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PODE SER ABERTO PELA ECT
Editora Mês Ano 2 - nº 14 Março de 2012
A chance de (re)viver Paraná registra aumento de 40% na doação de órgãos; apesar disso, 60% das famílias ainda resistem em doar
mais
Saiba por que os Serviços tornaram-se vilões da inflação; taxa deve fechar o ano em 5%
No mês das Mulheres, veja que são elas as maiores vítimas da violência psicológica
Confira ranking de bairros com poluição sonora; tráfego de veículos é a maior causa
entrevista Marlei Fernandes de Carvalho
“Estamos vivendo o período de lutar pela qualidade da educação” Há nove anos, a professora de língua portuguesa e pedagoga da Rede Estadual de Ensino, Marlei Fernandes de Carvalho, deixou as salas de aula por um objetivo ainda maior: lutar pelos mais de 120 mil professores, entre ativos e aposentados do Estado. À frente da Associação dos Professores do Paraná (APP Sindicato) já pelo segundo mandato, ela representa aproximadamente 65 mil sindicalizados. Em busca de um piso salarial maior, mais tempo de hora-atividade e melhor assistência à saúde, Marlei anuncia paralisação este mês e não descarta a possibilidade de greve em tempo indeterminado após final de março*. * Entrevista realizada no dia 17 de fevereiro.
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Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
Como está a educação pública no Paraná? Marlei Fernandes de Carvalho (MC) - Nos últimos anos avançamos bastante. Eu diria que o Estado do Paraná teve uma recuperação da qualidade da educação – nesses últimos nove anos – bastante significativo, e que estamos acima da média nacional. Nós temos qualidade. Ainda não
Roberto Dziura Jr.
Quais os principais problemas que os professores enfrentam em sala de aula? MC - A superlotação da sala. Eu sempre digo que o professor cansa não pelo conteúdo que ele tem de ensinar e sim por chamar a atenção do aluno, que apresenta um grau ainda grande de indisciplina. Eu diria que o outro elemento é a questão de infraestrutura e condições de trabalho. Uma sala com 40 alunos, ainda é muito aluno. A APP acredita que a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação pública do País resolveria os problemas da educação? MC - A média no mundo e nos países mais desenvolvidos da América Latina é de 6%, mas nós temos uma defasagem histórica. Temos 60% dos alunos com idade de Ensino Médio, no Ensino Médio, ou seja, 40% tá fora. O Brasil tem um déficit grande e atingir 10% do PIB é para sanar essa necessidade. Pode ser que daqui a 10 anos não precise ser esse valor. Mas hoje para questão da infraestrutura, de salários dos profissionais da educação, de mais projetos alternativos, outras necessidades escolares, é preciso de mais recursos. Sem dinheiro não tem como fazer educação pública de qualidade.
Um das reivindicações é em relação à hora-atividade. Qual é a importância para o professor? MC- Muitos municípios não têm nada. O professor vai para a sala 40 horas. Na rede estadual nós temos 20% e estamos reivindicando os 33%. [É importante] para que nós possamos preparar melhor as nossas aulas, corrigir as matérias, as provas, aquilo que você aplica em sala de aula. Para atender um pai, quando necessário, para fazer formação continuada. Por isso, defendemos uma jornada maior de preparação dos trabalhos pelo professor.
Se nós não avançarmos em nada até março, a categoria vai se reunir para tomar outras definições Apesar de a Lei do Piso ter sido aprovada em 2008 e julgada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal em abril de 2011, ainda não é cumprida. No início do ano passado, o Governo Estadual prometeu implantar gradativamente essa porcentagem. Isso aconteceu?
de maio. Nós vamos ter um piso inicial de R$ 1.450. Aí o efeito cascata na nossa tabela, nós temos de fazer 18% de reajuste sobre R$ 1.748, que é o professor com Ensino Superior. Nós trabalhamos no Estado com a ideia de equiparação salarial – que foi isso que o então candidato Beto Richa prometeu que iria reajustar o salário dos professores. Por quê? Qualquer outro trabalhador que faça um concurso para ser enfermeiro, advogado, no Estado, tem um salário de R$ 2.260 de início para uma jornada de 40 horas, e o professor tem um salário de R$ 1.748. Então, por isso, o Magistério faz essa luta intensa de dizer: nós também temos curso superior, também trabalhamos 40 horas. Não podemos ter um salário inferior que os demais trabalhadores que ingressam para qualquer outra atividade com curso superior no Estado, que recebam mais de 40% que o Magistério. Queremos ter o salário igual aos demais trabalhadores que ingressam no Estado com curso superior. Essa é a nossa luta.
MC - Não aconteceu. Por isso, nós tivemos uma mobilização no início das aulas em fevereiro e vamos ter mobilização em março. O Governo não levou adiante uma proposta que havia realizado em novembro. Continuamos reivindicando. Outra reivindicação é o pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional, corrigido em 22,22%, que foi dado no fim de fevereiro. Como será o efeito dessa decisão? MC - Então, hoje, no Estado, nós estamos um pouco acima do piso, mas ele sofrerá um reajuste de 22,22%. O que significa que nós vamos precisar reajustar o salário do Magistério no Paraná em mais 18%, já agora no mês
Roberto Dziura Jr.
está no patamar que nós, educadores, lutamos a vida toda. Diria que ainda faltam alguns elementos. O sonho é chegar à escola de tempo integral. Ou seja, você ter uma escola onde o aluno ingresse às 8h, almoce, tenha várias atividades, um currículo maior, atividades de lazer e saia lá pelas 16h. Mas a gente ainda precisa alcançar muitos outros elementos. Diminuição do número de alunos, projetos alternativos que alcancem os alunos com mais dificuldades, com dificuldade de socialização no ambiente escolar. Tem uma série de políticas necessárias para que a gente melhore o que temos hoje.
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�A R�Ô ��R�N�. É �A �E �NV�A VOCÊ �� ��. Respeite a sinalização de trânsito. Imagem meramente ilustrativa. *O valor pode variar de acordo com a região. Condição válida apenas para a oferta anunciada ou enquanto durar o estoque.
Há também a questão da assistência à saúde. Quais tipos de problemas são mais comuns entre os servidores da educação em decorrência do trabalho?
Roberto Dziura Jr.
entrevista Marlei Fernandes de Carvalho
Em abril, a APP-Sindicato completará 65 anos. Como você avalia esses anos de existência? Quais os principais avanços e episódios que a entidade passou na história do Estado?
MC - A gente tem atingido um grau muito grande de problemas motores. O fato de escrever no quadro muito tempo vai levando a um processo de LER [lesão por esforço repetitivo]. Varizes, porque somos em maioria mulheres. E a gente acaba tendo hoje um grau muito grande de problemas psicológicos. Hoje, do quadro de afastamentos, 30% são por problemas de estresse e doenças mentais. É um quadro que vem se agravando, que preocupa muito a APP e nós achamos que o Governo tem de agir rapidamente. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação convocou greve nacional para os dias 14, 15 e 16 de março. No Paraná, foi definido que a paralização será apenas no dia 15. Existe a possibilidade de uma paralisação maior, sem tempo determinado? MC - Existe, se nós não avançarmos em nada até o final de março, a categoria vai se reunir em Assembleia para tomar outras definições. Isso não está descartado. Nós temos ouvido o Governo dizer que está com muitas dificuldades financeiras. Nós temos os nossos estudos, não concordamos com essa tese, mas vamos debater com o Governo com muita boa vontade de querer resolver a questão salarial, principalmente. Em fevereiro, o governador Beto Richa assinou ordens de serviço para a construção, reparos e ampliação de 16 escolas do Estado. Você acha que esses investimentos em infraestrutura são suficientes? MC - Não, não são. São importantes essas reformas, construção de novas escolas, mas nós entendemos que não é só isso. O quadro de profissionais, 8 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012
cação e solucionar os problemas mais graves, mais sérios, que ainda nós temos e que são urgentes.
a hora-atividade, mais concursos públicos, a saúde, os projetos pedagógicos para dentro da escola. Tudo isso compõe o cenário bastante grande e contundente de atendimento que o Estado tem de fazer na educação. Nós também precisamos da reforma nas escolas, porque nós temos crianças em porão ainda esperando construir uma escola. Tem muitos lugares onde a população cresceu mais e precisa construir. Tem escolas que estão há 40, 50 anos sem reformas e precisam de reforma, mas nós não tratamos com o Governo só da infraestrutura. Richa prometeu na campanha eleitoral que tornaria a educação uma prioridade absoluta de seu governo. A APP acredita que o Governo esteja fazendo isso? MC - Acredito que ele está dentro dos recursos e que pode ampliar. Hoje, o Governo continua utilizando o limite dos recursos, 25%. Para nós, 1%, 2% a mais na educação significa quase R$ 200, R$ 300 milhões a mais. O Governo pode investir mais na edu-
MC - A APP nasce em 1947 numa conjuntura de organização dos trabalhadores bastante grande no País. Logo depois na Ditadura Militar, que acho que é um marco central da luta dos professores no País e no Paraná, não se podia falar de liberdade e democracia dentro da escola. Depois, na época da Constituinte, quando nós construímos pela primeira vez um capítulo da educação na Constituição Federal. Na década de 90, foi uma década de muita resistência. A categoria lutou para não perder. Agora de 2000 para cá, nós estamos fazendo uma recuperação bastante contundente da escola pública, bastante forte da qualidade da educação. Porque também colocar todo mundo na sala de aula não resolve. Foi o que aconteceu na década de 90. Você quase universalizou o ensino, mas a que preço? Com salas muito lotadas, com o trabalho do professor precarizado. A aprendizagem era mínima. Estamos vivendo o período de lutar pela qualidade da educação. Quanto tempo será preciso para este avanço da Educação? MC - Acho que vão ainda alguns anos. Se eu falasse em menos de 30 anos só se fosse uma revolução. Avançamos muito, mas tem ainda um período de 10 a 20 anos alcançando esses recursos do PIB para tornar a escola brasileira e paranaense melhor. E acredito muito que nós temos de avançar na escola de tempo integral. Todos os alunos precisam ter uma escola e ficar o período todo nela, para assim atingir uma educação de qualidade e produzir ciência, tecnologia e então poder avançar o País como um todo.
Saúde: mais de 2500 exames por dia
Pavimentação: 350 km recuperados
Segurança: mais guardas e segurança em todas as regiões
Educação: novas escolas e mais de 40 reformas e ampliações
Habitação: 2300 novas moradias até o final de 2012
Parque: lazer e qualidade de vida
Terminal/VEM: novo terminal e Cartão VEM
Meio Ambiente: Usina de Reciclagem e Coleta Seletiva
O Programa Revitaliza São José dos Pinhais não para e segue melhorando as áreas da saúde, segurança, educação, meio ambiente, obras e de transporte da cidade. Tudo para garantir mais qualidade de vida para os moradores do município. As melhorias são na cidade. Mas o que melhora mesmo é a vida do cidadão.
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mensagens do(a) leitor(a)
Fugindo das dívidas Cinco dicas, realmente, incríveis na matéria sobre economia “fugindo das dívidas”. Excelente para quem não sabe e que precisa administrar suas financas. Parabéns pela 13ª edição. Jean Carneiro, no facebook
enquete O que achou do incidente entre polícia e população no Largo da Ordem no dia 05/02, em Curitiba (PR)?
Soraya Oliveira - O que aconteceu neste domingo foi uma desnecessária demonstração do despreparo da nossa polícia que soltou bombas em cima de cidadãos curitibanos que estavam ali para curtir a alegria do carnaval, lastimável! Everton V. Andrade - Vergonha. Abuso. Por causa de uma “suposta agressão contra uma viatura da polí-
/MÊS Paraná
Murilo Schultz - Acompanho a Mês desde a sua terceira ou quarta publicação e gostaria de dar uma sugestão, não apenas para a próxima edição, mas que este tema seja mais visado pela revista: EDUCAÇÃO NO PARANÁ. Falo sobre matérias que divulguem os trabalhos realizados por professores e educadores do nosso estado, pois estou no último ano do Curso de Formação de Docentes e vejo em nossos estágios que tanto Curitiba quanto as cidades da Região Metropolitana e demais Municípios investem no setor e isso vem dando resultados. Ainda temos no Bra10 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012
cia” milhares pagaram. Não tava rolando nenhuma confusão, só a gritaria normal de bebedeira de carnaval. Aí quem é pago pra te dar segurança vem e enche a galera de balas nas costas.
Juliana Hasse de Rezende - Eu acho que as redes sociais ajudaram a inflar uma situação mal explicada para quem não estava lá. Acompanhamos gente falando bem e mal da ação da polícia. Todos os relatos são extremamente parciais. Everton V. Andrade - Olha o
quão falho é alguém que estava lá falar bem da ação da polícia: se tava lá é porque tava prestigiando o evento, e de alguma forma, gostando.
sil um povo que trata os educadores (muitos graduados e pós graduados) como “tias”, um povo preconceituoso quanto ao papel masculino na função de ENSINAR na Educação Infantil e principalmente um povo que vê os CMEIs (vulgo “creches”) como um lugar para as crianças brincarem e terem suas fraldas trocadas. Educação Infantil é muito mais que isso. Enfim, conscientizar a população do papel da “creche”, dos educadores e da educação como um todo. Afinal, política não é tudo que temos nesse Brasil.
Viviane Costa - Tudo de bom!
Minha vó quando recebeu já pulou de alegria. Acabei não lendo algumas ma-
Envie suas mensagens para a Revista MÊS pelo leitor@revistames.com.br | Twitter @mes_ pr | Facebook MÊS Paraná. Participe! Concordo que é importante que haja um controle por parte da polícia pra não virar um pandemônio.
Soel Elias Bacila Kardosh - Embora não estivesse presente, ouvindo áudio do ocorrido, lembrei de como me senti acuado no Couto Pereira no triste episódio contra o Fluminense... também inocentes idosos e crianças receberam balas de borracha... Rosi Costa - Penso que da mesma
forma que não podemos comparar os bons policiais com os que se prevalecem do distintivo para cometer abusos, os policiais não podem agir com cidadãos de bem da mesma forma que agem com bandidos.
térias porque ela me contou, hahaha. Mas a revista é muito boa! Fico feliz por vocês disponibilizarem pra gente.
Karina Trzeciak - A edição 13 da Revista está espetacular! A matéria sobre maquiagens está linda. Mostra que todo mundo pode usar cores sem medo de ser feliz. Fica lindo e independente de olho claro ou escuro, todas podem abusar de cores e fugir do tradicional clarinho. É sempre bom mostrar que toda mulher pode ficar ainda mais bonita com passos e produtos simples. Parabéns para a equipe toda da Revista Mês que sempre nos traz conteúdos variados e de forma clara e objetiva!!!
FOTOGRAMA
André Rodrigues
Mellissa Fernanda - Ótimas
as reportagens “Os Paradoxos dos Carnavais Curitibanos” e “Nem só de Samba Vive o Carnaval”. Concordo plenamente que Curitiba infelizmente não é uma cidade que nasceu com esse gingado no pé, como outras tantas cidades do nosso Brasil, porém, para um público menor e até de fora, temos a “nossa festa de carnaval”! Sou grande adepta do Psycho Carnival e da Zombie Walk! Temos um visual mais undergroud mesmo, então, nada melhor que um carnaval undergroud para satisfazer os que não curtem as folias do litoral também!
Amanda Wojciechowski - Ado-
rei a revista. A reportagem sobre o novo profissional, tem ótimas dicas para nós, recém-formados, que estamos buscando boas oportunidades no mercado de trabalho :) LEITOR@MES.COM.BR Qualidade Parabéns pela qualidade dos conteúdos notados na versão online. Vitor Petters Imoto
Impressora 3D, edição 13 Parabéns pela reportagem na revista. Gostaria de saber se podem me passar o contato do Rodrigo Damasceno (inventor da máquina). Pretendo trocar umas ideias com ele. Henrique Serbena
Tem sugestões de pauta? Uma ideia para fazer uma reportagem? Envie sua sugestão também para leitor@revistames.com.br
Este ano, Curitiba terá votação com urnas biométricas. Mais de 210 mil pessoas não fizeram seu recadastramento no prazo. Caso queira ver também sua foto publicada na coluna Fotograma, envie sua imagem em alta resolução para o leitor@revistames.com.br
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Mensagens dos leitores
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FOTOGRAMA
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MIRANTE
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COLUNA
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5 perguntas para: Maritza Maira Haisi
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DICAS DO MÊS
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OPINIÃO
POLÍTICA 20 PR teve 14 prefeitos cassados em 4 anos CIDADES 24 Dê um presente para Curitiba ECONOMIA 26 O vilão da inflação é o Serviço AGROPECUÁRIA 28 “Cinturão paranaense” põe preços das terras para cima EDUCAÇÃO 30 Autoconhecimento na infância SAÚDE
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MATÉRIA DE CAPA
Números que doam esperança
TURISMO 48 Um passeio pela bucólica Guajuvira
32 Tratamento médico: Pilates
ESPORTE
34 Violência de marcas profundas
50 Curitiba se prepara para a Copa
TECNOLOGIA
MOTOS / AUTOMÓVEIS
38 Conectar-se ou desconectar-se? Eis a questão
52 As novidades vêm sob duas rodas
MEIO AMBIENTE 40 Crueldade animal 42 Poluição invisível
MODA E BELEZA 54 Look certo no trabalho CULINÁRIA E GASTRONOMIA
COMPORTAMENTO
56 A doce arte de aproveitar a Páscoa
44 A casa que é só minha
CULTURA E LAZER
INTERNACIONAL
60 Um pedaço da Lituânia em Curitiba
46 Brasil e Cuba: uma relação promissora 12 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012
62 Arte, pra que te quero?
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Roberto Dziura Jr.
ENTREVISTA
Divulgação
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Venilton Kuchler
sumário
editorial
Em busca do invisível V
ocê é daqueles que só acredita no que vê? Assim como São Thomé, você também pode estar enganando ou subestimando a sua capacidade de perceber o que está à sua volta e de dar pouco valor ao invisível.
Por isso, a Revista MÊS lança mão de estatísticas, pesquisas e histórias de vida e coloca tudo no papel, tornando mais claro aos olhos aquilo que está nas entrelinhas da vida real. Histórias como de Calixto e Renata, na Matéria de Capa. Levantamos o debate dos transplantes de órgãos e, felizmente, temos uma boa notícia: avançamos a olhos vistos na melhoria da missão de salvar vidas. Como legado invisível, fica a diminuição da angústia, a gratidão aos doadores, a satisfação da equipe médica e a esperança daqueles que estão na espera de um órgão. Também trouxemos para o campo do imaginário alguns presentes para Curitiba que, neste mês, faz 319 anos. E você sabe o que dar à Capital? Um ato invisível aos olhos, mas grandiosamente benéfico à sociedade, é mais gentileza nas ruas, em casa ou no trabalho. E esses presentes, convenhamos, todos nós podemos dar.
