, o custo se paga pelas vantagens que o protótipo oferece. Apesar de revolucionária, a tecnologia ainda é pouco difundida no Brasil. Serviço Empresas interessadas no serviço de prototipagem rápida oferecida pela UTFPR devem entrar em contato pelo e-mail prototipagem-ct@utfpr.edu.br

Arquivo pessoal

produto, modelado no computador, eles têm necessidade de ter materializado aquele projeto e a maneira mais rápida de fazer isso é com a prototipagem rápida”, diz Foggiatto.

As impressões 3D já são realidade comercial há cerca de três décadas, porém, esse serviço ainda não foi popularizado R$ 30 mil, caso fosse feita por meio do molde. Além disso, o tempo de produção é bem maior. “O tempo de uma impressão 3D normalmente é uma questão de horas. Em uma hora, peças pequenas podem ser produzidas em uma hora. Às vezes, você entra numa fila e demora um mês, um mês e meio para conseguir fabricar um molde para tirar as primeiras peças injetadas”, garante.

Funcionamento Existem diversas formas de funcionamento das impressoras a laser 3D. “Algumas que são por deposição de material. Ela vai soltando material em determinadas áreas e criando volume. Têm umas que trabalham com resina líquida e vai passando um laser que solidifica essa resina em alguns pontos. Têm outras que são por deposição de pó, tem um cabeçote que esquenta esse pó e lá onde esquenta a partícula se funde e gera um produto. E tem um processo de CNC, que é a retirada de material. Retira tudo aquilo que é excesso”, explica Henrique Serbena, mestrando em Design pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). A impressora que Damasceno criou é a mais simples e comum no mercado, a de deposição de material. “Imagine uma maçã, você vai fatiar em várias camadas e a máquina vai montando a maçã com todas essas camadas”, compara. Segundo ele, o produto final da impressão vai depender da qualidade da impressora. “Essa minha impressora tem um acabamento baixo, você consegue enxergar as camadas. A parte externa da peça fica cheia de ondas por causa da camada que foi depositada”, exemplifica.

Rodrigo Damasceno montou sua impressora 3D e o primeiro objeto que imprimiu foi um apito

Futuro Apesar de o resultado de uma impressora 3D caseira ainda não ser perfeito, é uma mostra que a iniciativa deve se difundir no futuro. “A ideia é todo mundo ter uma impressora 3D em casa. Uma possibilidade seria você baixar da internet uma caixa de Lego em arquivos e imprimir as peças do Lego em casa. A partir do momento que essa tecnologia se popularizar você vai poder fazer esse tipo de coisa. É uma questão de tempo e de baratear o insumo e a tecnologia”, assegura o professor Foggiatto. O tempo estimado é de cinco a dez anos para a tecnologia estar mais difundida. Damasceno também acredita nisso. “É o futuro do mercado. Agora está ficando mais viável. Aqui no Brasil ainda é algo absurdo, que parece que não vai chegar. Mas lá fora tem muita gente que já tem em casa”. Para o professor, esse aumento da tecnologia indica avanços numa área antes deficiente no Brasil. “Eu fiz há cinco anos trás uma pesquisa onde eu detectei que o nosso País em relação aos Estados Unidos tinha apenas 1% de máquinas de prototipagem rápida que eles tinham [4.578 nos EUA e 45 no Brasil]. Em termos de avanço tecnológico, isso significa dizer que eles têm condições de desenvolver produtos muito mais rápido que a gente”, diz. REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 39


tecnologia

Dispositivo móvel à procura do imóvel ideal Curitibanos ganham novo aliado na procura de um lugar para alugar ou comprar; foram lançados aplicativos para tablets e smartphones Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

É

nesta época do ano, entre janeiro e fevereiro, que se verifica o pico na procura de imóveis na cidade. Mas procurar imóveis, seja para alugar ou comprar, não foi mais da mesma forma com o advento da internet. Na década passada, as empresas do setor se modernizaram e apresentaram ferramentas que facilitaram a vida dos clientes. A novidade, agora, mora nos celulares

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e tablets. Entre o fim do mês passado e nos próximos meses, os curitibanos e moradores da Região Metropolitana passam a ter a possibilidade de buscar imóveis pelo smartphone e tablet. Aplicativos próprios e avançados chegaram às novas tecnologias. Dois dos maiores anunciantes de imóveis na internet, em Curitiba, já estão lançando esses avanços. A Rede Imóveis, uma associação de 12 imobiliárias, foi a primeira a disponibili-

zar imóveis na internet e já embarcou na era digital. “Estamos desenvolvendo as três plataformas que mais se usa [iphone, android e windows mobile]”, comenta Luciane Nardelli, presidente da Rede Imóveis. O conteúdo também deverá, em breve, entrar em funcionamento para os tablets. O usuário poderá localizar os imóveis por estes dispositivos e também localizar mapas e visualizar fotos dos imóveis. “O cliente está mais


Tatiane Salvático procurou sua nova casa por meio da internet e aprendeu com a experiência

Também nessa onda tecnológica está o Imóveis Curitiba, há 11 anos no mercado, com 16,5 mil visitas por dia no portal e mais de 30 mil imóveis à disposição. “Proprietários de imóveis reconhecem que a internet é a ferramenta mais rápida, mais fácil, mais acessível”, afirma Antonio Gutierrez, diretor do Imóveis Curitiba.

Roberto Dziura Jr.

O portal agora está no celular com o aplicativo SmartMobile. Assim, o usuário poderá acessar as informações do imóvel e ver as fotos, tudo de forma remota. Outro dispositivo possível, com este aplicativo, é localizar imóveis ao seu redor ao acionar o GPS do seu celular. Também no primeiro semestre será lançada a plataforma para tablets. O Imóveis Curitiba estima, para este ano, um crescimento de 33% no faturamento. “Acreditamos neste índice em função do próprio aquecimento do mercado imobiliário e também por ações como o lançamento do SmartMobile, que agrega valor à marca Imóveis Curitiba e contribui para a prospecção de novos clientes e mercados”, diz Gutierrez. Os horários de maior acesso nesses sites de imóveis, segundo os profissionais do setor, são de segunda a sexta em horário de almoço e depois das 18h30. E o tempo médio de per-

manência no site é de 16 minutos em busca do imóvel desejado.

do imóvel certa privacidade”, completa Gutierrez.

Mas “ainda existe muito a cultura do caderno de domingo [do jornal]”, garante a presidente da Rede Imóveis. Segundo ela, a participação dos classificados ainda é muito alta, represen-

Foi o caso da jornalista Tatiane Salvático (26) que se mudou há seis meses para Curitiba e conheceu seu novo apartamento pela internet. Ela ficou duas semanas procurando só pela internet. O próximo passo foi entrar em contato com as imobiliárias, foi quando percebeu que “muita coisa que tinha visto, já estava locado ou não era exatamente o que eu via pela internet. As fotos enganavam. Às vezes, parecia que era mais novo, chegava lá e estava estragado”, afirma Tatiane.

Os horários de maior acesso nos sites de imóveis são de segunda a sexta, no almoço e depois das 18h30 ta 40% do total, seguido pelas placas (20%), internet (20%) e, outros, como revista, indicação, porteiro e panfletagem (20%). Mas diferentemente dos outros meios,“a internet é sempre usada”, diz Luciane, pois tem maior facilidade de acesso e serve como base para as outras formas de busca. Mais um diferencial é que “a internet ainda dá para o consumidor

Linha do tempo Com ajuda da tecnologia, a busca por imóveis mudou nos últimos anos. Veja as transformações: 1990 - 2000 Jornal

Placas Porteiros

2000 - 2011 Jornal

Placas Porteiros Internet

Roberto Dziura Jr.

exigente no sentido da qualidade da informação. Ele compara [mais]”, observa Luciane.