Já na reportagem de Meio Ambiente, a busca do invisível está na poluição sonora. Identificamos, com ajuda da Prefeitura, pontos da cidade que são mais barulhentos. Assim como a poluição sonora, a economia também é difícil de ser observada. É o caso da inflação. A remarcação dos preços na época dos fiscais do Sarney era um símbolo visível dos tempos de altas taxas de inflação. Hoje, sofremos com outro problema – este, de primeiro mundo. A inflação (bem controlada, ainda bem) está maior sobre o setor de serviços, consequência da escassa mão de obra e da baixa concorrência internacional no setor. Nada mais é visível no campo dos invisíveis do que o poder da Educação em uma sociedade. Por isso, nesta edição apresentamos uma iniciativa paranaense premiada pelo MEC que mostra a importância do autoconhecimento na vida das pessoas, mesmo que elas só tenham 5 anos de idade. As crianças são o futuro de uma nação. Futuro esse que é feito de construções visíveis e invisíveis. Boa leitura!
expediente A Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Endereço da Redação: Alameda Dom Pedro II, 97, Batel – Curitiba (PR) Fone / Fax: 41. 3223-5648 – e-mail: leitor@revistames.com.br REDAÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815/PR); Repórteres: Mariane Maio, Roberto Dziura Jr., Iris Alessi e Bianca Nascimento; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Distribuição: Sandro Alves; Publicidade: Lucile Jonhson - atendimentocomercial@revistames.com.br – Fone: 41.3223-5648 e 41.9892-0001; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica; Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Márcio Baraldi, Renato Sordi, André Rodrigues e Gustavo Fruet. Auditoria: ASPR - Auditoria e Consultoria.
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mirante
Aliança com Fruet I Aliança com Fruet II Ficha Limpa Como publicamos no mês passado, a probabilidade de apoio do PT a Gustavo Fruet é cada vez maior. Lideranças expressivas da corrente interna do partido que defende a aliança estão divulgando a ideia e buscando ampliar os apoios. São líderes comunitários e sindicais, deputados federais e estaduais, ministros e vereadores realizando visitas e telefonemas para assegurar que o encontro do partido aprove a aliança.
Mesmo entre líderes de grupos contrários à aliança já é dada como certa a aprovação pelo encontro petista da tese de apoio ao pedetista Gustavo Fruet. A coligação teria como base a construção de um programa de governo que leve em consideração o diálogo com os programas do Governo Federal, apoio de partidos da base de sustentação do governo Dilma e um petista como vice. O mais cotado é o deputado Angelo Vanhoni.
Agora é pra valer. Não cabem mais contestações e filigranas jurídicas. A lei da Ficha Limpa vale já nas eleições municipais deste ano. Vitória da iniciativa popular e do bom senso político. Pessoas que tenham sido condenadas em decisão colegiada por praticarem crimes de corrupção, abuso de poder econômico, homicídio e tráfico de drogas ou que tenham renunciado a mandatos para fugirem de cassação não poderão disputar as eleições.
As bancadas do PT, PMDB e PV de Paulo Salamuni defenderam o afastamento definitivo e novas eleições para a presidência que ocupava o vereador João Cláudio Derosso (PSDB) na Câmara de Vereadores. O pedido da Oposição foi apresentado depois de o vereador tucano se licenciar mais uma vez do cargo por 90 dias. Esse requerimento recebeu um parecer da Procuradoria Jurídica, que em seguida, foi para a Comissão de Legislação e Justiça para ser analisado, se vão acatar ou não o pedido.
Fazendo as contas
O PMDB de Curitiba
As negociações entre os servidores das áreas da segurança foram longas com o atual Governo do Estado. Teve pressão das entidades, suspeita de greve, propostas de cá pra lá e uma grande rodada de discussões sobre o aumento da remuneração das Polícias do Paraná. Até o fechamento desta edição, nenhum número efetivo tinha sido consolidado entre as entidades, mas as tramitações já estavam no fim para acalmar os ânimos de todos os lados, principalmente, da população.
A manutenção da candidatura de Rafael Greca (PMDB) a prefeito deve forçar o senador Roberto Requião (PMDB) a procurar outros portos para seus apoiadores que hoje se encontram instalados em cargos de confiança na gestão curitibana de Luciano Ducci (PSB). Isso a menos que Greca se sujeite a servir de linha auxiliar da candidatura socialista-tucana do atual alcaíde. Setores do PMDB curitibano, contudo, afirmam que a candidatura é para valer e que o ex-governador é quem tem que resolver os seus problemas.
Linha de corte
Desespero dos pré-candidatos Em todos os partidos, os dias que faltam até as convenções partidárias serão de tirar o sono para os pré-candidatos a vereador. No caso das coligações nas proporcionais, a quantidade de candidatos diminuiu e os cortes serão promovidos. O grande desafio é encontrar critérios objetivos para realizá-los. A quantidade de descontentes promete ser grande.
Carlos Ruggi
Roberto Dziura Jr.
Fora Derosso
“Se a Câmara quiser manter Derosso, terá de ter a consciência do ônus, que é a fragilização da instituição e também da base de apoio do prefeito”
Fotos: Roberto Dziura Jr.
Bate Pronto
Afirmou o vereador Pedro Paulo (PT)
“Estou tranquilo. A minha licença foi aprovada e está dentro de tudo o que prevê a Lei Orgânica do Município” Diz o vereador João Cláudio Derosso (PSDB)
Filho de peixe
Lula candidato
Às vésperas do início da campanha municipal, o prefeito Luciano Ducci (PSB) tem contado com um apoio especial. A presença de seu filho Ricardo Ducci tem sido constante nos corredores da Câmara de Vereadores de Curitiba numa tentativa de firmar as alianças políticas. A coisa por lá tem se apresentado bastante desarticulada. Uma mostra disso foi o recente veto do prefeito a emenda do vereador Jair Cézar (PSDB), que faz parte de sua base de apoio, no projeto sobre o comércio de animais.
O professor Gregory Chin, da Universidade canadense de York, defendeu em artigo publicado no Financial Times a eleição do ex-presidente Lula como presidente do Banco Mundial. O prazo para apresentação de candidaturas já está aberto. Caso se confirmasse essa tese seria uma grande mudança mundial, pois desde a sua criação, os organismos internacionais pós-guerra se revezam nos principais postos entre europeus e americanos. Segundo Chin, o expresidente Lula agradaria tanto os países do Norte quanto os do Sul. A nomeação deve ocorrer até o dia 20 de abril.
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matéria de capa
Números que doam esperança Transplantes de órgãos chegaram a 124% em uma década; no Paraná, nos últimos anos houve aumento de 40%
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Iris Alessi - iris@revistames.com.br
dia 29 de dezembro de 2009 ficou marcado na vida do capelão Mozart Calixto (51). Às quatro da manhã, ele foi informado que estava na fila entre os candidatos e possíveis receptores para o transplante de um rim que havia sido doado. Nessa época, ele não conseguia andar nem mais uma quadra devido ao avançado estágio da insuficiência renal. “Eu estava entrando em fase terminal”, recorda Calixto. A notícia de que ele poderia ganhar um novo rim chegou numa terça-feira por meio das médicas do setor de transplantes do Hospital Cajuru, em Curitiba. Quando recebeu o aviso, Calixto estava entre os 70 possíveis receptores. Com o passar do tempo, a fila foi diminuindo devido à incompatibilidade de outros receptores. Às cinco da manhã, a espera continuava, mas com apenas sete pessoas na fila. Pouco tempo depois, Calixto recebeu o rim direito de um doador de 61 anos. Curiosamente, ele chegou ao hospital mais calmo que o normal para fazer a cirurgia, quando o comum era ter a pressão arterial alta. Mas no dia do transplante, a pressão dele estava 12 por 8. “É uma felicidade. Realmente foi um grande prêmio de final de ano que eu recebi”, comemora. “A cirurgia durou seis horas. Ao sair da sala de cirurgia e ir para o quarto de recuperação, o rim já tinha filtrado 200 ml [...] Já saiu funcionando do transplante até a sala de recuperação”, afirma. Hoje, Calixto trabalha de forma voluntária para atender pessoas que também passaram por uma situação parecida.
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Roberto Dziura Jr.
Avanços Familiares e pacientes sabem bem como é estar na pele de personagens como Calixto. Dias angustiantes de espera, doenças que avançam e o paciente fica submetido à boa vontade de familiares em doar os órgãos do ente falecido ou de encontrar alguém compatível que a pessoa possa doar ainda em vida. A boa notícia é que a conscientização dos doadores, a maior agilidade nas equipes médicas e a tecnologia para os transplantes têm avançado. O Ministério da Saúde apresentou dados animadores no último mês. O balanço do Governo Federal mostrou que em dez anos (período de 2001 a 2011) foi registrado um aumento de 124% no número de transplantes no Brasil. Saltou de 10.428 para 23.297 transplantes no ano passado. De acordo com o órgão, em 2011, o Brasil teve o maior aumento anual em números de transplantes da década, com 2.357 cirurgias a mais que em 2010. “Expandir o acesso ao transplante obriga a melhorar o conjunto do atendimento. Nós temos uma meta de chegar até 2015 a 15 doadores por milhão de pessoas. A nossa meta inicial em 2011 era chegar a 10. Conseguimos superar e chegamos a 11,4”, informa o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em entrevista coletiva em Brasília. O orçamento também deve crescer
“É uma felicidade, realmente foi um grande prêmio de final de ano que eu recebi”, diz Mozart Calixto
em 10% este ano. No ano passado, foi destinada para este serviço de saúde a cifra de R$ 1,3 bilhão.
No Paraná De acordo com números da Central Estadual de Transplantes do Paraná, entre 2009 e 2011 o número de transplantes cresceu 40%. No ano em que Calixto recebeu um novo rim, foram realizados 119 transplantes de doadores falecidos. Já em 2011, o número de transplantes de doadores falecidos foi de 172.
Medula Óssea Uma em um milhão Se você pretende ser um doador, pode começar pela medula óssea. Isso porque o maior obstáculo em conseguir doadores é o preconceito, “as pessoas não sabem que doar medula óssea não tem perigo. Doar medula óssea é que nem doar sangue”, diz o chefe do setor de transplante de medula óssea do Hospital de Clínicas, José Zanis Neto. Mesmo com as dificuldades, o Brasil já se encontra no terceiro lugar em número de doadores de medula. Mas o número pode crescer ainda mais. Hoje, apenas dois milhões de brasileiros são cadastrados no banco de doadores, afirma o médico do HC. “O transplante de medula óssea salva vidas. E o doador é o fornecedor dessa vida.”
Um dos transplantes mais comuns, o de córnea, conseguiu zerar a fila em Curitiba e Região Metropolitana (RMC) no ano passado. Ao todo, no Estado, no final de 2011, foram transplantadas 1178 córneas. Ao final de 2011, apenas 11 pessoas aptas a realizar o transplante aguardavam. Para a chefe da Central de Transplantes, Arlene Badoch, esse resultado paranaense é uma “somatória de fatores”. “Foram criadas as Copots, que são as Comissões de Procura de Órgãos e Tecidos, [...] e elas trabalham junto aos hospitais com o objetivo de identificar possíveis doadores. [...] Nós estamos trabalhando mais intensamente junto às comissões intra-hospitalares de procura de órgãos e tecidos, nós estamos reativando essas comissões, fazendo treinamento e fazendo orientações. Estamos mais presentes junto a essas comissões”, explica Arlene.
Superação dupla O transplante também foi responsável por uma virada na vida da analista de projetos Renata Milanese (28). E por duas vezes! Quando adolescente, entre 14 e 15 anos, ela recebeu o transplante de córnea no olho direito. Há três anos, Renata voltou à sala de cirurgia para realizar outro transplante, desta vez no olho esquerdo. As duas cirurgias mudaram sua vida, pois ela começava a não ter mais uma vida social, andava de cabeça baixa e se não tivesse feito o transplante, hoje não poderia dirigir. “Eu morava no interior do Paraná e os médicos que me consultaram não conseguiram identificar de primeira o que eu tinha. Identificaram miopia e astigmatismo. Comecei a usar óculos já num grau alto, já estava um pouco avançado só que os óculos não estavam adiantando mais. Cada vez foi aumentando o grau e aquilo já não estava adiantando. Continuava não enxergando”, conta. REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 17
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matéria de capa
A vida de Renata mudou após o transplante; sem a doação, hoje ela não poderia dirigir
Renata mudou-se para Curitiba e continuou consultando diversos médicos. Dois desses médicos identificaram que ela poderia ter ceratocone, uma doença degenerativa do olho que muda a estrutura dos olhos e os deixam em formato cônico, mas nenhum conseguiu confirmar. A saga continuou, até que um médico confirmou que era de fato essa a doença que ela tinha. No começo, ela utilizou lentes de contato adaptadas para o formato cônico dos olhos, mas com a evolução da doença, ela precisou entrar na fila de transplante. “Daí eu fui para a fila de transplantes e eu continuei fazendo os exames e acompanhamento e fiquei cinco anos na fila. Foram cinco anos esperando”, afirma Renata.
Tempo de espera Cinco anos também foi o tempo de espera de Calixto entre saber do problema e o transplante. Ele estava em Brasília quando sentiu uma dor. Ao voltar à Curitiba ficou internado por três meses no Hospital de Clínicas, mesmo depois de sair do hospital precisou 18 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012
continuar com a hemodiálise. “Foi difícil [...] Eu vi a situação de pessoas já em fase terminal, que estão há muitos anos, muito debilitadas. Para mim, foi um choque entrar numa clínica de hemodiálise”, explica Calixto. Três vezes por semana, ele tinha de se submeter à filtragem do sangue. Calixto enfartou duas vezes na máquina e viu muitas das pessoas que estavam tratando ao seu lado não resistirem ao tratamento e falecerem.
Doadores Campanhas de esclarecimento sobre as doações, melhor logística, profissionais de saúde mais preparados para lidar com esse procedimento e abordagem dos familiares são fatores que traduzem em parte os avanços. Eugênia Silene Palma tinha a consciência da importância da doação de órgãos. O irmão dela tinha cirrose e faleceu aos 42 anos de idade, vítima de complicações da doença. O fato aconteceu há dez anos. Na época, pouco se falava em doação de órgãos, lembra Silene. Mesmo com a dor, ela declarou a intenção de doar. Quando o corpo de seu irmão estava no Instituto Médico Legal (IML), ela recebeu a ligação que havia uma clínica interessada nas córneas dele. “Era favorável à doação”, recorda. Na casa de Silene sempre ficou muito claro entre todas as pessoas da família que todos são favoráveis à doação.
Desafio Apesar de o número de doações ter aumentado, ainda 60% das famílias paranaenses não doam, revela Arlene. “O grande motivo da não doação é que elas não entendem todo o processo e, na dúvida, é preferível dizer não, sempre. Porque você nunca pode conviver com uma dúvida”, completa a chefe.
Paraná Número Total de Transplantes por Órgãos e Córneas Período
Doador 2008 2009 2010 2011
Córnea
Falecido
100
947
838
1178
Coração
Falecido
35
23
15
18
Fígado
Falecido
47
43
47
64
Rim
Falecido Vivo
Rim/Pâncreas
Falecido
19
3
3
21
Pâncreas
Falecido
1
0
2
4
Dados até 31/12/2011 Fonte: Central Estadual de Transplante do Paraná
100 119 113 172 184 191 184 216
Espera Lista de receptores aguardando transplante no Paraná Situação Ativos
Coração
Córnea
Fígado
Rim
Pâncreas Rim/Pâncreas Total
29 11 26 1356 5
4 1431
Semiativos 20 282 35 1011 10
8 1366
Total
12 2797
49 293 61 2367 15
Dados até 31/12/2011 (Ativos - pessoas aptas a realizarem os transplantes) (Semiativos - pessoas que ainda necessitam de exames para realizar os transplantes) FONTE: Secretaria Estadual de Saúde do Paraná
Apesar de o número de doações ter aumentado, 60% das famílias paranaenses ainda não doam
Divulgação
Para a coordenadora do Copot de Cascavel, Rosimeri Lima Tomé, esse número é resultado do treinamento realizado nos hospitais onde há os potenciais doadores, plantonistas para captação e assessoria para os hospitais.
Além do impossível
Venilton Kuchler
Para que os números de doações e de transplantes continuem crescendo no Estado é que existe o trabalho dos Copot. A Comissão de Procura de Órgãos para Transplante (Copot) de Cascavel foi a regional que mais captou órgãos por milhão de habitante em 2011: 17,68 órgãos. Números superiores à meta do Governo Federal, anunciadas para 2015, e acima das regionais de Curitiba (10), Maringá (8) e Londrina (6).
Para alcançar esses resultados, Rosimeri e sua equipe não descansam. O empenho vai além do impossível. Nem que seja preciso recorrer ao Ministério Público Estadual ou Federal, como já ocorreu algumas vezes. Um dos casos que ela conta é de um coração captado em Foz do Iguaçu, que seria transplantado em Pato Branco, cerca de 350 km de distância. A equipe acionou a Polícia Federal e com a ajuda do helicóptero levou o órgão até o receptor. A operação foi realizada com sucesso. Esforços como esse, bem como a ação das famílias doadoras, fazem toda a diferença para os que aguardam, como foi o caso de Renata e Calixto. Por isso, eles não deixam de agradecer às famílias dos doadores. O desejo de Calixto é conhecer a família do doador, mas ele não sabe se um dia isso será possível. “Mas sempre
Copot de Cascavel transportando órgãos; a Regional foi a que mais captou em 2011 (17), superando a meta do Governo Federal anunciada para 2015 (15)
Para Arlene, a população está percebendo que é ela que faz a diferença na questão da doação
que eu coloco a mão no transplante, eu lembro dele em oração, agradeço pela família e pelo gesto de carinho e do amor que a família dispensou para que a gente pudesse ter uma outra vida hoje”, diz agradecido. Renata também não deixa de orar pelas duas pessoas que deram a ela a possibilidade de ter uma vida normal. Para ela, é preciso que as pessoas deixem claro que querem ser doadoras. Ela afirma que, se pudesse, doaria as próprias córneas recebidas. “O corpo infelizmente acaba, as únicas coisas que vão ficar das pessoas são as fotos, as lembranças e quem sabe viva em outra pessoa. Então, eu acho que tem de ter consciência. Tem de doar, sim! [...] Deixe um pedacinho dessa pessoa por aí”, finaliza Renata. REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 19
política
Antonio Belinati (ao centro) comemorando a vitória da eleição municipal de Londrina (2008); mas seu mandato foi cassado
PR teve 14 prefeitos cassados em 4 anos Atos de improbidade administrativa e infrações à legislação eleitoral lideram os casos; Lei da Ficha Limpa deverá coibir alguns casos Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
P
esquisa realizada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostra que em menos de quatro anos, 383 dos 5.563 prefeitos eleitos em 2008, já não estão mais no cargo em todo o País. A maioria deles (210) teve o mandato cassado. O Paraná foi o terceiro estado do Brasil com o maior número de prefeitos cassados, somando 14. Perdeu apenas para Minas Gerais e Piauí, ambos com 29. Porém, desde a divulgação da pes-
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quisa, o Estado já sofreu mais uma baixa. Em meados do mês passado, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) decidiu manter a cassação do prefeito e do vice-prefeito de Guaraqueçaba. Ao menos alguns desses casos deverão ser coibidos com a aplicação da Lei da Ficha Limpa, válida para as próximas eleições municipais. Em decisão inédita de constitucionalidade dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no último mês, validou-se a Lei de iniciativa popular, colocando
na cena política novas regras para as candidaturas deste ano e servindo como tom moralizador para o futuro da política brasileira. Entre as mudanças está a possibilidade de prefeitos e governadores ficarem inelegíveis por oito anos (antes eram três anos) caso infrinjam a Constituição Estadual ou a Lei Orgânica do Município. Se o político já foi condenado por um colegiado (grupo de juízes) também será impedido de se candidatar. E ainda, se o representante renunciar qualquer cargo eletivo
Roberto Custódio / Agência Gazeta do Povo
na expectativa de evitar a cassação, ficará inelegível por oito anos, punição que não existia antes. Os problemas mais comuns, nos últimos anos, que provocaram a cassação de prefeitos no Estado foram por atos de improbidade administrativa (9), seguidos de infrações à legislação eleitoral (3), infração político-administrativa (1) e causa desconhecida (1). “Os atos de improbidade são qualquer má gestação do erário público ou desrespeito às normas da administração pública que o prefeito venha a cometer”, explica o professor de Direito da Universidade Positivo e especialista em Direito Eleitoral, Maicon Guedes. Em relação às infrações político-administrativas, são “de qualquer ordem não penal, em que a pessoa, por exemplo, dispensa uma licitação irregularmente”, comenta o professor. Já as infrações à legislação eleitoral podem acontecer tanto na época da campanha, quanto no momento em que assumirem o cargo. “Houve um caso de um Prefeito aqui no Paraná que tinha o número de cabos eleitorais que ultrapassava em 50% os eleitores do município. Ele usou o poder econômico dele para poder se reeleger. Vai de compra de voto, uso da máquina administrativa em seu favorecimento, até o uso dos meios de comunicação oficial”, enumera Guedes.
Caso local Recentemente, o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, foi impedido pelo juiz da 7ª Vara da Fazenda Pública, Rodrigo Otávio Rodrigues Gomes do Amaral, de utilizar a estrutura da Prefeitura de Curitiba para autopromoção. A ação surgiu, principalmente, em decorrência de uma mensagem gravada ao telefone e enviada aos moradores de Curitiba em que destacava obras de sua administração. O juiz proibiu não só as mensagens de telemarketing, como qualquer veiculação que faça referência ao nome de Ducci.
Paraná perde apenas para Minas Gerais e Piauí em número de prefeitos cassados Segundo o professor, essas atitudes criam um desequilíbrio no jogo eleitoral. “Enquanto os outros candidatos, às vezes, estão sem mandato, sem a visibilidade, o prefeito acaba se utilizando do dinheiro público, de todas as obras que são obrigação do município, como se fosse uma benesse deles”, compara. Para Guedes, uma possível cassação do prefeito de Curitiba não está descartada. “A cassação para esse mandato teria como base a improbi-
Cassação de Mandato No Paraná, 27 prefeitos eleitos em 2008 não estão mais no cargo, 14 deles foram cassados.Veja ABAIXO:
9
por Ato de Improbidade Administrativa
• Altamira do Paraná • Bituruna • Cândido de Abreu • Carlópolis • Kaloré • Londrina • Paranapoema • Sarandi • Uraí
Fonte: Confederação Nacional dos Municípios (CNM)
3
por Infração à Legislação Eleitoral
1
por Infração Político-administrativa
• Enéas Marques • Espigão Alto do Iguaçu • Tuneiras do Oeste • Ramilândia
1• Itaipulândia OUTROS
dade administrativa, que tornaria ele inelegível para a próxima eleição. Se abrisse um processo ainda nesse mandato, ele não poderia disputar a próxima eleição. Mas, caso ele venha a vencer a eleição; [é possível] buscar a cassação do mandato por uso da máquina administrativa ou abuso do poder econômico”, diz. A cópia da decisão do juiz foi enviada ao Ministério Público (MP) para que seja apurado um possível ato de improbidade administrativa.
Problemas Para o especialista em Direito Eleitoral, muitos crimes também ocorrem por falta de conhecimento do governante. “Muitas vezes, acaba respingando no prefeito atos de secretários, assessores... Porque quem no fim é responsável é o prefeito. No interior se mostrou mais falta de conhecimento do que má fé mesmo, porque os valores nem eram tão expressivos”, diz. Outro problema é a pouca fiscalização do Poder Legislativo em relação ao Executivo. “Se você pega uma Câmara de Vereadores que em grande parte são favoráveis ao prefeito, a fiscalização pelo Legislativo já fica prejudicada. Nós, em Curitiba, temos 38 vereadores, 33 votam junto com o prefeito. São no mínimo 30 que estão com o prefeito. O Legislativo na maior parte dos municípios está formado por maioria pró-prefeito”, diz Guedes. Uma solução seria a população fiscalizar e denunciar ao Ministério Público qualquer irregularidade encontrada. Já o fato de o Paraná ter ficado com a terceira colocação nesse ranking da CNM, não é algo relevante sob o ponto de vista do professor. “Não é uma questão de que os nossos prefeitos são os mais corruptos. É que o Paraná tem uma quantidade de municípios maior em relação a maior parte dos Estados. Em razão de ter muito mais municípios, acaba tendo mais caso de cassações de prefeitos”, atesta. REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 21
• Atrás de um grande homem tem sempre uma grande mulher • Quem gosta de apanhar é mulher de malandro • Sexo frágil • Ser mãe é padecer no paraíso
Há frases que merecem ser desconstruídas, resignificadas, reescritas de forma a produzir novas histórias plenas de respeito e cidadania. Para todos e todas, sem distinção.
8 de março, Dia Internacional da Mulher. Conte (novas histórias) com a gente.
sobre a política
Pensar nas regiões metropolitanas
Por Tiago Oliveira tiago@revistames.com.br
Os problemas que demandam soluções regionais devem sim ser pautados nos debates eleitorais deste ano As eleições municipais de outubro estão se aproximando. À luz das pesquisas, os candidatos tendem a apresentar programas de governo que resolvam aqueles problemas com os quais os moradores das suas cidades se batem mais cotidianamente. Com certeza, aparecerão propostas para melhorar o atendimento de saúde, em especial, para acelerar a marcação das consultas eletivas e/ou propostas para melhorar a mobilidade urbana. Os programas de governo, aliás, devem ser muito parecidos. Não somente dentro da mesma cidade como em cidades diferentes. Especificidades, normalmente, são elementos de pouco impacto eleitoral e costumam ser deixadas de lado pelos candidatos. Os grandes temas da pauta eleitoral são mesmo parecidos em todas as cidades. Mas será que as eleições municipais existem apenas para promover a discussão sobre a política intramuros? Será que só o que acontece em minha rua ou em minha cidade é importante? Penso que não. Os debates eleitorais neste processo devem servir, também, para discutir temas mais amplos, mas que afetam de igual maneira a vida das pessoas. As eleições locais são as que têm mais proximidade com as pessoas e, portanto, mais sensíveis ao acompanhamento e à participação popular. É a cidade onde vivemos e sonhamos. E é onde sentimos com mais intensidade as dificuldades de realizar nossos sonhos. Os problemas que demandam soluções regionais – ou até mesmo estaduais – devem sim ser pautados nos debates eleitorais deste ano. As cidades não são redomas, ilhas ou aldeias. Os problemas têm causa e efeito em outras cidades.
Logo, as soluções devem ser buscadas também além-fronteiras e de forma compartilhada. Só para citar dois exemplos. Os problemas de transporte, trânsito e lixo têm ou não reflexos regionais? No caso da Região Metropolitana de Curitiba, será possível pensar em soluções sem considerar as especificidades de cada cidade e as suas intersecções com outras? Imagino que não. Ou se faz o debate sobre temas dessa magnitude de forma séria ou serão propostas para enganar o eleitor. Buscar elementos nas boas experiências administrativas que estão sendo realizadas em São José dos Pinhais, Colombo e Pinhais, por exemplo, e analisar como replicá-las e articulá-las com as necessidades existentes em Curitiba e em outras cidades da RMC pode ser um caminho para não desperdiçar o dinheiro público e trabalhar com soluções definitivas. Dos debates regionais, também devem ser construídas as pautas eleitorais deste ano. Precisamos pensar em soluções para nossos problemas de forma mais ampla. E se os candidatos não caminharem neste sentido caberá a nós, reais definidores da pauta eleitoral, demandar que essas discussões sejam feitas. No caso da RMC, esse movimento é mais do que necessário. É imprescindível, pois corremos o risco de colapso em nossas cidades em pouco tempo. REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 23
cidades
Dê um presente para Curitiba Especialistas de seis áreas diferentes sugerem presentes para dar à Curitiba em seu 319º aniversário, a ser comemorado no dia 29 de março Iris Alessi - iris@revistames.com.br
Roberto Dziura Jr.
Jaelson Lucas / smcs
A
Capital dos paranaenses sopra as velinhas neste mês. A Revista MÊS em vez de registrar os 319 anos de sua fundação propõe dar presentes para o futuro. Por isso, convidamos especialistas de seis diferentes áreas para sugerir o que dariam para a aniversariante. O primeiro desses presentes tem a ver com a capacidade inovadora da cidade e também com a imagem que a cidade tem de ser uma capital ecológica. Para o diretor executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), Clóvis Borges, o presente seria criar em dois anos mais de mil Reservas Particulares do Patrimônio Público Municipais (RPPN). De acordo com Borges, essa discussão já ocorre na cidade e até há uma lei que regulamenta esse tipo de re-
Roberto Dziura Jr.
serva (Lei nº 13.899 de dezembro de 2011). Mas Borges avalia que é preciso que se faça isso em larga escala. “Um presente que talvez fosse bem dentro dessa discussão e oportuno seria que a cidade de Curitiba e a gestão atual criassem um mecanismo para dar escala à criação das reservas privadas. Estabelecesse mudanças para tornar suficientemente atraente essa perspectiva de criação de reservas privadas, porque hoje tem lei e você tem menos de meia dúzia de áreas criadas”, completa.
Educação e bem-estar O meio ambiente também tem espaço no presente da especialista em Educação. Para a chefe do Departamento de Educação junto à Pró-Reitoria de Graduação e Educação Profissional da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Sonia Ana Charchut Leszczynski, Curitiba precisa aprimorar a educação em sustentabilidade sobre três pilares: econômica, social e ambiental. “Seria bem interessante se toda a população se conscientizasse do seu papel para essa cidade sustentável”, afirma Sonia Ana, que julga, ainda, que essa educação precisa começar na escola. “É a criança que poderá vir a mudar o comportamento dos pais”, completa. Se a educação em Curitiba vai bem, os índices de segurança talvez não estejam tão positivos assim. Curitiba hoje é apontada
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O outro elemento é criar espaços protegidos. O que para Bodê é fundamental. “Criar espaços de bem-estar coletivo. No caso de uma cidade, [...] precisa de espaços de bem-estar coletivos devidamente protegidos. Espaço de socialização de jovens, de idosos, dessa gente toda misturada”, pondera Bodê. Para o professor, as pessoas se sentem seguras não apenas quando há policiais nas ruas, mas também quando se sabe que tem a quem recorrer.
Qualidade de vida e trânsito O bem-estar como forma de prevenção às doenças é o presente na área de Saúde da gerente administrativa da Clinipan, Leonice Terezezinha Zeni. Ter mais parques interligados por ciclovias para que as pessoas, além de ter acesso às paisagens de Curitiba, também possam praticar mais exercícios. Já o engenheiro civil especializado em Rodovias e Ferrovias, Sizou Kuwabara, avalia que no trânsito curitibano vem ocorrendo muitos acidentes devido às mudanças recentes. Para o engenheiro, seria interessante que fossem mantidos os redutores de velocidades, como
Pedro Bodê oferece dois: guarda municipal preparada e espaços de bem-estar coletivo Clóvis Borges: “Que Curitiba tivesse mil reservas privadas a partir de agora com a utilização em escala da lei” Roberto Dziura Jr.
Um deles é ter uma guarda municipal preparada para mediar conflitos “e que na sua lida com a cidade fosse vista como alguém confiável, como alguém para quem a população pudesse recorrer. É como nós chamamos de polícia de proximidade”, completa o professor.
Sizou Kuwabara: Redutores de velocidade nas ruas para evitar acidentes, principalmente nos locais onde houve mudanças no trânsito Leonice Terezezinha Zeni: Mais ciclovias na cidade, para estimular as pessoas a praticarem mais exercícios
Leandro Knopfholz: “Eu daria a reabertura da Pedreira”, feito que está perto de ocorrer, segundo informações da Prefeitura de Curitiba Sonia Ana Leszczynski: “O interessante seria se a gente pudesse ter uma Curitiba que tivesse uma educação na sustentabilidade”
as tartarugas nas esquinas para que não houvesse tantos acidentes. “Independentemente de qualquer coisa, ele [o motorista] diminui a velocidade”, afirma Kuwabara. O engenheiro elogia o trabalho que vem sendo realizado no anel viário, onde novas calçadas estão sendo construídas. Mas critica: “não estão fazendo a parte da acessibilidade”. Ele notou que em alguns locais, depois de terminadas as calçadas é que colocaram as rampas de acesso, mesmo assim essas calçadas continuam sem guias para deficientes visuais.
Divulgação
como a 6ª capital com maior número de homicídios no País. Para o coordenador do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná (CESPDH-UFPR), Pedro Bodê, dois elementos no quesito segurança poderiam ser o presente da cidade para os seus cidadãos.
Roberto Dziura Jr.
Presentes
Cultura Além de todos esses presentes, o criador do Festival de Teatro de Curitiba, Leandro Knopfholz, lembra de um que já deve estar no imaginário da maioria dos curitibanos. O presente na área de Cultura e que está muito perto de acontecer é a reabertura da Pedreira Paulo Leminski. A Pedreira poderá voltar a ser um espaço ativo em prol da criatividade na cidade. Criatividade essa que Knopfholz ressalta estar em alta na Capital. “A gente tem tido um movimento da criatividade que é feita aqui sendo consumida aqui. Acho que as bandas locais, a literatura local, as artes cênicas locais têm ganhado prestígio com o próprio curitibano. Eu acho que esse é um movimento bastante importante e bastante sólido”, completa o criador do Festival. Para ele, o que falta ainda é agregar mais valor ao produto criado e consumido aqui e tornar a atividade viável economicamente para quem a faz.
Participe E Você? O que daria de presente para Curitiba? Envie sua resposta para leitor@revistames.com.br
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economia
Comer fora de casa é um dos itens que teve maior aumento da inflação
O vilão da inflação é o Serviço Este setor é o que mais puxou a inflação em 2011; este ano, economistas projetam pouco mais de 5% de inflação no País Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
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ossivelmente, você deve ter percebido que o preço da alimentação fora de casa ficou mais alto, o valor do serviço das empregadas domésticas também, assim como ir ao salão de beleza tornou-se mais pesado no orçamento. Esses indícios mostram que a inflação (aumento geral dos preços) chegou com mais força no setor de serviços. Um fenômeno comum em países desenvolvidos, mas algo recente no Brasil. Alguns dos fatores que fizeram com que esse setor fosse o principal vilão da inflação no País foram as baixas
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taxas de desemprego, aumento do poder aquisitivo geral da população, crescimento da margem de lucro e de produtividade, “principalmente no que diz respeito ao crescimento do custo de mão de obra”, completa Lucas Dezordi, professor de Economia da Universidade Positivo (UP). Além disso, serviço é um setor que não possui uma concorrência alta do mercado externo.
O centro da meta de 4,5% do BC só deve ser alcançado em 2013 “O que acontece com o setor de serviços? Você não tem tanta competição externa, diferente de um produto como automóvel, de uma televisão, que você importa e essa concorrência de importado regula o preço”, analisa Marcelo Curado, professor de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Taxa da inflação No ano passado, a taxa de inflação ficou no teto imposto pelo Banco Central de 6,5%, sendo o centro da meta de 4,5%, que só deve ser alcançado em 2013. Para este ano, os especialistas são quase unânimes ao estimar
Na RMC A inflação na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) foi maior que a média brasileira. Fechou o ano com o IPCA de 7,13% ante a 6,71% registrado em 2010. Os itens que mais pesaram nessa balança também foram os produtos não comercializáveis (setor de serviços), como a educação, despesas pessoais e saúde, habitação (aluguel residencial) e transportes. Fonte: IBGE e Ipardes
Roberto Dziura Jr.
No que é melhor investir? Veja algumas dicas dos economistas para você aplicar bem seu dinheiro Conhecer seu perfil de investidor Qual sua aversão ao risco, disponibilidade financeira e prazos de investimento. Interessante investir em NTN-B (Notas do Tesouro Nacional) Este tipo de título é corrigido pelo IPCA, dependendo do prazo rende de 12 a 13% ao ano.
Roberto Dziura Jr.
Outro tipo de investimento pode ser o CDB Pode render cerca de 10%, pois são investimentos de renda fixa com pagamento em datas pré-estabelecidas, remunerados a taxas pré ou pós-fixadas. Balanciar carteira de investimentos Importante fazer um acompanhamento da estratégia estabelecida e rebalancear a carteira quando necessário. Tendência também será de busca por rendimentos alternativos Isso para conseguir uma rentabilidade maior. Por outro lado, existe maior risco e menor liquidez. Fonte: Lucas Dezordi e Nastássia Leite
algo em torno de 5%. A projeção mais comentada é de 5,2%. Mas o Banco Central já anunciou que pretende fechar o ano com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 4,7%. Uma dúvida é se esse ritmo da pressão do setor de serviços deva continuar este ano. “Talvez, não no ritmo que estava no ano passado, foi quando teve uma aceleração mais consistente e pelo momento econômico mais delicado, isso acaba refletindo também nas perspectivas para este ano. Mas mesmo assim o setor de serviços vai continuar sendo forte”, afirma a economista da Omar Camargo Investimentos, Nastássia Leite. Um dos grandes fatores para que os serviços continuem aquecidos é o grande volume de dinheiro em circulação no Brasil. Isso gera maior demanda, o que encarece a oferta. Mas, segundo o professor da Federal, se o Governo se preocupar demasiadamente em atingir o centro da meta da inflação poderá perder oportunidades no crescimento do País, que teve comportamento mediano no
ano passado, quando registrou aumento de menos de 4% do PIB.
Juros Para controlar a inflação, o Banco Central tem como principal arma a regulação da taxa de juros. Uma taxa estimula a outra. Assim, a forma mais direta para baixar a inflação é aumentar os juros. “Há uma probabilidade elevada da taxa Selic atingir 9,5%, não se espera que tenha o corte de uma vez só, mas que até o fim do ano entre nesse número”. Isso significa que haverá queda nos juros, o que pode ocasionar um aumento da inflação no segundo semestre, dizem alguns economistas. Já para Marcelo Curado, “o governo precisa sim olhar para a inflação, ela é fundamental, mas não é a única variável. A gente tem de combinar este cenário de estabilidade, com o crescimento. Então, neste momento, acho que o Governo tem de estar muito atento para que não tenha uma redução mais forte do crescimento econômico, já que a inflação está muito controlada por fatores externos”, pondera.