Após 2011 Jornal

Placas Porteiros Internet Smartphones Tablets

Ela aprendeu com a experiência que “quanto menos eles [imóveis] tiverem com descrição no imóvel é mais fácil de entrar em roubada [...] E o mais importante são as fotos, é o que mais dá para ter noção”. Atualmente, “mais de 80% das pessoas que compram imóveis utilizam a internet como fonte de pesquisa e comparação entre as diferentes oportunidades. A internet nunca será uma ferramenta para compra de imóveis, mas ela serve para divulgação. Nesse sentido, as diferentes ferramentas virtuais são importantes componentes das estratégias das empresas”, conclui o estudioso deste mercado, Fábio Tadeu Araújo, economista e diretor da Bureau de Inteligência Corporativa (Brain). REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 41


internacional

Estados Unidos da Europa Com a crise da zona do euro, a criação de um Estado único seria a solução apontada como ideal por um dos maiores estudiosos brasileiros em macroeconomia Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

A

crise econômica pela qual a Europa passa atualmente acrescenta um novo e ainda incerto capítulo na História. Quase completando 20 anos da unificação monetária da União Europeia, os europeus não têm muito a comemorar. Os problemas econômicos são graves, já que muitos países endividaram-se e penam, hoje, com as altas taxas de juros, crescimento no desemprego e desaceleração dos investimentos do setor privado. 42 | REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012

“Boa parte dessa crise advém do fato de que os países que aderiram à união monetária europeia não dispõem mais de um banco central como emprestador de última instância”, analisa o doutor e professor da Universidade de Brasília (DF), José Luis da Costa Oreiro, que esteve em Curitiba (PR) no mês passado participando de um evento. Estão circulando alguns motivos para justificar a crise, mas segundo Oreiro, eles não passam de mitos. Um deles sustenta que a crise do euro deve-se à irresponsabilidade fiscal dos países

europeus que mantém elevado estado de bem-estar social e altos gastos em pagamentos a desempregados. Isso seria uma dinâmica insustável para os países, causando um estado de desconfiança dos investidores. No entanto, para Oreiro, “essa explicação é terminantemente falsa”. “Se a gente considerar indicadores fiscais, a Itália e a Espanha têm melhores ou pelo menos iguais aos do Reino Unido, Estados Unidos e Japão. No entanto, as taxas de juros são significativamente mais altas”, explica Oreiro.


A diferença é que esses países (Japão, EUA e Reino Unido) têm condições de promover esse cenário, porque eles têm suas próprias moedas e os bancos centrais podem atuar como emprestador de última instância, “já a Itália e a Espanha, ainda mantêm seus bancos centrais, só que eles não emitem moeda. Só quem emite moeda é o banco central europeu e eles estão proibidos por lei de salvar ou financiar os tesouros nacionais dos países que compõem a União Europeia”.

Knud Nielsen

A situação é mais complicada nos países chamados PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha). Essas nações estimularam a economia com políticas públicas, mas o setor produtivo privado se retraiu, com grande endividamento; assim como os gastos das famílias também tiveram redução. Ainda não incentivaram a exportação, como fez acertadamente a Alemanha e também aumentaram o valor do trabalho. “A crise hoje não tem sua origem no setor público, tem sua origem fundamentalmente no endividamento do setor privado na Europa. Isso que torna a resposta à crise fraca, com pouca eficácia”, comenta o professor.

Situação crítica Este ano, o mercado deve continuar a observar os movimentos e as políticas econômicas tomadas pelos países em crise. “Nos próximos períodos, o estopim pode acontecer”, afirma Luciano D´Agostini, doutor em Desenvolvimento Econômico (UFPR). Segundo ele, o euro tende a ter uma depreciação grande e deve chegar a valer R$ 2,10 no final deste ano. “Em algum momento, o custo político será tão Oreiro acredita que a solução ideal seria a criação de uma unidade política, além da econômica, já imposta aos países da União Europeia

A única instituição que poderia regular a crise seria o emprestador de última instância, que são os bancos centrais de cada país grande que alguns países devem pedir a retirada da zona do euro”, diz Oreiro. Uma das saídas mais fáceis seria a recuperação via exportação. Aumentar o envio de produtos europeus para outros mercados. No entanto, Oreiro diz que a impossibilidade dessa medida está no chamado “defeito genético do euro”. “O euro é provavelmente o único caso da História da humanidade de uma unificação monetária que antecedeu a uma unificação política. E aí nós temos um problema, a moeda que existe não tem valor intrínseco, o valor vem da confiança que os agentes têm no emissor, no caso o Estado. É o Estado que obriga as pessoas a aceitar papel moeda. Por que as pessoas aceitam? Por uma razão muito simples, porque os impostos que tem que pagar são na moeda que ele mesmo emite. Então, o valor da moeda está relacionado à confiança que se tem do poder do Estado de cobrar

impostos. Qual o defeito genético do euro? É que não existem os Estados Unidos da Europa. A política fiscal comum é ridiculamente baixa”, ressalta Oreiro. Além disso, a Alemanha (que conseguiu se recuperar e crescer) está repetindo o mesmo que a Inglaterra e a França fizeram com ela na Primeira Guerra Mundial, sufocando a economia de outros países que são seus clientes. Um tiro no pé. E esta realidade de guerra, infelizmente, não está descartada. Na Itália, já se escuta entre os industriais rumores de guerra civil contra a Alemanha.

Economia real Hoje, a única instituição que poderia regular a crise seria o emprestador de última instância, que são os bancos centrais de cada país. No caso europeu, o banco central da zona do euro não pode ajudar nas questões políticas, faltando eficácia nas medidas econômicas tomadas. Assim, os investimentos caem, há uma grave desconfiança do mercado especulativo e a crise financeira pode aprofundar-se na economia real, atingindo ainda mais outros países. Daiane Souza

Bancos Centrais

“A solução para essa crise seria a criação dos Estados Unidos da Europa”, propõe Oreiro. “Precisaria avançar no processo de unificação política da Europa e isso libertaria o banco central do defeito genético do euro, permitindo uma política monetária flexível”. Para ele, o velho continente, provavelmente, seja a única região do mundo que reúna as condições econômicas e políticas necessárias para um projeto de tal envergadura. “E se assim fizer, a Europa poderá ocupar o lugar a qual lhe pertence, que é o lugar de ser a luz do mundo”. Solução ideal. Mas longe da real, já que a Europa também sofre hoje por não ter grandes lideranças políticas e pouca disponibilidade em se unir dessa forma. REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 43


comportamento

Rotina da descontração

O happy hour pode ser um momento de desligar-se, durante a semana, da rotina de trabalho e ainda aproveitar o horário de verão

U

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

m encontro semanal de amigas. É essa a “rotina” que a agente de turismo Kátia Grando (47) procura ter após o trabalho, pelo menos uma vez por semana. Os motivos que as levam a programarem um happy hour são os mais variados: descontrair, aliviar o estresse da semana e deixar a rotina mais agradável. Sugestão ideal para esse início de ano. Kátia e as amigas preferem os dias mais próximos ao final de semana, como as quintas e sextas-feiras, pois nesses dias, elas podem degustar e aproveitar mais.

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Esses dias também proporcionam às amigas poderem contar o que cada uma viu e viveu durante a semana ou nas férias. Os encontros duram cerca de uma hora e meia a duas “no máximo”, já que todas sempre têm alguma coisa para fazer depois.

mento seu, com as suas amigas”. Para Raquel, esse momento quebra a rotina do trabalho. “Vem um gás novo”, completa Kátia que se sente renovada depois dessa pausa na semana.

“Hoje em dia, a vida da gente é muito atribulada. O trânsito sempre é um estresse grande. E mesmo no próprio trabalho, cada dia você procura fazer mais coisas, agregar mais ao teu trabalho e isso precisa ter um escapezinho”, avalia Kátia.

O psicólogo e especialista em Psicologia do Trabalho, Aristeu Mazuroski, acha que essa pausa de descontração é importante para as pessoas. “Eu vejo que o happy hour vem junto com a cultura do horário do trabalho. Então, do mesmo jeito que você tem as pessoas disciplinadas para o horário de trabalho, você acaba criando também uma disciplina para o horário de relaxamento”, avalia.

A amiga de Kátia, Raquel Lopes (24), ressalta que é importante ter um “mo-

Trabalho


Muitas vezes, o happy hour é realizado, também, por colegas de trabalho, nesse caso, o psicólogo avalia ser importante não levar os assuntos de trabalho para esse momento, pois ele acaba deixando de ser um momento de descontração e de descanso. Mazuroski avalia que os encontros com os amigos também são relevantes, pois se torna “uma maneira de você estreitar vínculos de amizade”.