Um dos fatores da inflação do setor de serviços é o aumento do custo de mão de obra, diz Dezordi
Os fatores externos são a crise na Europa, a não recuperação total dos Estados Unidos e possíveis conflitos nas áreas de Petróleo, como alerta Lucas Dezordi. “Um ponto que me preocupa é a questão do Irã [pelo petróleo]”. Espera-se um crescimento recorde dos valores de barris de petróleo, caso comece algum conflito grave naquela região. No entanto, se esse cenário internacional não se confirmar, as projeções de inflação são ainda menores para os próximos anos. “O BC [Banco Central] tem meta inflacionária entre 2% e 3% para 2013 e 2014, o que demonstra um forte interesse governamental em manter a estabilidade no País, somado a isso, estamos tendo cortes constantes, porém prudentes na taxa de juros (Selic) que hoje está em 10,5%, podendo chegar a 9,5% para os mais conservadores e 8,75% para o mais otimistas até o final deste ano. Ou seja, temos um cenário muito favorável para a estabilidade da inflação em 2012, mesmo com crescimento previsto entre 3,5% e 4%”, finaliza Márcio Souza, diretor da Trend Brokers. REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 27
agropecuária
“Cinturão paranaense” põe preços das terras para cima Norte e Oeste do Paraná possuem uma das terras mais valiosas do mundo; preços subiram quase nove vezes em pouco mais de 10 anos; alta deve continuar, porém menos intensa Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
H
oje o Brasil é considerado o celeiro do mundo. Dentre suas unidades federativas, o Paraná pode ser considerado um dos principais tratores que puxam os índices brasileiros de produtividade e riqueza do setor primário. Por aqui, existe também o Grain Belt (cinturão de grãos), uma referência à famosa área que engloba as regiões Norte e Leste dos
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Estados Unidos, onde as terras são bastante valorizadas. Já no Paraná, as regiões Norte e Oeste é que possuem os maiores preços de terra e grande riqueza agropecuária. Esse “cinturão paranaense” conquistou os maiores
Essa disposição de aumento deve continuar, segundo estimativas do Deral
preços de terras do mundo nos últimos anos, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral). Conforme levantamento do Deral, algumas terras (as mais valorizadas) tiveram aumento de quase nove vezes entre 1998 e 2011. Foi o caso de Maringá. O município possui a terra mais cara, cerca de R$ 30 mil por hectare (10 mil metros quadrados) de terra roxa mecanizada (pronta para cultivo). Há pouco mais de uma década, esse
Divulgação
mesmo tipo de propriedade tinha o valor de venda de R$ 3.600 por hectare. Essa disposição de aumento deve continuar, segundo estimativas do coordenador da Divisão de Estatística do Deral, Carlos Hugo Winckler Godinho. “A tendência é continuar subindo, não na velocidade que se viu nos últimos anos. Mas partir para uma estabilidade ou um crescimento menos acelerado”, explica. Em média, a terra paranaense está custando R$ 5,9 mil a R$ 18 mil por hectare. (Veja ranking das terras mais caras)
Mercado Ganha quem vende e perde quem compra. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária do Paraná (Incra-PR) é um desses compradores de terras que amarga com os preços mais altos. Os preços de mercado é que regem a aquisição de terras pelo Governo Federal.
Banco de imagem
Preços Os valores tomam como base os preços dos grãos. Se o preço das commodities está alto, as terras estão mais valorizadas e o processo inverso também é verdadeiro. Por exemplo, “quanto maior o preço da soja, maior o preço da terra”, explica Carlos Hugo Winckler Godinho. Uma
Ranking Saiba quais são as terras mais caras no Paraná. A maioria está na região Norte e Oeste do Estado:
Cascavel (PR)
30.000 R$ 30.000 R$ 28.100
Vera Cruz do Oeste (PR)
R$ 27.000
Santa Tereza do Oeste (PR)
R$ 26.784
São Miguel do Iguaçu (PR)
R$ 26.700
Maringá (PR) Sarandi (PR)
R$
Floresta, Marialva, Ourizona, São Jorge R$ 26.600 do Ivaí (PR) Juranda (PR)
R$ 26.550
Itaipulândia (PR)
R$ 26.500
Cafelândia (PR)
R$ 26.200
Fonte: Deral (preço por hectare de 2011 na terra roxa mecanizada)
ele, “está sendo péssima [a colheita]”. Esse fator também afeta os preços das terras. Por isso, a aceleração da alta dos preços deve ser menor.
Nilton Guedes (Incra-PR) anuncia a desapropriação de 3 propriedades para este ano
das características curiosas das propriedades paranaenses é que elas são pequenas, se comparadas a outros estados como Mato Grosso e Piauí, no entanto, ainda são muitas terras nas mãos de poucos produtores. As terras com vegetação preservada ou para este fim devem ser o alvo de compra dos grandes produtores paranaenses. O que pode gerar maior aumento dos preços das terras. Isso porque é preciso que cada proprietário tenha uma área específica de reserva legal, ponto bastante discutido e polêmico do novo Código Florestal. Outra questão a ser levantada é que pouco se vende e se compra no Estado. Conforme explica o produtor Vagner José Rodrigues da Silva (43), de Terra Roxa, há uma dificuldade dos agricultores comprarem mais terras somente com o lucro que a terra dá. Mais um item é a pouca área de expansão agrícola. “Chegou num patamar que não se consegue comprar só com o lucro da própria terra”, comenta Silva. Ele, que trabalha na terra desde 1969, pretende investir em outro ramo de negócios para diversificar suas fontes de renda. Silva tem 200 hectares e se queixa da fraca safra deste ano. Para
Este ano, o Incra terá um orçamento de R$ 600 milhões para todo o Brasil. O Paraná deverá solicitar parte dessa verba para a compra de 51 propriedades, o que equivale a 35 mil hectares para assentar três mil famílias. Ainda restará um déficit de pouco mais de 2,5 mil famílias acampadas no Estado sem terra para trabalhar. Outra forma do Incra obter terras é por meio da modalidade de desapropriação (quando são improdutivas). No entanto, no Paraná, as terras improdutivas correspondem somente a 3%. Aí o problema é com a demora na Justiça. “Tem sido moroso, gostaríamos que fosse mais rápido [desapropriar]”, afirma Nilton Bezerra Guedes, superintendente regional do Incra no Paraná. Este ano, o Incra espera por decreto presidencial para desapropriar a fazenda Manasa, em Porto Barreiro (PR) para assentar 120 famílias; a propriedade Pompeia em Congoinhas (50 famílias) e a fazenda Perdigão, no município de Querência do Norte (10 famílias). Com o preço das terras paranaenses em alta, mais uma consequência é gerada: a venda irregular do assentamento. De acordo com Guedes, o Instituto é bastante criterioso e intolerante à venda de lotes de assentamentos. Por isso, o Incra é o responsável pela gestão dos assentamentos e orçamento para dar assistência às propriedades. REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 29
educação
Professora Marta e a aluna Raissa; durante cinco meses a professora liderou o projeto premiado
Autoconhecimento na infância
Projeto de Curitiba chamado “Eu Sei Quem Eu Sou, de Onde Eu Venho, para Onde Eu Vou” foi premiado pelo MEC e ajuda as crianças a buscarem autoconhecimento
D
Iris Alessi - iris@revistames.com.br
esde 2005, o Ministério da Educação (MEC) premia e reconhece o valor de projetos criados por professores da Educação Básica no País. São propostas pedagógicas bem sucedi-
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das, inovadoras e criativas para melhorar a qualidade da educação. Um desses projetos premiados foi o trabalho realizado na Escola Municipal Professora Maria Ienkot Zeglin, no Tatuquara em Curitiba, pela professora Marta de Moura Nunes. Uma ideia positiva, que recebeu reconhecimento
no ano passado para ajudar no aprendizado da criança sobre si mesma. Tudo começou quando a professora Marta passou a lecionar para uma turma de crianças que estavam entre 4 e 5 anos de idade, em 2010. Ao tentar conhecer os alunos, a professora ob-
tagem, e esta lista eles levavam para casa e iam fotografando”, completa. Cada criança ficava um dia com a câmera. Ao voltar para a escola, as crianças apresentavam aos colegas as fotografias e contavam suas histórias de vida. Para a professora, essa foi uma maneira de quebrar a barreira dos alunos de falar em frente aos colegas. “Até na questão da oralidade foi muito importante, porque nessa fase eles estão desenvolvendo. Então, tem de falar para várias pessoas, eles precisam saber que eles têm de falar de uma forma que o outro vai entender. Eles tinham de ter esse cuidado e tinham uma postura de palestrante”, gratifica-se a professora.
Fotos: Roberto Dziura Jr.
Etapas
servou a dificuldade deles em saber sobre si e sobre suas vidas. “Eu comecei a perceber que eles não conheciam a própria vida. Não conheciam eles mesmos. Eu fiquei pensando que para a gente conseguir respeitar alguém, primeiro a gente tem que se conhecer e se respeitar”, explica a professora.
Ferramenta A primeira fase do projeto teve início com uma tarefa usando fotografias. “Surgiu a ideia de utilizar a câmera”, lembra. A professora orientou os alunos que fotografassem em casa algo ou alguém que gostariam de mostrar aos colegas. “Nós fizemos uma lis-
Concluída a fase das apresentações, o trabalho seguiu em três etapas. A primeira foi trabalhar características pessoais, como o nome e semelhanças físicas. “Começamos com o nome, mostramos que cada nome era diferente”. Nesta fase, as mães foram até a escola para contar a origem do nome de seus filhos e também levaram objetos ou fotos das crianças de quando elas eram bebês. A segunda etapa levou as crianças a debaterem a construção da família e a diversidade de modelos familiares que existe hoje. “A gente tem uma dificuldade muito grande de encarar os novos padrões e entender todos eles”, explica Marta.
O projeto deu noções básicas sobre autoconhecimento e respeito entre os colegas Já na terceira fase, as crianças foram conhecer o ambiente em que vivem. A professora Marta levou as crianças para um passeio pelo bairro Tatuquara para que tivessem noções de localização e de cidadania.
Para a mãe Terezinha, todas as escolas deveriam ter esse tipo de projeto
Resultados Ao final de cinco meses de atividades, todos os materiais produzidos pelos alunos foram expostos também no saguão da escola. “A gente fez essa exposição para que os outros colegas da nossa escola pudessem aprender também”, relata Marta. Para a mãe de Raissa (06), Terezinha Oliveira, o projeto ajudou no desenvolvimento de sua filha, aluna de Marta. “Tudo o que ela vai conversar, ela lembra dos projetos que ela teve com a professora.” “Eu acho que todas as escolas deveriam manter um projeto assim dentro da escola. Os pais ficam felizes [com os resultados]”, completa Terezinha. O maior prêmio para Marta com este projeto foi ver que seus alunos realmente aprenderam mais que a História sobre civilizações passadas, conseguiram perceber sua própria história de vida e a possibilidade de construir um caminho melhor por meio do autoconhecimento. REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 31
saúde
Tratamento médico: Pilates Além dos benefícios estéticos, a técnica é recomendada por especialistas para tratamento e recuperação de lesões ortopédicas Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
C
om artrose, alguns problemas na coluna e um bastante grave na cervical, a empresária Rosana Serena (57) sofreu com dores crônicas nas costas, na cabeça e em outros locais do corpo por cinco anos. Depois de procurar tratamento com neurologistas, fisioterapeutas, na quiroplastia, yoga e acupuntura, ela chegou até mesmo a ser diagnosticada com fibromialgia. Desacreditada pelos médicos, Rosana conta que seu dia a dia já havia sido prejudicado. “Minha qualidade de vida ficou completamente prejudica-
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da. Cheguei a usar colar cervical. Parei de fazer personal, não conseguia mais andar, nem fazer nada”, lembra. Ela conta que o último neurologista que procurou disse que o caso dela não era cirúrgico e não havia esperança. “Quando eu cheguei, ele disse: ‘não tem o que fazer por você. Você tem de se acostumar com a dor, porque vai ficar cada vez mais debilitada’.”
Pilates surgiu para tratar pacientes de guerra; depois virou também atividade física Sem mais esperanças e pensando que em pouco tempo estaria em uma ca-
deira de rodas, Rosana decidiu seguir a indicação de uma amiga médica e procurou outro tratamento: o Pilates. Na primeira sessão, a empresária diz ter sentido o alívio e em seis meses suas dores já estavam sanadas. Rosana, que diz ter encontrado alívio com o Pilates, pratica a modalidade há sete anos, três vezes por semana.
Benefícios médicos Conhecido atualmente pela maioria por seus benefícios estéticos, o Pilates também traz resultados médicos. Segundo a médica e fisioterapeuta do Núcleo do Corpo, Elaine Markondes, esse sempre foi o principal objetivo do criador do método. “O [Joseph] Pila-
Roberto Dziura Jr.
tes cuidou de pacientes em uma enfermaria de guerra, depois tentou vender o produto dele para ortopedistas de Nova York. O apelo dele sempre foi saúde. Sempre pensou que o método dele poderia recuperar lesões”.
Roberto Dziura Jr.
A médica afirma que o método é bastante utilizado para a recuperação e prevenção de lesões ortopédicas e que a prática pode ser utilizada como método fisioterápico. “Na prática fisioterapêutica, você recupera a função perdida e dá alta para o paciente. Com o Pilates, você recupera a função perdida e o seu cliente continua com você, mesmo não tendo mais sintoma, controlando a dor. Você pode fazer fisioterapia com Pilates, RPG, Acupuntura”, diz. A prática do Pilates como tratamento médico também é reconhecida pelo ortopedista Luciano Casale Torri, do Total Care Curitiba. “Tanto Pilates, quanto hatha yoga, estabilização segmentar vertebral e algumas artes marciais, a gente indica como tratamento médico, porque elas fazem a tonificação e o fortalecimento de grupamentos musculares muito difíceis de serem trabalhados de outras maneiras”, afirma. Segundo ele, alguns resultados não são alcançados tão evidentemente pela fisioterapia tradicional. “Quando a gente manda para algumas dessas atividades, a gente está tentando fazer uma tonificação e reforço muscular de determinados grupamentos musculares, mais especificamente três, que servem, principalmente, para a estabilização da coluna vertebral”, explica.
Prevenção Essa espécie de “musculação” realizada pelo Pilates faz dele um método não só de reparação de um dano na coluna como também de prevenção. Para a doutora Elaine, a força, a mobilidade e o alinhamento são funções que todos nós deveríamos ter, “mas a gente só consegue manter isso ao lon-
Segundo Elaine, o método é bastante utilizado para a recuperação e prevenção de lesões ortopédicas
go da vida se fizer algum trabalho de movimento. Então, o Pilates pode ser um tratamento ao longo da vida”, diz. O ortopedista explica os motivos de esse exercício ser tão importante para a musculatura. “Todo peso que a gente sustenta é transferido pelo nosso corpo no tronco, parte pela musculatura torácica abdominal e pela musculatura das costas e parte pelo eixo rígido, que seria a coluna. Quanto melhor é a musculatura, menos carga passa pela coluna. Isso faz com que exista uma
diminuição da carga em cima do disco intervertebral. Nada mais é do que um amortecedor entre uma vértebra e a outra. Quanto mais carga tem aí, mais sofre”, detalha Torri. Por isso, para ele, o Pilates é uma atividade interessante de ser feita para que se tenha uma musculatura saudável pela coluna e não venha apresentar patologia. A empresária Rosana Serena parece ter entendido o recado e afirma que não pretende parar nem quando receber alta da fisioterapeuta. REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 33
saúde
Violência de marcas profundas A agressão psicológica é responsável por 49% dos atendimentos às mulheres nos serviços de Saúde no País e 60% das queixas prestadas na Delegacia da Mulher em Curitiba Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
J
úlia* tinha uma vida aparentemente fora de suspeitas. É dentista por formação, tem três filhas e era casada com João*, médico e professor universitário. No entanto, sua rotina era no mínimo conturbada. A dentista, atualmente dona de casa, foi casada por quase 30 anos. Ela se separou há pou34 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012
cos meses porque descobriu que estava sendo traída. Mas o rompimento do casamento não era o maior de seus problemas e, na verdade, talvez tenha sido a melhor justificativa para sair desse relacionamento. A dentista conta que após quatro meses do início do namoro, com seu então esposo, começou a sofrer torturas psicológicas e ser acusada de um falso adultério. Para João, a então esposa mantém até hoje um relacionamento com uma pessoa que ela conheceu quando tinha 22 anos, pouco antes de começar a namorar com ele. Além disso, Júlia lembra que por diversas vezes seu marido invadia o consultório em que ela trabalhava na tentativa de encontrar supostos amantes.
“Ele se autoenviava cartas anônimas e exigia que eu confessasse que eram cheias de verdade”, afirma a dentista, que também se lembra de ter seus e-mails, redes sociais e a quilometragem do carro vigiada pelo então marido. Além da perseguição, Júlia era vítima constante de agressões verbais. “Me xingava de puta, vadia, garota de programa, amante de macumbeiro, na frente das nossas três filhas desde que elas nasceram” (sic). O que a dentista foi perceber apenas há quatro anos, com a ajuda de uma especialista, é que ela era vítima de violência psicológica. Aliás, as mulheres são as principais vítimas desse tipo de violência. “Antes eu achava que eu era a culpada, porque eu tinha traumatizado
Roberto Dziura Jr.
Difícil identificação Essa dificuldade em identificar a violência psicológica não é exclusividade de Júlia e torna-se um problema de saúde pública. Segundo Marta Maria Alves da Silva, coordenadora da área técnica de Prevenção de Violência e Acidentes do Ministério da Saúde, por não trazer uma marca aparente, como na violência física, nem todas as mulheres conseguem reconhecer que estão sofrendo essa violência. “Gritar, humilhar, desprezar, são formas de violência que a pessoa, às vezes, naturaliza”, explica. “Existe uma dificuldade muito grande de compreender essa dinâmica do abuso, da repressão, porque a pessoa que está sofrendo acaba entendendo aquilo como um processo de rotina normal”, afirma a psicóloga da Paraná Clínicas, Isabela Poli. De acordo com ela, a maioria das mulheres que busca ajuda acaba chegando com outras queixas. “Os relatos não são de baixa estima. Aparecem dores, síndrome do pânico, depressão, distúrbios alimentares, mas o que causa todos esses sintomas é a violência psicológica”, diz. Apesar disso, segundo o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva), ligado ao Ministério da Saúde, a violência psicológica é responsável por 49% das notificações nos serviços de saúde de casos sofridos por mulheres no Brasil, perdendo apenas para a violência física e ficando à frente da sexual. Já as queixas da Delegacia da Mulher de Curitiba são a maioria. De acordo com a delegada Maritza Maira Haisi, cerca de
60% dos atendimentos são referentes à violência psicológica. Esse tipo de agressão é caracterizada como uma ação frequente de qualquer tipo de “rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito, cobrança exagerada, punições humilhantes e utilização da pessoa para atender as necessidades psíquicas de outrem. É toda ação que coloca em risco ou cause em dano a autoestima e desenvolvimento da pessoa”, afirma Marta.
Traumas Segundo as especialistas, os traumas causados pela violência psicológica são imensos. Além do que, normalmente, acabam culminando na violência física. No caso de Júlia também foi assim. Após muito tempo sofrendo agressões verbais, o então marido começou a agredi-la e, segundo ela, tentou matá-la três vezes. “Na minha casa existem até hoje portas quebradas com os chutes dele tentando me alcançar”, lembra.
As mulheres são as principais vítimas da violência psicológica que atinge diferentes níveis sociais Apesar disso, para ela, estas marcas não são as piores. “As agressões físicas não traumatizaram. O que marca, deforma, aleija é o emocional. Eu preferia ter ossos quebrados do que o espírito acabado”, diz Júlia visivelmente emocionada. Atualmente, Júlia diz evitar até mesmo atender telefo-
Denúncia Delegacia da Mulher de Curitiba Fone: (41) 3219-8600 Rua Padre Antônio, 33. Bairro Alto da Glória.
Divulgação / Ministério da Saúde
ele lá atrás”. Júlia diz ter conseguido enxergar a real situação em que vivia quando viu que uma de suas filhas estava sofrendo diretamente as consequências. Apesar disso, ela só se separou quando descobriu a traição do marido e foi prestar queixa na Delegacia da Mulher, sete meses depois do ocorrido.
Segundo Marta, do Ministério da Saúde, muitas mulheres têm dificuldade em identificar este tipo de violência
nemas de números desconhecidos, por medo de ser o ex-marido. Ao procurar ajuda na Delegacia, local da entrevista com a MÊS, ela espera conseguir proteção do Estado para que o ex-marido não entre mais em contato, seja por e-mail, mensagem de celular, telefone ou pessoalmente. Assim, Júlia acredita que é possível viver em paz. “Não digo recuperar, mas é possível recomeçar, em cima de todas as cicatrizes, é claro. Mas eu tenho motivação, que são as minhas filhas”, diz. O auxílio às vítimas que sofrem de violência psicológica pode ser feito tanto nas Delegacias das Mulheres ou Delegacia Civil mais próxima, quanto nos serviços de Saúde. De acordo com a psicóloga, a ajuda e o suporte da família ou dos amigos, tanto para identificar o problema, quanto para encorajar que a vítima procure ajuda, é fundamental. *Nesta reportagem foram utilizados nomes fictícios para preservar a identidade das fontes
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5 perguntas para: Maritza Maira Haisi
Roberto Dziura Jr.
Muito antes da agressão Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
Dos atendimentos feitos pela Delegacia da Mulher de Curitiba, a maioria é de violência psicológica ou física? Maritza Haisi (MH) - Em primeiro lugar está a violência psicológica, traduzida pelos crimes de calúnia, injúria, difamação, ameaça. Depois desses vêm os crimes de agressão corporal. Cerca de 40% de violência física e 60% de violência psicológica. Quando uma mulher chega à Delegacia, normalmente, ela sabe identificar a violência psicológica? MH - Muitas vezes, essa mulher chega porque sofreu uma agressão, tem uma lesão corporal, um ferimento no seu corpo. A gente vai conversando e acaba detectando que antes mesmo dessa lesão corporal, ela já vinha sendo vitimada pela violência psicológica. Em outros casos não, as mulheres já chegam conscientes.
A delegada titular da Delegacia da Mulher de Curitiba, Maritza Maira Haisi, convive diariamente com vítimas de violência. Mulheres com histórias de sofrimento e também cicatrizes pelo corpo. Na maioria dos casos, a violência começa no campo psicológico e, por vezes, parte para a agressão física. Por isso, a orientação da delegada é que a vítima procure ajuda já no primeiro estágio, como prevenção de consequências mais graves. 36 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012
A violência psicológica na maioria das vezes é seguida de agressão física? MH - Sim. Tanto que a maioria dos boletins de ocorrência de violência física, de lesões corporais, vem acompanhada também de boletins de crimes contra a honra, injúria e ameaça. Na grande parte dos casos, ou na maioria deles, a violência física vem depois da psicológica. Quando é comprovada a violência psicológica, como a mulher deve proceder? MH - O que nós sempre orientamos às mulheres é que primeiro
registrem um boletim de ocorrência. Mesmo que nesse momento a mulher ainda não tenha convicção se ela vai ou não se apresentar, se ela quer que esse boletim se transforme em um inquérito policial, em medidas protetivas. Registrando o BO ela vai ter as primeiras orientações, pode tirar todas as dúvidas. E com isso, muitas vezes, evita um passo seguinte, ser vitimada com a agressão física. Quando essa mulher convive com esse agressor, seja o companheiro, marido, filho, pai, neto, dentro da mesma casa, a situação é um pouco mais difícil. Nós orientamos que as mulheres peçam medidas protetivas de urgência, que obriguem o agressor a deixar o lar. Porque não é justo que ela, que já está sendo vitimada, violentada psicologicamente, continue a sofrer essa violência sendo colocada para fora da casa. Nas situações que não existe essa convivência, quando o agressor não reside no ambiente doméstico, seja um ex-marido, ex-namorado, um filho que não mora junto, nós orientamos que evite o contato com essa pessoa e também orientamos que sejam solicitadas as medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor a se manter afastado dessa pessoa. Isso [a pena] depende do tipo de violência psicológica. Temos aí desde um mês de detenção até seis meses. Por que as mulheres são as principais vítimas de violência psicológica? MH - Justamente por essa posição, muitas vezes, de superioridade que o homem se coloca. Superioridade de domínio econômico, domínio emocional dessa mulher, o que as tornam mais fragilizadas, mais vulneráveis a esse tipo de violência.
Para quem curte navegar com informação de qualidade.
@mes_pr Mês Paraná Versão on line: http://www.revistames.com.br REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 37
tecnologia
Conectar-se ou desconectar-se? Eis a questão O vício da conectividade está à solta; especialistas ensinam como identificar Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
N
o maior evento geek do Planeta, o Campus Party 2012, realizado no mês passado em São Paulo, foi possível ver mais de 7,5 mil pessoas de todos os estados do Brasil reunidos em uma só conexão: discutir e testar os limites da internet. Muitas dessas pessoas além de serem nativos digitais, filhos da internet e estarem conectadas o tempo todo, fazem da web seu lugar principal para trabalhar, se relacionar e se entreter. Deixam a vida off line um pouco de lado. Estar neste ambiente o tempo todo é o que faz Diego Pontirolli Alves,
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estudante que mora em Nova York (EUA). “Já acordo com o Ipad ou com o telefone na mão”, revela Alves. Ele fica conectado de 12 a 14 horas por dia nas redes sociais, em sites de compra, de notícias, de estudo. Aliás, foi bem fácil entrevistá-lo. Foi só adicioná-lo no Skype (serviço de chamadas gratuitas e bate-papo) e ser aceita na hora. Em menos de cinco minutos já estávamos conversando sobre sua necessidade de conexão. “Acho que ainda não ficou nada maluco”, diz Alves. Mas confessa que seus amigos reclamam um pouco de seu hábito. “O pessoal reclama. Ontem mesmo, num restaurante, eu vi que tinha um casal do meu lado fazen-
do isso. Eles ficaram uns 10 minutos sem conversar e mexendo em mensagens [pelo celular]. Fiquei pensando: será que eu faço a mesma coisa?”, se questiona. Segundos de silêncio e a resposta: “Acho que sim”, risos. Como por exemplo, em um fim de semana que foi passar em um lugarejo nos Estados Unidos onde não tinha conexão. Tamanha foi sua angústia por estar fora da rede, que viajou 70 km (mais de uma hora de estrada) sob o pretexto de ir a um uma cidade próxima só para conseguir se conectar à internet. “Deu um alívio”. Mas será que é saudável estar on line o tempo todo? “Não acho que isso seja muito saudável”, admite Alves.
Malefícios “A internet potencializa tanto aquilo que a pessoa tem de bom, como aquilo que ela tem de ruim”, afirma Daniele Castilhos, psicóloga da Amil. “Muitas vezes, chega lá no consultório um paciente que está completamente dissociado da realidade. Ele já criou um personagem tão grande, mas que não tem nada a ver com quem ele é”, diz. “Algumas patologias se evidenciam mais na internet”, comenta a psicóloga. Ela cita como uma das
Roberto Dziura Jr.
doenças desencadeadas pelo uso excessivo da web o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). A “rede mundial de pessoas” é um verdadeiro caldeirão de consequências. De acordo com a observação clínica da psicóloga, é por causa da maior conectividade da web, entre outros fatores, que houve um aumento da infidelidade, principalmente, masculina na internet. “Muitos casais têm vidas anônimas e duplas. De dois anos para cá tem crescido mais o número de homens que fazem isso pela internet”. Os fatores que levaram a esse aumento, segundo ela, são o comodismo, a carência e a correria do dia a dia. Outro ponto levantado pelo professor Marcelo Abilio Públio, especialista da área da Comunicação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PucPR), é que, em geral, a “conversa digital é meio que um monólogo”, diz. Muitos interlocutores desencontrados e ruídos na comunicação. “O importante é o contato um com o outro”, afirma.
“Já acordo com o Ipad ou com o telefone na mão”, revela Diego Alves
Pontos positivos Por outro lado, a maior conexão também possibilita a comunicação em diversas plataformas e com uma agilidade nunca antes experimentada na história da humanidade. “A internet não é um meio e sim um ambiente. Como qualquer outro ambiente permite diversos meios de integração”, explica o professor. Também como fator positivo está a falta de privacidade, que segundo Públio, de certo modo pode ser eficiente para dar mais transparência à sociedade. “Aquele comportamento que é socialmente aceitável, os outros estão
“A internet potencializa tanto aquilo que a pessoa tem de bom, como aquilo que ela tem de ruim”, diz Daniele Castilhos
me vendo, estão sabendo. Isso pode fazer com que as pessoas tentem se comportar de uma maneira melhor”, acredita. Já que “as pessoas estão muito mais informadas, fatalmente, elas vão ter um senso crítico um pouco mais apurado”.
Desconexão Diante disso, é possível estar desconectado? Para o especialista, “a própria forma de vida hoje faz com que você procure ficar mais conectado”. O que não quer dizer tornar-se um viciado. Para identificar se esta facilidade da vida contemporânea não se tornou algo obsessivo, perceba alguns sintomas. Se está muito nervoso, muito ansioso por não ter acesso à internet; deixa de curtir alguma coisa, porque tem a necessidade de publicar algo ou conectar-se nas redes sociais; tem insônia e fica conectado o tempo todo quando deveria dormir; ganhou peso ou perdeu peso repentinamente; teve alguma mudança de hábito em função da conectividade, é hora de dizer: “opa, minha relação com a internet está meio patológica”, alerta a psicóloga. Para Daniele, esse vício dificilmente será detectado pela pessoa viciada. “É o outro que sinaliza”, seja a mãe, os amigos ou o(a) namorado(a). Depois
de identificado o problema, aí é hora de procurar a ajuda de um psicólogo. Mas se o seu caso não é grave, pode seguir algumas orientações para não cair no vício. “Conseguir saber o limite que você está trabalhando e o momento que tem para você. É uma regra pessoal”, orienta o professor. Outra dica, que pode até parecer clichê, mas muito útil e atual, é aproveitar a ocasião. “Viver o momento”, diz a psicóloga. Se está no trabalho, foque nessa função (se para isso é necessário estar conectado, tente não se dispersar com entretenimento), se está numa festa, aproveite par curtir a música, dançar, se divertir. Se está em casa e quer conversar com os amigos, não há nada de mais correr para os chats das redes sociais. Mas aprecie com moderação!
Enquete E você, qual sua relação com a internet? Envie sua opinião ou história para nós pelos canais de comunicação: @mes_pr Mês Paraná leitor@revistames.com.br
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meio ambiente
Crueldade animal
Cerca de 10 pessoas procuram diariamente a Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba para fazer denúncia de maus-tratos contra animais de Araucária (PR) que literalmente explodiram um cachorro chocarem a sociedade, não é só a barbaridade que pode ser considerada maus-tratos.
Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
H
á alguns meses, casos de violência, crueldades e manifestações contra maus tratos de animais têm ganhado as ruas, apoio da Prefeitura de Curitiba, da mídia e das páginas da web. Infelizmente, esses casos são ainda mais frequentes do que se tem noticiado. Cerca de 10 pessoas denunciam diariamente maus-tratos contra animais, de acordo a Sociedade Protetora dos Animais (SPA) de Curitiba.
Apesar de cenas como a da enfermeira que espancou um yorkshire até a morte em Goiás e dos garotos 40 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012
De acordo com o Artigo 32 da Lei Federal nº. 9.605/98, de Crimes Ambientais, “os atos de maus-tratos e crueldades mais comuns são: abandono; manter animal preso por mui-
Animal maltratado Conheça a história de Amarela, a mascote da Casa VET
Fotos: Roberto Dziura Jr.
Em 2011, a Delegacia do Meio Ambiente de Curitiba contabilizou 1.584 denúncias. Segundo o superintendente Ivan José de Souza, somente 33% obteve punição. Foram constatados e autuados 528 casos.
Tipos de maus-tratos
to tempo sem comida e contato com seus donos/responsáveis; deixar animal em lugar impróprio e anti-higiênico; envenenamento; agressão física, covarde e exagerada; mutilação; utilizar animal em shows, apresentações ou trabalho que possa lhe causar pânico e sofrimento; não procurar um veterinário se o animal estiver doente; o abandono, falta de assistência médica, falta de cuidados higiênicos sanitários, alimentação”.
A vira-lata Amarela já sofreu um bocado. Há aproximadamente cinco meses foi resgatada da rua por uma protetora independente com as patas traseiras cortadas e levada à Clínica Veterinária Casa VET. As veterinárias Amarela foi tratada e adotada pelas veterinárias Paola e Cristina
Adoção “Existem aqueles maus-tratos por omissão, negligência, que a gente liga com a falta de atenção e conhecimento e existe aquele por crueldade. Esse é o mais difícil, porque pessoas que se divertem, se satisfazem, com o sofrimento alheio, alguma coisa tem de errado. Esses são muito difíceis, você pensar que pode mudar”, explica Soraya Simon, presidente da Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba. Para ela, os animais são “escolhidos” pelas pessoas com má intenção por serem presas fáceis e também porque a punição para quem comete o ato ainda é pequena e difícil.
Penalidade
Roberto Dziura Jr.
Segundo o superintendente, a pena prevista na Lei federal é de três me-
Está pensando em ter um animalzinho? Procure por uma adoção responsável Protetora dos Animais de Curitiba Rua Professora Sandália Manzon, 140 – Santa Cândida – (41) 3256-8211
Amigo Animal www.amigoanimal.org.br amigoanimal@amigoanimal.org.br
Cuidados ONGs, Protetoras Independentes e famílias com renda de até quatro salários mínimos podem procurar atendimento para seus animais na: Clínica Veterinária Casa VET Rua Pe. Paulo Warkocz, 70 – Jardim Gabineto / CIC – (41) 3373-6263 ses a um ano, podendo ser aumentada de um terço a um sexto, caso ocorra a morte do animal, acrescida de multa. Outra Lei é a Municipal de número 13.908, sancionada em dezembro do ano passado, que prevê advertência por escrito e multas de R$ 200 a R$ 200 mil em relação a maus-tratos em Curitiba. Para Soraya, uma lei mais rigorosa ajudaria. “Tem pessoas que sabem o que estão fazendo, mas acham que não vai dar em nada. Em alguns casos, gente que tem problema, distúrbio psicológico, não vai funcionar. Só a punição vai ser mais justa”, afirma.
Animais são presas fáceis para a crueldade; falta também mais rigor na punição, atesta a presidente da Sociedade Protetora
Alguns donos, quando notificados ou multados, se conscientizam e começam a cuidar do animal, segundo Souza. Caso haja reincidência ou um fato grave, os animais são recolhidos e encaminhados à Sociedade Protetora dos Animais, pois a Prefeitura não tem nenhum abrigo público. Outro
Paola Cristina Cordeiro e Cristina Monteiro, que receberam o animal, ficaram chocadas. Ainda hoje, a cadela sofre com o trauma sofrido. Amarela foge do carinho de estranhos e olha com desconfiança qualquer movimento de aproximação. As veterinárias acabaram sensibilizadas com a história e adotaram Amare-
la, que hoje é como uma espécie de mascote da Clínica. Na Casa VET, casos como esses são comuns. O local foi idealizado para atender animais de famílias de baixa renda (até 4 salários mínimos) e parcerias com entidades protetoras. “Não tem veterinários que se dediquem a atender os animais carentes”, conta Paola.
Como denunciar Em Curitiba Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente | DPMA – Curitiba Rua Erasto Gaertner, 1261 – Bacacheri – (41) 3356-7047 Central 156 ou www.central156.org.br Em outras cidades Delegacia de Polícia Civil Promotoria do Meio Ambiente local que atende animais em risco e maltratados em Curitiba é a associação sem fins lucrativos Amigo Animal, que abriga aproximadamente 2,5 mil cachorros. A educação de uma adoção responsável é ainda um ponto frágil na sociedade, fator que poderia prevenir o sofrimento de muitos animais. O que falta também, de acordo com as veterinárias da Casa VET, são políticas públicas para conter a procriação indiscriminada de animais, o que acaba gerando abandono e maus-tratos. O trabalho feito nesse sentido, até então, fica restrito a ações voluntárias. “Elas [protetoras independentes] ficam secando gelo. Pega um animal na rua e castra, mas enquanto elas castram uma [fêmea], nascem 50 [filhotes]. Tem de ter algo governamental”, reforça a veterinária Cristina Monteiro. REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 41
meio ambiente
Poluição invisível Campina do Siqueira, São Francisco e Cabral são os três bairros que registram maior poluição sonora da cidade; a principal causa é o barulho do trânsito
Iris Alessi - iris@revistames.com.br Colaborou Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
A
intensificação do tráfego de veículos é o principal causador de poluição sonora de Curitiba. Em levantamento feito pela Prefeitura de Curitiba, a população sofre com o aumento substancial de veículos nas ruas. O problema vai além da poluição do ar e da falta de mobilidade, há um volume excedente que atinge diariamente os ouvidos dos curitibanos em alguns pontos da cidade. Os bairros “campeões” deste tipo de poluição são o Campina do Siqueira, por conta da grande quantidade de
vias rápidas e a intensiva entrada e saída de carros e caminhões devido ao trevo com a BR 277. A maior poluição sonora é pela manhã. Em segundo lugar está o bairro São Francisco, que tem mais barulho à tarde. Em terceiro lugar fica o Cabral, com maior volume à tarde, seguido do bairro Mercês (tarde) e do Batel (manhã). São mais de 10 decibéis acima do permitido nessas regiões e nesses períodos. Para traçar o diagnóstico da paisagem sonora de Curitiba foram verificados 200 pontos em quatro eixos diferentes da cidade no ano passado, com
instrumentos de medição de segunda a sexta-feira. As principais conclusões foram que os níveis de ruído estão fortemente associados ao tipo de sistema viário e quando comparados com a legislação vigente, os valores obtidos excedem, em média, 10 decibéis dos estabelecidos para o período noturno e 5 decibéis para períodos de manhã e tarde.
Problema ambiental Atrás da poluição da água e do ar, a sonora ocupa lugar de destaque entre os problemas ambientais que mais afetam a população. Este tipo de poluição está em terceiro lugar no ranking, conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com o professor coordenador do Laboratório de Acústica Ambiental, Industrial e Conforto Acústico da Universidade Federal do Paraná (Laaica – UFPR), Paulo Zannin, “o padrão é o nível de pressão sonora,
TABELA DE DECIBÉIS Tempo máximo de exposição por dia ao Nível sonoro, em decibéis
85 92 95 97 100 102 105 110 115 8 HORAS
6 HORAS
Fonte: Sociedade Brasileira de Otologia
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4 HORAS
3 HORAS
2 HORAS
1 1/2 HORA 1 HORA
1/2 HORA
menos que 1/4 HORA
Roberto Dziura Jr.
o volume da televisão, por exemplo. No entanto, de acordo Zannin, com os excessos, chega um momento em que a percepção de volume alto ou a sensibilidade auditiva fica reduzida. Aí mora o problema.
Para controlar o limite de som de Curitiba, a fiscalização é realizada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA). A superintendente de Controle Ambiental da Secretaria, Josiana Koch, informa que a Capital paranaense tem uma lei que faz o controle de poluição sonora desde 1965. Hoje está em vigência a Lei Municipal 10.625 de 2002. “Para fins de fiscalização, a lei de Curitiba já define limites, decibéis que podem ser praticados conforme a região da cidade e conforme o horário. É uma coisa já bem mais técnica que nos permite fazer a nossa fiscalização”, explica.
Saúde
Fiscalização Segundo informações de Josiana, os limites estão diretamente relacionados com a lei de zoneamento urbano e com o sistema viário da cidade. Para as zonas residenciais, o limite durante o dia é de 55 decibéis e à noite é de até 45. Já para as zonas industriais, os limites são mais elevados tanto de dia (70 decibéis), quanto à noite (60 decibéis).