Curitiba

“Em cidades como Curitiba, é mais importante ainda o horário de verão, esse período estendido de sol”, pondera o psicólogo. Durante o horário de verão, ele nota como as pessoas

Petisco Para o proprietário da cervejaria Devassa, Gustavo Costa, a cultura do happy hour ainda não está muito enraizada. Os empresários do setor estão tentando criar essa cultura nos curiti-

Com a chegada do horário de verão o happy hour parece ganhar mais vida banos para que eles saiam diretamente do trabalho e aproveitem mais o horário de verão e entrem noite adentro. Não basta apenas ter sol para atrair as pessoas saindo do trabalho para o happy hour. Os clientes também procuram ambientes agradáveis, com alguns petiscos gostosos. Kátia vai além. Para ela é preciso que o local tenha um es-

paço para estacionar e que tenha acesso fácil. “Que seja um ambiente agradável, que a gente possa sentar, rir e conversar”, enfatiza Kátia. Além do ambiente, para atrair mais clientes no horário de happy hour, os proprietários dos bares costumam oferecer petiscos e bebidas em dobro ou com desconto para os clientes que chegam mais cedo aos bares. De acordo com Costa, no cardápio da cervejaria, os petiscos que mais saem nesse horário ganham 50% de desconto. “Todos os dias das 17h até as 20h, que é o que a gente determina como horário de happy hour”, explica. Como as pessoas preferem mais os dias próximos ao final de semana, as casas também procuram incentivar a presença do público no começo da semana. No caso da cervejaria de Campos, às segundas-feiras o cliente tem double de chope a noite toda e não apenas no “horário” do happy hour. Roberto Dziura Jr.

Divulgação

Com o horário de verão, o happy hour parece ganhar mais vida e, em janeiro, o clima parece ser mais leve na rotina. Raquel acredita que com esse tempo a mais de sol, ou de claridade, dá mais vontade de sair.

em Curitiba ficam até mais tarde nas ruas e, principalmente, nos bares.

Kátia, Raquel e mais uma amiga, aproveitando os momentos de happy hour

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agricultura

Grãos que valem “ouro” O agronegócio paranaense representa 33% do PIB do Estado; o campo ainda é a maior riqueza do Paraná

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Iris Alessi - iris@revistames.com.br

ove por cento do Produto Interno Bruto (PIB) paranaense vem da agricultura. Esse número aumenta, e muito, quando a cadeia do agronegócio é considerada, vale um terço de toda a riqueza gerada no Estado. Em 2010, os números paranaenses, segundo o Ipardes e o IBGE, foram maiores que a média nacional, em

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que essa cadeia produtiva representou 25% de participação. Para o presidente da Cooperativa Bom Jesus, membro do Conselho da Ocepar e representante nacional do Ramo Agropecuário da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Luiz Roberto Baggio, a agricultura também

“O desempenho do setor tem sido determinante nos resultados da economia nacional”, avalia Adriana Ferreira da Silva

tem o poder de agregar valor. É o efeito multiplicador de renda que o setor promove. “Nós entendemos que a agricultura/agronegócio tem condição de fazer essa multiplicação de renda melhor do que os demais setores”, explica Baggio. O presidente da cooperativa cita Mário Henrique Simonsen que teoriza que para cada R$ 1 investido na agricultura há um efeito multiplicador de renda de R$ 2,70.

Influência Além da multiplicação de renda, outro fator relevante é o início de um “processo de crescimento no interior


Jonas Oliveira / AENotícias

Roberto Dziura Jr.

do estado” e não de concentração nas capitais. Levando em consideração os números paranaenses, é possível afirmar que por aqui existe uma distribuição “mais homogênea do que concentrada, mesmo que Curitiba e a Região Metropolitana tenham um PIB maior, você tem uma riqueza no interior do estado, uma renda mais distribuída no interior do estado”, avalia Baggio. Além da inclusão social citada por Baggio, o PIB do agronegócio tem forte influência no PIB geral, seja o paranaense ou o nacional. “Embora a tendência dos últimos anos tenha sido de queda de participação do setor, o desempenho do setor tem sido determinante nos resultados da economia nacional, em especial, em relação às vendas no mercado externo, contribuindo, de forma positiva, no saldo da balança comercial”, analisa Adriana Ferreira Silva, doutora em Economia Aplicada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/ USP) e pesquisadora da área de macroeconomia do Cepea/Esalq/USP. De acordo com Baggio, essa participação é tão relevante, apesar de não ser proporcional, que no terceiro trimestre de 2011 o PIB brasileiro não teve crescimento, enquanto o da agricultura teve alta de 3,2%. “O que suportou o PIB do último trimestre foi o PIB Agrícola. A economia parou no último trimestre se não fosse a compensação da agropecuária [poderia ter sido negativo], mas isso não é um episódio desse ano, isso é um episódio de todos os anos”, afirma.

Proporção Para a doutora Adriana, isso se dá porque todos os setores estão interligados. “A força com que isso vai se relacionar, se um vai puxar o outro, depende muito do contexto, depende muito do cenário de crise que a gente está. Mas é claro que, dado que o agronegócio é um setor primário,

Para Baggio, a distribuição de renda do agronegócio no Paraná é mais homogênea que em outros estados

realmente, tem um impacto nos demais”, esclarece.

Transferência de renda Além de falar da importância e do impacto do PIB do agronegócio, a pesquisadora também destaca a transferência de renda que o setor produz para outros setores da economia. De acordo com Adriana, esse conceito de transferência é entendido como a perda ou o ganho

de renda resultante de alterações nos preços relativos e na produção. Entre 1996 e 2010, “o produto do agronegócio cresceu com preços reais decrescentes”. E nesse período, segundo a pesquisadora, o setor transferiu R$ 1 trilhão para a sociedade. Para Baggio, essa relação se dá especialmente no Paraná, onde a participação da agricultura no PIB geral é ainda maior que em todo o País. REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 47


Roberto Dziura Jr.

meio ambiente

Metal precioso Mercado da reciclagem de latas de alumínio é disputado por diversos setores; alta lucratividade é que regula a atividade Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

O

setor da reciclagem de latas de alumínio de bebidas no Brasil é tão valorizado, que fica até difícil acompanhar a cadeia produtiva desse resíduo. A disputa acirrada pelo material fez o Brasil se manter pelo décimo ano consecutivo como o país com maior índice de reciclagem. Em 2010, 97,6% das latas vendidas foram recicladas, segundo informações da Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas). Isso significa dizer que das 245 mil toneladas vendidas em 2010; 239,1 mil foram coletadas. Chegar à totalidade é uma missão quase impossível, considera o diretor-executivo da Abralatas, Renault Castro. “Acho difícil, porque esse resíduo que tem aí de 4% e 3% é coisa de material que se destina ao artesanato e atividades de fundições não declaradas, não contabilizadas, perdas de latas que caem em um bueiro... Nós estamos trabalhando nesse limite, que é considerado um limite técnico. Para nós, isso é praticamente 100%”, declara. O mercado, que não é regulado por legislação específica, é desenvolvido por catadores, ferros-velhos, intermediários, donos de restaurantes, empresas de reciclagem e até mesmo

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Presidente da Associação Vida Nova, Simone Renata Lisboa; coleta 1 ton. de latas de alumínio

pessoas comuns, que fazem da coleta de latas uma forma de conseguir uma grana extra. Dados das associações estimam que para realizar toda essa coleta seja necessário o trabalho de 251 mil pessoas. “Se fosse uma empresa, a ‘Coleta SA’ estaria entre as 700 maiores do

Brasil (Melhores e Maiores Exame 2011)”, afirma o relatório. Apesar de não conseguir mensurar, as entidades estimam que a reciclagem de latas de alumínio tenha movimentado cerca de R$ 1,8 bilhão na economia, só em 2010. Renda esta compartilhada por muitos. Cerca de


40% da coleta fica com os intermediários pequenos e médios, 36% para os intermediários grandes, 13% com os condomínios, 7% em associações, cooperativas e ONGs e 4% outros. A disputa é tão acirrada, que o ciclo completo da reciclagem da lata de alumínio passou de 45 dias, nos anos 1990, para 30 dias, atualmente. Segundo a catadora Marilza de Lima, participante do Instituto Lixo e Cidadania, as latas não são fáceis de serem recolhidas. “Todo mundo quer”, garante ela, que já fez coletas em grandes festas, mas hoje o recolhimento se resume a alguns restaurantes e condomínios. Marilza contabiliza que por mês, os cerca de 60 catadores da cooperativa Catamares recolham apenas cerca de 500 kg. Já no centro de coleta Vida Nova, que faz parte do Ecocidadão (programa da Prefeitura de Curitiba), cerca de uma tonelada de latas de alumínio são coletadas, afirma Simone Renata Lisboa, presidente da entidade.