O principal dano à saúde que este tipo de poluição ocasiona é a hipoacugia, a perda da audição, de acordo com o médico otorrinolaringologista Paulo Przysiezny do Hospital Vitória. Entretanto, não é possível dizer em quanto tempo de exposição ao excesso de ruídos as pessoas podem começar a perder a audição, pois isso pode variar de pessoa para pessoa, dependendo também da predisposição genética. Alguns sintomas são perceptíveis, como o zumbido no ouvido, dormir mal e sentir-se cansado. “Outro tipo de transtorno que os ruídos a partir de 55 decibéis podem causar são as alterações relacionadas ao humor da pessoa, a pessoa vai ficando mais nervosa, vai
“No mesmo bairro, [...] numa dessas ruas principais pode ser um limite mais alto do que numa rua de trás, mais no interior. Porque nessa via de comércio entende-se que ela é mais voltada mesmo a atividades que eventualmente precisem de mais barulho e movimentação”, completa Josiana. Os barulhos nem sempre são notados como um tipo de poluição, pois podem ser em alguns casos regulados. Num ambiente interno, por exemplo, é fácil controlar a entrada de ruídos fechando portas, janelas, muitas vezes, instalando o isolamento acústico. O mesmo controle pode ser feito com
Fotos: Roberto Dziura Jr.
que a gente chama coloquialmente de volume do som, a quantidade de som. Passado esse limite estabelecido [...], então passa a julgar aquele ambiente como poluído acusticamente”, explica o professor.
As pessoas hoje estão muito conectadas, o que acarreta maior exposição a sons em maior tempo, explica Zannin
ter insônia, vai ficando cada dia mais ‘estressada’”, completa o médico. Os transtornos causados pelo barulho também são retratados em pesquisa realizada pelo professor Zannin com outros pesquisadores, no Laaica. De acordo com a pesquisa ‘Incômodo causado pelo ruído urbano à população de Curitiba-PR”, realizada com 860 moradores da Capital paranaense, as reações mais frequentes com relação ao ruído foram a irritabilidade (58%), baixa concentração (42%), insônia (20%) e dores na cabeça (20%). Como não há como viver num ambiente no qual o silêncio é absoluto, para fugir desse estresse, é preciso repouso auditivo após submeter-se a elevados volumes. “Deixe suas células auditivas relaxarem”, orienta o otorrinolaringologista.
De acordo com Josiana, para as zonas residenciais, o limite durante o dia é de 55 decibéis e, à noite, até 45
Mas se engana quem pensa que em Curitiba os parques sejam esconderijos para o silêncio. Nem sempre. Já que em estudos realizados pelo professor Zannin foi possível constatar que em Curitiba existe poluição sonora mesmo nos parques, pois muitos deles estão cercados por grandes vias ruidosas. REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 43
comportamento
Após um relacionamento de 12 anos, Ivana ficou viúva e agora mora sozinha; fase de adaptação foi difícil
A casa que é só minha
Mais de 12% dos brasileiros vivem sozinhos; esta é uma experiência que muitos se aventuram, mas poucos conseguem manter por muito tempo
É
Iris Alessi - iris@revistames.com.br
uma tendência. Atualmente, no Brasil, em 12% dos domicílios mora apenas um habitante, segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Índice em crescimento. Houve um aumento de 3,5% em relação ao Censo de 2000. No Paraná, são 385.957 pessoas que não dividem a casa com ninguém, o que representa 11,7% dos domicílios paranaenses. Média menor que a nacional.
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Já em Curitiba (PR), o percentual de casas com apenas uma pessoa é maior que as duas médias, representa um percentual de 13,93% (80.239 lares). De acordo com o IBGE, diversos motivos explicam esse crescimento no País: elevação da expectativa de vida, verticalização das cidades e redução na metragem das residências. Para o psicólogo especializado em psicologia somática, Tonio Luna, hoje existe uma tendência muito
grande de as pessoas morarem sozinhas, procurando se estabelecer profissionalmente antes de um relacionamento sério. Além delas, há pessoas que optam por serem solteiras pelo resto da vida. “Isso é uma coisa que está acontecendo com certa frequência”, enfatiza o psicólogo.
Dividir Esta certa frequência de que fala Luna pode ser pela liberdade que morar sozinho proporciona às pessoas.
preciso”, diz o engenheiro. Aos finais de semana, ele volta para Santa Catarina para visitar a família.
Se morar sozinho foi uma escolha para Ribeiro, a diretora de criação, Ivana Podolan (31), não teve outra opção. Há dois anos, após um relacionamento longo (12 anos), ela ficou viúva. Hoje, não divide o apartamento com ninguém, mas a diretora afirma que o começo foi uma fase muito difícil e dolorosa.
Tanto Pfeffer, quanto Ivana e Ribeiro conquistaram sua independência financeira e liberdade. Diferentemente de alguns jovens, que segundo o psicólogo Tonio Luna, às vezes, se iludem ao acreditar que apenas morar sozinho seja uma “experiência suficiente para poder amadurecer”.
“É meio complicado essa primeira fase de adaptação. Você chega em casa dá um vazio. Você está acostumada a ter alguém. Esse primeiro choque de se sentir só é mais complicado, mas com o tempo você vai se acostumando, vai se adaptando, enfim, cria outras rotinas diferentes daquelas que você fazia e acaba se adaptando”, relata Ivana.
“Morar sozinho significa se virar sozinho também, ou seja, se sustentar”, enfatizaTonio Luna
Liberdade
Para ele, Curitiba é um exemplo de cidade que recebe muitos jovens de outros lugares para estudar e que são sustentados pelos pais. Nesse caso, de acordo com Luna, o “morar sozinho” é apenas “um quarto grande da casa do pai, mas distante”. São jovens que não conquistaram maturidade, apesar de acreditarem que sim, já que podem fazer o que quiser
sem a vigilância dos pais. Conforme o psicólogo, liberdade não é fazer o que se quer. “Esse é um conceito muito simplista, muito adolescente”, avalia Luna que pondera que a liberdade é construída.
Autoconhecimento Além de liberdade e independência, morar sozinho pode trazer autoconhecimento para as pessoas que têm essa experiência. Esse é o caso de Ivana que está redescobrindo a individualidade. A diretora acreditava que muitas das habilidades que tinha era, em parte, porque tinha alguém ao lado dela. “E realmente algumas coisas você descobre que é porque você tem alguém do seu lado, mas [sozinho] você descobre talento, força e uma maturidade muito maior da que eu achei que eu tinha”, avalia. Segundo Luna, “é uma decisão importante, porque é a hora de você poder enfrentar seus próprios demônios [...]. É um momento da vida muito importante. Tirar a atribuição dos outros de fazer você se sentir bem e você conseguir [por si só] se sentir bem é fantástico!”
Ocupar o tempo
Roberto Dziura Jr.
Roberto Dziura Jr.
Liberdade que o radialista Cleverson Ribeiro (44) já conquistou há pelo menos 26 anos, quando saiu da casa dos pais para morar em outra cidade e depois disso, tirando alguns episódios que dividiu a casa com amigos, nunca mais morou com outra pessoa. “Sempre trabalhei em dois empregos, sempre saí bastante. Então, minha casa sempre foi um lugar para descansar. Eu adoro ficar sozinho em casa”.
Se habitar uma casa sozinha foi imposto pelo destino de Ivana, o engenheiro industrial Rodrigo Pfeffer (31) optou por conta do trabalho. Vindo de Santa Catarina, Pfeffer escolheu Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), para viver. Ele já completou cinco anos sem dividir a casa com ninguém, ou quase, já que recentemente comprou um cachorro para morar com ele. “Na verdade, eu não consigo me sentir sozinho, porque eu tenho muita coisa para fazer. Eu vou para academia, vou jogar futebol, saio com meus amigos. A gente sempre está fazendo alguma coisa. Poucos dias eu fico sozinho e quando fico é porque
Para Luna, hoje há uma tendência de as pessoas morarem sozinhas, mas nem sempre se sustentarem REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 45
internacional
Brasil e Cuba: uma relação promissora Em meio a uma sociedade comunista, Cuba abre suas portas para as relações comerciais com outros países Bianca Nascimento - bianca@revistames.com.br
C
uba, um País da América Central, que foi durante décadas liderado por Fidel Castro, tentou sobreviver e resistir ao capitalismo. Mas já é possível ver – em um momento histórico – o país abrir-se para as relações comerciais com outras nações, incluindo o Brasil. Não teve como escapar. Cuba vive agora um processo de transição de abertura comercial. O Brasil é um dos países simpáticos a Cuba e mantém atualmente um comércio bilateral. É fato que na época da ditadura brasileira, Cuba e Brasil ficaram por quase vinte anos sem nenhum tipo de relação, que só voltou a
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ser reatada nos anos 80, com o governo José Sarney, em um lento processo de reaproximação. Com os últimos presidentes, principalmente Luiz Inácio Lula da Silva, as relações com Cuba começaram a se intensificar. Só ano passado, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o comércio bilateral entre Brasil e Cuba registrou valor recorde, totalizando US$ 642 milhões (31% a mais que 2010).
Dilma Rousseff em Cuba Em janeiro deste ano, a presidente Dilma Rousseff fez uma visita oficial até a ilha de Cuba. A agenda foi de cunho bastante econômico e pautada
Governo Principais mudanças no governo Raúl Castro No aspecto político, Raúl Castro fez diversas mudanças de ministros. Também mudou o presidente do Banco Central e o tempo de mandato máximo de dez anos para cargos políticos e estatais fundamentais, incluindo o presidente. Na economia, o novo governo permite compra e venda de imóveis e a comercialização de aparelhos eletrônicos, como DVDs e celulares. Em suas relações internacionais, Cuba pretende intensificar as negociações com países da América Latina como o Brasil, que já investe milhões na ampliação do porto de Mariel.
Roberto Stuckert Filho
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na intenção de estreitar ainda mais as relações entre brasileiros e cubanos. “A Dilma representa as empresas brasileiras e conversando com o Raúl, ela abre portas às empresas brasileiras. A única questão pendente é dos direitos humanos. A questão econômica se sobrepõe à questão social. Fica em segundo plano”, oberva o geopolítico Adalberto Scortegagna. O governo petista tem mostrado que prioriza uma política de alargamento entre as relações econômicas externas e isso pode unir os dois países, como explica o coordenador do Conselho de Comércio Exterior e Relações Internacionais da Associação Comercial do Paraná (ACP), Atoninho Caron. “Cuba precisa de investimentos, de alternativas energéticas e de alimentação. O Brasil poderia abastecer Cuba”, explica Antoninho. “Dilma procura oportunidades comerciais, abrir canais para investimentos e abastecimentos de diferentes alternativas”. Os dois países querem aprofundar a cooperação bilateral, principalmente, nas áreas técnica, científica e tecnológica, como também na agricultura, segurança alimentar, saúde e produção de medicamentos. Ambos os países têm muito a oferecer: o Brasil, por exemplo, possui modelos e programas para o tratamento de áreas agrícolas em territórios tropicais, como é o caso da ilha de Cuba. Já Cuba possui forte conhecimento na área de medicina com setores de ponta e também na educação. Outro ponto que pode ser explorado é que “Cuba é um dos maiores produtores de cana de açúcar do mundo, então tem um campo aberto para a questão da tecnologia do álcool”, aponta Scortegagna. O governo brasileiro também poderá negociar a ampliação do envio de médicos cubanos ao Brasil para apoiar o atendimento no Serviço Único de Saúde (SUS). “O Brasil não vai usufruir do plano econômico, mas do de-
Dilma procura oportunidades comerciais para abrir canais de investimentos, observa Antoninho Caron
senvolvimento social. Cuba também vai se privilegiar com as experiências brasileiras, principalmente, no campo tecnológico” ressalta o mestre em Economia, Carlos Magno.
Oportunidades Esta abertura comercial entre os países terá uma grande movimentação positiva na nossa economia. Por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Brasil investe em Cuba na amplia-
ção do porto de Mariel, executada pela empresa brasileira Odebrecht. Além disso, diversas oportunidades de negócios se abrirão para companhias brasileiras interessadas em se instalar ou expandir na América Central. “Cuba entra dentro deste contexto como mais um parceiro externo do Brasil com o qual terá suas relações comerciais e de investimento, cooperação tecnológica, abrindo campo para participações de empresas privadas e públicas”, afirma Magno.
Os irmãos Castro Raúl e Fidel Castro no poder Após Raúl Castro assumir o governo de Cuba em 2008, mudanças na direção da abertura econômica foram acontecendo. Não foram por conta da mudança de governos entre irmãos, mas por circunstâncias históricas. Nos anos 60, os Estados Unidos decidiram enfrentar o governo socialista de Fidel e cortaram relações econômicas e diplomáticas com Cuba. Assim, para que seu território pudesse sobreviver, Cuba estreitou sua relação econômica com a antiga União Soviética, tornando-se dependente de ajuda financeira, militar e técnica. Mas o fim da URSS (em 1991) provocou uma crise econômica em Cuba, já que o embargo norte-americano dura até hoje. Dessa forma, o país se viu obrigado a estreitar suas relações com nações da América Latina, como acontece agora com o Brasil que investe milhões na ilha. “A impressão é que a mudança ocorreu quando Raúl assumiu o governo, mas o que mudou foi o contexto internacional, pois Cuba está passando por uma urgência econômica”, explica o historiador Daniel Hortêncio de Medeiros. “Fidel faria o mesmo se não tivesse alternativa”.
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turismo
Um passeio pela bucólica Guajuvira O trajeto compõe um mergulho na cultura polonesa, um passeio acompanhado por personagens interessantes e iguarias típicas
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Iris Alessi - iris@revistames.com.br
á 122 anos, o município de Araucária (PR) começava sua história. Hoje, conhecido por ter uma das refinarias de combustível da Petrobras (Repar), também preserva um caminho bucólico para relembrar aqueles tempos em que não se usava carro e a vida era mais simples. O roteiro foi feito no dia do aniversário da cidade (11/02), quando a cidade
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estava em festa. O destino final foi o distrito de Guajuvira. O roteiro do Caminho de Guajuvira começa no centro de Araucária. Quem acompanha essa viagem de 45 km por entre as histórias dessa colonização – fortemente polonesa – foi Seu José Czanovski, que esbanja alegria e simpatia. A primeira parada é na Adega Mattiello. No espaço, os visitantes podem adquirir vinhos coloniais produzidos pela família que
dá nome ao lugar e ainda degustar e comprar produtos, como queijos e vinhos do Rio Grande Sul.
Poloneses Da Adega Mattiello para o Parque Cachoeira. No caminho, Czanovski conta um pouco da história do município e o crescimento da cidade depois da instalação da Petrobras. Chegando ao Parque, o primeiro atrativo é a Aldeia da Solidariedade. Um espaço de preservação ambiental que abriga algumas casas centenárias de madeira rudimentar, típicas dos poloneses que chegaram à região em 1876.
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As casas da Aldeia, que é uma homenagem ao ex-presidente polonês Lech Walesa, chegaram ao parque em 1982 em decorrência da construção da barragem do Passauna. Também no Parque está localizado o Museu Tingui-Cuera, que abriga máquinas rurais de tração animal e manual, atualmente fechado para reformas. O prédio do Museu é uma antiga fábrica de alimentos. A última atração dentro do Parque Cachoeira é a Casa do Artesanato, outra construção rústica polonesa que chama a atenção por não ter pregos.
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O Caminho de Guajuvira preserva a história de seus colonizadores e muitas iguarias locais
Guajuvira Da região central em direção à Guajuvira, Czanovski conta que parte do trajeto, que hoje passa pela BR-476, a Rodovia do Xisto, no futuro, será alterado para que o ônibus passe mais pelas estradas rurais, já que a cidade tem cerca de 500 km de estradas desse tipo. A próxima parada é na chácara da Família Waenga. Na propriedade, os turistas são recebidos pelo proprietário Silvestre Waenga. Por lá, eles produzem flores de vasos comercializadas no local mesmo. Saindo da chácara das flores, os visitantes são levados até o Comercial Iguaçu, que fica praticamente às margens do maior rio do Estado, o Rio Iguaçu. Um negócio de família, o armazém, dirigido desde 1958 pela família Czaikowzki, vende produtos como queijos, manteiga, linguiça, mel e broas polonesas produzidas na região. “Araucária está fazendo 122 anos. E se contar na realidade esse [estabelecimento] tem mais de 150”, relata Henrique Czaikowzki (71), proprietário do comércio.
O guia Czanovski esbanja alegria e recheia o trajeto de histórias e curiosidades sobre Araucária
Serviço
Café Rural
Horário: saída às 13h30 (todos os sábados)
No centrinho de Guajuvira, uma das subprefeituras de Araucária, o turista se depara com uma região bucólica, onde a tranquilidade faz parte do cotidiano. No centro, está localizada a Igreja do Senhor Bom Jesus, ponto relevante para a comunidade local que é muito religiosa. Também por lá se encontra o Horto Florestal, destinado à produção de mudas de diversas espécies, entre elas a guajuvira e a araucária. “O nome Guajuvira vem de uma árvore resistente que os índios usavam para fazer as flechas deles e os agricultores usavam para fazer cabos para implementos agrícolas”, explica Czanovski. Depois de conhecer o Horto, o que os turistas também podem fazer nesse roteiro, dependendo da época do ano, é colher frutas na chácara Santa Rita, da família Fila. No sistema de colhe e paga, os visitantes vão para o pomar e colhem ameixa, pêssego e morango direto do pé. A última parada é na chácara São Pedro para o aguardado café rural. Na propriedade, Czanovski faz uma recepção especial em polonês, que leva pão, sal e cachaça, significando fartura, conserva
Caminhos de Guajuvira
Local: Centro de Informações Turísticas - Av. Victor do Amaral, 352 – Centro – Araucária Informações e reservas: (41) 3901-5214 cit@araucaria.pr.gov.br Custo: R$ 5 (passeio) e R$ 12 café rural
e festa, respectivamente. No apetitoso café, com tortas doces e salgadas, broa polonesa, manteigas e geleias de frutas da época, fecha-se o passeio.
Simplicidade Para a professora que fez a visita, Mariléia Nascimento Kwiatkowski (39), os atrativos vão além das construções. O que mais gostou foi “a história das pessoas”, afirma. Já para o técnico ambiental Eduardo de Oliveira Santos (39), que é de Alagoas e mora em Araucária há dois anos, o passeio mostra grandes diferenças entre sua região e as daqui. “Bem interessante, principalmente, para quem não é daqui, fazer esse passeio para resgatar a cultura do pessoal que colonizou o Estado”, avalia. REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 49
esporte
Curitiba se prepara para a Copa Visita do ministro do Esporte Aldo Rebelo, no mês passado na Capital, tenta espantar o ceticismo e dá nota 10 para a preparação do estádio da Arena da Baixada Roberto Dziura Jr. - roberto@revistames.com.br
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inda faltam mais de 800 dias para o início da Copa da Fifa 2014, evento mundial de futebol que acontecerá no Brasil. Apesar de alguns acreditarem que as obras não serão concluídas a tempo, enti-
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dades e autoridades ligadas ao evento garantem que tudo estará pronto no período determinado. “A Copa em Curitiba já é uma realidade”, disse o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, à imprensa, quando visitou, na primeira quinzena de fevereiro, a obra de reforma no estádio Joaquim Américo, a Arena da Baixada.
De acordo com Rebelo, o Governo Federal está tranquilo com relação às obras. “Minha vinda ao Paraná é para cumprir o protocolo de visitar a cada três meses todas as obras da Copa. Em Curitiba, como em todas as sedes, o andamento está dentro do cronograma”. Depois da visita, deu nota 10 às obras da Capital paranaense.
Outro que esbanja otimismo é o governador do Paraná, Beto Richa. “Lamentamos somente que Curitiba não sediará a Copa das Confederações. Mas o objetivo principal é organizar uma belíssima Copa. É tradição da Capital paranaense organizar grandes eventos nacionais e internacionais. Para o Mundial de Futebol, com certeza, será a melhor organização de todo o País.”