Vantagens Para o diretor-executivo da Abralatas, o alto índice de reciclagem no País se deve a dois fatores. O primeiro deles é o alto custo para a produção do alumínio primário. “Há uma crise na produção de alumínio, não de falta de produto, mas houve uma redução de investimentos na produção de alumínio primário. Então, a reciclagem se torna cada dia mais uma fonte de abastecimento importante. O preço da energia elétrica é muito elevado no Brasil, então os produtores reduziram seu investimento por falta de competitividade”, afirma Castro.

tativa de quantas toneladas sejam recolhidas na capital paranaense. O que se sabe é que a grande maioria das latinhas é encaminhada para o estado de São Paulo, que reúne a maioria das empresas de reciclagem do setor no País. A única empresa de reciclagem do Paraná é a GSM, de São José dos Pinhais (PR), que se negou a passar

Curiosidade Índice de reciclagem de latas de alumínio no mundo Ano

2000 2010

Brasil

77,7% 97,6%

Japão

80,6% 92,6%

Argentina

50,0% 91,3%

Média Europa

43,0% 64,3%

EUA

62,1% 58,1% Divulgação / Abralatas

De acordo com a Associação Brasileira dos Recicladores (Recibrás), com sede em Curitiba, não há expec-

informações em relação à quantidade de processamento.

Em 2010, 97,6% das latas vendidas foram recicladas no Brasil, que é líder pelo 10º ano consecutivo

Para Castro, a reciclagem se torna cada dia mais uma fonte de abastecimento importante

Já o segundo diz respeito ao grande valor agregado que o material tem. “O alumínio tem um valor de mercado muito alto em relação aos outros produtos”, garante o diretor. Segundo ele, a logística reversa do material foi criada pela lógica de mercado. “Quando isso foi percebido [o alto valor do alumínio] o processo de logística reversa foi se tornando autônomo. Aos poucos isso foi se propagando pela economia, pela sociedade e trouxe como maior benefício à automaticidade desse processo e a conscientização da população de que existia uma possibilidade de ganhar dinheiro com lixo”, explica. Por conta das vantagens econômicas, o meio ambiente saiu ganhando com esse efetivo ciclo de reutilização. Além de diminuir a quantidade de minério de alumínio primário extraído, a lata reciclada emite apenas 5% de gás de efeito estufa, se comparado ao primário, segundo dados do International Aluminium Institute (IAI), confirmados pela Abal. Portanto, a reciclagem gera 3.683 gigawatt/hora de economia por ano, ou seja, 0,8% do total consumido e equivalente ao consumido anualmente pelas residências do estado de Pernambuco, por exemplo. REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 49


turismo

Montevidéu, contada tijolo por tijolo A capital uruguaia é uma excelente opção para quem gosta de história e de belas estruturas arquitetônicas; também é possível apreciar uma das melhores carnes do mundo

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Iris Alessi - iris@revistames.com.br

capital do Uruguai, Montevidéu, apresenta ao turista uma harmoniosa mistura entre o moderno e o antigo. A paisagem arquitetônica mescla grande quantidade de prédios históricos com outros tantos contemporâneos. Montevidéu abriga 1,8 milhões de pessoas, o que representa pouco mais da metade de toda a população uruguaia. Ao caminhar por algumas ruas da cidade, principalmente pelos bairros próximos ao centro da capital, a sensação é de estar em algumas cidades europeias, já que muitas casas não têm jardins e suas portas dão direto nas calçadas. É entre o centro e a Ciudad Vieja que estão algumas das principais atrações turísticas de Montevidéu. A ‘Plaza Independencia’ (Praça da Independência) é um ótimo começo para quem quer conhecer a cidade. O local é uma espécie de memorial à independência do país e abriga uma gigantesca estátua de José Gervasio Artigas, herói da liberdade uruguaia. Também na praça está o antigo portão da cidade. O portão foi o que sobrou de todo o muro que protegia Montevidéu nos tempos de colônia. Antes de sua fundação (dezembro de 1726), a cidade

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era alvo de disputas entre portugueses e espanhóis que almejavam a conquista da América pelo Rio da Prata.

É entre o centro e a Ciudad Vieja que estão algumas das principais atrações turísticas de Montevidéu A cidade sempre foi um importante referencial portuário e, durante o século XVIII, recebeu uma grande base naval criada pelo governo espanhol para guardar a soberania espanhola na Região do Rio da Prata. O portão é mais um monumento que conta parte da história da capital uruguaia para seus visitantes, mas que em meio à soberania da estátua de Artigas pode passar despercebido para os turistas.

Arquitetura Se o Portão pode, muitas vezes, não ser notado, o que não deve deixar de ser visto é o Palácio Salvo, localizado entre a Plaza Independencia e a Avenida 18 de Julio. O Palácio, que tem 105 metros de altura e 27 pavimentos, já foi o maior edifício da América do Sul entre o ano de sua inauguração (1928) até 1935. A arquitetura desenhada pelo italiano Mario Palanti é impressionante e, mesmo não sendo mais o maior edifício da América do Sul, mostra a sua imponência aos que visitam Montevidéu. No hall do prédio é possível conferir um pouco da história da construção do Palácio, mas infelizmente a visita interna ao edifício fica apenas por aí, já que não é possível ter acesso aos demais andares.


Carlos Iadak

Para conhecer o interior do Teatro, o turista pode optar por uma visita guiada em espanhol, português ou ainda em inglês (valores variam de 20 pesos uruguaios para visitas em espanhol e 40 em português e inglês). Na visita é possível conhecer muito mais dessa majestosa obra do século XIX. Ainda no Solís há diversas apresentações a preços populares e também gratuitas. Basta consultar o programa de apresentações no local.

Iris Alessi

Caminhando pela região da Plaza Independencia também encontramos o Teatro Solís. Outro imponente monumento arquitetônico, esse ainda mais antigo que o Palácio Salvo. O Teatro, inaugurado em 1856, leva o nome do primeiro navegador a comandar uma expedição pelo Rio da Prata, Juan Días de Solís. Localizado na Ciudad Vieja, Solís tem uma fachada similar ao Teatro Carlos Felice em Gênova e a sala principal semelhante ao Teatro alla Scala, em Milão. Teatro Solís inaugurado em 1856 tem referências de monumentos de Gênova e Milão, na Itália

guns restaurantes e barzinhos. Mas caso o turista queira apreciar o que tem de melhor na culinária uruguaia uma boa pedida é seguir a caminhada pela Rua Sarandí por mais seis quadras e, virando à direita, ao final da Rua Perez Castellano estará o Mercado do Porto.

Depois da caminhada pela Plaza Independencia e a visita ao Teatro Solís, uma boa pedida é ir conhecer a Rua Sarandí. A duas quadras da Plaza Independencia, fica a Plaza Constituicion que aos sábados abriga uma feira de artesanato, na qual é possível comprar lembranças da cidade e artigos antigos. Na Praça também se localiza a Catedral Metropolitana, o primeiro edifício católico da cidade erguido no século XVII.

Neste local, há diversos restaurantes que servem as tradicionais Parrilladas, que são carnes grelhadas, em diversos tipos de corte. Não dá pra viajar para o Uruguai sem experimentar os seus pratos típicos. Para quem gosta de fazer turismo gastronômico, outra opção é o Bairro Pocitos, onde há diversos restaurantes. Não deixe de experimentar o Assado de Tira e também o Lomo, que se assemelha ao nosso mignon em maciez. Quem não gosta de carne mal passada precisa ficar atento, pois o “ao ponto” uruguaio é parecido com o nosso mal passado.

Boa pedida

Parques e Futebol

A Praça, marco zero da cidade, é um ótimo ponto de parada, pois há al-

Além de aproveitar a gastronomia uruguaia, aos domingos, o turista Iris Alessi

O palco da final da primeira Copa do Mundo de Futebol também é uma das atrações turísticas da cidade

pode conhecer a Feira Tristan de Narvaja. Uma feira excêntrica que é realizada aos domingos a partir das 9h, onde é possível encontrar todo tipo de produto, desde animais vivos – das mais diversificadas espécies –, passando por alimentos, até ferramentas. É um divertido passeio, e o ponto alto é próximo ao meio dia, quando os feirantes começam a fazer suas ofertas. Para quem quer um passeio mais tradicional, um pouco mais afastado do centro da Capital está o Rosedal, que tem uma história bem interessante. Foi um presente de um homem apaixonado por sua esposa, mas como o presente não agradou a amada, ele acabou doando a obra para a prefeitura da cidade que hoje cuida do espaço. O Rosedal fica no bairro Padro e na mesma região ainda há três outras atrações turísticas: O Jardim Botânico, O Museu Blanes e o Jardim Japonês. Já para os amantes do futebol, Montevidéu tem uma atração que não pode deixar de ser visitada: o Estádio Centenário, palco da final da primeira Copa do Mundo de Futebol. O Estádio é aberto para visitação quando não há jogos. Para conhecer o Centenário, o turista precisa desembolsar 50 pesos. Depois de entrar, é possível ficar à vontade nas arquibancadas do estádio e sentir um pouco da sensação de estar num dos mais importantes estádios do mundo. REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 51


esporte

Sonho de um craque

Futebol é a paixão da maioria dos meninos de até 10 anos de idade; mas, nesta fase da vida, os pais precisam estar atentos quanto à expectativa e à alimentação dos filhos Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

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huteiras coloridas, muita bola no pé e um ar de diversão. A bagunça foi generalizada num dia de treino de meninos de 05 a 09 anos de idade no Centro de Treinamento do Atlético (CT do Caju), na Região Metropolitana de Curitiba (PR). Meninos que desde muito pequenos já são incentivados a jogar, a assistir, a entender e a amar o esporte. Uma forte raiz cultural, um mercado de promoção bilionário e o apoio ao esporte de base são alguns dos elementos que fazem do futebol um esporte de massa vitorioso.

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Se outros esportes não têm disseminação e estrutura necessárias, o futebol tem de sobra. É muito comum ver escolinhas bem equipadas, cheias de crianças, campos de várzea em bairros ricos e pobres, quase sempre com meninos embalados pelo sonho de um dia se tornar um Neymar, um Messi, um Ronaldo, um Pelé, quem sabe?! “Quero levar como profissão”, foi o que disse o pequeno jogador Thomaz Henrique Sabino Stanislauki (09). Essa também é a vontade de Carlos Eduardo Hamilko (09): “quero seguir como carreira”. Influência do sangue, Cadu, como é conhecido, tem. Talento, dizem os treinadores, também. Este último é filho do ex-jogador da

seleção brasileira Roberto Carlos. Seu primeiro presente foi uma bola.

Habilidades Driblar bem, ter visão de campo, analisar taticamente o jogo, chutar forte e de forma precisa são importantes fatores, mas não exatamente genéticos, e talvez por isso, a expectativa familiar é sempre muito perigosa na formação de uma criança. “Para todo pai, o filho é craque”, afirma Raphael Biazzetto, coordenador da Escola Furacão. No entanto, ele alerta que a criança, assim como os pais, muitas vezes, não tem ideia de que caminho seguir e do tamanho da habilidade do filho nesta fase da vida.


O menor daquela turma parece ter aprendido essa lição. “O importante é se divertir”, diz João Pedro Oliveira Besil, que tem apenas 06 anos de idade e quer ser goleiro. Assim, ao aconselhar seu filho em que esporte praticar é preciso deixar que isso seja uma atividade prazerosa e ensinar alguns conceitos como: união, disciplina e respeito pelo adversário. “Junto com o futebol, [precisa] auxiliar na formação da criança”, aponta Bizetto.

Alimentação Além da atividade física, as crianças precisam ter uma boa alimentação

Futebol

As crianças precisam ter boa alimentação para que o esporte não prejudique seu desenvolvimento para que o esporte não prejudique seu desenvolvimento. De acordo com a nutricionista do Atlético, Cristiane Carvalho, a mesa de um pequeno atleta precisa ter cerca de 60% de carboidratos (pães, massas, arroz), em torno de 20% de proteínas (leite, queijo, carne) e mais 20% de vitaminas e sais minerais (frutas e verduras), completando a nutrição. O cardápio de um atleta infantil precisa estar pobre em gordura e rico em carboidratos e em vitaminas e sais minerais. “É uma necessidade para quem quer ser atleta comer esses alimentos [frutas e verduras]”, analisa Cristiane. E como é difícil, muitas vezes, introduzir esses alimentos no dia a dia das crianças! Por isso, a nutricionista dá a dica de mascarar alguns alimentos para introduzi-los de forma gradativa e saudável. “Pode ser

uma lasanha de berinjela ou um bolo de carne com abobrinha”. Também não precisa radicalizar. Segundo Cristiane, não tem que tirar tudo, mas moderar na ingestão de alimentos não saudáveis, como bolachas, chocolates, refrigerantes e salgadinhos industrializados. Outro detalhe importante para seu filho que pratica regularmente o futebol é mantê-lo bem hidratado. “Quando a gente perde de 1 a 2% de água do organismo, já pode dar dor de cabeça, cansaço e sonolência”, salienta a nutricionista. A ingestão pode ser água, sucos ou chás. A alimentação adequada servirá para dar “combustível” ao exercício e oferecer às crianças energia extra para o crescimento e o desenvolvimento, já que elas perdem, em média, de 3.000 a 5.000 calorias por dia. “Se falta nutriente, isso atrapalha no desenvolvimento ósseo, muscular”, argumenta Cristiane. Todos esses cuidados são necessários para que seu filho seja um campeão, dentro e fora do campo.

Meninos que sonham em ser craque e já treinam em busca desse objetivo Fotos: Roberta Amaral Sprenger

Gustavo Zielonka Vieira Rodrigues

Por isso, o coordenador orienta que o mais importante são “as lembranças que esses meninos vão ter para o resto da vida, independentemente de ser jogador [profissional] ou não. Então, a gente tenta sempre mostrar isso: aproveitem esse momento. Deixa lá para frente para decidir se vai ser jogador [...] Deixa o menino ser feliz, deixa ele ser tranquilo”, afirma Biazzetto, que coordena a escola de futebol com mais de sete mil alunos.

Caetano Chemin (09) - Lateral

Seu ídolo: Messi (Barcelona)

João Pedro Oliveira Besil (06) - Goleiro

Seu ídolo: Marcinho (Atlético-PR)

Thomaz Henrique S. Stanislauki (09) - Meio-campo

Seu ídolo: Neymar (Santos)

Vinícius Luis (09) - Ala esquerda

Seus ídolos: Paulo Bayer e Guerrón (Atlético-PR) REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 53


Roberto Dziura Jr.

automóvel

O Off Road urbano Recém-lançado no Brasil, o Range Rover Evoque surpreende, aliando as características de um “fora de estrada”, com design avançado Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

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ais de 60 anos depois do lançamento de seu primeiro carro, a marca Land Rover volta a surpreender. O recém-lançado Range Rover Evoque é um off road (ou fora de estrada) urbano. Moderno e com design inconfundível, chama a atenção por onde passa. Durante o test drive realizado pela equipe da Revista MÊS, foi possível perceber os olhares de admiração, principalmente

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os masculinos, pelas ruas em que o automóvel transitava.

Com pouco mais de 1,60m de altura e 2,1m de largura o carro é imponente, mas ao mesmo tempo menor que os demais da grife. O visual de tanque de guerra (uma característica da marca) também foi deixado de lado. No lugar, apareceram traços bastante arrojados e atuais. Mas apesar da aparência ser fundamental, o Evoque se destaca pelos detalhes. O modelo está disponível em três versões. A primeira (Pure), e mais básica delas, custa R$ 168.900, em uma concessionária de Curitiba (PR). As outras duas versões se diferem pelo foco esportivo (Dynamic) e luxuoso

(Prestige). Ambas tem a opção normal, por R$ 196.900 e a tech, ainda mais completa, por R$ 246.900. A disponibilizada para o test drive, uma Prestige Tech de cor branca, se diferenciava pelo teto de cor preta, a critério do comprador. As rodas de liga leve de 20 polegadas compõem a pegada off road. Os faróis de xenon lembram o formato de um olho. Outro detalhe de luzes, que pode ser desnecessário, mas encanta, é a imagem do design do carro refletido pelos retrovisores no chão, quando o passageiro desce do veículo. E as luzes internas podem ser acionadas por apenas um passar de dedos.


Por dentro Para abrir o carro não é preciso apertar nenhum botão. O simples fato de se aproximar do veículo com a chave, já libera a trava. Da mesma forma, que para ligar o automóvel é preciso apenas estar com a chave perto, enquanto o botão start/stop for acionado. O acabamento, quase todo revestido em couro, pode ser escolhido entre cinco opções de cores. Os bancos são ajustados eletronicamente e três especificações de motoristas diferentes podem ser memorizadas. O porta-malas também abre e fecha acionado por botões. O painel, revestido em couro, mostra os detalhes e a preocupação com o conforto

DESEMPENHO E PESO Si4 automático Peso (kg)

No meio do painel, uma tela touchscreen de oito polegadas faz a comunicação. Os comandos do som, DVD, TV, navegador, bluetooth e das configurações do automóvel podem ser acessados por lá. No caso do som e do bluetooth, também há opções de controle no volante.