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Obras de Mobilidade Além das obras no estádio, a Copa trouxe para Curitiba um conjunto de obras estruturais. Entre elas, estão a reconstrução e ampliação do terminal Santa Cândida, a implantação do Sistema Integrado de Mobilidade, a extensão da Linha Verde Sul e requalificações da Avenida Marechal Floriano Peixoto e da Rodoferroviária. Para o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, praticamente todas as obras que fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento – o PAC da Copa – estão licitadas e outras já concluídas. “A exceção é o corredor da Avenida Cândido de Abreu que foi deixada para a metade do ano devido ao grande volume de obras que acontecem. No total de recursos para as obras, a cidade receberá R$ 420 milhões.” “A engenharia brasileira já deu inúmeras mostras de superação. Os cronogramas veiculados às obras são factíveis, e poderão ser cumpridos, principalmente, se o rigor e as exigências técnicas forem obrigatoriamente obedecidos”, diz o professor Mauro
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O presidente do Clube Atlético Paranaense, Mário Celso Petralia, também está otimista. “Superadas as questões burocráticas, acredito que em março formalizaremos o contrato com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e recebendo a primeira parcela do empréstimo, temos certeza que a inauguração da Arena acontecerá no primeiro semestre de 2013”.
Em visita à Capital, o Ministro de Esporte, Aldo Rebelo, atesta que obras estão dentro do cronograma
Lacerda Santos Filho, do Departamento de Construção Civil da UFPR. Segundo Marcelo Bernardi Andrade, vice-presidente para Assuntos de Finanças e Patrimônio da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap), a estimativa é que mais de 3,6 milhões de empregos sejam gerados entre 2010 e 2014. “Os setores mais beneficiados serão a construção civil, alimentos, bebidas e de serviços prestados às empresas, de utilidade pública e de informação.”
Curitiba deve receber 508 mil turistas no mês de junho de 2014, o dobro da média mensal Para fiscalizar o andamento das obras e das contas públicas, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR) fechará, neste mês, parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR). Para o professor Mauro Lacerda Santos Filho, esta ação envolverá alunos e professores na supervisão e auditoria das obras. “Este sistema é um protótipo e
sua metodologia será posteriormente ampliada para outras obras públicas, envolvendo também outras instituições de ensino.”
Turismo A Faciap estima que Curitiba deva receber 508 mil turistas no mês de junho de 2014, data do evento da Fifa, o que significa o dobro da média mensal. “O fluxo turístico traz consigo uma entrada significativa de divisas. Em todo o Brasil, se espera três milhões de brasileiros circulando pelas 12 cidades-sedes e outras regiões em função do Mundial de Futebol.” Recentemente, o Governo Federal sugeriu mais de 180 destinos turísticos, entre eles cinco são paranaenses: Curitiba, Ponta Grossa (Vila Velha), Paranaguá, Foz do Iguaçu e Morretes – lugares que serão priorizados nos investimentos do Ministério de Turismo. Além do potencial turístico, o ministro Aldo Rebelo, em sua visita, ressaltou que o Paraná tem outras 20 cidades em condições de abrigar alguma seleção, “porém cada uma delas [dentre as seleções] escolherá a cidade onde vai ficar”. REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 51
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motos / automóveis
As novidades vêm sob duas rodas
Grandes marcas de motocicletas apresentam novidades para este ano, com muita tecnologia e até design customizado de fábrica
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ara quem gosta de curtir o vento no rosto e acelerar o motor de máquinas potentes de duas rodas pode se preparar para mexer no bolso. No Brasil, as novidades das marcas Harley Davidson, Kawasaki e BMW chegam a custar até R$ 105 mil. Mas garantem os apreciadores: são obras-primas para andar na cidade e também pegar estrada. A Harley Davidson registra, este ano, o maior número de lançamentos si-
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multâneos da marca no Brasil. Serão oito novos modelos que vão desde a tradicional V-ROD, em uma edição de aniversário de 10 anos, até a maior novidade – que promete ser sucesso de vendas, segundo representantes da marca – a Street Glide, da linha Harley Davidson Touring. Esta última chega a custar R$ 62.100. Este modelo é adequado para grandes percursos, com motor de 1700 cilindradas, com rodas de liga (de aro 18), bolsos laterais e piloto automático. As cores também conferem novidades. Dentre as 17 opções, 10 são cores novas.
Divulgação
Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
Outro destaque da marca é a CVO Ultra Classic Electra Glide. Segundo Índio, apaixonado por motos há mais de 50 anos (ver box) e um dos maio-
Personagem
Mais novidades Já a marca Kawasaki diz apresentar um banquete para quem é entusiasta por motos especiais. Este mês, chega ao mercado a Versys City ABS, com previsão de preço de R$ 35.900. Uma moto para quem tem estilo mais urbano e dinâmico. Possui para-brisa elevado, protetores de mãos e tanque, bagageiro e segurança na cidade. A Kawasaki promete ainda para este ano outros modelos em lançamentos mundiais. Como por exemplo, a Nova ZX-14 (sem previsão de preço). De acordo com João Ricardo, do Marketing da Rhino Motos, revendedora da Kawasaki em Curitiba, o modelo foi totalmente retrabalhado pela engenharia para apresentar alta performance. “O modelo promete satisfazer as expectativas dos pilotos mais exigentes e refinados com novos controles de tração, freios ABS e seletor de modo de potência”. Outra novidade da marca também é a Versys 1000, para quem é mais aventureiro. Já existem clientes na lista de espera para este modelo. E ainda para 2012, são aguardadas as Scooters, para aqueles que gostam de mobilidade urbana e economia no dia a dia.
Conheça a história do Índio, um apaixonado por motos Uma figura curiosa no mundo das motocicletas em Curitiba é o Índio. Não revela o nome verdadeiro, mas tem orgulho de sua origem. Um índio da tribo Carajás. Conhecido na cidade por seu amor pelas Harleys, Índio é referência técnica sobre a marca. Veste o estilo de bon-vivant das rodas e confessa ser essa sua maior paixão. Se precisar de um equipamento, uma peça ou uma dica sobre um modelo qualquer é só falar com ele. Essa relação de amor com as motos começou há mais de 50 anos, quando ainda adolescente, em Londrina, lavava motos para seu tio em troca de umas voltas na carona em uma Harley. “Aos 13 anos, fui contaminado pelo vírus ‘aidsdavidson’”, brinca Índio. De fala fácil e com bom-humor, Índio se vangloria de sua história com a marca de motos. Aos 16 anos, montou sua primeira moto, toda feita com sucata e, no ano seguinte, pegou as ruas em cima dela. Trabalhou por muitos anos no setor da indústria farmacêutica e fazia o estilo “harleyro” só nas horas vagas. Tinha uma vida dupla, como ele gosta de dizer. Há oito anos, vestiu de vez seu personagem de “harleyro” e caiu na estrada por diversas vezes sob duas rodas. “A palavra ‘nunca’ pra mim era minha grande motivação”, diz. Costuma andar com uma moto Com um público-alvo entre 25 e 40 anos, a BMW também apresenta novidades para este ano. A partir de março, estará no mercado o modelo BMW S 1000 RR, nas versões Standard e Standard com quick shift e a Full com ABS e controle de tração. Esta última chega Nova ZX-14 é o lançamento da marca Kawasaki, máquina de alta performance
Roberto Dziura Jr.
res representantes da marca no Brasil, neste modelo, é possível customizar tudo. Possui multimídia completa, motor de 1800 cilindradas, pintura de efeito e primor no acabamento. O custo vai até R$ 105.400.
de 1946 que é seu xodó declarado. “Nós conversamos na estrada”, comenta ele sobre sua Harley antiga. Toda semana se encontra com os amigos para trocar histórias e viagens. E que histórias! Já fez a famosa Rota 66 dos Estados Unidos, conhece diversos lugares no Brasil e já andou por toda a América do Sul em uma moto. Mas foi no ano passado que realizou seu maior sonho: conhecer a fábrica da Harley Davidson nos Estados Unidos. A convite da presidência mundial da marca, Índio esteve lá em novembro do ano passado para conhecer ainda mais a fundo a fabricação de seu mais valioso artigo de desejo. “Vale a pena você ter um sonho, acreditar e ter uma vida exemplar. Porque quando chegou o momento, não tive vergonha de nada que eu fiz”, relembra Índio diante de sua realização recente. com 193 cavalos de potência e 5 kg a menos se comparado à versão anterior, ganhando, assim, mais agilidade. A versão Full tem o custo de R$ 69.900. Entre os novos e antigos modelos, a marca alemã possui motos esportivas e com design arrojado. A estimativa da BMW Star News, representante da marca em Curitiba, é de vender cerca de oito motos por mês. REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 53
moda&beleza
Look certo
SIM
A aparência conta muito na hora da entrevista de emprego ou no dia a dia do trabalho; veja o que é preciso saber para não errar Bianca Nascimento - bianca@revistames.com.br
D Fotos: Roberto Dziura Jr.
ecote profundo, saia curta, paletó comprido, gravata torta. É fácil reparar quando uma pessoa não está vestida apropriadamente para um ambiente de trabalho. Certo ou errado? Apesar de não existir uma moda específica, é possível tomar alguns cuidados para não pecar na hora de uma entrevista de emprego ou no cotidiano de sua profissão.
Antonio Ferro
Elisa Schmidlin Cruz
A combinação entre o tom azul da camisa e o cinza da calça social ficou harmônica e elegante. Usar a manga da camisa dobrada quebra a seriedade da combinação, uma boa opção para ambientes menos formais. O sapato e o cinto, em cores contrastantes aos da calça, são uma ótima opção para homens altos e magros.
O macacão tomara-que-caia com xale torna-se adequado ao ambiente de trabalho. O uso de cores neutras, como cinza e preto, foi bem complementado com o xale de estampa colorida e discreta. A sandália com tiras largas é um modelo indicado para uso no ambiente profissional, pois cobre a maior parte dos pés.
Um erro bastante comum entre os homens é a altura da gravata. Nesta imagem, o homem utilizou uma gravata curta demais. O item da vestimenta deveria estar cobrindo metade da fivela do cinto, altura adequada para essa composição. Já o paletó e a calça estão com o comprimento e caimento interessantes.
Mulheres acima do peso devem evitar blusas muito justas e claras, que evidenciam essa característica. Como sugestão, uma blusa mais escura e comprida em tecido leve e com mangas seria adequada. Também seria conveniente uma calça mais clara para visualmente aumentar a parte debaixo, equilibrando as proporções.
dentista, 62 anos
NÃO
Fonte: Patrícia Nerbass
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advogada, 25 anos
O seu modo de vestir expressa sua identidade a cada nova combinação. Para estar adequado ao trabalho não é preciso perder o estilo próprio. O ideal é uni-lo à roupa certa e, assim, construir uma imagem confiável, como explica a consultora de imagem e personal stylist Patrícia Nerbass. “A imagem consistente assegura credibilidade e projeta profissionalismo, confiabilidade e competência”. Para combinar o estilo ao look ideal no trabalho, é necessário escolher peças com características que a pessoa se identifique. “Roupas com um acabamento diferenciado, uma estampa discreta ou um acessório personalizado. Lembre-se que no ambiente de trabalho menos é mais, então, evite excessos”, garante Patrícia. A mudança de traje pode variar, dependendo da exigência e do ambiente de cada empresa. Algumas já definem aos seus funcionários a respeito do dresscode (código de vestuário) e ensinam o que devem e como devem usar a vestimenta adequada. Mas se a empresa não tem exigências, é sempre preciso estar atento. Não existe
uma roupa ideal para cada profissão: o imprescindível é não exagerar e estar atento ao nível de formalidade da empresa ou do cargo que se ocupa.
não exagerar. Dê preferência para as mais discretas e em pequenas proporções. Combinar essas peças com tons neutros é uma ótima saída.
Variar
Algumas empresas também já adotaram o chamado casual Friday (sexta-feira casual), quando os funcionários podem ir mais à vontade e informalmente. Porém, é bom evitar roupas como shorts e bermudas, moletons, chinelos, camisetas de times esportivos, jeans desfiado.
Como fazer para não repetir as roupas diariamente? O segredo para isso é saber combinar. Quando se aprende a realizar combinações diferentes e a trocar os acessórios, a repetição de roupas pode até passar despercebida. “Peças em tons neutros são mais fáceis de combinar e, por isso, devem fazer parte da base de qualquer guarda-roupa, assim como acessórios de acordo com o seu estilo pessoal, que auxiliam na composição de diferentes looks”, ressalta Patrícia. Dê prioridade às peças em tons neutros, como preto, branco, cinza, azul-marinho e bege, pois além de transmitir seriedade e elegância, são tonalidades de fácil combinação. Para quem gosta de estampas e roupas coloridas, elas não estão proibidas: o importante é saber contrapor e
Entrevista de emprego Este é um momento decisivo em que tudo faz diferença, desde o modo que a pessoa fala, se porta e também como se veste. A boa aparência mostra preocupação por parte do entrevistado, proporcionando uma imagem confiável ao entrevistador. Para os homens, a preferência é usar camisa social ou pólo, com calça de sarja em alfaiataria ou jeans em lavagem escura, com mocassins de couro
Dicas Confira os erros mais comuns no trabalho
Homens Comprimento inadequado da calça ou paletó. Combinar cores de forma inadequada, resultando em uma imagem deselegante. Escolher cores que não harmonizam com a sua tonalidade de pele. Cada cor possui tonalidades, dentre elas, existe a que mais combina com sua cor de pele. Por isso, observe as tonalidades que servem como molduras para destacar o rosto ao invés de apagá-lo, como ocorre quando se faz uma escolha inadequada.
Roberto Dziura Jr.
o no trabalho
Mulheres Roupas muito justas. Roupas curtas ou decotadas. O limite para um decote no ambiente de trabalho é com a abertura máxima até a linha das axilas. Uma alternativa para usar decotes mais profundos com elegância, é por meio da sobreposição de peças: por baixo usa-se uma blusa com decote mais fechado, com abertura limite até a linha das axilas e por cima a blusa com o decote um pouco maior, destacando assim a blusa usada por baixo. Para esta sobreposição, prefira blusas em tonalidades diferentes.
A consultora de Imagem Patrícia Nerbass foi às ruas de Curitiba com a MÊS para diagnosticar os looks
ou camurça. É bom evitar calças jeans desbotadas que dão um aspecto esportivo demais para a ocasião, assim como o uso de tênis. Para as mulheres, calça tipo alfaiataria ou jeans em lavagem escura, sapato fechado e camisa com corte diferenciado e mais feminino.
Cuidados Além da forma de se vestir, outros cuidados básicos devem ser considerados. Para as mulheres, não exagerar nos acessórios e na maquiagem, como também no tipo de penteado. Deve-se usar maquiagem leve e em tons neutros e sem brilho. Além disso, as que possuem cabelos cumpridos, é indicado usá-los presos ou semipresos. Já para os homens, a dica é estar com o cabelo bem cortado, sempre manter os fios no lugar com creme ou gel, quando necessário. A barba também deve estar sempre bem feita e aparada. Os cuidados com as unhas também são importantes tanto para homem como para a mulher. É preciso sempre estar com elas feitas e limpas, sem aspectos de roídas. REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 55
culinária&gastronomia
A doce arte de aproveitar a Páscoa Nesta época, os doces artesanais e personalizados são ótimas dicas de presentes para os entes queridos Bianca Nascimento - bianca@revistames.com.br
E
le veio da América Central e caiu no gosto do resto do mundo. O chocolate popularizou-se na Europa no século XVII e até hoje continua sendo um dos alimentos mais consumidos e adorados. Entre os brasileiros, o produto é muito apreciado, principalmente, em épocas como a Páscoa. Só este ano, a produção de ovos industrializados será 20% maior do que em 2011, segundo um levantamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
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Os curitibanos são os que mais apreciam chocolates no País. Em 2010, uma pesquisa divulgada pelo Ibope Mídia mostrou que os curitibanos (73%) são os maiores consumidores do produto no Brasil, seguidos pelos paulistas (71%) e recifenses (70%). Já que a paixão dos curitibanos é quantitativamente maior, por aqui não faltam opções para presentear e consumir esse doce no feriado religioso.
Fugindo do tradicional Quem não gosta de ganhar algo feito especialmente para você? É pensando
nessa customização que diversas empresas investem em ovos e chocolates personalizados, de acordo com o gosto e perfil de cada cliente. A pâtisserie e chocolatier Andressa Schmidt é uma das profissionais que faz dos doces uma arte. Segundo Andressa, nesta época, aumenta significativamente a procura por esses presentes personalizados. “As pessoas gostam de se sentir queridas. Quando se ganha um presente assim, você percebe que a pessoa fez pensando em você e, no geral, este tipo de produto tem sido mais valorizado e procurado”, diz Andressa.
Andressa sugere tortas, chococakes, macarrons, doces folhados, entre outros, para um público mais adulto saborear na Páscoa. Para os pequenos, a sugestão são cupcakes, brigadeiro gourmet com sabores variados. Já “os bombons são muito procurados pelas mulheres para presentear sogras e amigas”, ressalta Andressa. Estes podem ser bombons temáticos com coelhinhos e diversos recheios como trufa, strogonoff de nozes e até damasco.
Ovos recheados Apesar dos diferentes tipos de doces, os ovos de Páscoa não deixam de ser as vedetes desta época. Existem de variadas decorações, cores e aromas. E ovo de colher, já experimentou? “Dá para fazer de diferentes sabores e até criar novos, se o cliente preferir”, conta a chef de confeitaria Flávia
Os curitibanos (73%) são os maiores consumidores do produto no Brasil, segundo pesquisa Esses ovos são boas opções para o público adulto ou pessoas que não fazem tanta questão dos chocolates tradicionais. “Tem recheio para todos os perfis, até mesmo para crianças, como o ovo com recheio de guloseimas”, diz Flávia que, no ano passado, vendeu mais de 900 kg de chocolate na época de Páscoa. Os recheios vão desde brigadeiro, trufas, morangos, damasco, frutas secas, figos e strogonoff de nozes. Este ano, a novidade de Flávia é o lançamento dos ovos de Ovomaltine, que estima fazer sucesso entre a clientela. Há também disponíveis entre seus trabalhos cestas de Páscoa personalizadas, coelhinhos recheados, chocolate em formato de coração
e lembrancinhas para empresas como bombons e pão de mel. Ela também faz trabalho com personalização de sabores. “Já fiz ovo com recheio de mousse de capim limão, só porque a namorada do meu cliente gostava muito”, lembra Flávia.
Doces artísticos Hoje no mercado, além de diversos formatos, há também profissionais investindo na estética dos ovos. Sempre inovando com sabores e texturas, a pâtisserie Bárbara Trevisani trabalha com ovos tatuados inspirados na técnica de transfer, muito usada na França e na Bélgica. “Toda a nossa pesquisa se baseia nos produtos franceses. Os ovos com transfer são uma tendência que com certeza dão charme e uma apresentação sofisticada aos ovos. Cada ano fazemos uma estampa diferente”, explica Bárbara.
Nutrição O chocolate é um produto muito apreciado, mas deve ser consumido sem exageros. Quanto maior for o teor de cacau no chocolate, mais saudável ele é, explica a nutricionista Natalia Chede. “O melhor sempre
Andressa Schmidt
Roberto Dziura Jr.
Para os apreciadores de chocolate, a pâtisserie trabalha ainda com produtos orgânicos. Ano passado, ela lançou a coleção “Brasileiríssimo”, com chocolate orgânico (sem leite e gorduras) no formato do fruto cacau e colorido de acordo com o teor de cacau que o chocolate contém.