O motor à gasolina, 2.0 Si4, permite chegar a 217 km/h. Tanto na cidade, quanto na estrada, o carro responde bem ao comando do motorista, que como um legítimo off road tem a opção de ser ajustado para cinco tipos de terrenos diferentes, com o sistema Terrain Response.

O modelo pode custar de R$ 168.900 a R$ 246.900, em Curitiba

No quesito segurança, o motorista conta com airbags dianteiros, laterais e para os joelhos, o passageiro da frente com airbag dianteiro e laterais, e os passageiros de trás, com os laterais. Além disso, há aviso sonoro do cinto de segurança e luzes de emergência (pisca alerta) em frenagens pesadas.

Carga máxima (incluindo o peso de 75 kg do motorista)

1.640 500

Avaliação de peso Bruto por eixo (APBE) Frente/Trás 1.300 / 1.145 Reboque (kg) (pacote de reboque opcional) Trailer Sem travas Com travas - Excedentes reboque máximo

750 1.500

Economia de combustível e desempenho L/100km Urbano 11,9 L/100km Extraurbano 6,9 L/100km Combinado 8,7 Emissões de CO2 (g/km)

199

Velocidade máx. (Km/h) 217 0-100 Km/h tanque de combustível Utilizável (litros) Aviso de tanque vazio

7,6 70 11,6

Potência máxima kW (PS) @ rpm 177 (240) @ 5.500 Torque máximo Nm @ rpm

340 @ 1.750

Para os passageiros de trás, há também duas telas de entretenimento de bordo. De todos os itens testados pela MÊS, o único que não apresentou excelência foi o navegador, que em alguns momentos não localizou o endereço e, em outros, travou ao digitar.

Fotos: Roberto Dziura Jr.

FICHA TÉCNICA

Potência e segurança Com direção e transmissão automática de seis marchas, o Evoque conta com o sistema Drive Select, um câmbio rotativo que se ergue em direção à mão do motorista assim que o motor é ligado. Para os que gostam da sensação de trocar as marchas, no volante há dois botões que permitem a ação.

Com design moderno e pouco menor do que os demais, a Evoque chama a atenção por onde passa

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moda&beleza

Confortáveis, mas com estilo

Moda infantil segue a tendência, mas não deixa de pensar no bem-estar das crianças, que influenciam cada vez mais na decisão de compra crianças de 0 a 12 meses e apresenta as roupas em formas de doces.

Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

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Apesar de o conforto ser indispensável na moda infantil, as tendências não ficam de fora. Especialistas da área afirmam que as consumidoras buscam

Divulgação

uem trabalha com moda infantil já sabe: unir conforto e estilo é essencial para garantir o sucesso das vendas. “Todo guarda roupa infantil tem que ser composto de peças confortáveis, que permitam que as crianças brinquem e se desenvolvam à vontade”, afirma a consultora em moda infantil Georgia Biazus e sócia-proprietária da marca Baby Chocolate, que atende

pela moda e que as crianças têm influenciado cada vez mais na decisão de compra. “O pai e a mãe consegue interferir no gosto da criança até uns três ou quatro anos, a partir daí a criança escolhe a roupa que quer usar”, afirma Lilian Miranda, representante da marca Monnalisa no Brasil. Para Áurea Ruiz, estilista da marca Márcia Barbieri, a criança é um público consumidor independente. “Quem decide a compra é a mãe, mas quem escolhe é a criança”, diz. Até nas roupas para os mais jovens, há interferência. “No nosso caso, a decisão de compra é feita pelos pais ou pelas pessoas que estão presenteando. Percebemos, porém, que os bebês estão cada vez mais nascendo cheios de personalidade e já é comum ouvirmos relatos nas lojas de pais falando que os bebês, desde cedo, apresentam preferências na hora de se vestir”, acrescenta Georgia.


Diego Pisante

Divulgação

Roupas mais elaboradas, mas confortáveis, são a aposta das marcas infantis

Peças-chaves

No caso dos bebês, a moda acaba sendo menos renovada, mas segundo a consultora de moda, ainda assim seguem as tendências. “Tende a seguir uma linha mais tradicional e delicada. Para os bebês, os tons pastéis

o

Já no inverno que vem por aí, a moda será mais romântica. “Com rendas, paetês, mas de uma forma bem infantil”, afirma. Além disso, ela aposta na sobreposição de peças. “É muito comum na Europa. E o Sul também segue essa tendência. Um vestidinho, com casaquinho, que pode ser usado

em conjunto ou separadamente, dependendo do clima”, diz.

sempre estão em alta e as modelagens das peças acabam sendo repetidas de uma coleção para outra, macacões, bodies e coletes nunca saem de moda”, garante Geórgia. Para o verão 2012, ela aposta em cores e looks românticos para as meninas e o navy para meninos. Já nas estampas, o destaque vai para os bichos, folhagens, florais, gráficos e étnicos. No inverno, a aposta está na mistura do tradicional xadrez com as listras, seguindo uma tendência mais para o lado do patchwork.

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De acordo com Lilian, a peça mais procurada pelas meninas, em qualquer coleção, são os vestidos. Na Primavera/Verão as cerejas estarão bastante presentes, tanto na moda infantil, quanto na adulta.

Nesta estação, as cerejas estarão presentes na moda infantil e na adulta

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Em relação à tendência para 2012, a estilista da marca Márcia Barbieri aposta nas roupas com visual de alfaiataria. Além disso, para ela, o casaco será a peça-chave da coleção. “Todo o mercado vai estar com muito casaco na vitrine. Eles estão vindo com a cara dos clássicos, os trench coats, aqueles casacos compridos que as pessoas usam como capa. E os casacos de pele, lógico que fake, imitando animais”, sugere.

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Diego Pisante

Outra unanimidade entre as entrevistadas é a não “adultização” das roupas infantis. “Não gosto de fazer uma roupa infantil que tenha cara de ‘miniatura’. Que pega a roupa do adulto e transforma para a menina. Busco informação no feminino, mas sempre faço uma roupa para criança, pensando na criança mesmo. Para tornar a roupa confortável, mas com todo visual de tendência”, explica Áurea.

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culinária&gastronomia

Gostosuras e travessuras Os cup cakes foram importados dos Estados Unidos, mas já ganharam toque brasileiro e adeptos para a produção caseira

Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

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randes delícias em pequenas porções. Difícil de resistir. Assim são os cup cakes, uma sobremesa de nome estrangeiro, mas bem incorporada ao paladar do brasileiro. O bolinho já é sucesso nas festas curitiba-

nas, em eventos corporativos e até no dia a dia. Oportunidades não faltam para provar essa pequena guloseima de origem norte-americana. “O cup cake é muito versátil de combinação, de sabor, de visual. A gen-

Fotos: Divulgação. 1 Roberto Dziura Jr.

1


Onde encontrar Cup Cakes Curitiba Fone: (41) 3339-7109 contato@cupcakescuritiba.com.br Horário de atendimento: Segunda à sexta-feira das 10 às 19h (somente encomendas) Cupcakeria Rosa Fone: (41) 3078-7499 cupcakeriarosa@terra.com.br Horário de atendimento: Segunda à sexta-feira das 8h30 às 12h e das 13h30 às 18h (somente encomendas) Douce Marie Rua Coronel Dulcídio, 2281, Curitiba – PR Fone: (41) 3243-2454 doucemarie@doucemarie.com.br Horário de atendimento: Terça a sexta-feira das 9 às 19h, aos sábados das 9 às 18h Design Cook Fone: (41) 9933-4896 (Patrícia) contato@designcookcupcakes.com Horário de atendimento: Segunda a sexta-feira das 9 às 19h, aos sábados das 9 às 13h Cup Cake Company Rua Saldanha Marinho, 1582 Fone: (41) 3016-1787 Horário de atendimento: Segunda das 11h às 19h e terça a sábado das 10 às 19h Vanille Cup Cakes Fone: (41) 9602-1719 vanillecupcakes@yahoo.com.br Horário de atendimento: Segunda a sábado 8h30 às 18h te pode criar muito em cima disso”, comenta Caroline Strobel, uma das proprietárias da Cupcake Company, a primeira empresa a comercializar o produto em Curitiba.

“Os curitibanos são exigentes, mas eles também gostam de novidades. De cara, foi uma coisa bem aceita”, afirma Caroline. Ela trouxe a novidade dos Estados Unidos há exatamente dois anos. “Conheci em viagens pelos Estados Unidos, onde o bolinho é muito conhecido. Eles compram que nem pão”. Por lá, surgiu no século XIX. A versatilidade dos minibolinhos conquistou o paladar local e diversos estabelecimentos já comercializam esse produto na Capital (veja tabela). Baunilha e chocolate são os sabores tradicionais da massa, mas as variações não têm fim. Para se adaptar ao paladar brasileiro, os cup cakes ganharam massa menos seca, como são nos Estados Unidos, e cobertura menos doce. As massas por aqui podem ser de cenoura, coco, fubá e milho. Versáteis assim também são os recheios com toque brasileiro, que podem ser de: brigadeiro, creme de limão, doce de leite, ganache de chocolate branco ou preto, geleia de frutas, entre outros.

Ícone da cultura pop e revolucionário para a confeitaria O ícone da cultura pop e revolucionário para a confeitaria é, para alguns, um ganha-pão e, para outros, uma terapia gastronômica. É assim que encara Juliana Veloso (24), coordenadora educacional, que conheceu essa sobremesa quando morou nos Estados Unidos há alguns anos. Ela morava em Nova York em uma casa de família tradicionalmente norte-ame-

Caroline abriu a 1ª empresa de Cup Cakes, em Curitiba, e com o sucesso do produto, já têm franquias da marca

ricana. “Lá é muito comum fazer em casa. Então, na família que eu morava, eles faziam bastante para as crianças levarem para a escola. Aí comecei a fazer também”, conta Juliana. Por hobby, ela faz em festas de família ou leva para os amigos e colegas de trabalho. “Achei muito fácil. E eu não cozinho nada. A única coisa que eu realmente faço é o cup cake”, diz Juliana. O modo de preparo é descomplicado e rápido, leva cerca de uma hora e meia. “Pode ser feito em casa tranquilamente”, garante Caroline. É como fazer um bolo normal, a diferença maior está na forma, que precisa ser de tamanho pequeno. Pode ser com ou sem recheio. No mais, é usar a criatividade e saborear essa delícia. REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 59


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cultura&lazer

Holocausto em imagens, sons e sensações Curitiba é a sede do primeiro Museu do Holocausto criado no Brasil; visitante pode conferir esse marcante momento da História ma imersão na história do Holocausto, com um acervo de imagens, sons e até cheiros. É isso que proporciona ao visitante o Museu do Holocausto em Curitiba. Primeiro do Brasil sobre o tema, o Museu começa a contar, a partir do mês que vem, um dos mais marcantes momentos do Século XX no período Entre Guerras.

Depois, o visitante é convidado a uma imersão, passando por um túnel, que lembra um vagão, é possível ouvir os latidos dos cachorros e também o barulho do movimento de trens que partiam levando o povo. No local, há reproduções de malas dos que chegavam a Auschewitz. Saindo do túnel, o visitante é convidado a conhecer o período Entre Guerras quando Hitler já estava no poder, mas ainda não vivia a Segunda Guerra.

Para começar a visita, é possível conhecer parte dessa história assistindo a um vídeo que conta como os judeus viviam nas décadas de 10 e 20 do século passado.

O coordenador geral do Museu, Carlos Reiss, explica que para ilustrar isso foram escolhidos três momentos. O primeiro deles é a queima dos livros, com exemplares de diversas obras (al-

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

U

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gumas originais da época) e um aroma de papel queimado que leva o visitante a imaginar o fato com mais sensações. Um segundo momento marcante retratado pelo Museu são as propagandas nazistas. Nesse período, que ficou conhecido como Terceiro Reich, o cinema era utilizado para disseminar ideias antissemitas. As propagandas, tanto as de elevação da raça ariana quanto as que eram pejorativas aos judeus, são expostas no local por reproduções.

Noite dos Cristais O terceiro espaço, segundo Reiss, é a reprodução de uma fotografia da


Sobre o período de Guerra, o Museu conta a história dos guetos. Para isso, o visitante pode ver um mapa que mostra a localização dos guetos, há também totens interativos que detalham ainda mais a história de quatros deles: Varsóvia, Lodz, Vilna e Theresienstadt. “A gente sabe que é uma história difícil, é um momento complicado na

Noite dos Cristais que ocorreu em 09 de novembro de 1938 pode ser considerada como o prefácio à Guerra história não só dos judeus, mas da humanidade. Para aproximar o visitante dessa história, nossa ideia foi trabalhar desde o início com o máximo de sentidos e percepções diferentes”, afirma Reiss sobre a concepção do Museu.

Extermínio Depois de conhecer os guetos, o visitante passará por um dos mais marcantes espaços do Museu que expõem imagens do extermínio realizado contra os judeus na época. O espaço também abriga em seu acervo materiais como passaportes judeus, com o carimbo da letra ‘J’, uma estrela que

Os painéis mostram as propagandas antissemitas da época e também as que enalteciam a raça ariana

eles tinham de usar nas roupas, entre diversos outros materiais. Dentre eles, há um que o coordenador do Museu destaca: a réplica do jogo Monopólio criado no gueto de Theresienstadt. O jogo é uma planta baixa do local e ajudava os pais a ensinar as crianças a locomoverem-se dentro do gueto. Já na parte que retrata os campos de extermínio duas réplicas retratam o que sofreram, sem perder a esperança, as pessoas da época. Uma dessas réplicas é uma boneca, cuja dona foi levada ao gueto de Cracóvia. A menina conseguiu uma família para cuidar dessa boneca e após ter sobrevivido à Guerra voltou para buscá-la. Além da boneca, o visitante pode ver réplicas de sapatos e de um violino que é símbolo da resistência judaica. Reiss salienta que houve muita resistência dos judeus e que, como muitas vezes é contado na história, eles não foram “levados como ovelhas para o matadouro”. O museu também presta homenagem aos justos – pessoas não judias que ajudaram a salvar os judeus – e também aos pracinhas brasileiros que lutaram na Segunda Guerra Mundial. De forma interativa e diferente para cada visitante, dá para conhecer mais a fundo sobre o Holocausto, contado do ponto de vista judeu. Ao final, o visitante é convidado a refletir sobre todos os outros “holocaustos” que aconteceram no Século XX.

Fotos: Roberto Dziura Jr.

Roberto Dziura Jr.

grande sinagoga de Berlim em destroços após o ataque alemão. A noite da destruição ficou conhecida como Noite dos Cristais, uma noite de perseguições na qual foram quebrados os vidros e o comércio dos judeus. No mesmo lugar, há um fragmento original de um torá (o Livro Sagrado). O original foi parcialmente queimado na Noite dos Cristais e foi cedido pelo Museu Yad Vashem, em Israel. Esse episódio da história ocorreu em 09 de novembro de 1938 e pode ser considerado como o prefácio à Guerra, já que aconteceu dez meses antes do início.

Entre o acervo do Museu está a réplica de uma boneca que foi deixada pela dona antes de ir para o campo de concentração

Serviço Museu do Holocausto - Curitiba Abertura ao público: 12/02/2012 Entrada: gratuita Para visitar é preciso fazer o agendamento prévio (mínimo de 24h de antecedência) pelo site http://www.museudoholocausto.org.br/ REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 63


dicas do mês

Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br Colaborou Iris Alessi - iris@revistames.com.br

Jornalismo

Autor: Fernando Moraes Editora: Companhia das Letras

Os últimos soldados da guerra-fria No final da década de 90, a Rede Vespa, formada por 14 espiões, foi criada por Cuba para espreitar grupos anticastristas na Flórida (EUA). A obra de Fernando Moraes relata a aventura desses espiões em terras norte-americanas e desvenda os braços de uma rede terrorista com sede na Flórida e suas ramificações na América Central. O livro poderia ser um perfeito romance de espionagem se não fossem histórias verídicas narradas sofisticadamente com o rigor investigativo e a qualidade jornalística de Fernando Moraes. É um verdadeiro mergulho nas redes de organizações criminosas internacionais.

Fotografia

Autores: Hudson Garcia e Carlos Renato Fernandes Editora: Independente

Parque Nacional do Iguaçu Patrimônio Natural da Humanidade As belezas de uma das sete maravilhas naturais do planeta, as Cataratas do Iguaçu, podem estar mais perto dos leitores brasileiros. Em comemoração aos 25 anos do reconhecimento do Parque Nacional do Iguaçu como Patrimônio Natural da Humanidade, os fotógrafos Hudson Garcia e Carlos Renato Fernandes capturaram imagens que, muitas vezes, não são vistas pelos turistas. A paciência, a técnica e diversas expedições ao parque resultaram em imagens extraordinárias. Além de agraciar o leitor com belíssimas situações, o livro também vai ajudar na divulgação do Parque Nacional do Iguaçu, uma maravilha paranaense.