Santos. O produto consiste em uma fina camada de chocolate em formato de ovo pela metade com um recheio para ser apreciado com colher.
Modelos de Ovos de Páscoa: linha de produtos orgânicos e com o formato do cacau (à esq.), ovos tatuados inspirados em técnicas francesas (à dir.)
Braulio Delai
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culinária&gastronomia é optar pelos orgânicos, meio amargo ou amargo, pois eles contêm menor teor de açúcar e gordura hidrogenada”, explica Natália. Quem tem doenças como diabetes e intolerância à lactose deve se cuidar nesta época. Os diabéticos podem optar pelos chocolates com pouco teor de açúcar (dependendo do grau
da doença e do quanto à pessoa pode ingerir) e com adoçante natural, nunca o artificial. “Eu não recomendo o chocolate diet, pois apesar de não conter açúcar, contém mais gordura hidrogenada para dar a mesma consistência que o chocolate comum”, adverte Natália. “É importante que o diabético coma o chocolate logo após a refeição, nunca em jejum”.
Já para as pessoas com intolerância à lactose ou vegetarianos, hoje o mercado possui marcas especializadas em chocolates sem leite, somente com o cacau. Uma alternativa são os produtos a base de alfarroba. Esse alimento é um fruto da alfarrobeira, uma árvore nativa da costa do Mediterrâneo, que substitui o cacau e contém menor teor de gordura.
Páscoa com a família Verrine aos três chocolates
Que tal surpreender a família nesta Páscoa? A chef Andressa Schmidt preparou uma receita especial aos leitores da MÊS para você reunir a família e preparar uma sobremesa gostosa e criativa Ingredientes para a calda de chocolate: 200 ml de creme de leite 200 g de chocolate meio amargo picado Preparo da calda de chocolate: Levar ao fogo em banho maria incorporando os ingredientes. Ingredientes para o creme de chocolate: 300 ml de leite integral 100 g de chocolate ao leite picado 1 colher (sopa) de baunilha 2 gemas 3 colheres (sopa) de açúcar 2 colheres (sopa) de farinha
Preparo do creme de chocolate: Levar ao fogo o leite e o chocolate até derreter. Juntar a baunilha e reservar. Bater as gemas com o açúcar e juntar à farinha. Misturar ao leite e levar ao fogo até engrossar. Reservar. Ingredientes para o creme de gengibre:
Margareth Goria / Studio M
Montagem:
Usar taças transparentes. Colocar o creme de gengibre, depois o creme de chocolate e por último a calda. Pode-se decorar com raspas de chocolate.
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200 ml de leite integral 100 g de gengibre ralado 400 g de chocolate branco picado 150 g de creme de leite 75 g de gengibre cristalizado em cubos pequenos Preparo do creme de gengibre:
Ferver o leite e o gengibre ralado por aproximadamente 3 minutos. Acrescentar o chocolate e o creme de leite até formar uma mistura homogênea. Colocar o gengibre cristalizado e reservar.
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cultura&lazer
Um pedaço da Lituânia em Curitiba Curitiba é a primeira capital brasileira a receber a exposição do renomado fotógrafo lituânio, Antanas Sutkus Bianca Nascimento - bianca@revistames.com.br
U
m olhar perdido e inquieto. Distante, doce e dramático. De um menino travesso, órfão ou triste. Ninguém sabe a real história daquele menino retratado pelo renomado fotógrafo Antanas Sutkus. Este é o personagem da fotografia “Pioneiro”, produzida em 1964. Um dos milhares cliques deste artista lituânio. Em meio a um acervo com mais de um milhão de fotos, Sutkus escolheu 120 imagens de suas obras para compor a exposição “Antanas Sutkus: um olhar livre”, em cartaz no Museu Oscar Niemeyer (MON) até 20 de maio. Curitiba é a primeira cidade do País a receber a exposição. A cada fotografia, a vida de pessoas, sejam elas jovens ou idosas, brincando ou trabalhando vão sendo reveladas. Todas as fotos foram tiradas por Sutkus após os anos 1950, quando ele iniciou sua carreira, e retratam o modo de vida e a cultura das pessoas do Norte da Lituânia em meio a um período de regime comunista. Mesmo com o contexto político complicado e de forte censura, o fotógrafo conseguiu escapar desses entraves, construindo seu trabalho num período de guerras e repressão. Desta forma, registrou um cenário do Leste europeu que hoje percorre o mundo em exposição para manter viva a memória deste período dramático da História.
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Em meio à censura, esta foi uma das fotos mais conhecidas e polêmicas de Sutkus e que rodou o mundo todo
Antanas Sutkus
Kraw Penas
Vida Conheça o personagem dessa história Nascido em 1939, na Lituânia, Antanas Sutkus é considerado um dos maiores fotógrafos da antiga União Soviética e, por críticos e jornalistas, “o poeta entre os lituânios”. Além de ser um dos fotógrafos mais renomados, algumas características fazem das obras dele imagens tão peculiares e interessantes. A preferência por fotos em preto e branco é uma delas. “A fotografia artística tem que ser preta e branca. Eu já fiz uma série de fotos coloridas, ficaram lindas, mas elas servem somente para um tipo de trabalho. No geral, a fotografia artística tem que ser mesmo preta e branca”, explica Sutkus. O fotógrafo explica também a diferença entre as câmeras analógicas e digitais. Para ele, a arte da fotografia está no momento do disparo. Por isso, a câmera digital limita e reduz a responsabilidade do fotógrafo. Em sua opinião, os fotógrafos iniciantes que realmente apreciam a arte, jamais deixarão de usar as câmeras analógicas. “Eles e as pessoas que apreciam uma fotografia artística estão voltando para as câmeras analógicas e estão comprando-as cada vez mais”, ressalta Sutkus.
Inauguração No dia 2 de fevereiro deste ano, a exposição foi inaugurada com a presença do próprio Antanas Sutkus no MON. Luiz Gustavo Carvalho, curador da mostra, viu pela primeira vez a exposição de Sutkus na Argentina, sentiu-se profundamente tocado pelas fotografias. “Procurei por ele e lhe disse sobre a minha vontade de trazer suas obras ao povo brasileiro. E eu torcia muito para que a primeira cidade a recebê-las fosse Curitiba”,
explica Carvalho. A produção da exposição foi realizada pela empresa Ars et Vita. Opinião de profissional para profissional. João Urban, fotógrafo renomado em Curitiba e autor de vários livros da área, só teve elogios para o trabalho de Sutkus. Para ele, ver as fotografias desse artista é uma oportunidade única de conhecer o trabalho de um fotógrafo tão renomado e ainda desconhecido na América do Sul. “Aprecio muito a capacidade que REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 61
Antanas tem de produzir uma fotografia humanista e singela, enfrentando com uma invejável habilidade política os malefícios que o período stalinista causou no Leste europeu”, lembra. “Ele conseguiu, mesmo com essas dificuldades, resgatar com muita força, poesia e amor, o modo de vida singelo da população que viveu aquela grande experiência, nos deixando ensinamentos repletos de carinho e esperança”, reflete Urban.
“No geral, a fotografia artística tem que ser preta e branca”, diz Sutkus Roberto Dziura Jr.
Divulgação
cultura&lazer
Arte, pra que te quero?
Público curitibano mostra que quer arte sim e mais: a cidade será palco da 21ª edição do Festival de Teatro com 410 espetáculos em 13 dias Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
L A exposição mostra o acervo do fotógrafo com 120 imagens desde a década de 1950
Serviço Exposição “Antanas Sutkus: um olhar livre” 2 de fevereiro a 20 de maio Local Museu Oscar Niemeyer (MON) Visitação De terça a domingo, das 10h às 18h Ingressos R$ 4,00 e R$ 2,00 para professores e estudantes com identificação Informações (41) 3350 – 4400 ou www.museuoscarniemeyer.org.br 62 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012
uzes, artistas, ação! Uma bem-vinda enxurrada de arte vai invadir Curitiba entre 27 de março a 08 de abril. Este ano, o Festival de Teatro de Curitiba chega a sua 21ª edição, trazendo oito estreias nacionais e mais 402 espetáculos por toda a cidade. A programação conta com a apresentação de 2.800 artistas em 74 espaços, sem deixar de fora as ruas curitibanas. “O curitibano é muito cultural, então eu acho que é um povo que prestigia. Bacana estar aqui e conhecer tanta gente”, afirma Juliana Barone, atriz que vem ao Festival na peça “Escravas do Amor”, dirigida por João Fonseca da companhia “Os Fodidos Privilegiados”, que também completa 21 anos este ano. Ano passado, o público prestigiou em peso. Foram quase dois milhões de espectadores. Essa efervescência cultural na Capital que já acontece por duas décadas sem interrupção trará, neste ano, como destaque, novos dramaturgos e releituras de antigas peças, a
exemplo de dois textos em comemoração ao centenário de Nelson Rodrigues. “A gente está num dos mais importantes festivais do Brasil. Já estive aqui, foi uma delícia. Agora, mais do que merecida uma homenagem a Nelson Rodrigues”, diz Sérgio Maroni, ator que contracena com Juliana na peça do escritor consagrado. Uma novidade será um espaço inédito para o público adulto na “Mostra XXX”. Continuam no Festival espaços de humor, como o Risorama; a manifestação gastronômica do Gastronomix; espetáculos para a criançada no Guritiba e, além disso, é claro, o Fringe (mostra paralela) que completa 15 anos de muito experimentalismo e de democracia à arte. Os ingressos já estão à venda desde o dia 17 de fevereiro. Os valores dos espetáculos variam de entrada franca até R$ 50 nos pontos de venda dos shoppings Mueller, Palladium e Parkshopping Barigui.
Informações www.festivaldecuritiba.com.br
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Não dê chance ao mosquito da dengue. Se for guardar garrafas de vidro ou plástico, mantenha sempre a boca para baixo.
dicas do mês
Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
Etiqueta
Ficção
É tudo tão simples
O Festim Dos Corvos, As Crônicas de Gelo e Fogo - Vol. 4
Autora: Martin, George R. R. Editora: Leya Brasil
Autora: Danuza Leão Editora: Agir
Sem regras rígidas de etiqueta para ser feliz. É assim que Danuza Leão resolveu encarar a vida nos últimos tempos. O resultado de suas experiências tornou-se páginas com algumas dicas e situações que ela julga serem essenciais para tornar a vida mais simples. O casamento entre simplicidade e felicidade, segundo ela, está dando certo. Para isso, se desfez de alguns itens de luxo, como sapatos, roupas e hoje vive com menos. Uma das dicas é cuidar das extremidades do corpo: pés, mãos, mas principalmente, da cabeça (por dentro e por fora). E não ostentar, porque “cara de rica envelhece”, ironiza Danuza.
Uma saga que promete ser um grande sucesso desde a obra “O Senhor dos Anéis”. A obra traz em um ambiente medieval e misterioso muitas mortes, intrigas, tramas e o triunfo de traidores. A história conta uma reviravolta nos Reinos, com direito a lobos, dragões, rainhas e súditos. Trata-se de uma trama complexa e cheia de meandros que tem mais de 640 páginas (não se assuste, pois o manuscrito tinha mais de 1.500!). Por conta disso, o autor resolveu contar somente as histórias de alguns personagens neste volume, pois no segundo semestre já está previsto outra obra: “A Dança dos Dragões”, que vai abordar o enredo envolvendo o restante dos personagens. 1
de áudio
Viva! Língua Portuguesa para estrangeiros. Agora você pode estudar e aprender a língua portuguesa numa abordagem comunicativa, funcional e prazerosa.
1
Claudio Romanichen
A coleção é composta por quatro volumes, sendo: volume consumível para os alunos, volume para o professor e CD de áudio para textos, canções e vídeos, em cada volume, de acordo com o respectivo conteúdo programático.
e
Composto de atividades dinâmicas e variadas de leitura, escrita, conversação e compreensão auditiva, pautadas em textos atuais e autênticos, os livros da coleção Viva! Língua Portuguesa para estrangeiros oferecem aos alunos e professores uma rica experiência em interculturalidade e comunicação.
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Os livros da coleção Viva! Língua Portuguesa para estrangeiros destinam-se aos estudantes, interessados em aprender o idioma português como mais uma língua moderna.
sa ue os ug eir rt ng o a P r t ua es ng a Lí ar p
Guia
Autor: Claudio Romanichen Editora: Positivo
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Autor: Saramago Editora: Companhia das Letras
Contém
Lingua Portuguesa para estrangeiros
Romance
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O DO VR
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Claraboia A obra foi escrita quando o gênio português da Literatura tinha 30 anos, sob o pseudônimo de Honorato. Depois disso, a obra se perdeu e só agora foi possível sua publicação. A história se passa em um prédio de Lisboa, contando os casos de seis famílias. Um enlace intrigante de pessoas e histórias. O livro traz também uma coincidência. Uma das personagens, Carmen, é uma espanhola de mal com a vida, na obra o autor cita o provérbio: “Da Espanha nem bons ventos, nem bons casamentos”. Apesar de maldizer as espanholas, Saramago anos mais tarde casou-se justamente com uma espanhola que era sua fã. 64 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012
ofe ss o r
ColeçãoViva! Em tempos de o Brasil ser moda no exterior, é cada dia mais crescente o interesse dos estrangeiros em aprender o português local. Segundo o Departamento de Estrangeiros da Secretaria Nacional de Justiça, houve um aumento de 50% (de 961 mil para 1,466 milhão de imigrantes) do número de pessoas de outros países regulares no País ante a 2010. O trampolim para este fenômeno são os eventos esportivos: Copa e Olimpíadas. Visando esse público, a editora Positivo lançou a Coleção Viva! para ensinar o português a estrangeiros. É uma coleção com livros e áudios para popularizar nossa língua.
dicas do mês
Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br Colaborou Renato Sordi
Indie Rock
Banda Air Gravadora: Astralwerks
LeVoyage Dans La Lune
Devem restar poucos grandes desafios para uma banda que reinventou a música eletrônica. Então, os franceses do Air, Nicolas Godin e Jean-Benoit Dunckel, aceitaram refazer a trilha sonora do primeiro filme de ficção cientifica da história, Le Voyage Dans La Lune, do diretor George Méliès, de 1902. Do projeto, surgiu a nova trilha sonora – o filme tem apenas 14 minutos – e um álbum contendo 11 faixas e 31 minutos. O disco é o sétimo da banda. Nele, o Air imprimiu novamente, e com extrema maestria, suas digitais carregadas de tintas eletrônicas espaciais e impressionistas, resultando numa jornada musical provocadora e estimulante.
Pop
Madona Gravadora: Interscope Records
MDNA
Este mês, chega o tão esperado álbum da rainha do Pop, Madona. Desde 2008, a cantora não lançava novos hits. Um tempo fora dos palcos por conta de seu trabalho no cinema, agora de volta, aos 53 anos Madona está em plena forma e chega com novidades para botar pra quebrar nas paradas de sucesso com o MDNA. A música de trabalho “Give Me All Your Luvin” já está dando o que falar, com tom bem dançante e fazendo referência a uma paixão norte-americana (futebol americano), a musa fará turnê pelo mundo levando seu novo som. A estimativa é que ela venha também para o Brasil.
MPB
Alexandre Nero Gravadora: Discobertas
“Vendo Amor”
Dono de oito discos e no terceiro álbum solo lançado no fim do ano passado, o paranaense Alexandre Nero mostra mais de sua arte. O compositor, instrumentista e ator está fazendo sucesso na novela “Fina Estampa” e num intervalo e outro produziu o trabalho: “Vendo Amor”. Suas músicas trazem referências ao mundo do circo e as fanfarras de cidade pequena. Muitos instrumentos de sopro e um ar lúdico embalam as canções deste trabalho. Este ano, ele pretende brindar o público com a gravação de um DVD em Curitiba, provavelmente, em maio.
Soul music
Amy Winhouse Gravadoras: Universal (CDS) / Republic (VINIL)
Lioness: HiddenTreasures
Este é o primeiro álbum póstumo da inglesa Amy Winehouse. O disco é formado por músicas inéditas – que não foram lançadas oficialmente –, demos e lados B, escolhidas pelos produtores Mark Ronson e Salaam Remi. Amy aparece desenvolta e confiante, mas claramente imersa num ambiente cheio de tormentas e desencontros. Uma pena que o disco não traga grandes contribuições para a curta e profícua carreira de Amy. Vale pela curiosidade de ouvir covers e parcerias, como a gravação de Garota de Ipanema e “Body and Soul, com Tony Bennett.
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30 DE MARÇO NOS CINEMAS
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opinião
Valter Campanato/ABr
Roberto Dziura Jr.
Gustavo Fruet
Ex-vereador e deputado federal e presidente do PDT de Curitiba
Paulo Bernardo
Ministro das Comunicações
O sentido de uma homenagem
H
omenagens prestadas não podem ter apoio em frases feitas, enumerando datas, passagens, personagens e loas. Fazer isso é abdicar da espontaneidade e flertar com o óbvio. E a obviedade, sabemos, não é espaço adequado para homenagens verdadeiras, sentidas.
-se com nossas esquinas, nossas casas, descobrir recantos, reencontrar lugares da infância. Ter orgulho de seus marcos, seus monumentos, não porque são marcos mas porque são nossos. Sorrir com nossa gente, pra nossa gente, gente nova, gente conhecida, gente de verdade, mostrando para o mundo nosso afeto ímpar, que, cá entre nós, só sendo curitibano para entendê-lo de verdade.
Olhe para um filho, seu filho. Suas frases, seus gestos, suas descobertas, suas dúvidas, nada soa ordinário. Variam as intensidades, as qualidades, as quan- É fazer tudo isso e tudo mais que cabe na capital dos tidades, mas ele sempre participa do seu universo paranaenses com denodo, com afeto, com exatidão, particular e imediato. Não existe magia ou poesia com responsabilidade, revelando um imenso sentido barata nisso, existe sim uma construção diária que materno ou paterno (diferente de paternal, importancontempla doação, respeito e diálogos compartilha- te frisar) na sua relação com a cidade. dos. A certidão de nascimento importa, mas o que legitima esta Curitiba é filha, é irmã, é mãe, relação está além. Um pai, uma é amiga presente, reunião diNossa relação com a cidade mãe, nos ensina a sabedoria poversa de desafios e conquisem que vivemos, em muitos pular, é quem cria e não só quem tas, grande soma de números, sentidos, deveria ser assim gera. E esta criação naturalmente de valores, de idades que hoje pede resultados, que devem ser somam trezentos e dezenove. trabalhados e não autoritariamente cobrados. Cidade de sotaques, de referências, de empreendedores, cidade que aprendeu a ser vanguarda e cosmopoNossa relação com a cidade em que vivemos, em lita e não admite parar no tempo e ficar pra trás. Se seu muitos sentidos, deveria ser assim. É saber cuidar sistema viário já serviu de exemplo, tê-lo novamente dos espaços e equipamentos urbanos. Fortalecer as como referência – e não somente como motivo de pretrocas entre a cidade e sua gente. Entender susten- ocupações – dependem de nós, das escolhas que fazetabilidade como responsabilidade de todos, que su- mos, dentro e fora do trânsito. pera modismos e incorpora consciências. É produzir sabedoria sem preconceitos. Crescer sem excluir É nosso dever acolhê-la, respeitá-la, edificá-la, com nada ou ninguém. Fazer política cotidianamente. senso coletivo, filha e mãe de todos nós, que muito Vibrar em paz com o Coxa, o Furação, o Paraná, nos dá de peito aberto e que merece, em troca, nossa quaisquer que sejam as cores do coração. Encantar- participação cidadã e nossa sincera homenagem.
66 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012
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