Crônicas

Autora: Martha Medeiros Editora: L&PM

Feliz por nada Trata-se de uma coletânea de mais de 80 crônicas lançada por Martha Medeiros, com uma sensibilidade ímpar. A escritora do livro Divã, sucesso que migrou para o cinema e fez um sucesso danado também na TV, agora presenteia o leitor com uma felicidade contagiante e indagações muito próximas do cotidiano do ser humano. Uma leitura leve e envolvente mostra algumas maneiras de ser feliz, sem que sejam dicas de autoajuda. Um dos conselhos do livro é libertar-se da cobrança dos pensamentos e ser feliz por nada. A obra figurou na lista dos mais vendidos da Veja por várias semanas e também no ranking do O Globo e da Época. 64 | REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012

Arte

Autora: Sônia Gutierrez Editora: Fundação Poty Lazzarotto

Poty e DaltonTrevisan: entretextos A obra destaca duas figuras emblemáticas de Curitiba, Poty Lazzarotto e Dalton Trevisan. Eles tinham como mote em suas obras: o amor à cidade e suas paisagens “fotografadas” em textos e desenhos. A autora, também paranaense, levou 10 anos para captar esse diálogo implícito e profundo. O livro exalta a genialidade desses dois artistas e como eles conseguiam captar a aura curitibana. O livro retrata de que forma eles “bebiam” a cidade. O traço vouyerístico tanto de Poty, em imagens; como de Dalton, em palavras, resumiam bem suas obras.


dicas do mês

Renato Sordi

Eletrônica

Autor: 2 Many DJs Gravadora: Batuta Discos

Inspiração brasileira Batuta Discos é uma mixtape que a dupla belga David e Stephen Dewaele, o 2 Many DJs, fez em homenagem ao Brasil. O projeto – um audiovisual – saiu da coleção de vinis de música brasileira, comprados em sebos e lojas especializadas, dos irmãos Dewaele. A “fita” escorrega pelas décadas de 60 e 70, passando por Gal e Gretchen, Luiz Melodia e Banda Black Rio, além de Milton Nascimento, Caetano Veloso entre outros. Esqueça o estereótipo fajuto do artista estrangeiro admirador de música brasileira. Imperdível em http://vimeo.com/26149178

Rock

Autor: The Black Keys Gravadora: Nonesuch

El Camino Na próxima vez que alguém lhe disser que “o rock morreu” sugira ao autor da bobagem que ouça El Camino, o último disco do The Black Keys. O álbum, assim como grande parte da profícua carreira da dupla norte-americana Dan Auerbach e Patrick Carney, é uma mistura irretocável de blues, rock, R&B e soul. Sobram guitarras setentistas e hits instantâneos. El Camino é o disco de rock que mais marcou 2011. Ouça a primeira faixa, Lonely Boy, e se deixe convencer.

MPB

Autora: Gal Costa Gravadora: Universal Music

Recanto Depois de um hiato de seis anos, Gal Costa volta à cena com o disco Recanto, lançado em novembro. O álbum é de Gal, mas poderia ser de Caetano Veloso. Ele escreveu as letras, convenceu a cantora a gravá-las, tocou instrumentos e produziu o disco. Da maneira com que Caetano tencionou desde o princípio, Recanto é um disco de música eletrônica. Gal não se esquivou e entrevou sua voz à coexistência com sintetizadores e experimentalismos elétricos. O resultado é o mais perturbador e melhor álbum de música brasileira do ano.

Rock Alternativo

Autor: Nada Surf Gravadora: Independente

The Stars are Indifferent to Astronomy A espetacular banda nova-iorquina Nada Surf vai lançar no final de janeiro o sétimo álbum da carreira. Segundo o vocalista Matthew Caws, este trabalho será “mais rápido, mais curto e mais alto”. O trio também é protagonista da primeira experiência de crowdfunding (financiamento coletivo) de um show em Curitiba. Isso quer dizer que, para que o show realmente aconteça, os fãs paranaenses devem se mobilizar para garantir o projeto. Acesse o site www.musicmob.com.br e fique por dentro. REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012 | 65


Divulgação / Casa Civil

opinião

Gleisi Hoffmann

Senadora pelo Paraná e ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República

Brasil, o que esperar para os próximos anos

M

anter o País na rota do crescimento traz inúmeros desafios. Formar mão de obra especializada, melhorar a infraestrutura, crescer de forma sustentável são alguns exemplos. Mas um dos grandes desafios do governo federal tem sido incluir milhões de brasileiros nesta esfera de oportunidades que se amplia a cada dia com as ações conduzidas pela presidenta Dilma.

ros no exterior. Este Programa foi idealizado para garantir que o Brasil possa estar na vanguarda de uma economia mundial cada vez mais dependente do conhecimento. Nessa linha de preparação e formação de nossos jovens, a presidenta Dilma lançou o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – o Pronatec – cuja meta é capacitar para o trabalho aproximadamente oito milhões de brasileiros nos próximos quatro anos. Será uma vitrine de oportunidades que vai beneficiar estudantes do ensino médio, além de ajudar trabalhadores desempregados a recomeçarem a vida profissional, e ainda abrir as portas do mercado de trabalho para milhares de brasileiros.

Sabemos que o Brasil não está imune à crise mundial, mas o governo tem hoje mecanismos para enfrentar as adversidades, permitindo que se construa um futuro promissor e de novas perspectivas para 2012. As políticas adotadas pelo governo federal estão proporcionando ganhos econômicos e sociais, que renovaram a confiança de um crescimento Com a aprovação das alterações ainda mais sólido para o Brasil nos próximos anos. no Código Florestal, o país assume

Entre as ações eu também destaco o Viver sem Limite – Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, muito importante para o País. O governo deuma contradição em termos de E este desenvolvimento econôsenvolverá ações de educação, posicionamento político mico deve estar associado à dissaúde, inclusão social e acessibitribuição de renda. Por isso, o lidade. Por meio dessa iniciativa, principal desafio do governo para vamos promover a cidadania e os próximos anos é tirar 16 milhões de brasileiros que vivem fortalecer a participação da pessoa com deficiência na sociedade, na extrema pobreza. Este é o grande objetivo do Plano Brasil estimulando sua autonomia e eliminando barreiras. Sem Miséria, que além de elevar a renda e as condições de bem-estar da população, irá diminuir as desigualdades sociais, O recente lançamento do Plano Nacional de Enfrentamento do ampliar o mercado interno e fortalecer a economia brasileira. Crack também endossa a presença do governo federal e a constante busca por aprimorar ações de cunho social para melhorar a Não podemos deixar de mencionar que nosso desenvolvimento vida dos brasileiros. Com R$ 4 bilhões de investimentos, o plano também passa por uma indústria forte, inovadora e competitiva. aumentará a oferta de serviços de tratamento de saúde e atenção E o Plano Brasil Maior é uma das ações que vem estimular a proaos usuários e seus familiares, reduzirá a oferta de drogas ilícitas dução nacional e o emprego, desonerando tributos, defendendo a por meio do enfrentamento do tráfico e das organizações crimiindústria brasileira da concorrência desleal e da guerra cambial, nosas e promoverá ações de educação, informação e capacitação. garantindo um mercado interno sólido e produtivo, que gera a riqueza do nosso Brasil. São alguns exemplos que nos mostram que estamos no caminho certo, na busca pela continuidade do desenvolvimento do nosso Os grandes programas de infraestrutura econômica, como o País. Nossa força se encontra em nós mesmos, em nossa capaciPAC, e de infraestrutura social, como o Minha Casa, Minha dade. Temos, sim, que comemorar o crescimento do emprego e Vida, seguirão sem interrupções e serão continuamente aperfeida renda, o combate à inflação, a nossa economia sólida, com reçoados. Também posso citar o Programa Ciência sem Fronteiras, dução das desigualdades, e os contínuos avanços que nos trazem que oferecerá 75 mil bolsas de estudos para estudantes brasileia esperança de um futuro ainda mais promissor. 66 | REVISTA MÊS | JANEIRO DE 2012


FOTOGRAMA Aivan Gomes

Paço da Liberdade, em Curitiba. Há tempos, um monumento neoclássico feito para abrigar atos políticos. Nos dias de hoje, palco de muita cultura Caso queira ver também sua foto publicada na coluna Fotograma. Participe enviando sua imagem em alta qualidade para o e-mail: leitor@revistames.com.br


venha

dor M

mbarga

Rua Dese

uritiba /

81 / C otta, 29

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